domingo, agosto 23, 2015

O poder das associações e nas associações

Ainda há dias perguntava no Twitter:



Presidir a uma associação sectorial é um assunto demasiado sério para que um qualquer presidente se eternize. Não é nada de pessoal, é simplesmente o que propus ao PSOE e a Zapatero em Janeiro de 2009.
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No sector do turismo temos Luís Veiga, o presidente da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP). Luís Veiga é um velho "amigo" deste blogue, sempre disposto a fornecer frases que ilustram situações merecedoras de comparecer neste blogue.
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A primeira vez que o referimos foi em Janeiro de 2013 em "Não há nada a fazer?". Em Janeiro de 2013 o presidente da AHP dizia:
"Para 2013 espera-se menos emprego, menos investimento, pior prestação em termos de resultados. Não há milagres"
Eu, ingenuamente perguntava "Não há nada a fazer?"
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Qual o papel do presidente de uma associação? Não é também o de ajudar os associados a agarrar o touro pelos cornos? Não é também o de sugerir alternativas? Não é também o de ser vanguarda?
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Depois, em Outubro desse ano de 2013, verificou-se que o turismo em Portugal batia recordes! Registei o acontecimento em "O exemplo da hotelaria" sublinhando as palavras de Luís Veiga:
"A hotelaria portuguesa poderá ter um ano de recordes em 2013. Até ao final do ano, o sector prevê receber 14,5 milhões de hóspedes, contra 13,9 milhões em 2012, e 42 milhões de dormidas, face aos 39,8 milhões do ano passado. “Nunca se atingiram estes números em Portugal e vamos ter resultados significativos este ano”, sublinha o presidente da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP), Luís Veiga, em entrevista ao SOL."[Moi ici: Na altura até perguntei se ele se tinha retratado]
Entretanto, em Março deste ano voltei a sublinhar umas palavras de Luís Veiga no postal "Sim, é muito mais complexo do que o "paradigma"" onde apelava a um proteccionismo do negócio dos hotéis e a satanização do turismo local, como se não houvesse lugar para todos. Decididamente Luís Veiga precisava de conhecer os rouxinóis de MacArthur:

Na altura desabafei no postal:
"É sempre mais fácil arranjar um culpado externo (o alojamento local), ou um salvador externo (o governo), para não ter de olhar para nós mesmos, para dentro e para o peso da responsabilidade própria que nos cabe de melhorar a nossa situação. É sempre mais fácil assumir o papel de vítima e esperar pelo salvamento."
Hoje, em "Operadores antecipam "novos máximos" na época turística de 2015" volto a encontrar Luís Veiga e a sua visão pessimista. Depois do artigo desbobinar uma série de estatísticas muito interessantes:
"A época turística em Portugal deverá registar “novos máximos” em 2015,
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o crescimento “muito perto dos dois dígitos, de 8,5 a 9%, na generalidade dos indicadores” do turismo em Portugal, a que corresponde um crescimento acumulado de cerca de 30% nos últimos dois anos
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os ganhos competitivos que o país tem vindo a obter, ao crescer “mais depressa” do que vários dos destinos internacionais alternativos, nomeadamente Espanha. “Estamos a crescer ao dobro do ritmo de Espanha no que diz respeito aos elementos quantitativos e a crescer muito mais nos elementos qualitativos, com progressões que chegam a atingir quatro a cinco vezes aquilo que se passa no país vizinho”, destaca.
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Como resultado desta evolução, o Turismo de Portugal antecipa também para 2015 “novos máximos a nível das receitas capturadas pela actividade” e, designadamente, a nível do saldo da balança turística."
Luís Veiga mostra a sua preocupação:
"Contudo, o presidente da AHP nota que estas evoluções “vão tão só recolocar os dados de 2007/2008 relativos à taxa de ocupação e RevPar”, sendo que “os dados médios das regiões turísticas do Norte, Centro, Alentejo, Açores e Madeira não são ainda satisfatórios face ao RevPar previsto”." 
 Basta-me recordar este postal sobre uma das primeiras lições que aprendi no mundo da Qualidade "Cuidado com as médias" e a preocupação de Luís Veiga em Março deste ano, para me interrogar: o que é que está a acontecer à oferta turística? Está a crescer uniformemente ou está a fragmentar-se em diversos tipos?
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Depois, consultamos o último boletim do INE sobre a "Actividade Turística" e encontramos esta evolução dos valores do RevPar:
"O rendimento médio por quarto disponível (RevPAR) foi 43,6 euros em junho de 2015 (+15,7%); no período de janeiro a junho este indicador revelou uma evolução igualmente positiva (+11,4%), tendo correspondido a 29,7€.
Lisboa foi a região com RevPAR mais elevado (65,8€), seguindo-se o Algarve (48,1€) e a Madeira (42,9€). Salientaram-se as evoluções verificadas no Norte (+24,1%), Lisboa (+20,9%) e Açores (+20,3%)." [Moi ici: E o Alentejo cresceu 17%]
E dada a variedade da oferta:
Será que faz sentido trabalhar com um RevPar médio?
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Qual o papel de uma associação com um presidente com este discurso?
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Como se começam a corrigir 30 anos de activismo político? (parte III)

Parte I e parte II.
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A propósito de "Queda no consumo e de 13% no preço do leite esmaga produtores", há cerca de um ano (?) convidaram-me por e-mail para fazer uma apresentação das minhas ideias para o sector, para o provocar.
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Não aceitei por causa deste sentimento:
É tão grande o modelo mental que nos separa que tive dúvidas acerca de um contributo positivo da minha parte, que linguagem usaria, que exemplos teria para ilustrar o meu ponto?
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Agora, constato que a situação ainda é mais negra. A par das consequências da alteração do mercado do leite, com o fim das quotas, com a redução do consumo chinês, com as consequências do embargo russo e a situação económica em Angola, também o consumo de leite está a diminuir em Portugal.
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Não há por aí ninguém que esteja a seguir a alternativa de David?
“A capacidade negocial dos produtores depende da capacidade para fazer barulho”
A minha alternativa começa com outra postura mental, com o locus de controlo no interior, não colocando as expectativas e aspirações nas mãos de outros. E, partindo de outro pressuposto: existimos para servir os outros, se a coisa não está a dar, estamos a receber um sinal que nos convida a rever o nosso modelo de negócio. Quanto mais adiarmos, mais dolorosa será a correcção. É nestas alturas que se faz a renovação da figura:


ADENDA: Não esquecer a resposta dada no comentário na parte I.

sábado, agosto 22, 2015

Curiosidade do dia

Mais uns que perderam um direito adquirido "Japan starts scrimping on its cosseted elderly"

Outra sugestão para a farmácia do futuro

Mais um exemplo de Mongo:
"These days, 3D printing seems poised to take over the world. You can 3D print prosthetic limbs, guns, cars, even houses. This month, another 3D printed product has hit the market, this one with potentially much wider reach: 3D printed pills.
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The first 3D printed pill, an anti-epilepsy drug called Spritam, was recently approved by the FDA.
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Aprecia plans to develop more 3D-printed medications—“an additional product per year, at least,
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Medication-printing technologies could revolutionize the pharmaceuticals industry, making drug research, development and production considerably cheaper.
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In the future, it may even be possible to print pills at home.
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Inventors would need to figure out how to supply the printers with their raw ingredients. Some researchers envision patients going to a doctor or pharmacist and being handed an algorithm rather than a prescription. They'd plug the algorithm into their printer and—boom—personalized medicine."[Moi ici: Acho mais credível que a farmácia do futuro volte a ser um laboratório, com a "impressão" dos medicamentos com base em algoritmos fornecidos pelos médicos (receitas)]
Trechos retirados de "The Future of 3D-Printed Pills"

Recordar "Acerca de sectores estáveis e demasiado homogéneos na oferta (parte III)"

BTW, isto ajuda a perspectivar:



Estão a ver o que é a imprevisibilidade a funcionar?

"despedir é sempre resultado de uma maldade ou de preguiça da gestão"

Actualmente ando a ler o livro "Your Strategy Needs a Strategy: How to Choose and Execute the Right Approach".
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Segundo os autores, como escrevemos aqui no blogue ao longo dos anos, as estratégias são sempre situacionais, dependem das circunstâncias do mercado. Os autores, para caracterizar essas circunstâncias, usam duas variáveis:

  • a maior ou menor incerteza, imprevisibilidade, por um lado; e
  • a maior ou menor capacidade de influenciar o mercado.
Desta combinação de variáveis desenvolvem 5 padrões de desenvolvimento de uma estratégia:
Nesta tabela fazem um resumo muito claro sobre o que está em causa com cada padrão estratégico:
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Num dos capítulos do livro os autores apresentam esta figura acerca da evolução em cada sector da imprevisibilidade:
Cada vez mais a imprevisibilidade é a norma! Por isso, padrões estratégicos baseados no grupo das estratégias "clássicas" proporcionam cada vez menos resultados.
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Talvez por causa dessa evolução, temos este tipo de temas a surgirem nos media de gestão "Companies Need an Option Between Contractor and Employee". A reacção de muita gente perante estes temas é a que escrevi neste tweet:


Assim, enquanto temos uma revista académica a propor a criação de mais categorias de relacionamento entre partes, por cá temos esta satanização permanente de quem tem de despedir "PS subirá indemnização nos despedimentos".
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Até parece que estes desempregados "After Nokia Layoffs, Tech Workers in Finland Regroup and Refocus" resultam de um capricho da gestão.
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Voltemos ao livro e aos padrões. Ao aumentar a imprevisibilidade e a maleabilidade dos mercados, as empresas de um sector podem percepcionar que estão num ambiente competitivo muito exigente, sinal de que o seu modelo de negócio passou o prazo de validade. Nessas alturas as empresas têm de se renovar, têm de abandonar o que já não funciona e encolher para poderem sobreviver, até descobrirem a próxima aposta (“I am going to wait for the next big thing.”).
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O que os teóricos amparados pelo Estado durante toda a sua vida nos vêm dizer é que despedir é sempre resultado de uma maldade ou de preguiça da gestão.
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Veja-se o caso gritante da TAP, as low-cost mudaram a paisagem onde competia, como respondeu? O que abandonou? A que é que renunciou?Já encolheu?
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Assim, medidas que encarecem o desemprego falham por duas vias:
  • aumentam as barreiras para criar emprego;
  • aumentam os custos para as empresas em fase de reestruturação, altura em que mais precisam de dinheiro para sobreviver e preparar "the next big thing".




Acerca da evolução do desemprego (parte IV)

Parte IParte II, Parte III e Previsão,
A propósito dos números do IEFP de Junlo de 2015 sobre a evolução do desemprego (desempregados à procura de emprego):

Afinal ainda não foi desta que se atingiram os valores de Julho de 2009. Agora já duvido se a meta será atingida até Setembro, os próximos dois meses são meses em que o desemprego costuma subir.
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Já quanto ao número total de desempregados, estamos já bem abaixo de Janeiro de 2011:
(A azul a evolução homóloga e a vermelho a evolução mensal)

Algumas notas:

  • O grupo profissional onde o desemprego homólogo mais caiu, -19,5%, foi "Trabalhadores qualificados da indústria e artífices";
  • O desemprego homólogo caiu -18,7% no Algarve e subiu 0,4% no Norte;
  • O desemprego homólogo caiu -19,9% no sector secundário e -11,9% no sector terciário;
  • No final do mês de Julho, o IEFP tinha 20633 ofertas de emprego por satisfazer.
Aposto que os media vão martelar, não a descida do desemprego mas a redução das ofertas de emprego.



Fecho com a continuação deste gráfico:

sexta-feira, agosto 21, 2015

Curiosidade do dia

A Grande Ressaca!
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A venda ao desbarato das commodities em "Goodbye to all that":
"The real curse for producers is over-supply in almost all raw materials. Yet they continue to act as if they are blithely unaware of it. Capital is still pouring into holes in the ground, creating a hangover that may last at least a decade. Jeff Currie of Goldman Sachs, a bank, says past cycles suggest it can take up to 15 years to work through the over-investment. “The world has just flip-flopped,” he says."
Como não recordar a força da inércia em "O poder, o momentum da inércia"

Interessante a posição alemã no gráfico...

Mais uma figura interessante retirada de "Your Strategy Needs a Strategy: How to Choose and Execute the Right Approach":

Talvez seja por isto que muitas vezes digo que a empresa americana-tipo não tem paciência estratégica... vive encerrada num modelo mental de estratégia clássica.
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Interessante a posição alemã no gráfico...
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Isto num mundo cada vez mais imprevisível

... e as experiências

Depois de "É a experiência, estúpido!" e de "A economia de experiências a crescer no Algarve", ia escrever no título "O turismo e as experiências". Depois, recuei... não é só o turismo, é tudo. A experiência é o produto!
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A propósito de "Gamification in tourism: Designing memorable experiences (a book review)".
"the reasons why people play games, engage in tourism and why a tourism experience is memorable are similar, mainly: experiencing positive emotions, being highly engaged with an activity, deepening and expanding relationships, finding meaning and experiencing accomplishment. The most successful games and tourism experiences manage to accomplish all of these elements."

"valor" e "significado"

O marxianismo defende que o valor de algo é definido pelo trabalho anteriormente incorporado na sua criação. Assim, para um marxianista, isto é impensável: "Espanha: Chineses pagam 10 mil euros por aeroporto que custou 450 milhões".
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Neste blogue considera-se o valor como algo subjectivo, relativo, fenomenológico e definido pelos intervenientes numa transacção. Por isso, achei interessante o paralelismo da evolução dos conceitos de "valor" e de "significado" que encontrei neste texto "Reading :: Service-Dominant Logic":
""Value is always uniquely and phenomenologically determined by the beneficiary"
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Scholars in rhetoric and writing studies may see parallels with the term "meaning" in our field, a vague term for something that was once understood as embedded in the text, unilaterally communicated from writer to reader. Eventually, rhetoric and writing scholars shifted to the consensus that meaning is cocreated in communicative interactions: meaning was eventually seen not as a noun, a quality embedded in a material, but rather the result of a verb, an interaction across many participants and media. That is, the shift to S-D logic described in this book sounds a lot like the interpretive turn that rhetoric and writing took in the 1980s."

quinta-feira, agosto 20, 2015

Curiosidade do dia

Sou um utilizador frequente do comboio e gosto de andar de comboio.
Por isso, saúdo esta evolução "CP estuda reforço da frota. Passageiros crescem há 23 meses"

E os profissionais até são capazes de gestos bonitos:


Acerca da batota

Associar a "The permanent rules":
"Rules are rarely universal constants, received wisdom, never unchanging. We're frequently told that an invented rule is permanent and that it is the way that things will always be. Only to discover that the rule wasn't nearly as permanent as people expected."
E recordar a figura:

Como se começam a corrigir 30 anos de activismo político? (parte II)

Parte I.
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Na parte I sublinhámos:
"“For 30 years, French authorities encouraged regional development and medium-sized, family-owned dairy farms.”
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France has yet to reconcile its ideal of traditional farming, centred around families, and the need to foster larger farms able to compete with lower-cost competitors in Germany or the  Netherlands.
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“The general public wants small farms because it is more pretty,” says Mr Daudin, 27. “There’s resistance to anything that resembles a factory. But this has a cost."
E recordo outro exemplo francês "Small isn’t always beautiful: The cost of French regulation"
E recordo o exemplo italiano "As long as you’ve got fewer than 15 employees, the union usually leaves you alone"
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Neste blogue não se segue acriticamente a relação entre produtividade e tamanho da empresa, como ainda ontem voltamos a referir acerca dos Encontros da Junqueira. É tudo situacional, se uma empresa segue uma estratégia em que a competitividade se baseia no preço, em que os ganhos de produtividade decorrem de aumentos de eficiência, então, o tamanho é importante e relevante.
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Vamos então à parte II, "Pourquoi le porc français est-il plus cher que celui des voisins européens ?":
"La donne est claire: la France est moins compétitive que ses voisins européens. Troisième producteur de viande de porc en Europe avec 1,9 millions de tonnes produites en 2014, le pays affiche le prix le plus élevé: 1,55 euro le kilo. En Allemagne, le porc est vendu à 1,32 euro le kilo et va même jusqu'à 1,25 euro du kilo en Espagne. Certains industriels préfèrent alors se tourner vers l'étranger.
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Les exploitations françaises ont un problème de rentabilité. En moyenne, un élevage en France compte 200 truies contre 560 au Danemark et même le double en Espagne! «En 1998, la circulaire Voynet-Le Pensec, a mis un coup à la modernisation nécessaire à notre système agricole, estime Guillaume Roué, de l'interprofession porcine (Inaporc). L'objectif était alors de limiter l'élargissement des élevages. En 2004, on a commencé à voir une inversion de la courbe sur la production de porcs français. Pendant ce temps-là, nos voisins se sont diversifiés, ont augmenté leur productivité et ont agrandi leurs exploitations.» En vingt ans, l'Allemagne est en effet passée de 35 millions de porcs abattus à presque 60 millions l'an passé."
E agora, como começar a corrigir 30 anos de activismo político?
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Talvez uma resposta esteja aqui na experiência neo-zelandesa, quem sabe?
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E agora, enquanto a indústria do porco está atolada num pântano, tem de competir pelo preço, no entanto, a regulação, ao mesmo tempo, desincentiva a tomada de decisões que a favorecem. Os políticos que a minaram estão algures a gozar a reforma como se nada fosse com eles.
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Há alternativas ao preço? Claro, mas implicam uma mudança tão grande que poucos a tentam. Por exemplo, criar uma marca, deixar de optar pelas estirpes mais produtivas e voltar às raças autóctones, trabalhar novos segmentos de mercado, fazer da quinta um lugar de visita e de experiências.
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Olha, podiam começar por estudar os frangos Purdue.
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"Firm Size Distortions and the Productivity Distribution: Evidence from France"
"Size-dependent regulations, firmsize distribution, and reallocation"

Um campeão escondido (parte II)

Parte I
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Para muitos, longe da realidade das empresas e habituados a direitos adquiridos esta linguagem é incompreensível:
"“A Oli não pode estar descansada em mercado nenhum. A concorrência é cada vez mais variada e mais agressiva, com as mais diversas origens e em todos os segmentos”, adianta."
Competir pelo preço? Claro que não:
"A aposta na inovação é, aliás, ponto de honra para quem lidera a Oli.
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Inovar significa competir à escala global e a Oli incorporou a palavra no ADN da empresa. Por isso, surgem colaborações e parcerias com centros de investigação e universidades,
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As parcerias estendem-se a nomes maiores da arte nacional. A Oli gosta de surpreender o mercado e aqui o design tem uma palavra a dizer.
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De qualquer forma, o empresário sabe quais os factores que, na sua opinião, têm feito a diferença nos mercados onde a Oli se movimenta. “Confiança na qualidade e fiabilidade dos nossos produtos”, resume. A flexibilidade às necessidades cada vez mais específicas dos clientes e a procura de novas soluções são também aspectos que contam na hora de fechar negócios."
Texto retirado de "Oli: a líder ibérica de autoclismos quer cada vez menos água"

quarta-feira, agosto 19, 2015

Curiosidade do dia

"The current system educational system is not broken, he says. It’s doing exactly what it was designed to do: prepare workers for a hierarchical, industrialized production economy. The problem is that the system cannot be high-performing because it’s not doing what we need it to for the upcoming decades, which requires leveraging the skills and capabilities of everyone."
Trecho retirado de "A Chat with Jaime Casap, Google’s Chief Education Evangelist"

5 alternativas à atenção da tríade

Ao longo dos anos tenho falado aqui acerca dos membros da tríade, gente que só conhece uma forma de competir no mercado: tamanho, preço e eficiência.
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Algo a que os autores de "Your Strategy Needs a Strategy: How to Choose and Execute the Right Approach" chamam de "estratégia clássica".
Só que existem outras alternativas estratégicas. E a tríade não as conhece... sofrem do problema que Napoleão identificou:
"Napoleon said: To understand someone, you have to understand what the world looked like when they were twenty." 
Entretanto, nos últimos anos o mundo mudou e acelerou. Os autores do livro propõem 5 alternativas estratégicas:

"The Strategy Palette offers five distinct approaches to business strategy:
  1. The Classical Approach (be the biggest) [Moi ici: E apetece voltar aos participantes nos Encontros da Junqueira. Ficaram por esta visão do mundo, cada vez mais obsoleta. Recordar esta figura.] is the traditional analyze-plan-execute method, with a goal of achieving sustainable competitive advantage through scale or differentiation.
  2. The Adaptive Approach (be the fastest) is about responding rapidly to changing market conditions by continuously experimenting, then selecting and quickly scaling up whatever works.
  3. The Visionary Approach (be the first) envisions new business possibilities. Although this approach is typically associated with entrepreneurial start-ups, large companies now also need to be visionary to stay relevant.
  4. The Shaping Strategy (be the orchestrator) is about partnering with other companies to reshape an entire industry through collaboration, often using a digital platform.
  5. The Renewal Strategy (be viable) [Moi ici: Uma alternativa automaticamente satanizada por muitos. Recordo sempre Jobs e o seu “I am going to wait for the next big thing.”] is best used when a business is in jeopardy and needs to conserve its resources to fund the journey back to viability and growth."

O luxo discreto

Excelente artigo, "Luxury Branding Below the Radar", excelente tema. Cada vez mais, clientes com poder de compra querem consumir luxo sem fazer alarde disso.
"For nearly a decade marketers have been talking about the rise of “inconspicuous consumption”: elite consumers’ growing affinity for discreet rather than traditionally branded luxuries.
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all of a sudden people were making fun of overt wealth and even taking the labels off their clothes
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upper-class consumers have become intrinsically less drawn to overt status symbols
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social media have enabled the rise of niche brands
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through which like-minded people of any socio­economic stratum can send what Berger calls “subtle signals” to one another. His lab studies have shown that “the educated elite”—say, fashion students choosing which bag to buy—have a significant preference for “discreetly marked products, subtle but distinct styles, or high-end brands that fly beneath the radar,” which gives the providers of those offerings greater longevity than their “more blatant counterparts."
E claro que isto é um problema para muitas marcas:
"Our entire strategy is based on people buying products to signal their social status to others.’" 
O artigo continua com uma série de alternativas para ir ao encontro destes clientes e desta tendência.

Poder, decisões e excesso de confiança

"the decisions made by power holders across a multitude of arenas - including businesses, government, religious institutions, and nonprofit organizations - are often marred with overconfidence.
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urthermore, when powerful leaders are plagued with overconfidence, the consequences for performance can be detrimental. Making important decisions in the absence of adequate information hinders not only one’s own performance and ability to maintain power, but often hurts companies, stockholders, and the general public too,
...
the experience of power exacerbates overconfidence.
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After experiencing power, individuals pay more attention to positive and rewarding information, and adopt an orientation toward action. Furthermore, recent evidence shows that experiencing an elevated sense of power – defined as the subjective sense that one is powerful and influential, regardless of whether this is actually the case coincides with confidence-inducing states, such as optimism, risk-taking and exaggerated perceptions of control over outcomes. Building on these ideas, we predict that power will, via an elevated subjective sense of power, lead to an overestimation of one’s accuracy in decision-making domains."

Trechos retirados de "Power and overconfident decision-making"

terça-feira, agosto 18, 2015

Curiosidade do dia

"New Zealand is a very prosperous, free, and content country. As recently as the 1980s, it was not.  Radical free market reforms helped make it a better place. And, those changes were introduced by a Labour government."
Fonte: "New Zealand’s Far-Reaching Reforms: A Case Study on How to Save Democracy from Itself"

E o mundo a mudar, também por cá

"Domingo, dia 16 de agosto de 2015, ficará na história da televisão portuguesa. Pela primeira vez, o consumo de canais por cabo, aliado a outros usos de televisão que não o visionamento de canais em tempo real (DVD ou consolas de jogos, por exemplo), ultrapassou o share dos canais em sinal aberto (RTP 1, RTP 2, SIC e TVI)."
Importante também esta evolução:
Como é que a sua empresa reage a estas alterações no seu próprio mercado?


Trecho inicial retirado de "TV aberta regista derrota histórica"

Quantas barbaridades deste tipo?

A vida mostrou-me muito cedo como quem está longe pode ver melhor do quem está perto. No final de 1974 a minha mãe, na então Metrópole, avisava por telefone os seus pais e irmãos para que preparassem quanto antes o regresso de Angola. Não o fizeram, ela era uma exagerada que não estava a ver bem a coisa, que tudo se iria resolver pelo melhor. Foi o que se viu.
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Essa experiência passada pôs-me a pensar depois de ler "How olive oil explains Greece’s problems". É fácil pensar na Grécia como um festival destes horrores económicos auto-infligidos:
"First, they couldn't find anyone in Greece to make a bottle -- they had to have the bottle made in Italy. They had difficulty getting loans to pay for the bottles, and then they were hit with the taxes. Due to Greece's economic issues, the government asked businesses to estimate and pay the taxes they would owe in 2016 ahead of time -- in 2015."
 Quantas barbaridades deste tipo, de parasita estúpido, continuam a praticar-se no nosso país e tomamos como normais, ou como fazendo parte do que é normal no nosso mundo?
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Quantas destas instituições extractivas continuam a proliferar na nossa sociedade mas tomamos como algo natural?

"The value of incumbency has also diminished"

Outro sintoma interessante que retiro do livro "Your Strategy Needs a Strategy: How to Choose and Execute the Right Approach" assenta neste gráfico:
"The value of incumbency has also diminished: the probability that the top three market-share leaders are also among the top three profitability leaders declined from 35 percent in 1955 to just 7 percent in 2013"
Como não recordar:





segunda-feira, agosto 17, 2015

Aceleração da imprevisibilidade e da volatilidade?

A propósito de "Empresas estão a recorrer mais à redução de horário de trabalho" não faço a mínima ideia do que é que está por trás desta evolução, nem de quais os sectores económicos envolvidos.
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Recordo, no entanto, uma série de factores que podem contribuir para uma aceleração da volatilidade e a disrupção dos incumbentes:
  • O MoU com a troika previa um aumento da concorrência interna (sectores não transaccionáveis da economia);
  • O fim do GES também deve ter contribuído para um aumento da concorrência interna;
  • Em "Yes, platforms are the most modern iteration of the firm", Esko Kilpi descreve esta revolução que a maioria das pessoas não vê:
"You start with customer interaction and work backwards. It is the opposite of the industrial make-and-sell model.[Moi ici: O emprego como o mainstream o vê foi criado para alimentar o modelo industrial] It is a contextual chain of relationships that starts from interaction with the customer and leads up to the creation of the on-demand offering and the enabling structure and technology."
Como a maioria não vê isto, há dias comentei:
Hoje, em "Your Strategy Needs a Strategy: How to Choose and Execute the Right Approach", no início do capítulo III encontrei este gráfico sobre o aumento da volatilidade nos vários sectores económicos:
E o que é que acontece quando aumenta a imprevisibilidade?
"When the business environment is unpredictable and nonmalleable and advantage may be short-lived, firms have to be ready to adapt quickly to succeed.
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Adaptive firms continuously vary how they do business by generating novel options, selecting the most promising, which they then scale up and exploit before repeating the cycle.
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Strategy emerges from the continuous repetition of this vary, select, scale up thought flow, rather than from analysis, prediction, and top-down mandate. By iterating more rapidly and effectively than rivals do, adaptive firms outperform others, but the classical notion of sustainable competitive advantage is replaced by the idea of serial temporary advantage.
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An adaptive approach to strategy is appropriate when - and only when - your company is operating in an environment that is both hard to predict and hard to shape.
...
An adaptive approach to strategy is appropriate when - and only when - your company is operating in an environment that is both hard to predict and hard to shape. Until the 1980s, less than a third of business sectors regularly experienced turbulence. But because of globalization, accelerated technological innovation, deregulation, and other forces, roughly two-thirds of the sectors now do."







Aprendizes de feiticeiro e o Armagedão

Havia de ser lindo se esta proposta fosse avante "PSOE quer o mesmo salário mínimo e idade da reforma para todos os países da UE".
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Como é possível ser tão demagogo, tão perigosamente incendiário e ocupar a função que ocupa.
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Outra ideia boa, a juntar à ideia da saída do euro, para criar uma novela ou um filme sobre o day-after.

Euro e China, duas variáveis

Estamos habituados, desde a escola primária, a estudar a influência das variáveis num sistema, variando uma variável de cada vez e analisando o resultado.
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Este método tem uma falha grave, não permite detectar interacções entre variáveis.
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Muita gente culpa a entrada no euro como a culpada de uma série de desgraças que assolaram a economia portuguesa. Como se a única variável a mudar durante esse período fosse a entrada no euro.
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E a entrada da China no mercado mundial?
Qual a sua influência?


Mongo também passa por isto: DIY na escola

Quando o movimento DIY chega à escola "Homeschooling Goes Mainstream":
"Many of the parents Hennessey interviewed choose homeschooling because of the ongoing failure of a blue model institution: the bureaucratic, sclerotic public school system, dominated by teachers’ unions. Meanwhile, innovative, post-blue education-delivery models—online learning in particular—are providing a viable alternative for parents not content with simply tolerating the poor quality of a system desperately in need of reform. Similar trends are at work in other critical sectors of the economy, from healthcare to transportation to retirement benefits."

domingo, agosto 16, 2015

Acerca de bons gráficos

Quando se tem um balanced scorecard, quando se segue um conjunto de indicadores é fundamental não cometer um dos pecados capitais da monitorização, é fundamental olhar para gráficos e não só para tabelas de números (recordar os três erros mais comuns na apresentação de resultados).
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Com Stephen Few e Eduard Tufte aprendi algumas regras importantes a seguir acerca dos gráficos.
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Em "Real Chart Rules to Follow" reencontramos algumas dessas regras.

Acerca dos ecossistemas

Acerca de um tema que tratamos aqui no blogue há anos, os ecossistemas.


Um pormenor, ao minuto 33 quando Jim Moore fala sobre o choque da inovação, dos novos modelos de negócio, com o esquema dos estados para impostar a actividade económica. Recordar:



Não confundir com perigosa propaganda neoliberal, é só a biologia a funcionar

Mais sintomas do avanço de Mongo:
Para a maioria isto é perigosa propaganda neoliberal, para mim é a simples evolução de uma etapa da economia para outra etapa.
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Não a considero nem melhor nem pior em si mesma. Considero-a a mais adequada para um novo ecossistema. Há 150 anos a maioria dos cidadão de um país não eram empregados de uma empresa ou do Estado. Hoje, são-no. No futuro, talvez não.

"It is true that some of these new websites undermine existing business models, just as file-sharing wrecked music-publishing companies.
...
By reducing the cost of information, the internet kills some business models. But not all.
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Many more people are likely to be self-employed, offering services to a wide range of customers. In a sense, they will be artisans, not employees. Activities such as sales, marketing and accounting—matters that salaried employees leave in the hands of specialist colleagues—will become the responsibility of the individual. Such workers will have to be more, not less, sensitive to the market economy than the typical office drone."

"The existence of high transaction costs outside firms led to the emergence of the firm as we know it, and management as we still have it. A large part of corporate economic activity today is still designed to accomplish what high market transaction costs prevented earlier. But the world has changed.
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What really matters now is the reverse side of the Coasean argumentation. If the (transaction) costs of exchanging value in the society at large go down drastically as is happening today, the form and logic of economic entities necessarily need to change! Coase’s insight turned around is the number one driver of change today! The traditional firm is the more expensive alternative almost by default. This is something that he did not see coming.
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Accordingly, a very different kind of management is needed when coordination can be performed without intermediaries with the help of new technologies. Digital transparency makes responsive coordination possible. This is the main difference between Uber and old taxi services. Apps can now do what managers used to do.
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For most of the developed world, firms, as much as markets, make up the dominant economic pattern. The Internet is nothing less than an extinction-level event for the traditional firm. The Internet, together with technological intelligence, makes it possible to create totally new forms of economic entities, such as the “Uber for everything” -type of platforms/service markets that we see emerging today. Very small firms can do things that in the past required very large organizations. [Moi ici: O que lêem os que frequentam os Encontros da Junqueira ou os Avelinos de Jesus?]
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We stand on the threshold of an economy where the familiar economic entities are becoming increasingly irrelevant."
A economia co-evoluiu em função do meio que também altera, é uma continuação da biologia.

sábado, agosto 15, 2015

É a experiência, estúpido!

Mais um sintoma a juntar à lista que este blogue vai compilando ao longo dos anos acerca da economia baseada em experiências, "Stores Suffer From a Shift of Behavior in Buyers":
"Some retailers are struggling as shoppers prioritize experiences over goods.
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As Americans spend more money on doing things, not buying things, department stores are losing out.
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Analysts say a wider shift is afoot in the mind of the American consumer, spurred by the popularity of a growing body of scientific studies that appear to show that experiences, not objects, bring the most happiness. The Internet is bursting with the “Buy Experiences, Not Things” type of stories that could give retailing executives nightmares.
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“It’s becoming more and more about the experience — whether it’s going to a festival or sharing a car ride or going to a new city,”
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“The ‘pile it high and watch it fly’ mentality at department stores no longer works.”[Moi ici: Gente que trata os clientes como krill, como plancton]
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“And if they don’t see anything in stores they fancy, they’ll seek out experiences,” he said. “It’s experience versus the mundane.”"
Recordar:

"Neste contexto, não entendemos como é possível o consumo privado recuperar no próximo ano»" (parte II)

Parte I.
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A propósito de "Portugal cresce acima da Zona Euro pelo quinto trimestre desde 2011".
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Recordar "PIB: PS diz que previsões são «pouco credíveis»

sexta-feira, agosto 14, 2015

Como se começam a corrigir 30 anos de activismo político?

Depois de ler um artigo como este "French farmers reap a harvest of strife" sinto-me assim:
Pertencemos a dois universos distintos... falamos duas línguas diferentes, cada um com a sua cosmovisão.
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Os agricultores ainda estão na fase marxiana:
"“It’s down to global market prices now, not whether you did a good job,” she says. “You can have a great harvest and not earn much one year, and make more money with lower quality the following. The only thing we can predict is our costs, and they are always rising.”"
Que outro sector da economia ainda acredita que o mais importante é produzir e que o preço deve incorporar o trabalho realizado?
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Em todos os sectores económicos se vive(u) o mesmo. Quando a produção é superior à procura não basta produzir, não chega produzir. É preciso seduzir potenciais clientes para que prefiram os nossos produtos.
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O que é que os economistas e outros membros da tríade propõem para conseguir essa sedução?
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A redução de preços!
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E como é que se reduzem preços e se ganha dinheiro ao mesmo tempo? Aumentando a eficiência, aumentando a escala para distribuir os custos por uma maior quantidade produzida.
"“In France, more than in other European countries where state intervention was less important, the end of the quotas is a major evolution,” says Vincent Chatellier, a researcher at Institut National de Recherche Agronomique. “For 30 years, French authorities encouraged regional development and medium-sized, family-owned dairy farms.”
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Once Europe’s top exporter of agricultural products, France has in recent years been dethroned by the Netherlands and Germany. It is still the continent’s largest producer, but more competitive countries are pushing down the prices of beef, pork and dairy products at home and gaining market share abroad.
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Cédric Daudin, a dairy farmer near Blois, says France has yet to reconcile its ideal of traditional farming, centred around families, and the need to foster larger farms able to compete with lower-cost competitors in Germany or the  Netherlands. Farmers who seek authorisation to extend plots or smallholdings  often run into local opposition, he notes.
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The general public wants small farms because it is more pretty,” says Mr Daudin, 27. “There’s resistance to anything that resembles a factory. But this has a cost. Our labour costs are higher, some of our health and environmental rules are  tougher than the European norms.”"
30 anos de activismo político de governos sucessivos destruíram os sinais económicos que deveriam incentivar os agricultores no terreno a optarem por alternativas estratégicas em função da sua idiossincrasia e leitura do mercado. Uns, teriam optado pela via do gigantismo e tornar-se-iam nos gigantes do low-cost. Outros, teriam abandonado o sector. Outros, muitos, teriam optado por alternativas ao gigantismo: aposta em culturas alternativas; aposta em marcas; aposta em canais de distribuição alternativos; aposta em inovadores modelos de negócio, ...
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30 anos de activismo político que deixaram um grupo profissional a queixar-se do que acontece normalmente nos outros sectores. Uma qualquer fábrica pode produzir bem, pode encher o armazém de algo produzido sem defeitos e, no entanto, não ser capaz de seduzir os clientes simplesmente porque alguém fez melhor ou fez diferente e seduziu os clientes. É a vida!
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O interessante... é como este é o grande desafio, o desafio prioritário em tantos e tantos sectores, em tantas e tantas empresas em todo o mundo.
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Reconhecer que há alternativas à competição pelo preço.
Acreditar que a procura é heterogénea.
E, paciência estratégica para explorar até encontrar a alternativa que se ajusta ao caso de cada um.
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Como se começam a corrigir 30 anos de activismo político?

Acerca dos CUT

O @MAL publicou este gráfico no Twitter:
Onde podemos ver a evolução dos Custos Unitários do Trabalho (CUT) a crescerem, ao longo desta década, na Finlândia.
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A inferência rápida que somos levados a tirar é que a crise finlandesa se deve à evolução dos elevados custos unitários do trabalho. Recordo daqui:
"Se os CUT são um rácio entre os custos do trabalho e a produtividade desse trabalho, então, a redução [o aumento] dos CUT pode ser obtida através de 3 vias:
  • reduzindo [aumentando] os custos do trabalho
  • aumentando [reduzindo] a produtividade do trabalho; ou
  • uma conjugação das duas.
Sistematicamente, quem fala da necessidade de reduzir os CUT fala em reduzir salários."
O que aconteceu aos salários finlandeses?
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O que aconteceu à criação de riqueza pelos finlandeses?
Fontes: LCPH e GDPAMP

Acho que é a isto a que chamam sticky wages. Os salários finlandeses cresciam muito mas no período 2012-14 não cresceram nada de especial. Contudo, a riqueza criada tem vindo sempre a descer. A conjugação das duas direcções no numerador e denominador, provocam o aumento considerável dos CUT.
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A minha alternativa?
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A mesma que recomendei e recomendo para Portugal, subir na escala de valor, trabalhar prioritariamente o numerador.


"mas o essencial é que o mercado de massas desapareceu"

Se admitirmos a hipótese Mongo, se a conjugarmos com a polarização dos mercados e assumirmos que o cliente é especialmente atraído pelo trading-up, então, não faz sentido pensar que os robots vão eliminar os postos de trabalho ocupados por humanos. Recordar o que já temos escrito por cá em "O truque é a interacção, a co-criação. Os robots não têm hipótese!".
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Daí que este título "A robotic workforce? No, humans are cheaper" se encaixe tão bem num futuro baseado na hipótese Mongo e nas experiências da Toyota e da Canon.
"People will be surprised - “[the use of robots] won’t be as disruptive as the hype today would suggest,” he continues.
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“The more a robot can do, the more it will cost – humans should be able to still be less expensive than robots. Plus robots for the foreseeable future will have to specialise, and we humans don’t – we’re more flexible.”
Julgo que esta discussão acerca dos humanos vs máquinas padece de um mal que identifico neste artigo, "On Your Marks: The Race to Global Manufacturing Leadership Is On", não acredito que voltemos ao século XX com um referencial único para todos. Uns optarão pelas técnicas aditivas, outros optarão pelas técnicas subtractivas, outros por mais automatização...  mas o essencial é que o mercado de massas desapareceu e deu origem a uma panóplia de tribos com gostos e refinamentos bem diferentes entre si.

Abordagem baseada no risco - ISO 9001:2015 (e-book)

Registámos num e-book a nossa reflexão sobre o que é, e como pode ser utilizada, a abordagem baseada no risco, a principal novidade da versão de 2015 da ISO 9001.
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Interessados podem encontrá-lo na Amazon aqui.
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Recordar o workshop para Setembro de 2015.
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Entretanto, vamos hibernar o blogue durante alguns dias, para pintar a casa, visitar o passadiço do Paiva e começar a escrever outro e-book.


quinta-feira, agosto 13, 2015

Um dos nossos problemas?

Ontem, a propósito da morte de John H. Holland, recordei aqui no blogue este postal de Agosto de 2010 "Um admirável mundo novo pleno de oportunidades".
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Nele salientei o que Holland dizia acerca das florestas tropicais:
"There is great diversity, as in a tropical forest, with many niches occupied by different kinds of agents" 
Na altura, entusiasmado com esta frase, liguei à minha irmã, bióloga, para que corroborasse a minha construção mental:
"a floresta tropical é muito rica em diversidade porque é muito rica em recursos naturais, em nutrientes."
A minha irmã deu-me uma desilusão, o solo das florestas tropicais é conhecido por ser muito pobre. A chuva constante lixivia e arrasta os nutrientes para o curso de água mais próximo.
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Levei alguns anos a voltar ao tema e a perceber que a relação de causa-efeito é ao contrário: porque os solos são pobres é que a floresta tropical é muito rica em biodiversidade. Ao contrário das florestas das zonas temperadas.
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Qual será o paralelismo para a economia?
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Fará sentido querer que a economia portuguesa tenha um perfil semelhante ao de outros países? Não será precisamente aí que está um dos nossos problemas, o querer copiar padrões adequados para outro tipo de solos?
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Se um solo é rico, vários agentes de uma mesma espécie podem competir pelos mesmos nutrientes, haverá nutrientes para muitas unidades. Se um solo é pobre, um agente bem sucedido de uma espécie monopoliza o acesso a um certo tipo de nutrientes, fazendo o crowdingout dos restantes agentes da mesma espécie. Outros agentes de outras espécies terão sucesso se competirem por diferentes tipos de nutrientes. Depois, como os recursos são escassos há toda uma hierarquia de espécies que crescem e prosperam em torno de cada um destes agentes, seguindo a mesma regra e promovendo assim a biodiversidade. O efeito dos rouxinóis de McArthur multiplicado por milhares de vezes:

Race to the bottom, em directo

O Aranha, sempre atento a estas coisas, enviou-me um e-mail com esta foto:
Bom exemplo do funcionamento de um mercado comoditizado. Prestadores de serviços, fornecedores, enviam propostas sem visitar o potencial cliente, sem saber dimensão e sector do cliente. Tão "Grab&Go"!
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O que esperará o cliente final desta certificação? Aposto que me diria, se testado numa máquina da verdade:
- É uma treta que tenho de ter para aumentar a minha pontuação uns pontitos e conseguir uma majoração qualquer... 
Hummm! Cheira-me que daqui a uns anos será mais um "lesado" a protestar porque vai ter que devolver dinheiro, por não ter atingido objectivos e ninguém lhe disse nada.

A decisão mais importante

Em linha com o que se escreve neste blogue há mais de dez anos. Num negócio, a pedra angular é escolher quem são os clientes-alvo. Este artigo, "The Single Decision That Will Make Or Break An Entrepreneur’s Business", corrobora a mensagem:
"there is one decision you must be maniacal about in order to gain any momentum: your target market. Whether your idea is in its infancy, or your product is ready for primetime, selecting your market is essential before you begin selling. [Moi ici: O texto é sobre startups mas acredito que a mensagem se aplica também a empresas maduras. Quando precisam de mudar de modelo de negócio, quando precisam de se internacionalizar, quando querem entrar num novo mercado, quando querem entrar numa nova categoria, ...]
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All these companies target specific groups in geographically defined areas, limiting the number of potential customers to maximise the value they deliver."

quarta-feira, agosto 12, 2015

Curiosidade do dia

Saúda-se esta alteração no discurso "PS atribui aos empresários mérito da recuperação da produção industrial".
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Afinal há coisas a correrem bem na economia portuguesa e, como escrevo aqui com regularidade, apesar dos socialistas de turno no governo (aqui e aqui).
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Este discurso de Caldeira Cabral fez-me ir à procura de artigo que escreveu no JdN em Dezembro passado, "Desaceleração das exportações: negar este problema não é uma boa estratégia". Neste artigo Caldeira Cabral segue as pisadas de Nuno Aguiar, usa estrategicamente os números para passar uma mensagem parte verdade e parte ... esquisita. Vamos ao que ele escreveu:
"As exportações em 2014 estão a crescer menos do que no passado recente e estão a crescer pouco. As exportações de 2012 e 2013 já cresceram menos do que as de 2010 e 2011. E as exportações de 2011 a 2014 vão crescer menos do que as de 2005 a 2011."
Primeiro, com base nos dados do Pordata, façamos um gráfico da evolução das exportações de bens:
Caldeira Cabral esconde o descalabro de 2009, para depois dizer:
"As exportações de 2012 e 2013 já cresceram menos do que as de 2010 e 2011"
Claro que o crescimento de 2010 e 2011 foi anormalmente alto por causa da quebra de -18% em 2009.
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Se olharmos para o crescimento anual das exportações entre 1996 e 2014 o que é que salta à vista:
 O que verdadeiramente sai fora do comum é 2006. Tirando 2006, 2013 e 2012 até comparam bem com 2001 - 2005.
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O que provocou o salto de 2006? (Exportações de máquinas, de combustíveis e de veículos)
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Como comentará agora o número de 5,7% de crescimento das exportações de bens no 1º semestre de 2015?

Paz à sua alma

Soube há momentos, via Twitter, da morte de John H. Holland. Um dos gigantes sobre os ombros do qual comecei a acreditar que a hipótese Mongo, o Estranhistão, tinha mesmo pernas para andar.
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Lembro-me de um dia quente, sentado na ombreira da porta da cozinha para o pátio traseiro, a acompanhar o vídeo relatado em "Um admirável mundo novo pleno de oportunidades", de onde sublinhei:
"“A complex adaptive system, CAS, is an evolving, perpectually novel set of interacting agents where:
  • There is no universal competitor or optimum
  • There is great diversity, as in a tropical forest, with many niches occupied by different kinds of agents
  • Innovation is a regular feature – equilibrium is rare and temporary
  • Anticipations change the course of the system."[Moi ici: Nem vale a pena sublinhar, senão teria de sublinhar tudo]
Paz à sua alma e obrigado pela ajuda.

O erro deve ser meu... alguém quer-me ajudar a descobri-lo?

A propósito de "Défice comercial sem petróleo agrava-se há dois anos" várias reflexões possíveis.
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Primeiro, não esquecer a Balança Comercial, de acordo com o Pordata:
Nos últimos 40 anos Portugal só teve 3 anos com saldo positivo na sua Balança Comercial: 2013, 2014 e com toda a certeza 2015.
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Segundo, olhando só para as importações e exportações de bens, qual tem sido a evolução desse saldo comercial de bens (dados do INE):
O que é que salta à vista?
O que é que mais contribui para a melhoria do saldo comercial de bens, a quebra das importações ou o crescimento das exportações?
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Terceiro, considerando o ponto de vista do autor do artigo do JdN, o tão conhecido Nuno Aguiar:
Se acrescentarmos os dados do 1º semestre de 2015:
Interessante, devo estar a cometer algum erro porque se ao saldo das importações e exportações de bens, no primeiro semestre de 2015, retirar o saldo das importações e exportações da Categoria 27 (Combustíveis, óleos minerais, matérias betuminosas), durante o mesmo período... o tal défice comercial sem petróleo tudo indica que melhorará em 2015.
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Vamos fazer as contas para os 3 últimos semestres:
Continuo a chegar a uma conclusão que não corrobora o título do JdN.
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O erro deve ser meu...
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E se recuar aos últimos 5 semestres:
Continuo a não poder concluir o mesmo que o jornal.
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O erro deve ser meu... alguém quer-me ajudar a descobri-lo?