sábado, setembro 15, 2018
Victor Frankenstein e Mongo
A propósito de "Repair Café: transformar o velho em novo em comunidade", vejo aqui outro sintoma de Mongo. E vejo mais, vejo o fermentar de uma mentalidade que foi eliminada com a ascensão do modelo do século XX.
O século XX assim como criou o emprego, assim como criou a produção em massa, criou o sentimento de massa, de manada, em que todos comprávamos as mesmas coisas e víamos os mesmos filmes. Quem decidia o que íamos comprar, o que ia estar disponível na prateleira? O produtor.
Assim, hoje, temos enraizado na mente que quando precisamos de algo vamos a uma prateleira, escolhemos o que há e compramos. Acredito que em Mongo o modelo será outro. Em Mongo ninguém quer ser igual a ninguém. Por isso, cada um vai desenvolver uma ideia mais ou menos aproximada do que precisa (o job-to-be-done) e irá a um artesão do bairro, da cidade, da região e vai expor a sua ideia, receber sugestões (estou a escrever isto e a lembrar-me do "Pimp My Ride" - levo carro velho, digo o que procuro, mas estou aberto a sugestões dos artesãos com quem interajo e que são muito mais especialistas do que eu sobre materiais, tecnologia).
Há dias o amigo Hélder no FB protestava porque tinha um PC com ano e meio e já estava meio "pôdre". Em Mongo, ninguém compra PC's novos. Em Mongo todos fazem como o ET do filme com o mesmo nome. Pega-se no PC velho, na carcaça, e vai-se a um artesão (como nos anos 70/80 ia com o meu amigo André a esta casa comprar componentes eléctricos para montar rádios ou detectores de metais)
E o artesão comporta-se como um alfaiate (tenho uma vaga ideia, mas confesso que não sei se estou a inventar, de quando tinha 6 anos e morava em São João da Madeira a minha mãe levar-me a um alfaiate que havia no rés-do-chão do meu prédio por causa de um fato para um casamento): o cliente explica o problema, explica o desafio, explica os desejos e necessidades. O artesão pega no portfólio de materiais e de trabalhos feitos e lança possibilidades. Chegam a uma primeira versão de entendimento do que se pretende, estabelecem um preço e combinam timing para o trabalho final e para visitas de revisão.
O artesão será uma espécie de Victor Frankenstein - misturará o novo com o velho, muitas vezes sem desenho, porque não faz tenção de repetir para uma produção em série e porque é um artista que se deixa levar pelo que acordou com o cliente e o feeling do momento.
O século XX assim como criou o emprego, assim como criou a produção em massa, criou o sentimento de massa, de manada, em que todos comprávamos as mesmas coisas e víamos os mesmos filmes. Quem decidia o que íamos comprar, o que ia estar disponível na prateleira? O produtor.
Assim, hoje, temos enraizado na mente que quando precisamos de algo vamos a uma prateleira, escolhemos o que há e compramos. Acredito que em Mongo o modelo será outro. Em Mongo ninguém quer ser igual a ninguém. Por isso, cada um vai desenvolver uma ideia mais ou menos aproximada do que precisa (o job-to-be-done) e irá a um artesão do bairro, da cidade, da região e vai expor a sua ideia, receber sugestões (estou a escrever isto e a lembrar-me do "Pimp My Ride" - levo carro velho, digo o que procuro, mas estou aberto a sugestões dos artesãos com quem interajo e que são muito mais especialistas do que eu sobre materiais, tecnologia).
Há dias o amigo Hélder no FB protestava porque tinha um PC com ano e meio e já estava meio "pôdre". Em Mongo, ninguém compra PC's novos. Em Mongo todos fazem como o ET do filme com o mesmo nome. Pega-se no PC velho, na carcaça, e vai-se a um artesão (como nos anos 70/80 ia com o meu amigo André a esta casa comprar componentes eléctricos para montar rádios ou detectores de metais)
E o artesão comporta-se como um alfaiate (tenho uma vaga ideia, mas confesso que não sei se estou a inventar, de quando tinha 6 anos e morava em São João da Madeira a minha mãe levar-me a um alfaiate que havia no rés-do-chão do meu prédio por causa de um fato para um casamento): o cliente explica o problema, explica o desafio, explica os desejos e necessidades. O artesão pega no portfólio de materiais e de trabalhos feitos e lança possibilidades. Chegam a uma primeira versão de entendimento do que se pretende, estabelecem um preço e combinam timing para o trabalho final e para visitas de revisão.
O artesão será uma espécie de Victor Frankenstein - misturará o novo com o velho, muitas vezes sem desenho, porque não faz tenção de repetir para uma produção em série e porque é um artista que se deixa levar pelo que acordou com o cliente e o feeling do momento.
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