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sábado, novembro 02, 2019

Está aqui a ilustração do que Mongo traz aos gigantes

Pesquisando Kraft aqui no blogue encontro, como os postais mais recentes:
Agora no Wall Street Journal de ontem leio "Kraft Heinz Is Cooking Up a Fresh Strategy". Apetece dizer: Duh!
"Investors are celebrating signs of stabilization at Kraft Heinz, [Moi ici: A empresa no primeiro semestre do ano caiu 1,5% nas vendas e agora, no terceiro trimestre só caiu 1,1%] as well as fresh thinking from its new leadership.
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The new leadership team, though handpicked by the company’s Brazilian private equity owners 3G Capital, shows refreshing signs of understanding what went wrong.
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They plan to unveil a detailed new strategy early next year but gave preliminary thoughts on a  conference call with analysts Thursday.
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Mr. Patricio spoke of the need for a “mental change” at the company. He seeks to shift its focus from short-term cost cutting and growth through acquisitions toward investing for long-term organic growth.
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Still, the company isn’t abandoning frugality.
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Mr. Patricio stressed the need to cull unprofitable or low-volume products from Kraft Heinz’s portfolio. “Innovation is an area that we have to increase, we have to improve dramatically,” he said when pressed by analysts to elaborate on his views on research and development, which prior  management shortchanged.
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However, he said R&D spending would be focused on a few big bets rather than spread far and wide— a similar stance to his predecessor, Bernardo Hees."
Transcrevi os trechos acima, sublinhei-os ... e agora estou encostado à cadeira a admirar o espectáculo.

Tanta coisa para escrever, tanta turbulência na minha cabeça. Está aqui tudo. Está aqui a ilustração do que Mongo traz aos gigantes.

Mongo ou Estranhistão, o mundo económico para onde caminhamos não é o mundo do mass market do século XX que criou os gigantes do século XX. Os gigantes procuram as grandes quantidades, apostam nas big bets. Cometem o erro da VW:
"turned down requests to build the electric vans in what are limited numbers by their standards."
 Em Mongo é inevitável descrevo a explosão de marcas e sabores, a explosão de apreciadores-contrarians. Em Não acredito nestas relações simplistas escrevi:
O que digo aqui sobre Mongo? Mais variedade, mais tribos, mais flexibilidade, mais rapidez, ... menos friendly para gigantes e mais pró marcas independentes.
É claro que a inovação é a porta para o futuro, duvido é que consigam encontrar uma ou mais "big bets". O mundo está diferente, o mundo já não é o do século XX.

Solução que me vem à cabeça, crescer por aquisição de marcas independentes e mantendo-as como independentes, na gestão e na produção.

quinta-feira, agosto 09, 2012

Bem vindos ao Estranhistão

Em "O triunfo da heterogeneidade" salientamos o lado positivo da existência da heterogeneidade nos mercados reais, em vez das abstracções matematizáveis e irrealistas.
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Contudo, há um lado negativo decorrente do triunfo comunicacional dos economistas com os seus mercados  perfeitos:
"Very little attention is given to differentiated internal structures since this undermines the powerful underlying requirement that competing businesses are relevantly similar, permitting the application of ceteris paribus thinking.
.It is easy to suspect that traditional economists cannot in fact explain how businesses make a sustained profit. In a world of perfect competition supernormal profits will be zero, and the suggestion of economics is that anything other than this outcome is either inefficient, transient or morally reprehensible. This failure to understand the source of sustained business profits probably arises from the focus of traditional economics on only three types of competition (monopoly, oligopoly and perfect competition — all of which are selected and investigated because they are susceptible to mathematical analysis) and associated rents.Economists also tend to regard differentiation within a product or service as a variant of price, when in fact price may not be a criterion that determines purchase."
Esta corrente dominante ocupa os modelos mentais da maioria dos agentes económicos. Assim, tolhe a sua capacidade de actuação.
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Ainda ontem recebi um e-mail que ilustrava esta situação. A certa altura descrevem-me a situação que explica um deficit estratégico:
"A desculpa que ouvimos mais frequentemente é que não temos "quantidades" e como tal preço para competir."
Um excelente retrato de uma realidade que infelizmente conheço demasiado bem. A ideia de que só se pode competir pela produção de quantidades cada vez maiores, quantidades que dão escala, que dão vantagens de custo... e claro, como isso impõe uma cultura de negócio como a de um pit da Fórmula 1...
Planeamento central, rigor, funções claramente definidas, um lugar para cada coisa e cada coisa no seu lugar. Não há desenrascanços, não há "primma donnas", não há democracia, há uma música invisível ao som da qual todos dançam alinhados, sintonizados em prol da eficiência, da rapidez na execução daquilo que foi planeado milhares de vezes.
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Nós não temos cultura para trabalhar assim... não é, nós não temos gente para trabalhar assim, é mais, nós não temos empresários preparados para pensar assim, até porque para pensar assim, tem de se ter um arcaboiço comercial capaz de despachar o produto. Porque quem trabalha neste campeonato tem de produzir sempre o mais próximo possível dos 100% da capacidade (e, se possível, acima da capacidade nominal) e o dinheiro só se ganha quando se recebe o que se vendeu, não quando se produz.
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Claro que esta cultura de crença exclusiva na escala, no volume e na eficiência é resultado das correntes económicas que se estudam nas universidades e que têm de ser matematizáveis, que têm de ter equações e modelos matemáticos capazes de rivalizar com os da malta da Física. Para isso, fazem-se simplificações e abstracções até que se chegam aos mercados perfeitos. Esta cultura ocupa o mainstream e abafa pensamentos alternativos.
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Até parece que não conhecemos histórias de micro-produtores que triunfam... até parece que não existem histórias de empresas que apesar de pequenas, transpiram autenticidade, respiram diferenciação, são sinónimo de exclusividade.
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Lembro-me do meu pai estudar à noite. De entre a sua bibliografia havia um livro, que herdei, que se intitulava "Small is beautiful" de um tal Schumacher, para mim, na altura, "Small is beautiful" não passava de um título, não passava de um slogan.
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Hoje, percebo melhor do que nunca que small is beautiful é muito mais do que um soundbite. Small is beautiful é o caminho de Mongo.
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E como somos todos cada vez mais weirds ... cada vez haverá mais procura pelo que é único, pelo que é diferente, pelo que é tribal... bem vindos ao "Estranhistão... weirdistão"