Não sou grande adepto desta coisa do "Portugal Sou Eu", prefiro comprar um artigo bom, que satisfaz as minhas necessidades, do que dar prioridade a um factor nacionalista, a narrativa nacionalista comigo não pega, sobretudo quando traz a autoridade de uma chancela. É como a fruta, por mais cupões que o Continente me mande quero lá saber, prefiro comprar a fruta noutro lado, há mais hipóteses de ser mais saborosa.
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Estas coisas fazem-me lembrar um anúncio de parede da Rádio Popular no Forum em Coimbra. Era algo do género: "Compra na Rádio Popular porque é nossa, porque é portuguesa", grande mensagem de marketing para uma casa que vende praticamente só material importado. Qual é a vantagem para os clientes? Não sei, nunca me disseram, sempre acharam que só por ter o carimbo de Portugal servia para me iludir... se fosse fruta até engolia, agora electrodomésticos... come on.
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Qual o propósito do selo "Portugal Sou Eu"? Sempre o vi como algo para apelar ao espírito nacionalista-patriótica e induzir os consumidores a preferirem os produtos nacionais aos produtos importados. Depois, estas coisas ganham vida própria e começam a medir o sucesso não através do resultado pretendido, troca de importações por produtos nacionais, mas através de indicadores ilusórios que medem antes de mais o próprio projecto. Estão a ver aquelas empresas que dizem cheias de orgulho, temos 20 mil fãs no Facebook e, se esquecem de perceber que ter 20 mil fãs, quando quase todos foram comprados, não quer dizer nada. Estão a ver aquelas ONGs que celebram com afã o sucesso das suas 20 conferências anuais contra a violência doméstica terem sido realizadas, apesar da violência doméstica continuar a aumentar. É a mesma coisa.
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Agora, o sucesso do selo mede pelo número de adesões:
"Desde o início do ano, o número de produtos com o selo "Portugal Sou Eu" aumentou 71%,"
Isto deve implicar pagar uma taxa qualquer e funcionar como receita para o Estado.
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E a vida própria da coisa impulsiona-a a mais crescimento:
"Também se pretende abrir a participação à Associação Portuguesa das Empresas de Distribuição e à AHRESP - Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal."
Será que os restaurantes que aderirem só vão poder utilizar carne e peixe criados ou apanhados em Portugal? Vão deixar de poder apresentar pratos de bacalhau? Talvez possam já que os chocolates podem ostentar o símbolo... será que o ostentam nas tabletes com 80% de cacau?
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E a vida própria da coisa impulsiona-a a mais crescimento:
"O selo criado para distinguir os produtos nacionais no estrangeiro"
Realmente, qual o impacte deste selo relativamente aquele propósito inicial de trocar importações por produtos fabricados em Portugal, alguém sabe? Alguém se interessa?
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Os crentes na concorrência perfeita é que gostam destas coisas, porque acreditam nos pressupostos da concorrência perfeita, acreditam que todos os factores inovadores têm de ser exógenos às empresas.
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Trechos retirados de "
Número de produtos com o selo "Portugal Sou Eu" aumentou mais de 70% em oito meses"