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O autor chama a atenção para este gráfico:
O autor defende que quanto maiores as empresas mais eficientes e produtivas elas são. Assim, o modelo em vigor em Portugal é responsável pela falta de eficiência e baixa produtividade:
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"O facto é que, entre nós, o setor empresarial propriamente capitalista da economia jamais conseguiu criar postos de trabalho em quantidade (e, já agora, qualidade) capaz de dar ocupação a uma parte substancial da força de trabalho nacional.
Não é fácil perceber-se por que é assim, mas podemos estar certos que este modelo económico-social é uma receita segura para a improdutividade e a miséria."
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Primeiro, alguns estudos sobre o tema:
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"The more employees your company has, the less productive each of these employees are. It is a generalization, of course, but a useful one and one that is confirmed by most people who have worked for growing organizations. As the company grows, so does the internal processes and the layers of bureaucracy, and the time spent on communications grows rapidly" (Ver o gráfico)
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"We have a mild obsession with employee productivity and how that declines as companies get bigger. We have previously found that when you treble the number of workers, you halve their individual productivity which is mildly scary." (Ver os gráficos)
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Outro estudo:
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"We find the following:
- In about half of the sixty-four industries firm profitability increases at a decreasing rate and eventually declines as firms become larger.
- For the remaining half of our manufacturing industries, no relationship exists between size and profitability.
- For a given level of total assets, firms with fewer employees exhibit greater profitability.
- For a given level of sales, firms with fewer employees exhibit greater profitability."
A minha leitura da história assenta em 3 épocas:
Época 1 - Antes do 25 de Abril
- Pequenas empresas dedicadas a servir o raquítico mercado nacional
Época 2 - Adesão à CEE
- Entrada das multinacionais do calçado para aproveitar a mão-de-obra barata em que assenta um modelo de negócio em torno da eficiência e escala
- Debandada das multinacionais
- Derrocada das empresas portuguesas que trabalhavam sobretudo com base na proposta de valor do preço mais baixo
- Reconversão do sector para propostas de valor assentes na moda, na marca própria, na flexibilidade e rapidez
As empresas grandes deixaram o país, e os modelos que vingaram, assentes na ideia de Mongo, exigiram empresas mais pequenas que não competem pela escala mas pela diferenciação.
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Conclusão: A dimensão de uma empresa não é, só por si, determinante de eficiência ou da produtividade.
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A conclusão do autor:
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"A vontade entre nós de criar empresas assegurando aos próprios um posto de trabalho é indesmentível. Sucede que essa modalidade de empreendedorismo não é socialmente desejável nem economicamente recomendável: resulta de um mero expediente para evitar o desemprego e não gera nem economia inovadora nem atividades mais qualificadas."
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É que me parece estranha... por exemplo, estou actualmente a desenvolver um projecto com uma empresa com 11 trabalhadores, com mais de 20 anos e que tem produtos inovadores na área das tecnologias de informação.
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Por que é que o empreendedorismo que cria o seu próprio posto de trabalho não é socialmente desejável
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Por que é que o que eu faço, por que é que a minha vida profissional não é socialmente desejável? Por que é que o que eu faço profissionalmente não é economicamente recomendável?
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Não estaremos a falar de modelos mentais do século XX? Modelos associados a planeamento, a escala, a uniformidade, a média, a mercado de massas?
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Recorrendo ao primeiro gráfico deste artigo em que se compara a quantidade de empresas pela classe de dimensão arrisco concluir:
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A vontade de criar o seu próprio posto de trabalho não é assim tão diferente de país para país, o que difere é o número de empresas grandes e muito grandes.
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E as empresas grandes que se criaram em Portugal no pós-guerra foram destruídas após o 11 de Março de 1975 com as nacionalizações que se fizeram. Estavam à espera de quê?
10 comentários:
Muito boa análise Carlos,
A minha conclusão do gráfico está contida nas suas próprias palavras: "A vontade de criar o seu próprio posto de trabalho não é assim tão diferente de país para país, o que difere é o número de empresas grandes e muito grandes." Aliás, naquele grafíco apenas consigo verificar a percentagem de trabalhadores de micro empresas. Não consigo concluir nada sobres os méritos/deméritos do empreendedorismo ou da inciativa privada. O autor, se calhar, não consegue identificar uma empresa pública portuguesa que consiga concorrer e ser sucesso no mundo globalizado (não me refiro a empresas protegidas ou monopolistas).
Relativamente ao autor, pelo pouco que tenho lido dele, parece-me mais um que defende a intervenção máxima do Estado. O Estado é que devia tomar conta disto tudo, visto que a iniciativa privada não traz qualquer vantagem para a sociedade e para o desenvolvimento.
Posso estar enganado, mas a ser assim, até é estranho para um autor que tem livros escritos na área do marketing e da publicidade.
Já agora: aquele segundo gráfico que o Carlos utiliza (n.º trabalhadores/empresa) é baseado nos dados do calçado ou nos dados de todas as empresas portuguesas?
Bom dia John,
Dados do calçado retirados deta tabela http://balancedscorecard.blogspot.com/2011/09/o-erro-de-analise-dos-custos-unitarios.html
Só pra corroborar as (eventuais) impressões do jonh, não resisto a partilhar aqui uma breve troca de comentários entre mim e o dito marketeiro (jonh, isto é o mundinho virtual do marketeirismo português no seu melhor...).
http://goo.gl/trR8s
Entretanto ocorreu-me destacar, também, esta afirmação do dito, no post que linkei, que evidencia a sua concepção de sucesso: "A audiência da RTP2 não enche o estádio da Luz." - ou seja, o volume é que é.
Neste blog, as ideias subjacentes/inerentes entrariam direitinho para a lista negra das heresias... (volume vs profit...)
(certo, CCz?)
Aranha,
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O que esperar de alguém que se arroga o direito de julgar o trabalho independente dos outros?
http://www.jornaldenegocios.pt/home.php?template=SHOWNEWS_V2&id=504655
Fala-se muito de Portugal, mas as pessoas conhecem os números dos outros países?
"É necessário descer ao real e ao pormenor, aos indivíduos concretos, e quando o fazemos encontramos uma dificuldade de monta. O agente principal, o empregador que, em português vernáculo, dá pelo nome de patrão, entre os bem pensantes, não tem boa fama, sendo tido como uma figura menor e boçal, com um lugar inferior na escala social. Torna-se, assim, difícil atribuir-lhe na escala das prioridades a importância decisiva que verdadeiramente tem. Colocá-lo no centro das políticas públicas não é fácil. Porém, o essencial depende dele e da reacção que tomar face àquelas. "
"Um dos aspectos mais importantes da construção da percepção social do patrão e da sua e divulgação inclui o achincalhamento da sua educação. O patrão teria pouca instrução, ocupando ilegitimamente um papel que, verdadeiramente, deveria ser reservado aos mais letrados. Como é possível que tanta riqueza e tanto emprego sejam comandados por gente tão pouco letrada? Depois entra a suposta especificidade portuguesa: o patrão nacional seria particularmente mau.
O patrão não poderia ter entre nós o papel que, a custo, concedem noutras paragens, devido à sua deficiente formação."
"Por exemplo, ma Suécia, a proporção de licenciados entre os patrões é precisamente igual à nossa (19,7%), contra 41,1% de licenciados entre os empregados. As diferenças culturais, a importância atribuída aos títulos são factores decisivos.
A diferença de nível educativo entre patrões e empregados só por ignorância e provincianismo presunçoso pode ser usado para apoucar a classe patronal portuguesa. Só um certo atavismo, teimosamente persistente entre nós, permite que se dê relevância a este ponto. "
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