Primeiro estes números:
Desde Q4 2019 até Q1 2023 os custos do trabalho cresceram 19%. Como refere Nogueira Leite no Twitter:"Aliás é aquele em q os ganhos relativos dos salários foram mais expressivos"
Recordo do ECO, "Portugal é o país da OCDE com o maior aumento real dos custos laborais"
Entretanto, no Expresso encontro:"O aumento do emprego, como aconteceu em Portugal no segundo trimestre deste ano, é sempre positivo. Mas nem tudo foram boas notícias nos números divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). É que o emprego mais qualificado caiu. E caiu muito.Entre o segundo trimestre de 2022 e o segundo trimestre deste ano, contam-se no país menos 128 mil pessoas empregadas com ensino superior. Um recuo de 7,3%. E "a comparação homóloga regista uma queda pelo quarto trimestre consecutivo" salienta uma nota de análise do BPI."
No Público li, "Ao fim de nove meses, número de trabalhadores licenciados voltou a subir":
"Num mercado de trabalho em que o emprego continuou a crescer (mais 54,7 mil empregos face ao trimestre imediatamente anterior e mais 77,6 mil empregos face ao período homólogo do ano anterior), esta quebra em termos homólogos no número de trabalhadores licenciados tem como contraponto um aumento do número de trabalhadores com niveis de ensino mais baixos. Passou a haver, DOS últimos 12 meses, mais 171,3 mil trabalhadores que não foram além do terceiro ciclo do ensino básico.
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O que é que terá acontecido nos três trimestres anteriores para se assistir a um retrocesso? A explicação poderá estar na forma como a economia portuguesa tem crescido mais recentemente. De facto, a maior parte dos empregos criados em Portugal nos últimos 12 meses veio, mostram
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a maior parte dos empregos criados em Portugal nos últimos 12 meses veio, mostram os dados publicados ontem pelo INE, do sector do alojamento e restauração (mais 74,3 mil empregos) e do sector da construção (mais 40,7 mil empregos). Estes são sectores que, em média, tem trabalhadores com níveis de ensino mais baixos"
Ainda no Expresso encontro "Turismo e construção puxam emprego em Portugal para novo máximo"
Salários a aumentar e produtividade relativa a cair ano após ano ...
Ou eu me engano muito, ou o caldinho que se está a preparar não é o melhor:
- salários a crescer mais do que a produtividade - em vez de gerar morte das empresas com menos valor acrescentado, mata emprego qualificado… isto é tão weird. Especulo que só acontece por causa da facilidade em importar mão de obra barata.
- salários a crescer mais do que a produtividade - em vez de gerar o flying geese que mata as empresas com menos valor acrescentado, gera uma abordagem que alimenta os sectores não transaccionáveis (competitivos pelos custos).
- Sucesso das empresas competitivas pelos custos gera empobrecimento garantido.
Agora vou repousar uns dias para carregar pilhas.
Isto é quase 1 metáfora mas dá bem ideia da tragédia da última década. E nem contabilizamos os custos emocionais para quem parte, a solidão dos progenitores envelhecidos q ficam etc. tudo por um modelo de deixa andar que a maioria (os velhos) privilegiam (e do qual serão vítimas) pic.twitter.com/05ajc2K1dC
— Αntonio Nogueira Leite (@al_antdp) August 10, 2023