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quarta-feira, dezembro 20, 2023

Imigração, zona de conforto e subida na escala de valor

A propósito da capa do jornal Público de Segunda-feira passada:

Camilo Lourenço no seu podcast diário de Segunda-feira louvou os imigrantes por fazerem o que os portugueses já não querem fazer. Sublinhou mesmo a sua importância para o turismo nacional.

O mesmo Camilo Lourenço no seu podcast de Terça-feira apresentou uns números sobre o turismo e o seu impacte na economia nacional. Elogiou esses números, mas chamou a atenção para a necessidade do turismo subir na escala de valor.

Recordo de Julho passado:

""Salários baixos, horas de trabalho sem fim"

Imigrantes no turismo triturados pelo motor que alimentam

Uns trabalham pelos salários mais baixos da economia nacional, outros passeiam e contribuem para que o turismo continue a ser o motor da economia. Os primeiros são imigrantes, partilham casa com dezenas de pessoas e tentam sobreviver com pouco. Os segundos são turistas, ficam alguns dias e gabam o sol, a comida e os preços baixos. Dos 300 mil trabalhadores do turismo não se sabe quantos são estrangeiros. Mas é certo que o número está a aumentar. À Renascença, Nuno Fazenda, secretário de Estado do Turismo, defende que é necessário aumentar salários no setor. Já em 2023, tivemos o melhor quadrimestre de sempre na área do turismo", conta. Mas a que custo?"

Por que é que um empresário sairá da sua zona de conforto para avançar numa aposta arriscada de subida na escala de valor? Tenho de mandar o vídeo deste postal, Again, por que se pedem paletes de mão de obra estrangeira barata?, a Camilo Lourenço. A garantia da disponibilidade de mão de obra barata diminui a necessidade de subir na escala de valor. Os empresários são humanos, os humanos são satisficers, não maximizers. Recordar Estranho, não? e as raposas levadas para a Austrália É assim tão difícil perceber este fenómeno? (parte II).


sábado, agosto 12, 2023

O destino do turismo

Assisti ontem à noite na CNN Portugal a uma parte da conversa com profissionais do turismo algarvio. Na parte da conversa que ouvi este tema surgiu "Algarve "descola da imagem de destino barato". Subida dos preços compensa menos dormidas":

"Decréscimo no número de dormidas no Algarve está a ser compensado pelo aumento dos preços. Redução foi registada essencialmente por parte dos portugueses, pressionados pela inflação e taxas de juros."

Não é impunemente que se sobem salários acima da produtividade, a consequência natural é aumentar os preços e/ou cortar as margens. É o destino!

É o mesmo destino das PMEs exportadoras nos sectores tradicionais. Produzem para fora porque os portugueses não têm poder de compra para as suportar.

Já ontem tinha apanhado este artigo "Açores: Falta de mão-de-obra deixa restaurantes a «meio-gás". Sinal gritante de que a procura (turistas) é superior à oferta. Se os açorianos querem restaurantes com qualidade de serviço têm de ter empregados qualificados, se não os há têm de aumentar os salários e para isso têm de aumentar os preços. Se as pessoas percebessem a assimetria do impacte da subidas de preços, optariam por ele mais vezes. Recordo o Evangelho do Valor, os clientes que se perdem com a subida de preços são mais do que compensados pelo que se ganha a mais com os que se mantêm.

Turistas mais satisfeitos, empregados mais satisfeitos, patrões mais satisfeitos e ambiente menos ameaçado.

Claro, o Evangelho do Valor só funciona se os Açores se focarem nas suas vantagens competitivas como destino turístico: baleias, líquenes (acho que ninguém liga a este potencial) e Atlântida.

terça-feira, maio 17, 2022

Não acham estranho?

Há talvez uma dúzia de postais aqui no blog que registam momentos importantes no meu crescimento intelectual acerca da postura competitiva das PMEs. Quatro desses postais são:

No postal do Evangelho do Valor existem dois gráficos que mereciam ser mais conhecidos. Um sobre o papel destruidor dos descontos e o outro sobre o poder do aumento do preço.

Vamos olhar para este segundo sobre o aumento dos preços (a parte inferior da figura abaixo):

 

A curva é uma curva de isolucro. Ao longo da curva, para diferentes pesos dos custos variáveis no preço, quando se aumenta o preço perdem-se clientes, mas como se tem uma margem superior, quanto é que se pode perder e manter o mesmo nível de lucro? Por exemplo, se os custos variáveis representam 50% do preço actual (abcissas), perante um aumento de 10% no preço a empresa pode perder até 18% nas vendas e continuar a ganhar o mesmo lucro.

Agora reparem nestes trechos do Jornal de Notícias de hoje:

"As projeções da Confederação do Turismo de Portugal são claramente animadoras". disse Francisco Calheiros. "Este será o ano da recuperação", anunciou, embora preocupado com os desafios. "Temos como prioridade agilizar soluções que permitam encontrar mão de obra suficiente e de qualidade para responder à elevada procura que teremos", disse.

Na maior região turística portuguesa, os hotéis "vão ter de deixar de vender quartos ou fechar restaurantes devido à falta de pessoal", assumiu Hélder Martins, presidente da Associação de Hotéis e Empreendimentos TuristiCOS do Algarve. No Porto e Norte, a situação é idêntica 

...

Depois de dois anos com pouca ou nenhuma atividade devido à pandemia, o setor enfrentará desafios, este ano, "para receber todos esses turistas com a qualidade que esperam de nós e de forma a aumentar valor", explicou Cristina Siza Viera, diretora-executiva da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP).

...

Ana Jacinto, líder da AHRESP, alerta que "a falta de trabalhadores poderá, de facto, comprometer a qualidade de serviço das nossas empresas" e o problema só pode ser resolvido com "vontade política" para que, nomeadamente, "se invista em programas de imigração controlada e com todas as condições de trabalho, quer ao nível da formação, da inserção profissional e familiar, quer ao nível da habitação"".[Moi ici: E quem paga a formação, a inserção profissional e a habitação? Os contribuintes, aka os saxões?]

Temos um país que recebe milhões de turistas, repito milhões de turistas, e que não consegue ser atraente para o mercado de trabalho. Pensem bem nisto, mas pensem a sério. Atraem milhões de turistas e não se conseguem sustentar?! Não acham estranho?

Depois, claro, estamos em Portugal, lá falta o pedido do apoiozinho do papá-Estado.

Na minha leitura reaccionária da realidade, um sector com milhões de clientes e incapaz de se autosustentar tem de mudar de vida. Por que raio têm os saxões de suportar ainda mais impostagem para ajudar a suportar negócios privados?

Na minha leitura da realidade continuamos a ser o tal país de turismo de pé descalço. Na minha leitura da realidade, segundo a minha visão do mundo, o que as empresas têm de fazer é subir preços. Vão perder clientes? Claro que sim, mas as que merecem continuar sobrevivem e até podem prosperar. As outras fecham e libertam pessoas e outros recursos para empreendimentos mais rentáveis. 

Algures no tempo introduzimos na nossa sociedade esta falta de vergonha das empresas em ser coitadinhas e precisarem de um apoio para sobreviverem, para suportarem custos.

Existem apoios que podem fazer sentido, apoios para investir na actualização de meios de produção, apoios para subir na escala de valor. Agora apoios para ajudar a suportar custos que o negócio não consegue por si próprio suportar, mesmo quando tem muito sucesso. Afinal são milhões de turistas… é mais um exemplo do tipo de cultura infantil que temos de deixar para trás se quisermos, como sociedade, ter melhor nível de vida.

sexta-feira, abril 08, 2022

quando há uma catástrofe ... uns choram, outros vendem lenços

Ontem de manhã antes de sair de casa, li na diagonal no Jornal de Negócios o artigo, "Escalada de preços pode ameaçar o verão". Depois, durante a caminhada matinal ouvi o programa de Camilo Lourenço. Mesmo a chegar ao fim (a partir do minuto 21:50) oiço-o dizer:

- O que se pode propor para resolver isto? Nada!

Surpreendeu-me. Nada?! Não se pode fazer nada?

Ele assume que a alta de preços vai reduzir a procura e, por isso não há nada a fazer. Sim, acredito que a procura global vai cair, mas porque é que os operadores turísticos portugueses hão-de aceitar que a sua procura natural caia, sem procurar atraír nova procura que eventualmente estivesse destinada a outros mercados?

Claro, se estiverem à espera do governo... deste ou outro, quando é preciso agilidade, não vão a lado nenhum.

Na semana passada numa conversa a caminho de Bragança recordei uma experiência pessoal. Algures por volta de 1991, ao final da tarde, na esquadra de Hill Street (era assim que o meu local de trabalho era conhecido internamente, um open space onde 12 ou 13 pessoas tinham a sua secretária e, por causa disso, às vezes parecia replicar o reboliço da esquadra da série televisiva. Às vezes estavam mais de 20 pessoas com 4 ou 5 conversas em simultâneo), os cinco jovens engenheiros, estavam com os pés em cima da mesa a trocar cromos sobre o dia de trabalho, sobre o que leram nas revistas que a empresa fazia circular, sobre o campeonato de futebol, ... Um dia a conversa caiu sobre um artigo de uma revista e umas contas que um colega de Espinho e outro de Coimbra tinham feito sobre uma cena chamada cogeração. A nossa empresa produzia vapor a 30 bar, usava-o a 30 bar e a 20 bar. Com a cogeração além do vapor necessário para o processo podia-se produzir energia. A conversa aqueceu, muito entusiasmo. Eles fizeram um memorando que enviaram à administração. Cerca de 6 meses depois um cogerador da Mitsubishi estava a entrar pela fábrica. O investimento tinha um retorno estupidamente alto, pagava-se em meses. O meu colega de viagem para Bragança disse: 
- Se fosse agora. Primeiro perguntavam se havia apoio, se havia algum financiamento comunitário. Depois, ficavam meses à espera que abrisse o apoio, depois que abrissem as candidaturas, depois o habitual calvário das exigências da treta, depois os atrasos... o investimento tarde ou nunca avançaria.

Voltando ao turismo, há que recordar a frase: quando há uma catástrofe ... uns choram, outros vendem lenços.

terça-feira, julho 30, 2019

Uma lição sobre co-criação, ...


Em 2010 escrevemos "Mais uma sugestão de modelo de negócio" com base numa ideia tida pela primeira vez junto à barragem de Bemposta, enquanto ouvia na rádio as notícias sobre níveis de radioactividade elevados nos países escandinavos (depois descobrir-se-ia Chernobyl, Abril de 1986 portanto).

Em 2014 acrescentamos "O essencial é co-criar à medida de cada um, a sua experiência".

Agora, leio "Flyfishing and kayaking trips help L.L. Bean, Orvis sell more gear and attract more customers". Uma lição sobre co-criação, sobre parcerias, sobre desenvolvimento de experiências:
"It's all there when you arrive. The fishing gear, the boat, the waders, the guide that knows that one secret spot where the trout are sure to bite along the Madison River in Montana's Ruby Valley.
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Orvis outdoor apparel and gear company has taken care of all of it — for $3,275. All you have to do is focus on the rhythm of your cast and the cool, clear water moseying by.
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This is the vacation experience outdoor retailers and apparel companies are gunning for as they expand beyond merchandise into planning adventure trips and outdoor activity schools.
...
Education has long been a strategy for finding new customers for outdoor brands, which have offered low cost or even free programs for decades. The majority of vacationers either do no or very few outdoor activities in a given year on their trips, according to a 2018 study by market research company Mintel. Just 16% of people who went on a vacation in the past year did four or more outdoor activities on their trip and just 23% said they purchased equipment for a vacation.
...
By teaching people how to do new activities, the apparel and gear companies are expanding their customer pool.
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"We start from a base of we want people to be interested and learn skills and learn those activities. Of course, once they do those activities, they fall in love with those activities, they become lifelong outdoors people, and then of course they start buying stuff," Smith said. "But it really starts from a pure place of wanting people to get outside and learn those skills and activities."

sexta-feira, setembro 29, 2017

O que devemos mudar dentro de nós?

Um exemplo fresco, bem fresco, da variabilidade do desempenho dentro de um mesmo sector económico.

Ontem o INE publicou este relatório "Empresas em Portugal (2015 - 2016)" onde se pode ler "Melhoria nos principais indicadores das empresas não financeiras em 2016" e:
"Em 2016, assistiu-se à melhoria generalizada dos principais indicadores das empresas não financeiras. O VAB e o emprego aumentaram 5,1% e 2,5%, respetivamente. A produtividade aparente do trabalho aumentou 2,5% atingindo, 23,14 mil euros. A rendibilidade das sociedades aumentou em 2016, a par com o aumento da proporção de sociedades com resultados líquidos positivos (+2,2 p.p. que em 2015).
O VAB das sociedades sem perfil exportador evidenciou um crescimento superior (6,5%) ao verificado nas sociedades com perfil exportador (3,1%).
Por setores de atividade, o Alojamento e restauração destacou-se como sendo o que apresentou uma melhoria mais expressiva em 2016 na generalidade dos indicadores económicos, embora continuasse a ser aquele em que foi maior a proporção de empresas com resultados líquidos do período negativos."
E a certa altura aparece a figura:
Claro que é mais fácil perder tempo com "Confederação do Turismo Português defende criação de ministério próprio para setor" do que questionar-se por que é que num mesmo país, com as mesmas leis, com os mesmos trabalhadores, com a mesma moeda e ... existem disparidades tão grandes a nível de resultados. Talvez um dia percebam que em vez de mais ligação ao Estado precisam de fazer o by-pass ao Estado e olhar para dentro de si e perguntar o que devemos mudar dentro de nós?




sábado, agosto 12, 2017

"os indignados de turno estão outra vez a apontar ao alvo errado"

Defendo aqui há muitos anos que a tríade de académicos, comentadores económicos e políticos, está errada. Apesar dos muitos décibeis com que brande o slogan de que o euro é a causa de todos os males da economia portuguesa, continua errada. Defendo aqui há muitos anos que o principal culpado foi a China e não o euro.

É possível imaginar a quantidade de tempo e dinheiro gasto a combater esse alvo errado.

Agora surge outra cena semelhante, parece-me. Turismo e gentrificação.

Primeiro um esquema simples. A liberalização do turismo ocorrida nos anos da troika, (recordo que em 2007 o Estado até definia o tamanho dos quartos) e a ajuda jihadista, a semear insegurança um pouco por todo o anel mediterrâneo, criaram uma oferta crescente de opções para os turistas que queriam visitar Portugal (recordo que em 2014 ainda havia quem quisesse voltar ao tempo em que o BES controlava a economia - um hoteleiro a querer limitar o número de hotéis na capital, uma atitude tão portuguesa... são as nossas so-called elites).

Liberalização, jihadismo, alojamento local e turismo tradicional concertaram-se para acomodarem mais procura por turistas. Mais procura, gerou ainda mais oferta, que permitiu mais procura.

Esse ciclo de mais procura que gera mais oferta, que gera mais procura levou a isto:

Um aumento do valor percebido para os imóveis o que fez dinamizar o mercado imobiliário e o mercado da reconstrução.

Aumento do número de turistas e do imobiliário dinamizou o mercado do comércio e o do alojamento e restauração.

Cada um daqueles pontos azuis no esquema representam um contributo para quatro dos cinco sectores onde o desemprego mais caiu, em números absolutos, nos últimos dois anos (construção, imobiliário, comércio, alojamento e restauração. O quinto, que é o quarto em valor absoluto, é, infelizmente, o emprego no sector público)

Se ninguém interferir neste sistema ele há-de atingir um equilíbrio limitado pela experiência dos turistas. Enquanto a experiência dos turistas for maioritariamente positiva a divulgação entre amigos e redes sociais, o buzz, continuará a atrair turistas até que se chegue ao ponto:
É um sítio tão popular que já ninguém vai lá!
Entretanto, a tríade intervencionista agora arranjou um novo brinquedo para exercitar a sua tara pela indignação e paixão pelo controlo: o ataque ao excesso de turismo. Como neste naco de prosa de ontem, "Turismo, a galinha dos ovos de ouro?".

Desde há décadas que ninguém quer viver no centro das cidades grandes em Portugal, desde há décadas que elas perdem habitantes, desde há décadas que elas se vão degradando e desertificando a ponto de ser um risco circular por lá à noite. Viver na cidade velha não era cool.

Agora, esqueçam o turismo por uns momentos. Agora, um pouco por todo o lado vive-se um tempo novo. Richard Florida proclama-o há anos. Neste artigo recente, "Why America’s Great Cities Are Becoming More Economically Segregated":
"The news for cities since this upper-middle class emerged is not good, Florida says. Some cities, like New York and San Francisco, are doing so well that everyone wants to be there. He writes that “by moving back to the urban core, affluent whites are able to simultaneously reduce their commutes, locate near high-paying economic opportunities and gain privileged access to the better amenities that come from urban living” like parks and restaurants. Gentrification of poorer and middle-class neighborhoods on the part of middle-class black people is a similar phenomenon."
Recordo reunião há 2/3 anos com empresa informática com cerca de 60 pessoas numa rua no Porto burguês do século XIX. Fachada restaurada por fora e interior renovado.

Sinto que os indignados de turno estão outra vez a apontar ao alvo errado. A coberto de uma suposta solidariedade com os habitantes "autóctones" do centro das cidades atacam o turismo. No entanto, a corrente é bem mais profunda, o centro voltou a ser cool e se não for o turismo serão outros a ocupar os espaços, não os "autóctones".





sexta-feira, julho 07, 2017

Causa e o efeito

O carrossel da economia a funcionar.

Turismo baseado no alojamento local a conseguir a revolução há muito pedida mas nunca concretizada porque pensada top-down. Agora, com uma actuação bottom-up vemos as consequências a disseminarem-se:
"De acordo com o inquérito de maio, realizado pela AICCOPN aos empresários que operam no segmento da Reabilitação Urbana, verifica-se um forte aumento do nível de atividade de 22,6%, em termos homólogos trimestrais."

quarta-feira, maio 24, 2017

Ignorância, politiquice ou a idade? (parte II)

Para reforçar a Parte I recomendo a leitura prévia de "Exportações: mergulhar nos números" para se ter uma ideia da onda actual da indústria.

Os números do IEFP ilustram a força da redução do desemprego na indústria.


Depois de estabelecermos que o crescimento e o emprego é mais do que só o turismo... olhemos para o turismo.

Aqui, contra o que é habitual neste blogue e na minha natureza, vou olhar para o que o governo de Passos Coelho, Adolfo Mesquita Nunes e Álvaro Santos Pereira fizeram:
  • Liberalização do sector do turismo
  • Vistos Gold
  • Paraíso fiscal para quem não ganha dinheiro em Portugal
Olhando para aquela tabela ali em cima o que salta à vista?
  • Construção
  • Imobiliária
  • Alojamento e restauração
  • Comércio por grosso e a retalho
Facilmente consigo relacionar os 3 primeiros sectores com aquelas 3 medidas acima.


Quadro retirado do Boletim do IEFP acerca do mercado do emprego relativo ao mês de Abril de 2017.

segunda-feira, março 20, 2017

Viemos de longe e o que nós andámos para aqui chegar! (parte II)

Há dias o @nticomuna chamou a atenção para este desempenho a nível do turismo (dados do INE):

Recordar "A alternativa de qualidade" e, sobretudo, "A economia não é um jogo de soma nula".

Até que enfim que leio opiniões mais avisadas do sector da hotelaria:
"CEO do Vila Galé assume que o alojamento local completa oferta turística.
...
"Não sou nada radical e acho que há espaço para todos. O alojamento local tem o seu papel. Em alguns sítios não existiam hotéis e por isso vieram colmatar uma lacuna de falta de alojamento. E outros vieram captar um público que prefere aquele tipo de alojamento", diz o hoteleiro, sublinhando: "Enquanto hotéis temos é de perceber o que está a atrair as pessoas para o alojamento local em algumas situações em detrimento dos hotéis.""
Quase que apetece repetir o título "Viemos de longe e o que nós andámos para aqui chegar!"

Talvez seja explicado por aquela teoria que defendo: infelizmente, na maioria das associações, quem chega ao seu poder são os elementos mais conservadores, os que têm mais a ganhar com o manobrar das relações com o poder regulador/legislador.

Recordar "o poder, para o bem ou para o mal, das associações" e, sobretudo, "O poder das associações e nas associações"

quinta-feira, março 09, 2017

Copiar o litoral não é a solução

Dedicado ao Nuno e a Bragança, não esquecendo este modelo de negócio:
"Inspired by the worldwide success of wine tourism over the past decade, and partly as a way of adding value to “what there is”, Jaén’s regional government has begun promoting “oleoturismo” — olive oil tourism. Its Oleo Tour initiative brings together almazaras (olive mills) that can be visited, specialist shops, farms where guests can stay, spas with olive-based treatments, tour-operators offering 4x4 safaris among the plantations, and fine modern restaurants — most notably Canela en Rama in Linares — that show off the qualities of local extra virgin olive oil in their menus. There’s a website with a searchable map showing all the olive-related attractions, even down to the location of particularly ancient and important individual trees (one, close to the village of La Iruela, is more than 350 years old and has a trunk more than 10 metres in circumference).
...
Later, over lunch at Casa Antonio, Jaén’s best restaurant, there was a great deal more oil to be poured. Results had come in that morning from the annual Jaén Selección contest, when the year’s best extra virgin oils are chosen amid Oscars-style excitement. Chef Pedro Sánchez brought eight white saucers for me to taste and sniff the winning oils, helping me identify their complex aromas of freshly cut grass, aromatic herbs, almond, artichoke and fig leaves, and the kick of piquant spice at the back of the throat — a valued characteristic of Jaén’s finest olive oils."
Xixa!
Enchidos!
Frutos secos!
Castanhas!
Azeite!
Vinhos!
Caretos!
Paisagens!
Douro Internacional!

Basta a escola perder o estatuto de uniformizador do país para que cada vez mais gente descubra que copiar o litoral não é a solução.


quarta-feira, janeiro 11, 2017

Depois da experiência a transformação


Esta figura, retirada de "Quando o sol se levanta será bom que corras" (Junho de 2006) está em sintonia com "Why “Transformative Travel” Will Be the Travel Trend of 2017":
"“Experiential travel” became the travel trend of 2016. Rather than just visiting far-flung locations, vacationers were looking for ways to tap into native cultures, meaningfully interact with locals, and feel like far more than a tourist. So where does a thoughtful traveler go from there? What’s next?
.
Industry leaders are saying that “transformational travel” is the next evolution. It has similar elements of experiential travel, but taken a step further—it’s travel motivated and defined by a shift in perspective, self-reflection and development, and a deeper communion with nature and culture.
...
the elements of adventure travel that lead to deeper transformations. He identified a three-phase process consisting of the departure, the initiation, and the return—the “hero’s journey”—where travelers venture into the unknown to learn wisdom from cultures and places outside their own, returning home to implement this knowledge, ultimately changing their lives and the lives of others around them. It’s this post-travel action that separates experiential travel from transformational travel. “
...
Many travel companies already see this shift occurring.
...
The shift to transformational travel is reflected in programming, from adventure and artisan travel to luxury lodges and hotels in both natural and urban locales."


sábado, dezembro 03, 2016

Acerca da economia das experiências

Este exemplo da economia das experiências "Design Your Own Pop-Up Hotel and Sleep Literally Anywhere in the World" faz-me recordar uma noite acampado à beira Douro no Vesúvio.

Talvez existam leis e regulamentos que impeçam uma versão tuga deste modelo de negócio mas locais não faltam: no Douro, no Gerês, em Montesinho, no Alto Sabor, no Águeda e podiam ser conjugados com este modelo de negócio.

Imaginem o que será dormir numa praia no trecho do Douro acima de Miranda do Douro? Já o fiz, à hora mágica do lusco fusco ouvir os mochos galegos, com sorte um bufo real, assistir ao voo pausado da cegonha preta, aos últimos protestos das gralhas de bico vermelho, ao voo do noitibó, ... depois o grupo coral dos "Ranidae".

Lembram-se do que Theodore Levitt  escreveu na HBR em 1960 sobre os gestores de caminhos de ferro? Pode ser dito o mesmo hoje sobre os da hotelaria.

sexta-feira, novembro 11, 2016

A alternativa de qualidade

Este é uma alternativa interessante,"Condé Nast: Portugal duplica hotéis entre os melhores do mundo". Em vez de benidorm-like tourism, um mais requintado.
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Ainda na terça-feira ouvi na rádio alguém da Vitacress afirmar que esperavam crescer 15% este ano a ganhar mercado ao Mar del Pástico espanhol. Recordar:

sexta-feira, agosto 19, 2016

Viemos de longe e o que nós andámos para aqui chegar!

Quase que apetece cantarolar, como o José Mário Branco:
- Viemos de longe e o que nós andámos para aqui chegar!
Em Julho de 2008 estávamos neste nível absurdo e caímos até Agosto de 2011 com "É preciso pensamento estratégico primeiro!". Em Maio e Agosto de 2015 já tínhamos chegado a "A economia de experiências a crescer no Algarve" e a "Acerca de sectores estáveis e demasiado homogéneos na oferta (parte VII)".
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Agora, em Agosto de 2016 chegamos a "Vindimas. Enoturismo em Portugal conquista visitantes de todas as nacionalidades". O triunfo da economia das experiências, o triunfo de modelos de negócio baseados na co-criação de valor. O quanto se progrediu!!!
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“muitas das unidades de enoturismo, agora consolidadas, começaram por ser apenas projetos vitivinícolas e, com o tempo, foram diversificando a sua atividade e viram no turismo, nomeadamente no alojamento, uma oportunidade para afirmarem a sua marca e complementar a sua oferta.”

domingo, julho 17, 2016

Acerca do turismo

"A actividade turística registou nos cinco primeiros meses do ano um crescimento de 10,4% no número de hóspedes.
...
Ao todo, registaram-se 17,5 milhões de dormidas ao longo deste período. O aumento em relação aos cinco primeiros meses do ano passado é de 11% e é mais expressivo entre os estrangeiros do que entre os residentes em Portugal. Houve uma subida homóloga de 12,7% dos turistas internacionais que compara com uma subida de 7,8% nos turistas internos."
Trechos retirados de "Turismo com crescimento de 10% no número de hóspedes até Maio"

Mas mais importante do que a quantidade temos a rentabilidade: o RevPar global a crescer 13,4% em termos homólogos.
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E para os hoteleiros, tão rápidos a criticar o alojamento local:

BTW, a água que correu depois disto. Imaginem se à frente da AHP tivesse estado alguém com locus de controlo interno e com um discurso associativa como o da APICCAPS.

terça-feira, julho 05, 2016

O caminho do futuro (parte II)

Parte I.
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Como não relacionar a parte I com este working paper "Entrepreneurs and the Co-Creation of Ecotourism in Costa Rica"?
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Desde a importância da estabilidade política, até ao papel do ecossistema de parques públicos e privados, biólogos e naturalistas, e empreendedores (na hotelaria, nas agências de viagens, nas empresas de organização das expedições, ...)
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Como não pensar no potencial do Douro Internacional...
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Birdwatching da pesada, gastronomia, enoturismo, linha do Douro, comboios a vapor (em 1984 ou 85 encontrei no Pocinho um casal de neo zelandeses que lá tinham ido para ver uma locomotiva a vapor), Douro, paisagem,  monumentalidade, paz e sossego.

quarta-feira, junho 22, 2016

Mongo, turismo, economia das experiências e gentrificação no Porto

Mongo, turismo, economia das experiências e gentrificação (a quantidade de empresas tecnológicas, cada uma com dezenas de trabalhadores, situadas na Baixa) no Porto criam as condições para esta experiência: "Centro do Porto terá fábrica de cerveja com investimento de três milhões":
"O projeto, que se quer afirmar como uma “cervejeira regional”, vai criar 50 postos de trabalho ainda este ano e consistirá em juntar no mesmo edifício a fábrica, a cervejaria, uma loja, bar, restaurante e até os escritórios da administração,
...
a Fábrica de Cervejas Portuense vai ter uma marca, “que a seu tempo será apresentada”, ambicionando lançar “mais de 100 tipos de cerveja” no longo prazo."
Como eu gosto destes paradoxos: as cervejeiras grandes numa guerra desenfreada pelo preço mais baixo, e a serem disrompidas, perdendo quota de mercado, por marcas mais pequenas e muito mais caras que apostam na experiência e na diferenciação para servir os underserved.
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Recordar:

Ponto-chave deste projecto? Referi-o em "Cuidado com o que os economistas aprenderam nos anos 50":
"Recordar a fábrica de Loulé e viram mesmo algo de interessante sair das mini-fábricas? Não basta a capacidade técnica e os euros quando não há paixão."

terça-feira, maio 17, 2016

A economia não é um jogo de soma nula

Agora com os dados de Março de 2016, "Hotelaria fecha primeiro trimestre com subida de 16% nas dormidas", retomo o tema desta Curiosidade do dia e saliento este outro título "Casas para arrendar a turistas não param de aumentar".
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A mensagem é a de que a economia não é um jogo de soma nula.
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Ao mesmo tempo, recordo o postal de há um mês acerca da mentalidade extractiva que nos auto-mutila, "A mentalidade extractiva" e este outro de Janeiro último, "Prestes a cometer um crime".
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A sério, convido à leitura dos números de Março de 2016 sobre a hotelaria, quando o RevPar médio sobe 22,1%... está tudo dito.