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domingo, fevereiro 18, 2024

Evolução das exportações entre 2022 e 2023

 Cá está a minha comparação para as exportações entre 2022 e 2023 para os sectores que acompanho há anos.


Sectores tradicionais a passarem um mau bocado.

BTW, comparar o progresso nos últimos 8 anos:
Foi uma surpresa o resultado do calçado!

sexta-feira, fevereiro 16, 2024

Precaução e optimismo

Na sequência de Outra coisa que me faz espécie e do Recordo o eu consultor versus o eu cidadão encontro um artigo do ECO, "Fábricas portuguesas perdem dez milhões de pares de sapatos.

Uma nota de precaução e uma nota de optimismo.

Vamos primeiro à precaução:
"Em 2023, o preço médio de venda nos mercados internacionais ascendeu a 27,70 euros (+3,45%), continuando a ser o segundo mais caro do mundo. Um aumento que, reconhece ao ECO o porta-voz da associação do setor (APICCAPS), Paulo Gonçalves, é "insuficiente face ao impacto da atualização do salário mínimo nacional e mesmo do aumento das matérias-primas", o que obriga a "acelerar a migração dos produtos para segmentos de maior valor acrescentado"."

Quando aqui referi o encerramento da Discoteca Amália por causa do aumento da renda era como uma ilustração do sublinhado acima. Recordar os 14% que referi há dias em Outra coisa que me faz espécie. É a isto que chamo empobrecimento por erosão, ser competitivo sem aumentar a produtividade.

Vamos à nota de optimismo. 

Isto anda tudo ligado... o final da frase citada acima:

"o que obriga a "acelerar a migração dos produtos para segmentos de maior valor acrescentado""

Sinal de que o sector continua focado no essencial. Só aqui, a mensagem aparece 5 vezes.

Outra citação:

"No último ano, enquanto as exportações de calçado encolheram 8,2%, as vendas no exterior de artigos de pele e marroquinaria cresceram 14%, para 310 milhões de euros, e nos componentes aumentaram 12,3%, para 73 milhões de euros. Valores e competências que estão a levar a associação a reforçar lógica de fileira e a encarar estes dois segmentos como "estratégicos" na afirmação da indústria nacional de calçado."

Items que teoricamente podem libertar um maior valor acrescentado bruto por trabalhador. Talvez por isso no último número de Facts & Numbers, de 2023, já se tenham acrescentado números das unidades de componentes e artigos de pele:



sexta-feira, dezembro 08, 2023

Acerca da evolução de Portugal e da Roménia (parte II)

Ontem publiquei Acerca da evolução de Portugal e da Roménia. Também ontem li no JdN, "Peso dos bens transacionáveis na riqueza produzida quase estagnado".

Reparem no texto inicial do artigo:

"Valor acrescentado gerado pela produção de setores de bens transacionáveis atingiu mínimos em 2010 e desde então está quase estagnado. Perda de competitividade da indústria explica panorama. Valor acrescentado das exportações no PIB abranda."

Agora vamos à minha matriz produtividade versus competitividade:

Não devemos confundir produtividade com competitividade.

Não devemos cair no erro de ignorar a lição japonesa. 

Falta a parte dolorosa da transição. O aumento do valor acrescentado que é preciso tem de ser obtido à custa da evolução na horizontal para actividades com mais valor acrescentado. Não podemos esperar que a evolução desejada seja consequência de continuar a exportar o que já exportamos. O peso dos bens transaccionáveis não cresce por causa do mastim dos Baskerville, por causa do que falta. Já me repito: Depois do hype: O mastim dos Baskerville! 

No artigo pode ler-se:

"A diminuição do peso do VAB gerado pelos setores produtores de bens transacionáveis é explicada pela alteração do modelo de especialização produtiva da economia portuguesa, com os serviços a ganharem destaque nos últimos anos, a que se junta "a perda de competitividade de alguns dos principais setores de bens transacionáveis" em Portugal, com destaque para a indústria."

Na Parte I pode ver-se a evolução dos serviços em Portugal e Roménia, agora acrescento a Dinamarca:

É claro que a exportação de serviços tem muito mais potencial de valor acrescentado que as exportações da indústria. Não percebo esta argumentação.

Agora segue-se um momento de catequese. Uso esta palavra como um substantivo para nomear afirmações que ninguém contesta, mas que não são suportadas num plano verosímil:

"Carlos Tavares defende, por isso, que o objetivo central de Portugal "deve ser produzir mais e mais valiosos bens transacionáveis internacionalmente do que simplesmente aumentar o volume das exportações."

Quantos mais anos vão laborar no mesmo erro em que eu laborei por tanto tempo? Recordar: A brutal realidade de uma foto. E não, não é criando empresas maiores a produzir o mesmo que já se produz, é arranjar outros protagonistas para produzir coisas diferentes. Não cometam o erro de Relvas - Tamanho, produtividade e a receita irlandesa

sábado, dezembro 02, 2023

Um paralelismo?

Em Junho passado em Evoluir na paisagem económica escrevi:

"No final desta leitura recordo que procurei mentalmente fazer um paralelismo com a deslocalização do têxtil alemão para Portugal nos anos 60."

Nas últimas semanas mão amiga tem-me enviado alguns "recortes" sobre a economia alemã. O último foi este:

"companies' investment shifts are becoming more established: more than one in three companies (35 percent) are now planning to shift investments abroad (May 2023: 27 percent, February 2023: 27 percent, September 2022: 22 percent). Another 14 percent are planning to cut investments. Only 1 percent of companies stated that they wanted to increase their investments in Germany given the current situation. Relocation destinations are: other EU countries, Asia and North America (in that order)."

Também recebi este:

"Orders received by the German machine tool industry in the third quarter of 2023 were nine percent down in nominal terms on the same period last year. Orders from Germany declined by 8 percent whereas those from abroad fell by nine percent."

Entretanto por cá:

  • Metal perde vendas mas acredita em recorde anual
  • "Nem a metalurgia e metalomecânica, a indústria campeã das exportações, é imune ao arrefecimento das economias europeias, em especial, da alemã. Em setembro, as vendas ao exterior caíram 8,6% para 1859 milhões de euros, menos 175 milhões do que no mesmo mês de 2022. No entanto, no acumulado do ano, as notícias mantêm-se positivas, com as exportações a crescerem 7,1% para 18 173 milhões de euros, fazendo acreditar num novo máximo histórico em 2023." 

     

    sexta-feira, dezembro 01, 2023

    Brace for impact


    Quando o PS abandona o governo ...
    • "A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) reviu em baixa as previsões para a economia nacional, apontando agora para um crescimento de 2,2% para este ano, de 1,2% para 2024 e de 2% para 2025." (Fonte)
    • "Em setembro de 2023, as exportações e as importações de bens registaram variações homólogas nominais de -8,2% e -13,0%, respetivamente" (Fonte)
    • Taxa Euribor sobe a três e a seis meses e desce a 12 meses para menos de 4% (Fonte)
    • "O total de desempregados registados no País foi superior ao verificado no mesmo mês de 2022 (+14 231; +4,9% ) e no mês anterior. (+3 243;+1,1%)." (Fonte)
    Números do crescimento homólogo do desemprego em Outubro último:
    • Fabricação de têxteis: + 11,3%
    • Indústria do vestuário: + 15,8%
    • Indústria do couro e dos produtos do couro: + 66,6%
    • Fabricação de outros produtos minerais não metálicos: + 21,5%
    • Fab. equipamento informático, elétrico, máquinas e equipamentos n.e.. + 10,7%
    • Atividades imobiliárias, administrativas e dos serviços de apoio: + 11,8%
    • Atividades de informação e de comunicação: + 16,6%
     (Fonte)



              Foi um parágrafo, foi. Esperto!



              terça-feira, novembro 14, 2023

              A possibilidade do optimismo

              Ontem, no postal "Espero que não vos tremam as pernas quando as empresas começarem a cair como tordos" (Parte III) mostrei esta tabela:
              Fiquei satisfeito com a evolução dos produtos farmacêuticos. Recordo da semana passada, Menos dor na transição, este trecho:
              "É uma boa notícia e um exemplo concreto da teoria dos Flying Geese."
              Sobre a instalação de uma empresa farmacêutica no reino do calçado.

              O calçado, o têxtil e vestuário estão em queda? Sim, mas isso terá de ser a tendência para criar o nível de produtividade desejado no futuro. 

              O que é que o JdN de ontem escolheu para abordar?

              Na capa:

              Pena que não tenha salientado o lado positivo. Em 10 anos as exportações de produtos farmacêuticos cresceram quase 270%, as de calçado cresceram 10%.


              BTW, na mesma capa, ao lado, outro título:








              sábado, setembro 23, 2023

              Cuidado com o karma...

              Já por várias vezes escrevi aqui no blogue sobre o perigo que vejo na aposta da redução das importações. Recordo: Acerca de custos de oportunidade.

              Já agora, também recordo o perigo do karma, quando esquecemos de calçar os sapatos dos outros: Karma is a bitch!!! Ou os jogadores de bilhar amador no poder!

              Ontem encontrei "Portugal Sou Eu assume “forcing especial” para substituir importações na indústria" e sublinhei:

              "Além dos consumidores, que foram o foco nos primeiros anos, também quer sensibilizar as empresas para a escolha de produtos e serviços portugueses no seu consumo de bens intermédios, pois “o que tem acontecido é que aumentam as exportações, mas aumentam proporcionalmente as importações de matérias-primas e bens intermédios”. “Neste momento, o programa está a fazer um forcing especial junto das empresas, associando-se ao grande desafio ambiental de dissociar o crescimento económico do maior consumo de recursos”, adianta o presidente da AEP.

              E sendo a indústria transformadora, que é precisamente a que tem maior representatividade no Portugal Sou Eu, um dos setores com elevada incorporação de consumo de bens intermédios, acrescenta Luís Miguel Ribeiro, eleito em junho para um novo mandato à frente da associação patronal nortenha, “existe aqui um elevado potencial para a promoção da economia circular, a redução das importações e, por consequência, uma melhoria do saldo externo do país e o aumento do PIB” nacional."

              Queremos aumentar as exportações e reduzir as importações... por que é que os outros países não hão-de querer fazer o mesmo? Cuidado com o karma... 

              segunda-feira, setembro 11, 2023

              E as exportações?

              No JN de Sábado passado pude ler "Exportações caem mais de 10% em julho".

              10%?! É muito!!!

              Ah! Comparam o mês de Julho de 2022 com o mês de Julho de 2023.

              E o acumulado? Cai cerca de 1,2%.

              O JN escreve:

              "As exportações portuguesas registaram em julho uma quebra de 10,6% face ao mesmo mês do ano passado, recuando de 7,16 mil milhões de euros para 6,4 mil milhões. A venda de bens para Espanha e para o Reino Unido foram as mais penalizadas, com menos cerca de 300 milhões de euros. Os combustiveis, os químicos e os têxteis foram os bens com maior quebra. As estatísticas do comércio internacional divulgadas ontem pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) mostram que são os países da União Europeia que estão a afundar as exportações portuguesas. As vendas para o espaço comunitário caíram 424 milhões de euros, o que traduz uma descida de 8,8% face a julho de 2022.

              A maior quebra foi registada no mercado espanhol, com menos 181 milhões de euros (10%) vendidos. A estagnação das economias europeias também se repercutiu nas exportações para Itália (menos 20%), Países Baixos (menos 17%) e Alemanha (menos 9%).

              No comércio extracomunitário, a maior redução ocorreu com o Reino Unido"

              De seguida a nossa habitual tabela que compara evolução dos valores acumulados homólogos: 

              Interessante a heterogeneidade sectorial da evolução. Se retirarmos os combustíveis e lubrificantes as exportações globais estão a crescer quase 4%.

              Nos próximos meses vai-se juntar o impacte dos números da Autoeuropa.

              BTW:

              • as exportações do calçado estão quase iguais às do ano passado
              • o desemprego no calçado foi o que mais subiu em Portugal (mais de 15%)
              • vejo muita, mas mesmo muita heterogeneidade no sector (empresas que fecham e empresas cheias de trabalho)
              • o que se passa: impacte da inflação no volume de vendas? crescimento da subcontratação no Brasil e Marrocos?

              sábado, setembro 02, 2023

              Portugal vs Finlândia

              O parceiro das conversas oxigenadoras anda a publicar uns postais sobre a Finlândia. Fiquei curioso.

              • Qual a evolução do PIB per capita?
              • Que tipo de exportações?
              • Que complexidade económica?
              Comparemos Portugal e Finlândia.
              Em 1970 o PIB/capita português era cerca de 36% do finlandês.
              Em 1987 o PIB/capita português era cerca de 25% do finlandês.
              A partir deste século o PIB/capita português passou a ser cerca de 47% do finlandês.

              Finlândia - Perfil de exportações em 2021:
              Portugal - Perfil de exportações em 2021:
              Finlândia - Complexidade das exportações
              Portugal - Complexidade das exportações

              terça-feira, agosto 29, 2023

              Falta a parte dolorosa da transição (parte III)

              Parte I e parte II.

              O que escrevi na parte I?
              "O período 3 é falso, é rotundamente falso porque falta a parte dolorosa da transição. Falta criar as condições para os flying geese (A mudança bottom-up!The "flying geese" model, ou deixem as empresas morrer!!!). É preciso deixar as empresas morrer (e como isto é dificil politicamente, os desempregados são eleitores). No entanto, o que se faz é apoiar essas empresas para que dêem o salto de produtividade ... a sério?!"

              Afinal, os apoios nem são para ajudar as empresas a darem o salto de produtividade. Ontem no JN em "Desemprego atinge os concelhos industriais" li:

              "TRABALHO Os concelhos com maior propensão industrial foram os que registaram os maiores aumentos do desemprego nos últimos 12 meses. Mais de metade dos novos desempregados estáno Norte, sobretudo onde predominam os setores do têxtil e do calçado, que se queixam de falta de encomendas. Para travar os despedimentos, o Governo prepara-se para suportar parte do salário dos trabalhadores que estão parados.

              ...

              O setor do couro teve o maior aumento do desemprego, 15,4% Superior ajulho de 2022, e há empresários do calçado que pedem medidas para evitar "despedimentos em massa" (ler texto na página seguinte). Já o têxtil e o vestuário viram o desemprego subir acima dos 12%, porque "as empresas tiveram uma diminuição acentuada da procura", assinala Mário Jorge Machado, presidente da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal. Isto deve-se à conjuntura internacional que arrefeceu os mercados europeus, o que levou a que o retalho vendesse menos do que o esperado no ano passado, gerando-se "excesso de stock" que, este ano, se repercute num travão das encomendas, acrescenta. [Moi ici: Ainda ontem à tarde na RTP 3 ouvi uma declaração do presidente da ATVP sobre o têxtil e a sustentabilidade em que, entre outras coisas, dizia que era preciso aumentar o tempo de vida do vestuário. Eu sorri e pensei no impacte desse justo objectivo na rentabilidade das empresas e no emprego têxtil]

              ...

              O JN sabe que se trata de um programa dirigido aos trabalhadores das indústrias afetadas pela quebra de encomendas, nas quais se inclui o têxtil e vestuário.

              A ideia é que o IEFP financie uma parte dos salários, desonerando as empresas que, de outra forma, teriam de recorrer ao lay-off ou despedir. A portaria que regulamenta o programa será publicada no inicio de setembro e as formações devem arrancar nesse mês. A duração prevista é até ao final do ano, mas os empresários veem vantagens em prolongá-lo a 2024. [Moi ici: Entretanto, o presidente da Associação das Indústrias de Vestuário e Confeção (ANIVEC), César Araújo, diz que apesar do desemprego as empresas não conseguem contratar]"

              Recordar Tudo vai depender do tal jogo de forças (parte VI)  onde se fala da inversão de ciclo nas exportações portuguesas.

              É o medo atávico dos governos portugueses, que não querem deixar as empresas morrer e, por isso, amarram recursos escassos a empresas zombie.

              terça-feira, agosto 15, 2023

              Acerca das exportações portuguesas e espanholas

              Neste interessante artigo "La industria farmacéutica da el 'sorpasso al automóvil como mayor exportadora de España":

              O artigo chama a atenção para o peso das vacinas Covid-19 produzidas em Espanha e que não terão peso no futuro. No entanto, é interessante notar a evolução do perfil das exportações entre 2019 e 2022 na figura acima.

              Fiquei curioso e com vontade de comparar o perfil espanhol com o nosso:
              Quase 20% das nossas exportações são veículos e combustíveis (em Espanha pouco mais de 13%)

              Uma evolução assim faz-me pensar logo na evolução dos produtos farmacêuticos na Irlanda. 

              Vou numa próxima oportunidade comparar a evolução do perfil das exportações portugueses entre 2013 e 2023.




              quinta-feira, agosto 10, 2023

              Exportações - sobre o primeiro semestre de 2023

              Como referi em Inversão de ciclo até que ponto a metalomecânica está a ser, vai ser, o equivalente ao têxtil nos anos 70?

              Os animais vivos e aas preprações hortícolas continuam a sua estória de sucesso.

              Um lado que estas análises não revelam encontra-se neste artigo "Franceses e alemães ajudam a aliviar perdas das exportações têxteis em julho":
              "Em termos de grandes categorias de produtos, as exportações de matérias têxteis caíram 7% em volume e 1% em quantidade, valor enquanto nos têxteis-lar e outros artigos têxteis confecionados baixaram 9% em volume e 17% em valor. [Moi ici: Em tempos de crise o têxtil sofre logo] Já o vestuário, embora tenha vendido menos peças lá fora (-8%), conseguiu vendê-las mais caras (+9% em valor)."[Moi ici: Apesar de tudo, um bom sinal]
              Um acompanhamento pessoal, o vinho. Daqui "Exportações de vinhos portugueses sobem quase 4% para 447,6 milhões até junho":
              ""Nos primeiros seis meses do ano, as exportações totais de vinho atingiram os 447,6 milhões de euros, 158,3 milhões de litros, a um preço médio de 2,83 euros por litro",[Moi ici: Come on, que preço mixiruca é este?] indicou, em comunicado, a ViniPortugal. Em comparação com o mesmo período de 2022, verificou-se um crescimento de 3,4 milhões de litros nas exportações em volume, 16,8 milhões de euros em valor e 0,05 euros no preço médio."




              quinta-feira, agosto 03, 2023

              Tudo vai depender do tal jogo de forças (parte VI)

              Há um ano escrevi aqui "Qual o resultado final?"

              Qual o resultado final do balanço de forças entre a procura tradicional das empresas portuguesas (sector transaccionável) e a procura na Ásia para satisfazer os mercados que as empresas portuguesas já servem ou podem vir a servir.

              Depois, em Setembro de 2022 escrevi "Como eu gostava de saber" (parte I e parte II)

              Na sequência desse tema desenvolvi uma série de postais sobre o tema "Tudo vai depender do tal jogo de forças" (parte I, parte II, parte III, parte IV e parte V).

              Já em Julho passado fui obrigado a escrever "Inversão de ciclo", perante a evolução dos números das exportações.

              Entretanto, ontem no FT encontro "China's factories bear brunt of the economic slowdown":

              "From slowing global demand to rising geopolitical tensions and a tentative post-Covid recovery, China's manufacturers are tackling some of the strongest headwinds in years.

              ...

              Factory activity, one of the main pillars of growth during the pandemic, has slowed for four consecutive months to July 31, according to official statistics.

              ...

              Feng Tai Footwear exemplifies the difficulties faced by the low-technology manufacturers on which China's economic success has been built. Before the pandemic it sold some 5mn pairs of shoes a year to clients such as Walmart and Target. This year it will do well to sell 3mn. Orders for the second half of this year are down at least a third compared with last year.

              "Our sector is in misery," said chief executive Eddie Lam, who runs more than 10 manufacturing plants in China and employs more than 3,000 workers. "Orders often get cancelled halfway. We are basically at a standstill," he added. The country's monthly export delivery value of goods made with leather, fur or feathers as well as footwear has fallen more than a third from 2019, hitting nearly Rmb17bn ($2.4bn) in May this year.

              ...

              Some clients have asked if the company can set up factories outside China, but Feng Tai has no plans yet.

              "The US knows very well it cannot risk decoupling from China," Lam said. "I just don't see the advantage of moving production to south-east Asia with higher supply chain costs and additional investments required.

              ...

              "We have to consider [China] 'plus one' or even more," said Ho, managing director of Tien Sung Group, of global tensions and supply chain disruptions. "We can't put all our eggs in one basket."[Moi ici: Aqui recordo o banhista gordo]"

              BTW, este gráfico faz-me lembrar o esquema dos Flying Geese:


              Vamos ver se o governo chinês resiste à tentação de, também ele, usar a receita portuguesa: proteger o passado e hipotecar o futuro. Porque como se lê no artigo, é desejo do Presidente Xi Jinping optar por um crescimento "de alta qualidade" que favorece as indústrias de tecnologia em detrimento dos vastos centros de fabrico que produzem bens de consumo básicos.

              domingo, julho 16, 2023

              Inversão de ciclo


              No final de Fevereiro o calçado estava a crescer 9% nas exportações homólogas, no final de Maio esse valor já estava em terreno negativo.

              As exportações de têxteis e vestuário há 8 meses que apresentam variações homólogas negativas em quantidade.

              O número de insolvências registou um crescimento homólogo de 28%, em junho, com 384 empresas insolventes. No entanto, no acumulado do ano ainda se mantém baixo dos valores do ano passado (-2,7%), com um total de 2055 insolvências, de acordo com a Crédito y Caución. Já as constituições de empresas caíram 13%, mas manteve-se um acumulado positivo.

              Estamos perante uma inversão. Algo de muito interessante é a heterogeneidade intersectorial. No mesmo sector empresas cheias de trabalho coexistem com empresas sem encomendas.

              No final do ano passado reflectia sobre: "Tudo vai depender do tal jogo de forças", qual a resultante das forças da recessão, da quebra do consumo versus o aumento da procura com o fim da globalização. A tendência parece evoluir no agregado para o lado da diminuição.

              \Outro tema que me tem acompanhado no último mês é o da evolução da metalomecânica. Será que a metalomecânica é o novo têxtil dos anos 70? 

              sábado, junho 10, 2023

              Evolução das exportações em 2023

              O meu habitual painel de controlo sobre as exportações com base nos dados do INE para os quatro primeiros meses do ano:


              Alguns sectores com desempenho muito positivo, a crescer a dois dígitos (um com um crescimento verdadeiramente pornográfico - o dos produtos farmacêuticos - no ano passado o salto deu-se em Maio)

              Vários com desempenho negativo, algo que não se viu no ano passado (vestuário, cerâmica, plásticos).

              Crescimento marginal do sector do calçado - a minha experiência pessoal é um bom exemplo da heterogeneidade de um sector. Em simultâneo estórias de falta de trabalho e de excesso de trabalho, julgo que decorrentes do tipo de clientes servidos.

              Mobiliário a crescer muito mais do que em anos anteriores.

              Fabrico de máquinas teve o melhor mês de sempre. BTW, ontem no Twitter @kamilkazani publicou esta imagem:

              O engraçado é andar há dias a pensar no que seria repetir-se aquela transição dos anos 60-70 com a deslocalização de produção na Alemanha para outros países europeus (não esquecendo o efeito do banhista gordo).






              terça-feira, maio 16, 2023

              Acerca de custos de oportunidade

              Volta e meia aqui no blogue recordo as tontices de Paulo Portas e muitos outros que querem substituir importações por produção nacional, como o bicicletas.

              A explicação do problema da substituição das importações por produção nacional faço-a aqui em Live and let live (Fevereiro de 2022) e em Como se pode ser tão burro e cometer sempre os mesmos erros??? (Agosto de 2020).

              Por que volto ao tema? Por causa de um artigo publicado ontem no Correio da Manhã, "País compra cada vez mais peixe e conservas lá fora":

              De acordo com os dados do INE:

              • as exportações homólogas de peixe no 1º trimestre deste ano cresceram 17%, e as de conservas cresceram 20%
              • as importações homólogas de peixe no 1º trimestre deste ano cresceram 6%, e as de conservas cresceram 15%

              Nunca esquecer que exportamos produtos de gama superior aos que importamos. Se ocupamos capacidade produtiva com margens baixas, não a temos para produzir gamas mais altas.

              As primeiras semanas de lockdown em 2020 mostraram o quanto o peixe da gama alta vai para fora a bom preço, preço que os tugas nunca poderão suportar.