Mostrar mensagens com a etiqueta atp. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta atp. Mostrar todas as mensagens

terça-feira, fevereiro 07, 2017

Outro teste do tempo!!!

"A indústria têxtil e de vestuário (ITV) Dá como certo o resultado acima de cinco mil milhões de euros nas exportações em 2016, um crescimento homólogo a rondar os 5%
...
A confirmar-se, o sector, com seis mil empresas e que emprega perto de134 mil pessoas - equivale a 20% do emprego da indústria transformadora - antecipa o "cenário de ouro" para as exportações que o Plano Estratégico para o "Cluster Têxtil e Moda 2020", divulgado em Setembro de 2014, previa  para o final da década. E volta assim ao pico das vendas ao exterior, registado em 2001 (preços correntes), agora com quase metade das empresas e dos trabalhadores."  
Recordo Acerca de uma previsão (Dezembro de 2014).

Apetece dizer um palavrão!

O anónimo da província consegue acertar quando os gurus e técnicos com acesso aos números e pagos ... falham em toda a linha!



Recomendo a leitura prévia de Evolução do desemprego, o que os Baptistas da Silva não lhe dizem... nem o governo (parte VIII) (Maio de 2015). Agora, ao estilo dos artigos científicos: sugestão de pesquisa para quem tem acesso aos números.

Dizer que o sector tem agora quase metade das empresas que tinha em 2001 é, se calhar, dar uma ideia enganadora do que aconteceu. O sector não perdeu metade das empresas. O sector perdeu muito mais. O que vemos ao longo dos anos é o somatório das empresas novas menos as encerradas menos as insolventes. O que gostava de ver era um índice de turbulência do sector ao longo dos anos: somar as novas empresas mais as encerradas e mais as falidas excluindo as que se mantiveram. Penso que esse índice daria uma ideia mais clara da transformação que o sector teve de sofrer.

BTW, querem ver outra guerra ganha por este anónimo?

"Sobre as perspectivas para 2017 ... antevê um ano cheio de incertezas que podem baralhar as contas.
.
Vaz aponta "às medidas proteccionistas" de Trump"
As ideias proteccionistas de Trump têm uma consequência positiva, acabam com as veleidades proteccionistas de tantos na última década. Recordar:


Trechos retirados de "Têxtil faz aposta tripla para exportações em 2017" (JdN)

quinta-feira, junho 30, 2016

Colhe-se o que se semeia

Hoje, dia em que se pode ler "Morreu Alvin Toffler, autor de Choque do Futuro", autor que me ensinou a perspectivar o futuro, faz todo o sentido recordar o que escrevemos aqui em Fevereiro de 2011, "Não é impunemente que se diz mal" e o slide que passei:
E comparar com a situação actual "Fábrica têxtil da Europa tem falta de engenheiros":
"A indústria têxtil nacional conseguiu dar a volta à crise de uma forma extraordinária, mas ainda não se livrou da má fama. Resultado: continua com “fome” de engenheiros.
Todas as semanas chegam pedidos de CV [curriculum vitae] de recém-mestres e licenciados em Engenharia Têxtil aos serviços da Universidade do Minho. A indústria precisa de sangue novo, e a oferta não chega para a procura."

sábado, outubro 03, 2015

Reflictam bem

um ano a previsão era:
"Os têxteis portugueses prometem exportar mais. A previsão é chegar ao final da década com 5 mil empresas, 100 mil trabalhadores e 5 mil milhões de euros de exportações."
Hoje:
"As exportações do setor têxtil e vestuário vão ascender a 4800 milhões de euros em 2015, de acordo com as previsões do presidente da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal (ATP)"
Recordar:
"2014 foi o melhor dos últimos 11 para as exportações da indústria têxtil e vestuário portuguesa, que cresceram 8% face a 2013 e somaram 4,6 mil milhões de euros." 
Ou seja, antes do final do próximo ano já o valor previsto para o final da década vai ser batido.
.
Nestas alturas é sempre bom recordar as palavras de André Macedo em 2008:
“Acontece que o abandono progressivo das actividades com baixo valor acrescentado (têxteis, calçado) é uma estrada sem regresso possível e sem alternativa. Vai doer, mas só assim o país ficará mais forte e competitivo.”
Mergulhem bem nelas, nas certezas que transpiram, na segurança com que foram escritas, na superficialidade que as sustentavam... reflictam bem
.
Depois, recordem o que um anónimo de província nesses anos de chumbo, em 2008, previa quando nem a associação do sector tinha fé no futuro "Cuidado com as generalizações, não há "sunset industries"" em Fevereiro de 2008.
.
BTW, este é o meu cadastro, por isso refiro o orgulho aqui.

sábado, maio 16, 2015

Evolução do desemprego, o que os Baptistas da Silva não lhe dizem... nem o governo (parte VIII)

Pode ser útil consultar também:

Segue-se um gráfico com a evolução do desemprego registado na ITV (Indústria do Têxtil e Vestuário) entre Janeiro de 2002 e Março de 2015. Números do IEFP.
(clickando no gráfico é possível ver versão maior)

Sobre esse gráfico coloquei a referência a postais que foram escritos aqui no blogue. São uma espécie de teste do ácido sobre as ideias que se escrevem neste blogue. Permite também testar o que outros foram escrevendo e sobretudo fazendo ao longo deste anos.
Na base do gráfico estão factores que seleccionei como os mais importantes para explicar a evolução da tendência geral do desemprego.
.
Olhem bem para os números...
.
Em Janeiro de 2002 estavam registados no IEFP 27752 desempregados da ITV e foi sempre, sempre a crescer até chegar aos 49233 em Setembro de 2005.
.
Entretanto, como o pensamento dominante era o de que este era um sector condenado a desaparecer, assim como todos os sectores tradicionais, enquanto do lado externo a China entrava como faca em manteiga num dia de Verão, destruindo, terraplanando o que anos antes tinha sido o campo de batalha preferido da ITV portuguesa, o do preço mais baixo, o das grandes séries, do lado interno, os políticos ajudavam a destruir estes sectores tão pouco sexys:

2002 a 2007 foram os anos do factor China ser determinante no desempenho do sector.
Depois, o reconhecimento de algumas vantagens da proximidade, o impacte da Inditex na nossa ITV, o fuçar de tantos e tantos empresários anónimos e longe da corte, começaram a dar a volta e a recuperar.
Entretanto a crise internacional, numa primeira fase veio ajudar, o credit crunch tornou o dinheiro muito caro e fez com que muitos importadores voltassem por causa das condições de pagamento oferecidas e pelo tempo mais curto para começar a receber das lojas. 
.
O número de desempregados na ITV caiu para 31300 em Fevereiro de 2008. Depois, o ano da paragem global, 2009, veio dar razão à minha previsão de Março de 2008: a crise estrutural da indústria portuguesa estava ultrapassada, agora teríamos pela frente uma crise conjuntural. E assim foi, o desemprego no ITV voltou a subir até aos 42501 desempregados em Março de 2010. Daí para cá tem sido sempre a descer, o último valor conhecido, de Março de 2015, vai nos 21290 desempregados, já bem abaixo de 2002.
.
Entretanto, recomendo a leitura de:
Para rematar, recordo este postal bem recente sobre a ITV "O choque de gestão em curso"
.
Depois de ter olhado para os números e a evolução do gráfico, sintoma da revolução, da regeneração que foi feita no sector em Portugal, convido-o a uma leitura final, a de ""é impossível em democracia. Outra coisa boa que a UE nos trouxe"".
.
Para poder chegar onde chegámos, mais importante, para poder olhar em frente e sonhar chegar onde queremos chegar, tivemos de passar as passas do Algarve, muita gente teve de sofrer, falências e desemprego, para que as regras que tinham criado o mundo antigo pudessem ter desaparecido para gerar um potencial mundo novo.

segunda-feira, dezembro 15, 2014

Acerca de uma previsão

A propósito de "Têxtil vai perder empregos mas aumentará facturação e exportações" onde se lê esta previsão da ATP:
"O sector de têxtil e vestuário em Portugal poderá perder, até 2020, cerca de 20 mil trabalhadores, mas naquele ano espera atingir um volume de exportações de cinco mil milhões de euros, igualando o valor mais elevado de sempre.
...
O plano estratégico aponta para que em 2020 existam em Portugal cinco mil empresas do têxtil e vestuário e 100 mil trabalhadores, com um volume de negócios de 6,5 mil milhões de euros e um valor de exportações de cinco mil milhões de euros.
...
"Este deverá ser o melhor ano desde 2001", apontou Paulo Vaz, sublinhando que agora existem menos de metade das empresas e menos de metade dos trabalhadores."
Um gráfico que uso há anos é este:
Sim, o número de trabalhadores e de empresas caiu muito. A tendência pós-China, muitas empresas não conseguiram adaptar-se a tempo e morreram, as que resistiram e as novas são mais pequenas, em média.
.
Talvez o exemplo do calçado possa dar uma ajuda a perspectivar o que pode vir aí. O que aconteceu ao calçado?
Três fases. Seguem-se alguns eventos para contextualizar a evolução:
Será que as previsões da ATP prolongam a fase II até 2020 ou já consideram a inversão da fase III?

No calçado, depois da quebra no número de trabalhadores e no número de empresas já se assiste a 4 anos consecutivos de crescimento
Este último gráfico ilustra o que tem acontecido aos salários na China, algo que vai introduzir algum ruído na previsão. A par de uma evolução positiva trazida pela fase II, assistiremos a alguma ressurreição do modelo do low-cost, à semelhança do que está a acontecer nos EUA.
.
Assim, talvez a ATP falhe mais esta previsão.

segunda-feira, janeiro 20, 2014

Mudança de página

Foi uma evolução no discurso... e, tudo indica, na mentalidade.
.
Há pouco mais de 3 anos perdiam tempo a protestar contra os têxteis paquistaneses. Hoje, em vez de defender o passado, olham para o futuro "Têxtil quer exportações a crescer 16% até 2018":
.
Interessante a fotografia escolhida para ilustrar o artigo, em vez de linhas, grupos... ou seja, séries pequenas, flexibilidade, rapidez, diversidade, ...

sábado, dezembro 14, 2013

Ainda bem que há progresso

Ainda bem que Nuno Melo anda distraído. Assim, não tive de o ouvir a sacar da cassete do proteccionismo a propósito de "Bruselas pone fin a los aranceles para las importaciones de Pakistán".
.
Entretanto, a ATP já terá percebido qual é o futuro que faz sentido para os seus associados?
.
Recordar o que se passou há 3 anos:

quinta-feira, novembro 28, 2013

O desassossego é bom!

A propósito de "Têxtil iguala exportações de 2007 com menos 2.500 empresas":
.
Este é um tema que costumo apresentar nos seminários para empresários com o gráfico abaixo onde comparo 2006 com 2012.

5000 empresas em 2012 exportaram o mesmo que 8000 empresas em 2006.
.
Apetece-me reparar nesta incapacidade para relacionar directamente produtividade com o aumento do valor acrescentado:
"Associação de industriais do sector justifica estes dados com o aumento da produtividade e maior valor acrescentado dos produtos vendidos ao exterior."
Como se a produtividade resultasse só de produzir mais depressa... até aposto que se fizermos um gráfico encontramos uma relação deste tipo:

 No entanto, no computo geral o artigo deixa-me uma mensagem de optimismo... finalmente na ATP começa-se a olhar para os pontos de diferenciação... o sobressalto é bom!!!
"O líder dos industriais do têxtil dramatizou que "este é um sector de instabilidade psicológica porque está sempre tudo a mudar", exemplificando que "se atrasar a encomenda, o cliente já não quer porque já não está frio". "Quem aceita o desafio de estar neste sector aceita o desafio do desassossego, do sobressalto", concluiu." 
Cabe a uma associação como a ATP fazer passar a mensagem realista de que quanto mais tudo estiver sempre a mudar melhor para o sector em Portugal.

segunda-feira, outubro 14, 2013

A fazer pela vida, apesar do país da espiral recessiva

"Produção industrial em Portugal regista maior subida da União Europeia"
.
"Sector têxtil aposta no crescimento das exportações"
.
BTW, a ironia:
"sector têxtil deve manter a tendência de crescimento das suas exportações. No final do ano, a expectativa do presidente da Associação Têxtil e Vestuário aponta para um crescimento de 2%.
.
João Costa sustenta a previsão nos dados dos primeiros oitos meses do ano e que o aumento se deve basear nas exportações para a China, uma vez que, no mercado interno, as vendas têm caído cerca de 50%."
Os maiores inimigos da globalização e da livre circulação de bens na Europa, os dirigentes da ATP, combatentes de chineses e paquistaneses, acabam assim a gloriar-se das exportações para a China... tanto tento perdido...

quinta-feira, maio 30, 2013

O tempo que se perdeu...

"El regreso de la producción en proximidad empieza a dar sus primeros ejemplos en Reino Unido. La empresa británica de confección Basic Thinking ha puesto en marcha un nuevo taller en la localidad de Leicester, según Drapers.
...
La nueva planta de Basic Thinking producirá prendas basic premier para distribuir en el Reino Unido y espera llegar a fabricar hasta medio millón de artículos al mes.
...
La compañía ha explicado que han optado por abrir una planta en el mercado británico para entregar pedidos con mayor rapidez y garantizar una producción ética y sostenible. Por otro lado, la empresa opina que el consumidor británico valora que una prenda esté fabricada en su país."
Isto no Reino Unido... com salários mais altos que os portugueses.
.
Perdemos demasiado tempo a defender o passado, a combater paquistaneses.
.
Tempo demasiado precioso que devia ter sido aproveitado a fomentar o futuro, a fazer batota com os factores que nos podem dar uma vantagem competitiva não baseada no preço.
.
Uma tristeza...
.
BTW, R-O-A aqui: "Qual é o recurso mais escasso?"

Trechos retirados de "La producción textil vuelve a Reino Unido con la apertura de un taller para ‘fast fashion’"

domingo, maio 19, 2013

Ainda a mini-saia

Encontramos o que procuramos, ou os nossos olhos acabam por ver o que queremos encontrar.
.
Durante anos li, com alguma tristeza, a caracterização que os responsáveis da principal associação do sector do têxtil e vestuário faziam da situação e da evolução do seu sector, assente numa lógica de locus de controlo no exterior.
.
Cada vez encontro mais sinais de que aprenderam a valorizar o que corre bem, em vez de inflacionarem o custo da mudança que era necessária:
"Segundo a associação, em 2012 a Indústria Têxtil e Vestuário (ITV) portuguesa exportou 4.130 milhões de euros, para 170 destinos diferentes, «tendo o seu esforço de expansão para mercados extracomunitários sido compensado com um crescimento das exportações para estes mercados superior a 7%, face a 2011»,
...
Entre as várias categorias que compõem as exportações, ressalva-se o maior valor acrescentado de artigos como t-shirts de algodão, o principal produto exportado pela ITV nacional, cujo valor aumentou cerca de 40% nos últimos quatro anos, resultado, aponta João Costa, do «investimento das empresas deste sector no aumento do valor acrescentado dos produtos, nomeadamente através da diferenciação assente nos fatores qualidade, inovação, design e moda».
Os têxteis funcionais e técnicos estão igualmente em evidência. A indústria de cordoaria e redes exportou mais 15% do que em 2011, num total de 181 milhões de euros, enquanto as exportações de tecidos especiais e de artigos têxteis para usos técnicos registaram um aumento de cerca de 80% nos últimos sete anos,
...
«O sector têxtil e vestuário português realizou uma notável restruturação ao longo da década, evoluindo para uma atividade industrial de private label mais sofisticado, com mais elevado domínio da engenharia do produto e do processo, desenvolvendo um subsector de têxteis de grande tecnicidade, em contínuo crescimento, e gerando um crescente número de marcas made in Portugal, de sofisticado conceito e imagem de nível global», 

Trehos retirados de "ITV portuguesa vale mais"

sábado, março 30, 2013

Confecção em Portugal?

Este texto "¿Confección en España? Cómo, cuándo y dónde" dedicado a Espanha, também se aplica à confecção portuguesa que trabalha com Espanha e não só.
.
Interessante este trecho final:
"el sector debería articular un discurso comercial que no está desarrollado en base a argumentos de venta como el tiempo de entrega y la competitividad en precio de prendas básicas de producción automatizada."
Não é só por cá que as associações têm dificuldade em abraçar as oportunidades... tão ocupadas que estão em tentar defender o passado.

quinta-feira, março 28, 2013

Curiosidade do dia

"As marcas chinesas de vestuário procuram cada vez mais os tecidos europeus para tentarem distinguir-se internamente, proporcionando novas oportunidades aos industriais têxteis portugueses, disse hoje à agência Lusa uma responsável do setor.
.
"Os chineses são fortes na confecção devido à mão de obra barata, mas as marcas de gama média e alta precisam de mais qualquer coisa que lhes dê valor acrescentado e que as diferencie uma das outras", afirmou Sofia Botelho, directora executiva da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal (ATP).
.
"Eles reconhecem-nos como europeus, ao lado dos italianos, com um nível de preços e de qualidade idêntico. Temos de facto um bom produto", acrescentou."
A leitura do artigo fez-me nascer um sorriso irónico... os campeões do proteccionismo anti-Ásia (a ATP), numa feira na China a vender  tecidos portugueses.
.
Trecho retirado de "Indústria têxtil portuguesa aposta na China"

segunda-feira, março 04, 2013

"Por que é que calçado e têxtil têm tido desempenhos tão diferentes?"

A revista Exame traz um artigo sobre as diferenças e semelhanças entre os sectores do calçado e do têxtil português "Tão iguais, tão diferentes".
.
No passado dia 20 de Fevereiro, na viagem para este evento em Felgueiras, tive oportunidade de conversar com alguém que conhece o sector do calçado há muitos anos, chegou a referir-me conversas da associação do sector, a APICCAPS, com o então ministro da Indústria Mira Amaral.
.
Uma das perguntas que lhe fiz foi "Por que é que calçado e têxtil têm tido desempenhos tão diferentes?"
.
.
.
Precisamente a pergunta a que o artigo da Exame pretende dar resposta.
"Mas porque é que a imagem dos têxteis está a demorar mais tempo a descolar dos anos de declínio, marcados pelo impacte da concorrência asiática e da deslocalização de empresas e encomendas?"
O designer Miguel Vieira confirma essa diferença:
""os dois sectores estão em estádios diferentes de desenvolvimento". "O calçado deu o salto, percebeu a importância da tecnologia, da marca, da embalagem, da imagem, enquanto que o têxtil adormeceu, ficou mais estagnado no private label""
Como referi neste postal, esta figura conta a primeira parte do que aconteceu ao sector, às empresas do calçado:
Menos empresas, empresas mais pequenas, menos produção em pares e menos pares por trabalhador.
.
O artigo dá um exemplo concreto:
"Há 12 anos éramos 500 pessoas e tínhamos cinco clientes activos. Hoje somos 160 e temos mil clientes activos"
Os números retratam uma mudança formidável!!! Passámos da quantidade, de grandes séries e poucos modelos, para uma produção mais diversificada e flexibilizada. É como passar de um extremo para o outro do espectro competitivo:
 BTW, recordar o postal de onde tirei a imagem... escrito em Janeiro de 2007.
.
Os cinco clientes de há 12 anos não desapareceram, foram para a China.
.
Nesse mesmo evento de 20 de Fevereiro, uma das pessoas presentes, exterior ao sector do calçado, verbalizou para a plateia o seu espanto com o que via, algo que a minha companhia de viagem tinha referido menos de uma hora antes. Essa pessoa, tinha estado em várias dezenas de sessões do mesmo tipo noutros sectores industriais e o do calçado tinha algo que o diferenciava... a quantidade de gente nova à frente de novas empresas, ou de empresas de 2ª e 3ª geração. O que diz o artigo da Exame?
"Poder de atracção de novos talentos Até no poder de atracção de jovens designers o calçado tem marcado a diferença, visível em números como a criação de mais de 300 marcas desde 2005 ou em histórias como a de João Pedro Filipe, que lançou a primeira colecção da marca Sr. Prudêncio na London Fashion Week, em Londres, depois de vencer o prémio Young Creative Fashion Entrepeneur da Plataforma de Moda - Fashion Hub Guimarães 2012 e do British Council. "Sempre estudei vestuário, mas em Paris decidi apostar no calçado. pela consciência de que parecia mais aliciante para o futuro". diz o jovem designer." 
Em Fevereiro de 2011 escrevi "Não é impunemente que se diz mal" e julgo que não é preciso dizer mais nada.
.
Ao longo dos anos sempre chamei a atenção para a diferença de discurso entre a APICCAPS e a ATP. Nunca encontrei um texto da associação do calçado a apelar ao proteccionismo, a defender barreiras alfandegárias, a invectivar os chineses. Pelo contrário, ao longo dos anos tenho chamado a atenção para a inelasticidade do tempo e para o excesso desse recurso que é gasto pela ATP a combater os chineses, a combater os pobres paquistaneses, a pedir proteccionismo e a defender o levantamento de barreiras alfandegárias.
.
O artigo também refere o trabalho de 30 anos da APICCAPS com sucessivos planos estratégicos para o sector. Recordar o que escrevi sobre o tema em 2009.

É sempre engraçado encontrar entrevistas a Daniel Bessa sobre o calçado... e acho que já é maldade da minha parte relembrar este postal: "Para reflectir"
.
E agora, coisas que os membros da tríade (políticos, académicos e paineleiros) precisam de aprender sobre os patrões do calçado:
"Há números que ajudam a compreender o percurso da indústria portuguesa de calçado, a investir, em média, 16% do seu valor acrescentado bruto por ano, quase o dobro dos concorrentes Italianos.
...
Sob o lema "A indústria mais sexy da Europa", os sapatos made in Portugal acompanharam a recuperação das exportações com a qualificação dos seus recursos humanos: a percentagem de trabalhadores qualificados subiu de 28% para 48% e o valor acrescentado bruto por trabalhador cresceu 34% em 10 anos." (Moi ici: Recordar o segundo conjunto de gráficos deste postal)
Para terminar, uma parte do artigo que está menos conseguida... é quase caricata:
"Se há uma guerra entre os sectores, o calçado terá tido o tempo a favor. Ao contrário dos têxteis, obrigados a enfrentar a liberalização do mercado apenas em 2005, os sapatos começaram a competir com os grandes asiáticos mais cedo, uma vez que não beneficiaram de um período de transição, com quotas de exportação para a Europa."
A pessoa que me acompanhou na viagem, respondeu-me aquela pergunta lá de cima, "Por que é que calçado e têxtil têm tido desempenhos tão diferentes?", com esta diferença. O calçado teve de conquistar o futuro porque não tinha experiência, histórico, tradição de estar protegido por barreiras alfandegárias. O têxtil tem gasto demasiado tempo e outros recursos a defender o passado, a pedir proteccionismo... não lhe sobra tempo para abraçar o futuro
.
Esta argumentação da revista, põe em causa todos os programas sectoriais de transição... muito poucas empresas mudam por causa de relatórios ou de avisos, a esmagadora maioria só muda pressionada pelas circunstâncias. Por isso, é que a desvalorização da moeda cria uma adição perversa que impede a subida de uma economia na escala de valor. 
.
Por fim, algo verdadeiramente preocupante, o equivalente a ter um Ferrari e não ter mãos para o controlar:
"Na contagem de armas, não há um só representante do calçado no top das 10 maiores empresas de moda, mas os responsáveis da fileira têxtil vêem o peso da sua dimensão como uma fraqueza potencial"
Ainda continuam a sonhar com o modelo mental de há vinte anos... dimensão, quantidade, ... não conseguem perceber e passar à acção, e implementar, e operacionalizar os estudos sobre o sector que o próprio sector financia, ver "A teoria não joga com a prática".
.
.
.
.
BTW, é sempre reconfortante ver o futuro muito tempo antes da multidão.
.
BTW, sempre que ouvirem André Macedo falar sobre um qualquer assunto com um ar de superioridade intelectual e moral... não esqueçam isto "Cuidado com as generalizações, não há sunset industries"

sexta-feira, setembro 21, 2012

É por isto...

Sem TSU e com a economia francesa em retracção:
.
"A França é um dos maiores mercados para os produtos têxteis e de vestuário portugueses, com as exportações nos primeiros seis meses de 2012 a registarem um aumento de 88,5% em comparação com o período homólogo de 2011, revela a ATP. Feitas as contas, o negócio atingiu os 252,9 milhões de euros."
.
É por isto que o sector tem continuado a criar emprego ao longo de 2012 e algumas empresas têm sentido dificuldade em arranjar pessoal.
.
É por isso que não se ouvem estes empresários, estão demasiado ocupados a fazer pela vida, para terem tempo para o paleio.
.

segunda-feira, setembro 10, 2012

Para muitos, o by-pass ao país já chega demasiado tarde

Esta tem sido a evolução do sector têxtil e vestuário nos últimos anos, segundo a ATP:

A facturação tem baixado.
A percentagem da facturação do sector dedicada à exportação tem crescido, chegando aos 65% em 2011, quando em 2005 não chegava aos 59%
As importações cresceram entre 2009 e 2011.
.
A minha leitura:
  • As empresas que trabalham para o mercado da exportação vão aguentando o barco e aumentando as exportações e a produção;
  • As empresas que trabalham para o mercado interno, incapazes de resistir à queda do poder de compra dos portugueses, à competição asiática, e incapazes de fazerem a reconversão para a exportação, vão definhando e morrendo. Não é fácil, os canais de distribuição são outros, os ritmos e gostos são outros, o capital escasseia;
  • As importações de produtos baratos para consumo interno aumenta (embora em 2012 pareça estar a baixar, dada a brutal queda na actividade do retalho).
Julgo que é nesta linha que se enquadra o encerramento recente da UNITEFI na Figueira da Foz, com marcas com sucesso no mercado nacional. Especulo que seja também a situação destas empresas "Mais de 400 desempregados com insolvências nos têxteis de Paços de Ferreira" (Surprendente como ainda existem empresas têxteis com 180 trabalhadores... muito pouco resilientes, a mínima flutuação na procura é a morte do artista) 
.
Até que ponto as medidas anunciadas pelo primeiro ministro na passada sexta feira, vão contribuir para acelerar esta mortandade de quem trabalhava para o mercado interno e, não tem capital, tempo e know-how, para fazer o salto para a exportação?
.
Para as que exportam, a descida da TSU será um bónus bem-vindo... mas não sei até que ponto vão compensar a queda de produção agregada para o mercado interno.
.
Interessante como o nosso conselho de há muitos anos é cada vez mais válido... by-pass ao país.
.
O status-quo é cada vez mais uma armadilha mortal.
.
Será que a sua empresa ainda tem salvação?

terça-feira, setembro 04, 2012

Mais uma vez, é muito mais complexo e bonito do que os custos

Quando aumenta a incerteza, quando diminui a capacidade de fazer previsões, quando o tempo de pagamento/recebimento se torna crítico, quando o dinheiro escasseia, torna-se muito mais atraente comprar mais perto, comprar mais tarde, trabalhar com quem está disposto a produzir pequenas séries, muito mais variedade, tempo de resposta mais rápido, ... tudo isso mais do que compensa um preço um pouco mais elevado.
.
Daí que, apesar do estado da economia espanhola:

"Grupo que detém a Zara está a reduzir fornecedores na Europa, mas em Portugal contratou mais 29% de produtores." (Moi ici: Esses países, onde a Zara está a reduzir fornecedores, terão preços mais baixos do que em Portugal? Recordo ter comprado uma peça na Zara no ano passado e ter reparado que era Made in Albania).
"Espanha comprou 635 milhões de euros de produtos têxteis portugueses no primeiro semestre do ano, o que equivale a 31% do total das exportações destes artigos nesse período. E, contrariando as expectativas, o país vizinho reforçou em 6,5% as compras face ao semestre homólogo de 2011. Espanha fortalece, assim, a sua posição como principal destino dos têxteis nacionais." (Moi ici: Algo que previmos aqui, não porque sejamos bruxos, basta estar atento às correntes, aos ventos e marés que estão a movimentar-se por trás de tudo isto. Basta recordar "Uma oportunidade")
.
De nada valeu a esses países dos Balcãs a sua mão-de-obra barata (até podem trabalhar 9 dias por semana) e os seus atraentes impostos, a localização, um cluster, a competência (não a indigência), têm o seu lugar.
.
Eat my shorts!!!

terça-feira, julho 31, 2012

Precisamos de ouvir mais vezes o discurso das oportunidades

Há anos que escrevo aqui no blogue sobre o regresso a Portugal dos clientes que passaram as suas encomendas para a China durante a década passada. Comecei logo em 2006 (ver aqui e aqui, por exemplo. Tudo por causa do triunfo do fast-fashion, da proximidade, das pequenas séries rápidas). Depois, com o desenrolar da crise após 2007, acrescentei a dificuldade em ter capital para pagar as encomendas a pronto aos fabricantes asiáticos muito antes de receber o dinheiro dos clientes.
.
Em Janeiro de 2011 escrevi aqui:
"As associações deviam estar a preparar os seus associados para o regresso dos clientes que foram para a China, a explicar-lhes o porquê, a preparar os argumentos de negociação... sem isso, vão receber o regresso dos clientes como mendigos e, assim, deixar muito dinheiro em cima da mesa"
Em Fevereiro deste ano voltei a fazer um balanço do regresso dos clientes: "A maré, as duas correntes e o que não aparece nas capas dos medias"
.
Há dias reflectia aqui sobre o poder das expectativas. Os bons líderes sabem usar o poder das expectativas para gerarem self-fulfilling prophecies... infelizmente vejo isso pouco por cá. Hoje, numa entrevista a um empresário têxtil espanhol, dirigente de uma associação patronal, encontro esse discurso que faz falta por cá.
.
Há tempos, o amigo Peliteiro perguntava:
"Precisava era de uma ideia de negócio. Algo na manga para um pequeno investidor?
Sei que esta não é a área dele mas o espanhol dá boas pistas, basta estar atento aos sinais:
"P.: ¿Les asusta la crisis?
 R.: No nos asusta la crisis. Miramos mucho hacia atrás. Dedicamos un ciclo de conferencias a los empresarios industriales del siglo XIX y no es tanta la diferencia entre ellos y nosotros. Creemos que la industria es fuente de riqueza, además de crear valores como el del trabajo, la puntualidad, la limpieza o el orden, que quizás se habían perdido.
...
P.: ¿Existen emprendedores en el textil?
R.: Existen emprendedores, pero no tantos como quisiéramos. Quisiéramos explicar que en estos momentos existe un nicho atractivo en la industria textil. Hay una relocalización, sobre todo para series cortas y productos especiales, y es difícil encontrar industria auxiliar, acabadores, tintoreros, porque ha desaparecido. La industria es importante para la economía del país y en ello nos da la razón todo lo que ha ocurrido. La industria crea puestos de trabajo."
Sim, eu sei, os empresários das PMEs têm medo de falar do seu sucesso, para não dar ainda mais ideias aos normandos que lançam impostos sobre tudo o que mexe. No entanto, era preciso este discurso de expectativas positivas que criam as condições para o cumprimento das profecias sobre o sucesso.
.
Este discurso sobre as oportunidades e expectativas para ser credível tem de vir das pessoas com a mão na massa, não podem ser os discursos cor-de-rosa e sem alicerces de pessoas bem-intencionadas.
.
BTW, o sector automóvel e o do vestuário estão a criar emprego líquido há mais de um ano.
.
Trecho retirado daqui.

sexta-feira, julho 27, 2012

Mais uma previsão acertada!!!

Apesar da queda da economia espanhola, as exportações têxteis portuguesas continuam a crescer para esse mercado:
.
"Têxteis escapam à crise e aumentam exportações para Espanha"
.
Como avançamos que poderia acontecer, neste postal "À atenção de MFL", confirma-se que as exportações têxteis para Espanha continuam a aumentar, apesar da queda da economia espanhola.
.
No vídeo da RTP, para meu espanto, verifico que o presidente da ATP explica o fenómeno usando a argumentação que uso há vários anos e no postal acima citado.
.
Encomendas na Ásia obrigam a maiores prazos e quantidades, obrigam a adivinhar o que vai cair no goto dos consumidores.
.
Depois, custa-me a acreditar que o presidente da ATP justifique que a Inditex passou a encomendar mais a Portugal por causa destes factores... os outros é que passaram a comprar a Portugal por causa destes factores. A Inditex não!!! E não porque a Inditex já o faz há muito tempo. A Inditex está a crescer porque o seu modelo de negócio assente no pronto-moda, no fast-fashion, é o que melhor se ajusta a este mercado em que vivemos cheio de incerteza.
.
Mais uma previsão acertada!!!

terça-feira, junho 19, 2012

À atenção de MFL

Recordando a visão que MFL e a maioria dos políticos mantém sobre a dimensão das empresas e a taxa de sobrevivência (segundo eles, quanto maiores mais resistentes são as empresas), sublinho esta passagem de João Costa, presidente da Associação Portuguesa de Têxteis e de Vestuário:
"A ATP sempre defendeu que a dimensão é crítica para as empresas poderem sobreviver aos tempos difíceis, e mesmo para além deles. Ser grande pode não ter muito significado para uma empresa industrial, pois a reduzida dimensão pode até conferir vantagens do ponto de vista da flexibilidade e reactividade, hoje indispensáveis para o modelo de negócio em que ainda somos competitivos, mas já tem muita importância ter maior dimensão numa perspectiva comercial, pois aí confere capacidade negocial, ao comprar melhor e ao vender com mais margem."
BTW I, sim, é verdade, Espanha representa uma fatia perigosamente grande das nossas exportações de vestuário:
"A situação económica da União Europeia é um forte motivo de preocupação para a indústria têxtil e de vestuário, uma vez que se trata do espaço comercial para o qual tradicionalmente se dirigem as nossas exportações. Cerca de 85% de tudo que vendemos ao exterior vai para a Europa, com destaque para a Espanha. As perspectivas económicas menos positivas, e até negativas, que estão a desenhar-se na União Europeia e, em especial, em Espanha constituem motivo de apreensão e razão suficiente para olharmos o futuro com alguma inquietação, e, sobretudo, muita prudência."
But, always look on the bright side of life, ...
.
Não estamos numa recessão habitual, estamos numa reconfiguração do mercado, estamos numa re-calibração, a falta de dinheiro não é só nos consumidores, é também nos compradores, naqueles que importavam da Ásia. Assim, um modelo que está em ascensão, que está em generalização, é um modelo que  se conjuga bem com o cluster português da ITV, o modelo do "fast-fashion". Não é por acaso que isto acontece:
"O grupo Inditex, dono da Zara, obteve lucros líquidos de 432 milhões de euros no primeiro trimestre fiscal (Fevereiro a Abril), o que representa mais 30 por cento relativamente ao período homólogo de 2011."
Sim, OK, não é clara qual a parcela destes lucros que se referem ao mercado europeu. Contudo:
"Inditex is becoming less-reliant on sales in Spain, its home market, where it has 1,932 stores. But even though the Spanish economy is sinking into recession and consumption is down sharply, Inditex managed to eke out 1% sales growth from its Spanish stores."
BTW II,
"Analysts say Inditex has performed better in the economic downturn than rivals such as Gap Inc and Hennes & Mauritz AB, because of the tight control it has over production and the speed with which it can get the latest trends from the design table to stores."
Ou seja, produção próxima... lembram-se da minha opinião sobre a flexibilidade laboral?
"At the heart of its business model is a complex logistics system and heavy use of information technology to track data on consumer tastes gathered at each of its stores around the world. It also makes half of what it sells close to its headquarters and delivers new garments in small batches to all of its stores in 82 countries on five continents by plane or truck twice a week."
Agora para a tríade:
"The system makes production costlier, but the model has also proven successful during the economic downturn of recent years, because Inditex can adapt more quickly to the ebb and flow of demand."
Eat my shorts!!!