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quarta-feira, setembro 16, 2015

O paradoxo de Kaldor na prática

Todos os dias damos de caras com exemplos do Evangelho do Valor.
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Neste texto "Lego: De quase falida a líder da indústria de brinquedos" é contado o caso da Lego.
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A empresa tinha um modelo que deixou de funcionar. Teve de repensar-se. Teve de passar por uma experiência de "renewal"

"Depois da experiência de quase extinção, o novo presidente executivo decretou o “regresso ao tijolo”, como unidade básica e essencial para o modelo de negócio. Numa primeira fase, na tentativa de estancar as perdas, a cadeia de parques temáticos foi vendida e o número de peças produzidas pela companhia foi reduzido para sete mil."
Uma vez perdida a patente qualquer um podia pegar em plástico e fazer tijolos.
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Qual seria a proposta de um economista? Deslocalizar para reduzir custos, aumentar a eficiência.
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Qual seria a proposta de um promotor da concorrência imperfeita?
"Sobre a “fórmula Lego”, o Financial Times (FT) dá a receita: pega-se num quilo de plástico que custa menos que um dólar, transforma-se em conjuntos de peças baseadas na saga Star Wars ou Hobbit e apresenta-se depois o produto ao consumidor final, por aproximadamente 75 dólares por quilo.
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Mas a recuperação não ficou a dever-se apenas à reinvenção do plástico. Videojogos e cinema desempenham um papel importante na estratégia desenhada por Knudstorp e o sucesso financeiro do Filme Lego (com receita de bilheteira de mais de 400 milhões de euros em todo o mundo) mostra que o futuro da estratégia passa também pela aposta em Hollywood e na Ásia."
Posso traduzir para: apostar na magia, reforçar a mística da marca, aumentar a relação e interacção com os clientes, desenvolver a co-criação.
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O exemplo pode ser da Lego mas é o seguido por cada vez mais PME que põem em prática o paradoxo de Kaldor.

domingo, setembro 13, 2015

O erro de análise dos Custos Unitários de Trabalho (parte V)

Parte I, II, III e IV

Sabem o que penso acerca dos CUT (Custos Unitários do Trabalho) como medida da maior ou menor competitividade de um país - uma treta!
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Ainda agora em "O FT a colar-se ao anónimo de província" listei uma série de postais sobre o tema. Entretanto em "Seven technical reasons why ‘(Real) Unit Labour Costs’ are not a valid macro-indicator of competitiveness" encontro estas críticas para acrescentar:
"1) The RULC [real unit labour costs] are calculated by Eurostat, based upon the next operational definition (emphasis added):
This derived indicator compares remuneration (compensation per employee in current prices) and productivity (Gross Domestic Product (GDP) in current prices per employment) to show how the remuneration of employees is related to the productivity of their labor. It is the relationship between how much each ‘worker’ is paid and the value he/she produces with her work. It’s growth rate is intended to give an impression of the dynamics of the participation of the production factor labour in output value created. Please note that the variables used in the numerator (compensation, employees) relate to employed labour only while those in the denominator (GDP, employment) refer to all labour, including self-employed”.[Moi ici: Hmmm como a taxa de trabalhadores que não têm um emprego tradicional está a aumentar (freelancers, free-agents)... os CUT baixam. Extraordinário]
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D) Non-tradeables. Between 2000 and 2011, average German wages did not rise too much which led to a low increase of the German macro ULC. But to quite some extent this was caused by stable nominal wages (and falling purchasing power) of teachers. Wages in industry rose a little above average and Germany still is one of the very few countries where industrial wages are higher than the average (even despite very high wages in the financial sector). But does decreasing real wages of teachers really increase the international competitivity and exports of a country? [Moi ici: Como sempre escrevi aqui, acerca da TSU, por exemplo neste postal, por causa dos trabalhadores dos sectores transaccionáveis ou não transaccionáveis] It might affect the current account as German teachers will have had to restrain consumption of, among other things, imported products. But at least I do not see the relation with gross exports!.
E) Felip en Kumar (2011) mention the Kaldor-paradox: [Moi ici: Como gostei dessa minha descoberta de 2011] the empirical evidence about the ULC and competitivity in fact suggests that high increases of the ULC do not cause a decline of competitivity but are, to the contrary, a sign of succesful export performance.[Moi ici: Recordar o exemplo do calçado e do vinho, e o trabalhar para subir preços]
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G) Global supply chains. The share of ‘domestic’ labour in the cost price of tradeable products shows sustained declines. Giordano and Zollino mention that the ‘domestic labour share’ of Germany declined from 27% to 21% of gross output (not the same as value added, the concept of GDP!) while the Italian share declined from 21% to 18% [Moi ici: Ainda esta semana chamei a atenção para o fenómeno num comentário a esta notícia- Uma empresa tradicional à medida que faz o outsourcing de todas as suas actividades aumenta a produtividade. No limite, um trader sem contacto físico com o que compra e vende é o que tem a maior produtividade... se nos concentrarmos na redução do denominador, a pior forma de subir a produtividade]

quinta-feira, agosto 23, 2012

A redução dos CUT

A propósito deste tema:

  1. "Custos unitários do trabalho baixam mas estão 10% acima da média da zona euro"
  2. "Banco de Portugal diz que salários reais terão de cair mais 10%"
Em ambos os textos a mesma abordagem. O Banco de Portugal escreve sobre os custos unitários do trabalho (CUT), os jornalistas acabam a falar em reduzir salários reais. Por exemplo da fonte 1:
"Os custos unitários de trabalho representam aquilo que cada empresa gasta por cada funcionário, (Moi ici: É este tipo de definições que induz em erro de interpretação. Os CUT são um rácio entre os custos do trabalho e a produtividade desse mesmo trabalho) tendo como componente principal o salário do trabalhador. O índice corresponde a um custo de produção relativo dos produtores nacionais por comparação aos produtores dos principais países parceiros nas trocas internacionais.
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O Governo já abordou a questão da redução dos custos do trabalho e de baixa salarial a duas vozes, com o primeiro-ministro a garantir que não está a preparar qualquer diminuição de salários e o ministro das Finanças a falar numa inevitabilidade de corte dos custos unitários do trabalho."(Moi ici: Particularmente interessante este último parágrafo: o jornalista conclui que o primeiro-ministro e o ministro das Finanças estão em desacordo. Logo, concluo eu, o jornalista, como quase todos os portugueses, acha que os CUT só baixam se os salários reais baixarem... não podia estar mais errado)
Por exemplo, na fonte 2 a confusão começa logo no título. O Banco de Portugal escreveu sobre CUT ou sobre salários reais?
"Ou seja: neste momento, Portugal precisa de ter salários reais 10% abaixo do nível atual (pelo menos) para conseguir competir taco a taco com os parâmetros dos parceiros da zona euro. (Moi ici: Será que o jornalista faz ideia do que está a escrever? Agora até mete aqui ao barulho a zona euro... Contra tudo o que se escreve neste blogue, querem pôr-nos a competir de igual para igual com os parceiros da zona euro? Se formos competir de igual para igual perdemos. Só conseguem visualizar a concorrência perfeita. Quando o que propomos é a batota da concorrência imperfeita, diferenciação para competir com as nossas vantagens competitivas) Os 10 pontos percentuais em causa resultam da diferença entre o índice de 101,8 pontos de Portugal e os 91,6 pontos da zona euro no primeiro trimestre."
Então, talvez faça sentido olhar para os números dos salários reais:
Dados do Eurostat para "Labour cost per hour in euros (for enterprises with 10 or more employees)"
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Faz algum sentido a interpretação dos jornais? Claro que não!
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Comparemos agora a evolução dos CUT entre alguns países da zona euro e a Alemanha:

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Se os CUT são um rácio entre os custos do trabalho e a produtividade desse trabalho, então, a redução dos CUT pode ser obtida através de 3 vias:

  • reduzindo os custos do trabalho
  • aumentando a produtividade do trabalho; ou
  • uma conjugação das duas.
Sistematicamente, quem fala da necessidade de reduzir os CUT fala em reduzir salários. 
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Quando contraponho que se deveria apostar no aumento da produtividade (chamo a atenção para os gráficos de Marn, Rosieelo, Dolan, Simon, Baker, Hinterhuber e tantos outros...), dizem-me logo que há urgência, que os ganhos de produtividade demoram muito tempo. Que sim, que idealmente se deveria aumentar a produtividade mas como isso leva muito tempo têm de se reduzir os salários já, para dar folga às empresas, depois, elas terão tempo para aumentar a produtividade. 
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Já se usou essa argumentação no tempo do escudo para defender a desvalorização da moeda para aumentar a competitividade das empresas portuguesas e viu-se no que é que isso deu.
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O tipo de competição, cultura empresarial, segmentos de mercado que se ganham à custa da redução CUT por redução de custos é incompatível com a competição, cultura empresarial, segmentos de mercado, argumentos de venda, imagem de marca, tradição necessária, para reduzir CUT à custa do aumento da produtividade do trabalho. É a velha história do espaço de Minkowski, o passado cobra uma taxa, limita as hipóteses do futuro. Por isso é que tenho aquela frase no início da coluna das citações aqui no blogue:
"It is widely believed that restructuring has boosted productivity by displacing low-skilled workers and creating jobs for the high skilled."Mas, e como isto é profundo:"In essence, creative destruction means that low productivity plants are displaced by high productivity plants."
Maliranta e o exemplo finlandês, após a quebra brusca do mercado soviético, são uma grande lição sobre o aumento da produtividade.
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As empresas que competem no mercado interno, sujeitas a uma forte quebra na procura e sem acesso a capital e outros recursos, estão em modo de sobrevivência, têm de reduzir custos, preservar capital e encolher o portfolio da oferta e de negócios concentrando-se no que traz mais capital, para muitas delas faz sentido pensar em reduzir salários, a alternativa é o desemprego. Mas esta conversa sobre os CUT é sempre aplicada para falar sobre a competitividade das empresas portuguesas nos mercados internacionais... onde existe oferta oriunda de países com salários muito mais baixos do que em Portugal.
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Por que será que as empresas portuguesas estão a ganhar quota de mercado e a vender cada vez mais caro os seus produtos em sectores como o calçado, ITV, mobiliário, maquinaria, ...?
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Não foi porque reduziram salários, foi porque aprenderam a ser diferentes e a vender o que os outros não conseguem oferecer, por exemplo: rapidez de entrega.
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A tese que defendo neste blogue é que o grande problema não foi a adesão de Portugal ao euro, foi a entrada da China no mercado internacional. As empresas portuguesas não conseguem competir de igual para igual com o modelo de negócio de baixo preço e grandes volumes que favorece as empresas chinesas. As empresas portuguesas não competem de igual para igual com as empresas da zona euro, cada uma escolhe nichos onde pode ter vantagens e é aí que actua, "É muito mais do que um jogo de soma nula"
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BTW, basta pensar nas taxas de crescimento das economias europeias nos últimos 12 meses e comparar esses números com isto:
Claro que jornalistas que escrevem coisas destas até mereciam ver o seu salário reduzido...
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O que estes estudos sobre agregados de agregados de agregados consideram é que a oferta das empresas portuguesas é igual à oferta das empresas da zona euro e, por isso, é tudo uma questão de preço. E isso é uma grande mentira, sem qualquer adesão à realidade



quarta-feira, outubro 26, 2011

Até Medina Carreira...

Há anos que acompanho e elogio a mensagem de Medina Carreira acerca da governação deste país, por exemplo:
Em Medina Carreira aprecio a sua habitual apresentação de números a suportar a sua opinião, algo raro entre a classe de advogados e juristas que dominam o aparelho do Estado.
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Segunda à noite vi na TVI24 o programa com Medina Carreira e concluí que continua encalhado no tempo, crente de que o preço é a única alavanca para competir no mercado.
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Defendeu uma moeda mais fraca para competir, sem explicar porque é que países como a Inglaterra estão à rasca apesar da desvalorização importante da libra.
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Defendeu o proteccionismo face à China... agora? Agora que estamos a dar a volta e a começar a exportar em força para a China? (Dados do INE, sintetizados pela AICEP, as exportações portuguesas para a China cresceram, nos primeiros 8 meses do ano, mais de 45%)
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Medina Carreira foi educado e marcado por um tempo em que o preço era rei... hoje, o factor chave é o valor. E o valor não é um cálculo, é um sentimento. Será que ele conhece os números das exportações do calçado? Do retomar do sucesso no têxtil? Dos números das exportações de mobiliário, de máquinas, de hortícolas, de flores, de vinho, de ...?
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Por exemplo, no JdN de ontem o exemplo da Felmini de Felgueiras:
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"Até ao princípio deste mês, a Felmini já facturou no "país da bota" quase quatro milhões de euros, o que traduz um aumento de 65% face aos primeiros nove meses do ano passado. Mas se a aposta nos destinos tradicionais é para manter, o próximo desígnio da empresa de Felgueiras é chegar à China no primeiro trimestre de 2012.
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A entrada no mercado chinês acontecerá à boleia de um cliente japonês, em jeito de parceria. "Vamos entrar lá em Março, através de uma feira, na qual um cliente nosso no Japão ira partilhar o espaço connosco. Interessa-nos vender o nosso produto na China Pode não ser muito [volume], mas é um cartão de visita comercial que resulta", avança ao Negócios o presidente da Felmini, Joaquim Moreira. A empresa de calçado, que emprega 185 trabalhadores, especializou-se em botas de senhora, e facturou cerca de 11,5 milhões de euros no ano passado. (Moi ici: Mais de 62 mil euros por trabalhador... nada mau cerca de 50% acima dos valores do sector)
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A história de sucesso da Felmini na exportação tem somente oito anos. Até então, especializada no regime de subcontratação, começou a ver os clientes a "dar à sola". "Estavam todos a fugir para o Oriente, com a China e o Vietname à cabeça. Passámos maus bocados em relação a encomendas. Pensei, nessa altura, em especializar-me no que hoje faço bem: o retalho", lembra Moreira. (Moi ici: A necessidade aguça o engenho. Como escrevem os biólogos "A vida não planeia, foge, contorna restrições e constrangimentos". E não são precisos apoios e estímulos. Os estímulos é que atrasam e impedem esta mudança... bem no seguimento das palavras de Florida)

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A aposta da Felmini na inovação e na moda não é só feita de palavras, tem um número comercial. Na última década, o preço médio do calçado à saída da fábrica subiu de 20 para os actuais 55 euros.
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Deixaram de fazer subcontratação e têm-se especializado no retalho.
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Sem medo da contrafacção, a aposta no segmento médio-alto está a valer um "boom" nas vendas da empresa
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2. CRESCER MAIS DE 100% EM TRÊS ANOS
Com a criação de uma marca própria e a aposta associada na moda, a facturação da Felmini não tem parado de crescer. Se em 2007 as vendas da empresa de Felgueiras eram de 5,5 milhões de euros, hoje são de 11,5 milhões de euros. Ainda assim, a fábrica que já chegou a produzir três mil pares de sapatos, fica agora pelos 1.100. (Moi ici: Percebem o significado disto? Aumentar a produtividade não há custa de correr mais depressa, mas produzindo artigos com muito maior valor acrescentado... A velha lição de Marn e Rosiello que tão poucos conhecem)
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3. REPOSIÇÕES RÁPIDAS EM APENAS UM MÊS
O regresso dos clientes da Ásia dá-se, entre outras coisas, pela agilidade e capacidade de resposta. (Moi ici: Não falamos de outra coisa aqui no blogue. Contra o preço - usar a rapidez, a proximidade, a flexibilidade, a diferenciação, o design) Moreira gaba-se de a Felmini conseguir repor uma encomenda em quatro semanas na Europa.
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4. BOTEIRO EXPORTA 98% DA PRODUÇÃO
Joaquim Moreira não tem problemas em assumir que é de botas que gosta. E elas dão-lhe milhões de euros. Cerca de 85% das vendas que a empresa de Felgueiras faz são botas de senhora. A exportação vale 98% das vendas."
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Será que Medina Carreira consegue perceber o modelo que está a suportar o sucesso das exportações portuguesas? Mesmo sem redução da TSU, mesmo com o aumento do preço das matérias-primas, mesmo com os salários que os operários portugueses auferem?
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O paradoxo de Kaldor em acção!!!

domingo, setembro 11, 2011

O erro de análise dos Custos Unitários de Trabalho

"Unit labour costs (ULC) measure the average cost of labour per unit of output and are calculated as the ratio of total labour costs to real output."
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"Unit labour costs (ULCs) represent a direct link between productivity and the cost of labour used in generating output. A rise in an economy’s unit labour costs represents an increased reward for labour’s contribution to output. However, a rise in labour costs higher than the rise in labour productivity may be a threat to an economy's cost competitiveness, if other costs are not adjusted in compensation."
Ou seja:


Vamos utilizar os custos de mão-de-obra do sector têxtil e do vestuário por desconhecimento nosso de dados sobre o sector do calçado:
Vamos utilizar os dados do calçado (APICCAPS) para a quantidade produzida num ano e para o número de trabalhadores:
Agora calculamos os Custos Unitários do Trabalho (ULC) para 1994 (admitindo os salários de 1990),  para 2007 e para 2010 (admitindo uma subida de 5% nos custos laborais entre 2007 e 2010). Depois, comparamos a evolução dos Custos Unitários do Trabalho:
Os Custos Unitários do Trabalho sobem e o sector fica ainda mais competitivo!!!
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Como será que os académicos explicam isto?
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A fórmula para calculo dos Custos Unitários do Trabalho padece do mesmo erro de análise que se verifica quando se analisa a produtividade. A análise dos académicos admite por defeito, por isso eles nem se lembram dessa premissa, que a qualidade das saídas se mantém constante... pois.
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É o mesmo fenómeno que explica o aumento dramático da produtividade do operário que sai do Vale do Ave e vai para o vale do Reno, muda a qualidade do que ele produz (atenção, qualidade aqui não é ausência de defeitos)


terça-feira, julho 19, 2011

Fixes that Fail

Imprimir bentos seria uma forma de perpetuar uma economia típica da Sildávia.
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A libra e o dólar desvalorizam e, contudo, as economias inglesa e americana estão nas ruas da amargura.
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Como se tem portado o franco suíço face ao euro?
E não é que as exportações suíças têm subido?
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"Export Basket and the Effects of Exchange Rates on Exports – Why Switzerland Is Special":
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"In times of a strong CHF appreciation, the Swiss export performance has proven to be exceptionally robust. ...
Still, what is puzzling is that Swiss exports have risen as fast or even faster than those of other rich nations, despite the strong appreciation of the CHF."
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O Paradoxo de Kaldor em acção.

sábado, julho 16, 2011

Imprimam bentos (parte III) ou: Regresso ao Paradoxo de Kaldor

Continuado daqui.
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Aqui, ao abordar o Paradoxo de Kaldor, mostrei o retrato das exportações alemãs e o retrato das exportações portuguesas.
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Aqui, escrevi: "Quanto mais nos afastarmos da venda de coisas (operand resources) e nos aproximarmos da venda de operant resources, sobrepostos sobre operant resources, sobrepostos sobre outros operant resources que por sua vez assentam sobre operand resources, melhor para todos nós como sociedade."
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Aqui, escrevi: "Quanto mais camadas de operant resources (conhecimento, capacidades, habilidades, truques, experiência) conseguir aplicar sobre a tela, mais complexo e com mais potencial de diferenciação fica o que colocamos no mercado, maior o potencial para amplificar o valor que o cliente vai sentir e atribuir com a experiência do uso."
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Quanto mais camadas de operant resources conseguirmos sobrepor umas sobre as outras, mais as actividades de transformação dos operand resources vão ser ricas, complexas e especializadas. Assim, a cadeia da procura tende a alongar-se:
Por isso, uma economia mais evoluída, no sentido em que sustenta melhores níveis de vida para os seus intervenientes, terá cada vez mais empresas a operarem no B2B. Daí que Hermann Simon fale em campeões escondidos. Escondidos do grande público, porque operam no B2B.
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Agora, com esta reflexão presente, avalie-se este texto:
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"Affluent economies are more likely to launch service firms that cater to the business sector. In Denmark, for instance, B-to-B companies make up 42% of start-ups. Poorer countries tend to churn out a high percentage of consumer-oriented businesses. Consider Guatemala and the Dominican Republic, where more than 74% of start-ups focus on consumers." (Moi ici: Nós temos a versão guatemalteca com os os cafés, quiosques e lojinhas de rendas)

sexta-feira, julho 01, 2011

Arquitectar a co-criação de valor a nível do ecossistema da procura

Ontem, durante a viagem de comboio Porto-Estarreja tive oportunidade de ler mais um artigo co-assinado por Lusch e que vai ao encontro de reflexões que por aqui se fazem:
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Primeiro um retorno ao homem que mudou a minha vida:
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"He envisioned marketing as the whole business seen from the customer’s point of view and argued that the fundamental purpose of the business was to create a satisfied customer, with profit as a reward, not the goal itself.
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Drucker attempted to focus the firm on how the customer, not the firm, views and values the firm’s offerings: ‘‘What the business thinks it produces is not of first importance . . . . What the customer thinks he is buying, what he considers ‘value,’ is decisive—it determines what a business is, what it produces and whether it will prosper’’
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During this era, advertising began to move away from a focus on product attributes and features and toward customer benefits.
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Although it is relatively easy to copy or replicate competitors’ functional benefits, it becomes more difficult to copy or replicate the nonfunctional or symbolic benefits a brand offers.
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Recently Frow and Payne (Forthcoming) extend the value proposition concept to stakeholders and marketing systems or what have also been referred to as value networks or service ecosystems (Lusch, Vargo, and Tanniru 2010) (Moi ici: Já aqui usamos o termo ecossistema há algum tempo... e aquela extensão da proposta de valor para os stakeholders... talvez vá atrás destas "Dores de crescimento"(?). Tenho de arranjar os dois artigos!).
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The firm must be understood as a complex network mechanism linking customer value and the value of the firm for all of its stakeholders.
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Firms are evolving from largely self contained hierarchical bureaucracies into complex networks of relationships with resource providers of all kinds. Firms seek to focus more clearly on their own distinctive competencies as sources of competitive advantage while relying more heavily for adaptive, collaborative advantage with strategic partners to provide their distinctive competencies as components of the tangible and/or intangible product offering.
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Marketing is emerging as performing a broader role in the management of the enterprise in guiding all business processes that are involved in the cocreation of value with customers.
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Understanding customers and how the enterprise fits into their value-creating processes and communicating that understanding to the other resource-providing stakeholders becomes the primary role of marketing.
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In the recent past, evidence suggests that marketing in many firms has been relegated to managing communications and branding activities. (Moi ici: Ehehe Aranha, cá estão eles)
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To be truly customer centric, the firm has to think not about optimizing the firm and its activities but how to support customers in their resource integration and value cocreation activities. (Moi ici: A seta 1 é muito mais importante que a seta 2...Talvez a mensagem mais constante neste blogue. A única que explica o paradoxo de Kaldor, que permite fugir da armadilha de Pasinetti, que permite evitar o jogo do gato e do rato entre a produtividade e os salários, que permite ser próspero com uma moeda forte. Longa vida a Marn e Rosiello que me abriram os olhos há muito tempo.) Stated alternatively, the organization should be an effective and efficient service support system for helping all stakeholders, beginning with the customer, become effective and efficient in value cocreation.
The key concepts in the value cocreation concept of strategy and organization are core competencies and dynamic capabilities used to cocreate value and the relationships with all stakeholders that help to accomplish this. Value is created when a customer interacts with the resources and capabilities provided by a relationship with their firm/supplier and other providers of resources. Thus, the value can only be cocreated by sellers and customers together. A ‘‘good’’ relationship is one that creates value for both parties and leaves each wanting to continue the relationship in some form. ‘‘Good’’ customers are loyal; ‘‘good’’ suppliers are trusted and reliable and have strong ‘‘brands’’ or reputations.
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Value Propositions Communicate Intention Throughout the Network (Moi ici: Grande subtítulo... uma proposta de valor é uma forma de comunicar uma intenção)
Intention and capability to offer value of a particular kind in a particular way is communicated to potential buyers and resource-provider partners with a value proposition, an invitation to participate in the process of cocreating value that is superior to competitor offerings
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Also the firm’s value proposition must have appeal for all stakeholders who must see the potential value for themselves in value propositions being realized and their role in value cocreation with customers. It is a marketing responsibility to assure that the firm’s value proposition is communicated to, and understood by, the entire network of resource-providing stakeholders.
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Customers as a Strategic Choice
The ability to actually provide the promised value depends upon carefully choosing appropriate potential customers, (Moi ici: Quantas empresas escolhem cuidadosamente os seus clientes-alvo? Como a corte que o macho faz à fêmea no mundo biológico... quem escolhe e quem é que é escolhido? Por que já estou a ouvir comentários do tipo: Então o fornecedor é que escolhe o cliente? Também! É a minha resposta. Tem de ser uma relação ganhar-ganhar) those with needs and preferences that are understood to be a good match for the resources and capabilities of the firm and its stakeholders. Strategy formulation is essentially a process of matching the networked firm’s competencies and capabilities with customer needs and preferences, identifying latent customer demand that is relatively underserved by competitors’ value propositions. ‘‘Bad’’ potential customers are those who will not value the firm’s resources and capabilities and will therefore be unwilling to provide reciprocal resources or service in their interactions with the marketer enterprise.
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Value Definition is Dynamic and Learning is Critical
It is a fundamental premise of the value cocreation concept of marketing strategy and organization that the customer’s definition of value changes continuously. Marketing must be a learning process for both the supplier network organization and the customer."

4 páginas e meia cheias de sumo!!!

Trechos retirados de "A Stakeholder-Unifying, Cocreation Philosophy for Marketing" de Robert Lusch e Frederick E. Webster Jr, publicado no Journal of Macromarketing 31(2) 129-134.

quarta-feira, junho 29, 2011

O nosso retrato, o retrato de uma economia socialista (parte III)

Continuado da parte II.
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Em tempos descobri que éramos conhecidos como a "Portuguese trap".
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Pois bem, depois de ter descoberto o paradoxo de Kaldor, agora descubro "a armadilha de Pasinetti" e parece-me tão familiar:
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"According to Pasinetti an economic system at constant composition with a fixed number of sectors would run into a bottleneck due to the imbalance between continuously growing efficiency and saturating demand.
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This imbalance would allow all demanded output to be produced with a declining proportion of labour and of the other productive resources. Such a bottleneck, which from now on we will call Pasinetti's trap, could be avoided by means of innovations which gave rise to new sectors and would compensate for the growing inability of incumbent sectors to generate employment. Pasinetti's reasoning can be translated into the following two hypotheses about the relationship of efficiency and variety: (Saviotti, 1996, 2007):

  • Hypothesis 1: The growth in variety is a necessary requirement for long-term economic development.
  • Hypothesis 2: Variety growth, leading to the development of new sectors, and efficiency growth in pre-existing sectors, are complementary and not independent aspects of economic development.

Irrespective of whether one agrees with Pasinetti, the imbalance between continuously growing efficiency (Moi ici: Apostando no lean, olhando para dentro, reduzindo custos, despedindo pessoal, sendo mais eficiente, desperdiçando cada vez menos) and saturating demand (Moi ici: Sem apresentar novidades, sem rasgo, sem diferenciação, com a erosão progressiva do producer surplus por causa da erosão progressiva do "perceived value in use") represents a different meaning of creative destruction. If not compensated by the emergence of new sectors (Moi ici: Isto implica liberdade económica, isto implica redução da protecção do Estado aos incumbentes, isto implica que o Estado não faz escolhas sobre o que é que merece ver a luz do dia ou não) this imbalance would bring the economic system to a halt. (Moi ici: De onde virá a nossa década perdida? Caímos na armadilha de Pasinetti com uma agravante, a protecção do Estado não resultou por causa da queda do Muro de Berlim que acelerou o vector de destruição 3 de Saviotti "3) Growing competition from emerging countries which acquire the capability to make the same goods and services as in highly developed countries bur at lower cost") In this case growing productive efficiency would entail a destruction which could be compensated by the creative emergence of new sectors."
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Como escrevi há dias, Sócrates queria seguir o exemplo da Finlândia na inovação mas não percebeu que o novo só surge quando se permite a destruição dos incumbentes instalados..

sexta-feira, junho 24, 2011

O que diria Miguel Beleza?

A propósito destas palavras de Miguel Beleza em "Custos de trabalho caíram mais do que na Zona Euro":
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"Miguel Beleza, que defende que os custos unitários de trabalho devem continuar a descer em Portugal. "É mau se os custos de trabalho não crescerem menos do que na Zona Euro. Precisamos de um grande ajuste nas nossas importações e exportações.""
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Ora os custos unitários de trabalho podem ser descritos por:
E que tal pensarem na produtividade? E que tal pensarem no que se produz e não no como se produz?
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Como escrevi aqui:
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A teoria económica prevê que o sucesso das exportações depende de um nível baixo de preços. A treta a que estamos habituados.
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Pois bem, Kaldor observou que que as exportações inglesas tinham descido apesar da descida dos custos unitários do trabalho!!!!
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Mas mais, para cúmulo... e agarrem-se às cadeiras, Kaldor observou que as exportações de vários países, como a Alemanha ou o Japão, tinham aumentado juntamente com o aumento dos seus custos unitários do trabalho."
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O que diria Miguel Beleza das observações de Kaldor? E das reflexões de Felipe e Kumar?

domingo, junho 12, 2011

Consequências do paradoxo de Kaldor

Continuado daqui.
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Nicholas Kaldor formulou uma série de leis sobre o crescimento. A terceira lei dizia qualquer coisa como isto:
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O crescimento económico leva ao aumento dos salários, assim, a única maneira das economias maduras manterem, ou aumentarem a sua competitividade, passa por mudarem a forma de competição, ou seja, passarem da competição pelo preço para uma competição baseada noutros factores. Isto requer uma mudança estrutural.
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Os políticos e a academia acham que a mudança estrutural tem de ser feita pelos trabalhadores, que só trabalhadores mais educados e com mais formação é que criarão uma economia mais competitiva.
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Pessoalmente prefiro o exemplo finlandês...
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"It is widely believed that restructuring has boosted productivity by displacing low-skilled workers and creating jobs for the high skilled.
This hypothesis can be tested by taking into account the quality of labour input in productivity decompositions. This can be done by using so-called “linked employer-employee” data. These data allow labour input to be measured in terms of “efficiency units”. It turns out that the basic findings and conclusions remain unaltered after the inclusion of the labour quality aspect in the productivity computations.
In essence, creative destruction means that low productivity plants are displaced by high productivity plants.
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This is not to say, however, that education and skills are irrelevant from the point of view of economic growth and restructuring. On the contrary, a worker needs to be equipped with modern technology in order to fully utilise his or her skills in a productive way. As a consequence, in order to turn higher skills into higher aggregate productivity, new technologies must be implemented. Labour must be reallocated to those plants that have managed successfully to implement high productivity technologies.
So skill upgrading needs to be accompanied by restructuring through job destruction and creation. In addition, high skills probably facilitate adjustment because skilled workers can easily learn to use the new machines and techniques at their new jobs. From this perspective, the recent findings concerning the high basic skills of Finnish pupils are, of course, encouraging. It seems that workers will be able to adopt new techniques that are created by the current high R&D intensity"
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É muito difícil fazer uma mudança estrutural. A maior parte das empresas não consegue mudar o seu ADN, mudar os seus modelos mentais, descobrir alternativas mais atraentes, a uma velocidade adequada. Assim, quanto mais fácil for o seu encerramento, mais fácil será o desvio de recursos humanos e materiais para novas experiências.
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Subsídios e apoios que atrasam esta mudança são um peso imposto à sociedade... são como a ajuda bem intencionada que retira a jovem borboleta do casulo, e que a condena...
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E voltamos a Dezembro de 2007...
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Trecho retirado de "Creative Destruction in Finnish Manufacturing"

sábado, junho 11, 2011

Mas onde é que descobri o paradoxo de Kaldor?

Continuado daqui.
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Tenho um familiar que escreve com muita regularidade para revistas científicas da sua especialidade. Uma particularidade, essas revistas são sempre estrangeiras. Sempre que tentou publicar em revistas nacionais os pares que fazem a revisão científica bloquearam sempre.
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Quero com isto dizer que é provável que determinadas ideias sejam bloqueadas e não cheguem a ver a luz do dia simplesmente porque não convém ao establishment.
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Mas onde é que descobri esse tal paradoxo de Kaldor?
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Neste artigo "Do some countries in the Eurozone need an internal devaluation? A reassessment of what unit labour costs really mean" de Jesus Felipe e Utsav Kumar", um artigo com várias mensagens familiares para quem lê este blogue:
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"The problem with Greece, Ireland, Italy, Portugal, and Spain is that they are uncompetitive and need to internally devalue – or so the argument goes. This column challenges this conclusion by pointing out that the measure used to back it up – unit labour costs – is flawed and misguided. Europe’s periphery lack of competitiveness is related to the types of products they export and not to the fact that their labour is expensive." (Moi ici: Esta conclusão que sublinhei é tão clara para mim... por que é que mais gente ainda não a descobriu? Por que é que os so-called partidos de esquerda não a defendem? Não a propagam? Não a divulgam?)
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"Europe’s peripheral countries are in trouble but the problem and solutions are unrelated to their aggregate unit labour costs."
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"looking at competitiveness from the point of view of unit labour costs puts the burden of adjustment on workers. However, we could equally argue that a country’s presumed loss of competitiveness is due to the fact that “machines are expensive given their productivity”."
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"It indicates that the purported “loss of competitiveness” by the peripheral countries of the Eurozone is not just a question of nominal wages increasing faster than labour productivity. In all countries, nominal profit rates decreased at a slower pace than capital productivity (Marquetii 2003 documented that, over the long run, capital productivity displays a declining trend. And Glyn 1997 showed that profit rates also display a declining long-term trend)." (Moi ici: Não esquecer estes gráficos, as suas implicações no passado e como a mudança obriga a pensar num futuro diferente)
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(Moi ici: A cena que se segue é um argumento que também já foi aqui defendido no blogue, os produtos portugueses não competem com os produtos alemães ponto! Isto é tão simples, tão básico, tão fácil de ver... como é que a academia não percebe isto? ... ou não quer perceber... basta ver esta foto e comparar:
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"the comparison of the unit labour costs of the peripheral countries with those of Germany is misplaced. Using disaggregated data (for over 5,000 products exported) we show that the “complexity” of Germany’s export basket is significantly higher than that of the southern European countries and Ireland’s. Table 2 shows that Germany exports a significant share, over 12%, of total world exports of the top 10 most complex products; and over 30% of the top one-third most complex products (those in groups 1 and 2). It is clear that Ireland, Spain, Portugal, and Greece hardly compete directly with Germany in many of the products that they export, and hence comparing their unit labour costs is probably misleading.
German exports are concentrated in the most-complex products of the complexity scale and the least-complex export group represents only 3.4% of Germany’s exports (Table 3). In the case of Greece and Portugal this group represents 33.1% and 21.7%, respectively, as in China."
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"This analysis leads to the conclusion that if the underlying problem of Europe’s periphery were lack of competitiveness, it should relate to the types of products they export (vis-à-vis Germany) and not to the fact that their labour is expensive (their wage rates are substantially lower), or that labour productivity has not increased (it has significantly). (Moi ici: A mensagem nº 1 ou nº 2 deste blogue. Um das razões porque existe este blogue!!! Esta gente "Sector do calçado vai ter aumento salarial" exporta 95% do que produz a um preço médio de 22€ contra um preço médio dos chineses de 3€. Por que exportam coisas e serviços diferentes!!!!)
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(Moi ici: Ganhem fôlego para o que aí vem a seguir... 1, 2, 3)
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The problem is that they are stuck in the manufacturing goods also produced by many other countries, especially the low-wage countries. Reducing wages would not solve the problem. (Moi ici: Ponto importante, isto não tem nada a ver com a redução dos salários dos funcionários públicos e das pensões, isso vai ter de acontecer, não por causa deste tema da competitividade, mas por que é um peso muito pesado sobre a economia... o cuco) What would an across-the-board reduction in nominal wages of 20%–30% achieve? The most obvious effect would be a very significant compression of demand. But would this measure restore competitiveness? We argue that it would not allow many firms to compete with German firms, which export a different basket, and in all likelihood it will not be enough to be able to compete with China’s wages.
A consequence of this analysis is that Europe’s peripheral countries should make significant efforts to upgrade their export baskets. Greece, Ireland, Italy, Portugal, and Spain should look upward and try to move in the direction of Germany, and not in that of China. Certainly this is not easy and it is only a long-term solution, more so because in a recession firms are unlikely to be willing to enter new products, but it is the way to move forward.
Fourth, it is important to remember that aggregate unit labour costs are not expected to lead to output growth. In the literature, this is referred to as Kaldor’s paradox (Kaldor 1978). Using data for the postwar period, Kaldor found that those countries that had experienced the greatest decline in their price competitiveness (i.e., highest increase in unit labour costs) also had the greatest increase in their market share. Fagerberg (1996) revisited this enduring puzzle by analysing the period 1978–1994 and concluded that the paradox also continues holding for this period."
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Um artigo fantástico... maked my day!!! Na linha do "pisar formigas num piquenique"

Surpresas de um auto-didacta

O paradoxo de Kaldor:
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Este termo está relacionado com a correlação positiva entre a competitividade internacional de vários países e os seus custos unitários do trabalho. Sim, esta gente tem muitos assessores mas nunca lhes devem ter falado neste paradoxo. Este paradoxo foi inicialmente descoberto por Nicholas Kaldor (1908-1986), Kaldor tentava perceber quais as causas do declínio internacional das exportações britânicas depois de 1960.
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A teoria económica prevê que o sucesso das exportações depende de um nível baixo de preços. A treta a que estamos habituados.
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Pois bem, Kaldor observou que que as exportações inglesas tinham descido apesar da descida dos custos unitários do trabalho!!!!
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Mas mais, para cúmulo... e agarrem-se às cadeiras, Kaldor observou que as exportações de vários países, como a Alemanha ou o Japão, tinham aumentado juntamente com o aumento dos seus custos unitários do trabalho.
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Surpresa? Só para quem não lê este blogue.
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Ou seja, o aumento dos salários, custos e preços não enfraqueciam a posição competitiva do Japão e da Alemanha, mas, pelo contrário, contribuíam para a sua crescente competitividade.
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Kaldor explicou esta aparente contradição com factores que contribuíam para a competitividade que não o preço: o aumento dos preços das exportações alemãs e japonesas foi acompanhado e mais do que compensado por melhorias em factores de qualidade, de design, de serviço, de ... que minimizavam o efeito do aumento do preço.
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Os factores de competitividade que não o preço, revelaram-se fundamentais para manter e aumentar a competitividade das economias industriais, com elevados níveis salariais.
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Isto dá que pensar...
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Que eu, um autodidacta que estuda para tentar perceber o que vai encontrando na sua relação com as empresas, não conhecesse Kaldor e o seu paradoxo, tudo bem. Mas que os macro-economistas não o conheçam... ou não o percebam... I'm amazed!!!!
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