"The refusal to adopt modern technologies is, in many ways, the original sin. As time went on, German CEOs and political leaders continued to double down with poor technological, geopolitical and economic bets - and with an economic ideology that equated the economy at large with industry. This is why the biggest concept in the entire German economic debate is competitiveness, something of huge importance for companies, but a concept rarely used for countries. You hardly hear about it in economic debates in the UK or the US. You hear about almost nothing else in Germany.I recently came across a book written by Hans-Olaf Henkel, a former president of the Federation of German Industry lobby group, who in later life became a member of the European Parliament for the far-right AfD. One of Henkel's big complaints was that Germany had lost the textile industry; he failed to mention that this was the case for every other country in the Western world, too. If he had understood David Ricardo's theory of relative comparative advantage, he would have known that it is perfectly normal for advanced nations to lose certain sectors to developing countries. But Henkel's narrative is the one that stuck in Germany. It is the fight against Ricardo. More competitiveness became the answer to every economic crisis.In the period from 2005 until about 2015, this focus on competitiveness appeared to work. This is the story of the modern German miracle - the story that got a lot of people confused. Germany managed to prolong an outdated industrial model for a few more years due to a series of fortuitous accidents. At a superficial level, that decade seems to be the counter-narrative to my story. At a deeper level, it is not. That decade is not so much the exception that proves the rule, but a period that laid the foundations for a future crisis."
Trecho retirado de "Kaput - The End of the German Miracle" de Wolfgang Munchau
Recomendo a leitura dos comentários ao postal "Curiosidade do dia" de 7 de Fevereiro passado.
Recordo o tema da competitividade no Uganda - Competitividade, absurdo, lerolero e contranatura e a relação entre competitividade e empobrecimento.
Os três textos (o de Munchau, os comentários ao postal, e o do Uganda de Reinert) convergem para uma crítica comum ao uso do conceito de competitividade como um dogma económico que, sem um foco real na produtividade, pode levar ao empobrecimento.
Münchau critica o dogmatismo alemão em relação à competitividade, o que ecoa a análise de Reinert sobre como o termo se tornou um conceito vago e manipulável.
Reinert mostra como competitividade surgiu como um conceito confuso e controverso nos anos 1990. Ele aponta que economistas como Paul Krugman rejeitavam a noção de "competitividade nacional", pois isso poderia justificar políticas que não necessariamente levavam ao aumento da produtividade e do rendimento real. Reinert também destaca que, em alguns contextos (como no Uganda), "competitividade" foi utilizada para justificar a redução de salários e condições de vida, em vez de promover crescimento real. O diagnóstico de Reinert sobre a confusão em torno da competitividade encaixa-se perfeitamente na narrativa de Münchau sobre a Alemanha. O que aconteceu na Alemanha foi exactamente isso: uma busca por competitividade sem inovação estrutural, o que resultou em estagnação. E interrogo-me se não foi isso também que aconteceu no Japão, com base no artigo de Michael Porter, "What is Strategy?"
A frase de João Rocha: "competitividade sem produtividade é igual a pobreza" resume bem a crítica de Münchau e Reinert e é um tema crítico deste blogue.
O facto da Comissão Europeia ter substituído "produtividade" por "competitividade" é preocupante, pois sugere que a UE pode estar a adoptar um discurso similar ao alemão, onde a busca por competitividade pode estar a mascarar a ausência de inovação real.
(imagem daqui)No fundo, a grande questão aqui é: se um país procura ser "competitivo" apenas reduzindo custos (salários, regulamentações, direitos sociais), ele empobrece. A verdadeira competitividade precisa vir da produtividade, da inovação e da criação de valor.
Neste postal escrevi:
"O Carlos cidadão, preocupa-se com o empobrecimento generalizado da sociedade por causa da aposta na competitividade pelos custos, por causa do apoio a empresas que deviam morrer naturalmente e não serem mantidas ligadas à máquina com apoios e subsídios vários como os do Chapeleiro Louco"
É preocupante como a União Europeia segue os mesmos passos de Portugal ... a doença dos subsídios é tramada. Não porque os subsídios sejam intrinsecamente maus, mas porque (e volto a Munchau):
"Subsidies are geared towards large companies with legal departments, not to entrepreneurs whose mind is focused on their business."
Para rematar, estão todos com medo da transição: Falta a parte dolorosa da transição.