Mostrar mensagens com a etiqueta galbraith. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta galbraith. Mostrar todas as mensagens

terça-feira, maio 24, 2022

Recordar o lerolero

Imaginem este cenário...

Depois, acrescentem isto, "Viele deutsche Maschinenbauer wollen einstellen":

De acordo com a associação industrial VDMA, para dizer mais precisamente, 89% dos cerca de 360 gerentes de pessoal questionados gostariam de aumentar a força de trabalho regular nos próximos seis meses. De acordo com Hartmut Rauen, Diretor Administrativo Adjunto da VDMA, as perspectivas para especialistas, engenheiros e cientistas da computação em engenharia mecânica e de instalações são, portanto, excelentes.

Recordar o Lerolero.

quarta-feira, novembro 24, 2021

Lerolero

"A aposta deverá manter-se no aumento das qualificações para "melhorar a empregabilidade dos trabalhadores e a competitividade das empresas"."

Vamos lá traduzir isto num desenho:

Eu não sou primeiro-ministro, eu não tenho carradas de assessores, sou apenas um anónimo da província. Por isso, gostava que me explicassem esta relação de causalidade... a mim, pobre ignorante da província, parece-me magia.

"Os motores de recuperação e desenvolvimento do país devem estar assentes nas qualificações e na inovação. A garantia é dada por António Costa, justificando, por isso, que é necessário continuar a investir nas qualificações. "Hoje já há um enorme consenso, uma total unanimidade, em reconhecer que o país não será mais competitivo num modelo de baixos salários e que os motores da recuperação e desenvolvimento do país assentarão, necessariamente, nas qualificações e na inovação", disse"

Então, parece que há um enorme consenso, uma total unanimidade, em reconhecer que o país não será mais competitivo num modelo de baixos salários... só se esqueceram de avisar a realidade.



E continua:

""aposta nas qualificações tem, por isso, que prosseguir".

...

a "melhor forma" de translação do conhecimento para o tecido empresarial é o "emprego das pessoas qualificadas", acrescentando que "a aposta que está a ser feita no ensino e formação profissional está a ter um impacto profundo no nosso país."

Translacção do conhecimento para o tecido empresarial ... ele só pode estar a gozar.  

Desde 2007 ou 2008 que uso o código caridadezinha para sinalizar o discurso que acredita piamente nesta relação:

Há dias, durante a leitura de "How Rich Countries Got Rich and Why Poor Countries Stay Poor" de Erik S. Reinert sublinhei estes trechos:
"Education is increasingly regarded as the key to expanding wealth in the Third World. In countries like Haiti, which specialize in non-mechanized production - in technological dead-ends - raising the level of education of the population will not help to increase the level of wealth in the population. In such countries the demand for educated personnel is minimal. [Moi ici: A conversa do primeiro-ministro de turno, se fosse do PSD dizia o mesmo, é lerolero, conversa para encher chouriços, conversa para adormecer boi. Sabem o que é passar por uma linha de embalagem de um produto acabado e ver uma pessoa que passa o dia a aplicar etiquetas, outra que monta caixas e uma terceira que mete o produto em caixa. Por mais formação que as pessoas tenham em que é que isso vai afectar a sua empregabilidade ou a competitividade das empresas? Só afecta a sua empregabilidade se houver procura por essas qualificações. Se a pessoa for muito qualificada até pode ser rejeitada com o argumento de que é demasiado qualificada para o lugar] Education is more likely to increase the propensity to emigrate. A strategy based on education succeeds only when combined with an industrial policy that also provides work for educated people, as happened in East Asia.
...
By emphasizing the importance of education without simultaneously allowing for an industrial policy that creates demand for educated people - as Europe has over the last 500 years - the Washington institutions are just adding to the financial burdens of poor countries by letting them finance the education of people who will eventually find employment only in the wealthy countries. An education policy must be matched by an industrial policy that creates demand for the graduates.
...
In my experience, well-educated Haitians are very easy to find as taxi drivers in the French-speaking part of Canada. An estimated 82 per cent of Jamaican medical doctors practise abroad. Seventy per cent of all inhabitants of Guyana with a university education work outside the country. North American hospitals vacuum up poor English-speaking countries like Trinidad for nurses, while in many places in the Caribbean Cuban nurses are the ones that keep the health sector functioning. Indirectly, the USA's absorption of Caribbean nurses helps solve Fidel Castro's balance of payment problems."

Se não há procura para gente com mais qualificações ...   A sério, procurem "caridadezinha" aqui no blogue.

sexta-feira, maio 13, 2016

Formação e desemprego. Realidade e mitos

Ainda há dias, nesta "Curiosidade do dia", abordei o tema da relação do emprego com formação académica. É um tema velho neste blogue. Recordar, por exemplo, "Vamos brincar à caridadezinha" de 2008.
.
A frase que comentei recentemente era esta:
"João Cerejeira não tem dúvidas de que o principal problema do mercado de trabalho em Portugal é a qualificação dos trabalhadores, “seja por via da educação formal, seja por formação no posto de trabalho”. “No futuro, é de esperar que as tendências mais recentes se reforcem: uma cada vez maior dificuldade de integração no mercado de trabalho dos jovens ou dos mais velhos desempregados que têm uma formação inferior ao ensino secundário”, alerta."
Não acredito na validade desta afirmação. Pois bem, ontem apareceu mais uma peça a suportar a minha opinião, "Jovens licenciados totalmente excluídos da retoma do emprego":
"O novo inquérito ao emprego mostra que ser jovem e licenciado continua a ter pouco retorno. E reveste-se de perigos para o futuro próximo. O desemprego prolonga-se, o emprego é mais difícil de encontrar, o grau de alienação destes diplomados até está a aumentar, muitos deles nem sequer estão em formação ou a estudar, o que consiste num risco maior para a sua empregabilidade futura.
...
Como se referiu, há sinais favoráveis no novo inquérito ao emprego. O desemprego jovem (todos entre 15 e 34 anos) é de facto muito menor do que no passado recente. Este recuou 6,6%, para 268 mil casos. Assim é porque os menos “escolarizados” compensam o que está a acontecer nos diplomados."
 O gargalo nunca foi a formação dos trabalhadores, o problema não é a oferta. O problema é a falta de empreendedores, a falta de procura.
.
A realidade é uma. Como a realidade não está de acordo com a ideologia ou as boas intenções opta-se por mistificar a realidade. E volto a Galbraith:
""Job training is a canonical example of the well-brought-up liberal's [Moi ici: Atenção à conotação americana para o termo] urge to make markets work. The policy follows from an argument about the nature of unemployment and low wages, and as with neraly all similar exercices, the argument begins by assuming the existence of a market.
...
The problem is that poverty and unemployment are not much influenced by the qualities and qualifications of the workforce. They depend, rather, on the state of demand for labor. They depend on whether firms want to hire all the workers who may be available and at the pay rates that firms are willing, or required, to offer, especially to the lowest paid."
Já hoje, li "Desemprego aumenta nos portugueses com ensino superior":
"Entre os grupos populacionais mais afectados pelo agravamento do desemprego estão as pessoas entre os 25 e 34 anos, com formação superior." 

terça-feira, maio 05, 2015

Curiosidade do dia

Há dias li este artigo de Paul Krugman, "Jobs and Skills and Zombies", e não conseguia acreditar no que estava a acontecer, lia Krugman e concordava com ele. Tive de aguardar uns dias e reler, para concluir que efectivamente estamos de acordo:
"multiple careful studies have found no support for claims that inadequate worker skills explain high unemployment.
.
But the belief that America suffers from a severe “skills gap” is one of those things that everyone important knows must be true, because everyone they know says it’s true. It’s a prime example of a zombie idea — an idea that should have been killed by evidence, but refuses to die.
...
for example, that workers who know how to operate a sewing machine are seeing significant raises in wages, but I very much doubt that these are the skills people who make a lot of noise about the alleged gap have in mind."
Na onda do que James Galbraith escreveu em "The Predator State" e que referi, ao longo dos anos em:

domingo, novembro 02, 2014

Caridadezinha strikes again

"A falta de qualificações é visível nas próprias estatísticas do INE sobre o emprego, que serão atualizadas na quarta-feira. Distribuindo os 4,5 milhões de empregados pelos vários níveis de ensino, verifica-se que 52,6% têm apenas o ensino básico, 23,7% completaram o ensino secundário e eventualmente alguma formação pós-secundário. Com licenciatura completa, Portugal tem apenas 23,5% da sua força de trabalho, ou seja, pouco mais de um milhão de trabalhadores."
É visível? Como sabem? Existe um referencial mundial que diga o que é bom para todos os países? Cuba deve estar muito bem colocada nesse referencial, aposto!
.
Se há falta de qualificações porque emigram os licenciados?
""A subqualificação da população ativa portuguesa é o principal problema do país."
Ai é?!?! Pensava que era a falta de emprego.
.
A caridadezinha ataca outra vez.
""Job training is a canonical example of the well-brought-up liberal's [Moi ici: Atenção à conotação americana para o termo] urge to make markets work. The policy follows from an argument about the nature of unemployment and low wages, and as with neraly all similar exercices, the argument begins by assuming the existence of a market.
...
The problem is that poverty and unemployment are not much influenced by the qualities and qualifications of the workforce. They depend, rather, on the state of demand for labor. They depend on whether firms want to hire all the workers who may be available and at the pay rates that firms are willing, or required, to offer, especially to the lowest paid."
Trechos iniciais retirados de "Mais de metade dos trabalhadores têm qualificações a menos"
.
Não percam esta justificação de um professor do ISCTE, ainda bem que os meus filhos não passarão por essa escola. Uma escola com professores deste calibre argumentativo não pode ser coisa boa:
""Este estudo tem uma virtude, pois chama a atenção para um dos nossos principais problemas, o da subqualificação dos ativos. Mas o principal problema está em haver poucas ofertas pelas empresas, porque há uma crise económica profunda decorrente da austeridade fundamentalista que acompanha as políticas macroeconómicas. A dita sobrequalificação decorre sobretudo deste equívoco. O problema fundamental do emprego em Portugal, a começar pelos jovens, é não haver um crescimento económico que se aproxime de 2% e permita absorver as novas gerações que vão chegando ao mercado de trabalho", explica Francisco Madelino."
Bom mesmo eram os tempos em que se torrava dinheiro dos contribuintes futuros, nós agora, a fazer betão e a empregar artificialmente gente na construção civil e a a atraí-las da escola para o trabalho com remuneração baixa já hoje. Se querem lidar com a baixa qualificação, recordem o "The Marshmallow Test" e pensem como ensinar a investir no futuro.
.
Lembram-se do presidente da câmara de Guimarães?  

quarta-feira, outubro 22, 2014

Acerca dos investimentos grandes

Ás vezes ouvimos vozes, que foram jovens nos anos sessenta do século passado, suspirar pelos investimentos grandes do passado:
"The bigger the firms, the larger the share of fixed costs in total costs. Networks, infrastructure, trained personnel, management, research, and capital equipment are among the fixed costs, as are pensions incurred on past labor. Hourly labor and materials are variable. The greater the fixed costs, the longer a company, project, industry, or technology must last in order to justify the initial investments, and the more the need for control over circumstances, including political stability, resource costs, competition, and the market, stretching far into the future. For this reason, only in times of optimism, security, and confidence will great projects be undertaken by private firms. Only then are they foreseen to yield great rewards—and only then will financing will be available for them at low rates and for long terms.
...
But when resources are scarce and expensive, when uncertainties loom large, then time horizons shorten. Scale is limited, and total surplus or profit is less than would be available to the large enterprise under stable conditions. Since profits are less, distributive conflicts—among labor, management, owners, and the tax authorities—become more intense. Confidence in good outcomes wavers."
Trechos retirados de "The End of Normal" de James K. Galbraith

segunda-feira, outubro 13, 2014

"the proper way to model the behavior of rational agents, interacting in more or less efficient markets"

"As Michael Lewis reported gleefully in The Big Short, there were investors who made hundreds of millions of dollars betting on the upcoming disaster [a crise de 2008]. But those people were not economists. For the case of the mainstream economists, it was actually true that “no one could have known.” If you were the sort of person who could have known— or, even worse, who did know—then by definition you were not a mainstream economist. Therefore, you were “no one” in the eyes of those who were the guardians of professional identity.
...
To analyze the world in this way requires, in effect, the redefinition of human experience into a special language. That language must have a vocabulary limited to those concepts that can be dealt with inside the model. To accept these restrictions is to be an economist. Any refusal to shed the larger perspective—a stubborn insistence on bringing a broader set of facts or a different range of theory to bear—identifies one as “not an economist.” In this way, the economists need only talk to one another. Enclosed carefully in their monastery, they can speak their code, establish their status rankings and hierarchies, and persuade themselves and one another of their intellectual and professional merit. A community and a line of argument constructed in such a manner are unlikely to be well prepared for an event like the Great Financial Crisis.
...
The café society of the academic economist is not about taking on the problems of the larger world.
...
Within their charmed circle, there was little debate over dangers, risks, challenges, and the appropriate policies associated with such developments in the modern world as globalization, financialization, inequality, or the rise of China. History and law played as small a role as geophysics and political geography, which is to say almost no role at all. It was, rather, a chummy conversation over the proper way to model the behavior of rational agents, interacting in more or less efficient markets. And if you didn’t think that question was the central one, well, you weren’t really an economist, were you?...
The beauty in question was the “vision of capitalism as a perfect or nearly perfect system.” ... Do biologists, for example, spend their time pondering the “beauty” of a “vision” of the living world as a “perfect system”? Do geologists worry about whether the beauty of rock layers is or is not perfect? The very mind-set is mystical."
Trechos retirados de "The End of Normal" de James K. Galbraith

quinta-feira, outubro 09, 2014

Acerca do crescimento

A propósito de "O mistério do crescimento", e do comissário europeu para o crescimento (pensei que era anedota), encontrei:
"Most of today’s leading economists received their formation from the late 1960s through the 1980s. But theirs is a mentality that goes back further: to the dawn of the postwar era and the Cold War in the United States, largely as seen from the cockpits of Cambridge, Massachusetts, and Chicago, Illinois. It was then, and from there, that the modern and still-dominant doctrines of American economics emerged.
To put it most briefly, these doctrines introduced the concept of economic growth and succeeded, over several decades, to condition most Americans to the belief that growth was not only desirable but also normal, perpetual, and expected. Growth became the solution to most (if not quite all) of the ordinary economic problems, especially poverty and unemployment. We lived in a culture of growth; to question it was, well, countercultural. The role of government was to facilitate and promote growth, and perhaps to moderate the cycles that might, from time to time, be superimposed over the underlying trend. A failure of growth became unimaginable. Occasional downturns would occur—they would now be called recessions—but recessions would be followed by recovery and an eventual return to the long-term trend."
Vamos lá ver em que é que isto vai dar.
.
Trecho retirado do primeiro capítulo de "The End of Normal - The Great Crisis and the Future of Growth" de James K. Galbraith

segunda-feira, abril 02, 2012

Brincar à caridadezinha

Se conjugar estes dados daqui "Não me canso de me impressionar..." com estes dados daqui "Estado gastou dois mil ME em medidas ativas de emprego" fica fácil perceber porque é que a maior parte desse dinheiro é para dar emprego aos formadores e, financiar instituições que vivem da formação dos desempregados.
.
Vão sentar trabalhadores da construção civil numa sala de aula e ensinar-lhes o quê?
.
Para voltarem novamente para a construção civil?
.
Vão sentar professores numa sala de aula e ensinar-lhes o quê?
.
Para voltarem ao ensino?
.
Sábias palavras as de James K. Galbraith acerca do brincar à caridadezinha.
.
Pouco adianta embelezar a oferta quando o problema é de procura.

domingo, setembro 26, 2010

Enredados no politicamente correcto

Este título do Público é tão ingénuo... "País tem mais engenheiros e doutorados mas a economia ainda não reage", está-se tão enredado no politicamente correcto que não se vê mais nada.
.
Quer as startups tecnológicas quer os PINs padecem do mesmo defeito, não têm massa crítica para levedar uma economia. Uma economia só mexe com a actuação de uma multidão de agentes individuais.
.
Assim, às três pancadas posso desenhar dois gráficos que representam uma parte da minha experiência de vida, com honrosas excepções naturalmente:
Quanto mais anos uma pessoa passa no sistema escolar, mais formatada fica, mais "entitled" se sente, mais medrosa se torna, logo, menos predisposição para arriscar e empreender.
.
Este outro gráfico parece brincadeira mas tem muito de verdade, como me demonstrou o dono de uma fábrica, sem formação universitária, que no espaço de um mês fez uma pequena revolução:
E quando se quer relacionar emprego e economia com formação nunca esquecer as palavras de Galbraith, ou paradoxo citado pelo presidente da câmara de Guimarães.

sábado, novembro 07, 2009

Deixem as empresas morrer, se querem criar a economia do futuro, deixem de apoiar as empresas do passado

Peres Metelo no DN:
.
"Por causa das nossas debilidades de fundo, carregadas há muitos e maus anos: baixo investimento no capital humano conduz a baixa produtividade e incapacidade para a aumentar; logo, baixa competitividade externa e evolução negativa dos termos de troca conduzem ao esmagamento das margens de lucro das empresas exportadoras; logo, mantém-se baixo o nível de poupança, quer das empresas não financeiras quer das famílias; logo, aumenta todos os anos a necessidade de financiamento externo, com acumulação de défices gémeos (o orçamental e o da balança de transacções correntes), e um endividamento líquido externo que já atinge um ano completo de produção no País de bens e serviços finais - vulgo, 100% do PIB." (aqui)
.
Aquele ponto de partida é que me faz cócegas... por que é que cerca de 100 licenciados abandonam o país por mês? Como já repeti várias vezes o raciocínio de Galbraith, como é que trabalhadores mais formados contribuem para o aumento da produtividade?
.
O aumento da produtividade que precisamos como país:
  • um aumento que seja um salto e não umas migalhas incrementais;
  • um aumento que proporcione margens muito maiores às empresas; (lembram-se do gráfico de Frasquilho?)
  • um aumento que proporcione melhores salários aos trabalhadores; (senão algo está mal, o fim último é a felicidade sustentada dos povos e é isso que o PIB não mede)
  • um aumento da competitividade das empresas.
Um aumento da produtividade com estas características só pode ser da responsabilidade da gestão. Só que a palavra gestão está mal aplicada aqui, precisamos mais de insurgentes visionários que lideram equipas para um futuro desejado novo e diferente do actual e precisamos menos de gestores, de organizadores do status-quo medíocre em que vegetamos e sobrevivendo com uma capacidade competitiva cada vez mais erodida.
.
Há dias escrevi este postal "Um revés", ontem, Hable e Hogan no seu livro "The Strategy and Tactics of Pricing", num capítulo dedicado à criação de valor, disseram-me:
.
"Sometimes, when an offering has significant intangible value, such as brand strength, received value can exceed true economic value. That's frequently the case with many consumer products when deft advertising and merchandising invest a product with strong emotional values such as prestige, safety, hope, or reassurance. Perceptions rather than physical characteristics provide the differentiated value a product holds for the buyer. Packaged goods with more or less the same physical attributes as the competition nonetheless command price premiuns because their credible superiority claims create the perception of differentiated value,"
.
É impossível que uma massa crítica de empresas dê o salto e crie um novo paradigma económico, e crie o mercado de trabalho para quem tem mais qualificações, e proporcione os aumentos referidos acima enquanto continuarmos a gastar recursos a defender as empresas do passado e não criarmos as condições para que a destruição criativa opere.
.
E não há como fugir da realidade, a mudança só vai acontecer, só acontece quando pessoas concretas, empresários, fazem o seu caminho de Damasco particular e descobrem a luz... há um outro mundo, há outras estratégias, há outros modelos de negócio, para competir.

sábado, agosto 29, 2009

A janela partida

A Autoeuropa suspendeu 4 dias de lay-off previstos para Setembro e Outubro próximos dada a retoma na compra de veículos.
.
No Reino Unido "British GDP shrinks less than feared, car scrappage scheme helps break fall".
.
Como diz o ministro das Finanças de Portugal "Ministro das Finanças relaciona melhoria do clima económico com medidas do Governo".
.
Os governos europeus estimularam a compra de automóveis com incentivos para abate de veículos (pelos vistos até a minha mãe alinhou).
.
Incluo este tipo de actividade num dos arquétipos de Peter Senge, o "fixes that fail".
.
As acções (os estímulos) dos governos têm efeitos no curto-médio prazo. Contudo, são sustentáveis?
.
E depois de acabarem esses estímulos?
.
O dinheiro vai ser gasto e no fim vamos continuar com o problema de fundo, por que ele não foi abordado... excesso de capacidade instalada.
.
Uma das vantagens de manter um blogue é a de alargar a capacidade de retenção, a memória disponível, e eu não me esqueço do que li em alemão em Janeiro último existe um excesso de capacidade de produção de automóveis na Europa, esse excesso tem um número, agarrem-se às cadeiras, 27 milhões de veículos.
.
Assim, dentro de algumas meses o Estado estará mais endividado e o problema manter-se-á... ou será mesmo agravado, pois a compra distribuída normalmente ao longo dos meses do ano terá sido viciada e concentrada num espaço de tempo definido pelos governo, o que baixará o nível de compra após o período de estímulo.
.
Esta coisa dos estímulos governamentais faz-me recordar cada vez a parábola da janela partida de Bastiát... e a falácia que ela esconde.
.
Como é que James Galbraith escreveu? "In the short run, again, this looks like simple incompetence, but this is an illusion. Predators do not mind being thought incompetent: the accusation helps to obscure their actual agenda."

domingo, dezembro 14, 2008

Vamos brincar à caridadezinha

"O primeiro-ministro, José Sócrates, salientou na entrega de diplomas a dezenas de formandos do Centro de Formação Profissional do Seixal, no âmbito do Programa Novas Oportunidades, que a qualificação é a solução para defender o emprego.
.
«Mais qualificações garantem mais emprego, mas garantem também a redução de desigualdades», sublinhou José Sócrates."
.
"«Este programa Novas Oportunidades visa melhorar as qualificações dos portugueses, é o melhor contributo para o emprego mas também para reduzir as desigualdades», afirmou o primeiro-ministro."
.
Que se aumentem as qualificações por todas as razões e mais uma OK.
.
Agora, aumentar as qualificações para defender o emprego, não!
.
Basta recordar o que recentemente esceveu James K. Galbraith "The Predator State - How Conservatives Abandoned the Free Market and Why Liberals Should Too" e que abordamos aqui: Ainda acerca da formação profissional
.
"Job training is a canonical example of the well-brought-up liberal's (atenção à conotação americana para o termo) urge to make markets work. The policy follows from an argument about the nature of unemployment and low wages, and as with neraly all similar exercices, the argument begins by assuming the existence of a market. In this case, the market is known as the "labor market," and it supposedly matches demand for labor, which comes from businesses, to the supply offered by individuals. If individuals lack the minimal skills that business requires, they cannot compete for jobs. Unemployment must result. The purpose of job training therefore is to move individuals into a position from which they can effectively compete for available employment.
.
In this analysis every detail is correct: there are businesses that require labor, and there are individuals who would like jobs but do not qualify for them. It is true that a job-training program can help. Yet the sum of these details falls far short of the claim made for them as a whole. It does not follow that job-training programs reduce unemployment or poverty. It is not even clear that they foster the creation of a single additional job.
.
The problem is that poverty and unemployment are not much influenced by the qualities and qualifications of the workforce. They depend, rather, on the state of demand for labor. They depend on whether firms want to hire all the workers who may be available and at the pay rates that firms are willing, or required, to offer, especially to the lowest paid.
.
Firms in the happy position of strongly expanding markets and bright profit prospects can almost always find the workers they need, either pulling directly from the pool of the unemployed or poaching qualified workers from other firms (or nations). For such firm, the costs of rudimentary job training for unskilled and semiskilled positions are secondary (como se prova facilmente com o exemplo dos portugueses que emigram para a Alemanha ou Suiça); if workers with appropriate training are not readilly available, they can be trained in-house. Conversely, firms facing stagnant demand and bleak prospects do not add workers simply because trained candidates happen to be available.
.
Job traing in most offices is extremely specific to that office: its systems, its bosses, its routines. Generic training programs, the only kind government can provide, cannot duplicate this function.
...
if companies are not hiring, job training is irrelevant.
...
if you really want to reduce unemployment and poverty, it is obvious from recent history that job training has nothing to do with it." (a não ser na cosmética dos número do desemprego, já que quem frequenta a formação não contribui para os números do desemprego).
.
Basta pensar naquela citação ali há direita sobre a realidade finlandesa "It is widely believed that restructuring has boosted productivity by displacing low-skilled workers and creating jobs for the high skilled."Mas, e como isto é profundo:"In essence, creative destruction means that low productivity plants are displaced by high productivity plants." Por favor voltar a trás e reler esta última afirmação.
.
Basta recordar o esbracejar de desepero do presidente da câmara de Guimarães: "Fábricas a encerrar, salários em atraso, jovens qualificados sem trabalho,"... "Mas penso que àqueles desempregados aos quais não é possível dar mais formação - porque a formação de base é tão baixa que não dá para dar um salto qualitativo mínimo para outro lado"... "Outro problema igualmente complexo é o dos jovens que têm formação e não encontram trabalho no mercado. Infelizmente, neste momento, não há na região trabalho qualificado para acolher essa mão-de-obra..."
.
Enfim, é assim tão difícil de perceber o que diz Galbraith?
.
"The problem is that poverty and unemployment are not much influenced by the qualities and qualifications of the workforce. They depend, rather, on the state of demand for labor."
.
Ás vezes penso numa outra frase de Galbraith:
.
"In a world where the winners are all connected, it is not only the prey (who by and large carry little political weight) who lose out. It is everyone who has not licked the appropriate boots. Predatory regimes are, more or less exactly, like protection rackets: powerful and feared but neither loved nor respected. They cannot reward everyone, and therefore they do not enjoy a broad political base. In addition, they are intrinsically unstable, something that does not trouble the predators but makes life for ordinary business enterprise exceptionally trying
....
predators suck the capacity from government and deplete it of the ability to govern. In the short run, again, this looks like simple incompetence, but this is an illusion. Predators do not mind being thought incompetent: the accusation helps to obscure their actual agenda."

segunda-feira, agosto 18, 2008

Ainda acerca da formação profissional

Já por vários vezes aqui escrevi acerca da formação profissional brandida como arma política (aqui, aqui e aqui, por exemplo).
.
Este meu pensamento está completamente deslocado da religião que pontifica no mainstream que nos governa. Assim, foi com surpresa que encontrei estas palavras no livro de Kames K. Galbraith "The Predator State - How Conservatives Abandoned the Free Market and Why Liberals Should Too":
.
"Job training is a canonical example of the well-brought-up liberal's (atenção à conotação americana para o termo) urge to make markets work. The policy follows from an argument about the nature of unemployment and low wages, and as with neraly all similar exercices, the argument begins by assuming the existence of a market. In this case, the market is known as the "labor market," and it supposedly matches demand for labor, which comes from businesses, to the supply offered by individuals. If individuals lack the minimal skills that business requires, they cannot compete for jobs. Unemployment must result. The purpose of job training therefore is to move individuals into a position from which they can effectively compete for available employment.
.
In this analysis every detail is correct: there are businesses that require labor, and there are individuals who would like jobs but do not qualify for them. It is true that a job-training program can help. Yet the sum of these details falls far short of the claim made for them as a whole. It does not follow that job-training programs reduce unemployment or poverty. It is not even clear that they foster the creation of a single additional job.
.
The problem is that poverty and unemployment are not much influenced by the qualities and qualifications of the workforce. They depend, rather, on the state of demand for labor. They depend on whether firms want to hire all the workers who may be available and at the pay rates that firms are willing, or required, to offer, especially to the lowest paid.
.
Firms in the happy position of strongly expanding markets and bright profit prospects can almost always find the workers they need, either pulling directly from the pool of the unemployed or poaching qualified workers from other firms (or nations). For such firm, the costs of rudimentary job training for unskilled and semiskilled positions are secondary (como se prova facilmente com o exemplo dos portugueses que emigram para a Alemanha ou Suiça); if workers with appropriate training are not readilly available, they can be trained in-house. Conversely, firms facing stagnant demand and bleak prospects do not add workers simply because trained candidates happen to be available.
.
Job traing in most offices is extremely specific to that office: its systems, its bosses, its routines. Generic training programs, the only kind government can provide, cannot duplicate this function.
...
if companies are not hiring, job training is irrelevant.
...
if you really want to reduce unemployment and poverty, it is obvious from recent history that job training has nothing to do with it." (a não ser na cosmética dos número do desemprego, já que quem frequenta a formação não contribui para os números do desemprego).

domingo, agosto 17, 2008

The Rise of the Predator State (parte II)

Continuado daqui.
.
Segundo Galbraith a predação é inimiga dos negócios honestos e independentes, negócios que apenas querem competir e vender pelos seus próprios meios e vantagens competitivas.
.
"In a world where the winners are all connected, it is not only the prey (who by and large carry little political weight) who lose out. It is everyone who has not licked the appropriate boots. Predatory regimes are, more or less exactly, like protection rackets: powerful and feared but neither loved nor respected. They cannot reward everyone, and therefore they do not enjoy a broad political base. In addition, they are intrinsically unstable, something that does not trouble the predators but makes life for ordinary business enterprise exceptionally trying.
...
predators suck the capacity from government and deplete it of the ability to govern. In the short run, again, this looks like simple incompetence, but this is an illusion. Predators do not mind being thought incompetent: the accusation helps to obscure their actual agenda."

The Rise of the Predator State (parte I)

Chegou-me recentemente às mãos o livro "The Predator State - How Conservatives Abandoned the Free Market and Why Liberals Should Too" de James K. Galbraith.
.
Decidi fazer uma leitura não sequencial dos capítulos do livro. Um capítulo que logo cativou a minha atenção foi o décimo "The Rise of the Predator State".
.
O autor remete-nos para a metáfora da predação, como elemento para a compreensão das relações económicas, tendo em conta as ideias the Thorstein Veblen, publicadas em 1899 no livro "Theory of the Leisure Class".
.
"Veblen's vision of an essentially stable order, yet dominated by a predatory and unproductive class, was plainly too subversive for the marketeers, yet it was also too cynical for the Marxists. And so it was effectively squeezed out of existence between them.
...
my father saw an economic world dominated by large interlocking organizations; his achievement as an economist was to analyze that world.
...
It was a world in which Veblenian predation was possible, but in which the predatory instinct might come under enduring organizational control. But as wr have seen, the project of using private organizations to tame personal power failed: the imperative of technological control over production processes was simply not strong enough, especially in an age of globalization, to keep the system in place. Power was again dispersed: to finance, to the tech firms, and to the CEOs.
.
This dispersion of power led to the reconnection of power with particular persons, and this, in turn, to a result that would not have surprised Veblen: the reemergence of predation, predatory conduct, and pathologically predatory conduct as a central theme in business life. Once power passes back from organizations to individuals, what are they going to do with it? Organizations may have complex social and technical objectives. Individuals generally do not. As Veblen told, for the leisure class, accumulation is mainly a way of keeping score.
...
But as power ebbed from the corporation in the late 1970s and 1980s and become vested, once again, in free-acting individuals of the type we have described, the basis for collaboration between comparatively progressive elemets within business and a broadely progressive state temded to disappear. Instead, business leadership saw the possibility of something far more satisfactory from their point of view: complete control of the apparatus of the state.
...
those who saw the economic activities of the government not in ideological terms but merely as opportunities for private profit on a continental scale.
...
This is the Predator State.
...
Whereas in The New Industrial State the organization existed principally to master advanced technologies and complex manufacturing processes, in the Predator State the organization exists principally to master the state structure itself.
None of these enterprises has an interest in diminishing the size of the state, and this is what separates them from principled conservatives. For without the state and its economic interventions, they would not themselves exist and could not enjoy the market power that they have come to wield. Their reason for being, rather, is to make money off the state - so long as they control it. And this requires the marriage of an economic and a political organization, which is what, in every single case, we actually observe."