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quinta-feira, agosto 08, 2024

Começar de onde se está.

Em 2015 tomei consciência da diferença entre o que penso sobre formulação de uma estratégia e o que os livros de gestão apresentam e escrevi este postal: Do concreto para o abstracto e não o contrário. Hoje, sinto que a coragem para assumir a diferença teve a colaboração do que aprendi com a effectuation (começar com o que se tem à mão).

Esta semana li mais um artigo de Roger Martin que me deixou com um sorriso, "The Best Place to Start - It's Where You Are".

O título de Roger Martin realça a importância de iniciar qualquer processo de melhoria ou mudança a partir da realidade actual. 

O título sugere que, para abordar eficazmente qualquer problema ou desenvolver uma estratégia, é necessário primeiro entender e aceitar a situação actual. O planeamento estratégico e a resolução de problemas devem estar fundamentados nas circunstâncias reais e existentes, em vez de em cenas idealizadas ou teóricas. Check!

Roger Martin usa o termo POSIWID, o princípio POSIWID para “The purpose of a system is what it does." Começando de onde se está, pode-se avaliar com precisão o que o sistema actual produz, o que é crucial para tomar decisões informadas e realizar melhorias. Check!

Roger Martin refere um incidente com a equipa de futebol do Canadá nos Jogos Olímpicos que decorrem agora em Paris (a equipa usava um drone para espiar os treinos dos adversários, foram descobertos e o treinador desculpou-se dizendo que aquilo não representava a equipa e os seus valores) para sublinhar a importância de reconhecer e aprender com os resultados reais de um sistema, em vez de negá-los ou distanciar-se deles. Começar de onde se está envolve assumir os resultados e comportamentos presentes do sistema. Check!

Assim, desenvolver uma estratégia deve passar pela compreensão dos resultados reais e das lacunas entre os estados actuais e desejados. Começando pela realidade presente, as estratégias podem ser desenvolvidas e implementadas mais eficazmente, contrastando com começar a partir de uma visão imprecisa ou aspiracional da situação. Check!

segunda-feira, julho 22, 2024

Acerca de monumentos fálicos

 Julgo que foi assim que nos encontramos, o Peliteiro e eu:

Abril de 2008 - Um caminho para a farmácia do futuro? 

Balanço de 2018 - A farmácia do futuro (parte VII)

BTW, julgo que a minha estória com o tema começou em Abril de 2007 - Estava escrito nas estrelas...

Há uma teoria que procura explicar o comportamento dos empreendedores bem sucedidos que dá pelo nome de "effectuation". Um dos seus princípios é:

"Bird in Hand Principle – Start with your means - Entrepreneurs start with what they have"

Algo na linha do que aprendi sobre a America Latina Logística. Por que engonhamos tanto? Porque temos políticos que nunca tiveram a experiência de vida que os preparasse para o "Bird in Hand Principle". Por isso, o seu modelo mental é mais: ir ao poço sem fundo da impostagem aos saxões para fazer grandes monumentos fálicos (tretas) que não funcionam. Por isso, falta-lhes a humildadee agilidade para aproveitar o que têm à mão.

quinta-feira, setembro 14, 2023

Relacionar pessoas e desempenho nas organizações

Um artigo interessante na MIT Sloan Management Review deste Outono, "Identify Critical Roles to Improve Performance" de Boris Groysberg, Eric Lin, Abhijit Naik, e Sascha L. Schmidt. Em linha com o que aprendemos e desenvolvemos há quase 20 anos na perspectiva dos recursos e infraestruturas do mapa da estratégia de um balanced scorecard.

"Talent can be a source of competitive advantage only if great people are in the most critical roles. Having stars in jobs that aren't critical is just a waste of talent. [Moi ici: Este trecho não sublinhado fez-me recordar o valor da morte, do qual saltei para a monotonia dos Brothers Dawn, Day e Dusk da série Foundation]

It's accepted wisdom in strategy execution that focused application of concentrated strength - identifying, developing, and leveraging critical capabilities - is required for success. Yet until these capabilities are translated into specific roles, with systems in place to ensure that high-quality employees occupy such positions, a strategy is just an intention

...

Every organization or function is similarly likely to have its own underappreciated roles. While the sales team may land the account, it could be the service department that keeps that account renewing each year.

Talent scarcity matters, too.

...

In critical roles where exceptional talent is scarce, having performers in such roles is doubly important.

...

Moving people through different settings not only gives them a chance to develop and grow, it also enhances the data, allowing more precise measurements of the impact of roles and the people performing them.

...

The hallmark of a good strategy is one where the sources of competitive advantage are interlocked with other strategic commitments, making it difficult to copy. Finding key roles and building an organization around those roles may be more defensible than finding hidden stars, since the strategic advantage is tied to how organizations support these roles and develop pipelines to fill them.[Moi ici: O que é isto senão o que faz o empreendedor. Recordar a effectuation. Trabalhar com o que se tem à mão (Bird in Hand Principle)]

...

Strategy is about defining how to win - it requires committing to capabilities that are unambiguously the best in class. But no company can be the best at everything; a winning strategy requires focus and a keen awareness of what roles are disproportionately critical - and investing appropriately. Failing to acknowledge this puts the entire strategy at risk. By translating abstract capabilities into concrete jobs, organizations are much better positioned to make their strategies a reality.

Leaders can take a page from the soccer playbook and consider the following lessons for their own organizations: Know your critical roles and where you need to invest. Despite being a less visible role, defenders matter more than other positions for winning soccer games. Insight into where difference-making roles exist should guide attention and investment when it comes to recruiting, developing, and retaining talent. While it is important to know your key contributors, it is just as important to know where you have deficits in critical roles.

Additionally, critical roles may change over time. As the competitive landscape evolves, difference-making positions can also change. Winning consistently requires monitoring not only what the critical roles are but how they might be shifting. [Moi ici: E voltamos ao papel da morte]

...

Having insight on critical roles may not only inform your strategy - it may be a source of competitive advantage in itself."

sábado, janeiro 14, 2023

Produtividade, apoios, e destruição criativa

Ontem ao fim da tarde li "Swedish PM Kristersson says EU needs to discuss competitiveness, not just state-aid":

""We need to start a real discussion on how to improve productivity, how to enhance competitiveness and how to attract more companies based on our own capabilities and not based on long-term state aid rules," Ulf Kristersson told reporters during a media conference with European Commission President Ursula von der Leyen."

Se recordarmos Maliranta no que escrevi em 2007:

"It is widely believed that restructuring has boosted productivity by displacing low-skilled workers and creating jobs for the high skilled."

Mas, e como isto é profundo:

"In essence, creative destruction means that low productivity plants are displaced by high productivity plants." 

Por favor voltar a trás e reler esta última afirmação.

E o grande finale:

"As creative destruction is shown to be an important element of economic growth, there is definitely a case for public policy to support this process, or at least avoid disturbing it without good reason. Competition in product markets is important. Subsidies, on the other hand, may insulate low productivity plants and firms from healthy market selection, and curb incentives for improving their productivity performance. Business failures, plant shutdowns and layoffs are the unavoidable byproducts of economic development."

Também recordei logo estes gráficos:

Depois, recordei o capítulo "Bricolage" do livro "The Upside of Uncertainty" de Nathan Furr que li durante a caminhada matinal:

"Sometimes we wait to start taking action because we feel we don’t have the resources we need. But there is an abundance of evidence to suggest that successful innovators do just the opposite, getting started with what they have rather than waiting till the conditions are perfect. Bricolage is a French word coming from the medieval verb for “to fiddle or tinker”; sociologists use it to describe how innovators use what they have on hand to do something. Bricolage is closely related to one of the most prominent explanations of how entrepreneurs succeed, a process called effectuation
...
RCA Victor, one of the dominant players in TVs and radios, recognized the disruptive potential of the transistor and so authorized a landmark $100 million investment in R&D to one day replace vacuum tubes with transistors. But in another corner of the world, a scrappy, young Japanese company named TTK, a newcomer to the industry, adopted a very different approach. Instead of pouring money into R&D, they decided to use the transistor to make a small, portable radio. The transistors were so weak that the radios were poor quality compared to RCA’s (the sound was tinny and weak), but people with small budgets and teenagers who wanted to get out of the house to listen to rock and roll loved them. TTK sold tens of thousands of radios, improving them with each production run until their transistors became so good, the company realized they could use them to make TVs. RCA was already making big color televisions for the mainstream market, and TTK could only make tiny, black-and-white TVs, but these proved immensely popular for people who couldn’t afford or didn’t have a place for big TVs. “Once again, TTK sold tens of thousands, improving with each round of bricolage and learning by doing until the once-tiny company, now named Sony, disrupted RCA’s main market with cheaper, more reliable color televisions and radios. Although RCA had started with far more money, they never really caught up to Sony’s bricolage approach."
Tudo isto me leva a pensar num texto que tenho a fermentar na mente há dias sobre  objectivos versus processos.




sexta-feira, maio 21, 2021

O ponto âncora

Já em tempos publiquei esta imagem:

Agora acrescentei-lhe o foco nas estruturas, sistemas e cultura.

Ao reler “What's Your Competitive Advantage?” de Paul Raspin a minha mente continua a concordar com a leitura de 2019, uma estratégia que não se traduz em acções é treta. Contudo, agora emergiu-me outra perspectiva, a associada a um postal de 2015, "Do concreto para o abstracto e não o contrário".

Trabalho para PMEs!
A PME típica não pode começar pelo abstracto, pela estratégia.
A PME típica tem de começar pelo que tem à mão.

Tendo em conta as actuais estruturas, sistemas e cultura da PME o que é que resulta? Há alguma parte do negócio que já seja competitiva, ou tenha potencial para o ser?


Esse é o ponto âncora!!!
Já escrevi sobre isto: nascemos e algures tomamos consciência que existimos:
"só depois de existirmos é que tomamos consciência que existimos.

O que quero dizer com isto?

Quero dizer que muitas empresas simplesmente existem. A vida a algumas até lhes corre bem, outras vivem aquilo que Thoreau descreveu como "lives of quiet desperation". Muito trabalho e pouca margem, muito esforço e pouco retorno.

A dor do fracasso faz com que uma minoria, páre, reflicta sobre o que lhe está a acontecer, e procure subir na escala de abstracção para arranjar uma alternativa que melhore os resultados, que aumente o retorno do esforço. Outros, têm empresas que estão a resultar, que até estão a ter bons resultados, mas conseguem que dentro deles emirja a questão: Por estamos a ter sucesso? A estes chamo de 'batoteiros'. Os 'batoteiros' são os que reconhecem que até têm uma receita que está a resultar mas não percebem porquê. E, porque querem sentir o controlo sobre a coisa, porque querem fazer aumentar o rendimento do que fazem, procuram tomar consciência do que é que está a resultar.

Acredito que muitas empresas não tem consciência de qual é, ou qual deve ser a sua 'receita' para o sucesso. Não há que ter vergonha dessa tomada de consciência. Afinal não é o que acontece connosco como seres humanos? Primeiro existimos e só depois tomamos consciência que existimos."
A partir do que está a resultar, vê-se pelos resultados. Ou a partir do que tenho, não tenho mais nada, o que poderá dar-me resultados?

Olhar para o que suporta ou pode suportar:
Subir na escala de abstracção para perceber o que está na base do sucesso actual ou poderá estar na base de um sucesso futuro assente no que tenho. Olhar para o contexto e para o ecossistema de um ponto de vista sistémico para perceber as "leis" que devem ser seguidas: reforçando o que já se faz (o meu clássico fazer batota), ou mudando a agulha para passar a fazer.

Agora, ciente do universo onde se está e das suas "leis" olhar para a frente, para o concreto, para o que precisa de ser feito, para o que precisa de ser transformado:
O ponto de partida é o ponto âncora. O que tenho? O ponto de partida da "effectuation":
"Bird in Hand Principle – Start with your means. Entrepreneurs start with what they have: Who they are, what they know and who they know."


segunda-feira, setembro 21, 2020

Quando o mundo muda - o imperativo de fuçar

 Lembram-se de Abril passado "for at least the next couple months every organisation in the world is a startup"? Quando o mundo muda é perigoso manter o pensamento que gerou o sucesso no mundo anterior. Há anos que escrevi esta série "Parte VI – Zapatero e os outros".

"Firms that apply planning strategies (i.e., elements of causal behavioral logic) with a focus on accurate predictions and analysis of changing situations tend to outperform those that do not. With its emphasis on actions guided by predefined goals, causation helps firms to efficiently manage scarce resources that are of particular importance for firms operating in emerging market contexts.

...

Yet, in emerging markets during adverse economic conditions, which are, by nature, extremely turbulent and uncertain environments, formal planning activities fail to produce the desired results. The future stops being predictable enough for forward‐looking analyses, and the conventional strategic and marketing analytical tools fail to provide a robust basis for an effective decision‐making process. As such, in the crisis context, prior plans become largely obsolete and ineffective. Following them leads to SMEs' incapacity to adapt and be flexible in the fast‐changing environment; indeed, in extreme cases, the firms might be better off abandoning any pre‐planned actions altogether, as implementing them are unlikely to lead to an improvement of the situation. This negative effect of crisis on causation's effectiveness gets even more pronounced in the sample of firms that are particularly affected by a macro‐level crisis, which shrinks their resource base while also preventing acquiring the resources in the market. In other words, a severe level of crisis impact on a particular firm might deprive it of the resources needed to implement the pre‐planned activities, thus eliminating the possibility of a positive performance pay‐off from causation.

Moreover, the organizational crisis reduces the scope of possible actions that get into the plans because of the threat‐rigidity reaction. That is, the quality of the causation‐based planning is likely to suffer for the SMEs affected by a crisis in an emerging market. In particular, a crisis limits the decision‐makers' ability to conceive of actions that are different from traditional ones, constraining the scope of analyzed alternatives to only familiar solutions. Firms become strategically “rigid,” choosing to perpetuate established routines and leverage existing competencies, even though they are likely to turn obsolete, leading to the firm‐level crisis in the first place. Thus, in the contexts of major crises, planning‐based logic leads to rigidity that blinds the decision‐makers to emerging opportunities and unexpected courses of action; it inhibits the flexibility and adaptability that are of particular importance for SMEs while they help to eliminate their deficiencies in the midst of crisis.

...

The effectual behavioral logic, [Moi ici: Recordar "The effectual Logic" que traduzo na minha linguagem mais colorida como "fuçar" e na "A vantagem da ignorância] on the other hand, imposes losses on a firm in emerging market contexts under low crisis (when planning seems to be a preferable strategy), yet becomes a driver of performance in situations characterized by high levels of crisis. With respect to performance variability in an emerging market, effectuation acts as a “booster” in low‐crisis conditions yet stabilizes the performance in high‐crisis times."

Trechos retirados de "Navigating the emerging market context: Performance implications of effectuation and causation for small and medium enterprises during adverse economic conditions in Russia

 

domingo, março 15, 2020

Quantas empresas (parte X)

Parte I, parte II, parte IIIparte IVparte Vparte VIparte VIIparte VIII e parte IX.

Este é percurso a seguir por uma empresa virtual de calçado em busca do próximo modelo para funcionamento na Fase IV.


É preciso descobrir o(s) novo(s) mercado(s), seleccionar aqueles que parecem ser os primeiros clientes, validar essas hipóteses, para só então começar a fazer crescer o negócio.
É preciso aprender a perceber os problemas, as expectativas e necessidades dos hipotéticos novos clientes, é preciso desenvolver um modelo de abordagem comercial, um modelo de venda que possa ser replicado, é preciso criar e gerir a procura para, por fim, transitar um modo de descoberta e aprendizagem, um modo de tentativa e erro, para um modo de empresa, um modo de execução eficiente.

Descoberta do cliente
Descobrir quem são os clientes, qual o nicho a servir, qual o produto procurado e qual o problema que esses clientes procuram resolver. A tal startup, ainda que virtual, referida na Parte IX, não é uma réplica em escala reduzida de uma empresa. Uma start-up é uma experiência. Os empreendedores têm uma ideia que nunca foi testada no mercado. Essa ideia tem clientes? Quais? Onde estão? Essa ideia materializa-se em que tipo de produto ou serviço?

Qualquer start-up, numa fase inicial, está em modo "search", pesquisando sucessivas hipóteses de clientes e produto. Nesta fase o "fail often, fail well, fail fast" é fundamental: testar hipóteses sobre a combinação clientes-produto e descartar rapidamente as que não funcionam, o que no mundo das startups é conhecido como "pivoting". Nesta etapa, o empresário tornado empreendedor, não tem ninguém por quem copie sobre o que fazer para ter sucesso. Tem de criar o seu futuro, tem de testar alternativas de futuro. Saras Sarasvathy e a sua Teoria da Efectivação pode ser útil. Segundo a Teoria da Efectivação o empreendedor é como um piloto na cabine de um avião, o futuro é algo que se pode influenciar como base nas decisões que se tomam, ou seja, o empreendedor pode criar as suas próprias oportunidades:

Os quatro princípios da efetivação são:
  • Um pássaro na mão: O empreendedor precisa criar soluções com os recursos que tem disponíveis aqui e agora.
  • O princípio da limonada: Erros e surpresas são inevitáveis e podem ser usados para procurar novas oportunidades.
  • A colcha criativa: Entrar em novas parcerias pode trazer ao projecto novos fundos e novas direcções.
  • Perda comportável: O empreendedor deve investir apenas o quanto estiver disposto a perder.

Assim, o melhor que o empreendedor pode fazer é começar por si, pela sua empresa da Fase III.

Olhar para nichos de clientes com os quais tem uma relação especial, com os quais continua a ganhar bom dinheiro, e gerar perguntas, e gerar hipóteses: Que experiência foi adquirida ao longo do tempo?
É olhar para nichos de clientes actuais, e gerar hipóteses: por que é que este tipo de clientes me continua a comprar? Quais são as vantagens que a minha empresa actual tem? 

Qual é mesmo o negócio em que está metido ao trabalhar para esse tipo de clientes de nicho? É muito provável que a resposta certa não seja a primeira que lhe vem à cabeça. Um cliente de nicho não compra sapatos, compra uma paixão, compra a solução de um problema, compra o diálogo e a capacidade de comunicar, experimentar, compra a cumplicidade de alguém que o percebe. Os sapatos são como que contratados para fazer um trabalho na sua vida. Qual é mesmo esse trabalho?

O empreendedor deve perguntar: Quem conhecemos? Conhecemos alguns potenciais clientes de nichos? Conhecemos alguém que conheça potenciais clientes de nichos? Conhecemos alguém que conheça intervenientes no modelo de negócio dos clientes de nichos?

O empreendedor deve começar com o que tem, arriscar o que pode pagar, estar aberto a surpresas positivas e procurar relacionar-se com outros.

A ideia é seleccionar um nicho com potencial, desenvolver uma proposta de produto, uma amostras ou protótipos, e sair da empresa e ir para a rua, e ir para o mercado à procura da validação do cliente.

Continua.

domingo, agosto 25, 2019

Parasitas, hospedeiros e economia

"When organisms encounter novel environmental conditions – a new habitat, a changed climate, a change in resources – they survive and persist (achieve realized fitness) where and if they “fit” by means of characters they already possess. In other words, successful establishment in a novel environment requires species having reaction norms that already include conditions in the novel environment. For the species to persist, colonists facing ecological novelty must achieve realized fitness within a more or less evolutionarily unfamiliar web of species (predators, prey, competitors, symbionts, etc.) using traits they already possess. Thus within any given ecological community, and depending on time and contingency, at least some traits relevant to observed species interactions will have evolved elsewhere under different conditions, but were later co-opted or exapted to form new, ecologically fit, interactions."
Interessante analogia entre a biologia e a economia. Quando uma organização percebe que tem de mudar de vida não o pode fazer livremente, tem de ter em conta o seu ADN, a sua experiência. Um pouco como na "effectuation", começar pelo que se tem à mão.

O que me faz recordar Hausman e a sua frase "Os macacos não voam. Macacos trepam às árvores"

Trecho retirado de "How specialists can be generalists: resolving the “parasite paradox” and implications for emerging infectious disease" de Salvatore J. Agosta; Niklas Janz & Daniel R. Brooks, publicado por ZOOLOGIA 27 (2): 151–162, April, 2010

segunda-feira, janeiro 28, 2019

É nestes momentos de mudança ... (parte III)

Parte I e parte II.

Por que é que o balanced scorecard entra em alta nestas épocas de mudança acentuada?

Quando a paisagem competitiva muda, uma empresa tem de se adaptar à nova realidade, tem de se transformar.

A adaptação passa por saber responder a algumas questões:

  • O que tem de ser alterado?
  • E tem de ser alterado para que estado?
  • E como fazer essa alteração
Quando começo a trabalhar o conceito de estratégia numa organização costumo dar o exemplo de Bruce Jenner

Competir no espaço competitivo A requer uma especialização diferente da ideal para competir no espaço competitivo B. Portanto, quando a paisagem competitiva muda uma empresa tem de saber interrogar-se sobre como terá de responder a essa mudança.

O destino dessa mudança, arrisco dizer, não é resultado de uma decisão técnica. Ninguém pode chegar a uma organização e decretar: O vosso novo paradigma competitivo deverá ser X!

Qualquer decisão sobre o destino da mudança deve ter em consideração a história, a experiência da organização - o tal espaço de Minkowski: as posições ocupadas anteriormente limitam as possibilidades de posições a ocupar no futuro. Deve ter em consideração as pessoas concretas que a operam e dirigem, a sua idiossincrasia.

Formular uma hipótese, hipótese porque não se têm certezas absolutas, acerca de um novo paradigma competitivo para uma PME, organização cheia de restrições e constrangimentos de ADN e de recursos, requer começar pelo que se tem (vale a pena reflectir sobre as lições de Sarasvathy e da effectuation)
Quem somos?
O que sabemos?
Que experiências temos?
Quem conhecemos?
O que é que pode funcionar como vantagem competitiva na nova paisagem competitiva?

Sim, é a minha epifania de Outubro de 2015, temos de começar pelo concreto e não pelo abstracto.

Assim que respondemos à pergunta sobre o alicerce fundamental: qual é a vantagem competitiva sobre a qual vão desenvolver a actividade na nova paisagem competitiva?

Surge uma nova pergunta: para quem vamos trabalhar? Quem podemos servir com essa vantagem competitiva? E quem nos pode ajudar a fazer esse trabalho?

E é aqui que começa a entrar o balanced scorecard, como ferramenta para organizar um conjunto de objectivos estratégicos como forma de alinhar a execução de uma estratégia.

Estratégia será a nossa forma de sistematizarmos o que temos de fazer bem, ou muito bem, para servir o ecossistema de partes interessadas relevantes na nova paisagem competitiva.

Quem são os clientes-alvo e as outras partes interessadas relevantes? Uma das formas de identificar os clientes-alvo passa por olhar para a lista de clientes-actuais e perceber: Com o mercado a mudar, a quem estamos a vender mais? A quem estamos a vender com melhores margens? 

Conseguimos olhá-los olhos nos olhos? Não são estatísticas são entidades reais. Por que nos preferem?

Os clientes são egoístas, não escolhem uma empresa pelos seus lindos olhos, mas porque acreditam que ela é a melhor solução para os desafios que pretendem vencer e os objectivos que pretendem atingir.
Continua.

terça-feira, outubro 09, 2018

"there are two very different types of optimism"

"The practical insight is that there are two very different types of optimism. Complacent optimism is the feeling of a child waiting for presents. Conditional optimism is the feeling of a child who is thinking about building a treehouse. “If I get some wood and nails and persuade some other kids to help do the work, we can end up with something really cool.”
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What the theory of endogenous technological progress supports is conditional optimism, not complacent optimism. Instead of suggesting that we can relax because policy choices don’t matter, it suggests to the contrary that policy choices are even more important than traditional theory suggests."
Faz-me recordar:
"O presidente de uma associação não pode e não deve falar impunemente. Deve ser consequente, deve ser responsável. Não deve mentir mas deve dar esperança. Não esperança cor de rosa, não esperança mágica mas esperança com base nas oportunidades que possam existir." 

Trecho retirado de "Conditional Optimism about Progress and Climate"

segunda-feira, setembro 03, 2018

Clientes-alvo e ADN

"The lesson: Growth is best achieved by making things simpler for your customer rather than for you.
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The underlying trouble had been McDonald’s working from an inside-out perspective: what fit with its current infrastructure and operations. It had tried to listen to customers, but paid attention only to what was workable within its existing capabilities.
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[Moi ici: O que se segue também deve ser lido à luz de Mongo e da importância crescente das estratégias de diferenciaçãoProduct expansion is often used as a path to growth, but it can have unintended consequences for other aspects of the business — including the customer experience central to the company’s value proposition. Indeed, current trends are moving away from broad offerings in many industries. A recent poll had 64% of consumers saying they would pay more for a simpler, more convenient experience. The trick is, growth strategies have to fit the company’s current context, especially its brand promise and its target market. [Moi ici: As consequências desta evolução... uma vez que a procura, por todo o lado, se está a diferenciar, se está a segmentar] Once they have a strategy to fit the context, they can sequence out the various steps to implement it.
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Boosting growth requires intentional decision making that starts from the outside in. That doesn’t only mean being customer-centric. You have to reframe your strategic moves to serve those customers around the current and future market context, not the past. You also have to resist the temptation to try everything with your customers and hope something will stick. You need to understand trade-offs, and resist seemingly attractive moves that have undesirable long-term consequences."
Começar por uma perspectiva outside-in é fundamental. É preciso focar quem são os clientes-alvo. No entanto, não esquecer que uma PME tem de começar pelo seu ADN. Recordar a effectuation e o concreto.


Trechos retirados de "Why Adding More Products Isn’t Always the Best Way to Grow"

terça-feira, maio 15, 2018

Bricolage

"The absence of substantial resource endowments restricts the ability of most new firms to innovate. The majority of new firms therefore never create any discernible innovative outcomes during what are often rather short-lived and mundane struggles to create value.
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Yet, against these considerable odds, substantial subsets of new firms do manage to innovate. Remarkably little theory or research identifies or explains the patterns of behavior that differentiate new firms that manage to innovate from those that remain largely imitative. ... we know very little about the patterns of behavior that permit some resource-constrained firms to innovate while so many other similarly situated firms languish. In this paper, we draw on recent studies of entrepreneurial “bricolage” to develop and test theory that suggests that by engaging in bricolage, new firms may thereby improve their innovativeness.
...
First, “making do” implies “a bias toward action and active engagement with problems or opportunities rather than lingering over questions of whether a workable outcome can be created from what is at hand.” In a related manner, it implies “a refusal to enact resource limitations,” which means that firms engaged in bricolage are willing to experiment and tinker and try to find ways to accomplish goals without worrying too much about whether they have the “right” tools, resources, or skills at hand. [Moi ici: Fuçar em vez das tiradas da tríade] Whereas resource constraints might cause many other firms to refrain from attempting new activities, firms engaged in bricolage persist in trying to find ways of addressing new challenges. Second, bricolage relies on “the resources at hand,” which includes both the firm’s internal resources and external resources available cheaply or for free. Firms engaged in bricolage frequently find value in inputs that other firms view as worthless, which can be particularly useful when operating under substantial resource constraints.
...
firms engaging in bricolage will tend to create more innovative solutions than firms that do not use bricolage: bias for action, and recombination. First, the baseline expectation in prior theory in entrepreneurship is that many resource-constrained firms behave as if innovativeness requires slack resources. That is, they simply do not even attempt to innovate, but rather choose to do nothing when facing new opportunities and challenges for which an appropriate response would seem to require expensive new investments.  [Moi ici: Recordo Taleb e a frase, "stressors are information" ou "pain is information". Sem dor não há energia de activação para que a empresa passe a um nível superior. Mais uma razão para criticar o activismo dos governos de turno que impedem que as empresas se reinventem] In contrast, firms engaging in bricolage demonstrate a bias for action through a drive to overcome obstacles and a willingness to find ways to make do with the resources at hand. They are willing to treat as resources what other organizations might see as worth- less. This may include material, ideational, or human inputs.A second characteristic of bricolage promoting innovativeness is the recombination of existing elements."

Trechos retirados de "Bricolage as a Path to Innovativeness for Resource-Constrained New Firms", de Julienne Senyard, Ted Baker, Paul Steffens, e Per Davidsson, publicado por J PROD INNOV MANAG 2014;31(2):211–230.

domingo, maio 13, 2018

Effectual Logic

Muitas vezes dou comigo a regressar a este postal de Outubro de 2015, "Do concreto para o abstracto e não o contrário". Pensar estratégia para PME deve ser diferente de pensar estratégia para empresas grandes. As PME têm de partir do que têm e não se podem permitir entrar em ilusões de rico, ""analisamos os meios que temos e imaginamos futuros possíveis" (parte II)".

"Causation is when actions are made based on predetermined goals and focuses on the selection between available means to achieve those goals. It begins with the identification and exploitation of opportunity in the existing market, followed by a series of tasks that include extensive market study and detailed competitive analyses to develop a business plan. In order to implement the plan, resource acquisition and interaction with different stakeholders by developing partnerships takes place.
.
In contrast, effectuation focuses on choosing between possible objectives that can be created with the set of available resources (who I am, what I know, whom I know). Who I am includes these characteristics; for example traits, preferences, skills, abilities, passions, assets; what I know consists of prior knowledge including; education, training and expertise, knowledge from life, and informal learning. Lastly, who I know includes the social and professional networks. [Moi ici: Tudo isto tem a ver com a importância da idiossincrasia] Those goals are constructed and evaluated within affordable losses rather than expected returns. Effectuators then seek to co-create those goals through negotiating with various stakeholders who are willing to make actual commitments. These commitments add new resources to the pool of means to achieve new goals (markets, products, and firms). Effectual logic is focused on co-creating the future by the use of intangible resources, utilising co-creation of value and relationships. Effectual and causal logics are different in terms of having two different processes at their foundations.
...
when an individual uses causal logic they begin with a given goal, decision-making is based on expected returns, execute competitive advantage and conduct comprehensive market study, exploit pre-existing knowledge and try to predict the future. Whereas individuals uses effectual logic begin with a given set of means, decision making based on affordable loss, emphasize strategic alliances and exploit contingencies, and seek to control and embrace unpredictable future.
...
“Bricolage” is “making do by applying combinations of resources at hand to new problems and opportunities
...
Effectuation is characterized by flexibility, experimentation and affordable loses. Those characteristics allow service innovation to take place. In causal approach, outsiders are perceived as competitors or threats, while in effectual approach, customers, suppliers, workers even competitors are perceived as potential partners who can help in crystalizing the service by adding new means or goals. [Moi ici: Os meus queridos ecossistemas] Bricoleurs involve customers, suppliers and other parties to solve a problem or launch/improve service innovation. Collaboration expands the pool of available resource and helps to broaden ones expertise."
Trechos retirados de "Causation and Effectuation in the context of Service Innovation in small, independent firms - Integration and management of resources and capabilities"

sexta-feira, outubro 07, 2016

"to base critical decisions on inner strengths and convictions rather than on alleged external needs"

Costumo escrever e defender que uma PME deve começar pela sua identidade, pela sua experiência, por aquilo que tem (recordar a effectuation). Por isso, isto toca-me:
"Choose Your Destiny Plasticity guides companies to base critical decisions on inner strengths and convictions rather than on alleged external needs.
...
purpose: the unbreakable conviction about what the company stands for, something that cannot be traded for something else. Having this vision is probably the most indispensable element. To develop and survive in a competing world, companies also must have a reason for being. If they are only followers mimicking the leaders, they are destined to die."
Trechos retirados de "Corporate Plasticity: How to Change, Adapt, and Excel

segunda-feira, fevereiro 29, 2016

A galinha do vizinho ...

"Established enterprises don’t get anywhere by wishing they could operate like startups. The key to success in any business is leveraging the assets you do have instead of whining about the ones you don’t."
Faz-me lembrar aqueles comentadores económicos e políticos que em vez de terem em conta o perfil de empresas que existem em Portugal, imaginam cenários e clamam por engenharia social para criar amanhãs que cantam com outro perfil de empresas.
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Recordar o primeiro princípio da effectuation e "Vantagem é uma classificação subjectiva"

Trecho retirado de "The Goliath Advantage"

quinta-feira, fevereiro 11, 2016

Para pessoas e para PME

Aqui no blogue escreve sobre o advento do Estranhistão (ou Mongo). Ainda esta semana sublinhava uma mensagem da CEO da IBM que parecia retirada daqui:
"And value will be for individuals not for segments.
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You will see the death of average ... and instead you will see an era of YOU"
Esta tendência suporta uma narrativa deste blogue: a vida no futuro será cada vez mais difícil para os gigantes, porque as pessoas não querem ser tratadas como plankton e acham os gigantes "Too Big To Care".
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Talvez porque habite em Portugal, concentro-me em chamar a atenção das PME para o potencial que o Estranhistão carrega consigo. Para muitos pode parecer loucura mas para mim é tão claro que o futuro será muito mais risonho para as PME que com uma estratégia assumam a interacção, a co-criação de valor, as plataformas, os ecossistemas.
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Esko Kilpi, talvez porque habite na Finlândia, está um pouco mais à frente e já não pensa nas PME mas na etapa seguinte, nas pessoas, nos freelancers, nos empreendedores.
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Primeiro, a Finlândia. Enquanto a geração egoísta cá do burgo se empertigava toda por causa da reacção da Finlândia ao empréstimo a Portugal nós escrevíamos vários postais, desde 2009 até ao de Agosto de 2015 em "A lição finlandesa". A revista The Economist do passado dia 6 de Fevereiro traçava um retrato da actualidade finlandesa em "Permafrost". Não é um ambiente bonito. O velho continua a morrer e o novo ainda não mostra a sua graça, ou seja, os finlandeses ainda estão a fuçar, à procura de alternativas.
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É neste ambiente que Esko Kilpi escreve e é influenciado. E gostei muito de "A new agenda connecting people and business":
"The definition of an employee is “somebody who works for another person or a company for pay”. It is then not about you, but about what the other people want of you, and, they don’t really want you, but what you can do, your competences.
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The post-industrial revolution is a revolution in power. More and more opportunities are democratized. The new power is vested in knowledgeable people. Just as the industrial revolution catered to managers and firms, the post-industrial world rewards individuals and networks.
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[Moi ici: Acho interessante, na argumentação usada para as pessoas, o facto de eu a usar há anos aqui para as PME. Diferenciação, saber que há sempre uma alternativa ainda que tenha de ser construída, formulada, trabalhada] “Onlyness is what only that one individual can bring to a situation. It includes the journey and passions of each human.”
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I interpret “Onlyness” as a form of responsibility that grows from your own context. [Moi ici: Muito de effectuation também] Response-ability, the ability to choose what you do is one of the key work skills in the future. [Moi ici: O trecho que se segue é precioso. Quantas vezes aqui no blogue escrevemos sobre o discurso do coitadinho, o discurso do locus de controlo no exterior, o discurso da vítima...]  It is the polar opposite of the learned helplessness created during the industrial era. Learned helplessness is a belief that we are at the mercy of external forces, the managers, the employers, the markets, and not in control of what is happening to us. Martin Seligman claims that this feeling is not only learned but built in as a feature in many of our social systems, [Moi ici: Lê.se e como não recordar Constança Cunha e Sá e a sua indução de cortisol] where somebody else, by default, tells us what we should think and do. In the post-industrial world we need to make a conscious effort to clear our minds of learned helplessness. [Moi ici: O que pode passar por desistir dos media]
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[Moi ici: Reparar a seguir no paralelismo com o que escrevo para as PME em "Estratégia e pontos fortes, o ovo ou a galinha"] What would work be like if your own life, your own context would be the starting point? Should individuals then think like firms do? Just as companies today dissolve their boundaries and erase their hierarchies, so must the individual be ready to invent and reinvent herself. Many people have already started thinking this way.
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Knowledge of your abilities, interests, strengths and weaknesses is essential to becoming response-able in choosing and changing your career. These are the important personal criteria. However, the overwhelming majority of job seekers react to purely external criteria, the conditions created by employers or financial pressures. Huge life decisions often turn on external factors instead of one’s own directions for the future and the strongest practical skills one has. [Moi ici: Como não recordar esta lição] The legacy of the industrial age is strangely passive workers simply falling into their jobs. Too few people actively make a connection between what they are good at and what they do for a living. It is ironic that we wonder why people are not engaged.
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No human being is exactly like another. We are all unique combinations of talents and experiences that never existed before and will never exist again in quite the same way. No one has ever done precisely what you are now doing. No one has ever faced your future. But life is not something to step back from and admire. We never get it quite right. It is never perfect. Therefore it should always be under construction."

sexta-feira, janeiro 22, 2016

"Service-led strategy"

Esta semana, durante a realização de um workshop sobre o balanced scorecard, um dos participantes manifestou a sua estranheza pelo facto de não começar a construção de um balanced scorecard para uma PME pela definição da missão.
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Usei a argumentação que apresentei em "Do concreto para o abstracto e não o contrário" e complementei com a "effectuation" que aprecio cada vez mais (aqui e aqui também).
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Entretanto, ontem descobri este texto "The future of business is service-led strategy":
"service-led strategy — a total inversion of the traditional organisation-focused approach to strategy. The latter is still practiced by most established organisations, and is, I’d argue, one of the central reasons for their failure to adapt effectively to business in the digital age.
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Conceptually, the shift is a very simple one. Traditionally, a business would define its strategy at an organisational level, before developing products and services to execute on that strategy. Services would only be explored and progressed if they fit the plan. Ideas for new services would only be considered if they fit one of the pre-defined strategic pillars. We’ve all seen that diagram.
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This is an organisation-led strategy. It has been the mainstay of strategic thinking and the foundation of management consulting for decades. Essentially, it’s all about starting with a plan for the organisation and working out (or down) until you reach customers.
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The service-led model simply reverses this: customer-facing products and services are the focus for strategic development. The role of the organisation is to support those services effectively, with its shape and structure built and adapted to suit."
Trabalho com PME e uso a mesma abordagem:
  • A empresa está a ter resultados positivos e sente que precisa de alinhamento, foco, coerência? 
  • A empresa está a ter resultados negativos e precisa de dar a volta?
Começamos com: Quais são os clientes/produtos com quem/que têm melhores margens? Com quem/que gostam mais de trabalhar? Com quem/que têm menos concorrência?
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PS - No final, já depois de terminada a sessão a participante disse-me que a sua área de estudo era a administração pública. Só aí percebi o porquê da admiração. Numa organização da administração pública faz todo o sentido começar por perguntar e clarificar: qual é a nossa missão?
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E quem define a resposta é a tutela e, muitas vezes está escrita preto no branco no documento legal que a criou.

sábado, janeiro 02, 2016

"humans and machines will work together"

Um dos livros que recomendaria hoje a qualquer pessoa é o "David and Goliath: Underdogs, Misfits, and the Art of Battling Giants" de Malcolm Gladwell.
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Quase dois anos depois da sua leitura e julgo-o cada vez mais um convite ao optimismo e à obliquidade, ao pensar de forma alternativa e ao não tentar resolver desafios estratégicos com força bruta.
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Há uma corrente de estudo do empreendedorismo chamada effectuation, desenvolvida por Saras Sarasvathy, que se baseia em 5 princípios. O primeiro traduzo-o como "Mais vale começar com o pássaro que se tem à mão do que com dois a voar". Um empreendedor deve começar, deve recomeçar com o que tem à mão.
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Agora, juntemos as duas coisas: o primeiro princípio e o optimismo de pensar que o que temos tem de servir para alguma coisa, o que temos tem de ser um ponto forte, tem de ser uma vantagem competitiva num certo contexto.
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Recordo o que escrevi recentemente sobre as agências de viagem, outra vítima da internet "Sugestão para as agências de viagem subirem na escala de valor".
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Recordo algo que li de Kasparov sobre a vantagem do jogador mediano com o auxílio de um computador, contra um super-jogador sozinho, ou contra um super-computador sozinho, "O truque é a interacção, a co-criação. Os robots não têm hipótese!".
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Acho que esta introdução serve para este artigo "In a Self-Serve World, Start-Ups Find Value in Human Helpers":
"“A lot of companies pushed hard on the idea that technology will solve every problem, and that we shouldn’t use humans,” said Paul English, the co-founder of a new online company called Lola Travel. “We think humans add value, so we’re trying to design technology to facilitate the human-to-human connection.”
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Mr. English isn’t allergic to tech. He co-founded and served as the chief technology officer of Kayak, the booking site acquired by Priceline in 2012 for nearly $2 billion. But Mr. English often manned the customer service phone line at Kayak, and would get calls from people who had grown frustrated with online booking.
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I tried to create the best travel website on the market,” he said. “But as good as we thought our tech was, there were many times where I thought I did a better job for people on the phone than our site could do.”
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You’ve most likely experienced the headaches Mr. English is talking about. Think back to the last time you booked anything beyond a routine trip online. There’s a good chance you spent a lot more time and energy than you would have with a human.
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At one time the Internet scared travel agents because our customers had access to all of this information and they didn’t need us,” said Joe McClure, the president of Montrose Travel, a large travel agency based in Southern California. That fear was justified: There are now about half the number of travel agents working in the United States as there were in 2000, and the number is expected to continue declining, according to the Bureau of Labor Statistics.[Moi ici: Li há dias uma citação qualquer que dizia uma grande verdade]

Still, Mr. McClure said his business has lately been thriving. “What’s happened is information overload,” he said. “There is so much information out there that people research themselves into a circle and they get confused. And then they call one of my agents and say, ‘Would you just help me out?’ ”
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The Internet’s great magic is what a business school professor would call “disintermediation.” By surfacing all of the world’s information and letting each of us act on it, computers help us bypass the expensive human brokers and service people who once sat in between consumers and suppliers.
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An economist would praise the great disintermediation for its efficiency. As a customer, you may have a different reaction: Look at all the work you’re now being asked to do. Was it really wise to get rid of all those human helpers?
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In many cases, yes, but there remain vast realms of commerce in which guidance from a human expert works much better than a machine.
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[Moi ici: E terminamos com a referência a Kasparov] The rise of computers is often portrayed as a great threat to all of our jobs. But these services sketch out a more optimistic scenario: That humans and machines will work together, and we, as customers, will be allowed, once more, to lazily beg for help."

quinta-feira, novembro 12, 2015

Workshop Balanced Scorecard Porto - (Parte IV)

Parte I, parte II e parte III.

3. Seleccionar os clientes-alvo e outros parceiros

A partir da intenção estratégica, da vantagem competitiva escolhida, temos de equacionar uma história:

Conseguimos reunir um conjunto de personagens (clientes, prescritores, influenciadores, reguladores, compradores, decisores, clientes dos clientes, ...), com as suas motivações próprias e unidos por um enredo que promova relações ganhar-ganhar-ganhar?
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Quem são os clientes-alvo? O que procuram? O que valorizam? Do que fogem?
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Onde compram, em que prateleiras procuram?
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Que outras personagens têm interesses relacionados? O que procuram e valorizam? O que lhes causa "dor"?
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Como se relacionam todas num ecossistema?

segunda-feira, novembro 09, 2015

Workshop Balanced Scorecard Porto - (Parte III)

Parte I.e parte II.

2. A essência da estratégia

O BSC é uma boa ferramenta para formular e divulgar uma estratégia.
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Como pensar estratégia numa PME?
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Considerar os princípios da effectuation, tendo em conta a crónica escassez de recursos. Qual o ADN da empresa? Que estratégias emergentes são possíveis?
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Estratégia é escolher. Sim, mas dizer escolher apenas é perigoso. Quem escolhe muitas vezes não tem consciência de que escolher significa dizer sim a umas coisas e renunciar a muitas outras coisas. Por isso, estratégia é renunciar. Recordar o teste do algodão.
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Para formular uma estratégia, não começar pela análise SWOT. Pontos fortes e fracos são classificações subjectivas feitas tendo em conta posicionamentos estratégicos não conscientes ou não verbalizados. Dessa forma coloca-se a questão: o que apareceu primeiro, o ovo ou a galinha.
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Tendo em conta o recenseamento do que somos, da nossa experiência e dos resultados que geramos na vida dos clientes e na contabilidade da PME, que factores internos podem ser considerados fortes e que factores externos podem ser considerados oportunidades? Que estratégias possíveis emergem dessa conjugação?
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Estratégia é foco, estratégia é concentração. Estratégias bem sucedidas geram admiradores mas também geram inimigos!