Mostrar mensagens com a etiqueta industria 4.0. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta industria 4.0. Mostrar todas as mensagens

segunda-feira, novembro 21, 2022

Industria 4.0 e pessoas - again

O meu parceiro das conversas oxigenadoras é muito crítico de muito do que se diz e escreve sobre a Indústria 4.0. Recordo:
Ontem no Twitter encontrei esta thread:

Segue-se a thread:

"So yr understanding of industrial machines is sorta adequate to how most of them worked 30 years ago. Back then they were kinda autonomous: you buy them and they work. Maybe you need to buy spare parts, but that’s it. Because they were mechanical. No computer -> no disconnection.

...

Modern machines are different. Computer control. Graphical User Interface. You don’t need to control it with your hands like 30 years ago. You may not even need to code like 15 years ago. You can often pick a button on a screen -> I want *this* component design from the online bank 

...

When we discuss modern high-end tools, we should understand that this physical object is merely an element of the integrated ecosystem. It’s not worth much without access to the cloud. This makes Industrie 4.0 concept efficient but vulnerable

...

Now Russian military industry is sometimes closer to Industrie 4.0 than even the German one. That’s understandable. The Russian leadership has huuuge trust in machines and very little trust in people. Russian managerial culture is much more technocentric than German

...

I think if Russian leadership could produce high-end weaponry without those dirty filthy workers, they would totally do it. They just can’t. But wherever possible they tried to get closer to this goal. Whenever possible they would try to minimize human participation in production

...

You don’t trust your workers. Understandable. You integrate everything into an automated Industrie 4.0-ish system. But you still rely on human competencies. It’s just that you outsourced them abroad and are now totally dependent upon foreign expertise. You are on life support."

 Exagero meu?

segunda-feira, setembro 07, 2020

"Her real job"

Um texto dedicado ao meu parceiro das conversas oxigenadoras e à sua preocupação com a preparação das pessoas para a Industria 4.0.

Segundo ele, e julgo que tem razão, quase ninguém se preocupa com a preparação das pessoas para a Industria 4.0, o foco está todo na tecnologia.
"While Grosso understands that part of her official job is to transmit a body of content from her head to those of the students, she thinks her real job—her most important job—is to help students become capable of thinking in a complex and uncertain world. To her that means embracing the messiness of the world and not attempting to simplify it for students as if students can’t deal with messiness.
.
That means helping them learn both how to build models (rather than handing them prebuilt ones) and how to build better ones together. She introduces them to the ladder of inference, a framework from business and education theorist Chris Argyris, which describes how humans reason, starting with selecting which data to take into account and then making increasingly specific inferences about the selected data—up the rungs of a metaphoric ladder to reach a conclusion on the subject of their thinking, at the top of that ladder. Grosso creates an exercise by which she writes different fragments of a story on a number of paper fish that she hides around the classroom. For example, the story may be about why she arrived at school grumpy one morning, and one fish may say “woke up late” while another may say “forgot marked tests at home,” and so on. Student groups go on a fishing expedition to find and collect the fish, and then attempt to come to a conclusion based on the fish that their group happened to find.
.
Since different groups find different data-laden fish, the groups come to different conclusions. Instead of judging which conclusion is “right,” they explore how collecting different data means that each group might come to a different conclusion. Grosso highlights that although we can never collect all the data ourselves, we make our model more robust by being curious and asking questions of others who may have access to data that we don’t. By rejecting the need for one “right” answer, Grosso’s students become more confident. They gain the confidence to share their thinking, because if their answer is different from others’, it might just be because they collected different data or interpreted the data differently, not because their answer is “wrong.” The process also encourages students to make and think about connections—between what they and other students know—so that they can integrate multiple insights.
...
Beth Grosso’s approach underlies the agenda I propose here for educators to help preserve American democratic capitalism and enhance its ability to sustainably deliver broadening and rising prosperity. The job of educators should be to prepare students for a complex adaptive system, not to make them capable of operating only a narrow part of a complicated machine. We need to equip our youth for a world that isn’t about perfecting a machine but rather about achieving a balance—an endless journey of transitory improvements rather than definitive solutions. That is the only way we will produce the citizens that we need and the business executives and political leaders to pilot productively. Currently, the formal education system produces overconfident reductionists who don’t see that they are operating in a complex adaptive system and are altogether too sure of the quality and usability of their piece-part solutions. The purpose of education needs to shift, as Beth Grosso illustrates, toward producing sophisticated yet humble model integrators. To do so, educators must do four things.
.
Temper the Inclination to Teach Certainty
.
At present, the formal education system predominantly teaches certainty; that is, that there is one right answer and many wrong ones
Lembro-me da perplexidade da minha amiga Marina, que na altura estudava Biologia na universidade, ao perceber que tinha saído um artigo numa revista científica que desclassificava o que ela tinha aprendido numa aula na semana anterior.

Trechos retirados de "When More Is Not Better" de Roger Martin prossegue.

sexta-feira, junho 21, 2019

Optimista? Realista? Pessimista?

Há pessoas que quando escrevem sobre determinados assuntos ... recorrem acriticamente às estatísticas e nem se interrogam sobre o que elas querem dizer, ou o que está por detrás desses números. Por exemplo:
"Apesar da procura nos mercados internacionais não ser muito dinâmica, as exportações de bens e serviços apresentaram um crescimento homólogo de 3,4%, e continuam a demonstrar a capacidade das empresas portuguesas ganharem quotas de mercado nos principais destinos das exportações portuguesas: Espanha, Alemanha, França e Reino Unido" 
Alguém foi aos números do INE e sacou aquele 3,4% para poder escorar a afirmação seguinte "demonstrar a capacidade das empresas portuguesas".

Se estudassem os números por detrás do número, podiam perceber o que venho relatando há cerca de um ano, a mudança de panorama das exportações portuguesas e a sua crescente fragilização: "What a difference a year makes! (parte II)"

Outro exemplo:
"Hoje, o made in Portugal é um importante ativo concorrencial."
Todos os dias vejo exemplos do que está a ser feito para dar cabo desse activo. Ainda ontem li esta aberração louca "Empresa espanhola arrasou ponte e villa romanas em Beja para plantar amendoeiras" e recordei o que se está a esvair ao copiar o modelo canceroso espanhol: "Todos vão perder".

Outro exemplo:
"A transformação digital da economia, que motivou o lançamento do Programa Indústria 4.0, cada vez mais presente na economia mundial, irá ser decisiva para alinhar as tendências do mercado com a oferta de produtos, ajustando os mecanismos de produção (aumentando a automatização dos processos, substituindo tarefas com valor reduzido, exigindo novas competências e mais qualificações aos trabalhadores) e estimulando novos modelos de negócio."
Relacionar o impacte da Indústria 4.0 na economia portuguesa é ainda mais caricato que esperar que os migrantes resolvam o problema de falta de mão-de-obra em Portugal. BTW, recordar que os macacos não voam.

Outro exemplo:
"Hoje, com taxas de desemprego baixas e uma perspetiva de evolução demográfica difícil, a sustentabilidade do crescimento tem na produtividade um eixo central."
Não sei se estou a ser pessimista, realista ... ou optimista, ao acreditar cinicamente nas palavras de Maliranta e Taleb. Nas últimas semanas tive oportunidade de contactar várias empresas pressionadas por um importante cliente para mudar de paradigma de trabalho, e esta reflexão não me sai da cabeça: Quanto tempo?

Trechos retirados de "Produtividade – o desafio essencial para sustentar o crescimento numa economia virada para o futuro"

sexta-feira, março 15, 2019

Mais sanitas (parte II)

Parte I.

O meu colega das conversas oxigenadoras sempre me disse que a Industria 4.0 requer gente com um grande espírito crítico. Recordo de Março e Fevereiro do ano passado "E as pessoas para a Indústria 4.0?" e "Está tudo relacionado".

Ontem, li "The ironies of automation":
"Some think this isn't a problem. One airline executive recently told the WSJ that pilots don’t need to know how underlying systems are built because, “they’re not engineers and their job is to fly the aircraft.” But this perception overlooks a seldom discussed irony: the more automated the system, the more crucial the human operator becomes. That’s because automation doesn’t purge demand for human labour, instead it changes the type of labour needed.
...
technology, while addressing one set of problems, often creates others. Decades later, that observation still rings true. Automation enthusiasts would be wise to temper expectations accordingly. Particularly in company boardrooms, where automation is increasingly seen as a panacea, and a way to reduce costs, rather than a tool."


quinta-feira, março 07, 2019

Um clube de leitura

Julgo que foi neste almoço que começaram as nossas conversas oxigenadoras:
"O empresário lá de cima, há meses que criou um clube leitura na empresa porque, explicou-me então:
.
- Como posso aspirar a ter gente com espírito crítico se as pessoas não lêem.
.
E depois, o desafio seguinte foi libertar as pessoas para a possibilidade de criticar, de não concordar com o que estava escrito.
.
- Sabe Carlos, para quem não está habituado a ler o que está escrito tem uma aura de sagrado, de não criticável."
O nosso próximo almoço, que era para ser hoje, será amanhã. E um dos temas que levarei para a mesa será: "The quiet power of reading with your coworkers":
"As with most initiatives, the most important thing is to take action. I tell the teams I work with, “Start scrappy and know that doing something is infinitely better than doing nothing.” So, get going today."

terça-feira, julho 24, 2018

Acerca da fábrica do futuro

Um artigo interessante, "Inside the Digital Factory", que aborda vários teas acerca da fábrica do futuro, mas que convenientemente esquece as implicações da democratização da produção. Adiante:
"heralding a new era for manufacturers, marked by totally integrated factories that can rapidly tailor products to individual customer needs and respond instantly to shifting demands and trends. This fully digital factory can be a catalyst for a kinetic growth agenda delivering gains in productivity, financial and operational performance, output, and market share [Moi ici: LOL!!! Até parece que Mongo vai ser terra de competir por market share!] as well as improved control and visibility throughout the supply chain.
...
98 percent of respondents still view digitization somewhat blandly as a path for increasing production efficiency.  [Moi ici: Conheço esta gente. Muitos são boa gente, mas estão de tal forma moldados pelo modelo mental anterior que não conseguem fugir dele. Também por isso vão ser vítimas do que esteve na base do seu sucesso no nível anterior do jogo] But at the same time, a whopping 74 percent of companies named regionalization (being able to set up or expand factories in markets where their products are sold and where opportunities exist to widen revenue streams through customized products and improved service levels) as a primary reason for digital investments. [Moi ici: Uma fábrica para cada continente, dizem algumas multinacionais mais dinâmicas, mas não estão a ver que não é uma questão de eficiência, é uma questão de interacção, de customização, de relação, de proximidade]
.
Moreover, in a sharp departure from the recent past, the possibility of being able to immediately tailor products to match customer preferences and to offer customers the option to “build” their own products appears to be driving production decisions more strongly than slashing labor costs.  [Moi ici: Q.E.D.] Indeed, only about 20 percent of respondents now plan to relocate manufacturing facilities to low-wage countries in Asia, Eastern Europe, and South America; nearly 80 percent are looking at Western Europe (where their largest customer bases are) for new digital factory capacity."
O trecho que se segue parece retirado do discurso do meu parceiro das conversas oxigenadoras:
"One of the more intractable obstacles to a successful digital factory is the makeup of the workforce itself. This type of advanced production approach represents an entirely new model of human–machine interaction, one that not many workers — or manufacturers — are prepared for. In our view, understanding the impact on the people in the company is at least as important as calculating the financial benefit of the digital factory, in part because the former will ultimately impinge on the latter. Employees who feel marginalized by the emphasis on new technologies or who are not equipped to work in that environment will compromise the factory’s chances for success."

terça-feira, maio 01, 2018

Quando o Manel e a Maria começam a programar - indústria 4.0 a sério, não treta para captar fundos (parte III)

Parte I e parte II.

Esqueci-me de referir na parte II que o process.st permite fazer o ponto da situação de todas as encomendas:

E permite exportar toda a informação para uma folha de cálculo para tratamento.

Bom, voltemos à estória.

Na reunião seguinte, estava a montar o estaminé para apresentar as alterações quando sou informado de que tinham contado o ocorrido ao dono da empresa do software que usam e este tinha ficado de aparecer na nossa reunião. Julgo que terá ficado alarmado para aparecer numa reunião que começava às 8h15 da manhã. 

Lá apareceu, apresentei o template e exemplifiquei o preenchimento de uma checklist. 

Elogiou a checklist, disse uma grande verdade: "não faz muito sentido ter vários softwares a correr na mesma empresa". E começou a dizer que andava a desenvolver uma aplicação para Android.

Para mim foi penoso. Não tenho nada a ganhar com o uso do process.st, e sou o primeiro a defender usar uma aplicação ligada ao ERP, mas olhei-o olhos nos olhos várias vezes e senti alarme. A tal aplicação Android que está a desenvolver não a conseguiu apresentar, nem um pretotyping.

Quando estará pronta? 

Imaginem se um totó como eu consegue fazer isto, como será amanhã com a geração dos meus filhos que tratam o Linux por tu e até programam...

Por isso, achei mais do que uma coincidência chegar pela mesma altura a "The Future of Software Is No-Code":
"In a very real sense, no-code flips the traditional IT model. Rather than developers driving what an application should look like, line managers can become an active part of the process. Much of what they used to set up in Excel spreadsheets or checklists on clipboards they can now do in cloud-based mobile applications.
.
"A big part of the benefit to no-code or low-code platforms is that they let you access elements of a development environment visually rather than actually writing the code yourself. That accelerates development and improves quality at the same time,"
.
Today, computers are less "high tech" than they are basic business tools and the more power we can put in the hands of the people who use those tools every day, the better off we'll be. The future of technology is always more human."

sábado, abril 28, 2018

Quando o Manel e a Maria começam a programar - indústria 4.0 a sério, não treta para captar fundos (parte II)

Parte I.

Confesso que já não sei como foi, talvez via pesquisa no Youtube, que cheguei ao process.st .

O process street aborda um processo como um template tipo-checklist. Por exemplo:
 A primeira tarefa está atribuída ao responsável do armazém de matérias-primas e só ele é que a pode preencher. Quando despacha a matéria-prima para uma Ordem de Fabrico num subcontratado abre a primeira tarefa da checklist
O nome desta checklist aqui é "Teste", mas na vida real é a referência da Ordem de Fabrico. Na primeira tarefa, o responsável do armazém (via tablet, ou via PC, ou via smartphone) regista a data de saída da matéria-prima, indica para que subcontratado ela foi:
Regista o número de pares, e se entender fazer alguma observação pode registá-la no campo opcional das observações.

Depois, ao clickar naquela tecla verde "Complete Task" a tarefa ficha fechada:

E acontece um pouco de magia...
Assim que a tecla verde é clickada a checklist dispara um e-mail para o controlador de Corte e Costura.

Não conseguem perceber como isto é magia mesmo. Este anónimo quando acabou o seu curso na FEUP, no seu departamento só havia um PC, a primeira folha de cálculo que viu foi um Simphony usado no estágio na Sonae em 1987, a única programação que aprendi foi em BASIC para fazer gráficos 3D e outras loucuras com o ZX Spectrum.

Como se consegue fazer esta magia para um não-programador? Procurem Zapier!

Por exemplo, quando o controlador da costura detecta um problema:
Salta outro e-mail, desta vez de alarme para o Planeamento:
Ao apresentar a aplicação a equipa ficou entusiasmada e puderam pedir alterações e acrescentos.

Na reunião seguinte, estava a montar o estaminé para apresentar as alterações quando sou informado...

Continua.

Na próxima vamos chegar a isto “The Future of Software Is No-Code” e a isto

sexta-feira, abril 27, 2018

Quando o Manel e a Maria começam a programar - indústria 4.0 a sério, não treta para captar fundos

Há tempos numa empresa colocaram-me perante um desafio. Quando trabalho com alguém é fácil perceberem como tenho facilidade em descrever visualmente processos através de fluxogramas. Não sou nenhum iluminado, é o fruto natural de quase 30 anos de experiência com a ISO 9001 e com fluxogramas, muito antes de aparecer a abordagem por processos.

- Que me diz a fazermos o workflow de alguns processos da empresa e metermos isso num programa informático?

Estranho pedido... Deixei a coisa a correr, a marinar no meu subconsciente e ao final da tarde do Domingo seguinte começou a emergir uma sensação estranha: estava zangado comigo mesmo. Há quase 30 anos que desenho processos e escrevo procedimentos ou fichas de processo .... Em papel.... Ou pdf e pronto.

Segue-se impropério lançado contra mim mesmo, mas tolerado pela minha mãe! [#@$‰÷!!] Caramba, devia ter sido eu a pensar nisto primeiro e há alguns anos atrás.

Como é possível continuar enterrado no papel!?!?!?!? Ou no pdf!?!?!?

Saltei para o Google e pesquisei acerca de software colaborativo. Muita coisa sobre gestão de projectos, mas não era sobre gestão de projectos que eu queria, eu queria algo sobre gestão de processos para uso colaborativo. Resolvi ir ao grupo ISO 9001 no Linkedin e perguntar se alguém recomendava algum "process management collaborative software". 

Rapidamente apareceram sugestões, uma delas destacava-se pela frequência com que era mencionada: o Bizagi.

Mergulhei nos vídeos do Bizagi e fiquei entusiasmado com a ferramenta. Tem o Designer que permite fazer os fluxogramas que servirão depois para criar o programa de automatização do processo com o Bizagi Studio.

Envio um e-mail para a empresa a marcar reunião e a pedir ao meu interlocutor para estudar a ferramenta no Youtube. Ele responde-me a confirmar a reunião e a dizer que tinha uma surpresa. Quando chego à reunião diz-me que a empresa de software que criou o ERP da empresa também lhe recomendou o Bizagi.

Ficamos ambos fãs do Bizagi Studio, mas ... danado “mas”, em processos em que tenhamos de recorrer ao ERP temos de ter um programador. A empresa arranjou um programador e formamos equipa. No entanto, fiquei algo desapontado porque iriamos aplicar o software a um processo importante, mas daqueles que são de contexto e não nucleares, com a justificação que não conhecíamos o Bizagi a sério e que depois podiam surgir surpresas.

Entretanto, mete-se a Páscoa e a paragem da empresa para semana de férias, depois a ida do meu interlocutor a feiras ao estrangeiro e o arranque fica em standby. 

Numa outra empresa, começo um projecto em que me solicitaram que os apoiasse a montar o controlo da qualidade desde a entrada da matéria-prima até à entrada dos sapatos em caixa. Ia a pensar numa abordagem ao projecto mais formal, mas deparo com uma empresa com muita subcontratação, com um controlador de Corte e Costura e outro de Montagem e Acabamento, muitas referências a controlar, a coordenação com o Armazém de matérias-primas para perceber quando é que a matéria-prima sai para o subcontratado, a importância para o Planeamento de saber em tempo real se a produtividade dos subcontratados está a correr bem, se há problemas de qualidade, quando é que o subcontratado fechou a produção, ...

E começou a germinar em mim a ideia de que poderia usar a tal ideia de software colaborativo  e embora não precise do ERP o Bizagi parece demasiado formal, preciso de algo mais expedito.

Continua.

Ainda vamos chegar a isto “The Future of Software Is No-Code” e a isto.

sábado, setembro 23, 2017

O top-down é uma doença

Quinta-feira à noite enquanto conduzia ouvia este artigo, "O palavrão que vai trazer o futuro às empresas já" e não consegui chegar ao fim horrorizado com o grau de visão top-down tão ao estilo de o Grande Planeador.

Primeiro, o benchmarking com a Alemanha. Portugal não é a Alemanha! O que funciona na Alemanha provavelmente não será adequado para a realidade portuguesa.

Segundo, as empresas não devem mergulhar na Indústria 4.0 só porque está na moda ou há dinheiro público para torrar. As empresas têm ambições, as empresas têm desafios, as empresas têm problemas e constrangimentos e, a Indústria 4.0 pode ajudar quando surgir como uma resposta a desafios/problemas concretos não como algo de intrinsecamente bom independentemente das empresas e da sua orientação estratégica.

A melhoria não começa porque alguém resolve planear uma melhoria, esqueçam o velho PDCA (Plan-Do-Check-Act). A melhoria começam quando se compara o real com o desejado e se resolve mudar (CAPD) (Check-Act-Plan-Do). Recordo Scott Berkun:
"We didn't need a Department of Innovation to achieve the greatest technological achievement in human history: putting a man on the moon. We did create NASA, but its goal was not the vague and distracting mandate to "promote innovation", but to solve a specific set of problems, problems so hard that they demanded a huge amount of innovation."
Ou "For Successful Social Innovation, Start With The Problem, Not The Solution":

  1. "Start with the problem, not the solution. If you start with a solution, it may not actually solve the problem.
  2. Identify the “binding constraint” that is causing the problem. Be careful of coming up with a solution that doesn’t actually remove that constraint.
  3. Work with the user. We think we know what is best, but then we get it wrong. Listen to them and co-create a solution."

terça-feira, maio 09, 2017

Tem radar? (parte II)

Parte I.

Um tópico que entretanto me surgiu ao pensar na popularidade que teve a "Parte I" foi o do âmbito a incluir no radar.

A concorrência, os riscos, as oportunidades podem vir de tantos lados e sem obedecer às fronteiras que nos habituamos a assumir desde o início do século XX. Então, qual o conselho para quem quer criar um radar deste tipo?


Escrevi na Parte I:
"a melhoria da qualidade de vida das pessoas com limitações motoras, por causa da idade, por causa de doenças, por causa de acidentes."
Começar por eleger quem são os clientes-alvo, ou os pivôt do ecossistema em que se trabalha e seleccionar palavras-chave associadas aos seus desafios e preocupações. Daí incluir drones comandados pelo pensamento, por exemplo, tem alguma coisa a ver com cadeiras de rodas? Não! Mas tem tudo a ver com a vida de quem anda de cadeira de rodas ou tem limitações motoras.

BTW, o estágio que fiz em 1987-88, depois de acabar o meu curso de engenharia química  foi numa unidade da SOciedade NAcional de Estratificados que produzia resinas termoendurecíveis à base de ureia, ou fenol, com formaldeído.

Reciclar termoendurecíveis é, quase por definição, impossível. Qualquer químico pode pôr as mãos no fogo por esta afirmação. Entretanto descobri uma referência à polihexahidrotriazina: "Breakthrough Polymer Could Lead to Endlessly Recyclable Plastics"

Agora imaginem o potencial para mudar o sector dos laminados...


segunda-feira, maio 08, 2017

Mongo e a Indústria 4.0

Ando a escrever a série "Acerca de Mongo" (que já vai com quatro partes) onde, com base no artigo "Decentralization and Localization of Production: The Organizational and Economic Consequences of Additive Manufacturing..." publicado em Março de 2017 na California Management Review, faz-se uma previsão do que pode ser a economia do futuro.

Nesse artigo, em sintonia com o que escrevemos aqui desde 2007, prevê-se que a economia do futuro seja menos globalizada, por causa do triunfo das pequenas séries, da customização, da rapidez, da proximidade, da flexibilidade. Prevê-se também empresas mais pequenas, talvez empresas ao estilo de cooperativas, ...

Por isso, foi com um sorriso cínico que li "Indústria 4.0: uma oportunidade!":
"A digitalização da indústria permitirá aumentar a competitividade dos bens transacionáveis fabricados na Europa, num contexto de crescente e imparável globalização."

quarta-feira, abril 26, 2017

Industria 4.0 e a cadeia de fornecimento


"The digitization of the supply chain enables companies to address the new requirements of customers, the challenges on the supply side, and the remaining expectations in efficiency improvement. Digitization leads to a Supply Chain 4.0, which becomes …
  • faster. New approaches to product distribution can reduce the delivery time of fast runners to few hours. ...
  • more flexible. Supply Chain 4.0’s ad hoc, real-time planning allows companies to respond flexibly to changes in demand or supply, minimizing planning cycles and frozen periods. ...
  • more granular. With customers looking for more and more individualization in the products they buy, companies must manage demand at a much more granular level, through techniques such as microsegmentation, mass customization, and more-sophisticated scheduling practices.  ...
  • more accurate. Next-generation performance management systems provide real-time, end-to-end transparency throughout the supply chain. ...
  • more efficient. The automation of both physical tasks and planning boosts supply-chain efficiency."
Imagem e trechos retirados de "Supply Chain 4.0 in consumer goods"

quinta-feira, fevereiro 02, 2017

Os nossos campeões escondidos

Quase todos os dias somos surpreendidos por estórias de empresas anónimas portuguesas que dominam o seu métier. Ontem mais dois casos:
No caso da TSF sublinho:
"A empresa faz o que o cliente quer, não produz grandes séries e não tem produto próprio.
...
“Somos uma metalúrgica de precisão, fazemos as peças técnicas para as máquinas e equipamentos e, nalguns casos, até montamos as máquinas aqui. Depois a componente informática é acrescentada pelo fabricante”"[Moi ici: As empresas não são entidades matemáticas, as empresas são organismos vivos e plenos de idiossincrasias. Sem pôr em causa as decisões da empresa, ouso lamentar que não se concentre na vertente "é meter código nisso", aí é que vai estar o valor acrescentado e o potencial de crescimento. Estranho sim que a seguir fale em Indústria 4.0]

segunda-feira, novembro 23, 2015

A sua empresa quer pensar nisto?

Há momentos assim!
.
Momentos em que pressentimos que o mundo vai mudar, que um paradigma vai ser substituído, que gigantes imperiais terão de enfrentar um habitat novo mais propício a seres mais pequenos, mais rápidos, mais ágeis e, sobretudo, mais dispostos a aprender e a testar novas abordagens.
.
Há anos que neste blogue escrevemos sobre o "é meter código nisso", sobre a ""the Internet on crystal meth" e Mongo", sobre a IoT ou IoE. Depois, podemos misturar essa vertente tecnológica com a economia do Estranhistão, com a service-dominant logic e com a nova realidade de que tudo é serviço.
.
E o que resulta? Este texto repete algumas ideias já abordadas aqui no blogue "Manufacturers must learn to behave more like tech firms":
"The first shift is from products to services. By one estimate the number of wirelessly connected products in existence (excluding smartphones or computers) will rise from 5 billion today to 21 billion by 2020. The data these products generate are the raw material for new services
...
The second, related change is the race to develop “platforms”, a software foundation upon which lots of services and applications can be built.
...
This is disorientating stuff. Manufacturers are used to a world in which they take materials from suppliers, turn them into products and push them out to customers.
...
For many manufacturers the principal sticking-point in making this digital leap is often cultural." 
As empresas que vão tirar mais partido deste evento são as que perceberem que o que vendem não são produtos ou serviços, vendem os resultados que os clientes querem atingir na sua vida.
.
Isso implica trabalhar mais de perto com os clientes, isso implica escolher melhor os clientes, isso implica co-trabalho, co-desenvolvimento, co-evolução, parceria, cumplicidade.
.
Isso implica casar com a tecnologia e criar híbridos que conciliam produtos, serviços, informação e novos modelos de negócio.
.
A sua empresa já pensou nisto?
.
A sua empresa quer pensar nisto?
.
Será que podemos ajudar?

sexta-feira, agosto 14, 2015

"mas o essencial é que o mercado de massas desapareceu"

Se admitirmos a hipótese Mongo, se a conjugarmos com a polarização dos mercados e assumirmos que o cliente é especialmente atraído pelo trading-up, então, não faz sentido pensar que os robots vão eliminar os postos de trabalho ocupados por humanos. Recordar o que já temos escrito por cá em "O truque é a interacção, a co-criação. Os robots não têm hipótese!".
.
Daí que este título "A robotic workforce? No, humans are cheaper" se encaixe tão bem num futuro baseado na hipótese Mongo e nas experiências da Toyota e da Canon.
"People will be surprised - “[the use of robots] won’t be as disruptive as the hype today would suggest,” he continues.
.
“The more a robot can do, the more it will cost – humans should be able to still be less expensive than robots. Plus robots for the foreseeable future will have to specialise, and we humans don’t – we’re more flexible.”
Julgo que esta discussão acerca dos humanos vs máquinas padece de um mal que identifico neste artigo, "On Your Marks: The Race to Global Manufacturing Leadership Is On", não acredito que voltemos ao século XX com um referencial único para todos. Uns optarão pelas técnicas aditivas, outros optarão pelas técnicas subtractivas, outros por mais automatização...  mas o essencial é que o mercado de massas desapareceu e deu origem a uma panóplia de tribos com gostos e refinamentos bem diferentes entre si.

quinta-feira, janeiro 22, 2015

Acerca da Indústria 4.0

"soon, “virtually no manufacturing company anywhere in the world will be unaffected by Industry 4.0 — it will impact their corporate strategies and fundamentally change the way they operate. It must be part of the CEO agenda,” says Volkmar Koch, a partner in the Frankfurt office of Strategy& (formerly Booz & Company), which specializes in Industry 4.0.
.
The main drivers of this new industrial revolution are changes in consumers’ expectations — they want customizable products delivered in Internet time [Moi ici: Por outras palavras, Mongo!] — as well as the convergence of new technologies such as the Internet of Things, collaborative robotics, 3D printing and the Cloud, together with the emergence of new business models, according to the more than a half a dozen people interviewed.
...
To remain competitive factories will have to: accommodate custom designs and have the ability to make rapid changes to the products being produced; use the Internet of Things and other technologies to digitize the entire process, reducing time to market; integrate their supplier and production networks using Internet-based product lifecycle management, so that employees throughout the network can collaborate; have semi-autonomous robots working alongside humans to accelerate production while ensuring quality; and analyze data collected about customers to offer a plethora of new digital services."
Concordo com muita desta descrição, alinhada em parte com o que por aqui se escreve sobre Mongo e o Estranhistão. No entanto, há qualquer coisa que falta, IMHO.
.
A pertença a uma tribo, a autenticidade, a interacção, que vai para lá do jogo de escolhas de uma paleta online, são temas que raramente aparecem nestes textos.
.
Trechos retirados de "Industry 4.0: The Coming Industrial Revolution"