Há anos que acompanho e elogio a mensagem de Medina Carreira acerca da governação deste país, por exemplo:
Em Medina Carreira aprecio a sua habitual
apresentação de números a suportar a sua opinião, algo raro entre a classe de advogados e juristas que dominam o aparelho do Estado.
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Segunda à noite vi na TVI24 o programa com Medina Carreira e concluí que continua encalhado no tempo, crente de que o preço é a única alavanca para competir no mercado.
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Defendeu uma moeda mais fraca para competir, sem explicar porque é que países como a Inglaterra estão à rasca apesar da desvalorização importante da libra.
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Defendeu o proteccionismo face à China... agora? Agora que estamos
a dar a volta e a começar a exportar em força para a China? (Dados do INE, sintetizados pela AICEP, as exportações portuguesas para a China cresceram, nos primeiros 8 meses do ano, mais de 45%)
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Medina Carreira foi educado e marcado por um tempo em que o preço era rei... hoje, o factor chave é o valor. E
o valor não é um cálculo, é um sentimento. Será que ele conhece os números das exportações do calçado? Do retomar do sucesso no têxtil? Dos números das exportações de mobiliário, de máquinas, de hortícolas, de flores, de vinho, de ...?
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Por exemplo, no JdN de ontem o exemplo da
Felmini de Felgueiras:
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"Até ao princípio deste mês, a Felmini já facturou no "país da bota" quase quatro milhões de euros, o que traduz
um aumento de 65% face aos primeiros nove meses do ano passado. Mas se a aposta nos destinos tradicionais é para manter, o próximo desígnio da empresa de Felgueiras é
chegar à China no primeiro trimestre de 2012.
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A entrada no mercado chinês acontecerá à boleia de um cliente japonês, em jeito de parceria. "Vamos entrar lá em Março, através de uma feira, na qual um cliente nosso no Japão ira partilhar o espaço connosco. Interessa-nos vender o nosso produto na China Pode não ser muito [volume], mas é um cartão de visita comercial que resulta", avança ao Negócios o presidente da Felmini, Joaquim Moreira. A empresa de calçado, que emprega 185 trabalhadores, especializou-se em botas de senhora, e facturou cerca de 11,5 milhões de euros no ano passado. (
Moi ici: Mais de 62 mil euros por trabalhador... nada mau cerca de 50% acima dos valores do sector)
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A história de sucesso da Felmini na exportação tem somente oito anos. Até então, especializada no regime de subcontratação, começou a ver os clientes a "dar à sola". "Estavam todos a fugir para o Oriente, com a China e o Vietname à cabeça. Passámos maus bocados em relação a encomendas. Pensei, nessa altura, em especializar-me no que hoje faço bem: o retalho", lembra Moreira. (Moi ici: A necessidade aguça o engenho. Como escrevem os biólogos "A vida não planeia, foge, contorna restrições e constrangimentos". E não são precisos apoios e estímulos. Os estímulos é que atrasam e impedem esta mudança... bem no seguimento das palavras de Florida)
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A aposta da Felmini na inovação e na moda não é só feita de palavras, tem um número comercial.
Na última década, o preço médio do calçado à saída da fábrica subiu de 20 para os actuais 55 euros.
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Deixaram de fazer subcontratação e têm-se especializado no retalho.
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Sem medo da contrafacção, a aposta no segmento médio-alto está a valer um "boom" nas vendas da empresa
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2. CRESCER MAIS DE 100% EM TRÊS ANOS
Com a criação de uma marca própria e a aposta associada na moda, a facturação da Felmini não tem parado de crescer. Se em 2007 as vendas da empresa de Felgueiras eram de 5,5 milhões de euros, hoje são de 11,5 milhões de euros.
Ainda assim, a fábrica que já chegou a produzir três mil pares de sapatos, fica agora pelos 1.100. (
Moi ici: Percebem o significado disto? Aumentar a produtividade não há custa de correr mais depressa, mas produzindo artigos com muito maior valor acrescentado... A velha lição de Marn e Rosiello que tão poucos conhecem)
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3. REPOSIÇÕES RÁPIDAS EM APENAS UM MÊS
O regresso dos clientes da Ásia dá-se, entre outras coisas, pela agilidade e capacidade de resposta. (
Moi ici: Não falamos de outra coisa aqui no blogue. Contra o preço - usar a rapidez, a proximidade, a flexibilidade, a diferenciação, o design) Moreira gaba-se de a Felmini conseguir repor uma encomenda em quatro semanas na Europa.
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4. BOTEIRO EXPORTA 98% DA PRODUÇÃO
Joaquim Moreira não tem problemas em assumir que é de botas que gosta. E elas dão-lhe milhões de euros. Cerca de 85% das vendas que a empresa de Felgueiras faz são botas de senhora.
A exportação vale 98% das vendas."
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Será que Medina Carreira consegue perceber o modelo que está a suportar o sucesso das exportações portuguesas? Mesmo sem redução da TSU, mesmo com o aumento do preço das matérias-primas, mesmo com os salários que os operários portugueses auferem?
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O paradoxo de Kaldor em acção!!!