quarta-feira, setembro 14, 2011

The end of the middle-market (parte II)

"Value migration", "the end of the middle-market", "stuck-in-the-middle", "polarização dos mercados", "trading-up", "trading-down", ...
.
Estes são os marcadores que recordei assim que li este artigo "As America’s Middle Class Shrinks, P&G Adopts “Hourglass” Strategy":
.
"In a marked shift from P&G's historic focus on middle-class households, "the world's largest maker of consumer products is now betting that the squeeze on middle America will be long lasting," The WSJ reports.
...
The company is engaging in what The WSJ calls a "fundamental change" in how it markets products in the U.S. "We're going to do this both by tiering up in terms of value as well as tiering down our portfolio down," CEO Robert McDonald says. As noted above, P&G isn't the only company coming to the same conclusion: Heinz is following a similar strategy to P&G while Saks is focusing its attention more on high-end consumer vs. 'aspirational' shoppers."
.
Nada de novo, talvez um acelerar da tendência mundial descrita neste postal baseado no fabuloso artigo de 2005 "The vanishing middle market" (chamo a atenção em particular para a figura 2)
.
Michael Silverstein também escreveu sobre o fenómeno.
.
Se olharmos para o nosso futuro próximo, tendo em conta este texto "O último fôlego da desvalorização fiscal" vai acontecer o mesmo, um reforço da polarização. Consumir vai, cada vez mais, ser considerado pecado, ser considerado um luxo.
.
Não perder este artigo "As Middle Class Shrinks, P&G Aims High and Low"

A Aerosoles já está, falta a Qimonda

Em Março de 2009 escrevi este postal "Já estou instalado e aguardo..."
.
Bom, ontem descobri os números da Aerosoles em ""Governo meteu 15 milhões na ex-Aerosoles para aguentar até às eleições""
.
Quando se saberão os da Qimonda? E os da Rohde?
.
BTW, fica sempre bem alguém reconhecer as suas responsabilidades em público. Só por isso subiu na minha consideração.

Assar sardinhas só com a chama de fósforos (parte II)

Continuado daqui.
.
"Fim da Parque Escolar ameaça duplicar falências das construtoras"
.
Atirou-se dinheiro para o problema e ... apenas se adiou o inevitável.
.
Quantas empresas aproveitaram o tempo extra para se reconverterem? Conheço uma, pelo menos, que se especializou em estruturas solares.
.
Quantas empresas aproveitaram o tempo extra para abrir novos mercados?
.
"Das três insolvências diárias nas empresas de construção pode passar-se para o dobro. Sector já é responsável por cerca de um terço dos desempregados"
.
E por que é que os contribuintes, num mercado capitalista, têm de suportar empresas sem futuro em actividades sobredimensionadas num ambiente pós-bolha?

Por que é que o que eu faço, por que é que a minha vida profissional não é socialmente desejável nem economicamente recomendável?

O caro JMG ontem neste comentário desafiou-me a comentar este postal "Um gráfico preocupante".
.
O autor chama a atenção para este gráfico:
O autor defende que quanto maiores as empresas mais eficientes e produtivas elas são. Assim, o modelo em vigor em Portugal é responsável pela falta de eficiência e baixa produtividade:
.
"O facto é que, entre nós, o setor empresarial propriamente capitalista da economia jamais conseguiu criar postos de trabalho em quantidade (e, já agora, qualidade) capaz de dar ocupação a uma parte substancial da força de trabalho nacional.
Não é fácil perceber-se por que é assim, mas podemos estar certos que este modelo económico-social é uma receita segura para a improdutividade e a miséria."
.
Primeiro, alguns estudos sobre o tema:
.
"The more employees your company has, the less productive each of these employees are. It is a generalization, of course, but a useful one and one that is confirmed by most people who have worked for growing organizations. As the company grows, so does the internal processes and the layers of bureaucracy, and the time spent on communications grows rapidly" (Ver o gráfico)
.
"We have a mild obsession with employee productivity and how that declines as companies get bigger. We have previously found that when you treble the number of workers, you halve their individual productivity which is mildly scary." (Ver os gráficos)
.
Outro estudo:
.
"We find the following:
  1. In about half of the sixty-four industries firm profitability increases at a decreasing rate and eventually declines as firms become larger.
  2. For the remaining half of our manufacturing industries, no relationship exists between size and profitability.
  3. For a given level of total assets, firms with fewer employees exhibit greater profitability.
  4. For a given level of sales, firms with fewer employees exhibit greater profitability."
Recorro agora ao exemplo do calçado português para explicar a minha visão. O gráfico mostra a evolução do número de trabalhadores por empresa ao longo dos anos:
A minha leitura da história assenta em 3 épocas:


Época 1 - Antes do 25 de Abril
  • Pequenas empresas dedicadas a servir o raquítico mercado nacional

Época 2 - Adesão à CEE
  • Entrada das multinacionais do calçado para aproveitar a mão-de-obra barata em que assenta um modelo de negócio em torno da eficiência e escala
Época 3 - Adesão da China à OMC até à actualidade
  • Debandada das multinacionais
  • Derrocada das empresas portuguesas que trabalhavam sobretudo com base na proposta de valor do preço mais baixo
  • Reconversão do sector para propostas de valor assentes na moda, na marca própria, na flexibilidade e rapidez
E o que aconteceu aos euros facturados por trabalhador?
Durante a época 2 crescem porque as empresas assentavam na escala, na dimensão, para reduzir os custos unitários.
Durante a época 3 continuam a crescer.
 As empresas grandes deixaram o país, e os modelos que vingaram, assentes na ideia de Mongo, exigiram empresas mais pequenas que não competem pela escala mas pela diferenciação.
.
Conclusão: A dimensão de uma empresa não é, só por si, determinante de eficiência ou da produtividade.
.
A conclusão do autor:
.
"A vontade entre nós de criar empresas assegurando aos próprios um posto de trabalho é indesmentível. Sucede que essa modalidade de empreendedorismo não é socialmente desejável nem economicamente recomendável: resulta de um mero expediente para evitar o desemprego e não gera nem economia inovadora nem atividades mais qualificadas."
.
É que me parece estranha... por exemplo, estou actualmente a desenvolver um projecto com uma empresa com 11 trabalhadores, com mais de 20 anos e que tem produtos inovadores na área das tecnologias de informação.
.
Por que é que o empreendedorismo que cria o seu próprio posto de trabalho não é socialmente desejável 
nem economicamente recomendável? Qual a base para essa conclusão?
.
Por que é que o que eu faço, por que é que a minha vida profissional não é socialmente desejável? Por que é que o que eu faço profissionalmente não é economicamente recomendável?
.
Não estaremos a falar de modelos mentais do século XX? Modelos associados a planeamento, a escala, a uniformidade, a média, a mercado de massas?
.
Recorrendo ao primeiro gráfico deste artigo em que se compara a quantidade de empresas pela classe de dimensão arrisco concluir:
.
A vontade de criar o seu próprio posto de trabalho não é assim tão diferente de país para país, o que difere é o número de empresas grandes e muito grandes.
.
E as empresas grandes que se criaram em Portugal no pós-guerra foram destruídas após o 11 de Março de 1975 com as nacionalizações que se fizeram. Estavam à espera de quê?

terça-feira, setembro 13, 2011

Os espertos

A mentalidade que nos levou à bancarrota é a mesma que aprendeu a técnica do pulmão, que aprendeu a trabalhar para as estatísticas.
.

Compliant sergeants rarely become great generals.

Grande mensagem de Seth Godin.
.
E tanto neste país pretende criar estes batalhões de "compliant people" prontos para obedecer.
.
A escola hoje, está pior do que quando a frequentei. No meu tempo, os professores não obrigavam os alunos a ter caderno ou a ter capa, isso ficava ao livre arbítrio do aluno e dos seus pais.
.
"CV e os sinais dos tempos + Diferenciação"
.
Que tipo de gente é que precisamos na viagem para Mongo?
.
Aventureiros ou mangas-de-alpaca?

O advento de Mongo, relato de uma conspiração

Ontem à noite o meu computador parecia estar a ser vítima de uma conspiração pró-Mongo.
.
De rajada, via Twitter, tive acesso a três artigos. Ponto comum entre todos eles: Mongo, o advento de Mongo.
.
Ponto prévio, li "O mundo é Plano" de Thomas Friedman e gostei. Depois, rapidamente, com a minha experiência profissional no terreno, e com a ajuda de Ghemawatt, percebi que Friedman estava errado. O mundo não é plano! E as empresas podem fazer com que ele fique cada vez mais enrugado... a famosa fittness landscape de Kauffman, de Ghemawatt e de tantos outros... os mundos simulados de Lindgren.
.
Verifico agora, para meu conforto, que Friedman também já descobriu que podemos enrugar o mundo, que podemos criar Mongo!
.
the Age of Average is over.” (Moi ici: Essa foi a Idade do Preço como o Order-Winner. O tempo em que a escala era a única via para competir)
...
“You should aim to be an artisan… (Moi ici: O artesão não faz duas coisas iguais! É exactamente o oposto da escala... é tão interessante como os mundos de Lindgren simulam a nossa realidade) everything thing you do, you should be proud of, willing to put your initials on it.”
.
Depois, sigo a pista para este texto. O autor escreve sobre a carreira de cada um, eu acrescento que é aplicável à vida das empresas (PMEs) que já existem e que não têm futuro como estão:
.
"The Career Craftsman believes this process of career crafting always begins with the mastery of something rare and valuable. The traits that define great work (autonomy, creativity, impact, recognition) are rare and valuable themselves, and you need something to offer in return. Put another way: no one owes you a fulfilling job; you have to earn it.
.
The Career Craftsman believes that mastery is just the first step in crafting work you love. Once you have the leverage of a rare and valuable skill, you need to apply this leverage strategically to make your working life increasingly fulfulling. It is then — and only then — that you should expect a feeling of passion for your work to truly take hold." (Moi ici: Deixa de ser-se "an order taker" e passa-se a ter a matéria-prima, o conhecimento, os circuitos neuronais de "an experience maker")
.
Por fim, Roger Martin em "You Can't Analyze Your Way to Growth" vai no mesmo caminho, descasca no mundo da escala, no mundo dos muggles que só sabem fazer contas e que se esquecem que o valor é um sentimento não um resultado numa folha de cálculo:
.
"The biggest enemy of top-line growth is analysis and its best friend is appreciation.
...
The fundamental reason is that analysis of data is all about the past. Data analysis crunches the past and extrapolates it into the future. And the past does not include opportunities that exist but have not yet happened. So, analysis conspicuously excludes ways to serve customers that have not been tried or imagined or ways to turn non-customers into customers.
.
Thus the more we rely on data analysis, the more it will tell a dour story on top-line growth — and not give particularly useful insights.(Moi ici: Será por isto que as PMEs fazem milagres? As discussões que já ouvi entre economistas (directores financeiros) e gerentes. Os economistas não gostam de gastar dinheiro em feiras, por exemplo)
...
If instead, the core tool is not analysis but rather appreciation —deep appreciation of the consumer's life — what makes it hard or easy; what makes her (in this category) happy or sad — there is the opportunity to imagine possibilities that do not exist. (Moi ici: Começar pela experiência de vida dos clientes-alvo)
...
"Organizationally and behaviorally, analysis and appreciation are two very different things. Analysis is distant, done in office towers far from the consumer. It requires lots of quantitative proficiency but very little experience in the business in question. It depends on data-mining: finding data sources to crunch, often from data suppliers to the industry. Appreciation is intimate, done in close proximity to the consumer. It requires qualitative proficiency and deeper experience in the business. (Moi ici: Falta aos macro-economistas encartados das academias e dos que fizeram a sua vida em negócios rentistas) It requires the manufacture of unique data, rather than the use of data that already exists.
.
In my experience, most organizations have more of the former capabilities and behaviors than of the latter and hence most struggle with top-line growth. The biggest issue isn't the absence of top-line growth opportunities but rather the lack of belief that they exist. And that is driven by the dominance of analysis over appreciation."
.
.
.
Claro que existem excelentes excepções entre os economistas! E tenho o gosto de conhecer alguns.

O erro de análise dos Custos Unitários de Trabalho (parte IV)

Continuado daqui.
.
Seguem-se alguns trechos de um artigo escrito por funcionários do Asian Development Bank nas Filipinas.
.
Trata-se do artigo em que mais fielmente me revejo e que ilustra as ideias que tenho defendido neste blogue desde há vários anos acerca do futuro para a indústria portuguesa.
.
"Current discussions about the need to reduce unit labor costs (especially through a significant reduction in nominal wages) in some countries of the eurozone (in particular, Greece, Ireland, Italy, Portugal, and Spain) to exit the crisis may not be a panacea. (Moi ici: Também não acredito nesta panaceia, já em 2006)
.
First, historically, there is no relationship between the growth of unit labor costs and the growth of output. This is a well-established empirical result, known in the literature as Kaldor’s paradox. Second, construction of unit labor costs using aggregate data (standard practice) is potentially misleading. Unit labor costs calculated with aggregate data are not just a weighted average of the firms’ unit labor costs. Third, aggregate unit labor costs reflect the distribution of income between wages and profits. This has implications for aggregate demand that have been neglected. Of the 12 countries studied, the labor share increased in one (Greece), declined in nine, and remained constant in two. We speculate that this is the result of the nontradable sectors gaining share in the overall economy. Also, we construct a measure of competitiveness called unit capital costs as the ratio of the nominal profit rate to capital productivity. This has increased in all 12 countries.
.
We conclude that a large reduction in nominal wages will not solve the problem that some countries of the eurozone face. (Moi ici: As economias europeias não podem competir pelos custos mais baixos e quem defende essa medida não faz ideia da diferença entre os salários europeus e os asiáticos) If this is done, firms should also acknowledge that unit capital costs have increased significantly and thus also share the adjustment cost. Barring solutions such as an exit from the euro, the solution is to allow fiscal policy to play a larger role in the eurozone, and to make efforts to upgrade the export basket to improve competitiveness with more advanced countries.(Moi ici: A solução que apresentamos neste blogue há anos!!! This is a long-term solution that will not be painless, (Moi ici: É estudar o exemplo do calçado em Portugal, quantos anos demorou, quantos empregos se perderam, que alternativas genéricas tiveram resultado) but one that does not require a reduction in nominal wages."
.
Abstract do artigo "Unit Labor Costs in the Eurozone: The Competitiveness Debate Again" de Jesus Felipe e Utsav Kumar.
.
"Unit labor costs are defined as the ratio of a worker’s total compensation, or money-wage (i.e., the nominal wage rate plus all other labor-related costs to the firm such as payments in-kind related to labor services, social security, severance and termination pay, and employers’ contributions to pension schemes, casualty, and life insurance, and workers compensation, and, in some cases, payroll taxes as well as fringe benefits taxes, etc.), to labor productivity. Assuming the numerator is measured in euros per worker and the denominator is measured in numbers of pencils per worker, the unit labor cost is measured in euros per pencil (i.e., total labor cost per unit of output, or the cost in terms of labor for the products we get)" (Moi ici: Mas nada nos diz quanto ao tipo, qualidade, atributos e preço de venda dos lápis)
...
"If we increase the number of products exported with revealed comparative advantage to the top 100 most complex, Germany’s exports of these products represent 18% of world exports, against Ireland’s 0.81%, Spain’s 0.89%, Greece’s 0.02%, and Portugal’s 0.04%. Finally, while German exports are concentrated in the most-complex products of the complexity scale (the top 100 most complex products represent 7.93% of the country’s total exports), and as the complexity level declines, the shares become smaller (the least-complex export group represents 3.5% of Germany’s exports); in the case of Greece and Portugal, their exports are concentrated in the least-complex groups (33.1% and 21.7%, respectively, of their total exports belong to the least-complex group), and their export shares (by complexity groups) are similar to those of China. If China were the correct comparator, then perhaps the situation of the European countries would be significantly worse. We believe that this is where the real problem of the peripheral countries lies. Their lack of competitiveness vis-à-vis Germany is not due to the fact that they are expensive (their wage rates are substantially lower), or that labor productivity has not increased. The problem is that they are stuck at middle levels of technology and they are caught in a trap. Reducing wages would not solve the problem."
...
"significant efforts to upgrade. Greece, Ireland, Italy, Portugal, and Spain should look upward and try to move in the direction of Germany, and not in that of China. The real problem is one of lack of nonprice competitiveness vis-à-vis Germany. Spain and Italy are ahead of the other three countries, and closer to Germany. Though Ireland has a very sophisticated export package, its level of diversification is low. Greece and Portugal are well below the other three and face a more precarious situation."
.
Seguem exemplos de postais escritos ao longo dos anos e que estão em sintonia com as conclusões deste artigo:

segunda-feira, setembro 12, 2011

Nem de propósito

Nem de propósito, timing espectacular!
.
Depois de na parte III de "O erro de análise dos Custos Unitários de Trabalho" ter proposto deslocar a curva da procura para a direita.
.
Ao ler o capítulo V, "The Economics of Pricing in Services" no livro de Irene Ng "The Pricing and Revenue Management of Services - A strategic approach" encontro:
.
"In a sense, the demand function could be counter-productive in helping firms – managers may believe its seemingly robust nature and make pricing decisions on the basis of price-quantity relationships, when a better strategy is to change the demand function itself."

Não, não fui eu que escrevi

"Podemos afirmar que o país continua refém do excessivo peso do Estado, comprometendo por isso a realização do seu crescimento potencial, devorando recursos em paliativos quando deveriam estar a ser aplicados em investimentos, conservando o país num estado de contínuo empobrecimento e de irreversível definhamento, sem vontade nem meios para inverter a tendência e recuperar a convergência com os níveis de desenvolvimento dos seus parceiros mais avançados. Assuma-se: enquanto Portugal tiver que carregar este Estado, Portugal permanecerá entre os países que perdem e vêem o seu destino colectivo ameaçado."
...
"O Estado é olhado cada vez com mais desconfiança pelas actividades económicas do país e pela fileira têxtil e vestuário em particular. Somando desilusões e desencantos, assistindo a discursos que raramente colam com a realidade e a promessas que ficam longe de serem cumpridas, as empresas, na sua maioria, compreendem que pouco há que esperar da Administração Pública para apoiar a sua actividade, quando não mesmo a vêem como inimiga, de quem necessitam de estar prevenidos e de se defenderem. A voracidade do Fisco que, actualmente, na ânsia de realizar receitas, ataca cegamente tanto cumpridores como prevaricadores, deixando muito pouca margem de defesa ao contribuinte, é possivelmente o exemplo mais paradigmático que se pode oferecer, embora o seu elenco seja passível de catalogar com grande extensão. Ao Estado português, em termos gerais e históricos, parece resultar difícil entender que aquilo que é bom para as empresas é bom para o país, e, que, pelo contrário, quando estas se encontram em dificuldades ou enfrentam um ambiente muito pouco propício aos negócios, penalizam imediatamente o seu desempenho, o seu crescimento e reduzem imediatamente o seu impacto positivo na economia e na sociedade."
.
Não, não fui eu que escrevi... mas podia subscrever na íntegra.
.
Trechos retirados de "Contributo para um Plano Estratégico para a Indústria Têxtil e do Vestuário Portuguesa" (Dezembro de 2007)

A procura

É tão claro para mim, a procura é o fundamental.
.
"A useful place to start is look at what debt does – it accelerates consumption. Instead of saving to purchase you buy today but pay tomorrow. As early credit card advertising put it, debt takes ‘the waiting out of wanting’. Debt fuelled purchasing creates demand driving greater investment, in part because producers think that demand has suddenly increased. Increased production capacity means that they have more to sell and investors demand growth in earning etc so they must generate increased sales – so the whole process takes on a life of its own. It’s a kind of Ponzi Prosperity."
...
"If you use debt in this way to fuel demand then when the capacity to take on debt ceases so does demand. In effect, the world exaggerated ‘real’ demand and with it economic growth. To go back to equilibrium we have to do several things – run through the excess ‘stuff’ we bought; divert income to paying down debt, absorb the excess capacity we created, restore credit creation capacity by recapiltalising banks crippled by bad loans etc. That is precisely what deleveraging means and what is happening. So we become locked into a lengthy period of low growth, low demand which is not easy to reverse – as Japan shows."
...
"There are no simple, painless solutions any more. The world has to reduce debt, shrink the financial part of the economy and change the destructive incentive structures in finance. Individuals in developed countries have to save more and spend less. Companies have to go back to real engineering. Governments have to balance their books better. Banking must become a mechanism for matching savers and borrowers, financing real things. Banks cannot be larger than nations, countries in themselves. Countries cannot rely on debt and speculation for prosperity. The world must live within its means."
...
"The basic problem is one of demand. We used debt to create demand and now that we can’t increase debt, demand has slowed down. This is crucial thing is it is going to be difficult to return to previous levels of demand, particular growth in demand that the world has come to depend. It may not be a bad thing for the environment and conservation of scarce resources but it won’t be good for growth. That’s the issue, at least as I see it, and it’s a hard one to fix." (trechos retirados daqui)
.
Os governos tentam substituir a procura com estas tretas "Obama to Send Congress $447B Jobs Package", como se o emprego fosse uma causa quando é, na realidade, uma consequência.
.
Por isso, não existe o equivalente, do lado da oferta, para a curva da procura.
.
Solução:


.

O erro de análise dos Custos Unitários de Trabalho (parte III)

Continuado daqui:
.
Os defensores da lengalenga "os CUTs têm de baixar senão estamos condenados!" acreditam nesta curva (trata-se de uma simplificação. A relação quantidade vs preço não é necessariamente linear):
Por isso, se queremos aumentar a quantidade procurada, para podermos vender mais, temos de reduzir o preço:
Se baixarmos o preço para P2 a quantidade procurada no mercado aumentará para Q2. Assim, há que concentrar os nossos esforços para reduzir os custos internos, para sermos mais eficientes e poder baixar os preços sem perder rentabilidade.
.
O que a grande maioria se esquece é que o crucial não é o preço mas o Valor Líquido Esperado (Expected Net Value):
Para aumentar o ENV, além do preço, podemos aumentar os benefícios da oferta e ou reduzir os custos não-monetários. Ou seja, podemos ir à curva que relaciona procura com o preço e fazer isto:
Deslocar a curva para a direita!!!
.
Ao deslocar a curva para a direita, sinal de que a oferta tem mais valor potencial percepcionado incorporado, é possível manter o preço P1 e aumentar a procura para Q4 ou, aumentar o preço para P3 e manter a procura em Q1.
.
Como a formula dos CUTs não incorpora nenhuma medida do valor potencial percepcionado incorporado ou do preço... a deslocação para a direita não é medida.
.
Num cenário em que a empresa sobe o preço para P3 e a quantidade baixa ligeiramente para Q1' mantendo a empresa o número de trabalhadores e os custos laborais, os CUTs sobem mas a empresa fica mais rentável e, junto dos clientes, mais forte.

"Não temos tempo"


Costumo escrever aqui no blogue acerca das actividades pomposas e media-friendly que os governos inventam, para fazer de conta que apoiam as PMEs na sua internacionalização e que não passam de ineficientes formas de operar: Seguem-se recortes desde Agosto de 2011 até Fevereiro de 2008:
.
.
.
.
.
.
Tudo isto por causa das palavras de um potencial importador indonésio que visitou Portugal:
.
""Sabe, nós [as empresas importadoras]
 não temos tempo para andar em cocktails a fazer conversa de circunstância e a trocar cartões de visita", confessou. "

Especulação - sequência

Na sequência desta especulação.
.
"Chinese imports at record high as trade surplus narrows"
.
""August's export and import data showed China's economic growth is driven by domestic demand, not external demand and its growth is still very strong," said Li-Gang Liu of ANZ."

domingo, setembro 11, 2011

Recordar Lawrence... nada está escrito (parte II)

Continuado daqui..
.
"BMW Plants Defy Recession Threats"
.
"“Our business indicators don’t show signs of a recession,” Eichiner said at a Munich briefing with journalists yesterday. “Our factories are working at full tilt.”"
...
"The company is also hiring 3,500 people in 2011 as it seeks new talent, especially to design and build electric vehicles, personnel chief Harald Krueger said at the briefing."
.
As empresas, tal como não devem ficar à espera da retoma para subirem com a maré, também não devem desistir e dar de barato que vão ter de perder mercado durante uma recessão... como diz a história, basta correr mais do que o parceiro para fugir ao leão.


Para memória futura

"Why Someone from Apple Needs to Ride the Shanghai Subway"
.
"Confessions of a Former Apple Fan"

O erro de análise dos Custos Unitários de Trabalho (parte II)

Continuado daqui.
.
Os Custos Unitários de Trabalho (CUT) não medem, não capturam a evolução da qualidade (atenção, aqui qualidade não é ausência de defeitos, aqui qualidade é mais complexidade, mais moda, mais tecnologia incorporada, mais operant resources incorporados, mais rapidez, mais flexibilidade, mais diferenciação, mais ...), apenas medem o custo laboral por unidade produzida durante um dado período de tempo.
.
Se, para fazer face à concorrência internacional ou para encaixar a inconsistência estratégica dos políticos, as empresas que querem sobreviver e prosperar evoluem para produtos mais complexos, e/ou enveredam pela servitização, e/ou se adaptam a produções de nicho... os CUT não apanham nada disso.
.
Os CUT não sobem porque as empresas evoluem, não é esse o ponto. Os CUT são cegos relativamente à evolução do que as empresas colocam no mercado. São um fóssil que era útil para monotorizar a economia do século XX, não para lidar com a economia de Mongo.
.
A não perder:

O erro de análise dos Custos Unitários de Trabalho

"Unit labour costs (ULC) measure the average cost of labour per unit of output and are calculated as the ratio of total labour costs to real output."
...
"Unit labour costs (ULCs) represent a direct link between productivity and the cost of labour used in generating output. A rise in an economy’s unit labour costs represents an increased reward for labour’s contribution to output. However, a rise in labour costs higher than the rise in labour productivity may be a threat to an economy's cost competitiveness, if other costs are not adjusted in compensation."
Ou seja:


Vamos utilizar os custos de mão-de-obra do sector têxtil e do vestuário por desconhecimento nosso de dados sobre o sector do calçado:
Vamos utilizar os dados do calçado (APICCAPS) para a quantidade produzida num ano e para o número de trabalhadores:
Agora calculamos os Custos Unitários do Trabalho (ULC) para 1994 (admitindo os salários de 1990),  para 2007 e para 2010 (admitindo uma subida de 5% nos custos laborais entre 2007 e 2010). Depois, comparamos a evolução dos Custos Unitários do Trabalho:
Os Custos Unitários do Trabalho sobem e o sector fica ainda mais competitivo!!!
.
Como será que os académicos explicam isto?
.
A fórmula para calculo dos Custos Unitários do Trabalho padece do mesmo erro de análise que se verifica quando se analisa a produtividade. A análise dos académicos admite por defeito, por isso eles nem se lembram dessa premissa, que a qualidade das saídas se mantém constante... pois.
.
É o mesmo fenómeno que explica o aumento dramático da produtividade do operário que sai do Vale do Ave e vai para o vale do Reno, muda a qualidade do que ele produz (atenção, qualidade aqui não é ausência de defeitos)


sábado, setembro 10, 2011

O cuco

Basta pesquisar os marcadores "Cuco" e "cucos" para relacionar com:
.
"E os impostos crescem e crescem..."
"Impostos mudam 30 vezes por ano. IMI e IVA ainda vão subir"

E isto nunca vai parar, o saque há-de sempre continuar... basta recordar:
.
"Frente Comum reivindica aumentos de 3,5% em 2012" Avoila e Gaspar e Teixeira dos Santos são farinha do mesmo saco, sacerdotes do cuco.
.
Para quando, no sistema democrático, um provedor, um defensor dos contribuintes?
.
Na América é a mesma coisa, via @ChuckBlakeman:
.
"CNN - Regulatory bodies funding have grown 16% the last 3 yrs while the national GDP has only grown a total of 1.2% in 3 yrs."

Race-to-the-top, not race-to-the-bottom

Do relatório publicado ontem pelo INE "Comércio Internacional-Saídas aumentam 14,9% e Entradas 0,2% - Julho de 2011" retirei duas figuras da secção "Evolução dos Produtos dos Sectores Industriais Tradicionais na Saída de Bens 1993-2011"
.
Uma sobre o têxtil:
 E outra sobre o sector onde se inclui o calçado:
Relativamente ao calçado acrescento esta tabela:
retirada da Monografia Estatística da APICCAPS 2011.
.
E façam a comparação entre 1994 e 2010:

  • a mão-de-obra hoje é cerca de 55% do que era;
  • a quantidade produzida em pares é cerca de 56% do que era;
  • a facturação hoje é cerca de 85% do que era
O mesmo deve ter acontecido no sector têxtil...
.
Comparar a facturação de hoje com a de há 15 anos e perceber o que mudou na quantidade de gente empregada, e no valor acrescentado das peças produzidas, permite ter uma ideia do aumento da complexidade dos bens produzidos (ainda que o mainstream reclame redução de custos para exportar mais).
.
Os dois gráficos permitem comparar o volume de exportações de hoje com o do passado.
.
Claro, quando um modelo de negócio bate certo e começa a ser percebido o truque o crescimento começa a acelerar e: "Um dos problemas do sector, actualmente, é a falta de mão de obra. O porta-voz da Apiccaps, associação que representa o sector, diz que a pouca atractividade é um problema geral da indústria e reconhece que, em Novembro, o ramo do calçado vai precisar de mais 1.500 trabalhadores."
.
BTW, cá está o "World Footwear 2011 Yearbook" (curiosidade: a Alemanha ainda fabrica cerca de 30 milhões de pares de sapatos por ano - Portugal fabrica 60 milhões - preços médios 41 vs 29 USD)
.
Lição: A solução não é enveredar por uma race-to-the-bottom para competir com a China, a lição é apostar numa race-to-the-top em busca de produções com maior complexidade, mais operant resources incorporados, com maior valor acrescentado potencial.

52 épocas por ano? Lá chegaremos

Quando ao longo dos anos, aqui no blogue e nas empresas, falo da proximidade, falo da rapidez, falo da flexibilidade, falo de vantagem competitiva, é por causa disto que falo:
.
"Fashion Now, Now, Now"
.
"Everything in fashion is now, now, now.
.
“Fashion is very immediate today,” said James J. Gold, the president of Bergdorf Goodman and president of specialty retail for Neiman Marcus. “The customer who was most into fashion always bought early.” The risk for those who didn’t was missing out on the clothes that they really loved."
.
Claro que isto significa que já não se trabalha no sector do têxtil e do vestuário (sorry INE) mas que se está no sector da moda... das experiências.
.
É o velho sonho de 52 épocas por ano...
.
.
.
.
Quem quiser pensar em formular um modelo de negócio a tender para esse fim, não se esqueça deste teste criado por Rita McGrath.

Mas eu não fui nobelizado (parte II)

“Business demand is what drives hiring,”
.
"the credit “does not drive our hiring.”"
.
Nada que já não se tenha abordado por aqui:

Canário Grego


"Rob Parenteau: Revisiting the PIIGS Led to Slaughter Perspective – Implications of a Greek Default"
"Will Germany Decide to Let Greece Fall?" (A Greek default would be extremely messy, but in theory it can be contained. This is perhaps why German authorities are now focusing on their Plan B. If one must die to save the group, Greece will be it)
"Germany Said to Ready Plan to Help Banks If Greece Defaults"
"High Noon Approaching for Greece?"

sexta-feira, setembro 09, 2011

Teaser

Sentado sob uma sombra, entre uma reunião em Vale Cambra e uma formação em São João da Madeira, leio um artigo.
.
Por que tem de ser o Asian Development Bank, situado nas Filipinas, a fazer a melhor análise da situação dos periféricos do euro?

Guterrar

A cultura come a estratégia e os novos gerentes ao pequeno-almoço "Governo adia prazo para serviços entregarem orçamentos":
.
"Até ao final do dia de ontem, só 55 dos 611 serviços do Estado tinham entregue as propostas. O Ministro das Finanças foi obrigado a adiar o prazo para os serviços do Estado entregarem as suas propostas de orçamento. A 24 horas do fim do prazo e com mais de 90% dos orçamentos por entregar, Vítor Gaspar informou ontem a Direcção-Geral do Orçamento (DGO) que o prazo será alargado até dia 14 de Setembro"
.
Esta é a administração pública que temos... lembram-se das Venetian Blinds e da "fosters a culture of underperformance" não se cumpre e no passa nada.

O macro-economista nu (parte II)

Outro comentador que me merece dupla precaução é Daniel Amaral ("O macro-economista nu").
.
Hoje, na coluna de opinião semanal no DE "A dívida externa" escreve:
.
"Por muito que isto nos custe, do que precisamos mesmo é de aumentar a quota de mercado, coisa que até hoje nunca soubemos fazer. Os números não deixam dúvidas: no período 2000-09, as exportações mundiais aumentaram 75% e as portuguesas apenas 53% - um sinal claro de que a nossa quota diminuiu. E como é que invertemos esta situação? Sendo melhores do que os outros. Deixo aqui alguns alvos: redução dos custos de fabrico, escolha dos investimentos certos, melhoria de toda a organização."
.
Continua encalhado no denominador, nos custos, na eficiência... a Esfinge, perante esta resposta à Charada, comia-o já!.
.
Não aprende nada nem com o calçado, nem com o têxtil, nem com a cerâmica, nem com o mobiliário, nem com os vinhos, nem com a maquinaria, nem ...
.
Nem de propósito, Irene Ng no quarto capítulo de "The Pricing and Revenue Management of Services - A strategic approach" intitulado "Seven strategies for higher revenues" escreve:
.
"Strategy 1: price on value, not cost
...
Firms that do very well, however, are those that endeavour to understand the value a customer places on a product as well as understanding the actual benefit that the customer obtains from buying the service and capture that value in prices that customers are willing to pay. There is far less revenue growth in discovering (or reducing) a firm’s cost; the value end of revenue holds far more promise."
.
Seguramente Daniel Amaral não conhece Marn e Rosiello.
.
Não percebe que o truque é diferenciação:
.
""A criação da marca ZTC deveu-se ao facto de termos verificado que existiam algumas lacunas no mercado, as quais não tinham sido aproveitadas por nenhum dos fabricantes", revela Carlos Aguiar. A receita do sucesso está na diferenciação, pelo menos, a ter em conta as palavras deste homem de negócios. "Desde o início que nos preocupámos em fabricar equipamentos que sejam diferenciadores, como, por exemplo, equipamentos dual sim ou equipamentos destinados ao público sénior." E acrescenta: "Em resumo, procurámos desenvolver equipamentos que sejam o máximo possível diferenciadores ao nível da utilização e dotados de software adequado aos diversos segmentos de mercado". A resposta positiva deste não se fez esperar. "A marca tem crescido fruto da boa recetividade dos consumidores. Criámos produtos capazes de satisfazerem as necessidades dos vários nichos e a prova disso é a aposta de um dos operadores portugueses na nossa marca. Já é o quarto modelo da ZTC a fazer parte do seu portefólio", destaca Carlos Aguiar. E a inovação continua. A marca deverá fazer mais dois lançamentos ainda este ano. Um deles, como espera Carlos Aguiar, "bastante inovador". "
.
Não percebe mesmo, percebo que seja difícil mudar de cassete:
.
"Ou seja, o comportamento do mercado doméstico tem vindo a alterar-se, enquanto as despesas deste tipo de espaços são maiores do que as dos hotéis urbanos. "Nós não gostamos de fazer papel de coitadinhos, mas somos realistas. Instalados no interior das regiões, lutamos contra muitas adversidades", afirma Cândido Mendes. Seja devido ao tratamentos dos espaços exteriores, que nas cidades é assegurado pelas autarquias, ou porque é mais caro trazer mão-de-obra qualificada para para estas zonas geográficas, o setor garante que os "custos fixos são bem mais elevados". Desta feita, os empresários, através da AHRP, estão dispostos a afirmar-se "pela diferenciação e através da capacidade de gerarem nos consumidores experiências diferentes, seja através do hotel em si ou com as parcerias que são capazes de gerar localmente, no sentido de que depois da pessoa consumir o produto turístico, esteja satisfeito e queira voltar", explica."

Recordar Lawrence... nada está escrito!

Ontem ouvi na rádio um comentário de André Macedo na TSF sobre o futuro das exportações (André Macedo merece-me dupla precaução, mas adiante).
.
André Macedo expunha este argumento "O mais certo é que tudo isto se desmorone quando a recessão voltar ao mercado de destino das exportações." tendo em conta as palavras de Trichet.
.
Também já pensei assim. É possível que isso aconteça... mas de 10 Agosto para cá mudei de opinião "e apesar de ter escrito aqui que estava apreensivo quanto às exportações no 2º semestre "O mais certo é que tudo isto se desmorone quando a recessão voltar ao mercado de destino das exportações." começo a desconfiar que a recessão na Europa pode ter um lado positivo para as PMEs portuguesas porque os importadores europeus vão preferir comprar menos e perto, do que contentores cheios pagos à cabeça com meses de antecedência na Ásia. Vamos ver o que vai dar."
.
O pensamento de André Macedo é a cena da maré e da retoma mas ao contrário... mas para quem pensa assim recomendo a leitura destas linhas:
.
"We live in a time of two economies. In the first, mired in recession since 2008, millions are unemployed and underemployed, companies are reluctant to invest, and factories have fallen silent. Consumer demand is stagnant.
.
In the second, in the same time and space, demand is gushing. A handful of companies are doing exponentially better than their competitors. They enjoy runaway growth, premium pricing, and extraordinary customer loyalty. Here, companies are growing, profits are robust, and customers are loyal." (Isto no mesmo mercado, no mesmo sector, no mesmo país)
.
Esta semana estive em 2 empresas com um problema grave entre mãos... não conseguem produzir para as encomendas dos alemães!!!
.
"Exportações voltam ao nível pré-crise de 2008 e travam colapso do PIB"
.
"Exportações travam queda do PIB no segundo trimestre"
.
"Exportações para Moçambique crescem 56%"
.
"As exportações da indústria têxtil e vestuário nacional atingiram mais de dois mil milhões de euros, no primeiro semestre, o que se traduziu num aumento de 13%, face a período homólogo do ano passado. João Costa, presidente da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal (ATP), acredita que será possível chegar aos quatro mil milhões no fim do exercício, em resultado da conjugação de vários fatores. "
.
Quem acredita que o esforço das pessoas de uma empresa em particular pode fazer a diferença não precisa de salvar a economia nacional, basta salvar a sua empresa. Scott McKain em "WE DON’T HAVE A “JOBS” PROBLEM IN THE U.S…." chama a atenção para o essencial a cadeia da procura.
.
Nada está escrito, para quem acredita que pode fazer a diferença...

Mateus 13, 8

Hoje em dia no mundo do marketing fala-se cada vez mais de co-criação e de co-produção.
.
Um bom exemplo disso é a actividade de consultoria.
.
Qualquer consultor é um ser humano com as suas limitações e com as suas qualidades. Os seus conhecimentos, a sua maneira de ser, a sua pessoa, a sua experiência, são como uma semente. Uma semente pode ser boa ou pode ser má. Admitamos que a semente é, pelo menos, de qualidade mediana... embora para o caso até seja irrelevante.
.
Cada empresa, cada projecto em que um consultor trabalha é como um terreno diferente para onde a semente é lançada... sim Mateus 13, 1-9.
.
É tão boa a recompensa de visitar projectos terminados, ou em fase disso, em que a semente nitidamente caiu em terra boa e está a dar bons frutos. E mais, alguns desses frutos, porque foram fruto do cruzamento do ADN da semente com o ADN da terra (um bocado puxada a imagem), geraram frutos novos, frutos diferentes que nem se tinham equacionado à partida.

quinta-feira, setembro 08, 2011

Anedota tornada realidade

Via @dedraGrip tomo conhecimento desta anedota tornada realidade:
.
"Greece importing olive oil from Germany"

O céu é o limite

Há dias escrevi sobre a dificuldade em reduzir os riscos não-monetários e dei o exemplo pessoal  da instalação de vidros duplos.
.
Hoje descubro a Angie's List!!!
.
"Angie's List vs. Groupon"
.
"members review "high cost of failure" segments — plumbers, roofers, contractors, and doctors. Membership creates value by providing subscribers with a greater sense of confidence when springing for a high-risk purchase."
.
Fantástico, o céu é o limite... e vêm-me com a conversa de investimentos cainesianos da treta na economia do século XX.
.

Há que apoiar a "lavôra"

Esta semana vi imagens, na televisão, do que que me pareceu o encerramento de uma empresa cerâmica em Pombal.
.
E, no entanto: "Indústria cerâmica exporta metade da sua produção"
.
Lembram-se no calçado do encerramento da Rhode? E da Aerosoles? E da Eco? E da Clarks?
.
E, no entanto: "Exportações de calçado sobem quase 20% até Maio" de 2011 (19,5% aqui) (Quer dizer que já anularam a saída das multinacionais como a Ecco, a Clarks, e tantas outras)
.
Lembram-se do encerramento das têxteis? (aqui, aqui, aqui e aqui alguns exemplos)
.
E, no entanto: "Exportações da indústria têxtil cresceram 6,4 por cento" em 2010. E, no primeiro semestre de 2011 "Exportações no sector têxtil subiram 13 por cento" ou "Exportações têxteis crescem 24%"
.
Ainda no têxtil em 2010 conjuguem:
.
"O ano que terminou deverá ficar para a história como um dos piores das últimas três décadas em termos de encerramentos e desemprego na região do Alto Minho."
com
"A indústria têxtil e do vestuário deverá terminar o ano com uma subida de 5% das exportações. A acontecer será o maior crescimento percentual da última década."
.
No mesmo país, no mesmo sector de actividade umas empresas morrem e outras prosperam! É assim que se faz a reconversão de um sector. E sempre que o Estado entra para ajudar... torra dinheiro que nos é confiscado sob a forma de impostos e o problema agrava-se e acaba por ter o destino das Rhodes, das Qimondas, das Aerosoles ... lixo e dívidas.
.
Na agricultura, ou direi melhor "na lavôra", com as ajudas de Bruxelas e com o paternalismo dos governos isto demora a acontecer:
.
Reparem neste exemplo de hoje:
.
"Os agricultores da região, que prevêem uma quebra na produção vitivinícola de 2011 na ordem dos 80 por cento, devido às condições climatéricas adversas, pragas e doenças, reclamam também o apoio da Câmara de Palmela às suas reivindicações e na defesa da região e do país."
.
Hipotético pensamento de um urbano:
.
"Ah! Coitados! Realmente, este ano tiveram azar, é preciso apoiá-los."
.
Mas continuem a ler o texto do artigo:
.
"A AADS afirma-se igualmente preocupada com o aumento dos factores de produção (gasóleo, electricidade, adubos e fitofármacos) e com o baixo preço da uva vendida pelos produtores, que, em alguns casos, não ultrapassa os «25 cêntimos/quilo», ao mesmo tempo que adverte para o perigo de falência das pequenas explorações"
.
Quer dizer, que num ano de boa produção também perdem dinheiro ... é uma actividade sem futuro apenas suportada por apoios e subsídios, independentemente da quantidade produzida.
.
No entanto, reparem noutra notícia do dia "Três vinhos portugueses entre os 25 melhores mundiais" e reparem no pormaior:
.
"a “Decanter” afirma que “o país para o qual os consumidores e especialistas devem estar atentos é Portugal, que ganhou prémios para mais de 84 por cento dos candidatos, incluindo três troféus internacionais”"
.
É a mesma coisa que se passa na cerâmica, no calçado, no têxtil, em todos os sectores de actividade... excepto nos protegidos por apoios e subsídios. Apoio esse que impede a reconversão desses sectores.
.
Produzir uvas já era, produzir granel já foi, também aqui quantidade "foi chão que deu uvas". O que é preciso é subir na escala de valor, produzir outras castas, ou mudar de ramo... sei lá, dióspiros? quivis? ervas aromáticas? morangos? flores? hortícolas?
.
Mas não, ainda hoje ouviremos a ministra Cristas a prometer apoios... há que apoiar a "lavôra"
.
"Uma adega? Não! Uma "boutique" de vinhos"
"Vinhos do Douro e proposta de valor"
"You are building a business, not a product (parte II)"

Procura - a chave

Qual é a grande escassez dos tempos que correm?
.
.
.
A de clientes!!!
.
Há um excesso de oferta face à procura. Por isso, no meu trabalho aponto a atenção das empresas para os clientes-alvo, para a cadeia da procura, para a "balanced centricity".
.
O segredo está na procura, o segredo está na eficácia, esqueçam tudo o resto.
.
Teppo Hudson faz um resumo brilhante das ideias de Steve Blank sobre o tema:
.
"many startups fail because they found no customers. Not because they could not deliver what the technical feature set failed. The startups just ended up building "a house where nobody wanted to live". So like the fighter pilots in "Top Gun", the startup founders have to move fast with limited resources. They have to do decision calls with limited amount of data. Essentially the thrills come through those decisions made blindly (Moi ici: BTW, grande título: "You can never size a market in Excel"), with gut feelings. Just remember, your gut feeling will only emerge by talking to the customers and developing from there."
.
Encomendado desde 3 de Julho último, aguardo com interesse o último livro de Slywotzky (um autor que respeito muito, mas respeito mesmo muito), "Demand: Creating What People Love Before They Know They Want It".
.
Aqui no blogue, e nas empresas, chamamos a atenção para os clientes-alvo, avisamos que os retratos estatísticos dos mercados não existem, ilustram fantasmas (e aqui e lembram-se da miudagem?):
.
"6. "De-Average" the Customer "One size fits all" is an idea that great demand creators have discarded--because it doesn't work. Instead, they "de-average" complex markets, recognizing that the "average customer" is a myth, and that different customers (and even the same customers at different times) have widely varying hassle maps. The magic is not just in segmenting by hassle map, but in providing highly efficient, cost-effective ways to create product variations that more perfectly match the varying needs of customers."
.
E quando o fazem... o preço fica para segundo plano, deixa de ser um order-winner e passa a ser um order-qualifier. E a charada fica respondida, e a importância do preço fica realmente over-rated.
.
Quem o faz deixa de eleger o custo como a principal preocupação e concentra-se no valor que os clientes sentirão a emergir na sua vida durante o uso.
.
Por exemplo, quanto mais uso a minha mochila Monte Campo... mais percebo como está bem feita, como tem soluções para problemas que sempre tive com outras, como, por exemplo, o suor nas costas.

Price is over-rated (parte II)

Ou, "A grande charada" (parte II).
.
"Três vinhos portugueses entre os 25 melhores mundiais":
.
"Este ano, Portugal igualou a França, país tradicionalmente reconhecido pelos seus vinhos, no número de prémios internacionais e ultrapassou-a no total de medalhas atribuídas este ano."
...
"a “Decanter” afirma que “o país para o qual os consumidores e especialistas devem estar atentos é Portugal, que ganhou prémios para mais de 84 por cento dos candidatos, incluindo três troféus internacionais”."

A grande charada!

Perguntem a João Duque, a João Ferreira do Amaral, a Ferraz da Costa, a Vítor Bento, a Pedro Arroja, habituados a pedir a saída do euro ou a redução dos salários para que a nossa indústria possa ser mais competitiva, e já agora a Marcelo Rebelo de Sousa, como se resolve esta charada:
.
"A China reforçou o papel de principal protagonista do sector (calçado) no plano internacional, assegurando 62,4% da produção, o equivalente a 12,597 milhões de pares em 2010. No total, o continente asiático assegura 87% da produção de calçado a nível mundial.
...
a China lidera destacadamente, com uma quota de mercado, em quantidade, de 73,4% (o equivalente a 9,930 milhões de pares de calçado exportados em 2010). Em valor, porém, o peso relativo da China é substancialmente menor, o equivalente a apenas 38,5% do total."
...
"É igualmente ao nível do preço médio do calçado exportado que os países europeus mais se destacam. Itália (39,51 dólares por par de calçado exportado), França (28,31 dólares) e Portugal (25,90 dólares) aparecem nos três primeiros lugares. A China aparece já na cauda da tabela, com um preço médio de exportação de 3,39 dólares por cada par exportado."
.
"Ao nível das importações, sobressai a Europa. Com efeito, este continente é o mercado mais dinâmico, absorvendo 43% dos pares de calçado importados em todo o mundo."
.
Apesar dos preços do calçado chinês, mais de 95% da produção nacional é exportada.
.
Acham que os nomes lá em cima conseguem explicar isto?
.
Eles que só sabem falar do preço como a variável a mexer (a reduzir) para aumentar a competitividade conseguem explicar isto?
.
Quantos dos empresários do calçado têm uma licenciatura académica?
.
Poucos, muito poucos, por isso, não estão presos a modelos mentais obsoletos ensinados por professores que não se actualizam em contacto com a vida real. Porque não sabem que é impossível competir com a China, competem e ganham!!
.
Mas não ganham da forma clássica, a única que existia no passado. BTW, sabem qual a receita que o Steve Blank propôs esta semana na Finlândia?
.
"What Finland needs: Forget the MBA’s and get out of the building!"
.
Get out of the building para fuçar e fuçar e fuçar à procura de clientes e de algo que se lhes possa oferecer.
.
Depois, depois dá nisto:
.
"Calçado tem 1.500 vagas e até aumenta salário a quem trouxer gente"
.
"O patrão diz-lhe "muito obrigado" e até lhe aumenta o salário pela ajuda na contratação de novos trabalhadores. A situação é real e está em cena na indústria portuguesa de calçado.
.
"Temos imensa falta de mão-de-obra. Daí que até tenha decidido atribuir como prémio um aumento salarial aos nossos colaboradores que consigam arranjar gente para trabalhar na fábrica", revelou ao Negócios Miguel Abreu, administrador da Abreu & Abreu.""
.
"Portugal gera 2% das exportações mundiais de calçado"
"Calçado: sector quer ser 5.º exportador mundial até 2020"
"Calçado: sector quer ser 5.º exportador mundial até 2020"

Balanced Scorecard - Guia do Empresário #7

Em colaboração com o Centro Tecnológico do Calçado de Portugal saiu o 7º número da colecção "Guia do Empresário" dedicado ao tema Balanced Scorecard, com exemplos e desenvolvimento de caso no âmbito do calçado. 



quarta-feira, setembro 07, 2011

Carros cubanos e muito pão para pouca manteiga

Uma vez chamei-lhe "carros cubanos".
.
O estado a que chegou o Estado ajusta-se bem a este " 'Peanut Butter Manifesto'"
.
Um cheirinho:
.
"We lack a focused, cohesive vision for our company. We want to do everything and be everything -- to everyone. We've known this for years, talk about it incessantly, but do nothing to fundamentally address it.
.
We are scared to be left out. We are reactive instead of charting an unwavering course. We are separated into silos that far too frequently don't talk to each other. And when we do talk, it isn't to collaborate on a clearly focused strategy, but rather to argue and fight about ownership, strategies and tactics.
.
Our inclination and proclivity to repeatedly hire leaders from outside the company results in disparate visions of what winning looks like -- rather than a leadership team rallying around a single cohesive strategy."

Price is over-rated

A leitura do terceiro capítulo "Advanced purchase and the separation of purchase and consumption" de "The Pricing and Revenue Management of Services - A strategic approach" de Irene Ng veio reforçar a minha preocupação com os custos não monetários.
.
"To mitigate valuation risk, firms often offer discounts to entice buyers to purchase, although the service rendered is still the same. Yet, buyers buy because the expectations they place on the benefits of the service is high enough (or the price of the service is low enough, depending on how you wish to see it) that notwithstanding the discount on their willingness to pay due to the valuation risk, the asking price is still worth it. Thus, many service firms don’t realise that the demand could actually be far higher and the willingness-to-pay far greater (i.e. the firm could get a higher price) if the valuation risk could be reduced."
.
Irene Ng vai buscar o trabalho de Kahneman e Tversky ("Prospect Theory: An Analysis of Decision under Risk"; "Using Prospect Theory to Guide Product Management Decisions") para recordar que "buyers’ aversion to loss is greater than their eagerness to acquire gains. Using the example above, the consumer may prefer to walk to the restaurant down the road so as to avoid the risk that he may not find a parking spot at the other restaurant, even if the latter is touted to have better ambience and food compared to the former." e chamar a atenção para:
.
"The cost of increasing a service’s benefits may not yield as much revenue as compared to spending the money to amplify the expected outlay for choosing the alternative. This is because any increase in the expected outlay for going with the competition, will increase the firm’s ENV (expected net value). And by amplifying the risk of choosing the alternative, the increase in a buyer’s ENV for the firm could actually be even higher."
.
A minha conclusão é imediata, muitas empresas, em vez de investirem no aumento dos benefícios da sua oferta deviam apostar primeiro na redução dos riscos não-monetários da mesma oferta.
.
Actualmente ando à procura de um serviço para montar vidros duplos na minha casa, impressiona a quantidade de riscos não-monetários que temos pela frente: quem? garantias? opções? eficácia?
.
Por fim, o capítulo termina em beleza com uma das mensagens-chave deste blogue. Ganhem fôlego, e lembrem-se, não sou eu que o escrevo:
.
"price is over-rated as a reflection of the service’s value or benefit to the buyer. Marketers forget that the price – commonly seen as the ‘economic value’ of their products – is usually severely discounted because of outlays required to buy or consume a product, especially if it’s a service. The key strategic value for decision making is the ENV; how the ENV is affected by the expected benefits and outlays, and the construction of the pricing policy within the framework. The traditional understanding of willingness-to- pay is that price has to be lowered to increase surplus and improve the buyer’s inclination to buy, since the buyer’s willingness to pay cannot be changed for a given product."

Até teria vergonha desse feito

A propósito deste artigo "Panrico aposta nas marcas próprias da grande distribuição portuguesa" onde se pode ler:
.
"As duas fábricas que a Panrico tem em Portugal, no mercado de pão de forma e bolaria, exportam mais de 12% da produção para Espanha. A garantia é dada pelo director-geral da Panrico Portugal, Ramon Castellarnau, que adianta ainda que o fornecimento a marcas próprias da grande distribuição nacional no segmento de pão de forma e bolaria já representa 18% da facturação do grupo.
...
Além da vertente exportadora, outra aposta da empresa no em Portugal é o fornecimento de produtos para marca própria das cadeias da grande distribuição. Na categoria de pão de forma e bolaria de pão, o responsável revela que a empresa produz "marcas próprias para a grande maioria das cadeias de distribuição em Portugal, sendo que este segmento já representa 18% da nossa facturação".
.
O director-geral da Panrico explica que o desenvolvimento das marcas próprias tem sido importante nos últimos anos, chegando, em termos de volume, a liderar muitas das categorias."
.
Eu, se tivesse uma marca própria, nunca viria para a imprensa vangloriar-me do quanto conseguia ocupar a minha capacidade produtiva a trabalhar para marcas da distribuição... pelo contrário, até teria vergonha desse feito.
.
Com base nesta figura:
até posso imaginar este cenário: Marca da distribuição incubada em instalações da empresa com marca de fabricante, cresce, cresce até que fica rentável ter a sua própria fábrica, ou fábrica dedicada e, depois, transfere a sua produção do dia para a noite para essa unidade fabril, deixando as "Panricos" com um problema.
.
As marcas têm de perceber que o seu negócio não é a quantidade, é a rentabilidade, é a distinção.

(imagem retirada de "Private Label Strategy - How to Meet the Store Brand Challenge" de Nirmalya Kumar e Jan-Benedict Steenkamp)