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terça-feira, outubro 08, 2024

Eu vou contar um segredo ao ...


"Numa análise ao impacto da proposta de aumento do salário mínimo na economia nacional e regional, João Teixeira defende que a subida "de forma muito expressiva pode contribuir para o aumento da produtividade dos trabalhadores".

"Sentindo que têm um rendimento maior, os trabalhadores podem ter níveis de produtividade maiores e induzir um maior crescimento económico""

As pessoas não percebem que quando avançam com estes argumentos estão, na prática, a corroborar aqueles "patrões" que dizem que a produtividade não sobe porque os trabalhadores são malandros e não se esforçam o suficiente?

Ou seja, a motivação salarial é suficiente para fazer aumentar a produtividade. Come on! É este o tipo de aumento de produtividade que Portugal precisa?

João Teixeira defende que um aumento "muito expressivo" do salário mínimo irá, magicamente, transformar o trabalhador médio num exemplo de produtividade. Porque claro, nada diz "vou ser 200% mais eficiente hoje" como uns euros extra no final do mês. Esqueçamos, por um momento, todos os estudos que mostram que a produtividade é função de factores como formação, liderança, tecnologias de suporte, e processos bem desenhados. Segundo esta lógica, bastaria aumentar o salário para resolver o problema. 

Afinal, para quê perder tanto tempo com formações de liderança, KPIs e metodologias Lean, se um simples aumento de ordenado resolve tudo?

Eu vou contar um segredo ao João Teixeira, " a subida [Moi ici: do salário] "de forma muito expressiva pode contribuir para o aumento da produtividade dos trabalhadores"? Sim, pode. Como? Eliminando as empresas que não podem pagar esses salários. Os despedidos vão para o desemprego. As empresas que restam fazem aumentar a produtividade agregada sem que precisem de aumentar a sua própria produtividade.

Olhar para o aumento da produtividade resultante da motivação ou de se fazer melhor o que já se fazia é fixar a atenção no dedo. Olhar para a necessidade de aumentar a produtividade à custa de se fazerem coisas diferentes do que se faz actualmente é fixar a atenção na Lua.

Trecho retirado de "Aumento do salário mínimo pode melhorar a competitividade" no Açoriano Oriental de 6 de Outubro de 2024.

Recordo de 2021, "Se não fosse triste, era cómico!!!

sábado, novembro 18, 2023

Ah! Esquecia-me!!!

Ontem no Twitter fiquei apanhado por esta foto.

Acham que o valor gerado numa actividade como esta é capaz de pagar 820 euros por mês a estes trabalhadores? 

Ah! Esquecia-me! Esquecia-me que estes trabalhadores, muito provavelmente, são dos tais que estão por cá a prestar serviço, mas são pagos por um empregador no Bangladesh, de acordo com as regras do Bangladesh, tal como as empresas de construção portuguesas que vão prestar serviço na Alemanha e pagam salário português aos seus trabalhadores.

sábado, novembro 27, 2021

Competitividade, absurdo, lerolero e contranatura

"The term `competitiveness' is also a product of end-of-history economics, coming into fashion in the early 1990s. At first the term was highly contested. `National competitiveness', wrote Robert Reich in 1990, `is one of those rare terms of public discourse to have gone directly from obscurity to meaninglessness without any intervening period of coherence.' Later Reich, a professor at Harvard's John F. Kennedy School of Government, was to become US Secretary of Labor under President Bill Clinton. Here he championed the idea that the United States should move into high-value sectors of the economy (a view consistent with our quality index of economic activities). In a paper published a couple of years later, MIT's Paul Krugman twice referred to Reich as a `pop internationalist' and somewhat unacademically condemned his Harvard colleague's notion of `high-value sectors' as `a silly concept'. But in the same paper Krugman also had a go at the term `competitiveness': `if we can teach undergrads to wince when they hear someone talk about "competitiveness", we will have done our nation a great service'. To Krugman the key insights were still those of David Ricardo.

...

Competitiveness may be defined as the degree to which, under open market conditions, a country can produce goods and services that meet the test of foreign competition while simultaneously maintaining and expanding domestic real income.

By this definition, competitiveness can be seen as a process where real wages and national income are jacked up by a system of imperfect competition, producing a `rent' to the nation. This is probably the reason why neo-classical economists opposed the term. This perspective, however, is compatible with our Other Canon view of how the rich countries got rich. Traditionally, when this development was not possible under market conditions, tariffs were established to protect the areas that experienced the most technological change, while competition was maintained. The more backward the nation, the higher the tariffs had to be in order to produce the desired effects.

...

Competitiveness, then, denotes a process that makes people and nations richer by increasing real wages and income. And yet, while visiting Uganda a few years ago, I experienced at first-hand how the term was used in order to argue for the opposite, for lower wages. The textile plants attracted to Uganda by the African Growth and Opportunity Act (AGOA) - a maquila-type set-up between the USA and Africa - could no longer compete internationally, and President Museveni argued that in order for Uganda to achieve 'competitiveness', workers' wages had to come down.

So competitiveness is a wonderfully flexible term, fitting a confused age of muddy thoughts and a need to explain away the utter failure of key economic theories. It can be used to describe a mechanism which makes everyone richer (the OECD definition), but it can also be used as a term describing the opposite, to convince workers that they must accept more poverty (Museveni's definition). The sad thing in Europe is that the term competitiveness is increasingly used in the Ugandan sense, coupled with `labour market flexibility' (which invariable means flexibility downwards). In order to be `competitive' we must lower our standards of living."

Em Portugal estamos com outra via, a via do absurdo.


Ou seja, "Governo volta a dar apoio aos patrões para compensar subida do salário mínimo". Vivemos no mundo do lerolero no poder

Pensam que os saltos de produtividade vão ser obtidos pelo grosso das empresas portuguesas? Num mundo de fronteiras abertas? Pensem outra vez:


Imagem retirada de artigo "A Tale of Two Clusters: The Evolution of Ireland’s Economic Complexity since 1995". Reparem nesta comparação entre as empresas de capital estrangeiro e as empresas de capital irlandês a operar na Irlanda (número de trabalhadores, facturação e número de empresas por sector). Imagem publicada inicialmente no blogue aqui.

Quem nasceu, quem se moldou a competir pelo denominador, dificilmente abraça o mindset de competir pelo numerador. Não é impossível, mas é contranatura. 

Trechos retirados de "How Rich Countries Got Rich and Why Poor Countries Stay Poor" de Erik S. Reinert   

terça-feira, dezembro 17, 2019

"one-size-fits-all minimum wages"

Interessante:
"one-size-fits-all minimum wages cause some small businesses, industries, and areas frictions in absorbing the increased cost of labor. As a result, affected businesses experience financial stress or defaulting.
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Not all affected firms would have the flexibility to immediately adjust their capital–to–labor ratio or pass on the increased minimum wage costs to their customers. Small, young, labor-intensive, minimum-wage sensitive establishments and businesses located in competitive and low-income areas experience higher financial stress. This eventually leads to a higher exit rate and a lower entry rate.
...
the study finds that increases in the federal minimum wage worsen the financial health of small businesses in the affected states.
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The study evaluates the likelihood that a business will make payments to suppliers or vendors on time, suggesting that the minimum wage can affect the availability of credit and interest rates for small businesses. The authors find that a dollar increase in the federal minimum wage corresponds to an almost 1.0 percentage point reduction in an establishment’s credit in affected states.
...
Small and young establishments, which are more likely to have financial constraints, experience a more significant decrease in their credit scores. Establishments that are labor-intensive such as restaurants and retail, find it more difficult to absorb minimum wage increases and hence experience a more significant decline in their credit scores.
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The study also finds that increases in the minimum wage lead to lower bank credit, higher loan defaults, lower employment, a lower entry and a higher exit rate for small businesses. The results are robust to using nearest-neighbor matching and geographic regression discontinuity design. These results document some potential costs of a one-size-fits-all nationwide minimum wage on small businesses."
Conjugar isto com a actual situação demográfica. Ainda na semana passada assisti numa empresa a uma conversa sobre a qualidade de trabalhadores: venezuelanos versus brasileiros versus colombianos.

Trecho retirado de "Does a One-Size Fits All Minimum Wage Cause Financial Stress for Small Businesses?"

domingo, novembro 03, 2019

Bofetadas e locus de controlo - produtividade é que não.

Nem de propósito! Na sexta-feira de manhã publiquei o postal "A destruição criativa" onde escrevi:
"Havendo falta de mão de obra, já o escrevi aqui, o tema do salário mínimo desaparece, as empresas têm de pagar o valor de mercado, sendo a mão de obra escassa, quem não puder suportar o preço de mercado tem de fechar."
Sexta-feira de tarde apanho no Jornal de Notícias, "Setores-chave como turismo e construção têm falta de 140 mil trabalhadores":
"As empresas portuguesas querem crescer mas continuam a debater-se com a falta de mão de obra em setores-chave da economia. Só na construção e imobiliário estão em falta 70 mil operários, número que sobe para os 140 mil se lhe juntarmos as atividades de alojamento e restauração, a metalurgia e metalomecânica e a indústria têxtil e do vestuário. Apenas o calçado assume não ter grandes necessidades imediatas, a não ser "pontuais" e em "zonas de forte concentração" do setor."
Qual a alternativa? Como sobreviver quando falta mão de obra e não se quer, não se sabe, não se pode subir na escala de valor? Não esquecer a bofetada!!!

O texto da bofetada diz tudo:
"Reis Campos, presidente da AICCOPN, reclama um "regime especial de mobilidade transnacional" que permita trazer para o país profissionais que trabalham nas construtoras portuguesas no exterior, mas também que se atue na formação profissional, lamentando a concentração desta nas escolas, que orientam os alunos para cursos profissionais sem correspondência com as efetivas necessidades."
O grupo que me dá bofetadas aparece sempre com cada argumentação tão irracional, que ganha sempre apoios do governo de turno. Vejam a razoabilidade desta proposta:
"O turismo é outra das actividades em forte expansão, pelo que a necessidade de trabalhadores se agudiza. Só no alojamento e restauração o setor criou mais de 69 mil empregos, entre 2015 e 2018, mas a Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal estima que a carência de recursos humanos seja da ordem dos 40 mil.
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Na agenda política que apresentou em setembro, com100 propostas para melhorar o turismo e as suas empresas, a associação liderada por Mário Pereira Gonçalves pede a criação de uma rede especifica para o turismo que analise e comunique todas as ofertas e procuras de emprego, bem como de formação, e a retoma de programas de apoio financeiro para manter a empregabilidade."[Moi ici: Sector a bombar como nunca esteve, sector com falta de pessoal para trabalhar e pede que os contribuintes lhe dêem dinheiro para manter a empregabilidade!!! O que é isto? Acham que somos burros? E somos!
Pena que falte mais locus de controlo interno ao empresariado português.

Como não recordar Kafka.

sexta-feira, novembro 01, 2019

A destruição criativa

Em "Por que continuamos a ignorar os rinocerontes cinzentos?" voltei a recolher elementos sobre o movimento em curso, que está a ganhar força e coragem, para começar a defender abertamente o desligar do aumento do salário mínimo do aumento da produtividade.

Entretanto, via Helena Garrido, fui encaminhado para esta conversa entre o Bicicletas e Fernando Alexandre no programa "Tudo é Economia" de 21 Out 2019:
  • ver minuto 41:40
  • ver minuto 42:50 (sobretudo este trecho)
Tenho de confessar que a argumentação do Bicicletas faz sentido, se aumentarmos o salário mínimo as empresas que não o puderem suportar fecham e teremos cada vez mais emprego baseado em negócios que suportam salários superiores. O problema é o aviso de Nassim Taleb:
“Don’t take advice from those who are not at risk” for the consequences of a possible inflection point."
Até que as empresas novas apareçam para dar emprego aos desempregados das empresas que fecharam, muita gente com skin in the game vai sofrer.

Qual a alternativa ao modelo do Bicicletas? Esta semana encontrei no Jornal de Negócios um artigo que ilustra o que vai acontecer, "Goucam entra nos EUA e na Alemanha":
"A Goucam é um dos maiores exportadores do concelho de Viseu, onde concentra o grosso do seu quadro de pessoal. Quase tudo o que produz é vendido fora de Portugal.
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Seja como for, estima que a indústria têxtil venha a ter grandes problemas a médio prazo por dificuldades em atrair mão de obra. Na indústria têxtil ganha-se por regra o salário mínimo mas "num centro comercial também e trabalha-se à noite e ao fim de semana". "O nosso maior concorrente nem é o salário. É a imagem". Ainda assim, quando questionado sobre a razão de ser de não pagarem mais para compensar a falta de mão de obra disponível, o CEO da Goucam diz que não é possível. "Não digo que não pudéssemos até pagar um pouco mais durante alguns anos. Mas estamos ao sabor das oscilações do mercado e de quem são os nossos concorrentes", diz, o que significa que "sabemos perfeitamente que há anos bons e há anos menos bons" e que a política atual permite que, mesmo apesar das crises, não falhe o pagamento de salários e a manutenção de postos de trabalho.
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O empresário explica os fatores que influenciam a competitividade de uma empresa nesta indústria e porque é tão grande a amplitude de preços finais praticados.
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Num setor como o têxtil que foi tão afetado pela globalização, é da Ásia que vem a maior concorrência?
Os nossos concorrentes são locais de produção com salários muito mais baixos. No nosso setor e, em particular, no nosso nível de atividade e na maior parte das empresas que ainda existem em Portugal, concorre-se com o Leste da Europa e com a Turquia. A Turquia e a Roménia são neste momento os nossos principais concorrentes, nomeadamente pela via da desvalorização da moeda.
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Tendo em conta que a competição é tão aguerrida nos custos de produção, não é por essa via que a Goucam tem vingado...
É. É muito importante neste negócio..
A ideia, porventura errada, que existe é que empresas de países pequenos como o nosso não conseguem competir por essa via, por faltar escala. E que é pela qualidade que se afirma.
Claro. Mas também no custo. Pode ter toda a qualidade do mundo. Se não tiver o custo correto, não vende a ninguém. Não tenhamos ilusões. Agora o que tentamos fazer é ter uma boa relação qualidade, custo e serviço. Os três são fundamentais."
Uma empresa que trabalha para marcas e que assenta a sua competitividade no preço. Havendo falta de mão de obra, já o escrevi aqui, o tema do salário mínimo desaparece, as empresas têm de pagar o valor de mercado, sendo a mão de obra escassa, quem não puder suportar o preço de mercado tem de fechar. Comparem com a concorrência de mão de obra destes casos "Um exemplo de subida na escala de valor".

Portanto, as Goucan's deste país têm os dias contados. Não é má vontade, é destruição criativa. Imaginem que os funcionários da Goucan passam para uma empresa como as duas novas que vão para Santo Tirso:
  • empresas dão alguma formação básica aos trabalhadores transferidos;
  • trabalhadores de um momento para o outro tornam-se muito mais produtivos.
Porquê? Trabalham mais depressa? Não, por que passaram a produzir coisas diferentes. Mexeu-se no numerador da equação da produtividade.

BTW, há tempos aqui no blogue ou no Twitter, referi que quando a maré muda ... Ah! Encontrei:
"Juro que andava há cerca de dois meses a reflectir sobre que empresas fecham primeiro quando há uma mudança da maré. E pensei nas várias empresas que nos últimos meses têm fechado apesar de não ficarem a dever nada a ninguém. Gente organizada percebe antes de todos os outros que não vale a pena enterrar dinheiro e age em conformidade. Gente que não tem noção, vai ser empurrada pela realidade."
Esta quarta-feira no Jornal de Notícias encontrei, "Declarada insolvência de têxtil em Guimarães":
"Na sequência de decisão judicial de decretar a insolvência da Famouscotton, os créditos têm de ser reclamados nos 30 dias seguintes à decisão. Está ainda agendada, para o dia 13 de dezembro, uma assembleia para apresentação do relatório da insolvência. Pelo que foi possível apurar, todos os trabalhadores têm os salários em dia. A Famouscotton é mais uma entre dezenas de empresas de pequena dimensão que estão a fechar, nos vales do Ave e Cávado, no setor têxtil. O Brexit, a guerra comercial entre os EUA e a China, bem como a deslocalização da produção são as razões apontadas pelos empresários para a estagnação."

domingo, junho 16, 2019

Nope!


Nope!

Quando vi esta fotografia pensei logo nos muitos empresários que ainda não perceberam o filme em que estão metidos.

Muitas pessoas e organizações são capazes de se alhear em relação às mudanças do contexto e não perceber o seu potencial impacte. Assim, são capazes de adiar a mudança que permitirá fazer face ao que só daí a alguns anos se materializará na parede contra a qual vão bater. Basta recordar o caso das escolas privadas, como ainda esta semana referi.

Há anos que escrevo aqui sobre a evolução demográfica. Por exemplo:
Uma das consequências da agudização da evolução demográfica será o desligamento da evolução salarial da evolução da produtividade. Recordo o que escrevi sobre a crescente irrelevância do SMN:
Sabem o que acontece às empresas que aumentam os salários para lá do aumento da produtividade? Não têm futuro, fecham!

Recordo algumas reflexões:

Assim como muitas empresas têxteis francesas e alemãs se deslocalizaram para Portugal nos anos 60 e 70, porque o aumento de produtividade no sector na França e na Alemanha era incompatível com o aumento dos salários na França e na Alemanha, também por cá começaremos a sentir cada vez mais relatos deste tipo. Empresas com encomendas a terem de fechar porque não conseguem captar trabalhadores, ou não conseguem ganhar o dinheiro suficiente para pagar as dívidas.

Recordar a velhinha citação de Maliranta acerca da Finlândia acrescida da frase de Nassim Taleb:

Depois, algo que aprendi em 2007 com Maliranta e a experiência finlandesa:
"It is widely believed that restructuring has boosted productivity by displacing low-skilled workers and creating jobs for the high skilled."
Mas, e como isto é profundo:
"In essence, creative destruction means that low productivity plants are displaced by high productivity plants."
Por fim, Maliranta confirmado por Nassim Taleb:
"Systems don’t learn because people learn individually – that’s the myth of modernity. Systems learn at the collective level by the mechanism of selection: by eliminating those elements that reduce the fitness of the whole, provided these have skin in the game"
Recordar esta "Especulação perigosa" de Novembro último.

quarta-feira, fevereiro 06, 2019

Jogadores amadores de bilhar

Recordo:

"España registró el pasado 2 de enero una cifra histórica de bajas en la Seguridad Social: más de 606.000. El dato supera incluso los 363.017 despidos que se produjeron durante el viernes negro del pasado día 31 de agosto, y evidencia la fuerte destrucción de empleo en el que fue el primer día laborable del año y, por lo tanto, la jornada en la que entró en vigor la subida del salario mínimo interprofesional (SMI) pactada por Gobierno y Podemos. En términos netos, señalan desde el Ministerio de Trabajo, el número queda parcialmente compensado por las más de 480.000 altas, con lo que en la variación final fue de algo menos de 125.000 despidos. Explican, además, que se debe tener en cuenta que los días 29 y 30 de diciembre fueron sábado y domingo, y que el 31 no fue laborable en la Administración, con lo que parte del abultado dato responde a un efecto arrastre como consecuencia del calendario. Y añaden que existen precedentes recientes en los que la cifra de bajas en el primer día del año superó también el medio millón. Pero aun así, y siendo cierto todo lo anteriormente apuntado, el dato del 2 de enero de 2019 representa un récord histórico y es una buena muestra de lo que fue el primer mes del año."
Trecho retirado de "606.473: récord histórico de bajas en la Seguridad Social el primer día del nuevo salario mínimo"


BTW, recordar esta corrente nova, desligar produtividade dos salários, típico de gente sem skin-in-the-game.

terça-feira, janeiro 08, 2019

"Espero que não vos tremam as pernas quando as empresas começarem a cair como tordos"

Em Dezembro passado escrevemos:
Em Gabiche (parte III) escrevi:
"Ter uma elevada produtividade, para quem compete pelo preço, é condição necessária para ser competitivo (não escrevo suficiente porque quando se compete pelo preço há sempre alguém que mais tarde ou mais cedo vai aparecer a fazer mais barato).
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Ser competitivo, ganhar clientes, não implica necessariamente ter uma elevada produtividade.
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Há uma forma de obrigar empresas competitivas, mas pouco produtivas, a elevar a produtividade... ou a demografia obriga a subir salários, e os salários mais elevados matam as que não se adaptarem, ou os engenheiros sociais obrigam os salários a subir e matam as que não se adaptarem."
Em Novembro passado em "Especulação perigosa" escrevi:
"Estão a ver onde isto nos leva? O que aconteceria se o SMN fosse aumentado para 1000 euros/mês? Teríamos uma mortandade tremenda a nível de empresas, teríamos um crescimento em flecha do desemprego. O que aconteceria à produtividade? Aumentaria! Depois do choque, as novas empresas que apareceriam teriam de ser muito mais produtivas..Os teóricos teriam a sua alegria com a melhoria estatística.Entretanto, os desempregados viveriam a desgraça do desemprego.Entretanto, quem depende do estado assistiria a uma quebra brutal das receitas que os sustentam. Viria nova onda de austeridade..Claro que os engenheiros sociais são gente sem constância de propósito. Recordar "Acham isto normal? Ou a inconsistência estratégica! Ou jogar bilhador como um amador!""
Ontem li em "Greves, salários e produtividade":
"A melhoria da produtividade (de que depende o crescimento da economia) está muito dependente da melhoria dos salários, pelo impulso que imprimem à eliminação das empresas e sectores menos produtivos e ao triunfo dos mais eficientes. Nas economias dinâmicas são os salários que empurram a produtividade e não o contrário como - com demasiada frequência - se ouve dizer.
...
A ideia de que há um bolo que se produz e que depois se distribui (sendo que o salário está rigidamente limitado pelo tamanho do bolo produzido) pulula com vigor esmagador pela economia vulgar; é a alquimia que se apresenta para justificar a moderação das exigências salariais.
Mas, na verdade, o salário e o produto mantêm uma relação dinâmica. O salário determina a formação do produto, tanto na sua dimensão como na estrutura. A pressão salarial tem importantes e virtuosos efeitos sobre a produtividade e o crescimento, criando estímulos imprescindíveis para os empresários efectuarem as escolhas mais virtuosas sobre as tecnologias e os sectores de investimento." [Moi ici: Só que se calhar Nassim Taleb e Maliranta  têm razão. Espero que não vos tremam as pernas quando as empresas começarem a cair como tordos.]

quarta-feira, junho 27, 2018

Para reflexão séria - é a vida!

Faz hoje 8 dias que os meus amigos da Olifel me convidaram para dizer umas palavras sobre a Indústria 4.0 no âmbito do lançamento do novo Visualgest
Nesse mesmo evento tive oportunidade de ouvir o presidente da câmara de Felgueiras dizer, sem papas na língua, que o calçado atravessa um momento difícil, um momento de mudança.

Entretanto, os remendos feitos no tempo da troika continuam a ser desmantelados. Por exemplo "Alexandra Leitão: Mexer na idade da reforma dos professores "é um caminho possível"".

Entretanto, as empresas grandes continuam a fazer o seu trabalho de liquidar as pequenas e médias e de desertificar o interior, "Governo abre a porta a salário mínimo acima dos 600 euros".

Sabem como defendo aqui no blogue, há mais de 10 anos, que Portugal não pode competir com a China nos custos e teria de apostar nas vantagens da proximidade e rapidez (postal de 2007). Por exemplo, neste postal de 2015 apresento esta tabela para o sector do têxtil e vestuário:

Mas o mundo económico é uma continuação da biologia, um eterno subir e descer do espaço competitivo enrugado que obriga as empresas a estarem atentos às outras empresas concorrentes, aos clientes e ao habitat.

Há dias escrevi este "Desabafo", hoje olhei para estes números:



Olhem para o mapa:

Proximidade e rapidez... quanto tempo para a Roménia e Hungria ditarem cartas?

Ontem estive numa empresa que já está a competir no nível seguinte do jogo: de igual para igual com os italianos. No entanto, isso não é campeonato para empresas com muitos trabalhadores, nem é para produção em massa.

A vida não é nem justa nem injusta, nem moral nem imoral. A vida é ajusta e amoral.

terça-feira, junho 27, 2017

A mecânica newtoniana não serve para a economia (parte II)

Para reflexão, recomendo a leitura de "The Seattle Minimum Wage Study":
"This paper not only makes numerous valuable contributions to the economics literature, but should give serious pause to minimum wage advocates. Of course, that’s not what’s happening, to the extent that the mayor of Seattle commissioned *another* study, by an advocacy group at Berkeley whose previous work on the minimum wage is so consistently one-sided that you can set your watch by it, that unsurprisingly finds no effect. They deliberately timed its release for several days before this paper came out, and I find that whole affair abhorrent. Seattle politicians are so unwilling to accept reality that they’ll undermine their own researchers and waste taxpayer dollars on what is barely a cut above propaganda.
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I don’t envy the backlash this team is going to face for daring to present results that will be seen as heresy. I know that so many people just desperately want to believe that the minimum wage is a free lunch. It’s not. These job losses will only get worse as the minimum wage climbs higher, and this team is working on linking to demographic data to examine who the losers from this policy are. I fully expect that these losses are borne most heavily by low-income and minority households."
Recordo este postal "Para reflexão" sobre como actuam as empresas que defendem o aumento do salário mínimo.

Pessoalmente sou contra a existência de salário mínimo porque a economia é muito heterogénea. Um salário mínimo de 600€ é aceitável em Lisboa e se calhar mortífero em Pinhel.

Ainda acerca destes estudos quero deixar um reparo: "A mecânica newtoniana não serve para a economia"
A economia é situacional. Aquilo que funciona hoje, aquilo que se conclui hoje, deixa de funcionar amanhã, deixa de se concluir amanhã. Tudo depende do momento.

Comparar este momento actual "Juntar as peças" com este outro momento de 2009 "Acham isto normal? Ou a inconsistência estratégica! Ou jogar bilhador como um amador!"

BTW, já depois de escrito este texto encontrei isto "A Higher Minimum Wage Is Not Doing The Bad Things Critics Said It Would Do"

domingo, agosto 28, 2016

Acerca do impacte do aumento do salário mínimo

Há dias este direitolas escreveu no Twitter:

Entretanto, um perigoso esquerdalho escreveu no seu blogue:
"É evidente que não estamos condenados a uma economia de baixos salários, mas é por demais sabido que o caminho para sair dela consiste antes de mais no aumento do valor do trabalho - pela qualificação profissional e pelo aumento da sua produtividade (que aliás depende pouco dos trabalhadores) - e menos no aumento "administrativo" dos salários, sem acréscimo de produtividade, o que pode ser contraproducente, por gerar mais desemprego, justamente nos trabalhadores de menores salários, por serem os menos qualificados, e nas empresas menos eficientes, por serem as menos produtivas."
Agora, até a Harvard Business Review vem meter-se nesta estória do salário mínimo nacional:
"Fifteen states have increased their minimum wage this year, with more on the way. In Seattle, for example, large employers will have to pay a $15 minimum wage by January 2017. These increases will seriously affect low-wage employers such as retailers and restaurants,
...
The minimum-wage hike will deeply affect low-wage employers. The companies that muster the most competence and motivation (that means leadership) in moving towards excellence will win. The others will either have to make less money or else increase their prices and lose out to their competitors." 
Recomendo a leitura do artigo, "How Low-Paying Retailers Can Adapt to Higher Minimum Wages" por causa da lista de abordagens possíveis para aumentar a produtividade quando o salário mínimo aumenta:
  • Automatização;
  • Simplificação de processos; e
  • Melhorar o desenho do trabalho
O artigo remete para o tradicional pragmatismo americano: aumenta o salário mínimo e não aumenta a produtividade, a empresa terá de fechar:
"Right now, most companies are used to operating in the realm of mediocrity — from recruiting to training to job design to performance management. I have visited many retail chain stores since I started my research in the late 1990s. It is not unusual to find stockouts, messy (or worse) backrooms, new employees who still haven’t been trained, not-so-new employees who can’t answer basic questions, and managers who know about problems that are losing the company money but feel no urgency to solve them. Lack of care and respect for employees means that employees lose concern for their work."
Em Portugal, como refere Vital Moreira aqui, somos uns tótós que não temos coragem de ir até ao fim com as implicações das medidas que tomamos: o governo aumenta o salário mínimo nacional, depois, vai ajudar as empresas que não o conseguem pagar. Inconsistência estratégica!!! A violação do primeiro princípio de Deming!!!

segunda-feira, agosto 17, 2015

Aprendizes de feiticeiro e o Armagedão

Havia de ser lindo se esta proposta fosse avante "PSOE quer o mesmo salário mínimo e idade da reforma para todos os países da UE".
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Como é possível ser tão demagogo, tão perigosamente incendiário e ocupar a função que ocupa.
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Outra ideia boa, a juntar à ideia da saída do euro, para criar uma novela ou um filme sobre o day-after.

sábado, julho 25, 2015

O político responsável

Ministro da Economia em mais uma campanha para promover a desertificação do interior com "Pires de Lima defende aumento do salário mínimo".
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Recordar estes gráficos e a sua interpretação:
Entretanto, o ministro da Economia afirma, vestindo o papel de político responsável, "Pires de Lima critica políticos que prometem o que não podem dar".
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Conclusão: os políticos podem prometer dar aquilo que terá de ser pago por outros.



sábado, maio 09, 2015

Curiosidade do dia

"A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) defende um salário mínimo mais baixo para os jovens
...
"Um nível mais baixo mas obrigatório do salário mínimo para os jovens pode ajudar a manter os níveis mínimos salariais ao mesmo tempo que serve de compensação a barreiras específicas que os mais novos enfrentam quando tentam entrar no mercado de trabalho", defende a OCDE num relatório divulgado hoje."
Trecho retirado de "OCDE defende salário mínimo mais baixo para jovens"

ADENDA: Recordar este gráficos.

domingo, maio 03, 2015

Curiosidade do dia

Depois de olhar para isto e para o que significa:
Com "UGT vai propor novo aumento do salário mínimo em Setembro" é fácil prever:

  • mais desertificação humano do interior,
  • mais migração para o litoral e para o estrangeiro;
  • menos emprego não-público no interior;
  • mais desemprego no interior;
  • mais envelhecimento do interior.




quarta-feira, abril 15, 2015

TSU 2.0 (parte I)

Qual foi a evolução do salário mínimo nacional (SMN) em Portugal no século XXI?

Impressionante como entre 2007 (base 100) e 2011 o SMN cresceu de forma tão abrupta, mais de 20%.
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Qual foi a evolução da taxa de desemprego (TdD) em Portugal no século XXI?

Segundo a narrativa do mainstream em 2011 o mundo mudou.
Haverá alguma relação entre a evolução do SMN e da evolução da TdS?
Usando a função correlação do Excel:
Uma correlação tão elevada!!!
Será mera coincidência ou um sinal importante?

sexta-feira, outubro 24, 2014

Para reflexão

Tendo em conta a realidade portuguesa:
"De acordo com dados do Gabinete de Estratégia e Estudos (GEE) do Ministério da Economia, relativos a abril de 2013, conclui-se que 11,7% do total de trabalhadores por conta de outrem, a tempo completo, recebiam o salário mínimo. Comparado com 2012, em que a proporção era de 12,7%, o valor desceu." (fonte)

"Enfim, o salário mínimo nacional, em termos absolutos, é mesmo uma lástima - que não restem dúvidas quanto a isso. Porém, em termos relativos, representando 58% do salário mediano praticado em Portugal, encontra-se acima da média da OCDE (onde o valor correspondente é de 48%). O problema está pois na remuneração mediana, e não na mínima. Mais: o problema está na reduzida produtividade do trabalho em Portugal, onde cada hora de trabalho resulta numa produtividade média de apenas 17 euros por hora (dados do Eurostat). Na União Europeia o valor correspondente é 32 euros, e na zona euro de 37 euros por hora. Evidenciamos, portanto, uma produtividade que é metade daquela que se observa no resto da Europa, e que resulta exclusivamente do nosso padrão de especialização no comércio internacional." (fonte

"Qual é o impacto do aumento do salário mínimo sobre o emprego, o nível dos salários e a desigualdade salarial em Portugal? De 2002 a 2006, o salário mínimo, descontado da infl ação, permaneceu estável, mas até ao final da década registou fortes aumentos.
Em consequência, a desigualdade salarial aumentou na aba inferior da distribuição dos salários até 2006 e diminuiu fortemente no período mais recente. Contudo, os aumentos do salário mínimo diminuíram a probabilidade de emprego entre dois anos consecutivos para os trabalhadores com salário compreendido entre os salários mínimos dos dois anos. Esta elasticidade é semelhante à obtida para os Estados Unidos, um país com um salário mínimo baixo face ao salário médio e menor do que a obtida para a França, um país com um salário mínimo alto." (fonte)
Reflectir sobre "In China, 10% Boost to Minimum Wage Cuts Jobs By 1%, Paper Says":
"A 10% increase in China’s minimum wage cuts employment by 1%, according to a new International Monetary Fund research paper." (fonte)

quinta-feira, outubro 02, 2014

Querem envergonhar um ...?

Querem envergonhar um ministro?
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Querem envergonhar um dirigente sindical?
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Querem envergonhar um dirigente patronal?
""O compromisso foi muito importante, não só porque se conseguiu fazer um aumento do salário mínimo, até acima daquela que era a expectativa de muitas pessoas, mas também porque se conseguiu ligar atualizações futuras do salário mínimo à produtividade do país", congratulou-se."
Perguntem-lhes, com bons modos, como se vocês fossem muito burros, com genuína ingenuidade, como é que decidiram medir a produtividade do país.
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Trecho retirado de "Salário mínimo ligado à produtividade é "fundamental""