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sábado, novembro 25, 2023

Nó Górdio - farmácias, falta o resto

Desfazer o Nó Górdio era um puzzle que derrotou muitos até que Alexandre o cortou com um golpe de espada.

Em 2008 - Um caminho para a farmácia do futuro?

Em 2023 - Por que engonhamos tanto? Sim, sobre a farmácia do futuro.

Ontem no semanário Expresso, "As farmácias como extensão dos cuidados primários":

"Aliviar a sobrecarga do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e aumentar o acesso dos doentes são objetivos centrais de Fernando Araújo, o homem que segura o leme de um SNS que há muito navega em águas agitadas. O plano do diretor-executivo para recuperar o sistema inclui a reorganização dos serviços, mas também a inclusão das farmácias como uma extensão dos cuidados de saúde primários.

...

"Se pudermos ter um farmacêutico comunitário que esteja habilitado a fazer o diagnóstico e a prescrever o antibiótico para uma infeção urinária, resolve 90% dos casos", exemplifica.

...

A "revolução" que os profissionais consideram estar em curso não é uma ideia original portuguesa, mas inspirada em modelos que têm sido aplicados em países como a Escócia."

Passo seguinte serão os hospitais privados ao serviço do SNS. 

quinta-feira, maio 18, 2023

Por que engonhamos tanto? Sim, sobre a farmácia do futuro.

Ontem dei de caras com este artigo, "Reino Unido quer dar mais poder a farmácias para aliviar centros de saúde. Seria possível em Portugal?"
"As farmácias britânicas poderão vir a fazer diagnósticos e prescrever medicação. Em Portugal, os farmacêuticos veem com bons olhos medidas semelhantes, mas os médicos dizem que seria "retrocesso"."

Meu Deus... uma autêntica viagem no tempo a Abril de 2008, "Um caminho para a farmácia do futuro?" ou mesmo a Abril de 2007 com "Estava escrito nas estrelas".

Um tema que revisito ao longo dos anos, A farmácia do futuro (parte VII) (Janeiro de 2018).

Em Janeiro passado, Por que engonhamos tanto?


sexta-feira, fevereiro 10, 2023

Por que engonhamos tanto?



Na capa do JN de ontem:

O futuro em Portugal anda à velocidade de um caracol. Estamos em Fevereiro de 2023. 

Aqui no blogue em Abril de 2007 - "Estava escrito nas estrelas ...". Depois, em Abril de 2008 "Um caminho para a farmácia do futuro?" e esta série até Janeiro de 2018 - A farmácia do futuro (parte VII).

Por que engonhamos tanto? Tanta gente a defender o passado, tantos responsáveis com medo de abraçar o futuro. Tanto tempo perdido, tantos recursos desperdiçados, tanta gente prejudicada.

sábado, novembro 02, 2019

Continuem a enganá-los que eles gostam

O preço é um sinal tremendo que faz mexer a sociedade.

Ainda na passada quarta-feira ao almoço com um empresário, dava o exemplo do impacte do preço nos medicamentos em Portugal.

Em Fevereiro deste ano escrevi:


Em Setembro último escrevi:


Ontem no Wall Street Jourrnal encontrei "Sometimes Drug Prices Are Too Low":
"When Americans talk about drug prices, the conversation is dominated by the eye-popping sticker prices of certain new drugs. We’re all aware of how sky-high prices can make it hard for some patients to afford the drugs they need. Yet few appreciate how patients also lose access to treatments when prices are too low.
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The federal government’s attempts to keep prices low have created a chain of unintended consequences. [Moi ici: Este artigo devia ser lido por quem usa os Estados Unidos como um paradigma liberal. Lista uma série de "unintended consequences" de legislação, sempre elaborada com a melhor das intenções. No entanto, o que me interessa nele é o tema do preço demasiado baixo]
...
Once a number of generics enter the market, profit margins decrease. Then sometimes it takes only a production problem or other small cost increase for a manufacturer to cease production. As the number of manufacturers declines, supply can slip below demand. Currently, as many as 260 drugs are unavailable or in short supply in the U.S. [Moi ici: Em Portugal tem mais a ver com os preços estipulados pelo governo. Como são demasiado baixos, os produtores e distribuidores, que têm de pagar contas e não são a Santa Casa da Misericórdia, preferem exportá-los para países onde pagam mais. Portanto, as cativações afectam os doentes. Ei! Eu não votei nestes cromos, foi você!]
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The supply problem isn’t new. In 2011 President Obama directed the Food and Drug Administration to resolve and prevent critical shortages of vital medicines. One administration official stated, “We can’t wait anymore.” Unfortunately, yes, we can.
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And patients are dying. A shortage of norepinephrine in 2011 hampered hospitals’ ability to treat septic shock. A study in the Journal of the American Medical Association concluded: “Patients admitted to these hospitals during times of shortage had higher in-hospital mortality.”
...
This is a race to the bottom. Companies that can’t effectively price and promote the advantages of their products sometimes decide not to make them in the first place. [Moi ici: Nos Estados Unidos, onde tantas marcas podem fazer publicidade enunciando negativamente os seus concorrentes, os fabricantes farmacêuticos não podem "law forbids manufacturers from telling doctors or customers if their generic drug is better than their competitors’. Why invest in a superior drug if you have to keep it secret?"] Americans are being denied needed drugs because some prices are too low."
Os doentes e familiares continuam a protestar por causa da falta de medicamentos e, o INFARMED e a ministra continuam a dizer que vão investigar as causas.
Já depois de terminar este texto, um tweet do @helderlib levou-me até aqui "Preços são sinais"

sábado, janeiro 13, 2018

A farmácia do futuro (parte VII)

"Agora, a ANF considera essencial que esse corte nas margens seja revisto, tal como o regime de turnos, a regulamentação de descontos nos medicamentos e a possibilidade de as farmácias oferecerem “novos serviços”, tal como cuidados de enfermagem e nutrição."
Um tema que se arrasta lentamente ao longo dos anos:
Arrasta-se tanto que me faz pensar num tema de "Pacing for Growth" de Alison Eyring. O exemplo é o da Dell. Uma empresa com um modelo de negócio tão bem sucedido que quando o mundo mudou, foi incapaz de agir com rapidez. Por exemplo, ciente do sucesso dos tablets no mercado japonês chegaram a pensar em lançar-se nesse ramo muito antes da Apple ter o ipad, mas engonharam e engonharam até perder a janela de oportunidade. Eu sei que as farmácias têm uma pesada regulamentação, mas não poderiam já ter avançado mais?

domingo, fevereiro 05, 2017

A farmácia do futuro (parte VI)

Parte V, parte IV, parte III, parte II e parte I.

Recordo também o primeiro postal aqui escrito com o marcador "farmácia": "Estava escrito nas estrelas..."(Abril de 2007).

Na mesma tendência, "Farmacêuticos vão ter formação para oferecerem mais serviços":
"Os farmacêuticos vão ter formação para que as farmácias possam oferecer mais serviços aos utentes, como previsto no acordo assinado hoje entre a Associação de Farmácias de Portugal e os ministérios da Saúde e das Finanças.
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Entre as medidas constam a possibilidade de alargamento da dispensa de medicamentos hospitalares a mais áreas terapêuticas, a assistência farmacêutica permanente ou aconselhamento farmacêutico, serviços de intervenção em saúde pública (como os programas de troca de seringas, vacinação contra a gripe, entre outros)."
Pena que o mesmo racional não se aplique à área da educação.

sábado, fevereiro 06, 2016

"farmácia à frente do médico"

Escrevia aqui em Abril de 2008 (bem antes da troika):
"Quem é que já está em todo o lado, em todo o País e não recua? Quem é que tem horários de funcionamento alargados? Quem é que já inspira confiança na comunidade? A quem já se pede um conselho a nível de medicamentos não sujeitos a recita médica? Quem é que na saúde tem uma relação mais saudável cliente-prestador de serviço? (Não são tratados como utentes, existe alguma concorrência, pode-se mudar de prestador rapida e facilmente?).
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A FARMÁCIA!!!"
Ao longo dos anos a ideia não só se manteve como se reforçou:
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E se estivessem menos ocupados a defender o passado podiam lutar por abrir oportunidades de futuro:
"Embora globalmente satisfeitos, 29% dos inquiridos consideram que as farmácias podiam prestar mais serviços. Serviços de oftalmologia, enfermagem, veterinária, cuidados médicos, são apenas alguns dos exemplos referidos."

quarta-feira, outubro 14, 2015

Ameaças à farmácia do futuro

Há anos que reflicto e escrevo sobre o futuro da farmácia.
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Ainda recentemente escrevi aqui:
O meu conselho passa por um reforço da vertente de serviço, de interacção, de co-criação de valor entre a farmácia e os seus clientes.
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A alternativa é tentar competir pelo preço mais baixo, apostando na redução de custos e no eficientismo. Até que entram os concorrentes "chineses", aqueles que, sem cometer ilegalidades, apresentam uma oferta alternativa a um preço imbatível baseado num modelo de negócio diferente.
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A legislação em Portugal pode ser diferente da americana mas é uma questão de tempo, a pressão sobre os depauperados cofres do Estado com a evolução demográfica e a pressão de companhias de seguros trans-europeias talvez levem a isto "Will CVS And Walgreens Go The Way Of Blockbuster Or Netflix?":
"One recent savings trend has been a push by major insurance companies to divert members from going to brick and mortar pharmacies like CVS Health Corporation (CVS) and Walgreens Boots Alliance , Inc. (WBA) and place them into mail-order pharmacies. By having drugs delivered to doorsteps instead of picked up at pharmacies, insurance companies can leverage their buying power and exercise even better control over what brands of drugs are utilized through a single, preferred distribution network. This could result in hundreds of millions of dollars in savings, cutting out countless middlemen who all play transactional roles in a fractured healthcare system. It could also tear the foundations of traditional brick and mortar pharmacies around the nation.
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Insurance companies have long tried to convert as many members as possible to the mail order model to achieve true scale, but many people today still prefer the brick and mortar experience, even though it’s outdated and inefficient."

segunda-feira, setembro 28, 2015

A farmácia do futuro (parte V)

Parte I, parte II, parte III e parte IV.

Desde 2007 que escrevo aqui no blogue sobre o futuro da farmácia, basta pesquisar o marcador "farmácia".
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Este texto de 26 de Setembro último, "Ordem quer farmacêuticos a acompanhar doentes crónicos", parece baseado neste postal de Abril de 2008 "Um caminho para a farmácia do futuro?".
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Recordar a forma como terminei "A farmácia do futuro (parte IV)" em Outubro de 2011:
"Em vez de defender o passado, a ANF devia estar a lutar para trocar a perda de "privilégios" do passado, por abertura de oportunidades para o futuro."
Não esquecer "Acerca de sectores estáveis e demasiado homogéneos na oferta (parte III)"

sábado, agosto 22, 2015

Outra sugestão para a farmácia do futuro

Mais um exemplo de Mongo:
"These days, 3D printing seems poised to take over the world. You can 3D print prosthetic limbs, guns, cars, even houses. This month, another 3D printed product has hit the market, this one with potentially much wider reach: 3D printed pills.
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The first 3D printed pill, an anti-epilepsy drug called Spritam, was recently approved by the FDA.
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Aprecia plans to develop more 3D-printed medications—“an additional product per year, at least,
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Medication-printing technologies could revolutionize the pharmaceuticals industry, making drug research, development and production considerably cheaper.
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In the future, it may even be possible to print pills at home.
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Inventors would need to figure out how to supply the printers with their raw ingredients. Some researchers envision patients going to a doctor or pharmacist and being handed an algorithm rather than a prescription. They'd plug the algorithm into their printer and—boom—personalized medicine."[Moi ici: Acho mais credível que a farmácia do futuro volte a ser um laboratório, com a "impressão" dos medicamentos com base em algoritmos fornecidos pelos médicos (receitas)]
Trechos retirados de "The Future of 3D-Printed Pills"

Recordar "Acerca de sectores estáveis e demasiado homogéneos na oferta (parte III)"

BTW, isto ajuda a perspectivar:



Estão a ver o que é a imprevisibilidade a funcionar?

quarta-feira, junho 03, 2015

Acerca das farmácias

Por causa de um projecto em curso, estas palavras fazem todo o sentido:
"O futuro das farmácias passa por uma redefinição do modelo de negócio, ou seja, para sobreviverem, as farmácias têm de alterar o seu papel.
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"Não será propriamente um papel mais activo, mas sobretudo papéis diferentes, que vão além da dispensa de medicamentos",
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A farmácia fica hoje a meio do caminho entre a auto-medicação e a procura do médico, mas poderia vir a ser mais do que um ponto de passagem. Por exemplo, poderia realizar exames médicos básicos (como sangue, urina ou mesmo raio-x). "O desafio é saber se há capacidade de fazer com que as farmácias passem a participar de outra forma na cadeia de valor da saúde, por exemplo, colaborando na prevenção e monitorização da saúde da população",
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Mas esta maior colaboração implica também uma ligação com outras profissões de saúde, por exemplo, se se pensar no "acompanhamento de doentes crónicos, significa uma maior ligação aos médicos de família","
Recordar o recente postal "Acerca de sectores estáveis e demasiado homogéneos na oferta (parte III)".
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Este outro texto:
"Para Paulo Duarte deveria ser criado “um sistema que incentivasse e beneficiasse o farmacêutico a dispensar genéricos”.
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Há comprimidos, muitos, que são mais baratos do que uma carcaça. Algo está mal neste processo. O modelo que foi criado é, na nossa opinião, totalmente ineficaz”, considerou."
Ao lidar com as estratégias para uma farmácia, a toda a hora estou a chocar com barreiras legais e regulamentares.
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Em muitos negócios, os donos das prateleiras recusam-se a vender produtos que não dão a rentabilidade adequada ao espaço. No caso das farmácias, com a teia regulamentar, o sucesso do eficientismo veio trazer ao de cima as incongruências do sistema, o dono da prateleira é obrigado a vender artigos que lhe dão prejuízo.
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A verdade é que alguma coisa vai ter de mudar, acompanhemos...

quarta-feira, maio 06, 2015

Acerca de sectores estáveis e demasiado homogéneos na oferta (parte III)

Parte I e parte II.
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Outro sector do mercado interno onde se pode aplicar a reflexão da Parte I é o da farmácia comunitária.
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Primeiro, por causa de acções de formação sobre o balanced scorecard que realizei em 2005 e 2006 para a Ordem dos Farmacêuticos e, por causa de alguns trabalhos de consultoria com empresas farmacêuticas em 2003 e 2007, escrevi algumas reflexões sobre o sector em postais como estes:

Segundo, voltemos à citação da parte I:
"what steps to take when looking for a new way to compete in a relatively stable and homogeneous industry
...
When you are in an industry where the firms are more homogeneous than the customers,"
Actualmente, porque ando a facilitar o desenvolvimento de um balanced scorecard para uma farmácia comunitária, acabo por, nas pesquisas na internet, encontrar textos muito interessantes, por exemplo "Designing Pharmaceutical Services Using the Multilevel Service Design Methodology" (tese de mestrado na FEUP). A página começa assim:
"The pharmacy sector has led a rather static business model for the last decades, highly depending on the sale of pharmaceutical drugs to ensure its economic viability. In Portugal, such business model was threatened with the decrease in the sale margins of pharmaceutical drugs. The decline in margins’ values which were implemented since 2010 triggered the average revenue from the Portuguese pharmacy sector to be negative for both 2011 and 2012."
Claro que este "decline in margins" obrigou a actuação, uns seguiram o caminho mais fácil, o instinto, o preço, o desconto, o "Grab & Go". Outros, o caminho menos percorrido, o do valor (volto à tese de mestrado):
"In order to face the loss of profitability and the low integration in the healthcare system, the pharmacy sector as a whole was forced to change customers’ perception of pharmaceutical services and how these can deliver tangible value to clients. Pharmacists are diversifying the settings in which they practice by expanding and upgrading their business operations while evolving towards providing services beyond the dispensing of medicines. In fact pharmacies are now differentiating in number, level, type and quality of services they provide, developing service offerings aiming at increasing their customer satisfaction.
...
a new paradigm is emerging within the definition of pharmaceutical services which can be defined as “an action or set of actions undertaken in or organized by a pharmacy, delivered by a pharmacist or other health practitioner, who applies their specialized health knowledge personally or via an intermediary, with a patient/client, population or other health professional, to optimize the process of care, with the aim to improve health outcomes and the value of healthcare”" 
 O interessante é estar a abordar o desafio recorrendo à service-dominant logic, e ao poder da interacção, para co-criar valor, bem na linha de Gronroos, por exemplo:
E, depois, perceber que os especialistas do sector e eu andamos sintonizados. Em "Are YOU a “value-driven” pharmacy?":
"Pharmacy is the fastest growing occupation in Canada, he added. “This is a problem in an industry with an internal focus on costs savings and cost containment, where the only differentiation between pharmacies is based on price and product offerings,” he said.
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With value-driven pharmacy, however, the focus is from the customer’s perspective and pharmacy is seen as a consultative service.
In order to facilitate the shift to value driven pharmacy, a longitudinal focus is required. This involves focusing on the customer/ patient, seeing health not products, assessing what needs the pharmacist is satisfying per patient, and determining what the pharmacist’s job is actually doing for the customer. “Pharmacy should be practiced as a specialized service. This is where the focus has to change,”"

 Momentos de mudança exigem reflexão estratégica e escolhas!
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Continua.

segunda-feira, outubro 21, 2013

Acerca da farmácia do futuro

Comparar estas ideias "Farmácias querem prestar mais serviços aos doentes", e a situação do país, com as ideias, e o cenário avançado, em Abril de 2008 em "Um caminho para a farmácia do futuro?".
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Até dá para imaginar um sistema em que o polimedicado paga por dose, em vez de ter de pagar de uma vez toda a medicação ao ser obrigado a comprar caixas completas.

sexta-feira, abril 12, 2013

Mais subsídios para a reflexão sobre a farmácia do futuro

Recordo do arquivo:

Agora descubro outra insígnia do retalho que nos Estados Unidos está a avançar nos serviços de proximidade na saúde, a Walgreen, "As Walgreen Plays Doctor, Family Physicians Bristle".
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Interessante que estejam a ser as marcas da distribuição, também por cá, a interessar-se pelos serviços associados às doenças crónicas e ao envelhecimento generalizado da população.
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BTW, ainda ontem vi painel publicitário na auto-estrada relativo a uma clínica de marca da distribuição localizada no espaço onde está um hipermercado.

quarta-feira, novembro 28, 2012

Farmácias e a reacção à disrupção

Esta manhã, o último ou penúltimo, anúncio na Rádio Renascença antes do noticiário das 9 horas, foi esquisito, nunca o tinha ouvido.
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Uma voz feminina dizia que tinha que cuidar do cabelo e pedia um champô. Uma voz masculina respondia e, depois, perguntava se queria mais alguma coisa. Então, a voz feminina, com toda a naturalidade dizia, "Sim, também queria um xarope para a tosse". Nesta altura, fiquei a pensar "O que é isto!?!?" Por fim, o narrador descortinava que se tratava de um anúncio das farmácias portuguesas.
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As farmácias também estão a ver o seu modelo de negócio a tornar-se obsoleto, quer via alterações legislativas, quer via Wells (eu que só vejo canais por cabo ontem senti-me bombardeado com anúncios sucessivos) e companhia. Sim, também estão a ser vítimas de uma disrupção.
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Será que faz sentido pôr as farmácias portuguesas, com os custos de estrutura que têm, a tentar recuperar os clientes "overserved"? Será que a farmácia pode competir com o salão de cabeleireiro em termos de conselhos capilares? Será que vão ter algum sucesso a lutar para que os medicamentos sejam mais caros, a pagar pelo Estado ou pelas pessoas?
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Vale a pena ler o artigo de Clayton Christensen na HBR de Dezembro deste ano, "Surviving disruption", alguns recortes:
"decades of training have taught executives to focus not on the value they provide for their customers but on proxies for it - high-level profit and revenue data. If an innovator is causing a company losses, it’s deemed threatening. If not, it’s often dismissed. And overestimating a threat can be as costly as ignoring it: Managers struggle to keep customers who are unlikely to be lost to disruption in the same way they would compete with traditional rivals - by dropping prices or offering comparable product features. (Moi ici: Oferecer conselhos capilares, a sério?!?!?! E os farmacêuticos revêem-se nessa evolução?This sort of response both fails to identify the intrinsic advantage of the disrupter and ignores advantages that the legacy business could viably defend
...
Once you understand what jobs customers most commonly hire you to do, (Moi ici: Quais eram os trabalhos que as pessoas procuravam resolver com as farmácias? Nem todos procuravam a mesma coisa. De certeza que hoje, há trabalhos que outros realizam melhor que as farmácias, há trabalhos que as farmácias continuam a realizar melhor e, há trabalhos que as farmácias não fazem mas podiam realizar melhor que outros, com vantagem para elas, para as pessoas que as procurassem e para os contribuintes. Por que é que as farmácias não doiram essa pílula e tentam conquistar as pessoas, os contribuintes e o poder para esses novos trabalhos? Basta recordar as doenças crónicas: hipertensão, diabetes, obesidade, ... ) it becomes much easier to begin evaluating how important the advantages and disadvantages of a disrupter’s extendable core are to your business. (Moi ici: Quando um negócio começa a reagir à actuação de um disruptor tenta recuperar os clientes perdidos, aqueles que, na realidade, estão definitivamente perdidos para os diruptores. Dessa forma, acabam por alienar os que ainda estavam dispostos a alinhar com o incumbente porque vão atrás dos "overserved")
...
To better serve those customers, traditional grocery retailers should focus on outcompeting convenience stores with lower prices and better quality (particularly of perishables) and outcompeting farmers’ markets—perhaps with greater selection or by enticing farmers to sell produce inside their stores. They should be thinking hard about their physical advantages - (Moi ici: Com quem se pode fazer a diferença? "What jobs customers most commonly hire you to do?" Como se pode fazer batota? Como se pode ampliar a vantagem que temos com um certo tipo de clientes?) considering how store layouts might help or hinder the shopper who is trying to gather ingredients for dinner.
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Their leaders should expect increasing competition from online upstarts for the highly profitable branded items that currently fill so many supermarket aisles. They would do well to plan for a world in which those revenues are in some large part lost to them forever. Accepting the existence of a new competitive paradigm is never easy. It often forces us to acknowledge an inevitable loss of business. It may require us to develop disruptions that cannibalize our existing businesses. Failing to come to terms with these realities does us no service."
Pensem nisso, faz muito mais sentido pedir conselhos capilares no cabeleireiro e usar a farmácia para outro tipo de serviços.

sábado, novembro 24, 2012

Não aproveitaram...

Há os que estão tão concentrados a defender o status-quo, a defender o passado que passam ao lado das oportunidades que o futuro pode trazer.
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Boa sorte para os que arriscam e tentam construir um futuro!
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Ao longo dos anos aqui:
Pois bem, como tantas vezes acontece, quem vê as oportunidades a aparecer no horizonte são os que vêm de um sector completamente diferente. Não têm um legado a respeitar, não têm modelos mentais obsoletos a prende-los, não se arrastam em torno de pormenores, vêem um nicho maduro para a disrupção, um nicho que está "overserved" pelo status-quo e que, por isso, perde tempo e dinheiro.
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Centro comercial... estacionamento e fácil acesso, renda baixa, conjugação com outro tipo de serviços.
"Não querem concorrer nem com os centros de saúde nem com as urgências hospitalares, (Moi ici: Isto é para não levantarem anticorpos inicialmente) mas posicionam-se na resposta a inúmeros sintomas, por um preço muito competitivo, que entopem as urgências dos hospitais e obrigam os utentes a inúmeras horas de espera, por não serem uma verdadeira urgência: dores de garganta, febre, tosse, diarreia, dores de ouvidos, indisposições de diversas origens." (Moi ici: Para os centros de saúde e as urgências hospitalares, este tipo de "clientes" são uma incomodidade (uma verdadeira "nuisance"), fazem gastar tempo e devem contar muito pouco para o rendimento. É assim que começam as disrupções, quando um "tolo" aparece a querer servir, pelo preço da chuva, os "piores" clientes dos incumbentes... Mas pensem, qual o potencial de crescimento deste projecto no futuro para outros tipos de clientes e serviços?)
BTW:
"In the past twenty years, the number of practicing doctors in America has nearly doubled. So you would think, with all those new doctors running around, that Americans would be consulting their medical professionals at every opportunity. They’re not. In fact, the biggest trend in American health care is DIYDs—Do-It-Yourself Doctors. These are people who research their own symptoms, diagnose their own illnesses, and administer their own cures. If they have to call on doctors at all, they either treat them like ATM machines for prescriptions they already “know” they need, or they show up in their offices with full-color descriptions of their conditions, self-diagnosed on WebMD." 
Trecho retirado de "Microtrends" de Mark J.Penn.

BTW2,e é uma garantia de que estarão a funcionar, mesmo em dia de greve e no 1º de Maio

domingo, julho 08, 2012

A propósito da farmácia e da indústria farmacêutica do futuro

Há de tudo, como na farmácia...
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O modelo do blockbuster...
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Duas realidades a rever e a pôr em causa para o futuro.
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A realidade de Mongo a invadir este mundo, também:
"Under this new approach, researchers expect that treatment will be tailored to an individual tumor’s mutations, with drugs, eventually, that hit several key aberrant genes at once. The cocktails of medicines would be analogous to H.I.V. treatment, which uses several different drugs at once to strike the virus in a number of critical areas."

Um interessante artigo "In Treatment for Leukemia, Glimpses of the Future" 

segunda-feira, outubro 24, 2011

A farmácia do futuro (parte IV)

Continuado da parte III.
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""A situação para que fomos arrastados pela crise do país obriga-nos a encarar o futuro de forma diferente. A nossa prioridade tem de ser agora, inevitavelmente, a redução dos custos operacionais das farmácias. Não é fácil, mas não temos alternativa para procurar garantir a sobrevivência das farmácias (...) É necessária uma maior atenção aos aspectos financeiros, em particular à negociação com os fornecedores e com as instituições de crédito", sublinha o programa de acção.
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O novo órgão da ANF promete ainda reduzir o serviço de turnos e respectivos encargos, eliminar o horário semanal mínimo de 50 horas e a obrigatoriedade de um segundo farmacêutico, e criar uma lista de medicamentos não sujeitos a receita médica de venda exclusiva em farmácia."
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Reduzir custos operacionais... esse é o caminho mais percorrido, mas não é a única alternativa.
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Aliás, seguindo por essa via até ocorre perguntar porquê ter um farmacêutico? Por que não ter uma máquina dispensadora de medicamentos semelhante às do tabaco nos cafés? Bastava-lhe ler a receita.
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Grande parte do capítulo I do livro "Demand - Creating What People Love Before They Know They Want It" de Adrian Slywotzky é dedicado ao caso da americana Wegman.
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Quando as empresas competem pelo preço mais baixo sem estarem preparadas para isso o destino é inexorável como relata este exemplo "Crise e grandes superfícies estão a matar a Rua Direita de Viseu".
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Em Maio de 1969 Daniel Wegman entregava a sua tese na universidade, nela previa que a Wal-Mart ia dominar o sector do retalho. E quando acabou de bater à máquina a última página, encostou-se à cadeira e caiu na real... quais as implicações do seu estudo para a a meia-dúzia de mercearias da família?
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O que Slywotzky conta no livro é o caminho menos percorrido. A primeira medida concreta foi... aumentar o salário dos trabalhadores. Gente satisfeita, gente que não vai embora à primeira, gente empenhada no sucesso do seu posto de trabalho. Depois, o capítulo ilustra com n exemplos como a Wegman optou, não pela redução dos custos para competir, mas pelo aumento da experiência de compra.
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Desconfio que haverá alguma maior liberalização no sector das farmácias, se tal acontecer será uma oportunidade para quem tiver um olhar diferente. No fundo, será a aplicação de pensamento estratégico ao sector.
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Haverá os que acham e que não conseguem ver a farmácia como mais do que uma "máquina de tabaco" sofisticada e, haverá alguns, sempre poucos, que conseguirão ver mais à frente. Eu, que só sou um curioso, e que posso estar enganado, não consigo deixar de pensar na farmácia do futuro como o promotor número um da saúde (como refere o @boticando). Quando tudo o resto retroceder por causa da falta de dinheiro, o que vai restar? A iniciativa privada!
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Onde está a iniciativa privada a sério na saúde?
Qual o destino dos medicamentos, blockbusters para todos ou medicamentos personalizados?
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Em vez de defender o passado, a ANF devia estar a lutar para trocar a perda de "privilégios" do passado, por abertura de oportunidades para o futuro.
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Ei, mas eu só sou um curioso que gosta de experimentar cenários.

Trecho retirado de "João Cordeiro mantém-se na direcção da Associação de Farmácias"

sábado, outubro 22, 2011

A farmácia do futuro (parte III)

Ontem dei uma primeira leitura a um livro acabado de sair e de chegar, de um dos meus autores preferidos, "Demand - Creating What People Love Before They Know They Want It" de Adrian Slywotzky.
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Retive a história sobre a mudança de vida que a tecnologia introduziu na vida de Babu Rajan, um pescador de Pallipuram na costa sudoeste da Índia.
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Rajan faz parte de um consórcio informal de 14 pescadores que detêm um barco que faz a faina no Mar Arábico. Até 2003 Rajan fazia o que durante milhares de anos os pescadores sempre fizeram. Iam para o mar, 12 a 14 horas seguidas, tinham mais ou menos sorte com a captura. Deslocavam-se para o porto mais próximo onde, sob um calor abrasador, negociavam com o grossista local a venda do peixe... quanto mais tempo demorava o negócio a fazer-se mais o peixe se desvalorizava, sem rede de frio, sem rede de transportes, não havia alternativa.
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Em 2003 Rajan fez o que muitos indianos começaram a fazer. Comprou um telemóvel!!!
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Agora, ainda a pesca está a decorrer, Rajan é contactado por vários grossistas de vários portos alternativos, e tem oportunidade de escolher a melhor oportunidade de negócio, só escolhendo o local de descarga depois de chegado a um acordo.
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Aposto que por cá, tal mudança seria impossível de realizar, dada a quantidade de regras e limites à livre iniciativa.
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Há anos que penso no negócio das farmácias e no seu futuro, como mero curioso:

Para mim, o futuro parece óbvio, basta pensar nos ingredientes do cenário:
  • demografia
  • progresso das doenças crónicas
  • recuo generalizado do serviço nacional de saúde
  • proletarização da profissão de médico - mais um funcionário público
  • proximidade das populações
  • rede capilar das farmácias
  • avanço dos medicamentos "personalizados"
Por isso, não me surpreendem estas evoluções "Out From Behind the Counter" que só não são mais rápidas porque não há a mesma liberdade que a que Rajan usufrui. 
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Ás vezes interrogo-me se os farmacêuticos, tão preocupados em salvar o status-quo, não estão a perder a oportunidade de subir na escala de valor e conquistar um outro papel na sociedade.

quinta-feira, fevereiro 18, 2010

A farmácia do futuro (parte II)

Há anos que reflicto sobre a farmácia do futuro (por exemplo aqui:"Um caminho para a farmácia do futuro?" ) e não posso deixar de me sentir confortado com a confirmação em toda a linha das minhas visões para o negócio da farmácia do futuro que encontro neste artigo da revista strategy+business "The Pharmacy Solution".
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Este tipo de futuro para a farmácia implica pensamento estratégico, implica escolhas, implica moldar o futuro.
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"In the current environment, where easy access to cost-effective care is paramount, the pharmacy offers four significant advantages.
1. Trust. Patients already have more contact with pharmacists than other health-care providers and appear to greatly value their pharmacists’advice."
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"2. Access. The pharmacist is highly accessible."
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"3. Skills and services. Pharmacists are highly trained health professionals,knowledgeable about a range of medical conditions and
capable of delivering some advisory, diagnostic, and treatment services.
An increasing number of pharmacies also have a retail clinic on the premises, staffed by a nurse practitioner licensed to perform a range of primary care services and, in some cases, write prescriptions.
4. Cost. Retail pharmacies operate in a highly competitive business environment, and are already acting to keep the nation’s cost of prescription medications lower by promoting generics."
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"Strategies for Pharmacies
As pharmacy companies plan for the future, they will need to first choose between two approaches for serving different patient segments consistently. The first is to build
retail health centers that focus on healthy and at-risk individuals and that deliver a range of health and wellness services, such as health risk assessments, counseling, smoking cessation programs, and ongoing tracking of risk factors.
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The second approach is to concentrate on compliance and comprehensive disease management for the chronically ill. This population continues to grow, and more people are being forced to deal with multiple chronic conditions. Disease management (DM) companies are tackling the issue head on, but their efforts have not been fully satisfactory for the public or commercial payors"