sábado, dezembro 13, 2014

E a democratização, não tem impacte?

Nesta narrativa "Rise of the Machines: Downfall of the Economy?" faltam pormenores importantes:

  • o impacte da democratização da produção;
  • o abandono da produção em massa e o triunfo das tribos;
  • we are all weird;
  • o fim do eficientismo.
Por isso, isto "What Happens to Society When Robots Replace Workers?" passa completamente ao lado, ao concentrar-se na eficiência tão cara ao mercado de massas que deixou de existir, ou de ter futuro. Viva Mongo!!! 
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Sandy vs McGyver em "A paixão por procedimentos (parte II)" merecia mais atenção e reflexão.
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Em "IT was fun while IT lasted" creio que passam ao lado do desafio. Em Mongo, o desafio não é o da eficiência, é o da eficácia!!!

Mais material para uma narrativa

Material para adicionar e construir uma narrativa sobre o turismo português que não passe pela massa tipo-bebidorme:


Acerca de Keynes (parte I)

"John Maynard Keynes (1883–1946) was the British economist whose name was much bandied about as the theorist behind the recent US and Eurozone “bailouts.” He remarked practical business people are often unwitting intellectual slaves to dead economists. This applies whenever managers think strategic decisions can be rigorously data-driven. Perhaps there was a time when strategy theorists really believed in the relevance of rational decision-making. I urge readers away from the idea of strategizing as a dehumanized numbers-driven quasi-science and towards a practical economic humanism, an urgent task for many reasons, professional, social, and political. Real people have limited capabilities, as Simon’s notion of “bounded rationality” captured. Numbers-driven thinkers have gotten us into a fair amount of trouble of late but social reform is not my objective.
...
I see strategizing as the practice of synthesizing as many of the available facts as possible, together with personal judgments when facts are not available. It is not an implementation of scientific theory and rigorous analysis. It is an active creative process, pushed forward by the application of personal judgment, not by sitting back and presuming the facts or theory can drive a solution. The academic tendency is to write personal judgment out of the story and claim theorizing as a superior mode of thought, to presume theory lords it over practice, that a theory of strategy would be more real or valuable than effective strategic practice.
...
Academics sometimes patronize managers because they understand things in ways that managers do not. But managers know a great deal about what they are doing even though they seldom write about it in great depth. Academics tend to write more but understand less."
Trechos retirados de "Business Strategy - Managing Uncertainty, Opportunity, and Enterprise" de  J.-C. Spender.

sexta-feira, dezembro 12, 2014

Curiosidade do dia

Em vez de abraçar o futuro, a tentação de defender o passado.

"si un país modifica sus leyes con avaricia gángster, ellos se dan la vuelta y cierran la puerta mientras salen. No hay más."
Interessante o tema levantado nos comentários que refere que isto pode ser uma manobra dos media grandes para abafar os media pequenos.

Tão previsível

Os gigantes tentam comprar tempo. Contudo, a reacção era tão previsível.
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Primeiro o panorama:
"While nationwide beer sales declined 1.9 percent last year, craft beer sales rose 17.2 percent, according to the Brewers Association, which represents craft brewers. The industry's two giants, Anheuser-Busch and MillerCoors, have lost a total 20 million barrels in sales since 2008, said Bart Watson, an economist for the group."
Então, os gigantes compram os artesãos, para ganhar mercado.
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Resultado, a reacção dos clientes, apreciadores dos artesãos rejeitam os gigantes. A resposta da empresa foi:
"They promise nothing will change." 
Como se as especificações fossem suficientes. As especificações podem ser as mesmas mas a narrativa mudou completamente.
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Trecho retirado de "Craft Brewery Feels Backlash From Customers After Selling to Anheuser-Busch"

A importância de uma identidade

"The question about a company’s way to create value for customers is probably one of the most fundamental elements of strategy. Which makes it all the more surprising that few organizations are able to answer it with certainty and clarity.
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We know, however, that companies with a strong identity — the kind that is backed up by the ability to deliver their promise — tend to win. In a recent survey of 720 executives, companies that were seen as having a stronger identity outperformed others by 25% (in terms of average annual TSR between 2010 and 2013).
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Here’s what we mean when we talk about a company’s identity. It is what drives your entire organization to perform, what makes hiring top talent easier, and what gives you the framework by which to operate the company.
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So why is it that so many companies struggle to develop strong identities and the capabilities that enable them? Because most organizations, instead of answering the fundamental questions about how they create value for customers and deriving their strategic imperatives from there, try to keep up with the market by pursuing a multitude of generally disconnected growth avenues and organizational changes. The problem is one of incoherence"


Trechos retirados de "The 3 Elements of a Strong Corporate Identity"

"Gente sem espaço para a surpresa, nunca irá longe"

Em perfeito alinhamento com o que penso e escrevo sobre os académicos que fazem parte da tríade:
"Debate is fine but practice is what matters. The particularization or localization discussion above gets closer to practice than a purely theoretical discussion allows. Practice is often presumed to be the implementation of theory. But theories are always constructed with simplifications, excluding some features while attending to others. Thus no theory can embrace all the issues a practice engages.
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Put differently, real practice must be evaluated in the world of experience that is never of a single dimension or embraced in the abstract world invoked by a theory. Judgment is always necessary to reasoned practice, a view theorizing tries to deny. [Moi ici: Não consigo deixar de pensar nisto]...
In von Clausewitz’s time military thinking had tilted towards excessive rigor in theories of formation, lines of fire, general rules about the center of battle gravity, and so on. [Moi ici: Recordar Lanchester, recordar Cornwallis, recordar David] The assumption was that a proper application of the scientific method would lead to theories about surefire ways to win, [Moi ici: Só mesmo os franceses, para acreditarem em leis que definissem a sorte da guerra!!!] changing the face of war and international diplomacy forever. War would no longer be a matter of chance; it would be a science. These notions were central to the training in the French military schools. Von Clausewitz, who fought the French and feared they would overrun Europe, thought thinking of war as a science a grave error, a misunderstanding of its indeterminate (foggy and chancy) human nature, and that the real issue was not whether any of the available theories were valid or not, but rather how they might be best applied under battle conditions. He did not dismiss theory, far from it.
...
The key to von Clausewitz’s thinking lay in his “dialectical” method, his sense that in the real world there were always at least two opposing or mutually exclusive ways of thinking about something [Moi ici: Faz-me lembrar "Existe sempre uma alternativa"]- perhaps two theories or heuristics. He thought of strategizing in terms of natural language and its openness to surprise and creativity rather than formal language and deterministic theory. The Clausewitzian world is one of trade-offs—matters of practice inevitably involving judgments supported by, but never dictated by, analysis.
...
Von Clausewitz argued no theory should be presumed relevant without first identifying its antitheses, the opposing ideas or critique, and then second, appreciating that choosing between the opposing ideas was the very essence of strategic work, a judgment-call that lay outside any of the theories being judged."
Gente sem espaço para a surpresa, nunca irá longe.

Trechos retirados de "Business Strategy - Managing Uncertainty, Opportunity, and Enterprise" de  J.-C. Spender.

A tendência...

Em linha com o que aqui referimos há anos e anos:
"responde à tendência para um maior número de pequenas encomendas, numa vasta variedade de estilos e cores, em combinação com tempos de entrega cada vez mais curtos.
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«A tendência para encomendas mais pequenas numa variedade maior de estilos e cores, em combinação com tempos de entrega mais curtos do que nunca, tornou-se a norma na indústria» ... A produção tem, por isso, de ser rápida e suficientemente flexível para lidar com o volume mais elevado de pequenas encomendas protegendo as margens de lucro."
Imaginem uma empresa que siga e use o que aqui escrevemos... muitos anos antes de ser mainstream.
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Trechos retirados de "Lectra com corte à medida"

quinta-feira, dezembro 11, 2014

Curiosidade do dia

Os trabalhadores independentes, por estes dias, começam a receber as chapadas da Segurança Social (SS), com e-mails que informam que a sua contribuição para a SS pode ter crescido mais de 300%, por exemplo.
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Para a coisa ficar linda, apenas aguardo que o PS se manifeste indignado, quando a autoria desta alteração ao Código Contributivo (CC) é sua. Contudo, é bem feito que o governo seja demonizado por este CC, uma vez que em 2010, o deputado Mota Soares, na oposição, foi um grande adversário deste CC. E, uma vez chegado ao governo, como ministro adoptou-o e passou a cumpri-lo religiosamente.

O exemplo dos frutos e do vestuário

"O volume de produtos frescos exportados pelo País luso aumentou 26% nos últimos três anos, passando de exportar 780 milhões de euros, em 2010, para 983 milhões de euros, em 2013. Números publicados pela Associação para a Promoção de Frutas, Legumes e Flores frescas de Portugal, Portugal Fresh."
Trecho retirado de "Portugal cresce 26% na exportação de produtos frescos"
"As vendas de vestuário de Portugal nos mercados externos foram as que evoluíram a um ritmo mais intenso durante os três primeiros trimestres de 2014, de acordo com os números divulgados nesta quarta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), e produtos como calções de uso feminino estão entre os de maior sucesso. Quando medidas pela variação em comparação com o mesmo período de 2013, as exportações de vestuário aumentaram 11,2%,"
Trecho retirado de "Vestuário português lidera as exportações de janeiro a setembro de 2014"

É isto que a UE e o euro minimizam

Volto ao exemplo brasileiro "Manifesto por um Brasil mais rico, não um Brasil mais caro":
"Nesta semana, tivemos mais um. Para lidar com dificuldades da nossa indústria, o governo e o Banco Central vem adotando uma série de medidas, incluindo redução temporária de impostos para alguns subsetores, aceleração da queda da taxa de juros, adoção de restrições à entrada de capitais estrangeiros para enfraquecer nossa moeda e elevação de impostos sobre produtos importados.
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Além de sujeitarem o país a eventuais retaliações comerciais, estas medidas criam um Brasil mais caro, não mais rico. Quem pagará a conta do encarecimento dos produtos importados e da redução da competição com os nacionais é você, o consumidor. Aliás, já paga. No ano passado, impostos sobre importação arrecadaram mais que o Imposto de Renda Pessoa Física. Você pagou ambos. Os primeiros, nos preços elevadíssimos praticados no Brasil e o IRPF, na fonte."
Lá, como cá, o monstro do gasto público é insaciável.

O exemplo da cerâmica

"Em 2013 Portugal foi o maior produtor de louça de mesa e decorativa na Europa e “se o país continuar a produzir com qualidade – apostando na inovação e  recuperando algumas tradições – a cerâmica portuguesa poderá estar a preparar-se para viver dias mais risonhos”.[Moi ici: Interessante, gente do sector a olhar para o futuro com optimismo]
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em 1995 existiam em Portugal cerca de mil empresas – da área da cerâmica de mesa e decorativa – e que empregavam mais de 25 mil trabalhadores. Em 2012 esse número situa-se um pouco acima dos cinco mil. Para se ter uma ideia mais clara, basta ver que em 1975, existiam muito poucas empresas deste sector especifico, no entanto, “estas empregavam muita gente (10 mil pessoas) e em média, cada empresa possuía 135 trabalhadores”. Em 2012 passaram a ter apenas uma média de oito trabalhadores.[Moi ici: Em todos os sectores o mesmo padrão, para reganhar produtividade, as empresas ficaram mais pequenas]
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no final dos anos 90 para esta área especifica da cerâmica portuguesa e como de facto “se veio a confirmar o pior dos cenários com grande parte das unidades industriais a fechar, atingindo centenas e centenas de pessoas, arrastando-as para o desemprego”.
Um pouco por todo o lado nos países desenvolvidos, as grandes unidades industriais deixaram de produzir cerâmica de mesa e decorativa. Até as melhores fábricas europeias que o orador visitou como, por exemplo, a Rosenthal ou a Wedgwood, abandonaram a produção, deslocalizando-a para outros países. A Rosenthal que “era a melhor fábrica de sempre, acabou por manter a fábrica, a marca e o conceito, mandando fazer toda a produção noutros países”, acrescentou.
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Como pode a cerâmica dar a volta? “Produzindo produtos de alta qualidade para nichos de mercado e ligando o sector ao turismo, procurando aliar também a industria às visitas culturais e à criação de parques temáticos”, afirmou o orador.
Na sua opinião, vivem-se dias de alguma recuperação com os produtos portugueses a ser internacionalmente reconhecidos, ou seja, “como não há produção de cerâmica na Europa, esta é uma boa oportunidade para as firmas que conseguiram ultrapassar os anos mais difíceis”. Segundo José Luís Almeida Silva, hoje em dia  as empresas “têm que trabalhar em rede, valorizar os recursos humanos e também trabalhar no valor acrescentado das suas peças, que se devem destinar a nichos de mercado”. [Moi ici: Outra constante deste blogue quando falamos sobre como é que as PME podem dar a volta]
"Cerâmica industrial de mesa e decorativa transformou-se em “neo-artesanal”"

Recorde mensal de exportações

Nem uma andorinha faz a Primavera, nem eu sou um defensor deste governo. No entanto, na sequência destes textos:
BTW, convinha que a seguir à assinatura "Professor no departamento de Economia da Universidade do Minho" acrescentasse "que foi conselheiro de António José Seguro, subiu ao placo do Congresso do PS".
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Olhando para este gráfico, com a evolução das exportações portuguesas:
Consegue-se dizer que há diferença entre o antes e o depois de Sócrates?
Não será pouco sério entrar com o crescimento verificado em 2010 e atribuí-lo ao governo de então, sem mencionar o descalabro mundial de 2009?
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Entretanto, em Outubro de 2014 tivemos o recorde mensal de exportações:
valores em milhões de euros
Textos aqui:




quarta-feira, dezembro 10, 2014

Curiosidade do dia

Golias e David.

O truque europeu

"el sector europeo del lujo ha elevado su negocio un 23% entre 2010 y 2013. En el mismo periodo, ha creado un total de 200.000 empleos."
Trecho retirado de "La industria europea del lujo crece un 28% en dos años y crea 200.000 empleos"

"levar mais do que um empresário a reflectir sobre o seu caso"

Um texto interessante, que pode levar mais do que um empresário a reflectir sobre o seu caso, o que fazer quando:
"I just got two bits of news: One of our bigger clients wants a 3 percent discount starting in 2015.
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So, yes, that means we are prepared to lose the business. This customer is a good customer, but it is a Tier 2 customer [Moi ici: Recordar a curva de Stobachoff]. While we would like to keep the work, we are not going to pay the company to do its work."
O texto também é interessante por não pretender dar uma lição geral:
"Now, I am not suggesting that the way we handle these situations should be the way every one handles them. Our decisions came from our data and may be unique to us and to our local marketplace."

Trechos retirados de "Walking Away From a Customer Who Demands a Discount"

Leituras e viagens

Lendo "From systems to ecosystems" de Esko Kilpi encontro:
"In the past, the influence of external forces on business was not significant. The industrial factory was a fairly simple, isolated machine. ... Being efficient and productive inside the system was enough to prosper.
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The assumptions of industrial management are not suited to today’s business environment. In contrast to the industrial era, when value was added primarily in the repetitive manufacturing processes,[Moi ici: Mongo versus Magnitogrado]  value is today created elsewhere, outside of the old industrial system. Value is co-created in the context of usage through customizable, reconfigurable and more or less unique solutions aggregated by the customer, not the manufacturer. There are no consumers any more!
...
Linear methods of management are not effective in a complex environment."
Que relacionei logo com o que tinha lido em Spender:
"one of the more compelling research findings relating to Chandler’s strategy and structure ideas was Burns and Stalker’s assertion that in stable market conditions strategists should focus on administrative efficiency, but in dynamic market conditions on loosening up the structure and allowing “organic” responses."
O qual me motivou a ir à fonte e ao subcapítulo "Mechanistic and Organic Systems".
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Para, por fim, recordar o zeitgeist leadership do anónimo engenheiro de província e fechar a viagem em "Armando Almeida quer a PT Portugal focada na liderança, inovação e eficiência".

Outro campeonato

Outra consequência de Mongo, da IoT (ou IoE), e do "é só meter código nisso" é esta "Smart Connected Products: Killing Industries, Boosting Innovation":
"companies can evolve from making products, to offering more complex, higher-value offerings within a “system of systems”. For example, you might sell a tractor today. But once that tractor is smart and connected to the cloud, your products and services will become part of a highly interconnected agricultural management solution.
...
Once smart, connected products take hold, the idea of an industry as being defined by the product alone ceases to have meaning. What sense does it make to talk about a “tractor industry” if tractors are just one piece of an integrated system of products, services, software, and data designed to help farmers increase crop yields? What Porter has shown is that in a smart, connected future, industries are defined not by products, but by “jobs to be done” (somewhere Clayton Christensen is chuckling). Saying, “I’m in the crop yield management industry,” will make a lot more sense than “I’m in the tractor industry.”"
E Mongo será isto:
"In other words, we are about to enter an incredibly powerful virtuous cycle of innovation. First, smart, connected technologies open up huge possibilities for new products, services and value-added offerings: a huge wave of innovation in and of itself. And then, as they do so, this transformation will change how we define industries so that even more innovation is unlocked through our change of perspective. The combination of these two forces will be truly transformative. It’s going to be a wild ride." 
Pois, isto leva-nos para outro campeonato.
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Entretanto, "Surprise: Agriculture is doing more with IoT Innovation than most other industries":
"For agriculture solution providers, the greatest challenge — and opportunity — is offering service beyond product. Fundamentally, farmers care about results. Agriculture technology needs to deliver new, incremental value throughout the product lifecycle, akin to the subscription-based software industry’s task of continually adding features and functionality after releasing a title.
...
The agriculture industry is proof that soon, every company will be an IoT business, no matter their size or industry. The benefits of converging the digital and physical worlds are too valuable to ignore. In the not-so-distant future, constant connection between people, companies and products, in real-time, will be the norm."

terça-feira, dezembro 09, 2014

Curiosidade do dia


Não vim preparado para isto!
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Mas a verdadeira curiosidade do dia é a geração de pedreiros mais bem preparada de sempre "Empresas de construção britânicas estão a recrutar portugueses e pagam mais de 1.200 euros por semana"*

* como li, escrito por alguém, no Twitter

Trabalhar para os overserved

Parte I.
Se um banco não traz grande valor acrescentado, se os serviços que prestam estão comoditizados e cobra bem por eles, então, alguém está a sentir-se overserved e pronto para abraçar a disrupção, por exemplo, nos pagamentos das transacções comercias dos negócios B2C.
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Hoje na África do Sul "Cape Town goes cashless as mobile payment apps take off" e amanhã por cá, assim que os incumbentes perderem a capacidade de barrar a evolução.

Estratégia e o particular

Estratégia e o particular, o ser diferente, o ser único, mais do que ser o melhor:
"Against the idea that firms operate in competitively efficient environments there are strong intuitions that every firm has to be a “quasi-monopoly” and exploit the particularities of its products, processes, people, and engagements. No two firms can occupy exactly the same economic opportunity space.[Moi ici: O velho Gause e os seus protozoários]
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Strategic work is ultimately about specifics and so more about practice than the analysis of generalizations captured with language.
...
Real strategic work is about finding a way through the thicket of principles and particulars, hoping for the wisdom of Solomon and resisting the cop-out of raising one principle over all other aspects—for human situations always mingle both.
...
Academics tend to dismiss matrices, preferring rigorous deductions, proofs, and carefully defined generalities that suggest theories. [Moi ici: Este trecho faz-me lembrar muitas conversas no Twitter onde tenho de debater com crentes em leis económicas como se fossem leis newtonianas, gerais e automáticas, com econs em vez de humanos, com maximizers em vez de satisficers] They are less interested in synthetic statements because they apply to particulars. But strategists are always working with particulars and so have limited interest in theoretical statements."
Trechos retirados de "Business Strategy - Managing Uncertainty, Opportunity, and Enterprise" de  J.-C. Spender.

Algo que escapa aos Muggles (parte II)

Parte I.
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Enquanto os anónimos fizeram e fazem a mudança e criam um amanhã mais sustentável, desligaram-se do futuro da oligarquia: "Decoupling!!! YES!!!"
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É como todas as transformações a sério, não são top-down, são bottom-up. Começam pela economia real, pelos anónimos e acabam por fazer da oligarquia uma carcaça velha já sem poder e sem função que se lança fora.
A "elite" e os seus representantes, directos ou dissimulados, são os grandes defensores do regresso ao escudo. Uma moeda fraca é um instrumento poderoso para defender a "elite".
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Entretanto, continua o impacte do fim do BES, o tal banco das empresas:

"é impossível em democracia. Outra coisa boa que a UE nos trouxe"

Interessante como a realidade do têxtil é tão diferente dos dois lados do Atlântico.
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No Brasil:
Imaginem Portugal fora do euro e da UE, estaríamos, como o Brasil, numa corrida para o fundo com a China. Apostando no proteccionismo, na desvalorização cambial, na retórica de guerra... sem resultados. O Brasil ainda tem o seu mercado interno, Portugal nem isso teria. O choque da primeira década deste século não teve origem no euro mas na China, essa é a minha explicação. Nunca esqueço este quadro:

Entretanto, em Portugal:
"Numa altura em que muitos países europeus perdem as valências industriais, a fiação em Portugal está a registar um ligeiro renascimento, com o investimento de algumas empresas na criação e renovação de unidades para a produção de fios “made in Portugal”."
O proteccionismo brasileiro tenta proteger a sua indústria têxtil, como resultado, empurra-a para uma corrida para o fundo, empurra-a para uma competição com a Ásia.
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Em Portugal, o facto de estarmos na UE não permitiu esse proteccionismo. O sector sofreu, transformou-se e recriou-se. Recordar "O desassossego é bom".
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Permitir esta destruição criativa no Brasil, que aconteceu em Portugal, é impossível em democracia. Outra coisa boa que a UE nos trouxe.

segunda-feira, dezembro 08, 2014

Curiosidade do dia


Podiam ter usado o tipo de letra Playbill, ficava mais genuíno.

Trabalhar para os underserved

A primeira vez que fui ao Douro Internacional de mochila às costas foi na Páscoa de 1983. Apanhei tanto frio que em Setembro aproveitei um salário de trabalho de Verão para, na Rua de Cedofeita, no Porto, comprar um saco-cama a sério e nunca mais ter frio, nem no campismo de Inverno.
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Por isso, sei dar valor a isto "What It Feels Like To Crawl Into A -30F Sleeping Bag In The Himalaya"
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Isto é trabalhar para os underserved. Algo que é muito importante para um nicho que actualmente não está adequadamente satisfeito, ou aspira a mais.

"Effectuation" e a economia real

Ler "Jovem engenheiro cria rebanho para produzir leite de cabra":
""Era o mais lógico a seguir, porque não havendo emprego, não havendo oportunidades, acho que apostar naquilo que já tinha, nos terrenos que eram dos meus avós e não deixar as coisas ao abandono é uma boa perspectiva de vida", disse José Gonçalves à agência Lusa.[Moi ici: The Bird in Hand Principle. Entrepreneurs start with what they have.]
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conseguiu obter o apoio da família, que vinca ser um alicerce vital do projeto [Moi ici: The Crazy Quilt Principle. Entrepreneurs cooperate with parties they can trust. These parties can limit the affordable loss by giving pre-commitment..]"
É recordar e ver aplicados alguns dos princípios da "effectuation".
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Claro que é também interessante a manifestação do padrão, do regresso à terra, da criação de valor num nicho...

Um exemplo de segmentação

O texto mais antigo que conheço sobre a curva de Stobachoff é um artigo de Kaj Storbacka sobre um banco na Finlândia.
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Um banco que ganhava dinheiro com metade dos clientes para perder muito com a outra metade. Trata-se de um fenómeno muito comum como aprendi com Skinner, Terry Hill, Kotler e Byrnes entre outros, um fenómeno que decorre das empresas não escolherem os seus clientes-alvo e terem a veleidade de ser tudo para todos e, terem a veleidade de serem uma espécie de Arca de Noé, e terem horror a rejeitarem clientes, a rejeitarem encomendas.
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Por isso, saliento este exemplo "Barclays recusa clientes menos abastados"

Outra alternativa de modelo de negócio portanto.

Na semana passada, num debate em que fui moderador, tinha comigo na mesa um representante de uma empresa de Amarante, a Peixoto & Peixoto. Uma empresa que se dedica a comercializar, alugar e dar assistência técnica a máquinas para a construção.
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Em conversa prévia com o seu representante apreciei bastante a história da empresa, em como o estar atento às solicitações dos clientes teve uma forte influência na evolução da oferta da empresa. Ao saber que, durante estes anos de crise na construção, a empresa cresceu e até aumentou o número de postos de trabalho, perguntei o que estava por trás disso:
  • exportação (chega a representar 46% da facturação)- um olho no global;
  • adaptação das máquinas preparadas para o sector da construção, para o sector pujante do vinho do Douro - um olho no local; e
  • o recondicionamento de máquinas;
Recondicionamento de máquinas? Que é isso? Compra de máquinas usadas cá e no estrangeiro e reparação, reconstrução, adaptação... 
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Hoje, a serendipidade pura na internet levou-me a isto "Japanese construction equipment maker launching remanufacturing business":
"Myanmar will be Komatsu's 13th location for remanufacturing operations, after South America, Australia and other countries.
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     Komatsu's remanufactured products are priced lower than its new equipment despite having the same quality and performance guarantees. This makes such goods attractive to customers looking to keep costs down. Another selling point is the environmental benefits, as using remanufactured products means fewer scrapped components."
Outra alternativa de modelo de negócio portanto... a inovação que costuma ser mais rentável.

domingo, dezembro 07, 2014

Curiosidade do dia

Parece que nasceram juntos:
Madeira e granito.

Jardim da Casa da Cultura de Paredes

Silently, they orbit the Sun, waiting


E volto a "But it won't be soon enough for me" num misto de melancolia, de resignação, de inveja mas também de esperança... afinal seremos aqueles que tornaram possível, aos Newtons do futuro, chegar mais longe.
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A propósito de "Why Orion's launch is the best news for humanity in a long time" e de:
"Herman Melville, in Moby Dick, spoke for wanderers in all epochs and meridians: "I am tormented with an everlasting itch for things remote. I love to sail forbidden seas..."
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Maybe it's a little early. Maybe the time is not quite yet. But those other worlds— promising untold opportunities—beckon.
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Silently, they orbit the Sun, waiting."
E já imagino as televisões no local de partida dando o prime-time às famílias:
"«Ó filho, a quem eu tinha
Só pera refrigério e doce emparo
Desta cansada já velhice minha,
Que em choro acabará, penoso e amaro
Porque me deixas, mísera e mesquinha?
Porque de mi te vás, ó filho caro,
A fazer o funéreo enterramento
Onde sejas de pexes mantimento?»"
Ou ao BE da altura:
"- «Ó glória de mandar, ó vã cobiça
Desta vaidade a quem chamamos Fama!
Ó fraudulento gosto, que se atiça
Cüa aura popular, que honra se chama!
Que castigo tamanho e que justiça
Fazes no peito vão que muito te ama!
Que mortes, que perigos, que tormentas,
Que crueldades neles experimentas!"

Algo que escapa aos Muggles (parte I)

Tendo acabado de escrever "Ter razão antes do mainstream é tramado" onde referi, a propósito da agricultura e sem falar no vinho:
E comecei a recordar o poder da etiqueta MADE IN PORTUGAL:
Entretanto... encontrei este texto "Portugal’s climate and lifestyle draw funds to education and healthcare":
"Consultants at McKinsey estimate providing educational services to foreign students could be worth €1.4bn a year to Portugal by 2020, double the current export earnings of the wine or cork industries and close to those of the footwear sector, three traditional pillars of Portuguese exports.
...
Similar potential is seen for services such as healthcare, retirement villages and the so-called nearshoring of European back-office, marketing and research operations by international companies.
...
The qualities that draw foreign students to Portugal hold true for potential consumers of other services. Well-qualified doctors and nurses and a welcoming culture are viewed as the basis for building an export industry in medical treatment and convalescence.
...
Potential is seen in developing retirement homes and sports training facilities for foreigners. “Imagine a Danish person having their hip replaced in Portugal and being able to walk on the beach as they recover,” says Prof Santa-Clara."
Os Muggles têm dificuldade em perceber que a economia é muito mais do que controlar custos, é magia, é narrativa, é nicho, é diferenciação.
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O sonho dos Muggles era voltar ao escudo... isso fica para a parte II.
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Continua.

Ter razão antes do mainstream é tramado

Ter razão antes do mainstream reconhecer que é o certo... é um azar danado!
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A resposta à pergunta: Qual foi o melhor ministro socialista, segundo o autor deste blogue? (a pergunta correcta seria antes "qual o menos mau?" mas adiante)
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A resposta está nos arquivos, um ministro quase tão mal visto pelo seu próprio partido (julgo que era independente) como pela oposição: Jaime Silva, ex-ministro da Agricultura. Prova aqui: "Comandar o destino" (Outubro de 2009)
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Em Maio de 2008 este blogue defendia um ministro socialista de Sócrates contra a oposição e contra os próprios socialistas em "Pensamento estratégico"
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Em 2010 o discurso dos coitadinhos, o discurso dos agricultores-funcionários-públicos-encapotados da CAP ainda dominava o mainstream "Na direcção certa".
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Hoje, apesar dos socialistas do CDS que ocupam a pasta da Agricultura, e que tanto criticavam Jaime Silva, assistimos ao triunfo da estratégia por ele apoiada no ministério da Agricultura, recordo o que se escrevia então:
""Diospiro, figo kiwi, baga de sabugueiro e flores de ar livre são produtos considerados estratégicos para Portugal pelo Ministério da Agricultura.[Moi ici: O quanto o ministro foi atacado, criticado e gozado por causa disto]
...
"Questionado pelo Expresso, o Ministério da Agricultura explicou, por escrito, que "as fileiras estratégicas são aquelas que, tendo elevado potencial de desenvolvimento sustentado, associado a factores de mercados (competitividade), climáticos, ambientais e naturais, se encontram num nível de aproveitamento insuficiente face às suas potencialidades.""
Ontem, li que a ministra da Agricultura disse "Cristas quer colar a Portugal o rótulo de país da "joalharia da agricultura"".
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Alto e pára tudo!
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Joalharia?!
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Segundo a wikipédia: Joalharia é a arte de produção de jóias que envolve todos os aparatos ornamentais, tipicamente feitos com gemas e metais preciosos.
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Ou seja, uma metáfora para significar que o que a agricultura produz é algo de precioso, é algo de valioso. Para ser valioso, tem de ser escasso...
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Eheh Jaime Silva deve estar a rir-se com as voltas que o mundo dá:

Esta semana tive o gosto de moderar um debate em Paredes, ao meu lado esquerdo estava um produtor de framboesas. Durante a minha preparação para o debate li:
"Portugal é um país com algumas características muito boas e que se aplicam na perfeição ao cultivo de framboesas: muito sol e muito frio. O sol e o calor são necessários para o amadurecimento, que vai influenciar em larga escala a qualidade das framboesas. Já o frio que temos no Inverno proporciona o choque térmico, o que influencia a durabilidade e consequentemente também a qualidade do produto. Desta forma conseguimos produzir em épocas do ano em que o Norte da Europa não consegue, por lá ser demasiado frio nessas alturas."
O que me escapou na altura e que a metáfora da ministra Cristas apanha muito bem é este ponto "A marca Portugal".
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Joalharia porque é escasso, produzimos quando os outros ainda estão com neve. E escasso porque não é massificado...
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Massificação é o resultado da procura da eficiência a todo o custo e resulta até deixar de resultar. Como o restaurante que é tão famoso, tão famoso que deixa de ser frequentado.
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ADENDA: A verdade cientifica é uma ilusão.


sábado, dezembro 06, 2014

Curiosidade do dia

Desde os meus seis anos que os dinossauros ocupam um lugar mágico na minha mente.
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Depois, por volta dos meus dez anos, o meu pai foi para a universidade estudar. Não sei se foi por essa altura, em que às vezes ditava-lhe os apontamentos dos colegas, ou antes, porque ele tinha o curso de regente agrícola, que ele me fez olhar para esta árvore como fazendo parte da magia:
No jardim da Casa da Cultura em Paredes encontrei, esta semana, vários exemplares de uma árvore que representa uma estratégia super bem sucedida, uma hipótese contemporânea dos dinossauros e que, 65 milhões de anos depois, ainda cá anda. A Ginkgo biloba.
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Ainda segundo o que recordo ter aprendido com o meu pai, é uma árvore muito usada em jardins urbanos porque é muito resistente à poluição.

A velha batota

"Because almost every single business - especially retail, product ones with a physical location - compete on price. They’re under extreme pressure, and often use discounting as a way to drive demand.
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But discounting is a race to the bottom.
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Instead, they should be selling the experience.
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Because there are basically two reasons why people hire service professionals:
1. Technical Skills or Know-How
2. Customer Experience Dealing with You
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Selling services is more difficult than products because you’re selling something intangible and invisible.
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And to be honest, most clients aren’t qualified to properly differentiate between the technical skills of two more or competitors. (IF they were, then they probably wouldn’t need your help in the first place.) It’s not because they’re dumb or naive. It’s just not their area of expertise.
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So people typically buy services if they know, like, and trust you. Of course you need to be competent, demonstrate expertise and can hopefully accomplish what you say. But people still largely buy based on the experience in dealing with you, and not because of the specific features you provide."
Trechos retirados de "How to "Sell the Experience" & Escape Pricing Pressure"

Shift happens! (parte XI)

 Parte I, parte II, parte IIIparte IVparte Vparte VIparte VIIparte VIIIparte IX e parte XI.
"Strategic work is hard. The labor of constraint identification, judgment, and idiosyncratic language construction is demanding. It seems so much easier to take terms for granted and fall back on the familiar, as most financial commentators and strategy authors do. But the price of this ease is that the logical and mechanical aspects of the firm come to the fore and the value-adding aspects get pushed into the background. The nature of the entrepreneurial judgment - and why the firm exists - gets ignored. Yet the point of strategizing is to create a value-adding BM, not a logical model.
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[Moi ici: A "verdade", nisto da estratégia é muito elástica!!! O que é verdade, não o é por causa de relações lógicas mas por causa da política, por causa do ADN, por causa da nossa identidade] So the one judged true is not so because of logic but because of our politics - a different kind of truth, socially embedded or constructed. Natural language truths arise from our habitus, the circumstances of our lives, not from logic.
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Debate is fine but practice is what matters. The particularization or localization discussion above gets closer to practice than a purely theoretical discussion allows. Practice is often presumed to be the implementation of theory. But theories are always constructed with simplifications, excluding some features while attending to others. Thus no theory can embrace all the issues a practice engages. Several complementing theories or constraints are always necessary to grasp practice’s in-the-world nature. No practice can be adequately evaluated in a single dimension. Put differently, real practice must be evaluated in the world of experience that is never of a single dimension or embraced in the abstract world invoked by a theory. Judgment is always necessary to reasoned practice, a view theorizing tries to deny."
Mais uns trechos de "Business Strategy - Managing Uncertainty, Opportunity, and Enterprise" de  J.-C. Spender.

Persistência

A propósito de "A arma secreta da Science4You", pela leitura do texto, a arma secreta não me parece que seja o respeitável e "connaisseur" senhor inglês.
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IMHO, a arma secreta é a persistência. Quantos "funcionários" aguentariam esta prova?

Os nossos "jihadistas"

Os que comandaram, os que apoiaram a aproximação da PT à Oi e que agora querem que o governo nacionalize a PT, e que agora estão contra o que está a acontecer, lembram-me estes tipos ""O meu iPod ficou sem bateria. Quero voltar", pedem jihadistas".

sexta-feira, dezembro 05, 2014

Curiosidade do dia

Uma forma pouco comum de apresentar as coisas "Pera rocha tem em embargo russo oportunidade para expandir mercado".
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O equivalente a dizer que cair no desemprego é uma oportunidade para mudar de vida e construir uma situação melhor... talvez demasiado nietzschiano...

Mais um exemplo concreto de Mongo

Um exemplo do tipo de empreendedorismo de suporte a Mongo em "Packs" do Ikea são criados por máquinas de Famalicão":
""Havia pouca gente a conseguir fazer projectos à medida do cliente, de raiz, e nós aceitámos esse desafio", sublinha. Estes contratos passam por adaptar equipamentos e maquinaria às necessidades de produção das empresas. [Moi ici: Mongo é isto, longe das séries, interacção, co-criação, customização, protótipos)]
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A ESI não aposta em quantidade. até porque cada um dos contratos tem um valor elevado.
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São projectos que nunca foram feitos. Se chegarmos ao fim e o cliente não comprar, ficamos com uma máquina que não serve para mais ninguém",
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"Não estamos a conseguir dar saída aos projectos que temos em Portugal e é por isso que neste momento limitamos o processo de internacionalizaçào","

Só nos interessa o futuro e o caminho para lá chegar

Isto é tão verdade:
“People facing financial distress need a plan for the future, not to waste time ruminating over the past.”
Recordo um projecto em que participei há anos, em que o novo CEO estava sempre a perder tempo a dizer mal da gestão anterior, estava sempre a pôr sal na ferida.
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Quando uma empresa chama um consultor para intervir, o objectivo não é fazer julgamentos morais sobre as pessoas, o objectivo é perceber qual é o futuro desejado, e o que o distancia da realidade actual e, criar um plano de actuação para fazer a viagem para esse futuro.
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Ás vezes, parece que o gerente tem vergonha da sua quota parte de responsabilidade pela situação actual e, facilmente entra num registo de auto-justificação. Por vezes, é-me difícil dizer abertamente:´
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- Who cares!?
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O que está para trás, está para trás, não tem remédio. Só nos interessa o futuro e o caminho para lá chegar.
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Trecho inicial retirado de "What CNBC’s ‘The Profit’ Gets Wrong"

Treta!

Este texto "Why Germans Work Fewer Hours But Produce More: A Study In Culture" é uma treta completa!
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Bem na linha desta outra treta "Ainda a produtividade luxemburguesa vs a portuguesa".
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O truque está no que se produz!
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Recordar os operários polacos da Fiat em "Não compararás laranjas com maçãs!!!"

Quadratura do circulo

É obra de quem não joga bilhar nem percebe de relações de causa-efeito.
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Quanto mais o salário mínimo aumenta, mais difícil se torna o primeiro emprego dos jovens. Recordar "Para reflexão".

quinta-feira, dezembro 04, 2014

Curiosidade do dia

Uma perspectiva interessante em "Did Japan actually lose any decades?".
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Apesar do PIB cair, o PIB per capita tem crescido porque a população japonesa está a cair mais depressa.
"We’ve previously noted that, between the start of 2005 and the recent consumption tax increase, real GDP per person has grown more in Japan than in the US, Canada, the UK, and the euro area, while Professor Krugman has noted that real output per working-age adult in Japan has tracked the equivalent figures in the US and Europe quite closely throughout the “lost decades”.
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After adjusting for population, real household spending grew more from 1990-2013 in Japan than in every country in our sample except for Sweden, the UK, and US"
Um tema discutido no Twitter há meses.

Prioridades

Quando cheguei ao fim da leitura de "Why Do Customers Choose You?" pensei numa conversa ouvida durante a manhã.
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Um comercial equacionava passar para um estagiário, uma série de tarefas que lhe permitem contactar clientes, conversar com eles, ver o armazém, ver o que estão a comprar e a quem...

Acerca do pricing

"Some think value pricing means how much we can soak a customer for. Some think value pricing means flat fee. Some think value pricing means all-inclusive service packages. Some think value pricing means menu pricing. Value pricing is simply a method to price based on something’s value, not its cost. And that the customer is the ultimate arbiter of value, with whom we must arrive at an agreement on price, before beginning work."
Trecho retirado de "Reflections After 3 Years of Value Pricing"

Shift happens! (parte X)

Parte I, parte II, parte IIIparte IVparte Vparte VIparte VIIparte VIII e parte IX.
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Tenho o último livro de Michael Shrage na calha para leitura, contudo, Spender roubou-lhe o lugar na fila com muita pinta!
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Dedicado aos economistas da nossa praça, embebidos no paradigma A e, crentes que o método cientifico e a física newtoniana se aplicam a empresas e pessoas:
"Schrage claims that Blockbuster misunderstood the true nature of innovation: He cites economist Joseph Schumpeter who called successful innovation a feat of will, not intellect. [Moi ici: Um ponto a merecer reflexão profunda] Further, he says the company missed the importance of uncomplicated, cheap, and fast experimentation."

Trecho retirado de "How to Avoid Bad Investments in Good Ideas"

Uma ideia interessante



Uma ideia interessante, qualquer um, poder usar um ecrã público como um painel de comunicação de mensagens.
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Por exemplo, um televisor num café, poder ser usado para passar publicidade do explicador do bairro, da florista da rua, ou das promoções da loja da esquina.
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Por exemplo, um televisor numa escola, poder ser usado para passar mensagens da direcção, de um clube, da cantina, da associação de pais, da ... e, na volta, os próprios alunos podem criar os seus canais!

Para reflexão

Há dias, numa empresa de serviços, os dois gerentes tentavam justificar, perante um consultor financeiro, a contratação de um novo colaborador.
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A contra-argumentação veio logo:
- Se o novo colaborador vier ganhar o salário mínimo, passará a ser um custo permanente de 10 mil euros por ano (6 mil para ele e 4 mil para o estado). Para deixar de ser um custo tem de gerar contrapartidas. Se o novo colaborador produzir 10 mil euros num ano, será que vale a pena contratá-lo? Esses 10 mil euros não poderão ser postos a render de forma mais produtiva? Quanto é que ele terá de render por ano para justificar o custo? 20 mil euros? 30 mil euros? Qual o perfil da pessoa que poderá num ano, na vossa empresa, gerar 30 mil euros? Estará disponível por 6 mil euros por ano?
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Eu, que assistia à cena, estava a assistir à justificação do final deste postal, porque é que, apesar de tudo, é mais fácil, nos tempos que correm, criar emprego industrial. Ao fim de pouco tempo, apesar do que escrevem os catequistas da formação profissional, um operário, ainda que novato, está logo a produzir e a deixar de ser um fardo, se existirem encomendas.

quarta-feira, dezembro 03, 2014

Curiosidade do dia

Delicioso boneco:
Quantas vezes isto acontece na vida real?
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Retirado daqui.

Sugestão

Eis um bom tema para o jornalismo de investigação, IMHO:
- Por que é que uma empresa como o "Campeão Português" fechou, apesar de estar num sector que está muito bem?
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Talvez ajudasse a perceber o papel da estratégia, e das escolhas de gestão que se fazem, no desempenho das empresas. Muitos continuam a acreditar que quando a maré sobe, sobe para todos.

Muito mais do que análise, o poder da imaginação

"Strategic work is interesting and difficult precisely because it is so demanding of our methodologies for constructing and applying knowledge. It dictates a move from thinking about method as no more than rigorous analysis, the process of fact-gathering, data reduction, and knowledge discovery, towards embracing the different methods of knowledge construction that have non-rigorous imaginative and creative dimensions. This goes beyond the bounds of analysis based on “causal theory” or “model,” the conventional idea into which so many of us have been trained—and gets into human creativity as the unpredictable process of  adding value to the world, precisely because the collision of identity, intention, and context is not fully determined, is changeable, and concedes our ideas are capable of changing the world. It goes beyond thinking of the reality we inhabit as fixed, unchangeable, and so knowable, the universe of physics as non-physicists understand it (real physics is much more complicated). The constructive aspects of  strategic work go beyond what some might call the Newtonian mode of thought, the causal or billiard-ball model of everything that logical analysis presumes.
Strategic work innovates, creating something new that did not exist before, a new fabric perhaps, or an opera or, most importantly, new economic value. New value is not simply the result of better allocation of our scarce resources, moving them to where their value is higher, but results from a transformative act of human imagination,"
Trecho retirado de "Business Strategy - Managing Uncertainty, Opportunity, and Enterprise" de  J.-C. Spender.

A boca no trombone, revelar o elefante na sala.

Interessantes trechos retirados de "Advances in Production Technology", livro editado por Christian Brecher. No quarto capítulo "Business Models with Additive Manufacturing—Opportunities and Challenges from the Perspective of Economics and Management" de Frank T. Piller, Christian Weller e Robin Kleer. Finalmente, alguém, preto no branco põe boca no trombone.
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Olhem para o ecossistema:
"While most innovation for the manufacturing value chain has been driven by large conventional companies in a BtoB-setting, innovation in the digital value chain has been the result of a growing community of “Makers”, i.e. hobbyists, private consumers, and small start-ups interesting in utilizing AM [Additive Manufacturing] for local manufacture of objects for own use. This community has been very active in developing 3D models, creating an infrastructure for sharing these models digitally in online repositories (like Thingiverse or Google 3D Warehouse), selling 3D printed products on marketplaces, and even developing their own 3D printers for home usage. We argue that this Maker community has become a kind of “economic lab”, experimenting with different designs of value chain and business models, which  also provides insight for large scale industrial use of AM.
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A distinctive feature of AM is frequently emphasized in the popular press: its ability to be placed locally next to potential users, up to the point of locating a 3D-printer into a user’s home.
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Local production may be foremost attractive for innovating users. Past research has shown that users have been the originators of many industrial and consumer products.
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Users can turn to advanced AM technologies to produce smaller series of products for themselves and their peers. User innovation then will be supplemented by user manufacturing, which we define as the ability of a user to easily turn her design into a physical product. By eliminating the cost for tooling (moulds, cutters) and switching activities, AM allows for an economic manufacturing of low volume, complex designs with little or no cost penalty. AM further enables multiple functionality to be manufactured using a single process, including also secondary materials (like electrical circuits), reducing the need for further assembly for a range of products.
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With this production capacity available, user manufacturers may turn into user entrepreneurs. Recent research found that innovating (lead) users frequently engage in commercializing their developments.
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Once user entrepreneurs started commercializing their products, they may have a competitive advantage against established manufacturers as they obtain better local knowledge on customer demand, allowing them to design products closer to local needs. Especially in a situation where customer demand is heterogeneous and customers place a premium on products fitting exactly to their needs, local producers may outperform established manufacturers of standard goods. The benefits of offering a better product fit may outweigh disadvantages in manufacturing costs due to economies of scales achievable by the established firm with its standard offering. A system of entrepreneurial user manufacturers could have large impact on the market structure in a given industry.
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Interestingly, entrepreneurs do not need to acquire their own manufacturing resources. Instead, they might use the existing AM ecosystem and rely on a 3D printing service (like Shapeways, as described before) or contract manufacturer to produce their goods—the interface is rather simple: the product’s 3D design file."
A tal cena do elefante na sala sobre a qual escrevemos "O elefante escondido na sala"

Exemplos do mobiliário

A par do calçado e do têxtil, o mobiliário é outra indústria tradicional com potencial para dar o salto com a aposta no design e na personalização, traduzida numa subida na escala de valor.
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Neste texto "Paredes Capital das cadeiras", só me faz espécie ter de ser o presidente da câmara a liderar o processo. De resto, uma série de sinais positivos:

  • "A ideia de embutir design na indústria dominante deste concelho com 90 mil habitantes começou a ser maturada há uma década." [Moi ici: design e persistência numa estratégia]
  • "Paredes apostou no design como marca diferenciadora das históricas cadeiras da região"
  • "O golpe de asa passou por cruzar designers de sucesso com figuras mediáticas como o ator John Malkovich, que em vez de ganhar assento próprio preferiu ser ele a desenhar uma cadeira para "
  • "o Art on Chairs acabou coroado pela União Europeia, distinguido com o prémio Regiostars de Desenvolvimento Inteligente, uma espécie de Óscar para os mais promissores projetos regionais."
  • "A par do Art on Chairs, de cariz mais artístico, o sector procura reposicionar-se cada vez para mercado externo, apostando na criação de uma marca independente destinada a comercializar móveis de várias fábricas locais, sob a da marca comum I Do."
Depois, um momento sempre interessante, a conversa com representantes de diferentes empresas, cada uma com uma estratégia diferente. Algo que ajuda a abrir mentes e mostrar que não existe uma única via:
A figura, simplifica o campo de estratégias possíveis a três extremos "puros":
"CM Cadeiras A atração das encomendas em série 
Os clientes da empresa são fábricas e marcas internacionais de mobiliário. A França é o maior mercado.
A CM Cadeiras faz, em média, 160 cadeiras por dia para fábricas e marcas de móveis internacionais que confiam a produção das suas cadeiras à empresa de Rebordosa. [Moi ici: Aposta no preço. Serve encomendas em série]
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Fenabel Um alfaiate pronto a trabalhar à medida
A maior fabricante portuguesa de cadeiras combina grandes séries com a oferta de soluções personalizadas
Numa aposta arrojada, a Fenabel decidiu tornar-se "o alfaiate de cadeiras do mundo". "O que nos destaca é a capacidade de produzir o que o cliente sonha, num serviço personalizado, sem quantidades mínimas. Usamos a experiência, a tecnologia e a organização para sermos flexíveis" explica Elsa Leite, diretora-geral da empresa de Rebordosa.  [Moi ici: Aposta na personalização. Apesar de manter dois modelos de negócio. A grande série e, agora, a evoluir para a personalização, espero que com subidas nas margens. Claro que frases como "combinando serviço personalizado e produção em massa" me arrepiam, pois imagino logo os problemas do stuck-in-the-middle. Ou não, talvez tenham estudado o velho Skinner]
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Zagas Apostar no desenho e na subcontratação
Especializada em móveis de sala e quarto tem modelos exclusivos de cadeiras, mas confia a sua produção a terceiros.
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"A flexibilidade é uma fatia cada vez mais interessante neste negócio", admite o administrador, a trabalhar com designers locais nos maiores mercados da empresa Reino Unido, França e Bélgica para adequar a oferta às especificidades da procura de cada um dos países. Ao mesmo tempo, procura adaptar-se a um novo modelo de negócio em que o cliente final deixa de ser a loja tradicional de móveis e as grandes centrais de compras vão ganhando terreno."  [Moi ici: Aposta no design como vantagem competitiva]


terça-feira, dezembro 02, 2014

Curiosidade do dia

Reparem no país da extrema-direita.
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Imagem retirada de "PhD gender gaps around the world"

Deflação é...

Deflação é estar esta tarde no escritório a tentar concluir um relatório e receber um telefonema da operadora de telemóvel a propor uma redução do tarifário mensal em cerca de um terço.
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E querem-me convencer que a deflação é má para os consumidores...

Porque não somos plankton (parte IV)

Parte I, parte II e parte III
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Acrescentando também "Mongo não é um mundo gigantes-friendly!"
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A grande mudança continua:
Como será visto e explicado este movimento daqui a uns anos?
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Será que alguém viu mais à frente, antes do resto da manada, e começou a agir de acordo com o tal mundo em que "we are all weird" e, em que cada vez menos gente aceita ser tratada como plankton?
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Será que alguém percebeu a incompatibilidade das mega organizações com a necessidade de paixão em Mongo?
"A paixão nas empresas é inversamente proporcional ao seu tamanho" (aqui)
Conjugado com:
"Attracting and retaining people with the passion of the Explorer requires effort. More than any extrinsic rewards, these people need an environment that will help them to grow more rapidly and achieve more of their potential. Companies would do well to ask themselves whether the work environments they provide can help to catalyze, nurture, and amplify their passion. Ambition is no longer enough; our more challenging world demands nothing less than passion." 
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Uma pérola que se recomenda

Recordo uma visita a esta unidade em Maio de 2011, uma pérola sem medo do FMI, uma pérola que não perdeu tempo durante estes 3 anos e meio.
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A única dúvida estratégica assenta nisto, o crescimento horizontal no âmbito da oferta, em vez de um crescimento vertical, subindo na escala de valor. Por exemplo, como retirar maior valor acrescentado da castanha?
  • vender castanha fresca;
  • vender castanha processada congelada; 
  • ... não há mais alternativas?

Acerca do futuro dos bancos

Conjugar "Carlos Costa: "Os próximos tempos vão ser muito exigentes no ajustamento das redes" dos bancos":
"Para o governador, esse ajustamento de estrutura e serviços é fundamental para os bancos continuarem a reduzir custos. "O sistema está sobredimensionado para o crédito que concede e para o estádio tecnológico em que se encontra. A racionalização é necessária", justificou."
Com "Banks As Commodity Utilities In A New Payment World":
"payment processing is in danger of becoming a commodity, but the threats to incumbents span much wider than payments.
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P2P lending is no longer limited to payday loans and consumer finance. Social Finance has already entered the student loan segment with over $1.3 billion in refinanced student loans and is targeting the first-time home buyers and the corresponding mortgages in its next move.
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80 percent of the investments in the U.S. P2P market originate from private equity and hedge funds, where the latter uses P2P loans as a way to invest directly in the debt market without commercial banks as intermediaries.
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At the same time crowdfunding platforms like Kickstarter are providing new funding options for capital-seeking businesses,"
Como dizia Reagan, caro Carlos Costa:
- You ain't seen nothin' yet 

segunda-feira, dezembro 01, 2014

Curiosidade do dia

Uma forma realista de ver as relações numa empresa:
Imagem retirada daqui.

"There are no silver bullets"

Como eu aprecio esta abordagem de Spender:
"There are no silver bullets, simple explanations, formulae, or if–then causal models, no acceptance that things are merely what they seem to be. The world, of course, is not a simple place, we have to work hard to engage it with our minds, and reduce its complexity to the point we can think logically about it and commit to action with some confidence. Actually the philosophizing is not complicated, it is an everyday practice. [Moi ici: Como não recordar o texto do Eclesiastes] Doubt is key - we must remain open to the possibility that things are not what they seem, that we have been misinformed, that things will not turn out as expected, that we have to act afresh to keep things headed in the right direction. Behind this is the recognition that the possibility of profit hinges entirely on the interplay of doubt and surprise.
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Value, profit, and growth are the imagination’s artifacts as it engages a framed unknown; they are not the product of rational analysis. Neither are they the product of resources, designs, or logical mechanisms that transform resources into products and services.
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Life (and managing) is a situation of persistent doubt and uncertainty—hence the acronym FUD (fear, uncertainty, and doubt). [Moi ici: Quantos  "funcionários" perceberão o alcance desta afirmação?] Fear may seem excessive when it comes to business affairs, but if I was wholly invested in a single enterprise I might get the jitters too. U and D are essential states of mind for any strategist with something at stake, with skin in the game."