domingo, novembro 03, 2019

Bofetadas e locus de controlo - produtividade é que não.

Nem de propósito! Na sexta-feira de manhã publiquei o postal "A destruição criativa" onde escrevi:
"Havendo falta de mão de obra, já o escrevi aqui, o tema do salário mínimo desaparece, as empresas têm de pagar o valor de mercado, sendo a mão de obra escassa, quem não puder suportar o preço de mercado tem de fechar."
Sexta-feira de tarde apanho no Jornal de Notícias, "Setores-chave como turismo e construção têm falta de 140 mil trabalhadores":
"As empresas portuguesas querem crescer mas continuam a debater-se com a falta de mão de obra em setores-chave da economia. Só na construção e imobiliário estão em falta 70 mil operários, número que sobe para os 140 mil se lhe juntarmos as atividades de alojamento e restauração, a metalurgia e metalomecânica e a indústria têxtil e do vestuário. Apenas o calçado assume não ter grandes necessidades imediatas, a não ser "pontuais" e em "zonas de forte concentração" do setor."
Qual a alternativa? Como sobreviver quando falta mão de obra e não se quer, não se sabe, não se pode subir na escala de valor? Não esquecer a bofetada!!!

O texto da bofetada diz tudo:
"Reis Campos, presidente da AICCOPN, reclama um "regime especial de mobilidade transnacional" que permita trazer para o país profissionais que trabalham nas construtoras portuguesas no exterior, mas também que se atue na formação profissional, lamentando a concentração desta nas escolas, que orientam os alunos para cursos profissionais sem correspondência com as efetivas necessidades."
O grupo que me dá bofetadas aparece sempre com cada argumentação tão irracional, que ganha sempre apoios do governo de turno. Vejam a razoabilidade desta proposta:
"O turismo é outra das actividades em forte expansão, pelo que a necessidade de trabalhadores se agudiza. Só no alojamento e restauração o setor criou mais de 69 mil empregos, entre 2015 e 2018, mas a Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal estima que a carência de recursos humanos seja da ordem dos 40 mil.
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Na agenda política que apresentou em setembro, com100 propostas para melhorar o turismo e as suas empresas, a associação liderada por Mário Pereira Gonçalves pede a criação de uma rede especifica para o turismo que analise e comunique todas as ofertas e procuras de emprego, bem como de formação, e a retoma de programas de apoio financeiro para manter a empregabilidade."[Moi ici: Sector a bombar como nunca esteve, sector com falta de pessoal para trabalhar e pede que os contribuintes lhe dêem dinheiro para manter a empregabilidade!!! O que é isto? Acham que somos burros? E somos!
Pena que falte mais locus de controlo interno ao empresariado português.

Como não recordar Kafka.

sábado, novembro 02, 2019

Está aqui a ilustração do que Mongo traz aos gigantes

Pesquisando Kraft aqui no blogue encontro, como os postais mais recentes:
Agora no Wall Street Journal de ontem leio "Kraft Heinz Is Cooking Up a Fresh Strategy". Apetece dizer: Duh!
"Investors are celebrating signs of stabilization at Kraft Heinz, [Moi ici: A empresa no primeiro semestre do ano caiu 1,5% nas vendas e agora, no terceiro trimestre só caiu 1,1%] as well as fresh thinking from its new leadership.
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The new leadership team, though handpicked by the company’s Brazilian private equity owners 3G Capital, shows refreshing signs of understanding what went wrong.
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They plan to unveil a detailed new strategy early next year but gave preliminary thoughts on a  conference call with analysts Thursday.
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Mr. Patricio spoke of the need for a “mental change” at the company. He seeks to shift its focus from short-term cost cutting and growth through acquisitions toward investing for long-term organic growth.
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Still, the company isn’t abandoning frugality.
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Mr. Patricio stressed the need to cull unprofitable or low-volume products from Kraft Heinz’s portfolio. “Innovation is an area that we have to increase, we have to improve dramatically,” he said when pressed by analysts to elaborate on his views on research and development, which prior  management shortchanged.
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However, he said R&D spending would be focused on a few big bets rather than spread far and wide— a similar stance to his predecessor, Bernardo Hees."
Transcrevi os trechos acima, sublinhei-os ... e agora estou encostado à cadeira a admirar o espectáculo.

Tanta coisa para escrever, tanta turbulência na minha cabeça. Está aqui tudo. Está aqui a ilustração do que Mongo traz aos gigantes.

Mongo ou Estranhistão, o mundo económico para onde caminhamos não é o mundo do mass market do século XX que criou os gigantes do século XX. Os gigantes procuram as grandes quantidades, apostam nas big bets. Cometem o erro da VW:
"turned down requests to build the electric vans in what are limited numbers by their standards."
 Em Mongo é inevitável descrevo a explosão de marcas e sabores, a explosão de apreciadores-contrarians. Em Não acredito nestas relações simplistas escrevi:
O que digo aqui sobre Mongo? Mais variedade, mais tribos, mais flexibilidade, mais rapidez, ... menos friendly para gigantes e mais pró marcas independentes.
É claro que a inovação é a porta para o futuro, duvido é que consigam encontrar uma ou mais "big bets". O mundo está diferente, o mundo já não é o do século XX.

Solução que me vem à cabeça, crescer por aquisição de marcas independentes e mantendo-as como independentes, na gestão e na produção.

Continuem a enganá-los que eles gostam

O preço é um sinal tremendo que faz mexer a sociedade.

Ainda na passada quarta-feira ao almoço com um empresário, dava o exemplo do impacte do preço nos medicamentos em Portugal.

Em Fevereiro deste ano escrevi:


Em Setembro último escrevi:


Ontem no Wall Street Jourrnal encontrei "Sometimes Drug Prices Are Too Low":
"When Americans talk about drug prices, the conversation is dominated by the eye-popping sticker prices of certain new drugs. We’re all aware of how sky-high prices can make it hard for some patients to afford the drugs they need. Yet few appreciate how patients also lose access to treatments when prices are too low.
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The federal government’s attempts to keep prices low have created a chain of unintended consequences. [Moi ici: Este artigo devia ser lido por quem usa os Estados Unidos como um paradigma liberal. Lista uma série de "unintended consequences" de legislação, sempre elaborada com a melhor das intenções. No entanto, o que me interessa nele é o tema do preço demasiado baixo]
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Once a number of generics enter the market, profit margins decrease. Then sometimes it takes only a production problem or other small cost increase for a manufacturer to cease production. As the number of manufacturers declines, supply can slip below demand. Currently, as many as 260 drugs are unavailable or in short supply in the U.S. [Moi ici: Em Portugal tem mais a ver com os preços estipulados pelo governo. Como são demasiado baixos, os produtores e distribuidores, que têm de pagar contas e não são a Santa Casa da Misericórdia, preferem exportá-los para países onde pagam mais. Portanto, as cativações afectam os doentes. Ei! Eu não votei nestes cromos, foi você!]
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The supply problem isn’t new. In 2011 President Obama directed the Food and Drug Administration to resolve and prevent critical shortages of vital medicines. One administration official stated, “We can’t wait anymore.” Unfortunately, yes, we can.
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And patients are dying. A shortage of norepinephrine in 2011 hampered hospitals’ ability to treat septic shock. A study in the Journal of the American Medical Association concluded: “Patients admitted to these hospitals during times of shortage had higher in-hospital mortality.”
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This is a race to the bottom. Companies that can’t effectively price and promote the advantages of their products sometimes decide not to make them in the first place. [Moi ici: Nos Estados Unidos, onde tantas marcas podem fazer publicidade enunciando negativamente os seus concorrentes, os fabricantes farmacêuticos não podem "law forbids manufacturers from telling doctors or customers if their generic drug is better than their competitors’. Why invest in a superior drug if you have to keep it secret?"] Americans are being denied needed drugs because some prices are too low."
Os doentes e familiares continuam a protestar por causa da falta de medicamentos e, o INFARMED e a ministra continuam a dizer que vão investigar as causas.
Já depois de terminar este texto, um tweet do @helderlib levou-me até aqui "Preços são sinais"

sexta-feira, novembro 01, 2019

Um bom exemplo da aplicação da abordagem-baseada no risco

Através de uma pesquisa na internet aterrei no artigo "Co-creating collaborative food service opportunities through work context maps" de Fredrik Sandberg.

A certa altura no texto encontro esta figura:

Um bom exemplo da aplicação da abordagem-baseada no risco. Seleccionar um processo:

  • Listar as principais actividades desse processo;
  • Identificar os actores intervenientes em cada uma dessas actividades;
  • Determinar os pontos fracos associados a cada uma dessas actividades (e o que pode correr mal em cada uma dessas actividades);
  • Determinar os pontos fortes associados a cada uma dessas actividades;
  • Determinar que resultados se pretendem conseguir com o processo.
Os pontos fracos tanto podem promover o aparecimento de resultados indesejados, como evitar ou prejudicar o cumprimento de resultados pretendidos.

Os pontos fortes podem ajudar a cumprir resultados pretendidos.


A destruição criativa

Em "Por que continuamos a ignorar os rinocerontes cinzentos?" voltei a recolher elementos sobre o movimento em curso, que está a ganhar força e coragem, para começar a defender abertamente o desligar do aumento do salário mínimo do aumento da produtividade.

Entretanto, via Helena Garrido, fui encaminhado para esta conversa entre o Bicicletas e Fernando Alexandre no programa "Tudo é Economia" de 21 Out 2019:
  • ver minuto 41:40
  • ver minuto 42:50 (sobretudo este trecho)
Tenho de confessar que a argumentação do Bicicletas faz sentido, se aumentarmos o salário mínimo as empresas que não o puderem suportar fecham e teremos cada vez mais emprego baseado em negócios que suportam salários superiores. O problema é o aviso de Nassim Taleb:
“Don’t take advice from those who are not at risk” for the consequences of a possible inflection point."
Até que as empresas novas apareçam para dar emprego aos desempregados das empresas que fecharam, muita gente com skin in the game vai sofrer.

Qual a alternativa ao modelo do Bicicletas? Esta semana encontrei no Jornal de Negócios um artigo que ilustra o que vai acontecer, "Goucam entra nos EUA e na Alemanha":
"A Goucam é um dos maiores exportadores do concelho de Viseu, onde concentra o grosso do seu quadro de pessoal. Quase tudo o que produz é vendido fora de Portugal.
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Seja como for, estima que a indústria têxtil venha a ter grandes problemas a médio prazo por dificuldades em atrair mão de obra. Na indústria têxtil ganha-se por regra o salário mínimo mas "num centro comercial também e trabalha-se à noite e ao fim de semana". "O nosso maior concorrente nem é o salário. É a imagem". Ainda assim, quando questionado sobre a razão de ser de não pagarem mais para compensar a falta de mão de obra disponível, o CEO da Goucam diz que não é possível. "Não digo que não pudéssemos até pagar um pouco mais durante alguns anos. Mas estamos ao sabor das oscilações do mercado e de quem são os nossos concorrentes", diz, o que significa que "sabemos perfeitamente que há anos bons e há anos menos bons" e que a política atual permite que, mesmo apesar das crises, não falhe o pagamento de salários e a manutenção de postos de trabalho.
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O empresário explica os fatores que influenciam a competitividade de uma empresa nesta indústria e porque é tão grande a amplitude de preços finais praticados.
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Num setor como o têxtil que foi tão afetado pela globalização, é da Ásia que vem a maior concorrência?
Os nossos concorrentes são locais de produção com salários muito mais baixos. No nosso setor e, em particular, no nosso nível de atividade e na maior parte das empresas que ainda existem em Portugal, concorre-se com o Leste da Europa e com a Turquia. A Turquia e a Roménia são neste momento os nossos principais concorrentes, nomeadamente pela via da desvalorização da moeda.
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Tendo em conta que a competição é tão aguerrida nos custos de produção, não é por essa via que a Goucam tem vingado...
É. É muito importante neste negócio..
A ideia, porventura errada, que existe é que empresas de países pequenos como o nosso não conseguem competir por essa via, por faltar escala. E que é pela qualidade que se afirma.
Claro. Mas também no custo. Pode ter toda a qualidade do mundo. Se não tiver o custo correto, não vende a ninguém. Não tenhamos ilusões. Agora o que tentamos fazer é ter uma boa relação qualidade, custo e serviço. Os três são fundamentais."
Uma empresa que trabalha para marcas e que assenta a sua competitividade no preço. Havendo falta de mão de obra, já o escrevi aqui, o tema do salário mínimo desaparece, as empresas têm de pagar o valor de mercado, sendo a mão de obra escassa, quem não puder suportar o preço de mercado tem de fechar. Comparem com a concorrência de mão de obra destes casos "Um exemplo de subida na escala de valor".

Portanto, as Goucan's deste país têm os dias contados. Não é má vontade, é destruição criativa. Imaginem que os funcionários da Goucan passam para uma empresa como as duas novas que vão para Santo Tirso:
  • empresas dão alguma formação básica aos trabalhadores transferidos;
  • trabalhadores de um momento para o outro tornam-se muito mais produtivos.
Porquê? Trabalham mais depressa? Não, por que passaram a produzir coisas diferentes. Mexeu-se no numerador da equação da produtividade.

BTW, há tempos aqui no blogue ou no Twitter, referi que quando a maré muda ... Ah! Encontrei:
"Juro que andava há cerca de dois meses a reflectir sobre que empresas fecham primeiro quando há uma mudança da maré. E pensei nas várias empresas que nos últimos meses têm fechado apesar de não ficarem a dever nada a ninguém. Gente organizada percebe antes de todos os outros que não vale a pena enterrar dinheiro e age em conformidade. Gente que não tem noção, vai ser empurrada pela realidade."
Esta quarta-feira no Jornal de Notícias encontrei, "Declarada insolvência de têxtil em Guimarães":
"Na sequência de decisão judicial de decretar a insolvência da Famouscotton, os créditos têm de ser reclamados nos 30 dias seguintes à decisão. Está ainda agendada, para o dia 13 de dezembro, uma assembleia para apresentação do relatório da insolvência. Pelo que foi possível apurar, todos os trabalhadores têm os salários em dia. A Famouscotton é mais uma entre dezenas de empresas de pequena dimensão que estão a fechar, nos vales do Ave e Cávado, no setor têxtil. O Brexit, a guerra comercial entre os EUA e a China, bem como a deslocalização da produção são as razões apontadas pelos empresários para a estagnação."

quinta-feira, outubro 31, 2019

Felicidade, sucesso e experiências

Há dias comecei o postal "O problema da pieguice" com:
"Quanto mais piegas, menos optimistas.
Quanto menos optimistas, menos ..." [Moi ici: Menos sucesso financeiro]
Ontem comecei a ler o livro "Time and How to Spend It" de James Wallman onnde encontrei:
"Most of us assume that success leads to happiness. We tend to think that once we get the dream job, home or partner, life will feel clicked into place. So, based on this, you should focus on your IQ and your EQ and then you’ll be successful and happy.
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But what psychologists like Lyubomirsky and Achor have now found flips this idea on its head. They have discovered that people who, in the scientific jargon, have ‘emotional health’ or display ‘positive affect’ – that is, people who you and I would just say are happy – are more likely to succeed.Let me shine a light on why that’s so interesting. This new research shows that if you want success, you should first aim to be happy.
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if you want to be happy, you should spend more of your focus and money on experiences.
...
if you want to have a successful life, you should focus on experiences."

Um exemplo de subida na escala de valor

Este artigo, "Dois projectos prometem mudar a face de um concelho têxtil" fez-me sorrir.

Insere-se numa tendência que tenho visto noutros sectores. O CAE pode ser o mesmo, mas o modelo de negócio e as margens são bem diferentes do têxtil que trabalha para a moda.
"Santo Tirso é o concelho escolhido por uma empresa do universo da Airbus para instalar uma nova linha de montagem. São 40 milhões de euros de investimento da Stelia Aerospace, que projecta criar 240 novos postos de trabalho
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[Moi ici: O outro projecto] Dois anos depois de terem comprado a fábrica da Velpor — Veludo Português ao grupo Amorim, Urs Rickenbacker, presidente da Lantal Textiles, mostrou como se transforma uma empresa que fazia cortinados num líder mundial no fornecimento de revestimentos para a indústria dos transportes em terra (autocarros, ferrovia e metros). Com 1,7 milhões de euros (dos quais 600 mil pagos com fundos europeus), aquele grupo deu a volta a uma bem conhecida fábrica e espera duplicar em 24 meses as receitas (para 16 milhões).
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o grupo Lantal fará de Portugal a “base” para todo o negócio que envolva empresas de transporte terrestre. E o leque de clientes inclui desde os comboios da SNFC francesa aos da Amtrak dos EUA.
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É também nesta área dos revestimentos que irão operar os franceses da Stelia Aerospace, mas direccionados para a aviação."
Um sinal de como o modelo de negócio é bem diferente é salientado nestes números que tirei daqui:
"A empresa Stelia Aerospace vai investir mais de 40 milhões de euros numa unidade de montagem em Santo Tirso. A empresa francesa, que fabrica assentos de piloto e de passageiros de primeira classe e executiva, prevê criar 240 postos de trabalho, 30 dos quais altamente qualificados." 
Um rácio que não se encontra na empresa têxtil típica.

Estas empresas, porque trabalham diferentes produtos para diferentes tipos de clientes, conseguem muito melhores margens e, por isso, têm níveis de produtividade muito superiores aos das empresas têxteis tradicionais. Assim, não terão dificuldade em canibalizar o escasso recurso da mão-de-obra. Como as empresas têxteis tradicionais-tipo não vão poder competir nesse campeonato, vão ter de fechar. E assim, se realiza o que Maliranta e Nassim Taleb escrevem.

quarta-feira, outubro 30, 2019

"denser systems will produce more turbulence"

Há anos que escrevo aqui sobre o perigo dos hospitais-cidade, das escolas-cidade e outros. Por exemplo:

Entretanto ontem, durante uma caminhada matinal li:
"The Belgian Nobel Prize winning chemist Ilya Prigogine examined the origins of change in the reactions he studied. He concluded that all systems that are sufficiently complex can develop unpredictable emergent behavior. This includes social systems. The origins of this conclusion lie in positive feedback loops embedded in the system, producing boom and bust behavior that is difficult if not impossible to predict. From this he surmised that denser systems (for example, increasing population density and communication links) will produce more turbulence, that is, more complex interactions that produce virtually unpredictable emergent states and patterns of behavior."

Trecho retirado de “Strategic Reframing” de Rafael Ramirez e Angela Wilkinson.

Disrupção e "morte"

Ontem, mandaram-me um e-mail com este artigo "3D-Druck verlängert das Leben europäischer Autos in Afrika" e com o comentário, bem visto: 
"Corresponde a uma lógica de economia circular com uma pegada  ecológica “pesada” ao manter carros pouco eficientes em funcionamento"
Verdade, mas o que me atraiu no artigo é a contradição subjacente.

O artigo é sobre um jovem estudante de engenharia, numa universiadade nigeriana, que ganhou um prémio ao ter desenvolvido uma biela para um velho Alfa Romeo através da impressão 3D. Já não é possível encontrar à venda peças para modelos de carros muito antigos, quando estes avariam em África.

Queremos praticar e desenvolver uma Economia Circular, mas estaremos preparados para arcar com as consequências?

A CECIMO, uma associação europeia de fabricantes de máquinas e ferramentas, no seu site chama a atenção para a sua importância ao dar emprego a 147 mil pessoas. No entanto, a mesma CECIMO no artigo refere:
"A Associação Europeia de Fabricantes de Máquinas-Ferramenta (Cecimo) vê a produção aditiva, a impressão 3D, como a principal tecnologia para uma economia circular. Por um lado, isso aumentará a produtividade, mas também economizará recursos de forma sustentável. Consumidores e utilizadores poderão beneficiar de produtos mais duráveis e que consomem menos energia. A eficiência do material, a reciclagem, a funcionalidade aprimorada dos componentes e a descentralização são alguns dos benefícios que a impressão 3D traz para a Economia Circular."
A impressão 3D baixará as barreiras de entrada e democratizará a produção de peças e componentes. O artigo refere:
"Em breve todas as empresas de artesanato e todas as oficinas deverão explorar as possibilidades de tecnologias de impressão 3D descentralizada e funcionalmente optimizada."[Moi ici: Deixei de propósito a tradução mixiruca do Google Tradutor, "empresas de artesanato", porque vai ao encontro do que penso e escrevo - aqui, aqui, aqui e aqui, por exemplo
A impressão 3D elevará para outro nível o potencial de bailado entre produtores e clientes:
Recordar aqui, aqui e aqui, por exemplo.

A impressão 3D provocará a disrupção e "morte" entre os membros da CECIMO.

É só olhar para o depois de amanhã e para as consequências naturais do que a tecnologia e a interacção com o gosto vai permitir.

Continua.

terça-feira, outubro 29, 2019

Acerca da importância de um propósito

"Organizations need a clearly articulated purpose statement that answers these questions: What is your reason for existing? What value are you giving your customers? Why is your firm uniquely capable of providing it?...
A truly powerful purpose statement is one that achieves two objectives: clearly articulating strategic goals and motivating your workforce. These objectives are important individually and synergistically. When your employees understand and embrace your organization’s purpose, they’re inspired to do work that not only is good—and sometimes great—but also delivers on your stated aims.
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Indeed, it’s hard to imagine how your employees can perform if they don’t understand your company’s purpose. How can they come to work every day ready to further the business if they don’t know what your organization is trying to accomplish and how their jobs support those goals? Yet in a recent survey of more than 540 employees worldwide conducted by PwC’s strategy consulting business, Strategy&, only 28% of respondents reported feeling fully connected to their company’s purpose. Just 39% said they could clearly see the value they create, a mere 22% agreed that their jobs allow them to fully leverage their strengths, and only 34% thought they strongly contribute to their company’s success. More than half weren’t even “somewhat” motivated, passionate, or excited about their jobs.
...
At companies that have clearly defined and communicated how they create value, 63% of employees say they’re motivated, versus 31% at other companies; 65% say they’re passionate about their work, versus 32% at other companies. And these purpose-driven organizations reap substantial benefits: More than 90% of them deliver growth and profits at or above the industry average, according to Strategy& research and analyses.
...
Although those questions are quite intuitive, we know from experience that many senior executives are not adequately addressing them—either because they don’t fully appreciate the importance of purpose in strategic planning, because they are too focused on short-term financial performance, or because addressing these questions shines a light on fundamental corporate vulnerabilities."
Trechos retirados de "Why Are We Here?"

Por que continuamos a ignorar os rinocerontes cinzentos?

Ontem em, "Stupid Cassandras, não vêem o oásis", citei Nassim Taleb:
"Taleb points out an interesting approach to getting high-quality information: “Don’t take advice from those who are not at risk” for the consequences of a possible inflection point."
É uma das tragédias do nosso tempo. Gente que toma decisões sem sofrer as consequências. Lembram-se da diferença entre os políticos e os espalhadores de bosta?

Falemos sobre produtividade e salários.

O que acontece a uma empresa que aumenta os salários mais do que a capacidade de criar riqueza, a produtividade?





Entra no vermelho e se não inverte a situação terá de fechar.

O que aprendi em Novembro de 2007 com a experiência finlandesa?
"It is widely believed that restructuring has boosted productivity by displacing low-skilled workers and creating jobs for the high skilled."
Mas, e como isto é profundo:
"In essence, creative destruction means that low productivity plants are displaced by high productivity plants."
O que aprendi em Abril de 2018 com Nassim Taleb?
"Systems don’t learn because people learn individually – that’s the myth of modernity. Systems learn at the collective level by the mechanism of selection: by eliminating those elements that reduce the fitness of the whole, provided these have skin in the game
O que comecei a encontrar na imprensa há cerca de um ano, veículado e proposto por gente sem skin-in-the-game? Reparem na abordagem:

  • continuamos a ter níveis de produtividade muito baixos;
  • se esperarmos que as empresas aumentem a sua produtividade para que os salários possam dar saltos importantes, nunca o conseguiremos. Pois as empresas têm dificuldade em fazer crescer a produtividade;
  • a alternativa é inverter a ordem das coisas, fazer subir os salários e obrigar as empresas a subir a sua produtividade ou a morrerem;
  • é uma proposta legítima, mas típica de quem não vai sofrer as consequências do que propõe
Não invento, abordagem descrita em Janeiro de 2019 em: "Espero que não vos tremam as pernas quando as empresas começarem a cair como tordos".

Qual o grande soundbite do discurso de posse do novo governo? A subida do salário mínimo nacional. A grande prioridade.
O que publicam os jornais portugueses sob a secção "economia"? (postal de 2008 e, sobretudo este postal de 2009).

O que faz Merkel na Alemanha? Age como a Cassandra, alerta para o excesso de auto-confiança e falta de desassossego:
"Berlin Es ist noch nicht lange her, dass Kanzlerin Angela Merkel die Unternehmen vor zu viel Selbstgewissheit gewarnt hat. Angesichts des Tempos der technologischen Entwicklung und der Veränderungen in der Welt habe sie Sorge, dass „in der deutschen Wirtschaft die Bereitschaft, disruptive Wege zu gehen und neue Herangehensweisen zu wählen, ein bisschen gebremst werden könnte, weil man heute ja noch ganz gut dasteht“, sagte sie im Juni beim Tag der deutschen Industrie."

Por que continuamos a ignorar os rinocerontes cinzentos

Depois, a culpa é dos Passos desta vida, do último e do próximo.

segunda-feira, outubro 28, 2019

Stupid Cassandras, não vêem o oásis

“Andy Grove articulated this point in his original work on strategic inflection points. Before the pattern is clear, he said, you have to let a certain amount of chaos reign. Lots of inputs, lots of ideas, and lots of arguments are essential. Only after you have sufficient information (the weak signals have become strong enough) should you coalesce the organization around a selected strategic path.
Absolute candor—and the willingness to confront unpleasant information—is crucial here. Wishing things were different is a recipe for corporate disaster.
...
leaders should search for the presence of anomalies—events that occur outside the expected range. Taking in lots of information is seen as critical to seeing emergent patterns. Taleb points out an interesting approach to getting high-quality information: “Don’t take advice from those who are not at risk” for the consequences of a possible inflection point.
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High-performing CEOs are unanimously alike in this one thing: they insist on total candor and brutal truth, even if it challenges their previously held assumptions.
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Crescive leaders listen to alarmists—those people who occasionally are dismissed as Cassandras for conveying bad news. Instead of immediately dismissing them, we should think of them instead as “helpful Cassandras,” who broaden the range of outcomes we are considering or who are exposed to subtle or key inputs that are different from those we normally see.”
Li isto e comparei com o que tinha acabado de ler no jornal Público de ontem:
 Entretanto, sob um outro paradigma, "Innovationskraft sinkt: Der deutsche Mittelstand verschläft die Zukunft":
"Demnach verfügt nur ein Viertel der Unternehmen über die nötige Innovationskompetenz und -kultur, um ihre Wettbewerbsposition langfristig zu sichern. Fast die Hälfte der Firmen hat es dagegen in den zurückliegenden Jahren verpasst, ihr Innovationsprofil an neue Bedingungen anzupassen. Das trifft vor allem auf kleinere und mittlere Unternehmen (KMU) zu. „Verpassen diese KMU den Zeitpunkt für den notwendigen Strukturwandel hin zu mehr Innovationsfähigkeit, können sie und ihre Beschäftigten schnell zu Opfern veränderter Marktbedingungen werden“, warnt Armando García Schmidt von der Bertelsmann Stiftung."
Stupid Cassandras Germans ... comparar com os discursos de tomada de posse por cá.

Trechos retirado de “Seeing Around Corners” de Rita McGrath.

O ambicioso versus o desejoso (parte II)

Parte I.
"I've seldom met a successful person who didn't start out with a set of ambitious goals. However, the power of goal-setting isn't just anecdotal. It turns out that there's a wealth of scientific research into how goal-setting changes the way you brain functions. That research also provides guidance on how to make goal-setting vastly more effective.
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Here's the gist: Goal-setting restructures your brain to make it more effective.
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goals that are highly emotional (i.e., the subject is highly motivated to succeed) cause participants to downwardly evaluate the difficulty of achieving that goal.
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In other words, if you strongly desire a goal, your brain will perceive obstacles as less significant than they might otherwise appear.
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Research has also shown that ambitious goals are far more motivating (i.e. they more thorougly structure your brain) than easily achieved goals.
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In other words, if you want to fully activate your amygdala and frontal lobe so that your brain makes you more successful, you must set challenging goals.
...
In 90% of the studies, specific and challenging goals led to higher performance than easy goals, "do your best" goals, or no goals. Goals affect performance by directing attention, mobilizing effort, increasing persistence, and motivating strategy development. Goal setting is most likely to improve task performance when the goals are specific and sufficiently challenging."
Trechos retirados de "What Goal-Setting Does to Your Brain and Why It's Spectacularly Effective"


domingo, outubro 27, 2019

O ambicioso versus o desejoso (parte I)

Esta semana ouvi Joaquim Aguiar falar na diferença entre o ambicioso e o desejoso.

O ambicioso treina para atingir o objectivo. O desejoso senta-se à espera que o objectivo lhe caia no regaço. Os políticos adoram desejosos. Assim, especializam-se na distribuição de rebuçados.
"lays out the seven-step approach SEALs use to tackle even the most daunting missions, so you can adapt it to achieve your own biggest, scariest goals.
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1. Ask clarifying questions..
Clearly, in military situations it's essential to be clear about your objective, both so you don't capture the wrong guy and know what winning looks like. But in civilian life, too, it's impossible to achieve success if you don't define it first.
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2. Identify all your resources..
The next step is to marshal all your resources and see what you have to work with to achieve your aim. That means not only material resources like money and technology, but also intangible ones like your network and skills.
...
3. Clarify roles and responsibilities....
make sure each person knows their role, ... what each must accomplish, and when. ... it's essential to make sure everyone understands their area of responsibility and how it fits into the larger mission.
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4. Focus relentlessly on your goal..
As Microsoft CEO Satya Nadella has explained, all good leaders take responsibility for outcomes, whatever the circumstances. [Moi ici: Recordar aquiFor true leaders, there is no such thing as an excuse, because they always keep their focus on the goal and look for ways around each constraint.
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5. Think through all possible contingencies..
In practice, this means letting your pessimistic imagination run wild to dream up every hiccup and holdup you might face. How can you work around these possibilities? [Moi ici: A aplicação da abordagem baseada no risco]
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6. Train until you're stress-proof..
OK, you know your aim, you've assigned your roles, and you've talked through everything that could go wrong. Your planning is ace, but there's another essential step to making sure your paper plan actually translates to real life.
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7. After-action review..
Reached your goal? Congrats, but there's still one final step left to go. "You do yourself and the people in the room or the people in the organization a disservice if you don't debrief what happened or where the mistakes are at," Roy concludes. This isn't about assigning blame to people. It's about figuring out what went wrong so you can do better next time."
Trechos retirados de "Navy SEALs Use This 7-Step Process to Achieve Any Goal. You Can Too"

O problema da pieguice

Quanto mais piegas, menos optimistas.
Quanto menos optimistas, menos ...
"Psychologists have long touted the power of positive thinking—and now a study quantifies that power as it relates to people’s finances. Researchers surveyed 2,002 Americans in 2018 about their outlook and financial well-being, assigning them an optimism score from 0 to 100 and asking questions about how they regard and manage their money. Controlling for demographic factors including wealth and income, they found that each one-point increase in optimism was associated with a 0.1-point increase in financial wellbeing (measured on a scale developed by the Consumer Financial Protection Bureau)—meaning that a more optimistic attitude could be associated with as much as a 10-point increase in financial well-being. The graphs below show how optimists and pessimists stack up on some specific measures."

Fonte do estudo: "Mind over money"


Trecho retirado de "It Pays to Be an Optimist" publicado na Harvard Business Review de Novembro de 2019.

sábado, outubro 26, 2019

Economista com a doença dos engenheiros

Consideremos o Evangelho do Valor e a equação:
Agora, consideremos esta abordagem:
"Mais produtividade, mais competitividade. É esta a receita do bastonário da Ordem dos Economistas, Rui Leão Martinho, para o crescimento. [Moi ici: A sério?]
...
A produtividade é determinante para ganharmos competitividade."
Leio este último sublinhado e sorrio em discordância.

Não é por sermos mais produtivos que seremos mais competitivos. Isso é a aposta no denominador daquela equação.

A aposta no numerador, pela diferenciação e escassez, leva-nos a sermos competitivos. Por que somos competitivos podemos ter preços mais elevados e daí vem a produtividade.

Economista com a doença dos engenheiros.

Trecho retirado do Jornal Económico de 25 de Outubro de 2019, “É preciso menos intervenção do Estado no licenciamento de empresas”

"When there is clarity, broad agreement, ..."

“A question I often get as someone who writes about strategy is whether the concept of strategy, and the long-range implications associated with it, are of any use at all. After all, when competitive advantages are transient and the next big thing is impossible to predict, why put all that effort into defining a point of view about the future?
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That couldn’t be more wrong. In a complex situation, when you want to empower the entire organization to be able to act without direction from the top, having a shared view of what the purpose is and how each participant fits into it is absolutely critical. It is only with a basis of a shared understanding of what we’re all trying to achieve here that distributed action is possible.
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In organizations that don’t have a clarity of strategy and alignment, decisions get made and unmade, resources are spent on things that are not really relevant, people end up confused, and the stage is set for the kind of infighting that contributed to the demise of the Kin. When there is clarity, broad agreement, and even enthusiasm, people can pull together in a common direction.”
Relacionar com o blitzkrieg e a complexidade.
“General Stanley McChrystal, the leader in the United States’ fight against Al Qaeda, talks of creating what he calls “shared consciousness” and trust among team members, so that decisions can be made by those closest to the problem, regardless of their seniority." 
Trechos retirado de “Seeing Around Corners” de Rita McGrath.

sexta-feira, outubro 25, 2019

Que diferença

Esta manhã fixei este trecho:
“Contrary to many of our misconceptions about command-and-control leaders, he points out, in a dangerous situation leaders don’t need to create more emotion; instead, they need to be able to temper people’s feelings in order to create focus.”
Ontem, no final de uma auditoria de dois dias, durante a reunião final, elogiava o que tinha encontrado. Elogiava sobretudo o esforço que uma empresa fez para mudar de vida. Há 7 ou 8 anos, quando os conheci, estavam a tentar sobreviver às consequências da crise de 2008-2011, dependiam de um cliente em assustadora medida, e um cliente num negócio de preço, com margens esmagadas.

Acolheram a mensagem deste blogue e hoje em dia transpiram saúde, o negócio do preço representa menos de um quarto do total (tem a vantagem de ser um pinga-pinga assegurado), e cresceram e abriram negócios em áreas com margens interessantes.

Comentava que ao contrário de outras empresas do mesmo sector, algumas bem maiores e mais reputadas, eu estava perante uma empresa com um pensamento para além do amanhã, já a pensar em novas áreas onde quer entrar nos próximos anos. Na altura, lembrei-me do cortisol, esse químico segregado pelo nosso corpo para nos ajudar em momentos de perigo, lembrei-me dos animais que até abortam naturalmente para que toda a energia e atenção se foque na fuga ao perigo.

Muitas empresas do mesmo sector nunca quiseram ou souberam diminuir a dependência do cliente do preço. Vivem apertadas, pressionadas, descapitalizadas, o cortisol já lhes invadiu o cérebro e concentra-as no aqui e agora.

Trecho retirado de “Seeing Around Corners” de Rita McGrath.

Para reflexão

"It’s possible that you no longer need to get better at your craft. That your craft is just fine.
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It’s possible that you need to be braver instead."
Eu acrescentaria: It’s possible that you need to see the world from a different standpoint instead.

Texto de Seth Godin retirado de "The limits of technique"

quinta-feira, outubro 24, 2019

Evolução do desemprego

Interessante olhar para os dados da evolução do desemprego, segundo o IEFP.

Interessante



"have the value proposition right before I go and build the infrastructure"

Um artigo interessante, "Lessons From a Failed Start-Up", e que vai encontro de algumas ideias-contrarian que partilho sobre a cultura start-up, mas que também levanta algumas interrogações relevantes para o paradigma de Mongo.

Shoes of Prey começou como uma startup auto-suficiente e conseguiu atingir o break-even 2 meses após o lançamento. Em 2014, atingia vendas de vários milhões de dólares e tinha desenhado mais de 4 milhões de pares de sapatos. As vendas supostamente terão atingido 115 milhões de dólares em 2017.
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E então, acabou. A Shoes of Prey interrompeu as operações no verão de 2018 e liquidou seus negócios em Março. Os investidores supostamente terão perdido 35 milhões de dólares com o desastre.
"The early days of Shoes of Prey came with moments of serendipity for its founders, who had no retail or manufacturing experience.
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Interpersonal connections are typically required for gaining entrance to such circles, but Shoes of Prey kicked off at the height of the recession, when factories needed new customers.
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Shoes of Prey launched with 12 different base shoe styles, including ankle booties, pointed heels, ballet flats and mules, all available in styles that included the choice of heel height, fabric choice and colour. The same anything goes formula applied to sizing, with shoes available in half sizes from 2.5 to 15, and options such as making one shoe bigger than the other.
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Business grew by word of mouth, but Shoes of Prey also gifted YouTube stars like Blair Fowler. Sales boomed, with the US and Australia the biggest markets, though sales came in from Germany, Japan, the UK and beyond, Fox said.
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Troubles brewed with growth.
Early on, Fox said Shoes of Prey was inundated with queries from investors.
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cash injections enabled Shoes of Prey to expand its customisation model. It opened its own factory in Southern China, and opened boutiques inside six Nordstrom stores (the Seattle-based chain participated in the 2015 investment round).
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The capital came with strings attached, however. The start-up used its funding to chase a high growth rate, at the expense of profitability. It invested heavily in hiring and marketing. Soon, Shoes of Prey was spending more than it was making, and when sales didn’t scale along with the company’s increasingly global footprint, cash started to run out.
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With the benefit of hindsight we could have stuck with our passionate customisation niche, and we probably could have built a profitable $20 to $50 million-a-year business,” Michael Fox said in an email. “A business focused on that small a niche shouldn’t be venture backed, it should be built more slowly and profitably. In hindsight, we should have stuck with that path.”
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Fox said Shoes of Prey pivoted to a direct-to-consumer model and focused on e-commerce. But the team found that its shoes were not catching on with a mass audience.
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We learned the hard way that mass-market customers don’t want to create, they want to be inspired and shown what to wear,” Michael Fox wrote in a Medium post in March. “They want to see the latest trends, what celebrities and Instagram influencers are wearing and they want to wear exactly that.”
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With losses mounting in 2017, Jodie Fox said Shoes of Prey was exploring other options to achieve profitability, including manufacturing custom products for other retailers. That proved to be expensive, given the cost per shoe, plus the expense of running its factory.
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With the company relying on weekly revenue to stay open, Fox decided to liquidate the Shoes of Prey (Fox’s two co-founders exited earlier).
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The founders believed customisation would be the future of fashion. In some ways, they were right. Today, brands like Gucci and Nike let customers apply DIY designs to products. But what the start-up’s founders didn’t realise was that customisation works best as an addition to a product, and not the main attraction.
...
In the future, I’ll do everything I can to ensure I have the value proposition right before I go and build the infrastructure.”"

"Triggering and facilitating capabilities"

Parte I e Parte II.

Excelente lista de actividades que podem ser trabalhadas para desenvolver o desafio de construir um ecossistema.
"Our data analysis yielded two distinct types of market-shaping capabilities: triggering and facilitating. Triggering capabilities generate new resource linkages by directly influencing various market-level characteristics. They focus on re-designing exchange, re-configuring the network, and re-forming institutions. Facilitating capabilities relate to the creative ability of the firm to determine which triggering capabilities are applied and how. They enable market-shaping by discovering the value potential of new resource linkages, and augment the impact of the triggering capabilities by mobilizing relevant intra- and inter-stakeholder resource integration.
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Triggering capabilities: Generating new resource linkages...
We identified three aggregate themes, or triggering capability sets: capabilities related to re-designing exchange, re-configuring the network, and reforming institutions.

Facilitating capabilities: Enabling and augmenting market-shaping.
We identified 17 properties describing the creative abilities of the firms to determine which triggering capabilities should be applied and how. These are further categorized into four concepts or facilitating capabilities. We identified two aggregate themes or facilitating capability sets

Trechos retirados de "Capabilities for market-shaping: triggering and facilitating increased value creation" de Suvi Nenonen, Kaj Storbacka and Charlotta Windahl, publicado por Journal of the Academy of Marketing Science em Abril de 2019.




quarta-feira, outubro 23, 2019

"Why Good Companies Go Bad"

Um excelente resumo do artigo "Why Good Companies Go Bad":


Lembram-se dos meus conselhos para Zapatero?
Por causa disto:
"Many leading companies plummet from the pinnacle of success to the depths of failure when market conditions change. Because they’re paralyzed? To the contrary, because they engage in too much activity—activity of the wrong kind. Suffering from active inertia, they get stuck in their tried-and-true activities, even in the face of dramatic shifts in the environment. Instead of digging themselves out of the hole, they dig themselves in deeper.
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Such companies are victims of their own success: they’ve been so successful, they assume they’ve found the winning formulas. But these same formulas become rigid and no longer work when the market changes significantly."
Como não recordar:


"Strategic frames become blinders.
Strategic frames are the mental models—the mind-sets—that shape how managers see the world. The frames provide the answers to key strategic questions: What business are we in? How do we create value? Who are our competitors? Which customers are crucial, and which can we safely ignore? And they concentrate managers’ attention on what is important among the jumble of raw data that crosses their desks and computer screens every day.
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But while frames help managers to see, they can also blind them. By focusing managers’ attention repeatedly on certain things, frames can seduce them into believing that these are the only things that matter. In effect, frames can constrict peripheral vision, preventing people from noticing new options and opportunities.
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As a strategic frame grows more rigid, managers often force surprising information into existing schema or ignore it altogether.
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Sadly, the transformation of strategic frames into blinders is the rule, not the exception, in most human affairs.
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When strategic frames grow rigid, companies, like nations, tend to keep fighting the last war.
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Processes harden into routines.
When a company decides to do something new, employees usually try several different ways of carrying out the activity. But once they have found a way that works particularly well, they have strong incentives to lock into the chosen process and stop searching for alternatives. Fixing on a single process frees people’s time and energy for other tasks. It leads to increased productivity, as employees gain experience performing the process. And it also provides the operational predictability necessary to coordinate the activities of a complex organization.
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But just as with strategic frames, established processes often take on a life of their own. They cease to be means to an end and become ends in themselves. People follow the processes not because they’re effective or efficient but because they’re well known and comfortable. They are simply “the way things are done.” Once a process becomes a routine, it prevents employees from considering new ways of working. Alternative processes never get considered, much less tried. Active inertia sets in.
...
Relationships become shackles.
In order to succeed, every company must build strong relationships—with employees, customers, suppliers, lenders, and investors.
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When conditions shift, however, companies often find that their relationships have turned into shackles, limiting their flexibility and leading them into active inertia. The need to maintain existing relationships with customers can hinder companies in developing new products or focusing on new markets.
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Values harden into dogmas.
A company’s values are the set of deeply held beliefs that unify and inspire its people. Values define how employees see both themselves and their employers.
...
As companies mature, however, their values often harden into rigid rules and regulations that have legitimacy simply because they’re enshrined in precedent. Like a petrifying tree, the once-living values are slowly replaced by the cold stone of dogma. As this happens, the values no longer inspire, and their unifying power degenerates into a reactionary tendency to circle the wagons in the face of threats."

Mudar de proposta de valor, mudar de job-to-be-done.

Ao ler "2 Supplements That Double Weight Loss":
"One study has shown that people drinking more milk, which contains vitamin D and calcium, can double weight loss."
Pensei logo numa proposta de valor para a malta do leite deste postal "E fechá-los numa sala durante 12 horas?".

Mudar de proposta de valor, mudar de job-to-be-done.

terça-feira, outubro 22, 2019

"resources are not, but rather become"

Interessante apanhar este artigo de Nenonen e Storbacka ao memo tempo que apanhei as disputas em torno da actualidade da ideia de Milton Friedman sobre a prioridade do lucro. É claro que o lucro é uma prioridade, mas já não pode ser a prioridade num mundo em que a assimetria de informação diminuiu e o poder passou para as mão dos clientes. Neste mundo faz cada vez mais sentido trabalhar o ecossistema:
"The aim of market-shaping is to enhance the value creation and realization for stakeholders in a market. Value creation happens when resources are combined in novel ways, the key being the ability to create, access, deploy, combine, and exchange them. ... it is not so much the attributes of resources that matter, but the linkages between them. This emphasizes a dynamic aspect of resources and their potentiality: resources are not, but rather become, i.e., what is a resource (and its value) is determined when linked and integrated with other resources. [Moi ici: Isto faz-me lembrar um tweet que apanhei ontem. Um partido brasileiro de extrema esquerda acusava Mises de ser nazi e de defender que o valor não é gerado pelo trabalhador. Enfim, Mises era judeu e teve de fugir dos nazis. O que é que os marxistas empedernidos dirão desta corrente cada vez mais forte de que o valor não é criado pelos produtores (trabalhadores, máquinas, gestão), mas acontece na mente e na vida de quem utiliza e processos os recursos que adquiriu. Isto joga com a ideia de que o mesmo recurso pode ser utilizado/valorizado por diferentes clientes, com resultados muito diferentes]
...
Key is therefore resource orchestration, in the sense of how managers structure, bundle, and leverage a firm’s resources. [Moi ici: O arquitecto de paisagens competitivas...]
...
To successfully shape a market for increased value creation, the shaping firm requires capabilities not only to add, combine and deploy the firm’s own resources, but also the resources of a network or system of organizations and individuals, with the aim to enable new types of resource linkages and integration patterns. In this process, access to resources becomes as important as ownership.
...
we view market-shaping as a purposive process by a focal firm to (1) discover the value potential of linking intra- and inter-stakeholder resources in novel ways, (2) trigger changes in various market characteristics to enable the formation of new resource linkages, and (3) mobilize relevant stakeholders to free up extant resources for new uses."
Continua.

Trechos retirados de "Capabilities for market-shaping: triggering and facilitating increased value creation" de Suvi Nenonen, Kaj Storbacka and Charlotta Windahl, publicado por Journal of the Academy of Marketing Science em Abril de 2019.

Aguentar 15 minutos sem comer o marshmallow (Parte II)

Parte I.

Aguentar 15 minutos sem comer o marshmallow é um desafio de um clássico da Psicologia.

O Financial Times de ontem aparece com o seguinte artigo de opinião "Companies should concentrate on maximising their profits":
"Corporations are not just profit-making machines. They are complex social organisms, embedded in the society from which they grow. And as such they have both obligations and rights. But bringing back the Friedman doctrine would bring much-needed clarity to discussion of the role of the corporation. Americans are just waking up to the possibility that many big tech companies are not public-spirited entities that just happen to make a profit on the side. Would this recognition have come sooner without what Friedman called "the cloak of social responsibility"? what if Facebook explained and justified its actions in terms of shareholder value rather than the larger mission of "bringing the world doser together"? Would e-cigarette maker Juul have been welcomed into high school classrooms if its stated intent was to make money off kids, rather than improve their health? Would Wework have got so far so fast if its founder's effusions about social mission were taken as evidence of organisational over reach rather than standard expressions of corporate good intentions?
...
Bring back the Friedman doctrine, and maybe we'd have a more honest conversation. Do I want to dedicate myself to maximising shareholder value? Or do I want to consider one of the other institutions — from universities, to non-profits, to public service —which truly are mission-driven? But if we freed corporations from the need to do more, then the rest of us would have to act."
 Continuo a crer que esta ideia de Friedman já não é aplicável no mundo actual, um mundo mais complexo, um mundo a precisar de ecossistemas em vez de relações diádicas, um mundo sem clientes-reféns. Não ter paciência, não saber levar a água ao seu moinho, focar-se no imediato... dá azar.


segunda-feira, outubro 21, 2019

Um país de piegas

Apanhei esta pérola em “Seeing Around Corners” de Rita McGrath:
In his chosen leaders, Nadella prizes the abilities to bring clarity, to create energy, and to suppress the urge to whine. “I say, ‘Hey, look, you’re in a field of shit, and your job is to be able to find the rose petals,’ as opposed to saying, ‘Oh, I’m in a field of shit.’ C’mon! You’re a leader. That’s what it is. You can’t complain about constraints. We live in a constrained world.”
Comparar esta mensagem com a preocupante mensagem deste gráfico:



"a would-be market-shaping firm must understand ..."

Artigos de Nenonen e Storbacka são sempre um must read.
"In addition to sensing and responding to changes in established markets, firms increasingly undertake market-shaping strategies to create new business opportunities.
...
The shaping of markets is nontrivial in that it goes beyond incremental changes occurring in markets through the process of competition. Market-shaping implies purposive actions by a focal firm to change market characteristics by re-designing the content of exchange, and/or re-configuring the network of stakeholders involved, and/or re-forming the institutions that govern all stakeholders’ behaviors in the market. These actions aim at creating new opportunities to link resources of various stakeholders in ways that improve value creation in a market. Hence, the market-shaping firms engage in a process to (1) discover the value potential of linking intra- and interstakeholder resources in novel ways, (2) trigger changes in various market characteristics to enable the formation of new resource linkages, and (3) mobilize relevant stakeholders to free up extant resources for new uses.
...
We contribute to the literature on marketing and dynamic capabilities by identifying two distinct types of deeply embedded repeatable processes that together comprise the market shaping process: triggering and facilitating capabilities. Triggering capabilities generate new intra- and interstakeholder resource linkages by directly influencing various aspects of the market. They focus on re-designing exchange, re-configuring the network, and re-forming institutions. Facilitating capabilities relate to the creative ability of the firm and determine how the triggering capabilities are applied. They enable market-shaping by facilitating discovery of the value potential of new resource linkages; they also augment the impact of the triggering capabilities by mobilizing relevant resources.
...
Research in marketing and management is progressively recognizing markets as networks, systems, or ecosystems, suggesting a need to look beyond the seller–buyer dyad, to see the dyad as part of a larger network or system of stakeholders. This view implies that the locus of value creation moves beyond the borders of the firm, i.e., value is viewed as co-created with a multitude of stakeholders in the market, not only by the firm and for the customer.
...
markets cannot be understood only as a context for production and consumption, but rather as a context for value co-creation.
...
Institutions are schemas, rules, norms, and routines that form authoritative guidelines for the behavior of market actors. The argument runs that markets as value-creating systems are governed by institutions and institutional arrangements that are themselves actor generated. This raises questions as to how institutions are "created, diffused, adopted, and adapted over space and time; and how they fall into decline and disuse".
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Consequently, to avoid the "new marketing myopia", a would-be market-shaping firm must understand how a larger system of organizations and individuals can co-create value and recognize the institutional arrangements that govern everyone’s behavior in this process."
Continua.

Trechos retirados de "Capabilities for market-shaping: triggering and facilitating increased value creation" de Suvi Nenonen, Kaj Storbacka and Charlotta Windahl, publicado por Journal of the Academy of Marketing Science em Abril de 2019.

domingo, outubro 20, 2019

Para memória futura


A revisitar durante o próximo ano.

Demografia, emigração e instituções extractivas

No jornal Público, "Portugal será o país mais envelhecido da União Europeia em 2050":
"O Eurostat publicou ontem um relatório que faz soar o alarme. Por este andar, em 2050 nenhum outro país da União Europeia (UE) terá uma população tão envelhecida como Portugal. Um dos maiores desafios é segurá-la no mercado de trabalho.
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De acordo com o Ageing Europe 2019, do serviço de estatística da UE, o envelhecimento da população vai acelerar. Tudo por causa das taxas de fertilidade historicamente baixas, do aumento da esperança média de vida e, nalguns casos, dos padrões migratórios."
Há dias relacionei a busca pessoal pelo aumento da produtividade com a emigração portuguesa:
"Ao pensar nisto dou comigo a considerar a emigração como outro fenómeno em busca de produtividades superiores, para alimentarem níveis de vida muito superiores de forma sustentável.
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Num país socialista com estruturas extractivas tradicionalmente instaladas, é natural que parte importante do VAB seja canalizada não para investimento, mas para servir a dívida das empresas e pagar rendas. Assim, vamos condenando-nos a uma sociedade distributiva com cada vez menos riqueza criada para alimentar níveis de rentismo cada vez maiores."
Entretanto, nos últimos dias tenho apanhado:
"Ou isto muda, ou um dia havemos de ver o João, engenheiro mecânico do ISEP, num semáforo na Roménia a lavar vidros de carros por uma moedinha."[Moi ici: Interessante que tenham escolhido como exemplo a Roménia como comecei por o fazer aqui]
Ontem no semanário Expresso li:
"Mas a falta de médicos não é só cronológica, é ideológica. O salário-base para um especialista é de 2746,24 euros brutos e para os mais novos não paga a falta de vida pessoal. “Esta geração prefere ficar com a família do que ganhar 300 ou 400 euros numa Urgência que depois são consumidos pelas Finanças."





sábado, outubro 19, 2019

Aguentar 15 minutos sem comer o marshmallow

Quanto menos vigorar o paradigma do século XX, que pressupunha que o poder estava nas mãos dos produtores.

Quanto mais crescer o interesse e vantagem em trabalhar a nível de ecossistema, em que os ecossistemas que ganham são os que maximizam o valor a ser criado pelo conjunto dos actores, e não por um em particular.

Mais sentido faz esta abordagem "The limits of the pursuit of profit":
"In February 2016, Emmanuel Faber, chief executive of Danone, put a radical proposal to the French food multinational’s senior US executives at a meeting in White Plains, New York.
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Against the grain of agricultural production in the US, where the vast majority is genetically modified, Mr Faber proposed shifting about half Danone’s products — representing some $1bn of yoghurt sales — to non-GMO ingredients. He argued that this was an important change that would improve soil health and biodiversity.
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The pledge triggered vocal protests from some US farm and dairy groups. It did not harm sales. Despite a price rise, the children’s yoghurt brand Danimals, now certified as containing only non-GMO ingredients, has increased its US market share from 30 to 40 per cent."
O artigo refere o clássico artigo de Friedman, “The Social Responsibility of Business is to Increase its Profits” e a recente alteração de posição do grupo Business Toundtable:
"“While each of our individual companies serves its own corporate purpose, we share a fundamental commitment to all of our stakeholders” — customers, employees, suppliers, communities and — last in the list — shareholders."
Acho que Friedman escrevia para um tempo que já passou. Recordo que a Economia não é como a Física newtoniana ou galilaica.
No ano em que Milton Friedman publicou o artigo, os produtores ainda detinham um poder tremendo. Os produtores podiam, então, comportar-se como o governo português, ainda hoje, a gerir o serviço nacional de saúde ou a educação, com utentes-reféns.

Hoje, com a concorrência, com o poder nas mãos de quem compra, e com a explosão de grupos "intolerantes" ou com paixões assimétricas, impõe-se o uso da obliquidade.

Hoje, é mais claro aquilo que sempre foi verdade. mas então não era tão relevante: o lucro é como o emprego, é uma consequência, não um objectivo. Pois: "they’ll create more and better jobs by not focusing on creating jobs"


Os apelos soviéticos

Já escrevi várias vezes que sou cada vez mais adepto de um mundo sem patentes.

A propósito de "The shoe industry is at war with itself over stolen design" o final do artigo salienta uma perspectiva interessante:
"In some ways, the sneaker world is a microcosm of the broader fashion industry. For the last century, fashion has been built on short-term trends. Designers would make new collections every season, which would influence what looks would be fashionable (and by extension, what looks were no longer in style). Fast-fashion brands only deepened the industry’s tendency to create products that play into rapidly evolving trends.
...
This trend-driven model is problematic for many reasons, not just because of the widespread copying. The real tragedy is that it generates so much waste. The global footwear industry produced 24.2 billion pairs of shoes in 2018, for a population of 7.5 billion humans. Many of these shoes will end up in landfills after a few months, or years, when they are no longer in vogue. This is hugely polluting to the planet, not to mention a waste of all the resources, human labor, and greenhouse gases necessary to make the shoes in the first place.
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If brands focused on making classic shoes that will last a long time, instead of trying to keep up with the latest trends, there would be far fewer copyright violations, and perhaps more importantly, there would be a lot less waste."
O final parece-me um bocado soviético. Algo que se ajusta ao que muitas vezes associo a algumas reivindicações de grupos como Extinction Rebellion.


Pelo contrário, em vez do marasmo cinzento de 1984, visualizo um mundo futuro com cada vez mais diversidade e variedade, Mongo.

Não são as pessoas que têm de se submeter à ditadura do gosto, o que vai mudar é o estilo de produção que foi criado pelos industrialistas do século XX que ditavam o gosto. O que vai emergir, também por causa do ambiente, é a produção customizada co-criada entre artesão-artilhado pela tecnologia e o comprador.

sexta-feira, outubro 18, 2019

"Making quick decisions"

"Better to admit defeat now than after having thrown away hundreds of millions.[Moi ici: Os custos afundados são difíceis de esquecer]
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For any business to thrive, difficult decisions need to be made. This applies not only to new projects but to corporate strategy. John Flint was ejected as HSBC chief executive in August because Mark Tucker, the bank’s chairman, thought he was avoiding hard choices. “The job of the CEO, everyone knows, is to make decisions, ”wrote Ram Charan, a veteran strategy adviser.
 ...
being forced to use intuition after considering the evidence helps to avoid being paralyzed by a question when there is no easy answer.
...
There are rewards for being decisive, beyond the risk of the company drifting and you losing your job if you are not. Investors and the media are drawn to confident stories and dislike uncertainty. There is no point in holding a strategy day if you cannot settle on a strategy, or say how it will be executed.
...
Making quick decisions, even informed by experience and expertise, is valuable but not foolproof. As he noted, “intuition feels just the same when it’s wrong and when it’s right, that’s the problem.
Those who consider a challenge from all angles and act prudently and decisively may still be wrong. “Even highly experienced, superbly competent and well-intentioned managers are fallible,”"
Quando penso em decisões rápidas recuo sempre a um mês de Setembro em Felgueiras... empresário sem curso superior, agarrou-me por um braço, meteu-me no carro e levou-me a um subcontratado que tinha arranjado durante as férias, para pôr em prática o que tínhamos discutido no último dia de Julho antes de férias. Pensei nos licenciados que engonham e engonham, quando basta fazer uma experiência.

BTW,


Trecho retirado de "Dyson and the art of making quick decisions"