Já sabem o que penso sobre salários e custos laborais versus exportações.
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Este blogue há anos e anos que defende que não temos futuro a competir no mercado internacional pelo preço mais baixo, pelo custo mais baixo, ou seja com salários baixos.
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Este blogue brinca, às vezes se calhar até estupidamente, responsabilidade do seu autor que com quase 49 anos não tem, infelizmente, a capacidade de ser mais diplomata e educado, com os economistas, políticos e comentadores de painel - os famosos paineleiros da tríade - que há anos nos martelam a cabeça nos media a dizer que é preciso reduzir os custos unitários do trabalho para exportarmos mais.
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Por tudo isso, comecei a leitura do artigo com este título "
Redução dos custos salariais “não é o factor chave de competitividade”" com um sentimento de concordância.
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Contudo, bastou-me ler o texto para perceber que estava em total desacordo com o autor:
"Economista Manuel Caldeira Cabral recusa que a redução de custos seja o principal factor para as empresas portuguesas ganharem competitividade. E reconhece que a proposta da UGT para subida do salário mínimo é “equilibrada”."
É outra vez a história da
fungibilidade!!!!!!!!
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Faz sentido olhar para a economia portuguesa como um todo fungível?
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Não, por isso escrevo sobre
3 economias e não uma!
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Não, por isso escrevi e escrevo que baixar a TSU para ajudar os exportadores é treta! Mas, e segue-se algo que nunca nenhum político da oposição ou situação disse,
baixar a TSU para ajudar as empresas que vivem do mercado interno faz todo o sentido.
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Agora imaginem o que é numa conferência intitulada “A Competitividade das Empresas e do Estado - Os Imperativos da Internacionalização e Eficiência” misturar-se:
- salário mínimo e internacionalização;
- salário mínimo e competitividade;
- UGT e e economia transaccionável;
E, falar e falar de salário mínimo e exportações. E, esquecer que a maioria das empresas não exporta e vive do mercado interno...
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Há 3 economias
- a do estado, protegida por ayatollahs e que paira como uma carraça sobre as outras duas; (lá vou ter o Mário Cortes à perna)
- a economia dos bens não-transaccionáveis; e
- a economia dos bens transaccionáveis.
A economia de bens transaccionáveis nunca esteve isolada da competição internacional, já passou as passas do Algarve, já deu a volta e está muito bem (ontem mais três empresas - juro - que visitei ou falei que estão com problemas de falta de capacidade para as encomendas que têm).
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Agora, falar do salário mínimo e dizer que pode aumentar porque não é relevante para as exportações (e acredito que sim, para a grande maioria das empresas exportadoras) e não mencionar o impacte que terá para as empresas que vivem do mercado interno... é uma homogeneização enganadora...
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Por muitos jogos que as exportadoras portuguesas ganhem a jogar andebol, isso significa pouco para a maioria que vive do mercado nacional e joga futebol.
BTW, aquela "eficiência" em “A Competitividade das Empresas e do Estado - Os Imperativos da Internacionalização e Eficiência” encerra toda uma visão do mundo competitivo à la século XX.