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quarta-feira, agosto 08, 2018

Frases de ministro quase sempre envelhecem mal (parte II)

Em Março passado escrevi:
"As principais economias da União Europeia crescem sempre menos que as economias da Europa de Leste. Assim, vamos paulatinamente sendo ultrapassados na criação de riqueza per capita por esses países, enquanto que por cá, governos de esquerda e de direita se enganam, e enganam-nos, ao compararem o crescimento do PIB com a média da União Europeia."
 Hoje, via FB, fui encaminhado para "Nota de Conjuntura nº 27 – Julho de 2018" onde encontrei este gráfico:
Palavras de ministro envelhecem sempre mal:
""Se a conjuntura explicasse tudo, a aceleração não seria apenas em Portugal, seria um fenómeno europeu e isso não é a realidade", acrescentou."

sexta-feira, março 09, 2018

Frases de ministro quase sempre envelhecem mal


Ser político obriga a cada coisa
""Se a conjuntura explicasse tudo, a aceleração não seria apenas em Portugal, seria um fenómeno europeu e isso não é a realidade", acrescentou."
Palavras proferidas pelo ministro da Economia a 30 de Maio de 2017, para suportar a ideia de que Portugal era um oásis.

Entretanto:
"É uma constante em toda a União Europeia: são muitos os Estados-membros que registaram em 2017 o maior crescimento da última década. Em Portugal, o marco remonta a 2000. No ano passado todos os países da UE registaram crescimento económico. Uns mais do que outros: a Irlanda e a Roménia lideram a tabela enquanto Grécia e Itália estão no fundo. Portugal foi o nono Estado-membro que menos cresceu, à frente da Alemanha, França ou Reino Unido."
Já agora, há anos que não percebo porque fazem esta comparação:
"Por outro lado, Portugal registou um melhor crescimento económico em 2017 do que as principais economias da União Europeia. Entre essas, a Itália foi a que menos cresceu (1,5%), seguida do Reino Unido (1,7%), França (2%) e Alemanha (2,2%). Portugal ficou também acima de países nórdicos como a Dinamarca (2,1%) ou a Suécia (2,4%)." 
As principais economias da União Europeia crescem sempre menos que as economias da Europa de Leste. Assim, vamos paulatinamente sendo ultrapassados na criação de riqueza per capita por esses países, enquanto que por cá, governos de esquerda e de direita se enganam, e enganam-nos, ao compararem o crescimento do PIB com a média da União Europeia.

sexta-feira, junho 23, 2017

Para reflexão


Ontem o Filipe Garcia publicou um gráfico que contribui e muito para a compreensão das alterações em curso na Europa e que tenho acompanhado em:

Agora comparem os salários portugueses com os daquela facha dos Cárpatos até ao Báltico:

quinta-feira, junho 22, 2017

À atenção do ministro da Economia

O impacte do fim da China como fábrica do mundo no FT de ontem:


Recordar estas palavras:
"Se a conjuntura explicasse tudo, a aceleração não seria apenas em Portugal, seria um fenómeno europeu e isso não é a realidade", acrescentou."
Segundo o ministro da Economia de Portugal só Portugal é que está a crescer...

sexta-feira, junho 16, 2017

O tempo que agora vivemos

Recuar a Outubro de 2011 e a "Recordar Lawrence... nada está escrito (parte X)" onde se mencionava: "Made in America, Again - Why Manufacturing Will Return to the U.S.".

Nesse texto podia ler-se:
"The conditions are coalescing for another U.S. resurgence. Rising wages, shipping costs, and land prices—combined with a strengthening renminbi—are rapidly eroding China’s cost advantages. The U.S., meanwhile, is becoming a lower-cost country. Wages have declined or are rising only moderately. The dollar is weakening. The workforce is becoming increasingly flexible. Productivity growth continues.
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Our analysis concludes that, within five years, the total cost of production for many products will be only about 10 to 15 percent less in Chinese coastal cities than in some parts of the U.S. where factories are likely to be built. Factor in shipping, inventory costs, and other considerations, and—for many goods destined for the North American market—the cost gap between sourcing in China and manufacturing in the U.S. will be minimal. In some cases, companies will move work to inland China to find lower wages. But this will not be an attractive option in many indus- tries. Chinese cities in the interior provinces lack the abundance of skilled workers, supply networks, and efficient transportation infrastructure of those along the coast, offsetting much of the savings afforded by slightly lower labor costs."
É este o tempo que agora vivemos, o "within five years, the cost gap between sourcing in China and manufacturing in the U.S. will be minimal."

O fim da China como a fábrica do mundo, a re-industrialização vai acelerar.



sexta-feira, junho 09, 2017

Nunca esquecer esta longa série de cromos



Agora até Caldeira Cabral se rende aos números, "O elogio dos exportadores":
"Desde 2005 as exportações portuguesas tiveram uma performance superior às da Alemanha, que é muitas vezes referida como exemplo pela boa performance nas exportações, referiu Manuel Caldeira Cabral, ministro da Economia, no discurso de entrega de prémios Excellens Oeconomia, que se realizou a 25 de Maio no Four Seasons Hotel Ritz. De facto "a Alemanha teve uma performance superior para os principais mercados para onde exporta e passou de um indicador em 2005 de 100 para um indicador de 115, isto é, superior em 15% ao crescimento dos seus próprios mercados. Portugal passou de 100 para 125, superou em 25% o crescimento dos seus próprios mercados e ganhou quota de mercado, depois de ter estado mais de uma década a perder sistematicamente quota de mercado.""
Nunca esquecer esta longa série de cromos que perderam contra este anónimo da província.

terça-feira, junho 06, 2017

Caldeira Cabral e a retroactividade

O ministro Caldeira Cabral acha que Portugal é um oásis de crescimento e que tudo aconteceu nos últimos meses.

Quanto ao oásis, ontem acrescentei mais três sintomas, como este "Eurozone recovery becomes surprise economic story of 2017" aos comentários de "Se a conjuntura explicasse tudo, a aceleração não seria apenas em Portugal".

Quanto à responsabilidade e calendário em Portugal acrescento "Eco Parque de Estarreja já conta com 27 empresas e mil postos de trabalho":
"“O Eco Parque Empresarial de Estarreja continua numa trajetória de evolução que teve nos últimos 4 anos um crescimento de 80% no que diz respeito ao número de empresas. A subida de 15, em 2013, para 27 empresas,
...
Desde 2014, o número de postos de trabalho registou uma subida de 62%, rondando hoje os mil empregos naquele parque empresarial."












quinta-feira, junho 01, 2017

Curiosidade do dia

Apanha-se mais rapidamente um coiso que um coxo.

Ainda esta manhã li, com espanto, "Se a conjuntura explicasse tudo, a aceleração não seria apenas em Portugal".

A ilusão em que esta gente quer mergulhar o país com a ajuda da imprensa amestrada.

Entretanto, durante a tarde, enquanto escrevia um relatório, fui duas ou três vezes ao Twitter e, sem procurar, encontrei estes dois textos:

  • "Finland no longer ‘sick man of Europe’ as economy grows" onde se pode ler "Economic growth in the first quarter was 1.2 per cent over the previous three months — the highest rate since the end of 2010 — and expanded 2.7 per cent year on year, faster than economies such as Germany and Sweden."

Se calhar, se procurar descubro que a aceleração é geral...

"Se a conjuntura explicasse tudo, a aceleração não seria apenas em Portugal"

Já sabem que não tenho em grande conta a honestidade intelectual do ministro da Economia Caldeira Cabral.

Recordar:

Em "Caldeira Cabral diz que crescimento da economia portuguesa "não vem de trás"" oiço que o crescimento não vem de trás e leio:
"Segundo o governante, a conjuntura afecta todos os países e o que se passa é que Portugal cresceu 2,8% entre Janeiro e Março, quando no primeiro trimestre de 2016 foi de 0,9%, e na zona euro o crescimento se manteve em 1,7%.
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"Se a conjuntura explicasse tudo, a aceleração não seria apenas em Portugal, seria um fenómeno europeu e isso não é a realidade", acrescentou."
Eis os números que sigo aqui no blogue há anos:

Onde está o impacte das políticas deste governo? O que mudou?

Quanto aos níveis de crescimento do PIB do 1º trimestre, recordar o fraco desempenho do 1º trimestre de 2016 e olhar para esta figura:

Quanto mais claro é o verde maior o crescimento previsto.

Volto a citar o ministro:
"Se a conjuntura explicasse tudo, a aceleração não seria apenas em Portugal, seria um fenómeno europeu e isso não é a realidade", acrescentou."
As previsões da Primavera de crescimento do PIB na UE feitas há dias são estas:


I rest my case.

O efeito do fim da China como fábrica do mundo.


quinta-feira, maio 11, 2017

Quando se passa da oposição para a situação (parte II)

Parte I.

Gostava de estar frente a frente com o académico Caldeira Cabral, não com o sofista político Caldeira Cabral, para que me pudesse responder à pergunta:

O que é que mudou desde Dezembro de 2014 para que tenha passado de "o copo está vazio para o copo está a transbordar"?

Em Dezembro de 2014 Caldeira Cabral escrevia "Desaceleração das exportações: negar este problema não é uma boa estratégia". Agora, o mesmo Caldeira Cabral afirma:
Também podemos recuar a Abril de 2014 e a "O problema é a procura, não a oferta" e ver quando é que começo a discordar de Caldeira Cabral. Nesse tal frente a frente também gostava de lhe perguntar  como concilia o que defendia com o que afirma agora sobre os resultados das exportações.

É triste a gelatinicidade destas personagens.


Para contextualizar:

quinta-feira, maio 12, 2016

A treta continua

Acerca de um mês tínhamos referido mais uma inverdade objectiva proferida pelo ministro da Economia.
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Hoje leio "Desemprego. Ministro da Economia diz que subida é “sazonal”".
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Acham que é mesmo sazonal?

E estamos entregues a isto...

segunda-feira, fevereiro 15, 2016

Quando se passa da oposição para a situação

Quem acompanha este blogue desde 2004 sabe o quanto tenho escrito e elogiado o sector do calçado desde talvez 2007. Julgo que a primeira vez que o calçado me fez pensar em estratégia foi quando em 2006 reflecti numa frase de um empresário que vim a conhecer mais tarde "deixar de ser como a Arca de Noé, onde cabia tudo".
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Por isso, sorrio ao ler esta afirmação do ministro da Economia "É importante reproduzir o êxito do calçado noutros sectores".
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Só o êxito do calçado? Para onde quer que se vire tem bons exemplos. Ainda nem há cinco dias "Secretário de Estado da Indústria aponta setor dos moldes como exemplo".
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Apreciemos a evolução das exportações entre 2004 e 2014:

BTW, o que faz passar da oposição para a situação.
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Agora, na situação, Caldeira Cabral usa os números que ajudam a embelezar o desempenho das exportações (recordar o BTW neste postal da semana passada):
"as exportações do calçado conseguiram nos últimos seis anos crescer 50%"
Quando na oposição manipulava os dados para diminuir o brilho das exportações, recordar este postal "Curiosidade do dia".

quarta-feira, agosto 12, 2015

Curiosidade do dia

Saúda-se esta alteração no discurso "PS atribui aos empresários mérito da recuperação da produção industrial".
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Afinal há coisas a correrem bem na economia portuguesa e, como escrevo aqui com regularidade, apesar dos socialistas de turno no governo (aqui e aqui).
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Este discurso de Caldeira Cabral fez-me ir à procura de artigo que escreveu no JdN em Dezembro passado, "Desaceleração das exportações: negar este problema não é uma boa estratégia". Neste artigo Caldeira Cabral segue as pisadas de Nuno Aguiar, usa estrategicamente os números para passar uma mensagem parte verdade e parte ... esquisita. Vamos ao que ele escreveu:
"As exportações em 2014 estão a crescer menos do que no passado recente e estão a crescer pouco. As exportações de 2012 e 2013 já cresceram menos do que as de 2010 e 2011. E as exportações de 2011 a 2014 vão crescer menos do que as de 2005 a 2011."
Primeiro, com base nos dados do Pordata, façamos um gráfico da evolução das exportações de bens:
Caldeira Cabral esconde o descalabro de 2009, para depois dizer:
"As exportações de 2012 e 2013 já cresceram menos do que as de 2010 e 2011"
Claro que o crescimento de 2010 e 2011 foi anormalmente alto por causa da quebra de -18% em 2009.
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Se olharmos para o crescimento anual das exportações entre 1996 e 2014 o que é que salta à vista:
 O que verdadeiramente sai fora do comum é 2006. Tirando 2006, 2013 e 2012 até comparam bem com 2001 - 2005.
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O que provocou o salto de 2006? (Exportações de máquinas, de combustíveis e de veículos)
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Como comentará agora o número de 5,7% de crescimento das exportações de bens no 1º semestre de 2015?

quarta-feira, janeiro 21, 2015

Estranho, não?

Os empresários, os gestores, os decisores, nós todos, somos seres humanos.
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Os seres humanos não são maximizers, não se movem por relatórios racionais, são satisficers (aqui e aqui), a esmagadora maioria dos seres humanos só muda quando pressionada pela realidade, quando encostada à parede.
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Ainda ontem, ao ler "Paulo Portas: "Foi um magnífico trabalho das empresas que desmentiu os economistas"", quando encontrei o trecho:
"Paulo Portas adiantou que "nascem duas vezes e meia mais empresas do que as que desaparecem. Há dois anos era o contrário. Só cria uma empresa quem tem alguma confiança e pretende assumir algum risco"."
O que me veio logo à cabeça foi a imagem de tantos e tantos empreendedores, com sucesso ou não, que foram obrigados, que foram pressionados a criar a sua empresa não por causa da confiança, ou por causa do gosto pelo risco, mas por causa da desesperança e falta de alternativas. Assim, criar uma empresa foi a alternativa que tiveram de criar para si. Até Armando Ortega foi pressionado a meter-se no retalho, e a abandonar o conforto da produção para outros, em regime de private label, quando se viu confrontado com um cliente alemão que honestamente, antes de recolher a mercadoria que tinha mandado fazer, revelou que tinha ficado sem dinheiro e não lhe poderia pagar como combinado.
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Nietzsche defendia que são as dificuldades que fazem aparecer o que temos de melhor dentro de nós. Sem dificuldades, porque somos satisficers, não temos motivação para mudar de vida, aconchegamos-nos na nossa zona de conforto.
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Escrevo isto por causa deste texto de ontem no Jornal de Negócios, "Depreciação do euro demorou, mas é muito bem-vinda".
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O problema deve ser meu. No entanto, acho tão estranho alguém defender que o futuro da indústria portuguesa, que o futuro das exportações portuguesas passa, e bem, não pelos salários baixos, mas pela subida na escala de valor, mas pelo aumento da produtividade e, depois, aplauda a depreciação do euro, porque vai ajudar as exportações...
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Por mim, penso logo no alívio da pressão para aumentar a produtividade e, no veneno do aumento da produtividade induzido por forças externas às empresas. Muitas empresas portuguesas, segundo o raciocínio de Caldeira Cabral, sem mexer uma palha vão ficar mais competitivas... daqui a uns anos, se a cor do governo não mudasse, teríamos o mesmo Caldeira Cabral a criticar a posição portuguesa no gráfico da relação entre a % de pessoas com curso superior e o PIB per capita:
Acabo com o exemplo das raposas introduzidas na Austrália para caçar os coelhos também introduzidos anteriormente pelos ingleses:



domingo, maio 04, 2014

O problema é a procura, não é a oferta (parte V)

Já em tempos escrevi aqui, (parte I e parte II) sobre esta empresa, Marlin Steel Wire Products.
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Este artigo, "From Making Bagel Baskets to Thinking Much Bigger" insere-se bem na série "O problema é a procura, não é a oferta". Este pormenor diz tudo:
"baskets from China started coming into Manhattan for $6 — less than what it cost me for the steel. I was paying $7 and selling the baskets for $12. Suddenly, we were hemorrhaging cash.
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Q. Did you have a backup plan?
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A. I had no clue.
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Q. And then you got a phone call? [Moi ici: Teve sorte, a procura foi ter com ele e gerou a reacção que teve como consequência a subida na escala de valor e o investimento nas pessoas como resposta necessária. O truque é ser puxado e não empurrar]
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A. I got a call from a mechanical engineer at Boeing. He needed 20 baskets that would have to be customized. I said to myself, this would be a pain. Einstein Bagels buys 1,000 to 2,000 at a time. “I’m going to have to charge you $24,” I said, thinking, that’s twice what I charge Einstein, and Einstein yells at me. He said, “O.K., whatever.” That was an epiphany.
...
Q. What had to change on your factory floor?
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A. When I bought the company, we had minimum-wage employees who would hand-bend each of the four bends at the top of the bagel baskets. They would do four bends on basket after basket, all day long. Straight out of Dickens. To make a better quality product, we brought in $3.5 million worth of robots. We needed different people to learn how to operate these robots and computer-operated lasers and other fancy equipment. We’ve invested a tremendous amount of money in training them, and now, 20 percent of our employees are degreed mechanical engineers."

sexta-feira, maio 02, 2014

O problema é a procura, não a oferta (parte III)

Parte I e parte II.
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Voltando ao gráfico da tríade, referido na parte II:
Esta abordagem é, de certa forma, referida no relatório da consultora Roland Berger "Escaping the commodity trap – How to regain a competitive edge in commodity markets" (mencionado aqui) no diapositivo 22 e consiste em seguir a opção "Play by the rules" em que o futuro passa por:
  • aumentar de dimensão e realizar economias de escala;
  • reestruturar e cortar custos.
Sem uma vantagem competitiva sustentável é difícil a uma empresa portuguesa, com um mercado interno pequeno, ir por aqui. Uma excepção é o caso das celuloses, onde nenhum outro país permite o que Portugal permite que seja feito em benefício de um sector.
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Voltando à proposta de Caldeira Cabral, retratada neste gráfico:


Por vezes, esta abordagem acontece com algumas empresas: PMEs recorrem a laboratórios tecnológicos sectoriais, ou a centros tecnológicos, ou a laboratórios universitários (confesso que às vezes não sei se as empresas recorrem por iniciativa própria, com o recurso a fundos comunitários, ou se são as entidades de tecnologia e investigação que aliciam as PMEs a entrarem em projectos, com o argumento de que não pagarão nada, de que tudo será pago por projectos financiados). Nestes casos, com alguma frequência, as entidades de tecnologia e investigação chegam, a produtos interessantes e tecnologicamente inovadores e diferenciados.
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Contudo, as PMEs quase nunca conseguem tirar partido comercial deles.
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São produtos destinados a outros clientes-alvo que não conhecem.
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São produtos destinados a outras prateleiras que não sabem quais são ou como contactar os seus donos.
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São produtos que precisam de ter um marketing que a empresa não domina ou reconhece como válido.
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São produtos que precisam de uma abordagem comercial diferente daquela a que estão habituadas.
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Resultado, a subida para depois andar para a direita:
Tem este risco.
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Prefiro este percurso:
Prefiro que as empresas tenham sempre o foco virado para fora de si, para os clientes-alvo, para o ecossistema da procura e, procurem servir os clientes underserved.
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Servindo esses actores exigentes, as capacidades internas das empresas são levadas ao limite e, naturalmente, nasce a necessidade de alargar a fronteira dessas capacidades.

quinta-feira, maio 01, 2014

O problema é a procura, não a oferta (parte II)

Parte I.
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No artigo referido na parte I, Caldeira Cabral usou este gráfico:

Segundo Caldeira Cabral, o governo pretende seguir o caminho da seta na figura que se segue:
Não é só o governo, esta é a via do grupo encalhado no modelo mental a que chamo de tríade. Por exemplo, esta é a via de quem, como Ferreira do Amaral, quer sair do euro e viver da ilusão monetária. Os membros da tríade vivem, eles próprios, numa ilusão, a ilusão de voltar ao tempo em que a desvalorização da moeda nacional resolvia os problemas de competitividade... esquecem-se é que nesse tempo não havia a fortaleza China. Nunca esquecer esta tabela:
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Já Caldeira Cabral, no artigo, propõe esta abordagem:
Se aumentarmos a oferta de gente qualificada o PIB per capita vai crescer.
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Pessoalmente proponho uma outra abordagem:
Cada empresa, individualmente deve procurar subir na escala de valor, deve procurar melhorar as suas margens. Então, ao fazê-lo, vai descobrir que precisa de gente mais qualificada como instrumento de criação de valor.
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O truque é assentar a mudança naquilo que é familiar.
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Nunca esquecer Hausmann, os macacos não voam!
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Continua.

terça-feira, abril 29, 2014

O problema é a procura, não a oferta

Análise interessante de Caldeira Cabral em "As dificuldades de estar à frente da curva", por exemplo:
"Significa que o país tem um PIB per capita superior ao que seria de esperar para as qualificações, capital e recursos naturais que tem.   Isto conduz-nos a uma resposta algo surpreendente e até provocatória: aparentemente Portugal é melhor do que a média da OCDE a tirar valor dos factores que tem."
Este trecho:
"O facto de Portugal estar dentro da UE, enquanto a maioria dos países com qualificações semelhantes estarem fora, foi um factor que favoreceu o nosso país. Portugal, apesar de ter salários mais elevados do que muitos países com níveis de qualificação semelhante ao seu, continuava a ser um país de baixos salários no mercado onde estava. Portugal era o país de salários baixos de um clube de ricos."
Está em perfeita sintonia com o que escrevemos, por exemplo em "Reflexão sobre a competitividade, com ou sem euro":
"Como já referi aqui no blogue várias vezes, com a adesão à então CEE, acabam as barreiras alfandegárias que protegiam o ecossistema da economia portuguesa e, ... é uma mortandade sobretudo nas empresas que competiam pela nata do mercado interno. As empresas de produção de bens transaccionáveis de baixo valor acrescentado potencial minimamente bem geridas não tiveram grandes problemas. Competiam pelos preços mais baixos em sectores onde as empresas dos países da CEE não queriam ou podiam competir. Aliás, até se reforçou o movimento de investimento directo estrangeiro para levantar empresas nesses sectores de competição pelo preço mais baixo." 
Ou em "Portugal aproveitou bem os fundos comunitários?":
"Muito do dinheiro que foi investido na indústria, aquando da adesão de Portugal à então CEE, podia estar justificado por estudos sérios e muito completos; contudo, com a entrada da China nos circuitos económicos e com a adesão dos países da Europa de Leste à União Europeia, o cenário mudou. Aquilo que era uma vantagem competitiva portuguesa, os custos baixos, desapareceu quase de um dia para o outro.
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Assim, todo esse dinheiro investido em projectos baseados nos baixos custos acabou por falhar. Basta ver o que o dinheiro privado das multinacionais do calçado fez, entrou em Portugal porque fazia sentido económico e foi-se embora, quase todo ao mesmo tempo, quando passou a fazer sentido ir embora."
Porém, começo a discordar quando apresenta a ameaça da globalização como uma coisa que ainda está por vir:
"No entanto, isso mudou. E mudou radicalmente. O clube deixou entrar 13 novos membros, com melhores qualificações e salários inferiores aos portugueses, e abriu as portas à globalização. Hoje, a China, a Turquia ou o Bangladesh exportam praticamente sem barreiras os seus têxteis, vestuário e calçado para o que, nos anos 90, era o nosso mercado cativo. Concorrem com salários muito mais baixos e não tendo de cumprir as muitas das dispendiosas regras europeias.     A geografia alterou-se. O nosso privilégio de acesso desapareceu. Os produtos que exportamos têm entrada livre, venham de onde vierem. Sem essa vantagem haverá maior pressão para convergir com a recta."[Moi ici: "haverá"? Então não houve uma década silenciosa de destruição provocada pela China? Caldeira Cabral, faço-lhe justiça, não é um ignorante lesboeta, como o relatado em "O provincianismo nortenho", o que quererá dizer com o "haverá"?]
Caro Caldeira Cabral, a globalização já veio e já passamos o seu pico, já está em regressão, não por causa dos preços baixos mas, sobretudo, por causa da proximidade, da flexibilidade e rapidez de resposta, das pequenas séries, da diversidade e da customização.
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Discordo quase totalmente da conclusão:
"Outra alternativa, mais difícil, mas mais interessante, é tentar aproximar-nos da recta andando para cima. [Moi ici: É a velha questão do ovo e da galinha. Os países ficam mais ricos porque têm mais licenciados ou, porque ficam mais ricos podem ter mais licenciados?] Isto, em grande medida, significa retomar políticas que o actual Governo interrompeu. Isto é, retomar os esforços de melhoria das qualificações, apostando não só no acesso dos jovens ao ensino superior, mas também na requalificação dos trabalhadores mais velhos. [Moi ici: Aqui volto ao "The Predator State" de Galbraith, pessoa que não pode ser acusada de ser de direita e que registei em "Ainda acerca da formação profissional". O problema não está na oferta de mão-de-obra qualificada, recordar que uma costureira se for licenciada, não produz mais por isso. O problema está na procura de mão-de-obra qualificada. Penso antes desta forma, que condições devem ser proporcionadas para que surjam livremente, e por sua iniciativa e risco, ou seja, nada de Qimondas de aviário, actores que procurem mão-de-obra mais qualificada?] E voltar a apostar na ciência, inovação e tecnologia, e em reforçar a confiança nas nossas instituições."
Recordo este caso particular relatado pela Renascença:
"Conclui-se também que nem sempre mais habilitações significam mais vencimento. Por exemplo a diferença entre um contabilista ou revisor oficial de contas com, pelo menos três anos de experiência e habilitações mínimas de Mestrado, e um canalizador, com o quarto ano do primeiro ciclo e um mês de experiência profissional, são 100 euros, a favor do canalizador." 
Recordo também, do último relatório mensal do IEFP:
"Segundo a escolaridade, a redução anual do desemprego foi sentida em todos os níveis de instrução, à exceção do superior (+1,0%). O 2º ciclo do ensino básico, por sua vez, registou o decréscimo mais significativo (-8,6%)."

quarta-feira, maio 15, 2013

Não creio que seja uma resposta linear imediata.

Ontem no JdN em "Exportações, emprego e emigração" sublinhei:
"Na última década a economia portuguesa sofreu uma série de choques externos que acentuaram os seus desequilíbrios. O alargamento e a maior abertura da UE à China colocaram em cheque a nossa especialização tradicional, comprometendo o crescimento económico. A maior crise desde 1929 deu uma facada adicional. O fraco crescimento que daqui resultou, em paralelo com o acesso a crédito barato, estiveram na origem do desequilíbrio externo e do desequilíbrio orçamental.
...
Os dados de Março também revelaram que as exportações, que deviam estar a aumentar, estão a cair. (Moi ici: O que está a cair são as exportações de viaturas, não por falta de competitividade do sector em Portugal mas por falta de procura no mercado europeu)
...
O principal problema que o país enfrenta neste momento não é a instabilidade dentro do Governo, nem a lentidão a que se está a processar a consolidação, é o facto de as medidas socialmente muito duras que estão a ser impostas não estarem a gerar o ajustamento da economia no sentido necessário. Portugal precisa de investir mais, produzir mais e exportar mais. E nada disto está a acontecer."
O último parágrafo fez-me voltar aos tempos de escola e ao meu Stephanopolous sobre Dinâmica de Sistemas.
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E quem é que disse que a economia sustentável que tem de ser criada e desenvolvida tem um comportamento linear?
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Se o governo torrasse mais uns milhões a "assar sardinhas com fósforos", apoiando a economia insustentável, a resposta seria muito mais rápida porque seria mais próximo da linearidade. Seria apoiar o uso insustentável de recursos já existentes. Recursos que estavam imobilizados e prontos para utilização.
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A economia sustentável que tem de ser criada e desenvolvida não aparece do pé para a mão, para além de depender muito da procura externa, os recursos não existem prontos para serem utilizados.
"Stressors are information"
Primeiro a "dor" vai ter de gerar informação.
Depois, a informação vai gerar acção.
Só a acção vai gerar hipóteses de mobilização de recursos.
Dessas hipóteses, algumas vão descobrir um retorno positivo e vão desenvolver-se, outras vão ter um retorno negativo inicial. Em resposta a esse retorno negativo inicial, algumas vão "pivotar" em busca de melhor ajuste com o mercado e outras vão morrer.
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Não creio que seja uma resposta linear imediata.

quinta-feira, abril 19, 2012

A merecer reflexão

Um interessante artigo de Manuel Caldeira Cabral "Exportações: empresários continuam a superar previsões", no Jornal de Negócios de hoje.
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Em sintonia com o que se escreve por este blogue, algo que raramente se vê escrito nos media:
"2. A taxa de crescimento das exportações portuguesas, registada num período de 6 anos particularmente difícil, sugere que os diagnósticos de perda de competitividade da economia portuguesa, apenas baseados na evolução dos custos unitários de trabalho e na constatação do défice da balança corrente, são no mínimo incompletos, enviesando a resposta para a necessidade de redução de salários, como única e principal resposta.
Quando se compara a evolução do saldo externo português com o da Alemanha ou Holanda, a causa da diferença na posição externa dificilmente pode ser a fraca evolução das nossas exportações. Afinal, mesmo com a evolução salarial que se verificou, as exportações portuguesas cresceram mais do que as alemãs. A persistência de um baixo nível de poupança em Portugal foi a principal causa dos défices registados nos últimos anos e não a má performance exportadora. É difícil prever que a descida dos salários, por si só, contribua para a correcção desse problema."