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quarta-feira, fevereiro 05, 2025

Ambição, foco, políticos e zombies

Já por mais de uma vez referi a experiência do gorila, por exemplo em 2012, "Cuidado com os pregos no caixão (parte II)."

Entretanto ontem, durante a caminhada matinal ouvi este vídeo: 

Peterson refere a experiência e chama a atenção para um ponto importante:

"half the people who watch the video; don't see the gorilla, which is absolutely shocking, and what that means is that your ambitions blind you to the nature of the reality. Now they illuminate some reality, but they blind you to most of it, and that's fine because you're not; there's not a lot of you in some ways, you're a very pinpoint thing like a laser beam, and so so you just can't be attending to everything all the time but one of the things that you might ask yourself once you know that is that if you're suffering dreadfully then one possibility is that the fact that you're so fixed on the point that you're fixed on might be integrally related to why things are going so catastrophically wrong."

Eu gosto de ver estas reflexões aplicadas às pessoas que lideram as empresas. As empresas, porque lideradas por pessoas, acabam por evidenciar estes comportamentos. As empresas, tal como as pessoas, tendem a fixar-se num objectivo de sucesso e constroem todo o seu modelo em torno desse objectivo. Mas esse foco intenso, essa ‘visão de túnel’, impede-as de ver mudanças no mercado, novas ameaças e oportunidades emergentes. Quando finalmente percebem que o mundo mudou, já estão tão enraizadas no modelo antigo que se torna quase impossível adaptarem-se sem um choque profundo.

Durante anos, muitos gestores acreditam que a sua abordagem funciona porque continuam a gerar receita, a crescer, a conquistar mercados. Mas o sucesso cria a ilusão de que o contexto é estático e que basta continuar a fazer ‘mais do mesmo’ para perpetuar esse crescimento. Até que um dia, os alicerces mudam e, de repente, já não há mercado para o que sempre funcionou. O que antes era uma fortaleza transforma-se numa prisão.

No final do vídeo, algo que se aplica a humanos, que se aplica a empresas, que se aplica à economia, e que está intimamente ligado ao que Phill Mullan escreveu em "Creative Destruction" e que tanto critico em muitos apoios comunitários ao "DVD leadership team". Depois, pedimos aos Draghis deste mundo que elaborem relatórios que indiquem o caminho para o "streaming" à custa de ... mais apoio ao "DVD leadership team."

Isto é tão metaforicamente verdade para a zombificação da economia:
"you know, you can compare yourself in some sense to a forest fire, to a forest, you know. A forest has to burn now and then for the deadwood to clear so that the forest can actually maintain its continued existence, [Moi ici: Continuar a apoiar o "DVD leadership team" é promover a acumulação de deadwood até que se torna tóxica e mortal] and if you stop the forest from burning for a long period of time which happened in the United States when they were trying to manage the forest fires too tightly, then all that happens is the deadwood accumulates and accumulates and accumulates and accumulates and accumulates until the whole damn forest is deadwood, and then lightning hits it, and it burns so hot that it burns the top soil off and then there's nothing left nothing grows, and so that's a good moral lesson which is don't wait too long to let the damn deadwood burn off you know maybe a little self immolation on a daily basis might be preferable to burning yourself all the way down to the bedrock you know once every 20 years or so because maybe there won't be anything left of you when you do that and you know that happens to people all the time"

 

Quando uma empresa começa a falhar, a tendência natural dos políticos e das instituições é tentar salvá-la com subsídios, incentivos e medidas de protecção. Mas, muitas vezes, isto não passa de um prolongamento artificial da vida de algo que já deveria ter sido renovado ou substituído. Em vez de permitir que o ‘deadwood’ seja queimado e dê espaço para algo novo crescer, continuamos a alimentar estruturas obsoletas, tornando a economia menos dinâmica e mais dependente de apoio externo. A acumulação de ‘deadwood’ – empresas que já não inovam, que sobrevivem apenas à custa de apoios, que não têm futuro mas recusam morrer – é um fardo para o ecossistema económico. Quanto mais tempo adiamos essa renovação, mais catastrófica será a próxima crise.

Se evitamos a mudança e bloqueamos a destruição criativa, criamos um sistema rígido e ineficiente. Quando finalmente chega a crise inevitável, a devastação é total. É como impedir pequenos incêndios na floresta durante anos, até que um dia tudo arde de forma descontrolada. Os políticos, em vez de facilitarem a renovação, perpetuam o problema ao injectar dinheiro em estruturas falidas, enquanto novas ideias e modelos de negócio lutam para emergir.

quinta-feira, janeiro 30, 2025

Ver para lá do que se conhece (parte VI)

Ver para lá do que se conhece - Parte Iparte II, parte III, parte IV e parte V.

No FT do passado dia 19 de Janeiro, "Neurotechnology allows users to feel objects with bionic hands":
"Scientists have for the first time given a realistic sense of touch to people operating a robotic hand via signals sent from their brain, marking the latest advance in neurotechnology research to help overcome disabilities."
As descobertas e inovações na neurotecnologia, como o uso de mãos biónicas com sensação de tacto, terão um impacte significativo nas empresas que fabricam cadeiras de rodas e outros equipamentos para tetraplégicos. Conseguem imaginar? Conseguem mesmo?


Por um lado se as próteses neurais avançarem a ponto de permitir que pessoas com lesões na medula espinal recuperem funções motoras essenciais, a procura por cadeiras de rodas pode, a longo prazo, diminuir. Ao mesmo tempo que a procura diminuir, as empresas que fabricam equipamentos de mobilidade precisarão de investir em tecnologias mais integradas com interfaces neurais e próteses inteligentes para se manterem competitivas. Não será fácil. Custos elevados, podem limitar a adopção generalizada destas inovações. 

quinta-feira, janeiro 09, 2025

Outra vez a destruição criativa, ou a sua ausência


Li no FT de 8 de Janeiro passado, "The forces of preservation are limiting growth" algo em linha com o que escrevemos aqui no blogue há anos e anos:
"Creative destruction is central to long-term economic growth as it enables people, capital and other resources to be continuously better deployed. [Moi ici: A "destruição criativa" é essencial para o crescimento económico de longo prazo]
...
But pan out and it is not so obvious. 't is hard to measure directly, said Michael Peters, an associate professor of economics at Yale University. 'But, in America, if you look at entry rates, exit rates or the frequency of job-to-job transitions — which are proxies for business dynamism — they have been falling in the last decade.' [Moi ici: A concentração de mercado e o apoio estatal excessivo a empresas incumbentes podem limitar a dinâmica dos negócios e a inovação]
...
Protectionism is another growth-suppressive force. Tariffs and non-tariff barriers prop up domestic producers, stymying the innovative pressure of competitive forces. [Moi ici: Tarifas e barreiras regulamentares dificultam a entrada de novas empresas e limitam a disseminação de novas ideias]
...
A greater policy focus on economic agility would help. Trade and competition regimes should lower barriers to market entry. National retraining schemes need to support industrial transformation. [Moi ici: Reformas fiscais e regulamentares são necessárias para impedir a manutenção de "empresas zombi" e estimular um mercado mais competitivo]
...
Nimbysm, industrial lobbies and regulatory burdens are all examples. Red tape is a reason why California has the highest outflow of companies of any US state."  [Moi ici: O impacte do poder corporativo no atraso da inovação e no bloqueio da alocação eficiente de recursos através do conluio com os poderes instituídos]

No livro de Phill Mullan, "Creative Destruction", ele escreve sobre isto (no DN de ontem) "BCE estima que impacto económico dos PRR vai ser mais fraco do que o previsto":

"Williams calculated that the increase in US real GDP for every incremental dollar of debt was $4.61 between 1947 and 1952, falling to $0.63 between 1953 and 1984. This period ended with the takeoff of debt-fuelled activity. Between 1985 and 2000 the additional value per dollar fell further to $0.24, declining by another two-thirds to $0.08 between 2001 and 2012.

...

"Zombification is more serious than the proliferation of zombie businesses. It promotes a broader economy that obstructs economic restructuring. State measures to artificially boost economic output and maintain higher employment levels obscure the urgency of restructuring and block the potential allocation of resources to more productive purposes.

...

Over time even the surface-level benefits from coping measures fade. This is not immediately apparent because the exhaustion of uplifting effects rarely leads to the particular support mechanism being openly abandoned. On the contrary, it usually prompts more of the same treatment. Efforts are redoubled on the presumption that there has not been enough of it."

O epitáfio:

"Accepting more dependency on state intervention to cope with sluggish economic conditions becomes the default position for individual business. This takes over from engaging in the risk and disruption involved in carrying out their own technological revolutions. Better to prosper in an environment of silent corporate dependency on the state, than risk all on a new entrepreneurial venture.

Individual businesses and their workforces may enjoy the immediate benefit of stability and continuity, but over the longer term the economy and all the people who rely on that economy for their livelihood and incomes will suffer. A zombie economy becomes a black hole that sucks in and dampens all activity, and frustrates creative impulses. It represents a 'trap'"

terça-feira, dezembro 10, 2024

Muddling through ou, não há almoços grátis!

Quase a acabar de ler "Creative Destruction - How to Start an Economic Renaissance" de Phil Mullan. Os capítulos 11 ("The appeal of muddling through") e 12 ("The limits of muddling through") são sobre os esforços dos governos para manter o status quo económico. No fundo, não há dinamismo económico, mas também não há choques económicos.

"Muddling through", segundo Phil Mullan no seu livro, refere-se a uma abordagem reactiva e de curto prazo na gestão económica e política adoptada pelos governos ocidentais nas últimas décadas. Afinal não é só em Portugal!!! Este método caracteriza-se por pragmatismo, miopia e indecisão, sendo utilizado para implementar medidas paliativas que mantêm a estabilidade aparente e evitam crises imediatas, sem abordar as causas profundas da estagnação ou do declínio económico, enquanto os alicerces vão-se corroendo. Este processo envolve frequentemente a utilização de mecanismos de financeirização, quadros regulamentares e intervenções estatais, muitas vezes sem a devida responsabilidade democrática, para aliviar pressões económicas de curto prazo.

A principal característica desta abordagem é a gestão pragmática dos problemas, onde os governos actuam apenas quando as questões se tornam incontornáveis, evitando, no entanto, resolver problemas sistémicos. Isso perpetua uma estabilidade superficial, enquanto questões estruturais continuam a agravar-se. Ao mesmo tempo, as decisões económicas são cada vez mais retiradas do debate público, sendo entregues a tecnocratas, o que distancia os processos de decisão dos cidadãos. Recordar o postal recente, "Os artistas". A eficácia temporária destas medidas gera, ainda, uma sensação ilusória de segurança entre as elites, atrasando as acções transformadoras necessárias para revitalizar a produtividade e a inovação. Embora esta abordagem previna colapsos catastróficos, ela reforça o declínio a longo prazo, limita o dinamismo produtivo e restringe a reestruturação económica.

Nos capítulos 11 e 12 do livro Mullan explora as razões para a adopção deste método e as suas limitações. O capítulo 11 explica que a prática de "muddling through" tornou-se atraente devido à sua capacidade de evitar riscos políticos e económicos imediatos, preservando uma aparente ordem económica e social. No entanto, esta estratégia mascara problemas subjacentes, como a estagnação da produtividade, e cria uma dependência de intervenções estatais, que sustentam sectores obsoletos sem estimular mudanças produtivas. Já o capítulo 12 discute as limitações desta abordagem, destacando que medidas paliativas não podem ser sustentadas indefinidamente, já que não resolvem os problemas estruturais subjacentes, levando ao esgotamento da resiliência do sistema. A manutenção de empresas "zombies" e a preservação de estruturas económicas ultrapassadas impedem a renovação e a inovação, bloqueando o aparecimento de sectores dinâmicos.

Os dois capítulos juntos denunciam a falta de ambição dos governos e elites económicas, mostrando que "muddling through" é apenas uma estratégia temporária que adia, mas não resolve, os desafios fundamentais que afectam o crescimento e a transformação económica.

sexta-feira, dezembro 06, 2024

Vamos repetir outra vez: Um oxímoro!

Ando a ler "Creative Destruction - How to Start an Economic Renaissance" de Phil Mullan (vou no décimo segundo de treze capítulos). Brevemento vou escrever algo sobre os capítulos 11 e 12, uma desilusão (afinal o problema das TAPS e EFACECS não é específico de Portugal, segundo o autor).

O livro é sobre a destruição criativa e os capítulos 11 ("The appeal of muddling through") e 12 ("The limits of muddling through") são sobre os esforços dos governos para manter o status quo económico. No fundo, não há dinamismo económico, mas também não há choques económicos.

Por uma combinação de acasos (embora eles não existam) recordei este postal de 2021, "Preservação versus destruição":

"Leio que "as duas preocupações são, no imediato, a preservação do tecido produtivo existente e, numa visão de médio e longo prazo, enfrentar os problemas que travam a produtividade, a competitividade e o crescimento das empresas."


A preservação do tecido produtivo existente ... onde isto nos pode levar. Levantar barreiras à entrada, como o apoio do governo de turno? Apoios e subsídios?

Depois, relaciono "que travam a produtividade" e "preservação do tecido produtivo existente" e penso que é, em certa medida um oxímoro, se eu confiar nas ideias de Taleb e de Maliranta. Depois, relaciono "preservação do tecido produtivo existente" com o meu grito "DEIXEM AS EMPRESAS MORRER!" como condição indispensável para aumentar a produtividade. Relaciono também a preservação com o dilema entre resistir ou abraçar a mudança."

Postal que termina assim:

"No dia em que assumirem objectivos, metas e janelas temporais podemos avaliar quem tem razão, até lá é retórica e oratória.

Até lá continuo a preferir a destruição criativa."

Portanto, querer "preservação do tecido produtivo existente" e "aumento a sério da produtividade" é como:






sexta-feira, novembro 29, 2024

Em vez de abraçar a destruição criativa ...

O capítulo 9, "The intellectual crisis of capitalism", do livro de Phil Mullan "Creative Destruction", explora como a mudança na atitude das elites ocidentais contribuiu para aquilo a que o autor chama de "Longa Depressão". Após a Segunda Guerra Mundial, o optimismo em relação ao capitalismo diminuiu à medida que as elites começaram a questionar a sua capacidade de gerar progresso. Esse pessimismo foi agravado pelo colapso da União Soviética, que deixou o capitalismo sem um inimigo claro e exposto às suas próprias falhas.

"The reorientation of state institutions from growth to stabilisation is mostly implicit. Governments continue to pay lip service to the objective of economic growth. Doubtless many establishment politicians would like to have both stability and a bit more growth. However, there is a big gap between this latent attachment to growth and embracing the level of social dislocation needed to bring it about. In practice the policy inclination towards stability is at the expense of sustained growth. Economic dynamism is not restorable except through disruptive destabilisation involving the widespread destruction of old capital values.

The precondition for escaping the Long Depression is to challenge and overturn the conservator activities of the state."

Os governos têm dado prioridade à estabilidade em detrimento do crescimento económico, evitando as políticas disruptivas que seriam necessárias para revitalizar a economia. Este foco conservador limita o progresso e reflecte uma perda de confiança na capacidade humana de liderar transformações significativas.

"Uncertainty is now widely regarded as a constraint on the economy. In fact, the perception of uncertainty is more important for what it says about the intellectual climate than for the economic one.

Viewing uncertainty as detrimental represents a turnabout in social attitudes. For most of the history of capitalism, uncertainty was regarded neutrally or positively: it was sometimes embraced as an opportunity for gain and advancement. Businesses in the past were not deterred by future uncertainty, but accumulated capital to secure increased means to control the future. The classic financial investment advice to 'buy when there's blood in the streets' revelled in periods of acute political uncertainty.' In contrast, it is now a cliché to say that business and markets 'hate uncertainty'. 

Business leaders, as well as many pundits, attribute uncertainty as the reason for putting off investment decisions. A frequent survey finding is that business is not investing because of its lack of confidence in the face of an uncertain future.

...

As Mazzucato later put it, echoing his sentiments: 'Without uncertainty there would be no point in even trying to form competitive strategies.'& If everything were predictable there would be a limited possibility of gaining competitive advantage. Uncertainty provides the terrain for individual businesses to make superprofits, when they risk their capital to get ahead of competitors by deploying the latest innovations and cutting prices.

Uncertainty was for a long time recognised as the basis for markets to function. This refutes the assertion that markets 'hate uncertainty': they need uncertainty."

A incerteza, que historicamente era vista como uma oportunidade para inovação e lucro, passou a ser percebida como um obstáculo às decisões económicas. Esta mudança espelha um desconforto generalizado da sociedade com o risco e a transformação.

"Today's greater anxieties about uncertainty are driven by a loss of belief in the benefits of progress and of humanity's ability to make a better world

The humanist pursuit of progress is now seen by many across the political spectrum to cause problems and, sometimes, to be downright destructive: socially, environmentally, materially, and morally. 

As a society we have become reluctant to validate and promote the active, positive side of humanity to change things for the better. This represents a turn against a central Enlightenment perspective: seeing man as rationally capable of making a better future. Instead individuals these days are frequently presented as weak, sometimes irrational, and often requiring restraint from above. The humanist essence of Enlightenment thought has lost its appeal. The potential for meaningful, purposeful human intervention is frequently doubted and questioned.

Hence, the disposition for extending regulation, not just of the economy, but of all areas of human life."

A crítica crescente ao empreendedorismo tradicional e à tomada de riscos, frequentemente rotulados como irresponsáveis ou perigosos, reforça a predominância da regulamentação e da gestão de riscos. Estas abordagens sufocam o dinamismo essencial ao crescimento económico.

Culturalmente, há um declínio na crença nos benefícios do progresso, o que reduz as aspirações e alimenta expectativas mais baixas. A sociedade tende a considerar a mudança conduzida por humanos como problemática, incentivando o excesso de regulamentação e uma visão pessimista das capacidades humanas.

Este desconforto com a mudança contradiz a necessidade do capitalismo por "destruição criativa" - o processo de eliminar sistemas obsoletos para abrir espaço à inovação. A resistência das elites e dos decisores políticos às disrupções necessárias perpetua a estagnação económica. Por fim, o receio do desconhecido desincentiva investimentos ousados, reforçando um ciclo de baixo crescimento. O espírito cultural atual privilegia a conservação em vez da transformação, dificultando a revitalização económica.

"The enlightened humanist view of the relationship between the state and the public has become reversed. The state is no longer an institution that needs to be controlled by people. It is now the state's role to judge what is good for people, to raise public awareness, and to socially engineer people to do the right thing'. The earlier emphasis on the importance of human agency has been replaced by an emphasis on human vulnerability and powerlessness. And because people are so powerless and vulnerable this is seen to justify that we need the support of public institutions.

Just as the ascent of Enlightenment ideas informed the economic advances of industrial capitalism, so the reverse applies with today's slow-drift capitalism. Discomfort with change is antithetical to the business dynamism that the market system relies on to move forward. Cultural uneasiness with disruptive change runs counter to the creative destruction that is essential for capitalist growth and economic progress. This discomfiture informs the mainstream political inclination for stability over disorder."

A incapacidade das elites de articular uma visão positiva para o futuro do capitalismo prejudicou a sua capacidade de implementar as reformas necessárias para restaurar o crescimento económico. Em vez de abraçar a destruição criativa como um motor de progresso, as elites tornaram-se mais avessas ao risco e mais focadas na preservação do status quo. 

Em suma, o capítulo 9 argumenta que a crise intelectual do capitalismo é um factor fundamental na perpetuação da Longa Depressão. A falta de fé no capitalismo e o medo da mudança criaram um ambiente onde a estagnação económica se tornou a norma.

quinta-feira, novembro 21, 2024

Criar zombies e estagnar a economia


Esta semana umas viagens de comboio permitiram avançar na leitura dos capítulos sete "Contained Depression" e oito "The Zombie Economy" do livro de Phil Mullan, "Creative Destruction".

Nada de verdadeiramente novo nas conclusões face ao que se defende aqui no blogue há anos e anos. O que é verdadeiramente interessante são os gráficos a suportar as afirmações. Por exemplo, só relativamente aos Estados Unidos. O gráfico 7.1 ilustra a redução progressiva, recessão após recessão, da quebra do PIB (A volatilidade dos ciclos económicos tem-se vindo a reduzir desde os anos 1980, devido ao crescente controlo estatal e às políticas de estabilização. Isso diminuiu os efeitos disruptivos das crises, mas também retarda as transformações económicas necessárias para o crescimento), e o gráfico 7.5 que ilustra como, em cada ciclo económico, cada vez se perdem menos empregos mas também se criam menos novos empregos. 

A "estabilização" resulta num status quo de estagnação, no qual a capacidade produtiva e os empregos bem remunerados se deterioram lentamente. Esse modelo troca a possibilidade de disrupção económica por uma estagnação prolongada. Esta depressão contida, daí o título do capítulo, facilita a aceitação política e social de um "novo normal", onde crises contínuas são toleradas em troca de estabilidade imediata. Isso torna mais difícil superar o estado actual de estagnação económica

Estabilidade é obtida à custa de dinamismo económico. Uma das secções do capítulo é "The atrophy of economic dynamism": Taxas mais baixas de rotatividade de empresas, menos startups e um foco na estabilização em vez do crescimento levaram a uma estrutura económica ossificada que carece de vitalidade e inovação.

No capítulo 8 descreve-se a economia zombie. Uma economia onde empresas improdutivas continuam a operar devido a apoio estatal, como taxas de juros extremamente baixas e políticas que evitam falências. Isso impede o processo de destruição criativa necessário para revitalizar a economia. Como consequência as empresas mais produtivas enfrentam dificuldades para crescer, enquanto os novos negócios encontram barreiras à entrada devido à concorrência artificialmente mantida por empresas zombies.

A estagnação na criação de empregos e na adopção de tecnologias avançadas é exacerbada por esta dinâmica.

As políticas estatais contemporâneas dão prioridade à estabilização económica ao invés do crescimento, perpetuando uma economia estagnada. Essas intervenções, muitas vezes bem-intencionadas, inadvertidamente bloqueiam a renovação económica. E novidades aqui neste blogue? Esta abordagem sacrifica o crescimento e o progresso económico futuros por uma estabilidade superficial no presente. A zombificação económica, além de reduzir a produtividade, dificulta a criação de empregos de alta qualidade e bem remunerados.

A excessiva intervenção estatal, destinada a estabilizar as economias, levou à proliferação de “empresas zombie” – empresas improdutivas sustentadas por taxas de juro artificialmente baixas e políticas de tolerância. Estas empresas afastam concorrentes mais eficientes, retardando a inovação e a renovação económica. Embora estas políticas possam proteger os empregos a curto prazo, trocam o crescimento e a produtividade a longo prazo pela estagnação. Uma "economia zombie" suprime a reestruturação dinâmica, levando a um investimento mais fraco e à não criação de emprego.


Zombies

dolorosa

morrer empresas

apoios comunitários

sexta-feira, novembro 15, 2024

"The End of Growth"

Esta semana o trabalho não tem deixado muito tempo para caminhadas e, por isso, a leitura do capítulo seis, "The End of Growth," do livro de Phil Mullan, "Creative Destruction" tem-se arrastado.

Do que li até agora destaco duas secções super-interessantes, "How the crisis of profitability curtails business investment" e "Investment languishes despite rising individual company profits".

Na primeira secção descreve-se como a economia atinge por vezes um estado em que as empresas têm mais dificuldade em obter bons lucros em comparação com a quantidade de dinheiro já investida na economia. Esta situação é como ter muitos investimentos antigos ou desactualizados que já não trazem retorno suficiente. Por causa disto, as empresas hesitam em investir em grandes novos projectos porque temem que não recebam o retorno suficiente dos mesmos. O autor dá o exemplo de uma empresa que possui máquinas que ainda funcionam, mas não são tão eficientes como as novas. Para comprar máquinas novas, a empresa pode ter de se livrar das antigas ou reduzir o seu valor, o que parece uma perda. Isto pode desencorajá-los de actualizar. Além disso, toda a economia pode ficar presa neste padrão: com menos investimento, há um crescimento mais lento e, com um crescimento mais lento, as empresas sentem-se ainda menos confiantes em investir em novos projectos. É como um ciclo que mantém a economia a andar a um ritmo mais lento.

Na segunda secção o autor refere que, embora algumas empresas ainda obtenham bons lucros, não estão a investir esse dinheiro de volta na economia. As empresas podem ter muito dinheiro, mas em vez de construírem novas fábricas, mantêm-no, compram activos financeiros ou devolvem-no aos accionistas. Isto é surpreendente para algumas pessoas porque lucros fortes significariam normalmente que as empresas deveriam estar mais dispostas a investir.

Por exemplo, uma empresa como a Apple pode ganhar muito dinheiro, mas em vez de usar tudo para fabricar mais produtos, pode recomprar ações ou pagar aos accionistas. Esta abordagem cautelosa é um sinal de que as empresas estão a agir de forma segura devido às incertezas económicas mais amplas. Assim, embora exista dinheiro disponível, as empresas hesitam em utilizá-lo para crescimento ou novos projectos, o que abranda ainda mais o desenvolvimento económico.

Uma empresa continua a comprar máquinas novas e caras para fabricar mais produtos mais rapidamente. Mas de cada vez que isso acontece, o aumento do lucro obtido com estas máquinas torna-se menor do que anteriormente. Com o tempo, esta empresa e outras semelhantes chegam a um ponto em que não conseguem obter lucro suficiente para justificar a compra de ainda mais máquinas ou tecnologias novas. Este processo abranda toda a economia porque menos empresas estão dispostas a assumir os custos e os riscos de grandes investimentos, com um impacte muito grande na evolução da produtividade. Para uma mudança significativa, é necessária uma reestruturação extensa, como durante o pós-Segunda Guerra Mundial, quando a destruição e a reconstrução levaram à recuperação económica. Sem alterações comparáveis ​​em grande escala, a baixa rentabilidade persiste.



domingo, novembro 03, 2024

Acerca da importância da destruição criativa (parte III)


Parte I e parte II.

Ainda no segundo capítulo de "Creative destruction" de Phil Mullan, intitulado "Productivity in Decline", o autor aborda o tema da divergência entre os Estados Unidos e a Europa relativamente à evolução da produtividade, encontrando uma explicação diferente da avançada por Drahgi:

Em Creative Destruction, o autor atribui a falta de aumento da produtividade na Europa, em comparação com os Estados Unidos, a vários factores-chave:
  • Apesar da adopção generalizada das tecnologias de informação e comunicação (TIC) em ambos os lados do Atlântico, o crescimento da produtividade europeia continuou a abrandar. Robert Gordon defendeu que o aumento da produtividade nos EUA resultou de mais do que apenas as TIC, uma vez que as empresas europeias também utilizavam tecnologias semelhantes, como os PCs e os telefones móveis. De facto, a Europa estava à frente dos EUA em algumas áreas de adopção das TIC, como as redes de telefones móveis
  • Os EUA tinham uma maior dependência do consumo, particularmente impulsionada pelos gastos das famílias suportados em dívida. Esta economia centrada no consumo, especialmente no sector do retalho, contribuiu para uma parte substancial do diferencial de produtividade entre os EUA e a Europa.
  • O crescimento da produtividade nos EUA esteve fortemente concentrado em sectores específicos como o comércio grossista, retalhista e financeiro, onde as TIC foram amplamente utilizadas. No entanto, estes sectores tiveram um alcance limitado na economia em geral, indicando que o aumento da produtividade não foi tão generalizado ou transformador em todas as indústrias. 
Estas observações sugerem que as diferenças de produtividade têm menos a ver com as disparidades tecnológicas e mais com as diferenças estruturais e económicas entre os EUA e a Europa.

quinta-feira, outubro 31, 2024

Acerca da importância da destruição criativa

 
"As Martin Wolf put it: 'the financially-driven capitalism that emerged after the market-orientated counter-revolution has proved too much of a good thing'. From this perspective, unrestrained market forces, expressed in diverse forms of speculation, lavish executive bonuses and increasing social inequalities, led inexorably to the crash.
...
we question this consensus, which is often proclaimed mistakenly as the triumph of 'neoliberalism'. Rather, markets are even less free than they used to be. The state did not retreat from economic life in the 1980s. Under the banner of deregulation', the form of state intervention changed significantly. While retreating from the traditions of economic policy aiming to encourage growth, the state offered subsidies to sustain industry and encouragements to the financial sector. Nor was there much evidence of an unleashed entrepreneurial spirit among capitalists. They preferred to avoid the risk of investment in new technologies or new areas of production, in pursuit of quick returns through financialised activities.
Policymakers have generally stumbled into solutions for immediate problems when they could no longer evade them.
...
Government policies have attempted to restore economic stability at the expense of establishing a solid dynamic for growth. Yet such state-led measures are ultimately counterproductive. Trying to stabilise the economy in its current state has the perverse effect of preserving its moribund features and stunting its development. While state intervention has moderated the worst features of decay, the economy has become increasingly sclerotic.
Short-term expedients have brought temporary respite while allowing deeper problems to fester. These policies have ultimately made the slump worse. By sustaining a stagnant productive base, the state has forestalled the process that Joseph Schumpeter named 'creative destruction'. Instead of encouraging the replacement of ailing companies by more dynamic enterprises, the government has opted to maintain a 'zombie' economy. Various forms of state support prop up firms that are incapable of boosting productivity through investing in new technologies. A dead economy is thus given the semblance of life and the appearance of resilience disguises a continuing process of decay. It will not be easy to escape the grip of the Long Depression. Though a comprehensive restructuring of production is needed to restore capitalism's value-creating capacity, the default option is always to avoid disruption. But 'creative destruction' on a significant scale is essential to restore growth. Older, less productive capital assets will have to be written off and replaced by a wave of transformative outlays on the latest technologies in newly emerging sectors of production."
Total alinhamento com o que aprendi com Maliranta em 2007:
"It is widely believed that restructuring has boosted productivity by displacing low-skilled workers and creating jobs for the high skilled."
Mas, e como isto é profundo:
"In essence, creative destruction means that low productivity plants are displaced by high productivity plants."
Trechos retirados de "Creative destruction" de Phil Mullan.

domingo, setembro 29, 2024

A parte que falta

"Ao mesmo tempo, quando uma empresa tem lucro, ela vai atrair a atenção de outras empresas e potenciais empresários, que querem, também eles, ter lucro. Eles vão aprender o que ela faz bem, corrigir o que ela faz mal e pagar mais em salários para atrair os seus trabalhadores. A empresa vai reagir, e todos eles vão competir em busca deste lucro. Em última instância, elas vão baixar os preços, a forma clássica de roubar clientes à concorrência. Desde que haja lucro, uma delas pode cobrar um pouquinho menos e capturar parte desse lucro. Neste processo dinâmico e fervilhante o resultado final é que o lucro tende a desaparecer.

...

A busca determinada e obsessiva da empresa pelo lucro converte-se na proteção desse lucro. Se ela conseguir impedir que outros entrem no seu mercado, se ela sabotar as suas tentativas de inovar, se ela convencer governantes a bloquearem a entrada de concorrentes com regulamentos e licenças, então ela vai conseguir manter o seu lucro. Gastar recursos para impedir a pressão insuportável da concorrência é um desperdício da perspetiva da sociedade, mas vale a pena da perspetiva do empresário. O paradoxo do lucro vem com outro paradoxo: o maior inimigo do capitalismo são os capitalistas."

No primeiro trecho o autor retrata bem aquilo a que eu chamo aqui de "a doença anglo-saxónica". Por exemplo em Portanto, cuidado com pedintes que ameaçam sair da União Europeia

No segundo trecho o autor refere aquilo que na blogosfera já foi classificado. Por exemplo em A minha primeira lei sobre a concorrência?

É claro que o autor escreveu o texto para suportar a sua ideia sobre problemas na União Europeia, não necessariamente para ser exaustivo sobre o tema. Aqui e agora, com outro propósito, posso acrescentar: não esquecer a destruição criativa, a pior coisa que pode acontecer num mercado de cronies onde os "suspeitos habituais" operam é aparecerem actores novos com "truques" completamente diferentes e que acabam por seduzir os clientes, mesmo com produtos mais caros. O cronyism refere-se a uma situação em que indivíduos em posições de poder favorecem os seus amigos, associados ou apoiantes (companheiros), dando-lhes empregos, contratos ou outras vantagens, independentemente das suas qualificações. O cronyism não gosta deste tipo de outsiders.

O texto descreve como a competição incessante tende a reduzir os lucros das empresas, descrevendo um ciclo onde as empresas competem para atrair trabalhadores e baixar preços, o que leva à erosão dos lucros.O texto também critica a tendência das empresas em proteger os seus lucros, mesmo que isso envolva práticas anticompetitivas, como influenciar regulamentação ou bloquear a entrada de novos concorrentes. Contudo, uma falha importante no texto é a falta de consideração da "destruição criativa", um conceito central da teoria económica de Joseph Schumpeter.

Schumpeter argumenta que o verdadeiro motor do capitalismo não é apenas a competição tradicional, mas a destruição criativa, onde inovações rompem os mercados existentes, eliminam empresas ineficientes e criam novas oportunidades de lucro. Isso significa que, mesmo quando empresas estabelecidas tentam proteger os seus lucros e bloquear a concorrência, forças disruptivas inevitavelmente emergem para quebrar esses equilíbrios, seja por meio de novas tecnologias, modelos de negócio inovadores ou mudanças radicais nas preferências dos consumidores.

Sempre que uma Efacec ou uma TAP é salva com dinheiro dos contribuintes, além dos gatinhos que morrem, temos valor a ser destruído, produtividade a ser baixada. DEIXEM AS EMPRESAS MORRER, CARAGO!

Trechos retirados do Caderno de Economia do semanário Expresso do passado dia 27 de Setembro, na crónica de Ricardo Reis intitulada "A busca do lucro". 

segunda-feira, setembro 16, 2024

Ver para lá do que se conhece (parte V)


"When someone loses part of a leg, a prosthetic can make it easier to get around. But most prosthetics are static, cumbersome, and hard to move. A new neural interface connects a bionic limb to nerve endings in the thigh, allowing the limb to be controlled by the brain. The new device, described in a report in Nature Medicine, could help people with lower-leg amputations feel as if their prosthesis is part of them.

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Getting the neural interface hooked up to a prosthetic takes two steps. First, patients undergo surgery. Following a lower-leg amputation, portions of shin and calf muscle still remain. The operation connects shin muscle, which contracts to make the ankle flex upward, to calf muscle, which counteracts this movement. The prosthetic can also be fitted at this point. Reattaching the remnants of these muscles can enable the prosthetic to move more dynamically. It can also reduce phantom limb pain, and patients are less likely to trip and fall.

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In step two, surface electrodes measure nerve activity from the brain to the calf and shin muscles, indicating an intention to move the lower leg. A small computer in the bionic leg decodes those nerve signals and moves the leg accordingly, allowing the patient to move the limb more naturally."

Uma ilustração do que é a destruição criativa a funcionar. Não se pode dizer que não avisámos.

Parte Iparte II, parte III e parte IV.

Trechos retirados de MIT Technology Review, September/October 2024 

segunda-feira, novembro 14, 2016

Acerca da destruição criativa

Na passada quinta-feira circulava na cidade de Bragança quando deparei com este cartaz:

Não sei se influenciado pela capa do jornal i do dia:

A primeira coisa que me veio à mente ao ver o cartaz foi:
"Cartaz da campanha de Trump em plena cidade de Bragança."
Porque recordo isto?
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É a primeira coisa que recordo ao ler "Creative Destruction". Afinal Trump e o PCP estão tão próximos em tanta coisa. Escrevo aqui muitas vezes sobre o veneno dos subsídios para salvar empresas ou modelos de negócio obsoletos. Esse activismo, esse fragilismo, destrói os stressors, destrói a informação, corrompe os sinais que deveriam obrigar as organizações a mudarem, a evoluírem.
"Over time, societies that allow creative destruction to operate grow more productive and richer; their citizens see the benefits of new and better products, shorter work weeks, better jobs, and higher living standards.
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Herein lies the paradox of progress. A society cannot reap the rewards of creative destruction without accepting that some individuals might be worse off, not just in the short term, but perhaps forever. At the same time, attempts to soften the harsher aspects of creative destruction by trying to preserve jobs or protect industries will lead to stagnation and decline, short-circuiting the march of progress. Schumpeter’s enduring term reminds us that capitalism’s pain and gain are inextricably linked. The process of creating new industries does not go forward without sweeping away the preexisting order.
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Through this constant roiling of the status quo, creative destruction provides a powerful force for making societies wealthier. It does so by making scarce resources more productive.
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Attempts to save jobs almost always backfire. Instead of going out of business, inefficient producers hang on, at a high cost to consumers or taxpayers. The tinkering shortcircuits market signals that shift resources to emerging industries. It saps the incentives to introduce new products and production methods, leading to stagnation, layoffs, and bankruptcies. The ironic point of Schumpeter’s iconic phrase is this: societies that try to reap the gain of creative destruction without the pain find themselves enduring the pain but not the gain."
Interessante este exemplo "Oreo Plant Moves to Mexico… Federal Subsidies to Blame?"
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Depois, podemos pensar na multidão de exemplos destes subsídios-comporta:

Comporta porque tentam comprar tempo que não é usado para mais nada senão comprar tempo, em vez de pôr fogo no rabo dos empresários para mudarem e partirem em busca do próximo nível do jogo.

quarta-feira, outubro 19, 2016

Pense nisto

"Every product is born with an expiration date. Why? The world is constantly changing. [Moi ici: Quantos empresários percebem isto e as suas implicações?] There are countless examples of this: environmental concerns push people to consider eco-friendly products, new technologies offer new ways to solve people’s problems, trends in fashion and human behavior bring products in and out of favor, and so on. The fact that all products can expire is unsettling for innovators until they realize that they don’t have to let change come to them. They can be proactive and be instruments of change.
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Apple didn’t create the iPhone as a response to declining iPod sales—to the contrary. Apple began development of the iPhone four years before sales of the iPod were their highest.
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For many businesses, this type of thinking is unheard of, even counterintuitive. Why would Apple pour a tremendous amount of money into researching and developing a new product that would kill its top seller? Even more interesting, Apple had never made a phone before. It would have to develop new technology, new intellectual property, and new manufacturing processes - completely from scratch! Had Apple’s management lost its mind?"
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Pense nisto para evitar ter de correr atrás do prejuízo com as calças na mão.

Trechos retirados do livro de Alan Klement, "When Coffee and Kale Compete":

sábado, julho 11, 2015

Não é novidade nenhuma

"“The main source of the productivity slowdown is not so much a slowing of innovation by the most globally advanced firms, but rather a slowing of the pace at which innovations spread out throughout the economy - a breakdown of the diffusion machine,” the OECD said.
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But why are innovations not spreading as quickly as before? One key reason appears to be that the process of “creative destruction” identified by Austrian economist Joseph Schumpeter as essential to capitalism’s dynamism appears to have lost some of its ferocity. In the OECD’s words, “market selection is weak.”
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One reason for that is government policy, which the OECD said favors incumbents across a whole range of areas, from regulations designed to protect the environment, to taxation. As a result, older firms that suffer from low productivity growth endure, often “trapping” workers in jobs for which they are over qualified.
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“High rates of skill mismatch often coincide with the presence of many small and old firms,” the OECD said. “These firms are often unproductive and tend to be harmful for aggregate productivity to the extent that they absorb valuable resources, thereby constraining the growth of more innovative firms.”
Trechos retirados de "OECD: Broken “Diffusion Machine” Is Slowing Productivity"

segunda-feira, junho 22, 2015

Exemplos da dinâmica do capitalismo

Ontem, li dois textos que são excelentes exemplos da dinâmica do capitalismo.
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Primeiro, a destruição criativa, "Delicious Creative Destruction":
"When one particular use of resources proves to be insufficiently productive – when one particular use of resources fails to satisfy consumers sufficiently – when one particular use of resources is revealed by market competition to cost more than the value that that use of resources generates for consumers – that particular use of resources is ended. That particular use of resources is “destroyed” by market forces so that those resources can be used in ways that produce greater value for consumers.
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Importantly, the “destruction” that occurs in the process of creative destruction is not physical destruction at all. The great physical destroyer of resources (and lives) is war, which is the main and core speciality of the state. Markets, in stark contrast to governments, are peaceful. The “destruction” that they constantly unleash is creative: it’s a process of moving scarce, productive resources from uses that satisfy consumers less to use that satisfy consumers more.
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And when Pizza Hut shut down this restaurant, it did not raze the building to the ground. Nor did it trash most of the booths that are inside of this building. No. Those resources were transferred peacefully and voluntarily to another entrepreneur who, recombining them with other resources, now uses this building and its booths to offer to consumers a product different from the one that was offered there before. It’s a product that consumers are – daily – free to accept or to reject. If Pizza Hut were protected from competition – which is to say, protected from the consequences of consumer choice – that particular building might still be operating as a Pizza Hut. But consumers would be worse off as a result. The wealth of the nation would be lower."
Claro que neste país de incumbentes esta dinâmica é mal vista.
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Recordar:

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Segundo, este outro texto, "Taking the Work Out of Short-Term Rentals", salienta outra característica. Surge um novo mercado e, logo, rapidamente aparece um ecossistema, uma constelação de negócios, de empresas que vão realizar trabalhos associados a novas situações:
"A fledgling industry has sprung up in the last five years offering to take the work out of short-term rentals, for a fee. Start-ups with names like Guesty, Flatbook, onefinestay and proprly will do everything from greeting guests with the keys to swapping out your cowboy-print polyester sheets for natural linens. Some allow you to book services like cleanings and key exchanges à la carte.Others take the entire rental process out of your hands, dealing with bookings, storing your belongings and cleaning up after the guests go home in exchange for as much as half of your revenue. A few will even dispatch a team of decorators to your apartment."
Gostei muito deste texto.
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Claro que neste país apareceriam logo umas providências cautelares, lançadas por alguns incumbentes.


terça-feira, dezembro 09, 2014

"é impossível em democracia. Outra coisa boa que a UE nos trouxe"

Interessante como a realidade do têxtil é tão diferente dos dois lados do Atlântico.
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No Brasil:
Imaginem Portugal fora do euro e da UE, estaríamos, como o Brasil, numa corrida para o fundo com a China. Apostando no proteccionismo, na desvalorização cambial, na retórica de guerra... sem resultados. O Brasil ainda tem o seu mercado interno, Portugal nem isso teria. O choque da primeira década deste século não teve origem no euro mas na China, essa é a minha explicação. Nunca esqueço este quadro:

Entretanto, em Portugal:
"Numa altura em que muitos países europeus perdem as valências industriais, a fiação em Portugal está a registar um ligeiro renascimento, com o investimento de algumas empresas na criação e renovação de unidades para a produção de fios “made in Portugal”."
O proteccionismo brasileiro tenta proteger a sua indústria têxtil, como resultado, empurra-a para uma corrida para o fundo, empurra-a para uma competição com a Ásia.
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Em Portugal, o facto de estarmos na UE não permitiu esse proteccionismo. O sector sofreu, transformou-se e recriou-se. Recordar "O desassossego é bom".
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Permitir esta destruição criativa no Brasil, que aconteceu em Portugal, é impossível em democracia. Outra coisa boa que a UE nos trouxe.

segunda-feira, novembro 17, 2014

O preço da inovação é a destruição criativa

Uma surpresa:
"O dirigente sindical referiu que a Multiflow tem dívidas “superiores a 12 milhões de euros”, e lamentou que o mercado tenha levado ao fecho da empresa, criada “há mais de 50 anos”"
Um grande progresso, um dirigente sindical culpar o mercado pelo encerramento de uma empresa, em vez de culpar a gerência por gestão danosa, ou o governo por uma coisa qualquer.
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Mas a realidade económica é esta, empresas que nascem, empresas que crescem e empresas que definam e morrem. Em "Welcome to the Failure Age!" pode-se ter uma ideia dessa corrente de destruição criativa:
"For decades, entrepreneurs and digital gurus of various repute have referred to this era, in a breathlessness bordering on proselytizing, as the age of innovation. But Weird Stuff is a reminder of another, unexpected truth about innovation: It is, by necessity, inextricably linked with failure. The path to any success is lined with disasters. Most of the products that do make it out of the lab fail spectacularly once they hit the market. Even successful products will ultimately fail when a better idea comes along. And those lucky innovations that are truly triumphant, the ones that transform markets and industries, create widespread failure among their competition.
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An age of constant invention naturally begets one of constant failure. The life span of an innovation, in fact, has never been shorter."

terça-feira, julho 15, 2014

Mais um exemplo

Lembram-se de "Proteccionismo eriça-me logo os pêlos" e do remate final:
"Acredito que isso tudo já aconteceu e, agora, sem intervenção de engenheiros sociais, num movimento genuíno bottom-up já estão a ser criados os circuitos da geração seguinte, combinando produções nacionais, com autenticidade, agricultura biológica e internet. Tudo feito por gente com skin-in-the-game, sem intervenção proteccionista.
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Aliás, o meu lado mais cínico e conspirativo até procura ver nestas palavras uma artimanha qualquer da distribuição grande para criar barreiras, na aparência vendidas como necessárias para proteger os consumidores, a esta nova geração atomizada."
Ontem tivemos mais um exemplo da criação destas barreiras à entrada pelos incumbentes instalados em "Até as feiras onde se expõe e as conferências a que se assiste, podem ter de ser diferentes".
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Hoje, apanho esta história "Nova lei. Pequenos produtores podem ser prejudicados com regime feito para os proteger":
"Um dos casos que mais poderá ter efeitos perversos é o facto de o comerciante ter de assumir maiores responsabilidades ao comprar a pequenos produtores do que se fizer negócio com produtores de maior dimensão.
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Ou seja, um comprador que faça negócio com um pequeno produtor perde direitos, o que o pode levar os comerciantes a preferir empresas de maior dimensão."
Mais um exemplo de como o Estado em conluio com os incumbentes dificultam a vida a Mongo.

segunda-feira, julho 14, 2014

Até as feiras onde se expõe e as conferências a que se assiste, podem ter de ser diferentes

Este artigo "Drone Dogfight: Big Defense Firms vs. Techies" é interessante e, pode alimentar uma série de discussões sobre:

  • o conluio comum entre os incumbentes e o Estado;
  • o medos dos incumbentes em relação à destruição criativa;
  • a importância de escolher os clientes-alvo;
  • a disrupção em acção.
Em relação à importância de escolher os clientes-alvo:
"The battle over new rules for unmanned aircraft in the U.S. is pitting the drone industry's two starkly different cultures against each other: high-tech entrepreneurs versus big aerospace and defense companies.
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The two groups tend to have different sensibilities and different target customers, even meeting at different conferences. They've coexisted amicably, with the big firms serving the military and the smaller players serving hobbyists. But now their relationship has soured over efforts to influence long-delayed drone regulations and their increasing convergence in the market as demand for drones takes off."
E no caso da sua PME, sabe quem são os seus clientes-alvo?
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Até as feiras onde se expõe e as conferências a que se assiste, podem ter de ser diferentes.