quinta-feira, outubro 06, 2011

Mais um exemplo

"Exportações de cortiça crescem mais de 11% até Julho":
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"Carlos de Jesus sublinha ainda que, para este bom desempenho, foi determinante a recuperação da quota de mercado da cortiça, pela primeira vez em dez anos, após superar a concorrência dos vedantes artificiais.

Segundo o responsável da APCOR, o grande trunfo foi o investimento em investigação e desenvolvimento e a criação de novos produtos, que permitiram demonstrar "a qualidade intrínseca das rolhas de cortiça".

Acresce que a cortiça tem assegurado a expansão em áreas de negócio relacionadas com a sustentabilidade, como os materiais de construção e de isolamento, bem como o design. "Temos beneficiado do facto dos consumidores procurarem produtos mais sustentáveis e de ter havido um grande esforço a nível de comunicação e de novas aplicações", conclui Carlos de Jesus."

Não é preciso ser doutor para criar empresas com futuro (parte II)

Após o rol de problemas em empresas têxteis que aqui são referidas, fica bem... sabe bem, mais de 3 anos e meio depois, com uma grande recessão internacional pelo meio, descobrir que a Inarbel continua a sua caminhada bem sucedida.
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Primeiro, recordar a parte I.
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Depois, ler "Jogar ao ataque nos mercados internacionais"... um exemplo vivo do que é ter pensamento estratégico:
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"Após o diagnóstico, em 2002 tomou uma decisão que alterou a dinâmica da Inarbel: José Armindo decidiu apostar numa nova marca de roupa para bebé, criança e adolescentes até aos 16 anos, a Dr. Kid. (Moi ici: Criação de uma marca destinada a um público-alvo)
O porquê dessa decisão explica-a em duas pernadas: "Com as empresas a fugirem para as fábricas do Leste europeu, primeiro, e da Ásia, depois, achei que a solução passava por criar uma marca própria, de gama média-alta, (Moi ici: Gama média-alta, ou seja, nicho. Subida na escala de valor) que me garantisse sempre uma parte da produção da fábrica." (Moi ici: Conjugar marca própria com private label. A marca própria serve de exemplo, de montra do potencial da empresa para trabalhar em private label)
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"Prospecção feita em vários mercados, criou um departamento de Marketing e Planeamento, contratou uma estilista, e a primeira colecção da Dr. Kid chegou ao mercado em 2003. Mas as mães portuguesas não eram o único público-alvo que o empresário queria cativar. Espanha e Estados Unidos foram definidos logo à partida como mercados prioritários. (Moi ici: Como disse a administradora da Lusomedicamenta, "um mercado de 10 milhões é muito pequeno", e para quem trabalha para nichos ainda mais pequeno. É preciso seguir a receita alemã, correr o mundo à procura de clientes-alvo sintonizados com a proposta de valor em vez de ter uma fábrica dilacerada por n propostas de valor, algumas até contraditórias entre si)
Já com duas estilistas em permanência, a Dr. Kid pode ser encontrada em 22 países, tão diferentes como Rússia, México, Inglaterra, França, Turquia, Grécia, Ucrânia, onde chega através de uma rede de 40 agentes estrangeiros. Em Portugal tem cinco lojas próprias, todas num raio de 50 quilómetros da fábrica, e 200 clientes de retalho através dos quais está presente em lojas multimarca.
A marca foi crescendo, reposicionou-se para um público até aos 12 anos, e "agora já tem a enormíssima responsabilidade de representar entre 30% a 40% da nossa produção", refere. "Não quero crescer muito mais com a marca. Porque também é um risco: se tivermos o azar de um ano não acertar bem com as colecções ou se houver uma quebra significativa no consumo de um dos mercados mais importantes, isso vai reflectir-se na facturação da empresa."
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Tal como outras empresas do sector, José Armindo sente o regresso a Portugal de marcas internacionais que na última década tinham optado por países de produção mais barata. "Agora já me posso dar ao luxo de seleccionar os clientes. (Moi ici: Cá está a tal onda que também se sente nos EUA e que pode compensar o efeito da recessão europeia) Isso porque fizemos uma aposta muito forte na internacionalização e também no delinear de uma estratégia", justifica. E, além da qualidade reconhecida, tanto da marca própria como dos trabalhos desenvolvidos para outras empresas, reconhece que o "made in Portugal" é sinónimo de qualidade". "Aliás, tenho clientes que me pedem mesmo para colocar na etiqueta 'Made in Portugal' e não 'Made in União Europeia'", ilustra. (Moi ici: E esta hem!!!)

Como o mundo mudou...

No dia da morte de Steve Jobs recordo o final dos anos 80 do século passado onde, no meu ZX Spectrum, programava no mais básico BASIC a produção de uns gráficos tridimensionais que permitiam visualizar o comportamento de um corante, a rodamina B, ao longo do rio Douro, entre Salto de Castro e Miranda do Douro. Primeiro passo para o esforço de modelização do comportamento do rio como um reactor pistão não ideal.
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Como o mundo mudou...
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E Jobs percebeu, muito antes do mainstream, o truque da vida no planeta Mongo:
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"... in a way that science can't capture..." (ver entre o minuto 4:03 e o minuto 4:09)
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E o truque é esse, salientar o que a ciência não pode capturar. Tudo o que a ciência captura, é algoritmizável e transformável em trabalho de máquinas.

Onde estava durante o deboche da orgia despesista?

""Acabaram os tempos de ilusões. Temos um longo e árduo caminho a percorrer, para o qual quero alertar os portugueses de uma forma muito directa: a disciplina orçamental será dura e inevitável, mas se não existirem, a curto prazo, sinais de recuperação económica, poder-se-á perder a oportunidade criada pelo programa de assistência financeira que subscrevemos", afirmou Cavaco Silva nas comemorações do 101.º aniversário da implantação da República, nos Paços do Concelho, em Lisboa." (Moi ici: O que se entenderá por "sinais de recuperação económica"? Basta a mais pura e básica matemática para ver qual a composição da economia portuguesa. Sinais de recuperação económica significa que 30% da economia teria de compensar a quebra dos outros 70%? Será razoável?)
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"Portugal e os portugueses devem assim redescobrir a “austeridade digna”: poupar, conter “gastos desmesurados”, consumir produtos nacionais e fazer turismo no país." (Moi ici: Poupar? Mas ainda há dias o presidente apoiou incondicionalmente um QE pelo BCE, uma das melhores formas de destruir poupança!!! Onde está a coerência?)
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"A crise que atravessamos é uma oportunidade para que os portugueses abandonem hábitos instalados de despesa supérflua, para que redescubram o valor republicano da austeridade digna, para que cultivem estilos de vida baseados na poupança", referiu o chefe de Estado, acrescentando: (Moi ici: E quem é que define o que é despesa supérflua? Será de proíbir a produção nacional de artigos considerados supérfluos? Existe uma regra para definir o que é supérfluo? Por exemplo, quando uma fábrica de Arrifana fabrica sapatos que vão ser vendidos a 2000 euros o par na Ginza, está a fabricar um artigo supérfluo? E quem os compra deve ser punido?) "Perdemos muitos anos na letargia do consumo fácil e na ilusão do despesismo público e privado." (Moi ici: Onde esteve estes anos todos enquanto o Estado esbanjava?)
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Trechos retirados de "Cavaco Silva: "Acabaram as ilusões e não bastam sacrifícios""

quarta-feira, outubro 05, 2011

Pena que os media ...

O JdN ontem dedicou duas páginas  ao tema do "Encerramento de empresas":
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"Oliveira do Conde, Carregal do Sal, 8 de Setembro: cerca de 100 operários da fábrica de confecções Integal regressam de férias. Com três meses de salários, subsídios e outras remunerações em atraso, ficam também agora sem trabalho. Nas portas da empresa, oportunamente encerradas, encontraram colado um singelo papel a informar de que a empresa tinha iniciado o há muito temido processo de insolvência. Alguns dos trabalhadores, na maioria mulheres, não aguentaram a angústia e tiveram que ser encaminhados para o hospital. Não foi fácil descobrir pequenas, médias e grandes empresas que usaram, bruscamente no último Verão, este expediente para atirar os seus trabalhadores para o desemprego.
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Rua Vilarinho de Freires, Leça do Balio, 13 de Setembro: vários trabalhadores da empresa têxtil Balisantos, que estavam de férias, são despedidos por carta.
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Esmoriz, 2 de Setembro: nove trabalhadores da empresa de tapeçarias AS Pereira regressam de férias. Mas mal entram na fábrica, as oito mulheres e um homem são informados pela administração de que a empresa iria encerrar, pois as dificuldades eram muitas e as encomendas estavam limitadas a um único cliente.
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Os 97 trabalhadores da Gamor, empresa têxtil de Santiago de Bougado, na Trofa, foram de férias com dois subsídios (Natal e férias) , o mês de Agosto e horas extraordinárias por receber. No dia 5 de Setembro, segunda-feira, quando regressaram do ao trabalho depararam-se com a luz cortada.
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Os 85 trabalhadores da Milopos, uma das últimas grandes unidades têxteis de Viana do Castelo, foram de férias com os salários de Julho e Agosto e o subsídio de férias em falta. No dia 19 de Setembro, regressaram ao trabalho, mas na empresa nada havia para fazer. Na prática, regressaram a uma fábrica entretanto encerrada."
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Olhando para este cenário o que pensar do futuro do têxtil no nosso país?
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Começam logo os impropérios contra os chineses e outros...
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"As exportações do têxtil estão de boa saúde. De acordo com a Associação Têxtil e Vestuário de Portugal (ATP), de Janeiro a Julho de 2011, a indústria portuguesa do têxtil e do vestuário exportou 2.454.802.000 euros, mais 258.292.000 euros do que no mesmo período de 2010, o que representa um crescimento de 11,8 por cento. Mesmo prevendo-se algum abrandamento no segundo semestre, dado que o nosso principal mercado de destino, a União Europeia, em que se destacam mercados de exportação como a Espanha, França, Alemanha, Reino Unido e Itália, evidencia sinais de retracção no consumo.
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O têxtil, o vestuário e a moda portugueses, no seu conjunto, são um bom exemplo de afirmação bem sucedida nos mercados interno e externo e depende cada vez mais dos modelos de negócio e das boas práticas de gestão e inovação, que garantam competitividade. Se a estes forem somados estratégia, planeamento, sustentabilidade e visão, numa lógica de mercado global, os produtos de sucesso são um resultado expectável. Não surpreende, pois, que num contexto de dificuldade e de desaceleração da economia mundial, as exportações do têxtil e do vestuário portugueses continuem a aumentar significativamente. Portugal exportou para 168 destinos, em diferentes regiões do globo, com 84 por cento do valor total a ficar-se pelos países da UE, ocupando a Espanha o primeiro lugar, com 29 por cento do cômputo geral.
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Neste intenso contexto de mudança, embora nas duas últimas décadas se tenha verificado o desaparecimento de um elevado número de empresas, a indústria do têxtil e do vestuário soube reinventar-se, inovando e crescendo, identificando actualmente três caminhos para empresas do sector: marca e distribuição de moda, têxteis técnicos e funcionais e private label sofisticado. Estas três opções estratégicas são referidas pelos responsáveis empresariais do sector como incontornáveis na ascensão na cadeia de valor do produto, de forma a continuarem competitivas em nichos de mercado de maior valor acrescentado.
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De acordo com os dados mais recentes disponibilizados pelo Community Innovation Survey (CIS), 64 por cento das empresas portuguesas da indústria têxtil, vestuário e calçado adquiriram maquinaria, equipamento e software entre 2006-2008, com 37 por cento a realizarem actividades de I&D dentro da própria empresa e 14 por cento a adquirirem externamente I&D para aplicação na empresa. É um dado adquirido que ndústria Têxtil e Vestuário (ITV) continua a investir em I&D. A prova disso são os seus mais recentes produtos, com uma forte componente inovadora. Os números também falam por si. Na realidade, uma parte considerável do valor do sector têxtil português, que produz cerca de 6 mil milhões de euros – 61 por cento dos quais provêm da exportação – é classificada de têxteis técnicos, ou seja, são produtos tecnologicamente sofisticados, que inovam pelas técnicas de fabrico ou pela qualidade das matérias-primas."
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Afinal a culpa não é dos chineses... é a vida!
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Quando não há estratégia, quando não há inovação, quando não há re-invenção, quando se acredita que o queijo vai lá estar sempre amanhã, como mais um direito adquirido... nada feito! Porque, por vezes, mesmo com estratégia, mesmo com inovação, mesmo re-invenção e espírito de luta... nada está garantido à partida... é a vida! Mas é mesmo, no esplendor da sua amoralidade.
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Pena que os media dediquem muito mais tempo ao sangue do que às milhares de empresas anónimas que vão descobrindo caminhos de sucesso. Pena que os media  não enquadrem os casos negativos com o cenário global do sector para se perceber que destruição criativa é isto, que aumentar a produtividade é isto, que dar a voilta por cima é isto.
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Segundo conjunto de trechos retirados do número de Outubro da revista "Portugalglobal"

By-pass à banca

"Um dos aspectos notáveis, quando analisamos o conjunto da proposta de novos negócios é a capacidade de detectar oportunidades que antecipam as profundas modificações da procura que a actual crise vai desencadear. A flexibilidade, o aluguer em vez da compra, a redução do investimento inicial e as parcerias estiveram presentes na generalidade das propostas. Um exemplo concreto foi o de um carro de supermercado para pessoas que se deslocam em cadeiras de rodas, que foi desenvolvido em parceria com um fornecedor português de carrinhos de supermercado.
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Também as empresas em fases mais avançadas do seu ciclo de vida têm vindo a evidenciar uma capacidade de se reinventar que surpreende quem suspeitasse do seu imobilismo. O calçado português tem-se destacado pela inovação do "design" e capacidade de crescer em período recessivo. Outros sectores, do metalo-mecânico ao mobiliário, da agricultura ao turismo, evidenciam igualmente uma revolução que desafia ou cavalga a crise - balança comercial positiva no comércio do azeite ou o reconhecimento de Lisboa como oferecendo dos melhores "hostels" do Mundo confirmam essa tendência de adaptação às novas tendências do mercado, interno e externo, tendo a balança comercial vindo a bater recordes de redução do "deficit"."
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"No entanto, uma pesada nuvem paira sobre este esforço de renovação do tecido económico - a contracção do crédito bancário não cessa de se agravar, apesar do crescimento que os depósitos bancários têm registado. O desequilíbrio acumulado e a impossibilidade de renovação dos financiamentos levam a banca nacional a restringir cada vez mais o financiamento das empresas." (Moi ici: E para que serve o sistema bancário de um país? Se um sistema deixa de cumprir a sua função primordial, deixa de satisfazer a sua razão de ser... então, deixa de ter sentido a sua existência. Viable Systems Model - systems 1 de Stafford Beer. Claro que a Natureza tem horror ao vazio...)
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as empresas devem buscar financiadores internacionais, de preferência sob a forma de capitais próprios. Embora ainda escassas, são já várias as operações efectuadas junto do mercado para as PME alemão, de grandes empresas americanas como a Intel ou a Cisco, ou de empresas de "private equity". Finalmente, há ainda a considerar o crowd-funding, um modelo baseado nas redes sociais que permite o contributo de numerosos pequenos investidores para projectos de mérito reconhecido pela opinião pública. (Moi ici: Aquela velha proposta deste blogue de "fazer by-pass ao país" vai ainda mais longe... fazer by-pass ao sistema bancário do país, como a Douro Azul recentemente. A Martifer não o tentou, ou não o conseguiu fazer... e pressionada pelos bancos vendeu um investimento com pouco mais de 2 anos... )

Trecho retirado de "Financiar o crescimento" de José Paulo Esperança publicado ontem no JdN.
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ADENDA: A Martifer não o quis fazer... percebi agora ao recordar este documento de Fevereiro deste ano (diapositivo 28)
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ADENDA (6 de Outubro): Agora fiquei um bocado confuso ... "Martifer vende centrais fotovoltaicas a fundo do BNP Paribas"

Um velho carro cubano

Como no filme "Inception":
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"Maior maternidade do país em risco com recusa de anestesistas ao novo pagamento"
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Um velho sonho vai ruindo e desfazendo-se ...
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O título concentra-nos na atitude dos anestesistas. Pessoalmente destacaria os oito meses de salários em atraso.
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E anda a suposta nata deste país na escola, a tentar conseguir um lugar em Medicina para entrar neste mundo... graças a Deus resisti a essa tentação.

Ter memória

Comecei este blogue por 3 ou 4 motivos. Um deles era o de prolongar a minha memória, ter uma base de textos, impressões e reflexões, sobre o que vou encontrando e lendo na minha vida profissional, que fosse facilmente acessível e pesquisável.
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É bom ter memória... costumo dizer nas empresas, sem registos não há memória, sem memória não se aprende.
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Por falar em ter memória...
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"Ricardo Salgado - que já vinha com uns slides preparados - defendeu os projectos de construção da rede de TGV que ligará Portugal a Espanha e do Novo Aeroporto. Portugal, diz, respondendo às questões do jornalistas, Ricardo Salgado, "vai desenvolver-se através da aposta nos serviços e estes estarão inevitavelmente associados aos transportes". Alertou para o facto de só Madrid ter um PIB maior de que o português e de isso se agravar se não se construir a rede de TGV. Pelo que o Governo deve avançar com a realização, "tão cedo quanto possível", destas obras."
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1 semestre depois o país tinha o seu primeiro PEC e a apartir daí foi o que sabemos...
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O que diz isto sobre a capacidade de antecipação estratégica de um banqueiro?

Impunidade

"A ribeira de Alcarrache ficou por desmatar, numa extensão de 1500 hectares ao longo da linha de água. As organizações de defesa do ambiente identificaram no território importantes nichos ecológicos e negociaram com a Empresa de Desenvolvimento e Infra-estruturas de Alqueva (EDIA) a manutenção do montado de azinho, que acabou submerso.
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No entanto, na Ribeira de Alcarrache milhares de árvores continuam submersas sob 15 metros de água e os habitats que se pretendiam preservar estão irremediavelmente perdidos, quando o objectivo era não perturbar a fauna que ali vive, nem mexer na flora."
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"O sacrifício do montado de azinho na área inundada pela albufeira de Alqueva continua a ter lugar em território espanhol, decorrida quase uma década após o encerramento das comportas da grande barragem do sul, a 8 de Fevereiro de 2002. Razões de segurança para a navegação sustentam o corte de mais de 4000 azinheiras. A Confederação Hidrográfica do Guadiana, entidade que gere a bacia do rio ibérico no país vizinho, apresenta uma outra explicação: foram atingidas cotas de enchimento da barragem portuguesa que "não eram previsíveis"."
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A impunidade campeia... faz lembrar o que os árabes recordam dos cruzados na Terra Santa: gente que não respeitava acordos.
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Trecho retirado de "Alqueva: espanhóis retiram azinheiras submersas"
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É nestas alturas que sinto a falta de um A-Team e de um Hannibal Smith para apertar os calos a gente sem escrúpulos. 

Crendices e cargo cult (parte II)

Volto ao artigo de Miguel Lebre de Freitas ontem no JdN.
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O gráfico do artigo ilustra bem a diferença entre o mundo dos bens transaccionáveis (sujeitos a importações e exportações, sujeitos à concorrência internacional) e a loucura dos bens não-transaccionáveis... 

Nós funcionamos com base em estímulos e é muito difícil resistir-lhes:

Quem tinha capital para investir e quisesse retorno rápido... onde o faria?
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O gráfico ilustra bem quem é que vai sofrer a sério com o Período de Desalavancagem Em Curso (PDEC) ... e reparem, onde está situado esse poder? Qual a relação dos bancos com esse poder?

TGV, Beja, a loucura ainda foi maior do outro lado

A nossa sorte foi a crise internacional ter abortado os planos do governo para Portugal.
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Sem ela, continuaríamos com o embalo que queria desfazer uma serra para atapetar um lago de Inverno e construir um aeroporto servido por um TGV para fazer as vezes de metro (Jorge Coelho dixit em tempos).
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Com ela, 5 linhas de TGV e um novo aeroporto não avançaram.
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Apesar dela, o aeroporto de Beja avançou.
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Em Espanha, onde o cainesianismo era mais antigo e os cofres do país mais recheados não construiram um aeromoscas...
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"But of the 48 regional commercial airports built in the debt-ridden country in less than 20 years, only 11 make a profit."
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"Spain's white elephants – how country's airports lie empty"
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E isto não é crime?

terça-feira, outubro 04, 2011

Crendices e cargo cult

É essencial perceber que existem 3 economias no país.
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"Preços"
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"Por exemplo, ao longo do período 1995-2009, os preços dos bens "locais" aumentaram. Porquê? Porque durante todo aquele período, a procura interna aumentou mais do que a oferta interna e os bens locais não podem ser importados. A subida do preço dos bens "locais", por sua vez, motivou a reorientação da produção em seu favor e o desvio do consumo para as importações. O impacto na estrutura produtiva e no défice externo é bem conhecido."
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E o governo, numa demonstração de "cargo cult" utilizou dinheiro, em 2009, para apoiar a economia dos bens "locais".
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E que tal apoiar o abate de veículos para importar mais carros novos?
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Há que subsidiar as economias do centro da Europa com o dinheiro saqueado aos contribuintes portugueses.

Judean People's Front vs The People's Front of Judea? (parte II)

A melhor forma de resolver a contradição da "parte I" é olhar para os números:
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"Ocupação nos hotéis de 5 estrelas foi a que mais subiu em Julho"
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Acabo de ler no "A Origem das Marcas" de Al Ries e Laura Ries:
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"Nas palavras de Darwin, "a natureza favorece os extremos". (Assim é no branding, onde a natureza favorece os extremos)"
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O muito caro e muito barato!
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Triste é quando a preguiça mental toma conta dos primeiros.

O valor não se troca nem cria na transacção, emerge durante o uso

"Challengers win by pushing customers to think differently, using insight to create constructive tension in the sale. Relationship Builders, on the other hand, focus on relieving tension by giving in to the customer's every demand.
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Where Challengers push customers outside their comfort zone, Relationship Builders are focused on being accepted into it.
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They focus on building strong personal relationships across the customer organization, being likable and generous with their time. The Relationship Builder adopts a service mentality. While the Challenger is focused on customer value, the Relationship Builder is more concerned with convenience. At the end of the day, a conversation with a Relationship Builder is probably professional, even enjoyable, but it isn't as effective because it doesn't ultimately help customers make progress against their goals."
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Trecho retirado de "Selling Is Not About Relationships" de Matthew Dixon e Brent Adamson.
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Se o valor de uma oferta emerge durante o seu uso pelo cliente, então, mais do que tornar a transacção agradável, o que continua a ser importante, há que descobrir ou desenhar a melhor solução para cada valor. Como escrevem Irene Ng e Gerar Briscoe:
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"Overall, the firms came to the realisation that an asset was not a ‘sacred cow’ and that the better it was at absorbing contextual variety of use, the less it would depend on human capability and the easier it would be to scale and replicate across contracts. Furthermore, our study suggests that organisations structured around manufacturing require a re-evaluation of their operational elements and viability when they transform into a full-service organisation. We argue for a transformation in the customer relationship to help realise the value proposition that firms offer."
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Trecho retirado de "Value, variety and viability: designing for co-creation in a complex system of direct and indirect (goods) service value proposition" de Irene Ng and Gerard Briscoe

Um livro sobre o planeta Mongo

Al e Laura Ries escreveram "The Origin of Brands: How Product Evolution Creates Endless Possibilities for New Brands".
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Comecei a ler o livro e rapidamente percebi que era sobre o advento do planeta Mongo.
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"divergência, a menos compreendida e mais poderosa força na Terra.
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O fenómeno que se se registou na natureza também está a ocorrer nos produtos e serviços.
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Eventualmente, todas as categorias irão divergir e tornar-se em duas ou mais categorias, criando infinitas oportunidades para o brand building.
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A interligação entre a evolução e a divergência providencia um modelo capaz de nos fazer compreender o Universo e, em particular o universo das marcas.
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A evolução recebeu todos os louros. Porém, ela não pode ser a única responsável pelas imensas espécies tão diversas e originais. Se não fosse a divergência, a evolução, por si só, teria criado um mundo povoado por milhões de procariotas do tamanho de dinossauros."

Macedónia

segunda-feira, outubro 03, 2011

Umberto Eco tem uma história deste tipo (parte II)

Continuado daqui.
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E na sequência de "Uma economia em transformação", depois de ler "'Podemos ter de fechar lojas', avisa Miguel Mota Freitas da SONAE SR".
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Mesmo os auto-denominados líderes de mercado ... ponderam o encerramento de lojas. Embora o exemplo dado das lojas Vobis não faça sentido. Em minha opinião essas lojas fecharam por não se terem diferenciado o suficiente da concorrência das FNACs.

A minha evolução

No final dos anos 80 do século passado descobri o mundo da qualidade.
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Comecei pelo mundo da melhoria da qualidade com "Guide to Quality Control" de Kaoru Ishikawa, Juran, com o SPC e com os métodos Taguchi.
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Depois, com a ISO 9001, a empresa onde trabalhava certificou-se em... 1992.
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Dediquei os anos 90 do século passado ao mundo da garantia da qualidade e da ISO 9001, primeiro como responsável da qualidade nas empresas onde trabalhava, depois como consultor, formador e auditor.
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Trabalhar no mundo da garantia da qualidade ajudou-me a crescer, a conhecer as empresas, a apoiar empresas que não tinham planeamento da produção, que não tinham especificações, que não tinham controlo da qualidade, que não definiam objectivos, que não aprendiam com os erros.
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Tenho consciência que algumas empresas trabalhavam para ter uma bandeira, mas para muitas foi um trabalho útil porque as tornou mais eficientes, mais organizadas, dotadas de números sobre a produção e a qualidade.
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Hoje, dedico apenas uma pequena parte do meu tempo profissional à ISO 9001, não só porque se trata de um mundo commoditizado, qualquer recém-licenciado pode trabalhar como consultor, mas também porque só aceito participar em projectos que não violem a minha consciência.
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Durante esses anos 90 acreditava que a batalha da eficiência era suficiente para as empresas.
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Hoje, sei que a eficiência não é tudo. Hoje sei que em certos negócios a eficiência é um empecilho no caminho para o sucesso...
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O mundo da qualidade que tanto me ensinou, que tanto puxou por mim... parece que enquistou e ficou para trás... cristalizado em velhas fórmulas para combater em guerras que mudaram de cenário e de armas.
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O mundo da qualidade acha o Acordo Ortográfico o máximo, uma pedra no alicerce da normalização... eu... eu aprendi que a normalização em excesso pode ser um perigo, aprendi a gostar da destruição da Torre de Babel e do que ela simbolizava.
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Hoje, acredito sobretudo na variedade, nas pequenas séries, na novidade, na eficácia, no feito-à-medida...
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Hoje, acredito que montar um sistema da qualidade numa empresa privada sem arrasar o conteúdo da cláusula 7.2 da ISO 9001 é perigoso... quem são os clientes-alvo? Qual a proposta de valor? Que clientes vamos rejeitar? (Se olharem para o conteúdo dessa cláusula verão que ela é escrita na óptica do cliente que audita o fornecedor... nunca questiona se o cliente é o adequado para o fornecedor)
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Hoje, acredito que montar um sistema da qualidade numa empresa privada sem trocar política da qualidade por estratégia para o negócio e, objectivos da qualidade por objectivos para o negócio, é incorrecto e perigoso.
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Escrevo isto por causa deste artigo "Manufacturing Strategies: The latest dMASS newsletter":
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"“quality inherently involves delivering the most value with the fewest resources and environmental impacts.” He views environmental problems as deficiencies in the process of converting resources into manufactured products and suggest shifting the focus from managing the consequences of using resources to managing resources as inputs. This means delivering much more benefit to customers with fewer resources.
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Many management strategies aimed at improving manufacturing practices – successors of the quality management movement such as Poka Yoke, lean manufacturing, and Kaizen – promote efficiency and waste reduction and often result in reduced environmental impacts."
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O mundo da qualidade ficou preso neste paradigma da eficiência. E tudo isto é válido e faz sentido quando a proposta de valor assenta no preço mais baixo. No entanto, e quando a proposta de valor não tem a ver com o preço mais baixo? E quando a proposta de valor tem a ver com a moda, com a inovação, com a customização, com a rapidez?
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Olivier Boiral em "Managing with ISO Systems: Lessons from Practice" publicado pela Long Range Planning 44 (2011) 197-220 escreve:
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"Although the number of ISO management system certifications is rapidly increasing around the world, it is also stagnating, even declining, in some developed countries. This is notably the case for ISO 9001."
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Hoje acredito que o ciclo não é o PDCA mas o CAPD e a qualidade gosta muito de grandes planeamentos, gosta muito de começar por eles. Prefiro começar pelos resultados... os actuais reais e os do futuro desejado. Tudo o resto é feito em função disso.

É a vida

""Oeiras Valley" - uma "ilha" de crescimento"
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Tanto crescimento e afinal não é sustentado... afinal é à "madeirense".
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Ou seja, se se acabarem os fósforos não há brasas auto-suficientes para gerarem o calor necessário para assar as sardinhas...
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Como dizia ontem o João Miranda, cheira-me a estertor da economia que viveu baseada em endividamento fácil a taxas de juro baixas.
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É a vida!

Macedónia


The Better You Understand Economics, the More You Realize that Money Isn’t All that Matters (parte II)

O título era "The Better You Understand Economics, the More You Realize that Money Isn’t All that Matters"
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O que nos dizem os académicos?
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"Todos os sectores de bens transaccionáveis são beneficiados pela desvalorização. Uma desvalorização discrimina estes sectores positivamente. A desvalorização é importante para contrariar os efeitos negativos que decorreram de termos uma taxa de câmbio demasiadamente valorizada. Isso desincentivou o investimento na produção de bens transaccionáveis. Agora temos de reverter esse processo." (Trecho retirado daqui)
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Atentemos no exemplo do Brasil:

O real tem-se desvalorizado, quer face ao dólar, quer face ao yuan.
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E, no entanto:
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"A diferença entre o calçado brasileiro e o português"
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Gráfico retirado daqui.

Uma alternativa barata e flexível

Desde há muito que exponho aqui no blogue a minha opinião sobre o software que se encontra por aí para apresentar os resultados dos indicadores do balanced scorecard. Por exemplo, basta recordar "BSC e software" e os 3 erros mais comuns na apresentação de resultados.
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Pois bem, com o auxílio desta macro "Sparklines for Excel (R)" conseguem-se fazer pequenas maravilhas:

Muito mais interessante que as microcharts (sparklines) que vêm incorporadas com o Excel 2010.

domingo, outubro 02, 2011

Uma economia em transformação

"Processos de falência triplicaram desde 2007"
"Número de empresas «falidas» subiu 60%"
"Número de empresas 'falidas' triplicou desde a crise"
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Só é pena é a parte enorme da economia que é Estado, demorar muito mais tempo a, ela própria, também se  transformar... enquanto não o fizer é uma sobrecarga sobre o resto da economia.

Recordar Lawrence... nada está escrito (parte VIII)

Comecei esta série na parte I por causa de um feeling resultante da combinação do meu gosto pela via  "contrarian" com o que vou observando nas PMEs com que lido.
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Acabo de encontrar um texto que corrobora... corrobora não, que justifica o meu sentimento, "France faces a Dilemma" de Kaj Grichnik e Jerome Pellan:
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"The United States is not alone in its manufacturing malaise. In virtually every Western country, factory employment is disappearing and trade deficits are dangerously on the rise. Take France, for example. Between 1999 and 2009, the country moved from a positive trade balance of €17.8 billion (US$25.4 billion) to a deficit of €21.1 billion ($30.1 billion), a disturbing change in direction that took 30 percent of France’s manufacturing jobs with it.
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And although these numbers mirror trends in the U.S., one very big distinction hidden in these statistics provides important clues about whether France and other western European countries are more likely to enjoy a manufacturing recovery, (Moi ici: Qual o país da Europa Ocidental que mais se aproxima dos Estados Unidos?) or whether the U.S. is — and that distinction clearly favors the United States. Unlike U.S. losses, the lion’s share of France’s losses in manufacturing capacity are not due to China and other low-cost nations; instead, French production and jobs are moving primarily to Germany. (Moi ici: É como se a França estivesse no meio-termo, perde no topo para a Alemanha e na base para a China. Nós por cá perdemos quase tudo para a China...)
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In other words, the deterioration in France’s manufacturing capacity is the result of a shift within its region. Of the €38.9 billion ($55.5 billion) total decline in France’s trade balance, only about €7.2 billion ($10.3 billion) is directly attributable to the growth of its trade deficit with China. Yet between 1999 and 2009, France’s trade imbalance with Germany increased by a whopping €13 billion ($18.5 billion). By contrast, the United States’ trade imbalance with China grew more than threefold in that period while the U.S. trade deficit with Germany held steady.
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The implications of this for France and for the United States could not be more different. If manufacturing does, in fact, become more and more regional, the United States stands to gain from the movement back to North America of Chinese and other low-cost production facilities. France, though, doesn’t have that luxury. (Moi ici: É o que tenho pensado e escrito no último mês...)
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Moreover, France’s worsening trade deficit with China has been driven chiefly by manufacturing losses in lower-tech, lower-margin products, such as apparel, furniture, and office machines. France’s trade imbalance with western European nations has come at the expense of higher-value products such as automobiles, advanced chemicals, and industrial machinery. Consequently, for France, the regional manufacturing model could turn out to be a very expensive development.
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France’s inability to compete effectively against other countries in its backyard for factory capacity is linked to a set of labor and cost dynamics that are increasingly antiquated in a more globalized and malleable manufacturing environment. (Moi ici: Flexibilidade, para mim, pode ser mais importante que os custos)  For example, France’s 35-hour workweek, imposed in 2000 just as other countries were liberalizing production shift rules, increases the overall cost of labor. Further, because of France’s generous medical, unemployment, and pension benefits for residents, companies pay an amount equal to about 83 percent of net salaries in so-called social charges, compared with only 47 percent in Germany. And industrial labor relations in France are extremely adversarial.

By addressing these and other equally problematic issues adroitly, France could possibly dissuade some CEOs from closing French factories. But if France doesn’t address these issues in the next 10 years, the country stands to lose an additional 7 percent of its manufacturing workforce, or about 200,000 jobs.

There are some indications that improving the fortunes of manufacturing is increasingly important to French politicians of all stripes. One of the more audacious proposals calls for taxing sectors that are not exposed to international competition to help industries that are. (Moi ici: A maneira rápida, fácil e errada de resolver um problema é subsidiando o seu prolongamento e atrasando a inevitável transformação... uma espécie de TSU?) But it will take more than new fiscal measures for France to regain its former manufacturing glory; a 21st-century cultural and social transformation is needed for France to again resemble the country that spawned such legendary industrial figures as Peugeot, Eiffel, Citroen, Hussenot, Renault, and Schlumberger.

Para reflexão

Sem pôr em causa o título deste artigo do jornal i "PME. Sem financiamento muitas empresas morrerão até 2013" atrevo-me a perguntar:

  • quantas PMEs localizadas em Portugal vão conseguir sobreviver porque os seus clientes não têm financiamento para fazer importações?
  • quantas PMEs localizadas em Portugal vão conseguir sobreviver porque importadores europeus não vão ter financiamento para fazer importações da China?
  • quantas PMEs localizadas em Portugal vão conseguir sobreviver porque concorrentes habituados a viver com dinheiro fácil a taxas de juro baixas vão ter de mudar de estratégia ou fechar?

The Better You Understand Economics, the More You Realize that Money Isn’t All that Matters

O título deste postal foi roubado a Don Boudreaux no "Cafe Hayek".
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E foi roubado porque é uma grande verdade que muitos desconhecem:
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"The Better You Understand Economics, the More You Realize that Money Isn’t All that Matters"
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O dinheiro, o preço, não é tudo.
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E os empresários do futuro são os empresários que trabalham para aumentar os preços do seu serviço-produto.
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Como?
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Concentrando-se no que está para lá do dinheiro trocado na transacção... concentrando-se na experiência que os clientes vão viver.
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Os sinais estão por todo o lado, por exemplo em "Manufacturing’s Wake-Up Call":
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"debate over the future of U.S. manufacturing is intensifying. Optimists point to the relatively cheap dollar and the shrinking wage gap between China and the U.S. as reasons the manufacturing sector could come back to life, boosting U.S. competitiveness and reviving the fortunes of the American middle class.
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Instead, for the foreseeable future, manufacturing will largely be regional. (Moi ici: Há anos que o marcador "proximidade" marca presença neste blogue... recordar também Ghemawatt e a semi-globalização)
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But for many manufacturers, economics and market dynamics increasingly suggest that they locate factories close to their major markets, including the United States. This type of region-oriented footprint is a clear way to provide adequate scale and volume, minimize transportation and logistics costs, increase market responsiveness and innovation, and customize products for the unique preferences of different regions and cultures. If factory labor costs and currency rates were the sole enablers of manufacturing success, then the West could not compete with emerging nations or offshoring. More and more, though, these factors play a smaller part in manufacturing decisions. (Moi ici: Claro que os políticos e os académicos, longe da realidade, não percebem esta mudança estrutural) Four other considerations, all more complex, drive manufacturers’ choices about where to place and expand factories:
  1. The skill level and quality of factory employees, especially for high-tech facilities. 
  2. The presence of high-impact clusters, in which many companies can learn from one another and innovate more readily. 
  3. Access to nearby countries with emerging consumer markets and lower-cost labor (for the U.S., this means building a future with Mexico). 
  4. A reasonably competitive regulatory and tax environment (for the U.S., this means simplifying and streamlining the current tax and regulatory structure).
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With unit labor costs playing a smaller part in manufacturing decisions, (Moi ici: Entretidos com a TSU, com o ataque ao euro, com a impressão de bentos, não percebem como é que isto pode acontecer...other factors — including talent availability, market accessibility, innovation, regulations, intellectual property protections, barriers to entry and exit, and scale of operations — increasingly drive decisions about where to place and expand factories. Based on the relative economics for each segment, we charted which U.S. industries can compete as exporters, which can be dominant in the regional North American market, which can survive but are threatened by foreign competitors, and which are already mostly overseas but can still manufacture in the U.S. to serve niche markets. (Moi ici: A divisão é interessante e permite pensamento estratégico... ver as figuras)
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designing production systems that align employees’ activities with the company’s overall strategy (Moi ici: A mensagem deste blogue, do nosso trabalho, dos nossos livros... concentrar uma organização no que é essencial, alinhar recursos, vontades, motivações, ideias) and that empower employees to improve manufacturing processes can unlock the productivity and innovation potential of the well-educated U.S. workforce."

Os novatos também têm o seu lugar

A propósito de "Juíza que prendeu Isaltino estava só há um mês em Oeiras"
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Recentemente um familiar foi a uma urgência hospitalar porque estava há vários dias sem ir à casa de banho e sentia-se muito mal.
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Foi atendido por uma médica muito jovem e com pouca experiência.
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Azar!
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Dada a inexperiência da médica, ela fez o que poucos fazem, em vez de receitar comprimidos... seguiu o protocolo e... salvou a vida a esse meu familiar porque detectou um problema na aorta.
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Há anos em Tikrit, um outro familiar estava numa sessão de tribunal onde era réu, a juíza também era novata... .
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Durante a sessão onde a juíza acabou por concluir que a acusação não tinha pernas para andar, elementos das forças vivas da região quiseram ter uma conversa particular com a senhora.
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Sempre acreditei que, por ser nova na zona, não se deixou aprisionar por diplomacias e jogos políticos.
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Apesar do que diz Arroja, os novatos também têm o seu lugar.

Não culpem a caneta quando a culpa é de quem escreve (parte III)

Parte I e parte II.
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O "cargo cult" dá nisto!!!
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"The Six Sigma Blues"
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O 6 sigma é fantástico para aumentar a eficiência numa empresa. Recomendo-o! Já vi o seu efeito em empresas que precisavam de se tornar muito mais eficientes.
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Agora... a maioria das empresas antes de ser mais eficiente precisa de ser mais eficaz.
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Não interessa ser eficiente se a empresa não seduz clientes com o que produz.
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Acham que a Ferrari é uma empresa eficiente?
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Mas a culpa nunca é da ferramenta, é sempre do cérebro humano que a usa!

sábado, outubro 01, 2011

E os Açores?

Aceito de barato a hipótese de que nos Açores nada se passou de anormal com as suas contas.
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O ponto não é esse!
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Qual é o montante da dívida dos Açores? Quanto é que isso representa relativamente ao PIB da região?

Mais peças do puzzle que vão compondo Mongo


"Moda Operandi: Click, Cash, Couture":
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"True couture addicts who attend the runway shows at New York’s Fashion Week — or at least watch them online — can’t help but compile a mental wish list: a BCBGMaxAzria silk dress, perhaps, or a pair of Alexander Wang’s metallic glitter pants. Tragically for them, these wants rarely translate into actual purchases. The clothes chosen by large department store buyers often get “edited” to make them more commercial — a fur collar is trimmed here, a leather belt is added there—so what’s finally available is a watered-down version of the designer’s original vision. This is precisely the crisis the 7-month-old Manhattan-based website Moda Operandi set out to address. The members-only online shopping portal allows fashion slaves to add exotic runway fare to their personal wardrobes weeks before the full lines enter stores."
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Explosão de gostos, revolta contra os referenciais do mainstrean, variedade, variedade, variedade.
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"“There can be huge surprises,” Magnusdottir adds, sitting in her office in Manhattan’s Flatiron District, wearing a black tulle skirt and a blouse crossed with bustier-style straps. Her customers aren’t just looking for simple dresses, she says. They are advanced fashionistas who like the most daring designs, and the company is making those designs more accessible. “What we’re doing is kind of mad,” she says."
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E por que não o exemplo da "Create-a-mattress"?

Agricultura com futuro: assente em vantagens competitivas

Ontem ao almoço, enquanto comia uma sandes entre dois compromissos, encontrei no Correio da Manhã uma referência à produção de pimentos na empresa Atlantic Growers em Odemira.
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A firma fundada em 2001, com 60 funcionários, todos da região, que trabalham 8h/dia nas estufas de vidro, factura anualmente 4,5 milhões de euros e pretende triplicar o montante nos próximos 4 anos.
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99% da produção é exportada para a Holanda, Inglaterra e Alemanha.
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Vantagem competitiva: "Esta é uma das poucas zonas da Europa onde se produz todo o ano. No Inverno temos luminosidade suficiente e no Verão o clima é ameno"
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Encontrei aqui outra fonte de informação:
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"Que países estão interessados em investir aqui? (Odemira)
Israel, por exemplo, que é número um em tecnologia para horticultura, tem interesse em investir na Europa. Existe um holandês que está a fazer testes para um tipo de fl or em quintas no Zimbabué e Tanzânia, que também consegue produzir aqui. A Alemanha também tem interesse. O mercado europeu cresceu, com a entrada dos países de Leste, e a maioria dos países não tem clima para produzir também no Inverno.
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Quais as vantagens desta região para a horticultura?
Um microclima sem grandes picos térmicos e água de boa qualidade, em quantidade e a um preço razoável. É uma zona perto da costa, mas a geada é mínima. Conseguimos semear batata em Novembro. Mesmo que chova muito, como o solo é arenoso, consegue-se tirar partido do microclima. Mas há o tal trabalho de drenagem a ser feito. O facto de estar no parque natural faz a diferença para os grandes supermercados, que
são exigentes a nível ambiental. A mão-de-obra não existe em abundância, mas havendo condições de alojamento, pode crescer. E estamos dentro do mercado. O nosso concorrente é o Norte de África."
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Caro John veja este pormaior:
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"Face à produtividade e rentabilidade do negócio – um investimento inicial de oito milhões de euros e
35 pessoas ao serviço, permitem uma facturação anual de 3,5 milhões de euros – a decisão pareceria óbvia. Mas não é. Ferry Enthoven recorda os oito anos que demorou o licenciamento das estufas e recusa-se a voltar a passar pelo mesmo.
«Vamos esperar que se defina uma área reservada à produção em estufas de vidro, com todos os licenciamentos inerentes, e só depois avançamos»"

É a vida!

O que aprecio num sistema económico de mercado, em que o Estado não intervém a escolher e a proteger "campeões nacionais" e "empresas estratégicas", é que sou eu que escolho quem cresce e quem morre. Eu e os outros consumidores.
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Ao contrário do que se diz, não são os grandes que ficam cada vez mais grandes. São os que seduzem e cativam clientes os que crescem e prosperam... até que apareça(m) outra(s) empresa(s) que consigam captar a preferência dos clientes e, nesse caso, é a vida!
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"Kodak pondera pedir protecção ao abrigo da lei de Falências"

sexta-feira, setembro 30, 2011

Mais um exemplo eloquente do que será/é viver em Mongo

"Student, 22, Founds Company Selling On-Demand, 3-D Printed Eyewear"
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" you can design just about whatever you want, then print it on demand.
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This is more for people who want to branch out. We’re targeting people below the age of 40--and anybody who’s interested in experiencing something new.”
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Mas, como me dizia uma jovem empresária:
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Até as tatuadas chegam a avós!!!

Baboseiras

Esta manhã, enquanto conduzia, ouvia a explicação de Fausto Coutinho na Antena 1 para explicar as palavras de PPC sobre o desvio nas contas nacionais.
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Segundo Fausto Coutinho, esse desvio teria como primeira razão o não crescimento das exportações como era esperado...
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Hum??????????????????????????????????????????????????????
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Esta gente tem noção do que diz? Esta gente olha para os números?
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BTW, preparem-se para um novo saque ao Vosso bolso tendo em conta “Governo está a perder o controle da despesa

Assar sardinhas só com a chama de fósforos (parte III)

Continuado da parte I e parte II.
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"No final de Junho, os seis maiores bancos que actuam em Portugal tinham em sua posse casas penhoradas num montante estimado em mais de 3.000 milhões de euros. Em primeiro lugar, destaca-se o BCP que detinha imóveis penhorados num montante avaliado em 1.180 milhões de euros, seguindo-se o BES com 751,9 milhões de euros, a CGD com 549,6 milhões de euros, o Montepio com 282,3 milhões de euros, Santander Totta com 152,6 milhões e BPI com 122,6 milhões de euros.
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Segundo a notícia do jornal “Diário Económico” desta segunda feira, estas casas que a banca possui provêm essencialmente de promotores imobiliários."
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E o que propõe o sindicato da construção?
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"O Sindicato da Construção de Portugal quer que o Governo disponibilize cinco mil milhões de euros em verbas do Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN) para apoiar a fileira."
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Por que tenho de contribuir para a manutenção de um sector sobredimensionado?

A bota não bate com a perdigota

Diz o ministro "Portugal será uma localização atraente para gente qualificada"
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O quê?! Vão reduzir o saque dos impostos?
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O quê?! Consumir vai deixar de ser pecado?
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Como ser consequente?

Pregarás o Evangelho do Valor! (parte II)

Não são só os empresários portugueses, a doença está mais generalizada do que isso, basta recordar sobre quem e para quem escreveram Marn e Dolan.
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Basta analisar esta carta recente tratada por Norm Brodsky em "When to Change Your Business Model"... quando as vendas baixam ou, quando as vendas não crescem ao ritmo desejado, a solução milagreira é o desconto... (olhem bem para os números de Marn e Dolan)
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Ao usar unicamente a alavanca do preço para estimular as vendas, as empresas concentram-se no preço quando se deviam concentrar no valor que os clientes poderão co-criar durante a experiência do uso.
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Por exemplo, "Hotéis do Grupo Pestana com descontos de 5%" é este o tipo de clientes que os hotéis do Grupo Pestana precisam?
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Quem são os clientes-alvo dos hotéis do Grupo Pestana?
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Qual a experiência que procuram e valorizam?
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Qual a proposta de valor capaz de os seduzir?
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Onde estão esses clientes-alvo?
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Tanto trabalho de base a fazer com antecedência... à pressa é... mexer no preço, e... perder receita e até talvez desbaratar os clientes-alvo

Recordar Lawrence... nada está escrito (parte VII)

"Sixty-one of the nation's 100 biggest metropolitan areas, including Milwaukee, gained manufacturing jobs during the past year, according to new data.
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Based on new numbers from the U.S. Bureau of Labor Statistics"
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Trecho retirado de "Milwaukee manufacturing sector on the rebound"
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"After a "lost decade," US manufacturing is healthier than many believe but still at an inflection point, with its path forward hanging in the balance, say consultants from Booz & Company
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In a general sense, global manufacturing is moving to more of a local/regional orientation versus a global one. Large multi-nationals are tending to move production closer to major markets. That surely means US and other Western countries may build factories in China and elsewhere to serve say Asian customers, but that the offshore approach to serving the US market may start to lose some favor."
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Trecho retirado de "Supply Chain News: A Comprehensive View of Opportunities and Risks for US Manufacturing"
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E ao mesmo tempo:
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"A gauge of Chinese manufacturing shrank for a third month, the longest contraction since 2009, as measures of new orders and export demand declined."
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Trecho retirado de "China Manufacturing Contracts for Third Month, Survey Shows"

quinta-feira, setembro 29, 2011

Um elogio à capacidade humana e um aviso quanto às extrapolações

Notícia interessante:
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"Rare Earths Fall as Toyota Uses Alternatives"
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A necessidade aguça o engenho ...
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Por coisas deste tipo é que é preciso termos cuidado com as extrapolações e tendências.
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"Prices for cerium and lanthanum, the most abundant rare-earth elements, will drop by 50 percent in 12 months, Christopher Ecclestone, an analyst at Hallgarten & Co. in New York, has forecast. Neodymium and praseodymium, metals used in permanent rare-earth magnets, may fall as much as 15 percent, he said."

As experiências estão em todo o lado

"An experience can consist of a product, for example a theatre play. An experience can also be a supplement to the product, such as a dinner at a certain restaurant, or the experience can be the whole package, making the experience not just a product, but a mental process, a state of mind, for instance an evening out combining dining and seeing a play. The main point here is that experiences are always more than just the product. The core of the product might be an experience, like a theatre play, but it is always more than this: it includes where it takes place, the décor, whether the seats are good or not and so forth. One can also gain an experience via technology, such as the web net or watching television. The experience can also be a supplement to a good or a service. It is not the product, but the supplements of it which provide the consumer with the experience. It is not the shoes, but the fact that these shoes are fashionable and show who you are, which is the experience. This is an experience you cannot get from just any pair of shoes. It is the design, the marketing, the usage and symbolic value of the shoes that makes them an experience. The shoes acquire a story or a theme and it is the story or the theme, rather than the product, which the consumers buy and cherish in the experience economy.
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Agrarian, industrial and service products are still being produced, but the consumers are moving towards the experience economy. Experiences have a high value for consumers and the demand for experiences is increasing. Consumers are therefore willing to pay a high price for experiences and experience production becomes very profitable.
However, competition also increases, which calls for innovation of new experience products to make experience firms stay competitive.
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At present we stand on the brink of the experience economy, and companies and organizations that realize this will gain a competitive advantage, as the development of the experience economy is there, and those who embrace it will benefit, compared to those that avoid or ignore it.
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In the earlier stages of the economic development, the production of products was more or less related to needs. The consumers wanted commodities, goods and services to satisfy their needs for survival, later for materialism, knowledge and solving problems (which the service sector provided). Now they want to have an interesting life, experience new aspects of life or new places, be entertained and learn in an enjoyable way.
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Customers are now looking for more than the mere product or service.
Experiences fulfil this need."
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Lembram-se do modelo de negócio para birdwatchers endinheirados interessados em aves de rapina no Douro Internacional?
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É a experiência do mergulho integral...
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Imaginem agora, neste mês de Setembro-Outubro, na ponta de Sagres uma variante do modelo de negócio para birdwatchers endinheirados, não para ver aves de rapina mas para, num único sítio, ver dezenas de espécies que vivem a época de Primavera-Verão na Europa do Norte e migram para o Norte de África no princípio do Outono.
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Consigo imaginar as redes sociais, um blog, um sítio na net, tudo interligado a criar buzz...
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o que vamos ver... (com meses de antecedência para despertar o interesse)
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o que estamos a ver ... (balanço do dia, ou no momento, estilo foursquare)
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o que vimos (relato, balanço da temporada)
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troca de "cromos entre participantes e organizadores
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Nesta altura do ano no Cabedelo, na foz do Douro do lado de Gaia, cheguei a ver um colhereiro (Platalea leucorodia)

 e um ostraceiro (Haematopus ostralegus)

 perdidos a retemperar forças.

Trechos retirados de "Creating Experiences in the Experience Economy" editado por Jon Sunbo e Per Darmer.

Especulação (parte II)

Depois de ter reflectido em "Especulação"...
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Apetece dizer "Eu sabia!!!"
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"Peugeot Worst Casualty of Europe Crisis":
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"Peugeot was the first European carmaker to announce belt- tightening measures in anticipation of a renewed slump. Varin told reporters Sept. 13 that he was preparing to cut temporary contracts accounting for 10 percent of domestic manufacturing workers. VW is still adding extra shifts at German factories to keep up with demand for its models outside the region."
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Que bom que seria os jornais económicos terem gente que reflectisse e especulasse sobre o que se passa e não estagiários baratos...

Problema para os apocalípticos subsidiados

"Russia Spending $574 Million on Ports to Regain Wheat Export Rank: Freight"
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"Russia is poised to again become the world’s second-biggest wheat exporter as the nation’s biggest grain-port overhaul raises shipping capacity by as much as 67 percent in four years.
...
Russia’s emergence as a leading supplier may reduce global grain prices,"
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Quando oiço os apocalípticos que prevêem para a semana seguinte a falta de alimentos no mundo, lembro-me sempre da área de terra arável russa mantida em pousio.

Sintomas

"Imposto sobre o subsídio de Natal é "melhor" do que cortar salários da função pública" o papá do monstro ainda não nos disse quantos funcionários públicos já foram despedidos na sequência da crise  internacional, desde meados de Setembro de 2007
A receita do PR é mais saques aos saxões do costume?
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Convinha mudar de página... até porque tem de acabar o mandato com alguma dignidade

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Algo de brutal

Acabo de ouvir Camilo Lourenço a fazer esta comparação:
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As divisas que Portugal capta com o golfe num ano são superiores às exportações da Autoeuropa num ano.

Novos tempos, novos negócios

Mais um exemplo de novos negócios que vão ao encontro de necessidades criadas pelos novos tempos:
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"Finding Workspace on the Fly"
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quarta-feira, setembro 28, 2011

Damn you maniacs! Damn you! Damn you all to hell!


É assim que me sinto...
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TdS brincava com as palavras:
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"Não é retroactividade é retrospectividade!"
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Agora é PPC:
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""Vamos substituir a alta velocidade pela velocidade elevada""

Esta história da TSU ...

Os produtores automóveis pedem ao governo que saque mais dinheiro aos saxões (contribuintes líquidos) para os apoiar neste momento difícil...
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E, no entanto:
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"A produção automóvel em Portugal cresceu em maio 30,4 por cento, face ao mesmo mês do ano passado, para 17.792 veículos, divulgou esta terça-feira (14) a Associação Automóvel de Portugal (ACAP).
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A ACAP justifica o acréscimo em maio com o crescimento de 40 por cento da produção de ligeiros de passageiros e de 8,8 por cento da produção de comerciais ligeiros, tendo em conta que a produção de veículos pesados teve uma variação homóloga negativa de 22,3 por cento.
Quanto à produção por fábricas, com a exceção da Autoeuropa que cresceu 52,7 por cento, todas as restantes unidades a operar em Portugal registaram decréscimos do número de unidades produzidas em maio." (ver "Produção da indústria automóvel cresce 30,4 por cento em maio")
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Vê-se que são mesmo empresas que precisam de ser mais competitivas para exportar...
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Entretanto, quais são as empresas com milhares de trabalhadores que restam em Portugal?
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Julgo que o sector automóvel e pouco mais.
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Agora este pormaior:
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"Não sinto que a descida da TSU me vá dar produtividade" afirma o presidente da Frezite, uma empresa que é um exemplo de subida na escala de valor num sector tradicional.
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Quem precisa mesmo

de apoio é... já adivinharam?
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"Recentemente, o director-geral da Autoeuropa, António de Melo Pires, estima que o impacto da descida em 8% da taxa social única tenha um impacto de oito milhões de euros por ano nos custos do trabalho suportados pela unidade"

Boas notícias

Toda a gente, a começar pelo comentador da Antena 1, Fasto Coutinho, hoje às 08:15, dizem que não temos ministro da Economia.
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Infelizmente não é verdade.
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Uma boa decisão era acabar com o ministério da Economia... a economia não cresce por causa dos governos, cresce apesar dos governos:
Como Helena Garrido defendia ontem na TVI24, devíamos aplicar à economia a receita da Nova Zelândia para a agricultura - acabar com subsídios e apoios que apenas distorcem a realidade e atrasam a mudança, a reconversão.

Acerca das euro-obrigações

Avelino de Jesus em grande ontem no Jornal de Negócios com "A ilusão e o perigo das euro-obrigações":
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"Há vários traços comuns entre os proponentes das euro-obrigações. A insistência nas obrigações vai de par com a esperança na solidariedade europeia como a principal solução para os nossos problemas. É consistente com a atribuição das causas das nossas dificuldades ao exterior (Moi ici: Exactamente, o discurso do mainstream tem o locus de controlo no exterior), bem como com a ilusão da manipulação monetária e financeira. As euro-obriações são um golpe de mágica, como tantos outros: as PPP, os fundos comunitários, os estímulos do Estado, as grandes infra-estruturas, a multiplicação artificial dos diplomas académicos.
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A esquerda aderiu em massa. A direita, leviana, não pára para pensar: hesita e contradiz-se. Avança e recua.
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Os proponentes das euro-obrigações são os críticos das inovações financeiras e os defensores de restrições à circulação internacional dos capitais. Os que criticaram as monstruosas operações financeiras baseadas na venda, à escala internacional, de produtos construídos por misturas de créditos de baixa qualidade propõem repetir as mesmas operações agora com as dívidas soberanas. Aquilo que foi um engano com os créditos privados é agora virtuoso com os créditos públicos. O que merecia entraves à circulação internacional e exigiria o devido castigo, como uma taxação à Tobin, merece agora a mais ampla liberdade de circulação nos mercados mundiais."

Acerca da TSU

"A propósito da descida prevista da TSU (II)"
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" Portugal é um país onde o factor produtivo trabalho é mais intensivamente utilizado do que em média na União Europeia
...

é fundamental que o que é produzido em Portugal tenha um valor acrescentado superior e uma mais elevada incorporação tecnológica. Ora, uma descida da TSU vista como remédio estrutural continua a alimentar um modelo baseado em mão-de-obra intensiva e em baixos preços - que não é, certamente, a base através da qual conseguiremos ser competitivos (alguém imagina Portugal a competir em termos de preço com países como a China?…). Como sucedia anteriormente com as desvalorizações cambiais, a competitividade é artificialmente aumentada... até à próxima desvalorização (leia-se, descida da TSU), funcionando apenas como paliativo. E apetece perguntar: qual o passo seguinte quanto a TSU atingisse zero?!..."
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Não posso estar mais de acordo com o que Frasquilho escreve nestas linhas, basta recordar "Redução dos salários em Portugal" escrito em Julho de 2006.
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Já não concordo com:
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"E, sendo reconhecidamente baixa a qualificação dos nossos recursos humanos o que, está cientificamente provado, leva a uma menor produtividade - como, aliás, é sabido que sucede em Portugal), podemos concluir que utilizamos mais intensivamente do que os outros países o factor produtivo em que somos menos eficazes."
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Basta recordar o gráfico do calçado (o conjunto completo pode ser consultado aqui):
O aumento da produtividade não resulta de se trabalhar mais depressa, não resulta de se ser mais eficiente (até acontece o contrário, o números de unidades produzida por trabalhador diminui) resulta sim das decisões estratégicas dos empresários.
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Nunca esquecer a elevada produtividade do operário português a laborar numa empresa no vale do Reno... no mês anterior tinha uma fraca produtividade na empresa onde trabalhava no vale do Cávado.
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O que penso da redução da TSU pode ser lido aqui.

Um exemplo de proposta de valor

"Uma "multinacional" 100% portuguesa":
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"Onde a Lusomedicamenta "se destaca em termos de exportação" é no fabrico para terceiros, adianta a administradora. Dos 50 milhões de euros de facturação consolidada atingidos em 2010, 75% foi proveniente da exportação. Para 2011 a previsão é a de aumentar a facturação.
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Entre os clientes contam-se a grande maioria dos "tubarões" mundiais do mundo farmacêutico, que Joaquina Couto prefere "não citar", mas que facilmente se identificam no "site" oficial da empresa.
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Para "capturar" esse "peixe graúdo" a empresa conta como principal arma com o facto de fornecer um serviço completo, ou "chave-na-mão". "Dentro do processo do medicamento nós fazemos toda a gestão", avança Joaquina Couto."
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Os tubarões, enfeitiçados pela eficiência, amedrontados pela derrocada do modelo de negócio assente nos blockbusters, concentram-se cada vez mais na produção das grandes séries em poucas unidades produtivas de grande dimensão.
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Assim, quando têm de produzir pequenas séries, quando têm de fazer produções rápidas, isso fica-lhes muito caro e provoca disrupções no planeamento.
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A proposta de valor da Lusomedicamenta passa por:

  • produção de pequenas séries;
  • tempo curto desde a encomenda até à entrega;
  • o cliente não tem de empatar dinheiro em stocks para minimizar as disrupções na sua produção;
  • o cliente não perde dinheiro a interromper as suas longas séries de produção;
  • o cliente não falha com os seus clientes;
  • a segurança na produção - garantida por certificações e validações internacionais;
  • flexibilidade e rapidez.

Muito mais do que simplesmente fazer um preço para compensar os custos e ter uma recompensa discreta.
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"Metade da produção da Lusomedicamenta destina-se à exportação":
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"“As perspectivas são modernamente optimistas, se pensarmos que, a nível das grandes multinacionais, muitas destas estão a desinvestir e a vender as suas unidades fabris. Para nós, que temos o reconhecimento internacional e a capacidade instalada para dar resposta aos níveis de exigência que o fabrico de medicamentos e respectiva logística exigem, é uma janela de oportunidade”, diz ao jornal."

terça-feira, setembro 27, 2011

Umberto Eco tem uma história deste tipo

"73% das PME de comércio e serviços não pretende despedir"
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Até parece que as empresas têm gosto em despedir... despedir é, muitas vezes, a última medida e, quase sempre tarde de mais.
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Se cerca de 70% da economia está assente nos bens não transaccionáveis, se o próximo ano vai ter uma baixa do PIB a rondar os -2,5%... se as empresas estão descapitalizadas, se os impostos sobre o consumo são cada vez maiores e o consumo é visto como um pecado... querem-me dizer como é que as empresas não vão fazer despedimentos?
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As empresas são geridas por pessoas e as pessoas têm, evidência científica muito divulgada, o costume de sobreavaliar positivamente as suas possibilidades, mesmo quando prevêem o pior para o agregado económico acreditam sempre que vão sobreviver.
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Portanto, o inquérito não passa de perda de tempo... como o comprovam os encerramentos de empresas de construção e o número desempregados do sector.
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Umberto Eco tem uma história deste tipo, uma história em que no final uma criança responde a um psicólogo:
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- Para perguntas tôlas, respostas tôlas!

Cargo cult - um exemplo típico

"Sector automóvel pede incentivo ao abate para travar crise"
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Grandes empresas com nomes como Volvo, Mercedes-Benz, Renault, Honda, Ford, BMW e grupo Volkswagen, pedem ao governo português para sangrar ainda mais os saxões do costume para lhes arranjar mercado.
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E o pior é que o governo é capaz de cair na esparrela...
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Mas a que propósito é que eu tenho de suportar estas empresas?
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O programa anterior já foi um erro de Sócrates, os portugueses andaram a financiar as fábricas de automóveis. Foi o típico exemplo de "cargo cult", fez-se cá porque também se fazia na Alemanha e na França, esquecem-se é da quantidade de empresas e de emprego a fabricar automóveis por cá.

segunda-feira, setembro 26, 2011

Não, a culpa não era de Sócrates!

Apesar do falhanço em toda a linha da abordagem:
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"Espanha! Espanha! Espanha!"
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Em vez de perceber o sistema que está por detrás dos resultados, fulaniza-se e conclui-se que falhou porque causa de Sócrates.
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Falta a esta gente um banho de humildade, humildade à Kepler, como aprendi com o mestre Carl Sagan. Continuam a acreditar no Grande Planeador, no Grande Geometra. Reparem na linguagem:
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"Primeiro-ministro deve dirigir processo de internacionalização da economia"
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Quando um trabalhador de uma empresa me fala sobre o seu futuro profissional digo sempre:
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O seu futuro é demasiado importante para ser colocado nas mãos do seu chefe, ou patrão. É que, por mais que ele genuinamente o valorize... a empresa pode ter de fechar. Por isso, não confie a sua formação a mais ninguém.
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Se digo isto a um trabalhador, acham que faz sentido um empresário que tem uma empresa pelo qual tem de responder, onde tem a sua vida (lembram-se da bosta), confiar o futuro da sua empresa a um temporário que findo o mandato, ou vai para o Pacífico beber piñacoladas ou para a Sorbonne aprender Filosofia?
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Depois, ainda há esta "Relatório propõe unificação da rede portuguesa no estrangeiro sob comando dos embaixadores", se não fosse trágico era cómico!
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Imaginem que o embaixador português-tipo tem o mesmo grau de conhecimentos económicos que os do embaixador luxemburguês em Lisboa que defendia que os portugueses eram mais produtivos no Luxemburgo por causa da saudade.
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Ainda bem que os empresários das PMEs são suficientemente cínicos para não levar os governos a sério.
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Nunca esquecer, a melhor coisa a fazer em Portugal, para se ir longe, é fazer o by-pass ao Estado ou ao país.
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A não ser, como me recorda sempre o José Silva, talvez seja um truque para apoiar as construtoras, bancos e afins.
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BTW, o tema do encontro deste clube, bottom-up, foi... a internacionalização e não precisaram de nenhum tótó para contarem histórias sobre como tinha ganho clientes malteses aos italianos, como tinham entrado na Líbia, como se divulgavam no Médio Oriente, como se trabalhava em Moçambique, como se vendia para o Canadá, ...
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Nunca mais aprendem, os engravatados aperaltados dos corredores e carpetes de Lisboa querem brincar à internacionalização... top-down, top-down.