Mostrar mensagens com a etiqueta pr. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta pr. Mostrar todas as mensagens

segunda-feira, março 19, 2018

Acerca da produtividade

"O que se passa é que a produtividade em Portugal — produção por cada hora trabalhada — é 46% inferior à que se verifica na Alemanha. Ou seja, em média, se em cada hora um trabalhador produz 100 na Alemanha, em Portugal esse valor é de apenas 54.
...
Se duas pessoas, em circunstâncias iguais, fabricam umas calças idênticas, elas produziram a mesma coisa. Mas se uma dessas pessoas gastou apenas metade do tempo da outra a fazer essas calças, então ela tem uma produtividade que é o dobro da segunda.
.
Maior produtividade significa o uso de menos recursos — horas, trabalhadores, dinheiro — para produzir a mesma coisa. E é isso que nos distingue, nesta matéria, dos países mais avançados do mundo — e também é por isto que eles são mais avançados e podem praticam salários mais elevados."
O sublinhado identifica o tema em falta no artigo. É certo que a produtividade aumenta quando se usam menos recursos para fazer a mesma coisa. É o que chamo aqui há milénios de concentração no denominador:

O que o artigo não refere é que o truque é a concentração no numerador:
O que o artigo não refere é que a produtividade cresce muito mais quando se muda o que se faz, o problema é não perceber o pressuposto implícito que influencia tudo o resto, assumir que as saídas de diferentes países, com diferentes níveis de produtividade, são constantes.


Trechos retirados de "Demasiada transpiração, tão pouca organização"

segunda-feira, abril 25, 2016

E quando um decisor descobre o numerador...

"To be clear, individual productivity is often a worthy goal. But leaders also need to stop thinking about productivity at an individual — or even team — level. It’s time to start shifting to an organizational mindset and set of tools that can provide full visibility into what work is actually getting done in aggregate, and where it does (or doesn’t) create value, however you define it. Approaching management in this way will require new approaches and won’t always be easy, but the technology firm example indicates that deep understanding of what’s really happening from day-to-day will likely have broad impacts on corporate structures, processes, and teams (indeed, the company in question is rethinking all of this)."
Passar do nível individual (pessoa ou tarefa) para o nível da organização, normalmente leva os dirigentes a descobrirem o seu papel e responsabilidade de actuar sobre o numerador:
E quando um decisor descobre o numerador... é como no final de "Wonderful Life", um anjo ganha asas, ou mais um lamed waf aparece para ajudar a suportar o mundo.

Trecho retirado de "The Paradox of Workplace Productivity"

terça-feira, fevereiro 09, 2016

Produtividade? Há muitas! (parte II)

Parte I.
.
O @miguelppires ontem chamou-me a atenção para "The secular slowdown in European productivity" onde se pode encontrar uns trechos a suportar o que aqui se escreve no blogue há muitos e muitos anos, sempre à revelia do mainstream da tríade, e dos governos (recordar o marcador do gato e do rato):
"Narrow focus on cost competitiveness can impede productivity growth
.
Much of the policy focus since the crisis has been on increasing the cost competitiveness of exports. However, lower labour costs do not necessarily lead to better productivity, and too narrow a focus on cost competitiveness carries risks: firstly, as it may neglect the supply-side measures necessary to boost productivity; and secondly, because keeping wages low risks depressing domestic demand, with a knock-on effect on GDP."

Recuar a 2006 e recordar a diferença entre o numerador e o denominador nesta narrativa da produtividade em "Ainda a produtividade". Recuar a Novembro de 2012 a "Sobre a paranóia da eficiência e do eficientismo". E recuar a ontem e a uma lição do calçado português: se não se consegue vender a 20€, vende-se a 200€". Parem aqui!!!
.
Perceberam bem o que acabaram de ler? Leiam devagar, por favor:
"se não se consegue vender um tipo de sapatos a 20€, arranja-se maneira de vender outro tipo de sapatos a 200€"
Pensem na galeria de membros da tríade que ao longo dos anos tenho aqui mencionado: João Ferreira do Amaral, Daniel Amaral, Daniel Bessa, João Duque, Vítor Bento, Manuela Ferreira Leite, Bagão Felix, Augusto Mateus e mais dois ou três que me estou a esquecer. Todos eles só conhecem uma forma de competir, a do bicicletas: baixar o preço. Seja reduzindo custos nominais, seja através da desvalorização cambial. Ainda estão no registo que funcionou aquando da entrada na CEE que decapitou a nata das empresas portuguesas que competiam internamente pelo mercado mais caro. O que aconteceu esta década foi uma competição com a China, pela fatia mais barata, logo, a resposta teria de ser outra.
.
Já num outro registo:
"The outlook suggested by the data analysed here—of mild but sustained productivity growth in Belgium, France, Germany and the Netherlands; a slowly strengthening recovery in the UK; and a much weaker pick-up in Austria—is in this context far from a failure.
...
Downside risks stem from slower progress than we currently expect in any of these areas, and also from the structural shift under way in China away from industry and towards consumption, given the possible fall in demand for European industrial goods that this may cause."[Moi ici: É impressão minha ou alguém está a esquecer-se do potencial de consumo da China e do poder do glamour das marcas europeias]

quarta-feira, novembro 19, 2014

Acerca da produtividade

"Our research further indicates that more than 80 percent of all productivity variation occurs within a given sector for a given country and that there’s a “long tail” of persistently badly managed firms in all countries and across all sectors. [Moi ici: Por que não as deixam morrer de morte natural?] These findings suggest a significant potential for management-led productivity improvements in every country on Earth.
...
Interestingly, there’s an almost complete lack of self-awareness among managers about the productivity or management effectiveness of their own companies: we found virtually no correlation between their independent rankings of the management practices of their companies and our own assessment, conducted as a double-blind study."

Trechos retirados de "Why management matters for productivity"

quinta-feira, outubro 02, 2014

Querem envergonhar um ...?

Querem envergonhar um ministro?
.
Querem envergonhar um dirigente sindical?
.
Querem envergonhar um dirigente patronal?
""O compromisso foi muito importante, não só porque se conseguiu fazer um aumento do salário mínimo, até acima daquela que era a expectativa de muitas pessoas, mas também porque se conseguiu ligar atualizações futuras do salário mínimo à produtividade do país", congratulou-se."
Perguntem-lhes, com bons modos, como se vocês fossem muito burros, com genuína ingenuidade, como é que decidiram medir a produtividade do país.
.
Trecho retirado de "Salário mínimo ligado à produtividade é "fundamental""

quarta-feira, setembro 17, 2014

A habitual conversa da treta

Ainda não li o artigo mas o título é tão verdadeiro "Produtividade: todos falam mas ninguém sabe o que é":
"A produtividade tem sido apresentada como a chave para o aumento de salários em Portugal. Mas de que estamos a falar? Governo não responde e parceiros dizem que a discussão em concertação social tem sido "abstracta"."
Aquele "a discussão em concertação social tem sido "abstracta" é tão típico!!!
.
Conversa de café, cheia de generalidades, palco de oratória e retórica... a conversa da treta, capaz de provar por a+b que a água do mar é doce e que é inconstitucional não o ser.
.
Aqui no blogue, o marcador produtividade tem sido muito utilizado ao longo dos anos. Já sabem o que penso sobre trabalhar o numerador versus trabalhar o denominador.

quarta-feira, maio 21, 2014

Este é o erro principal de quem quer aumentar a produtividade

Neste postal "Confusões acerca da eficiência e da produtividade" comentei o artigo "Should Your Business Be Less Productive?".
.
Agora, ao relê-lo, percebi que esqueci-me de comentar o lead:
"Many contemporary businesses are on a quest for productivity gains. They seek to maintain quality and quantity of output at ever-decreasing cost, yielding higher profitability. As advanced economies move more into the service sector, that means many managers devote a lot of attention to designing automated processes that reduce the need for people — typically their most expensive resource."
Este é o erro principal de quem quer aumentar a produtividade.
"They seek to maintain quality and quantity of output at ever-decreasing cost"
Aquele "mantendo a qualidade" afunila o campo de possibilidades
Rápido, o que é que é preciso para aumentar a produtividade, mantendo a qualidade e quantidade do que se produz?
.
É preciso cortar!
.
Sabem qual é o impacte dos cortes nas margens? Claro que sabem, Marn e Rosiello e muitos outros mostraram-nos este gráfico:

Voltemos ao texto acima:
"that means many managers devote a lot of attention to designing automated processes that reduce the need for people — typically their most expensive resource"
Pessoas são um custo fixo... qual o efeito do corte de 1% nos custos fixos?
.
É só olhar para o gráfico.
.
Qual o problema daquela frase inicial?
.
É só olhar para o gráfico.
.
Gilmore e Pine criaram esta figura para ilustrar a evolução económica:
Aquela frase inicial foi esculpida na pedra no tempo em que só se transaccionavam commodities. Hoje, num tempo em que as experiências se impõem, a melhor forma de aumentar a produtividade passa por melhorar, por aperfeiçoar a experiência. Se falarmos numa lógica de produto, podemos dizer que o truque é alterar, melhorar, aperfeiçoar a qualidade.
.
Se o que oferecemos é diferente e melhor... pode ser vendido por um preço superior... qual o impacte desse aumento?
.
É só ver o gráfico acima.
.
Qual é o factor com maior efeito de alavanca?

domingo, setembro 22, 2013

A alternativa (parte II)

Primeiro, qual a particularidade dos períodos recessivos?
"Many of today’s most successful companies were launched by entrepreneurs during particularly inauspicious economies
...
one of the most important skills we want entrepreneurs to have is the ability to assess markets for their attractiveness prior to entering into new business lines or ventures: the more attractive, the better. Obvious, right? Evidently, this lesson does not hold for entrepreneurs, who, failing to listen to the “experts,” time and again transform unattractive industries in unattractive times into attractive opportunities. Entrepreneurs thrive in adversity; I guess they didn’t get the memo! (Moi ici: Como isto é surpreendentemente parecido com o que costumo escrever sobre os empresários que, porque não ouvem os avisos da tríade... tentam e triunfam) There are several possible explanations for the relationship between entrepreneurship and bad times:
...
there is a surprisingly ubiquitous relationship between adversity and entrepreneurship. The overarching reason is that the process of entrepreneurship is seeing value where no one else does, and persistently refusing to cave to the naysayers. That means that entrepreneurs are always bucking the current, going against fashion, doing what the rest of us think is not worth doing.
...
Opportunities are not fruit on trees waiting to be picked. Smart people don’t start car companies when the automotive industry is collapsing. At the heart of the perception of extraordinary value is the entrepreneur’s contrarian belief that what other people view as worthless, impossible (or unimaginable), or stupid is potentially valuable, possible, or smart."
Os períodos recessivos geram um nível superior de inovação e empreendedorismo... (eheheh o título português do primeiro livro que li de Peter Drucker)
.
Trechos retirados de “Worthless, Impossible, and Stupid" de David Isenberg

BTW,

Uma recessão não é um período em que se aguenta, com o nariz tapado debaixo de água, que a retoma venha.
.
Durante uma recessão há uma forte dose de inovação que altera a paisagem. Agora, voltando à parte I desta série, até parece que a massa crítica das empresas durante uma recessão ficam sentadas à espera que a tormenta passe e concentram-se em pressionar os trabalhadores a correr mais depressa como solução.
.
Gosto muito desta reflexão de Clayton Christensen sobre os vários tipos de inovação que registei em "Sobre a paranóia da eficiência e do eficientismo", relativamente ao tema aqui tratado, atenção ao último tipo de inovação.
.
O artigo que está na base da parte I, "Making Do With Less: Why Productivity Rises During Recessions" concentra-se no aumento da eficiência gerado por trabalhadores receosos de perderem o seu posto de trabalho terem tendência a trabalhar mais depressa.
"During recent recessions, productivity has risen. In the recession of 2007 to 2009, aggregate output fell by 4.35 percent, (Moi ici: Como se mede o "aggregate output"? Com uma unidade que permita misturar o contributo das maçãs e das laranjas, ou seja dinheiro) but the aggregate number of hours worked decreased by 10.54 percent in nonfarm business.1 Over the recession, labor productivity rose. From 2007 quarter 4, the start of the recession, to 2009 quarter 3, the quarter following the recession, labor productivity rose by 3.16% in nonfarm businesses. There are two obvious possibilities that can account for the rise in productivity. (Moi ici: Prepare to be dazzled) The first is that the decline in the workforce was not random, and that the average worker was of higher quality during the recession than in the preceding period. The second is that each worker produced more while holding worker quality constant. We call the second effect, “making do with less,” that is, getting the same output from fewer workers."
Estão a ver o erro?
Olhem para o exemplo do calçado:
"Em 2004, 1432 empresas com 40 255 empregos produziam 75,1 milhões de pares que valiam 1273,2 milhões de euros.
.
Em 2009, 1399 empresas com 35 515 empregos produziam 59,2 milhões de pares que valiam 1207,6 milhões de euros.
.
Em 2004, um posto de trabalho produzia em média 31,6 mil euros por ano.
.
Em 2009, um posto de trabalho produzia em média 34 mil euros por ano."
Menos trabalhadores, a produzir menos... a produtividade baixou...
"Já não se fabricam mil pares de sapatos por dia, fabricam-se 300 ou 400 e de 20 ou 30 modelos diferentes" 
O que os autores do artigo não percebem é que o perfil do que se produz antes e depois de uma recessão pode mudar. O valor unitário do que se produz pode subir.
.
Os autores do artigo cometem o mesmo erro que identificámos nestes postais "Isto é tão datado..." e "O erro de análise dos custos unitários do trabalho" e a sua parte IV.
"In summary, productivity rises when and where unemployment rates are high. The likely explanation for this rise in productivity with unemployment rates is that worker effort is rising when unemployment rates rise. Because the value of the workers’ alternatives decline with the unemployment rate, the theory predicts and results confirm that effort should increase as unemployment rises."
Os aumentos da produtividade devem-se ao maior esforço dos trabalhadores?
Acham que isso chega para justificar o aumento da produtividade durante as recessões?
A inovação não tem nenhuma contribuição?
A melhoria dos processos e a alteração da composição do que se produz não é relevante?
A aposta no marketing para subir na escala de valor não é relevante?


sábado, setembro 21, 2013

A alternativa (parte I)

Há anos que escrevo e falo sobre o jogo do "gato e do rato" (ver marcador), um é o salário e o outro é a produtividade.
.
A tríade proclama sem pestanejar, sem hesitar:
"Só uma produtividade elevada permite salários mais elevados"
Só que neste mundo em que vivemos, em que a oferta é superior à procura, subir salários, diz a tríade:
"Salários mais elevados reduzem a competitividade"
Assim, o valor gerado pelo aumento da produtividade é quase todo capturado pelo cliente, depois pelo capital e, por fim, pelo trabalho.
.
Claro que os salários podem aumentar, com o aumento da produtividade, basta reduzir o emprego! E é precisamente sobre isso que se escreve aqui "High Unemployment Makes Productivity A Job Destroyer":
"Productivity growth is essential to the well-being of workers. Sustained improvement in productivity is a necessary condition for growing wages and raising the standard of living. But high unemployment during the recession and weak recovery has turned productivity growth into a job-destroyer."
Como é que a tríade, o mainstream, explica a relação entre aumento de produtividade e aumento de desemprego?
.
.
.
.
Estão a ver o filme? O que significa aumentar a produtividade para uma mente da tríade?
.
Significa reduzir desperdício!
Significa reduzir tempo de ciclo!
Significa ser mais eficiente!
Significa que um trabalhador consegue produzir mais frigoríficos por unidade de tempo!!!
.
Se um trabalhador consegue produzir mais frigoríficos por unidade de tempo, então, para a procura que tenho, já não preciso de ter 100 trabalhadores, basta-me ter 98, primeiro. Depois, 96. Depois, 95. Depois, ...
"Productivity growth is not the problem. As new research shows, workers have suffered because high unemployment has turned productivity increases into a substitute for job growth rather than a complement to it. The weak job market induces those who have jobs to live in fear, and their efforts to keep their jobs displace others."
Típico raciocínio da tríade... a produtividade aumenta porque os trabalhadores correm mais depressa, ou porque estão motivados pelo prazer ou pela dor.
"There is a logic that links productivity to job creation. If workers increase their individual output when demand for output is not growing, then fewer workers are needed. The reduced demand for labor puts pressure on workers and reinforces their willingness to do the work of those who have been laid off.
During periods and in places when the unemployment rate is high, workers are naturally more concerned that losing their jobs might result in long periods of unemployment. That is especially true in the current economic environment that can barely be labeled a recovery."
Este último sublinhado, em minha opinião, explica tudo isto:
"Nº trabalhadores" x "Output individual" = "Produção"
If "Procura" não sobe THEN "Produção" tem de se manter
If "Produção" tem de se manter AND "Output individual" aumenta THEN "Nº trabalhadores" desce 
Há ainda os que pensam que podem aumentar quota de mercado, reduzindo preços, os que não conhecem o Evangelho do Valor e julgam que a quota de mercado é mais importante que o lucro... esses, apesar do aumento do "Output individual" propõe que se reduzam salários ...
.
Qual é a falha em todo este racional?
Há alternativa? Qual?

sexta-feira, outubro 19, 2012

Por que é que?

A propósito de "Produtividade ainda é o maior problema em Portugal":
""A produtividade é o problema base" do País, garante José Gonzaga Rosa, na Conferência Portugal - Desafios para 2013 que ontem se realizou em Lisboa. "Produzimos a um custo de 19 euros por hora, o que equivale a 57% da média europeia", acrescenta."
É sempre a mesma coisa... outro exemplo:
"o aumento deve-se ao facto de o ritmo de aumento do desemprego estar a ser superior ao ritmo de quebra no PIB. "Ou seja, estamos a fazer um bocado menos, mas ainda com menos pessoas""
Olhem para a fórmula da produtividade:

A primeira citação preocupa-se com o denominador, com os custos.
.
A segunda citação justifica o aumento da produtividade da seguinte forma: o valor gerado baixou, mas os custos baixaram ainda mais.
.
Por que é que num mundo em mudança acelerada as conferências económicas continuam a pensar à moda antiga? Por que é que só pensam no denominador? Por que é que partem do princípio que se mantém a "qualidade" do que se produz? Essa é a via, a médio prazo, da redução dos salários e do emprego.
.
Por que é que nunca abordam a perspectiva do aumento da produtividade via aumento do valor? Não necessariamente por causa de um aumento da frequência de produção, mas por causa da subida na escala do valor.


quinta-feira, agosto 23, 2012

A redução dos CUT

A propósito deste tema:

  1. "Custos unitários do trabalho baixam mas estão 10% acima da média da zona euro"
  2. "Banco de Portugal diz que salários reais terão de cair mais 10%"
Em ambos os textos a mesma abordagem. O Banco de Portugal escreve sobre os custos unitários do trabalho (CUT), os jornalistas acabam a falar em reduzir salários reais. Por exemplo da fonte 1:
"Os custos unitários de trabalho representam aquilo que cada empresa gasta por cada funcionário, (Moi ici: É este tipo de definições que induz em erro de interpretação. Os CUT são um rácio entre os custos do trabalho e a produtividade desse mesmo trabalho) tendo como componente principal o salário do trabalhador. O índice corresponde a um custo de produção relativo dos produtores nacionais por comparação aos produtores dos principais países parceiros nas trocas internacionais.
...
O Governo já abordou a questão da redução dos custos do trabalho e de baixa salarial a duas vozes, com o primeiro-ministro a garantir que não está a preparar qualquer diminuição de salários e o ministro das Finanças a falar numa inevitabilidade de corte dos custos unitários do trabalho."(Moi ici: Particularmente interessante este último parágrafo: o jornalista conclui que o primeiro-ministro e o ministro das Finanças estão em desacordo. Logo, concluo eu, o jornalista, como quase todos os portugueses, acha que os CUT só baixam se os salários reais baixarem... não podia estar mais errado)
Por exemplo, na fonte 2 a confusão começa logo no título. O Banco de Portugal escreveu sobre CUT ou sobre salários reais?
"Ou seja: neste momento, Portugal precisa de ter salários reais 10% abaixo do nível atual (pelo menos) para conseguir competir taco a taco com os parâmetros dos parceiros da zona euro. (Moi ici: Será que o jornalista faz ideia do que está a escrever? Agora até mete aqui ao barulho a zona euro... Contra tudo o que se escreve neste blogue, querem pôr-nos a competir de igual para igual com os parceiros da zona euro? Se formos competir de igual para igual perdemos. Só conseguem visualizar a concorrência perfeita. Quando o que propomos é a batota da concorrência imperfeita, diferenciação para competir com as nossas vantagens competitivas) Os 10 pontos percentuais em causa resultam da diferença entre o índice de 101,8 pontos de Portugal e os 91,6 pontos da zona euro no primeiro trimestre."
Então, talvez faça sentido olhar para os números dos salários reais:
Dados do Eurostat para "Labour cost per hour in euros (for enterprises with 10 or more employees)"
.
.
.
Faz algum sentido a interpretação dos jornais? Claro que não!
.
Comparemos agora a evolução dos CUT entre alguns países da zona euro e a Alemanha:

.
Se os CUT são um rácio entre os custos do trabalho e a produtividade desse trabalho, então, a redução dos CUT pode ser obtida através de 3 vias:

  • reduzindo os custos do trabalho
  • aumentando a produtividade do trabalho; ou
  • uma conjugação das duas.
Sistematicamente, quem fala da necessidade de reduzir os CUT fala em reduzir salários. 
.
Quando contraponho que se deveria apostar no aumento da produtividade (chamo a atenção para os gráficos de Marn, Rosieelo, Dolan, Simon, Baker, Hinterhuber e tantos outros...), dizem-me logo que há urgência, que os ganhos de produtividade demoram muito tempo. Que sim, que idealmente se deveria aumentar a produtividade mas como isso leva muito tempo têm de se reduzir os salários já, para dar folga às empresas, depois, elas terão tempo para aumentar a produtividade. 
.
Já se usou essa argumentação no tempo do escudo para defender a desvalorização da moeda para aumentar a competitividade das empresas portuguesas e viu-se no que é que isso deu.
.
O tipo de competição, cultura empresarial, segmentos de mercado que se ganham à custa da redução CUT por redução de custos é incompatível com a competição, cultura empresarial, segmentos de mercado, argumentos de venda, imagem de marca, tradição necessária, para reduzir CUT à custa do aumento da produtividade do trabalho. É a velha história do espaço de Minkowski, o passado cobra uma taxa, limita as hipóteses do futuro. Por isso é que tenho aquela frase no início da coluna das citações aqui no blogue:
"It is widely believed that restructuring has boosted productivity by displacing low-skilled workers and creating jobs for the high skilled."Mas, e como isto é profundo:"In essence, creative destruction means that low productivity plants are displaced by high productivity plants."
Maliranta e o exemplo finlandês, após a quebra brusca do mercado soviético, são uma grande lição sobre o aumento da produtividade.
.
As empresas que competem no mercado interno, sujeitas a uma forte quebra na procura e sem acesso a capital e outros recursos, estão em modo de sobrevivência, têm de reduzir custos, preservar capital e encolher o portfolio da oferta e de negócios concentrando-se no que traz mais capital, para muitas delas faz sentido pensar em reduzir salários, a alternativa é o desemprego. Mas esta conversa sobre os CUT é sempre aplicada para falar sobre a competitividade das empresas portuguesas nos mercados internacionais... onde existe oferta oriunda de países com salários muito mais baixos do que em Portugal.
.
Por que será que as empresas portuguesas estão a ganhar quota de mercado e a vender cada vez mais caro os seus produtos em sectores como o calçado, ITV, mobiliário, maquinaria, ...?
.
Não foi porque reduziram salários, foi porque aprenderam a ser diferentes e a vender o que os outros não conseguem oferecer, por exemplo: rapidez de entrega.
.
A tese que defendo neste blogue é que o grande problema não foi a adesão de Portugal ao euro, foi a entrada da China no mercado internacional. As empresas portuguesas não conseguem competir de igual para igual com o modelo de negócio de baixo preço e grandes volumes que favorece as empresas chinesas. As empresas portuguesas não competem de igual para igual com as empresas da zona euro, cada uma escolhe nichos onde pode ter vantagens e é aí que actua, "É muito mais do que um jogo de soma nula"
.
BTW, basta pensar nas taxas de crescimento das economias europeias nos últimos 12 meses e comparar esses números com isto:
Claro que jornalistas que escrevem coisas destas até mereciam ver o seu salário reduzido...
.
O que estes estudos sobre agregados de agregados de agregados consideram é que a oferta das empresas portuguesas é igual à oferta das empresas da zona euro e, por isso, é tudo uma questão de preço. E isso é uma grande mentira, sem qualquer adesão à realidade



domingo, agosto 07, 2011

Acerca da produtividade, mais uma vez (parte I)

Sem contar com este postal, neste blogue o marcador "produtividade" já foi usado 248 vezes.
.
.
A produtividade é, para mim, uma medida crucial para avaliar o desempenho de uma qualquer organização.
.
Só o aumento da produtividade assegura a possibilidade dos trabalhadores poderem melhorar o seu nível de vida...
.
.
Estão de acordo com esta última frase? Vou repetir:
.
Só o aumento da produtividade assegura a possibilidade dos trabalhadores poderem melhorar o seu nível de vida!
.
.
Então, estão de acordo?
.
.
.
Com a introdução das caixas multibanco, a eficiência dos bancos aumentou?
.
Quantos trabalhadores perderam o seu emprego?
.
Com a introdução da Via Verde, a eficiência da Brisa aumentou?
.
Quantos trabalhadores perderam o seu emprego?
.
.
Podemos arranjar inúmeros exemplos em que o aumento da produtividade gera desemprego.
.
Outra afirmação: o aumento da produtividade está associado a aumento do nível de vida dos trabalhadores que continuam na empresa?
.
.
.
Conheço n casos em que tal não se verifica, encaixam-se naquilo a que chamo a "guerra do gato e do rato": as empresas querem aumentar a sua produtividade, para isso aumentam a sua eficiência. Por exemplo, reduzem custos, depois, ao aumentar os salários vêem parte desse ganho comido em custos laborais (basta pesquisar o marcador "gato vs rato", basta recordar as palavras dos ministros quando visitam empresas como  a Autoeuropa - Teixeira dos Santos e Vieira da Silva eram useiros e vezeiros nessas conversas).
.
Como é que se mede a produtividade?
.
Há muitas maneiras de medir a produtividade. As mais usadas são qualquer coisa como:
Ou combinações como, Vendas / Nº de trabalhadores, ou Nº de unidades produzidas / Custos laborais.
.
Quando escrevo neste blogue sobre eficiência e eficientismo é, muitas vezes, sobre esta visão da produtividade como uma medida da eficiência.
.
Nos tempos que correm, esta visão da produtividade leva facilmente ao famoso "Red Queen Effect", ao corte, corte, corte porque é preciso aumentar a eficiência.
.
Neste blogue gosto de dizer e defender que a eficácia é mais importante que a eficiência!
.
Neste blogue gosto de dizer e defender que o numerador é mais importante que o denominador!
.
Neste blogue gosto de dizer e defender que o valor é mais importante que os custos!
.
Neste blogue gosto de dizer e defender que aumentar o preço é mais importante que reduzir os custos!
.
A equação da produtividade que uso há muito tempo é esta:
Houve um tempo em que o produtor fabricava um produto e trocava-o no mercado por dinheiro com um cliente. Se o preço de venda for constante, quanto mais barato produzir, quanto mais eficiente for, mais o produtor ganha.
.
Só que hoje vivemos um tempo em que não basta produzir! A oferta é muito superior à procura, logo, mais importante do que produzir é cativar e seduzir o cliente para a compra.
.
Como é que se consegue que o cliente compre? Ou oferecendo-lhe um produto básico super-barato, ou oferecendo-lhe um produto diferente, um produto adequado às suas necessidades. Recordo sempre este postal com os números de Marn e Rosiello que demonstram o quão assimétrica é a relação entre custos, preço e lucro. Marn e Dolan também fazem um bom serviço a tentar fazer essa demonstração.
.
Gilmore e Pine no seu fabuloso livro (quanto mais anos passam sobre a sua leitura mais o livro é actual) "The Experience Economy: Work Is Theater & Every Business a Stage" dão o mote para fugir ao produto básico:
.
"To turn a service into an experience, provide poor service.
...
Customizing a service can be a sure route to staging a positive experience.
...
Customizing a good automatically turns it into a service.
...
To enter the Experience Economy, first customize your goods and services."
.
Christian Gronroos escreveu "Goods and services merge - but on the conditions of services"
.
Ou seja, uma coisa é o fabrico de um produto, outra é a prestação de um serviço. Um produto, hoje em dia, é cada vez mais o pretexto, a desculpa para o mais importante, o estabelecimento e o desenvolvimento de uma relação.
.
Quando as pessoas falam da produtividade partem sempre do princípio que o que se produz se mantém constante ao longo do tempo... a produtividade é vista como uma medida de eficiência porque:
Porque se assume que a qualidade das saídas se mantém constante ao longo do tempo... mas o que é que acontece, num mundo em que a oferta é maior do que a procura, se a qualidade (qualidade aqui não é ausência de defeitos, é muito mais do que isso) se mantém constante? O preço baixa por causa da concorrência. Os clientes migram para concorrentes mais baratos ou para concorrentes com uma oferta superior em qualidade.
.
Por isso escrevo e defendo há anos neste blogue que a eficácia, a capacidade de levar o cliente a comprar, é mais importante que a eficiência.
.
Políticos e académicos vendem-nos a ideia de que a competitividade, que a produtividade só aumenta com a redução dos salários, e eu defendo que eles ainda não viram a luz, precisam de um Ananias que lhes faça ver a luz.
.
A minha posição é tão minoritária que muitas vezes me interrogo onde é que eu estou errado. Por que é que eu vejo isto e outros não?
.
Esta semana tive uma agradável surpresa... descobri um artigo de 2004, escrito por Christian Gronroos e Katri Ojasalo que aconselho a ler "Service productivity Towards a conceptualization of the transformation of inputs into economic results in services", publicado por Journal of Business Research 57 (2004) 414 – 423.
.
O artigo complementado com a leitura do capítulo 9, "Managing Productivity in Service Organizatons", do livro "Service Management and Marketing" de Christian Gronroos é fundamental para perceber as bobagens que se escrevem sobre produtividade nos dias que correm, dias em que já não há produtores de produtos e ponto, todos são prestadores de serviços.
.
Continua.

terça-feira, maio 17, 2011

Esta doeu!!!

Ainda esta manhã escrevi "O que falta no relatório".
.
E o que escrevi está em linha com o meu esforço missionário neste blogue:

É um esforço titânico contra as forças do status-quo!!!
.
Vejam lá se não tenho razão... com os salários chineses a crescerem ao ano a uma taxa com 2 dígitos a solução é... não, não é cortar os salários!!!
.
A solução é... subir na escala de valor!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
.
.
.
Sim, a tal que é só a longo prazo... pois...
.
"China: the end of cheap? Not so fast…"
.
"China’s export makeup is changing (and has already changed significantly). Shoes, textiles and garments that once made around half of Chinese exports a decade ago, now only account for just over 20 per cent. Instead, electronics, machinery, cars and car parts are taking over"
.
O tempo que se perde com discursos e masturbações de gente que não sai de gabinetes nem da academia e não percebe como Mongo pode ser fantástico para todos!!!

O que falta no relatório

O INE publicou ontem um relatório com informação sobre a evolução do Índice de Custo do Trabalho.
.
O índice de custo do trabalho é um indicador que mede a evolução do custo médio do trabalho por hora efectivamente trabalhada (custo médio horário).
.
Dois gráficos chamam-me a atenção.
.
1º Como se comparam as evoluções dos custos de trabalho na UE no quarto trimestre de 2010
2º Como se comparam as evoluções dos custos de trabalho sectorialmente em Portugal  no primeiro trimestre de 2011
Olhando para o pormenor do quadro que se segue:
Gostaria de chamar a atenção para um parâmetro que não se encontra neste relatório.
.
Um parâmetro que escapa à maioria dos economistas... por isso, este relatório é bom para demonstrar como esta mentalidade está ultrapassada.
.
.
Já imaginam qual é?
.
.
.
.
O custo do trabalho e a quantidade de trabalho não têm nada a ver com o valor gerado!!!
.
Por isso, é muito mais útil usar os Custos Unitários do Trabalho.
.
Álvaro Santos Pereira escreveu recentemente no seu blogue:
.
"A lógica da desvalorização fiscal é simples: nos últimos anos, um dos factores que mais afectou a competitividade das exportações portuguesas foi o agravamento dos custos unitários do trabalho, que subiram bem mais do que na Zona Euro. Por isso, se quisermos que as nossas exportações fiquem mais competitivas, não temos outro remédio que não seja diminuir estes custos. (Moi ici: Qual a formula de cálculo dos Custos Unitários do Trabalho? Custos Totais do Trabalho sobre o Produto Real Produzido) Ora, como os custos unitários do trabalho dependem da evolução da produtividade e dos custos laborais, uma melhoria da competitividade necessita não só que nos tornemos mais produtivos, mas também que efectuemos uma redução dos nossos custos do trabalho. Como ganhos significativos de produtividade só são possíveis a médio e longo prazo (pois dependem, entre outras coisas, da melhoria do capital humano), (Moi ici: Por que se argumenta que "só são possíveis a médio e longo prazo"? Por que se argumenta tão rapidamente que dependem "do capital humano?" Há uma forma rápida de aumentar a produtividade de uma costureira! Basta despedi-la de uma fábrica subcontratada por uma marca para costurar T-shirts e, adimiti-la numa outra fábrica, na mesma rua, que tem marca própria e fabrica T-shirts para vender com essa marca) resta-nos diminuir os custos laborais."
.
Ás vezes penso que os economistas têm medo de falar sobre a criação de valor... como não a entendem, porque ela está na cabeça de quem compra e na mente de quem cria em sintonia com os clientes, como o valor está cada vez mais associado à diferenciação, à arte, os economistas não o conseguem meter nos seus modelos. Por isso, despacham-na para um futuro a médio longo prazo e, assim, retiram-na do problema em mãos.
.
Volto sempre ao sector que devia servir de benchmarking para todos os outros, quantos anos demorou o calçado a fazer a revolução? Volto ao têxtil, como é que o sector está a exportar para a China? Volto ao mobiliário, por que é que o sector exporta mais de 60% do que produz e, no entanto, o país importa mobiliário da Malásia, da Tailândia e ...?
.
Hoje, devia ser muito claro para muita mais gente a máxima:
.
"Don't try to compete on costs with China, and with Wal-Mart on price"
.
Era muito interessante que o INE disponibilizasse a distribuição dos CUT para um mesmo sector de actividade. Talvez dessa forma as explicações simplistas demais não fossem suficientes para descrever a figura que se iria ver... basta recordar a diferença entre a  realidade e a teoria.
.
NOTA: Há dias, em resposta a um comentário do JMG, entretanto cortado pelos problemas que o Blogger teve na passada quinta e sexta-feira, escrevi:
.

  • Se me vendem a redução da TSU para tornar as empresas que exportam mais competitivas não engulo.
  • Se me venderem a redução da TSU para facilitar a vida às empresas que vivem do mercado interno concordo.
  • Se me venderem a redução da TSU para capitalizar as empresas concordo.

O velho desafio do gato e do rato e da pregação do Evangelho do Valor.
.
Ontem à noite, enquanto lia o sexto capítulo do livro de Hilary Austen, "Artistry Unleashed", não pude deixar de pensar em como a autora toca numa série de pontos-chave para o desafio da originação de valor!!!

segunda-feira, março 14, 2011

Para estilhaçar alguns paradigmas obsoletos sobre a produtividade

Hoje em dia, todo o bicho careta fala sobre produtividade.
.
Como é que Mourinho disse?
.
"Antes de escrever, investigas, estudas, dp ja podes opinar"
.
Encontrei um interessante artigo sobre a produtividade "Labor Market Models of Worker and Firm Heterogeneity" de Rasmus Lentz e Dale T. Mortensen.
.
Primeiro, como é que os políticos e as associações empresariais lidam com a produtividade e com os salários? Jogam o jogo do rato! Os salários comem o aumento da produtividade!!!
.
Quanto mais estudo sobre a produtividade, quanto mais percebo o truque alemão, quanto mais entro no modelo de Marn e Rosiello e no de Dolan e Simon, mais me convenço que quem fala sobre de  produtividade não faz a mínima ideia das conclusões que se tiram da investigação científica e, por isso, continuam na fase dos mitos.
.
Alguns trechos para reflectir muito a sério:
.
"Firms come in all shapes and sizes. Some are huge but all but a few are tiny. Cross firm dispersion in size, labor productivity and average wages paid are large and the all three are positively correlated.
...
A majority of the most productive firms at any point in time will still be among the best performers five years later. Within industry differences in productivity swamp cross industry differentials. (Moi ici: Nunca esquecer este ponto, sobretudo quando alguém pensar em medidas homogéneas top-down)
...

Perhaps the most important fact for a labor economist observed in these data is the extent of the dispersion of productivity measures, a similar dispersion in the average wage bill per employee, and the positive correlation between the two. (Moi ici: É possível fugir ao jogo do gato e do rato)
...
Why do firms differ with respect to productivity? Obviously, at the core of this question is whether productivity differences are characteristic of the individual establishment or firm or whether they simply reflect differences in the quality of inputs, particular the labor force.
...
Fox and Smeets find that the weights on the "human capital" variables are significant, well determined and of the expected signs. However, including them explains relatively little of the variance in firm productivity in any of the industries. Averaging over the six manufacturing industries, the ratio of the 90th percentile to the 10th percentile of the Danish distribution of the standard TFP measure is large, 3.74. The ratio is reduced but only to 3.36 when the human capital variables are included. They obtain similar results using the wage bill, a wage weighted measure of employment, to correct for labor input quality. They conclude that the observable component of "input quality" explains very little of the dispersion in firm productivity observed in Danish data. (Moi ici: I rest my case)
...
Irarazabal et al. include measures of labor force age, education, and tenure as well as the capital stock of each firm. Using either the actual worker characteristics or the wage bill in the analysis, they conclude that labor input quality explains at most 25% of the average productivity differential between exporting an non-exporting firms in Norway. Although they conclude that the potential for "gains from trade" are overstated by the measured TFP differences, it is clear that labor input quality differentials fail to explain the bulk of the differences in productivity." (Moi ici: Isto quebra uma série de paradigmas politicamente correctos e superficiais que passam em programas como o Prós e Contras da RTP)

segunda-feira, março 07, 2011

Pregarás o Evangelho do Valor (parte II)

Continuado daqui.
.
O mainstream, ao concentrar-se na redução dos custos, só vê essa alavanca para o aumento da produtividade.
.
O aumento dos salários aumenta os custos fixos, logo, come parte do ganho da produtividade.
.
Daí que para o mainstream, aumentar salários prejudica a competitividade e a produtividade. É o famoso jogo do gato e do rato.
.
Como se refere neste artigo "Productivity and Growth: The Enduring Connection" existe o mito muito disseminado de que que a produtividade é só sobre a eficiência:
.
"Productivity is only about efficiency, and is designed to bolster corporate profits. Productivity can come either from efficiency gains (i.e., reducing inputs for given output) or by increasing the volume and value of outputs for any given input (for which innovation is a vital driver). The U.S. needs to see both kinds of productivity gains to experience a virtuous growth cycle in which increases in value provide for rises in income that, in turn, fuel demand for more and better goods and services" (Moi ici: Concordo inteiramente com este postal "What Is Productivity? What Is Efficiency?" onde o autor escreve: ""Productivity can come either from efficiency gains (i.e., reducing inputs for given output) or by increasing the volume and value of outputs for any given input (for which innovation is a vital driver.)"
.
The McKinsey guys are close to getting it right, but they still fail to properly split volume efficiency phenomena from the very different notion of creating more value for a level of output.")
.
Mas a produtividade é também, e pode ser, sobretudo, eficácia assente na criação de valor, e basta recordar o gráfico de Marn e Rosiello para saber como o preço/valor é muito mais poderoso do que o custo/eficiência. Para mim, produtividade é, acima de tudo, à custa da criação de valor, à custa do aumento da eficácia.)
.
Segundo os autores, um outro mito sobre a produtividade é:
.
"Productivity is a job killer. Many Americans suspect that productivity is a job-destroying exercise. They point to the period since 2000, when the largest productivity gains in the U.S. came from sectors, such as electronics and other manufacturing, that have seen large job cuts. But when looking across the economy overall, as opposed to the ups and downs of individual sectors, productivity and jobs nearly always increase together. More than two-thirds of the years since 1929 have seen gains in both. It is simply untrue that there is a trade-off between productivity and jobs in a dynamic economy." (Moi ici: O exemplo finlandês mostra como o mito tem algo de verdade "It is widely believed that restructuring has boosted productivity by displacing low-skilled workers and creating jobs for the high skilled." Mas, e como isto é profundo: "In essence, creative destruction means that low productivity plants are displaced by high productivity plants." a produtividade não é um mar de rosas para todos. Quando não destrói emprego no agregado, gera um aumento da desigualdade dos rendimentos da sociedade: empresas com produtividade mais elevada podem, sem perder competitividade, pagar melhor do que as que têm produtividade mais baixa.)
.
Este artigo "Why US productivity can grow without killing jobs" dos mesmos autores, mostra na figura
que o aumento da produtividade nos Estados Unidos, esta década, tem sido baseada no aumento da eficiência. Daí que, depois, aconteça isto "Number of the Week: Workers Not Benefiting From Productivity Gains"
.
É preciso pregar um novo evangelho, o Evangelho do Valor!!!

sexta-feira, fevereiro 11, 2011

Acerca da produtividade

"Produtividade Portugal é tema de conferência":
.
"Produtividade Portugal" e "Portugal é pouco competitivo?" são os temas da conferência que se realizará no próximo dia 17 na Exponor. O encontro decorre das 8h30 às 13 horas, marcando o arranque em 2011 do Programa Produtividade Portugal da AEP. O objectivo é catalisar processos de modernização das empresas."
.
Estas conferências devem servir para que quem as organiza tenha uns apoios e uns subsídios. Quais são os resultados práticos? Quais as consequências para a micro-economia?
.
"AEP: Empresas estão curiosas sobre "kit para produtividade"" Mais um kit, mais algo que terá merecido apoios e subsídios. Alguém viu algum destes kits?
.
"Produtividade: AEP lança kit para ajudar empresas a aumentar a competitividade":
.
""A ideia é criar uma página no site da AEP para que as empresas possam fazer 'downloads' das actualizações do kit que forem sendo feitas. Pode estar aqui a génese de um fórum alargado para a discussão do tema da produtividade", sublinhou.

O CD inclui ainda "exemplos de boas práticas" de aumento da produtividade nas diversas áreas, por parte de empresas e instituições como a Microsoft, APDL, EDP e Apcer, referiu o administrador."
.
Viram esse kit?
.
Nunca me esqueço deste outro "kit" sobre a produtividade (Manual PRONACI sobre Produtividade da AEP)

sexta-feira, janeiro 21, 2011

Não vou perder tempo

"Conferência: Produtividade Portugal"
.
Mas o que é que esta gente sabe sobre a micro-economia?
.
Mas o que é que esta gente anda a dizer sobre a produtividade portuguesa?
.
Como diria Gary Kleine: Qual é a experiência de vida desta gente? Quantos cabelos perderam por falta de dinheiro para pagar salários? A quantas empresas fizeram o turnaround?
.
Só falta mesmo a presença do presidente do Fórum para a Competitividade para apresentar a sua receita preferida...
.
Mas é triste... há tantas empresas com exemplos fantásticos "Não é preciso ser doutor, para criar empresas com futuro" que podiam ilustrar como se triunfa na batalha da produtividade ... com a vantagem do concreto sobre o abstracto:
.
"Como você é português, e tem dificuldade em pensar em abstracto, compreendendo melhor através de casos concretos, eu vou-lhe dar uns exemplos."

sexta-feira, janeiro 14, 2011

Como se faz!!!

De que salários é que Almunia está a falar?
.
Se forem os privados totalmente de acordo. Afinal sobre o que é este blogue? Por que escrevemos sobre Rosiello? Por que escrevemos sobre o numerador e sobre a eficácia?
.
"Melhoria da competitividade não é através de salários baixos"
.
"Bruxelas aconselha Portugal a não baixar salários"
.
"Almunía diz que Portugal não deve baixar salários"
.
Agora o que quer Almunia quer, por exemplo TdS (ver parte I) não sabem ... ehehe, é como se passa das palavras, da oratória, da retórica, para a prática, para os resultados.
.
Eheheh, não resisto, é mais forte do que eu...
.
.
Podem estudar os marcadores deste postal e ver como se faz, como se materializa, como se executa.

quarta-feira, janeiro 12, 2011

Só agora...

Só agora é que esta mensagem está a chegar aos jornais...
.
"Criar valor"
.
"Muitas empresas estabeleceram planos de redução de despesas agressivos. Nas instituições públicas as oportunidades de melhoria são muitas. No entanto, a lógica de redução de custos é insuficiente. Sob pena de a economia portuguesa entrar em recessão durante anos. O desafio para as instituições portuguesas é o da criação de valor. Não é um chavão sem conteúdo. É um conceito que, se bem entendido e aplicado, pode ajudar a resolver os problemas de eficácia e de eficiência das nossas empresas e organizações públicas."
.
Tanto atraso!!!
.
Qual é a receita alemã? E agora somos todos alemães, com o euro.
.
Concentração na criação de valor e não no corte de custos.
Concentração no numerador e não no denominador.