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domingo, março 10, 2024

Acerca do velho "Too big to care"

Quinta-feira passada ao principio da tarde, no final de uma reunião, recordava Tom Peters com o seu "Too big to care":

Sexta-feira ao final da tarde li "Regressing to the mean all by yourself" de Seth Godin:

""The mean" is the average. Another word for "mediocre."
When an organization gets big enough, by definition, it's the average.
When you have enough customers, they represent the population as a whole.
If you find yourself seeking to serve the largest possible number of people, you've signed up to be average. Without a doubt, you're raising the bar compared to the ones who came before, but scale has its costs.
If you ship enough products to enough people, average is inevitable."

domingo, março 26, 2023

"the real impacts happen when they act like small ones"

Há anos fixei um tweet de Tom Peters neste postal Too Big To Care que voltei a referir neste outro postal Too big to care.

Ontem, recordei-me dele ao ler Seth Godin em "Is it possible to care at scale?":

"Caring at scale can’t be done by the CEO or a VP. But what these folks can do is create a culture that cares. They can hire people who are predisposed to care. They can pay attention to the people who care and measure things that matter instead of chasing the short term.

Large organizations have significant structural advantages. But the real impacts happen when they act like small ones."


terça-feira, janeiro 04, 2022

Tácticas de subida na escala de valor (parte I)

No meu arsenal para desenhar tácticas de subida na escala de valor uma das abordagens possíveis passa pela mudança de cliente-alvo, ou seja pela mudança do resultado desejado pela procura.

Na coluna das citações aqui no blogue pode ler-se:

"When something is commoditized, an adjacent market becomes valuable"

Qual é esse mercado adjacente? Quem são os clientes-alvo nesse mercado adjacente?

Recordo o clássico exemplo da artesã de Bragança (texto de 2012):

"uma artesã dizia que não havia mercado para as suas colchas de linho... talvez haja, se calhar, deixou foi de frequentar estes espaços.

Talvez precisasse de frequentar outras feiras, noutros países, talvez precisasse de divulgar os seus produtos na internet, talvez precisasse de aproveitar os meses de Verão para expor os seus produtos nas lotadas quintas de turismo rural que se multiplicam desde a Beira-Alta até Trás-os-Montes."

Os clientes não compram um produto, os clientes compram o resultado do serviço que o produto presta na sua vida. O produto pode ser o mesmo, mas os resultados procurados e valorizados são diferentes.  

Agora reparo, é o tema da autenticidade. Quando não se pode mudar de produto, sob pena de destruir a autenticidade de um produto, muda-se de mercado!!! 

Também o tema das conservas Comur que apareceu na imprensa em Dezembro passado. 

Uma variante desta aboradgem é o exemplo da Viarco. Aqui mantiveram os produtos, criaram alguns novos, mas mudaram de clientes-alvo: Mandamentos para os gestores das unidades com futuro

No caso da sua empresa faz sentido esta abordagem?

segunda-feira, dezembro 30, 2019

Por vezes é preciso mudar de mercado

Lembram-se do meu conselho para a artesã de Bragança? Quando uma organização não pode mudar de produto (Real/Real) e, por isso, deve mudar de mercado:
"O bordado Madeira era (e é) olhado como um produto de luxo. Uma toalha de mesa, das mais trabalhadas, pode facilmente chegar aos três mil euros e demorar um ano a ser produzida. O mercado é por isso reduzido, e as vendas quase exclusivamente dependentes da exportação.
...
As crises foram-se sucedendo. A indústria, que chegou a mobilizar mais de 50 mil bordadeiras e uma centena de casas de bordado, foi-se aguentando como podia. O modelo de negócio é conservador e assenta no trabalho manual, centenário, moroso, de mulheres espalhadas pela ilha. O bordado é feito em casa, à mão, no intervalo do trabalho doméstico de uma Madeira rural, onde as mulheres (ainda que cada vez menos) continuam a ficar em casa.
.
O processo de fabrico e de comercialização sempre foi demasiado conservador. Avesso a mudanças. “Isto aqui era tudo escritórios”, conta João Vacas, abrindo os braços para abarcar todo o espaço, onde hoje apenas duas funcionárias chegam para encher o salão, [Moi ici: Lembram-se do tabu da reengenharia na função pública] que é simultaneamente sala de visitas da empresa e uma das duas lojas que a Bordal tem no Funchal. “Estava cheio de secretárias. Uns dobravam o bordado, outros embalavam, havia os que atavam os embrulhos, e os que apontavam isso tudo...” Era, resume Susana Vacas, mulher e sócia de João Vacas, uma indústria pesada. “Parada no tempo.”
...
“A minha ideia passava pela Susana vir para cá, e assumir a parte criativa da empresa, para eu poder concentrar-me na parte da gestão. Eu sabia que tínhamos de mudar as coisas. Mudar rápido. Modernizar o negócio. Se conseguíssemos, apanhávamos o comboio.”
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O plano era simples. Executá-lo, nem tanto. “Foi preciso mudar mentalidades. Dizer a pessoas que durante 30, 40 anos... sempre trabalharam da mesma forma que era preciso fazer as coisas de outra maneira.” Em poucos meses, os cerca de 40 funcionários da fábrica foram reduzidos para metade. “As pessoas foram saindo. Não se adaptaram.”
...
[Moi ici: Recordo aqui o tema dos clientes-alvo e da curva de Stobachoff] Os clientes também sentiram as mudanças. A empresa estava “refém” de alguns clientes, principalmente italianos. “Eles é que imponham as condições, os prazos de entrega e de pagamento, os contratos. Quando começámos a fazer as contas, vimos que estávamos a perder dinheiro, e acabámos com aquilo”, conta Susana Vacas. Foi preciso ir à procura de novos clientes, novos mercados. Aproveitando os conhecimentos que tinham de informática, foram para as feiras com um portfólio digital dos produtos. [Moi ici: Mudar de clientes, acção comercial em novos mercados] “Foi uma inovação na altura, e começámos a fazer bons negócios já aí.” A forma de trabalhar também mudou. Antes recebiam as encomendas, produziam, entregavam e depois esperavam para receber. Mudou-se esse procedimento. As encomendas só eram aceites mediante pagamento parcial. João Vacas informatizou a empresa e passou a conseguir controlar todo o processo, passo a passo.
...
“Cerca de 20% da nossa facturação é gerada através da nossa loja online”, diz João Vacas, destacando o trabalho que tem sido desenvolvido nas redes sociais e que tem permitido dinamizar a marca, dando um novo impulso a um produto marcadamente tradicional como o bordado.
...
Esse trabalho, juntamente com a habitual presença em feiras internacionais, permitiu à empresa chegar a novos mercados e consolidar os mais antigos"
Trechos retirados de “Esta renovação digital deu vida ao bordado Madeira” jornal Público de 29.12.2019

sábado, janeiro 05, 2019

BINGO!! (parte II)

Parte I.

Ainda de "Value Never Actually Disappears, It Just Shifts From One Place To Another" sublinho outro tema clássico aqui no blogue:
"You Can’t Compete With A Robot By Acting Like OneThe future is always hard to predict. While it was easy to see that Amazon posed a real problem for large chain bookstores like Barnes & Noble and Borders, it was much less obvious that small independent bookstores would thrive. In much the same way, few saw that ten years after the launch of the Kindle that paper books would surge amid a decline in e-books.
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The one overriding trend over the past 50 years or so is that the future is always more human. In Dan Schawbel’s new book, Back to Human, the author finds that the antidote for our overly automated age is deeper personal relationships. Things like trust, empathy and caring can’t be automated or outsourced.
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There are some things a machine will never do. It will never strike out in a little league game, have its heart broken or see its child born. That makes it hard — impossible really — for a machine ever to work effectively with humans as a real person would. The work of humans is increasingly to work with other humans to design work for machines.
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That why perhaps the biggest shift in value is from cognitive to social skills. [Moi ici: Engraçado que cada vez mais dou comigo a pensar que um número crescente de artigos em revistas ditas de gestão ocupam o seu espaço com temas que a minha mãe, ou a catequese, ou o pertencer a uma associação, ou o pertencer a um grupo de colegas de rua me ensinaram e que parece que agora estão em falta] The high paying jobs today have less to do with the ability to retain facts or manipulate numbers (we now use a computer for those things), but require more deep collaboration, teamwork and emotional intelligence."
O quanto os gigantes gostariam que o factor humano fosse removido da equação... mas a imperfeição é cool, e a desautomatização está a crescer.





segunda-feira, dezembro 17, 2018

"transparency created value"

A propósito de "Cooks Make Tastier Food When They Can See Their Customers":
"The results showed that when the cooks could see their patrons, the food quality got higher ratings.
...
The results were pretty compelling: Customer satisfaction with the food shot up 10% when the cooks could see the customers, even though the customers couldn’t see the cooks. In the opposite situation, there was no improvement in satisfaction from the baseline condition in which neither group could see the other. But even more striking, when customers and cooks both could see one another, satisfaction went up 17.3%, and service was 13.2% faster. Transparency between customers and providers seems to really improve service. [Moi ici: De pessoas para pessoas. O poder da interacção. A força de Mongo]
...
We consistently found that transparency created value.
...
Being appreciated makes work meaningful. People feel what they do matters. Human connections seem to trigger that.
...
What’s exciting is that these are often subtle alterations. It’s not expensive or difficult to create transparency between consumers and producers. Just by opening up the work environment, you could improve value and quality. Transparency becomes a low-cost strategic advantage."
Ao ler isto recordei-me do que escrevi sobre a Eureka em 2015 e 2018.

domingo, setembro 02, 2018

Fugir do anonimato

Temas abordados aqui ao longo dos anos: transparência, autenticidade, artesanato em vez de vómito industrial.

Em Março de 2015, escrevi "Outra forma de David bater Golias" onde publiquei:


Há dias descobri este exemplo de batota, de aposta na imperfeição dos mercados, de criação de relação e de distinção:
"There will be a little card with a photo of one of the Italian artisans who made your new leather shoes, bag, or jacket. You’ll also find a pre-stamped postcard with a hand-drawn map on it of all the places in Tuscany where Arno makes its products. You can send the card to whomever you choose, but if you’d like to send a thank-you note to the man or woman who made the item you just purchased, you can send the postcard back to Arno’s founders, who will deliver it to the right person.
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“We’ve been surprised by how many of our customers actually choose to send the cards back to us,”
...
Not only do their customers know where their shoes were made, they can see a picture of the shoemaker who crafted it by hand. It’s a level of visibility into the supply chain that we don’t see very often in the world of fashion.
...
Arno sells products directly to the consumer, bypassing traditional retailers–and their price markups–allowing it to sell products at a fraction of the cost of traditional luxury brands, with sandals starting at $198. The brand collaborates with family-owned factories in a small region just outside Florence, Italy. Products are made by a small team of artisans, who each have extensive experience making leather goods. One of these factories has chosen to invest in Arno, which is unusual since it is usually fashion brands that invest in manufacturing facilities.
...
Arno wants to take this approach a step further, by humanizing the manufacturing process even more and giving customers a glimpse of the person who actually made the item they purchased. Besides the photograph that comes in their package, they can go to the Arno website, which offers bios of each artisan full of details about their families and interests. For instance, Laura, Arno’s head of quality control, was born on the island of Sardinia, and went into an artisan apprenticeship program immediately after middle school. Since she lives two streets away from the factory, she goes home for lunch every day, and returns to her village every summer for a vacation.
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“We really believe this is the future of luxury,” says Crowe. “People want to know how their products were made, and the natural extension of that is to connect with the human beings who made their new shoes or bag.”"
Como é que a sua empresa pode adaptar algumas destas ideias, para fugir do anonimato?
No mercado, provavelmente a sua empresa é como o Willy nesta figura. quem vai ter paciência para a procurar? E como sabem que ela existe?



Trechos retirados de "The future of luxury fashion? Getting to know your shoemaker"

quarta-feira, agosto 22, 2018

Curiosidade do dia

Hoje, aproveitei o dia nublado para uma caminhada ao longo da marginal de Gaia desde o Cabedelo até para lá do Cais do Cavaco. No regresso, em frente ao Mercado da Afurada, a minha atenção foi capturada por isto:
Olhem para a imagem e vejam se algum coisa vos chama a atenção.





Sabem o quanto valorizo uma proposta de valor baseada na autenticidade, sabem o quanto associo Mongo a artesãos e artesanato.

Então, pergunto, qual o efeito desta mensagem:
"SENRAS DAIRY - Fabrico Artesanal de Queijo"
Para mim não faz sentido juntar o inglesismo "DAIRY" com a conotação "Artesanal". A primeira palavra retira qualquer força de autenticidade à segunda.

Mas eu só sou um engenheiro anónimo da província sem conhecimentos de marketing.

segunda-feira, agosto 13, 2018

Em vez de apelar à culpa dos consumidores

"Bem sei que é uma utopia, que o mercado é global, que a concorrência é selvagem e não contempla lirismos e que as grandes superfícies não se distinguem propriamente pelos seus valores humanistas. Mas fechar os olhos e pensar que o vinho, ou as batatas, ou as couves, ou a carne, ou o leite são produzidas sempre da mesma maneira e com custos mais ou menos certos, como numa fábrica, também não nos ajuda. Quanto menos quisermos pagar, pior beberemos e comeremos. Não há milagres."
Há algo neste texto que me faz torcer o nariz.

Quem conhece este blogue sabe que ele tem como uma das suas imagens de marca o defender o trabalhar para aumentar os preços, para fugir à race-to-the-bottom. Por isso, pregamos o Evangelho do Valor! Por isso defendemos a subida na escala de valor.

Nunca, mas nunca defendi que o caminho para esse aumento de preços passe por apelar à bondade dos clientes, ou por lhes lançar culpas para que pelo remorso aceitem preços mais altos. Pelo contrário, nas empresas nunca me farto de usar esta linguagem que se segue:
"E os clientes são como nós consumidores, a menos que sejam obrigados a recorrer a um monopolista, são egoístas, pensam no seu interesse próprio."
Assim, só há uma forma de fugir do rolo compressor dos preços cada vez mais baixos e aspirar à race-to-the-top, mudar de uma estratégia baseada na quantidade produzida e na eficiência e, apostar na diferenciação.

Uma fábrica pode não ser um negócio a céu aberto, mas também tem os seus infortúnios do clima. Ontem, durante uma caminhada passei pelo espaço onde em tempos foi uma empresa que visitei como técnico, quando era responsável pela qualidade e apoio a clientes de uma empresa onde trabalhava. Muitos anos depois soube que essa empresa tinha fechado porque, depois de um avultado investimento para entrarem num novo mercado, uma alteração tecnológica tornou esse investimento obsoleto.

Um stand de automóveis pode ou não ser um negócio a céu aberto, mas também tem os seus infortúnios do clima.
Muitas vezes dou o exemplo de uma responsável da qualidade com quem trabalhei e que hoje vive no Canadá. O marido tinha um stand e a vida corria bem. No interior havia muita procura por jipes e essa era a sua praia. Houve um ano em que um governo Guterres olhou com um misto de inveja e de gula para a venda de jipes e criou uma lei orçamental que matou o negócio.

Em vez de apelar à culpa dos consumidores, os produtores devem abandonar uma visão de produção como vómito, industrial ou agro-industrial, e apostar na arte, na diferenciação, na autenticidade.

Em vez de apelar à culpa dos consumidores, os produtores devem trabalhar para educar o gosto dos futuros clientes. Beber vinho é como ouvir música clássica, tem de se começar por temas mais populares e subir na complexidade.

E como aprendi com um texto de 1906 de um tal Schumpeter, cuidado com aquilo a que chamam lucro. Uma parte desse suposto lucro é o custo do futuro.

Trecho inicial retirado de "O negócio do vinho é feito a céu aberto, mas os preços são de fábrica"

sexta-feira, junho 22, 2018

Autenticidade

"The relentless rise of globalisation has seen our world, on and offline, become homogenised. Many local touchpoints from within our communities are disappearing. The local pub, the library, the sports club, the playing fields, these focal points and hubs for community involvement and interaction are being lost. 27 pubs close in the UK every single week.
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For every trend, there is a counter-trend and so with globalisation swings back localisation. The reaction to globalisation has been for people to become more protective of their communities and the signifiers of ‘local’. As 'local' becomes increasingly scarce, demand for 'local' increases. A more global, connected and homogenised experience of the world means people long to discover the original and unique again. A strong sense of place gives identity and meaning to people, and offers a sense of belonging.
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Inevitably, brands are changing their own habits and behaviours to reflect this desire. Today, many brands display a marked emphasis on provenance. Some leverage the cachet of being 'local', but many also challenge existing business models, and can become valued pillars of the community they serve."
Trecho retirado de "How brands use 'local' as a source of competitive advantage"

quinta-feira, junho 07, 2018

Influenciadores para nichos ou de nichos

Sabem como há muitos anos trabalho o conceito de ecossistema, de influenciador e de como não acredito no the-winner-take-all mesmo nas redes sociais (Mongo é diversidade, proximidade, autenticidade e paixão).

Assim, apreciei ler "A Guide to Working With Niche Influencers":
"Instead, it’s the fact that, despite only clocking roughly 155,000 Instagram followers, her engagement is almost twice that of the average fashion “influencer”, according to data analytics firm Tribe Dynamics. In 2017 so far, she has garnered 1.6 million likes on 258 fashion-related posts.
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Blutstein’s success represents the rise of a different kind of influencer, one who may not ever reach the followership of the major players — many of whom are now full-fledged celebrities — but who brings an aura of authenticity to the brand projects she takes on. Call them micro-influencers, niche-influencers, alterna-influencers, what-have-you, these Instagram, Youtube and Snapchat stars typically have well under 200,000 followers, and sometimes no more than 10,000.
...
In an analysis of the accounts of 15 emerging-name fashion influencers — all with fewer than 300,000 followers, and most with fewer than 200,000 — Tribe Dynamics found that engagement rates were, on average, four times that of the average influencer in its database. When comparing upper-tier influencers (over 300,000 followers) with lower tier influencers (under 300,000 followers), the lower tier influencers fashion influencers have 86 percent higher engagement rates on Instagram.
...
In an ironic turn of events, it seems that alterna-influencers are usurping advertising and marketing dollars from well-known superstar bloggers in the way those bloggers once usurped print magazines.
...
There are influencers whose job is to advertise on Instagram. There are others who use social media to communicate. It’s two very distinct things."

quarta-feira, maio 30, 2018

Falta-lhe autenticidade

E 11 anos depois de "Agora vou especular" temos "Super Bock faz ‘spin off’ para produzir cervejas em pequena escala".

Hoje, arrisco dizer que sem torrefacção de dinheiro dos contribuintes não terá grande futuro. Falta-lhe autenticidade, falta-lhe a paixão assimétrica das tribos.

sábado, abril 21, 2018

"You can’t shape your customer"

Este texto de Alex Osterwalder, "You Don’t Design Customers, You Understand Them (Or Not)", merece alguma reflexão:
"What he had done was retrofit the customer profile against the digital payments solution they’ve worked out.
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Now, it’s ok to sketch out the customer profile for a customer you’ve never met in a meeting room. However, you then have to immediately go and verify (and get a reality check) if your assumptions from the meeting room were true. From those tests you adapt and modify the customer profile based on what you’ve learned. Only now, armed with this verified information, you are ready to design the appropriate solution.
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You can’t shape your customer. You can only understand the customer. The value proposition is where you make choices: you decide which jobs, pains and gains you want to address with which solutions. Get out of the building to understand your customer, then shape your value proposition around them. While this might sound like common sense, it’s still not common practice."
Não quero ser diletante nem, como conta Pedro Arroja, ser aquele tipo que numa conferência, na parte das perguntas e respostas, coloca uma pergunta ao orador e acaba a querer fazer ele próprio uma conferência, mas acho que há motivo para reflexão.

Alex Osterwalder escreve, e bem, para startup-people. Eu escrevo sobre a realidade a pensar nos meus clientes-alvo, PME industriais. As PME industriais com que trabalho querem dar uma sapatada no status quo em vivem, mas têm alguns constrangimentos: têm uma herança, ou seja uma estrutura produtiva e comercial que não se pode deitar fora como a água de um banho, têm um espaço de Minkowski (As posições anteriores limitam as posições futuras afinal os macacos não voam)
... e, sobretudo, têm pouco dinheiro.

Assim, ao contrário da liberdade de uma startup uma PME pode estar perante uma situação que se pode traduzir desta forma: sou o que sou, a minha vantagem, ou o que pode ser a minha vantagem é o que sou e não posso mudar - por falta de dinheiro, por autenticidade, por falta de alternativa, por falta de outras experiências. Nesse caso, o que a empresa produz não se altera mas tem de alterar quer o cliente, quer a abordagem comercial:
"Se calhar não é a lã que tem de mudar, se calhar são os mercados onde se quer vender os produtos autênticos feitos com ela que têm de mudar. Como no exemplo da artesã de Bragança, ou das tábuas de cozinha, ou do burel de Manteigas, ou os "Tecidos tradicionais em lã como o burel, a samarra ou o sarrubeco" de Albano Morgado."
Assim, para muitas PME aquele "You can’t shape your customer" não pode ser levado à letra. Elas têm de ir a todo o mundo à procura dos clientes que se ajustam ao que elas podem oferecer com vantagem. Sei que isto roça o limite e pode ser interpretado quase como arrogância estatal que trata os contribuintes como reféns. Não é desprezo pelos clientes, é não ter alternativa de recursos para investir em mudanças.

Considerem os empresários do calçado cheios de dinheiro ou de acesso a financiamento e com uma tradição de gestão bem maior, imaginem o que teriam feito quando a China invadiu o Ocidente com o low-cost... teriam deslocalizado. Em vez disso, tiveram de subir na escala de valor e subir às árvores como no exemplo dos 20 para os 200€. Assim, fazem uma análise da sua situação e concluem: só posso sobreviver se trabalhar para este tipo de cliente ...

Outro ponto que merece reflexão em "You can’t shape your customer" é: não se modifica um cliente individualmente, mas acredito numa frase que será "You can shape your market":

Em suma, a startup vai-se reformulando e pilotando até se ajustar ao cliente-alvo. A PME-tipo percebe onde pode actuar e depois procurar os clientes, ou trabalho o mercado, com quem pode ter sucesso. 

Por isso uso os marcadores lá em baixo.

terça-feira, abril 10, 2018

Mais peças para construir um futuro em Mongo

 Mão amiga fez-me chegar "Blockchain Agriculture Will Change Farming & Food" de onde retirei:
"How do you know the organic produce you purchased is really organic?
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Last year, the U.S. Inspector General found that potentially millions of pounds of fake organic produce are entering American supermarkets every year. This isn’t just a problem for consumers. It also cheapens the efforts of farmers who are producing real organic produce.
.
Consequently, there has been rising interest in systems that can verify the authenticity of a product’s supply chain. Blockchain is an excellent choice for this application. Farms could use blockchain to add verified organic products to the ledger. Then, consumers could use a mobile app to check the history of a piece of produce in the store in real time.
...
Multinational corporations dominate the current agriculture industry. They are often the largest buyers on the market, so they can set prices and tell farmers what to grow in a given season. However, blockchain agriculture could make small enterprises and community-sponsored farming more prevalent.
...
Blockchain agriculture can solve some of the governance, distribution, and shareholding challenges of operating a community-sponsored agriculture initiative. With tokenized shareholding and smart contracts-based distribution, community-sponsored agriculture could scale much more effectively, connecting farmers to consumers directly. This whole community-supported agriculture transition could even be automated, with ownerless farmshares around the world.
...
The more transparent food production becomes, the more information consumers will have to make smart food decisions. Blockchain agriculture could make food cheaper, but it will also make it easier to track where our food is coming from. Blockchain could be the key to making real, organic, locally-sourced produce affordable and available to everyone."
A convergência da tecnologia com a procura e valorização crescente da proximidade e autenticidade, a possibilidade de desenvolver novos modelos de negócio. Mais peças para construir um futuro em Mongo.

terça-feira, dezembro 19, 2017

Quanto tempo? (parte II)

Parte I.

Nem de propósito, entretanto, encontrei "Can blockchain ensure Unilever’s tea farmers produce a fairer brew?":
"Imagine being able to trace the exact origins of your cup of tea: where and how it was made, whether organic soil was used and if the workers were treated fairly.[Moi ici: Perfeito para Mongo, para a democratização da produção e para a autenticidade]"


terça-feira, agosto 15, 2017

Artesãos do futuro

Ao folhear muitos postais deste blogue é fácil relacionar entre si algumas palavras-chave:
  • Mongo;
  • tribos;
  • diferenciação;
  • paixão;
  • artesãos;
  • autenticidade.
Por exemplo, há dias escrevi:
"Em paralelo a esta evolução, que vai sugar os mais apaixonados para uma nova Idade de Ouro de artesãos do século XXI"
No caderno de Economia deste fim de semana encontrei um texto que relaciona estas mesmas palavras-chave, "À procura de artesãos no tempo dos ecrãs táteis":
"No entanto, quem aposta com visão em segmentos como o têxtil, a carpintaria, a latoaria, a joalharia, a encadernação, a cerâmica, os bordados, o restauro ou a cestaria pode ter um futuro promissor pela frente,
...
outra área de forte procura: o trabalho artesanal em madeira. “Todos os dias chegam pedidos de marceneiros, profissionais de serralharia artística.” São cada vez mais, também, os casos de sucesso de novos negócios, sempre de nicho, que começam no risco, chegam à autossustentabilidade e culminam na exportação.
...
Ao contrário do preconceito que possa persistir, de que o trabalho do artesão é pesado, sujo e moroso e de que a produção não se adaptou ao consumidor contemporâneo, “o artesanato não ficou estagnado”, sublinha Luís Rocha. O sector está a rejuvenescer e a qualificar-se.
...
a formação superior conjugada com a técnica adquirida nos cursos profissionais resulta na evolução criativa que tem dinamizado o sector. Ao mesmo tempo, “a procura [de produções artesanais] tem aumentado porque o mercado está cansado do produto massificado e quer, cada vez mais, objetos com forte cariz cultural, identitários e diferenciadores”. Cabe ao artesão “ganhar essa oportunidade”, analisa o diretor, que defende o investimento em marcas culturais com design de luxo.
...
Se nos domínios da carpintaria, marcenaria e costura, encontrar emprego por contra de outrem é relativamente comum, nos nichos da cerâmica artística, vidro ou bordados, muitos não esperam que o mercado chame por eles e criam diretamente oportunidades, uma situação que se terá acentuado nos últimos seis anos. “O desemprego fomentou o empreendedorismo e isso foi muito importante para dinamizar o sector”"
E na linha do que tenho reflectido aqui sobre o seru e a não-necessidade de máquinas-monumento , sobre o impacte de Mongo na dimensão das empresas, sobre o impacte da digitalização na redução da fricção de que falava Coase, na ascensão do DIY e dos makers, é interessante a referência aos ecrãs tácteis no título. Acredito que os artesãos do futuro trabalharão cada vez com mais tecnologia e mais valor acrescentado.



BTW, ontem fui a Rio Tinto com 4 moradas de lojas e fábricas de candeeiros. Ao chegar a uma delas, com todo o aspecto de oficina artesanal, deparei-me com caixas com marcas de renome e referências a feiras italianas. Fui recebido com atenção e simpatia mas comunicaram-me que tinham deixado de trabalhar para o público e começado a trabalhar para marcas portuguesas do segmento médio-alto e focadas na exportação.


terça-feira, agosto 08, 2017

Marcas: Hara-Kiri

"Overproduction is a huge problem that the industry tries to hide as it chases after fake numbers and reports of constant growth.
...
The industry talks about conspicuous consumption — buying for the sake of buying — as the reason behind the growth in the luxury segment. But brands are producing more product than there is demand for. I call it conspicuous production, producing for the sake of producing and artificially inflating the numbers.
...
Supply meets demand is the basic rule of business and one the whole industry seems to ignore. Sales are the first indicators of overproduction. The goal should be to reach 100 per cent sell-through before discounts, though figures over 90 per cent are acceptable, as no one can predict the exact demand down to each SKU [stock-keeping unit]. What’s shocking is that most brands in big stores don’t even sell 20 per cent of their merchandise before discount, yet continue to report wholesale growth.
.
Stores and brands are trying to hide the truth by opening outlet stores, which sell unsold merchandise and sometimes even similar collections that never went to the full-price retailers. Outlet stores then have the same problem: they end up with deadstock that they resell to other countries and the same scenario repeats itself. If nobody wanted something full-price, it doesn’t necessarily mean that anyone will want it half-price. Recent reports show that more than 30 per cent of merchandise produced by fashion brands will never be sold. The clothes end up in landfill. It affects consumer buying behaviour as well. Pieces bought on discount appear to be less valuable psychologically to the consumer, which makes it easier to throw them out.
...
Luxury is like dating. If something is available and in front of you, it’s less desirable. Scarcity is what defines it. One of the ways to create scarcity is to reduce the supply curve. The more demand there is, the more desire it creates. Desire is the key value in luxury business.
...
The parallel market is one of the dirtiest secrets of the fashion industry. [Moi ici: Outro tema de que me falaram na conversa na origem de "Em busca de um novo oásis"] More and more luxury stores have become a beautiful façade to cover the real business going on behind the scenes. In addition to selling a small part of the merchandise directly to the final consumer, they also play an intermediary role in reselling the biggest part of their order to horrible stores, often in remote locations all around the world, which cannot get brands through the official channels.
...
Brands are perfectly aware of the parallel market, and the stores involved in it, but are closing their eyes in order to further report growing sales numbers. Officially those brands are sold only in the best stores in the world, and claim a limited and exclusive distribution, but in reality their merchandise ends up in horrible places. There is a certain obsession with reporting the growth for fashion brands no matter what the true cost.
...
The values and goals have mutated so much that things that simply make sense start to look abnormal or disruptive. Historically, brands produced clothes to sell to a final consumer. Today brands produce runway collections to sell a perfume or a wallet in a duty-free store. They stuff stores with unwanted merchandise to report artificial growth. They keep overproducing while talking about sustainability. They claim exclusive distribution while paralleling their own merchandise. They are slowly killing their brands in the long term to have a quick profit today."
Interessante, relacionar a legenda das figuras do artigo de donde retirei estes trechos "Vetements: the gospel of Guram Gvasalia":
"they chose to shoot their designs on local people and families living in the area"
Com este outro artigo "QUORA: IS VICTORIA'S SECRET FAILING? IT'S NOT LOOKING GOOD":
"The first clear indication that it’s the perfection in Victoria’s Secret images that is proving to be a turnoff was the emergence of competitor Aerie, whose marketing plays up its “unretouched, real women” angle. Ever since it launched its no-airbrushing policy in 2014, Aerie’s sales have taken off.
...
As a policy, Curvy Kate does not use any professional models, sourcing the eclectic mix of women it features from social media.
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Also going the real-women, no-Photoshopping route and winning reams of positive reviews is LONELY LINGERIE, which a few months ago placed a 56-year-old woman at the centre of their campaign."
Autenticidade versus "fake"

segunda-feira, julho 10, 2017

"the degree to which their needs and expectations have been fulfilled"

A propósito de "Alterações na ISO 9001, para reflexão" e de:
"The organization shall monitor customers’ perceptions of the degree to which their needs and expectations have been fulfilled. ..."
Este texto de Seth Godin "Does it help?":
"Does it help?.
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Isn't this the essence of design thinking?

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How about that meeting you're going to, that website you're updating, that question you're about to ask?
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What's it for?
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Does it help?
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If it doesn't help, or you don't know what it's for, perhaps it's time to revisit your choice
."
Na sexta-feira passada tive dificuldade em vender esta abordagem durante uma acção de formação. Só depois encontrei uma razão aparente, para além da minha incompetência: os formandos trabalham numa empresa que tem um daqueles produtos que, por causa da regulamentação, da autenticidade e da tradição não pode ser modificado, como as colchas de linho da artesã de Bragança.

A pergunta continua a fazer sentido, o que se faz com as respostas é que é diferente uma vez que não se pode mexer na oferta.

terça-feira, junho 27, 2017

"People want a story behind what they buy"

A propósito de "Yoplait Learns to Manufacture Authenticity to Go With Its Yogurt" saliento:
"“For consumers today, food isn’t just about sustenance, it’s about an experience,” said Darren Seifer, a food analyst at the NPD Group, a market research company. “People want a story behind what they buy. That’s why craft beers and small organics are doing so well. They’re selling authenticity. The big companies want that.”
...
But the most powerful story, according to current and former Yoplait executives who described their research, was that consumers simply thought Chobani was cool. It was easier to believe it was authentic and healthy because it had an exotic name, a founder who embodied rags-to-riches success and lots of buzz.
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Executives needed to study the science of manufacturing genuineness.
So they began passing among themselves studies showing that people get a neurological rush when they buy something they believe is authentic, like clothing made by hand instead of a machine. But to make authenticity seem genuine, the research indicated, products needed some kind of story."


sexta-feira, agosto 26, 2016

Confundir o Estanhistão com Comoditização... suspeito (parte VI)

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A ilustração de uma sugestão que faço amiúde aos produtores agrícolas (fruta, carne, ovos, leite não industrial, ...) e pescadores: removam os intermediários, e cheguem o mais próximo possível do consumidor com a vossa identidade, história, localização, autenticidade e ...
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Aproveitem a internet e as plataformas, aproveitem as redes sociais para serem conhecidos, não com slogans de plástico mas com casos, exemplos, histórias e fotografias.
"So that year, Mr. Holden decided to open an authentic Maine lobster shack in Manhattan. To replicate that fresh taste that he remembered, he would need to oversee, track and, where possible, own every step in the process.
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He holds an ownership stake in a co-op of Maine fishermen, which allows him to track where and how the lobsters are caught, and control the quality, freshness and pricing. He also owns the processing plant, Cape Seafood, that packages and prepares the lobsters for his restaurants.
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“We’re able to trace every pound of seafood we serve back to the harbor where it was sustainably caught and to support fishermen we know and trust,”"

BTW, há dias numa longa conversa telefónica com a minha irmã mais nova, que vive na cidade de York em Inglaterra, descobri que o leite que se consome em casa dela é ... leite não industrial, leite não pasteurizado, leite integral. É mais caro, é menos eficiente, ela e o lavrador couldn´t care less! Recordar a sugestão estúpida da Newsweek.