Nós precisávamos mesmo de ter falido!
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Falido mesmo, falido com rotura de pagamentos de salários e pensões pelo Estado.
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Sem falência, muita gente não aprendeu a lição e continua com o mesmo chip que nos trouxe a esta situação. Hoje apanho mais um texto de apelo à torrefacção do dinheiro impostado, para gáudio e masturbação de alguns, "
Exportar ajuda à economia. Mas exportações portuguesas têm cada vez menos tecnologia":
"As exportações têm sido apontadas como "solução para a crise, e bem", refere o economista. "Mas as nossas exportações só se têm baseado no fator custo, e muito no custo laboral, tendo vindo a perder valor nas exportações de média e alta tecnologia que, em 2007, representavam 12% das exportações e, hoje, segundo os dados mais recentes, representam apenas 7%", adianta Mira Godinho."
O entrevistado refere-se certamente a estes
números:
O que é que aconteceu entre 2008 e 2009?
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Basta uma palavra:
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Qimonda:
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O que tínhamos em
2008?
"A Qimonda Portugal é o novo líder do ranking de exportações nacionais. Segundo dados referentes ao primeiro trimestre deste ano, divulgados em Junho pelo Instituto Nacional de Estatística, a Qimonda passou a ocupar o primeiro lugar na tabela dos maiores exportadores, contribuindo assim de forma decisiva para o aumento da saída total de produtos em 10,7 por cento."
O que tínhamos em 2008 era uma aberração, um enxerto apoiado por dinheiro impostado aos contribuintes, para servir de montra hi-tec dos nossos políticos e governantes. Reparem, chegou a ser o maior exportador, mais do que a Autoeuropa, e cada unidade vendida dava prejuízo. Só sendo subsidiada pelo Estado subsistia.
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O que estas vozes pedem é que se torre mais dinheiro nestes brinquedos de político?
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Prefiro olhar para a figura lá de cima e realçar:
- a redução em 10 pontos percentuais do peso dos itens com baixa tecnologia incorporada;
- o aumento em cerca de 15 pontos percentuais do peso dos itens com média-baixa tecnologia incorporada; e
- a manutenção do peso dos itens com média-alta tecnologia incorporada.
Parece-me uma evolução mais sustentada. Recordo a metáfora de
Hausmann:
"The product space is the space of all possible products. The metaphor is of a forest. Each product is a tree, and companies are monkeys that are organizing and taking over the forest. Empirically, we’ve shown monkeys don’t fly. They move to nearby trees, or to industries for which they have many of the required productive capabilities."
A figura mostra uma evolução que pode revelar-se sustentável, os macacos da metáfora estão a aprender a subir às árvores. O que Mira Godinho propõe é que dinheiro do Estado, dinheiro impostado aos saxões contribuintes, seja gasto para ensinar os macacos a voar...
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Os macacos não voam ponto.