sexta-feira, novembro 26, 2010

O macro-economista nu

"Só vejo uma saída. O FMI, que é muito nosso amigo, vai fazer-nos uma proposta que nós não podemos recusar: seremos nós a pedir a exclusão."
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Tenho deixar de ler Daniel Amaral... faz mal à saúde mental, incute em mim um desprezo generalizado por todos os macro-economistas, o que será injusto para a maioria deles.
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Então não há alternativa? O homem não tem nenhuma proposta?
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No semanário Vida Económica Diogo Vasconcelos, presidente da APDC, dá a RECEITA ""Só a inovação garante aumentos radicais de produtividade"" Só o trabalhar no numerador é que permite pensar em dar o salto:
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"A produtividade do trabalho em Portugal é igual a 56% da média da Zona euro e a 47% da dos Estados Unidos: as diferenças são abissais e sem indícios de melhoria."
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Mas Daniel Amaral continua algemado mentalmente ao denominador e ao corte de custos para aumentar a produtividade... como é que essas melhorias incrementais permitirão colmatar aquela lacuna de 56%? No way!!
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Ou, na linguagem de Larreché, Daniel Amaral está preso ao interior da empresa, à extracção de valor... certamente que se trata de resquícios de marxianismo entranhado, e esquece-se... aliás, foi educado, tirou o seu curso num tempo em que não se falava da originação e da captação de valor.

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E onde é que está a maior fatia de valor?
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Vou tentar deixar de ser masoquista e vou prometer-me a não mais ler e comentar Daniel Amaral.
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BTW, não há nenhum macro-economista capaz de desmontar esta abordagem sombria, obsoleta, que nos condena à pobreza, sem passar pelas alucinações bloquistas ou pelos sonhos cor-de-rosa superficial de Nicolau Santos?

4 comentários:

Jonh disse...

Bom dia Carlos,

A Irlanda, como sabe, vai fazer enormes sacrifícios nos próximos tempos, resultado da injecção de dinheiro na banca irlandesa.

No entanto, a competitividade que tanto deu que falar nos últimos anos teve uma causa: criação de condições para que as empresas (nomeadamente os investidores estrangeiros) se implantassem lá, nomeadamente através da baixa tributação das empresas. Mesmo nesta situação, a Irlanda não abdica de manter o seu "IRC" baixo. Na minha opinião, existe um planeneamento naquele país, ao contrário de Portugal. Por este motivo, daqui a três ou quatro ano, quando conseguirem equilibar as contas públicas, voltarão a ser um país competitivo.

Já agora, gostava de ver a sua opinião acerca disto!!!

Obrigado

Bom fim de semana

CCz disse...

Bom convite, espero amanhã escrever sobre isso.
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No entanto, não concordo com o remate do comentário:
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A Irlanda não voltará a ser um país competitivo. A Irlanda é um país competitivo!

lookingforjohn disse...

Mais um excelente ponto de vista do John (grande assertividade), com um remate CCziano que não poderia ser igualado em pertinência.

P.S.: John, pode ser uma precipitação minha, até porque não conheço nada a seu respeito, mas fique sabendo que já está na minha lista de pessoas decentes, inteligentes, que pensam, e, sendo assim, perante as quais me sinto ignorante e humilde.

Jonh disse...

Boa tarde mais uma vez,

Concordo com o Carlos: a Irlanda não voltará a ser um país competitivo; a Irlanda é um país competitivo. Talvez o Carlos se refira mais ou menos a isto quando fala do famigerado "choque fiscal", que tanto fala neste seu blog. Espero ansiosamente pelo seu post:).

Jonh (o outro, que não eu próprio); agradeço as suas palavras de apreço, mas a opinião é recíproca. Gosto de os ler (tanto ao Carlos como ao Jonh no seu blog, e, claro aos leitores dos respectivos blogs). Na maior parte das vezes concordo convosco.

Prometo, num dos próximos encontros, fazer todos os possíveis para participar e desta forma nos conhecermos melhor. O que gosto mesmo é de partilhar ideias....

Abraço,

João