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sábado, fevereiro 01, 2020

Lidar com as restrições (parte II)

Na Parte I escrevemos:
"Quantas vezes só depois de encostadas à parede, só depois de terem perdido tudo, é que as empresas tentam o que parece absurdo, ou o que vai contra a formatação do mainstream e... resulta"
Primeiro este postal de 2014 "Curiosidade do dia" sobre a pêra-rocha em que o embargo russo era vista pelo sector como  um oportunidade. Depois, em 2015 este outro postal "Curiosidade do dia" dava conta da retoma das exportações de pêra-rocha.

Neste postal recente, "Dez anos de exportações - uma perspectiva" vemos que as exportações de fruta cresceram mais de 263%.

Entretanto, ontem li "Exportações de pera rocha sobem para os 90 milhões de euros em 2019":
"As exportações de pera rocha renderam entre janeiro e novembro de 2019 mais 16% em relação a 2018.
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Nos últimos três anos, o setor da produção da pera rocha investiu 430 mil euros num projeto de promoção da fruta na Alemanha, Brasil, Espanha, França, Reino Unidos, Peru e China.
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Nesse âmbito, a ANP participou em nove feiras internacionais em Espanha, Alemanha, China e Peru, trouxe 18 jornalistas, chefs e bloggers estrangeiros a visitar a região do Oeste, onde a fruta é produzida, deu a provar a pera em 1.730 voos da companhia aérea TAP com destino a Alemanha, França, Reino Unido e Espanha e efetuou uma campanha publicitária na capital francesa, com 700 mupis colocados de forma estratégica."




sexta-feira, outubro 13, 2017

Agricultura por gente com skin-in-the-game (parte II)

Interessante esta evolução "Febre dos frutos secos contagia planície alentejana".

Como não recordar os tweets deste postal "Agricultura por gente com skin-in-the-game":

Pena os actores ainda não terem tomado consciência a sério de que têm de assumir o futuro por si e não ficar à espera do papá-Estado. Por um lado temos os produtores que estão a fazer a parte inicial no terreno. No entanto, já poderiam estar a movimentar-se para subir na escala de valor e, por exemplo, equacionar a produção de manteiga de amêndoa. E já poderiam estar a criar uma marca para a região para fugir do granel comoditizado e vender a marca Portugal.

domingo, novembro 20, 2016

Obrigado sr. Centeno

"A exportação de frutas e legumes no período compreendido entre janeiro e setembro sofreu um crescimento homólogo de 6,6%.
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Este crescimento traduz-se, segundo um comunicado do Ministério da Agricultura, em mais 58,5 milhões de euros do que o valor registado no mesmo período do ano passado." (fonte)
"As exportações da cerâmica aumentaram 25% entre 2009 e 2015, ascendendo aos 659 milhões de euros, e a Associação Portuguesa das Indústrias da Cerâmica espera que 2016 seja o melhor "ano de sempre" para as exportações do setor. Em 2015, as exportações do setor da cerâmica já tinham atingindo o seu máximo histórico e 2016 promete ser o "melhor de sempre", face ao aumento de quase 8% face a 2015 nas exportações portuguesas de produtos cerâmicos entre janeiro e setembro," (fonte
"As exportações de vinho verde aumentaram 8% até setembro, face a igual período de 2015, com vendas de mais de 20 milhões de litros e uma faturação recorde de 48 milhões de euros" (fonte
 "God only knows what we'd be without you"

terça-feira, julho 05, 2016

Os salários alemães (parte II)

Parte I.

"A Alemanha todos os anos vai às praças mundiais comprar, em média, €12,7 mil milhões de fruta e legumes. Um cabaz gigante onde só entram €80 milhões faturados a Portugal. Parece pouco e é, se olharmos para as necessidades gigantescas daquele país. No entanto, aquele valor representou um aumento de 100% nas exportações de fruta para a Alemanha em 2015, face ao ano anterior. Manuel Évora, presidente da organização de produtores Portugal Fresh, explica que este crescimento só foi possível, em grande parte, porque se fez pela primeira vez um mega-acordo com a cadeia de distribuição Lidl.
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“Nunca antes os produtores portugueses se tinham juntado para negociarem em conjunto um contrato com um comprador de categoria mundial como é a Lidl”, sublinha."
Entretanto, nos primeiros três meses deste ano as exportações de fruta e legumes cresceram 11,2% e, as estimativas da Portugal Fresh apontam praticamente para a quase duplicação do valor exportado até 2020, dos actuais 1,2 mil milhões de euros até aos 2 mil milhões de euros.
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Particularmente delicioso, no final do artigo, a identificação da vantagem competitiva portuguesa:
"Qual é o trunfo de Portugal - sendo que nunca será competitivo em quantidade?
Manuel Évora é peremptório: a precocidade (fruta madura no mercado um mês antes da concorrência), o sabor e o aroma, especialmente temperados pelas influências mediterrânicas e atlânticas em simultâneo."
Ouso acrescentar: a joalharia que nos distingue do Mar de Plástico.

É isto que a CIP tem de aprender com esta gente do Portugal Fresh, gente que faz acontecer.
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Trecho retirado de "Alemães rendidos à fruta portuguesa" no caderno de Economia do semanário Expresso de 10 de Junho de 2016.

terça-feira, fevereiro 09, 2016

Um bom sintoma

Um bom sintoma, para chegar a novas prateleiras é preciso dimensão, não basta a qualidade. Algo que aprendi com os produtores de mirtilhos e framboesas. A cooperação é fundamental para ganhar dimensão, para poder ser parceiro da distribuição mesmo grande:
"São concorrentes em Portugal, mas fora das fronteiras desenham estratégias e partilham custos. Com as exportações de fruta, legumes e flores a ultrapassarem os mil milhões de euros até Outubro de 2015, a produção a aumentar e uma profissionalização cada vez maior, os produtores criam empresas comuns para entrar mais depressa em novos países.
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A TriPortugal é um ACE (Agrupamento Complementar de Empresas) que, ao juntar três sociedades, se tornou no maior exportador português de pêra rocha, com vendas no exterior que oscilam entre as 15 e as 25 mil toneladas por ano. Formada pela Frutus, OMelro.OP e O Melro tem à frente uma nova geração de agricultores que seguem as pisadas dos pais. Em 2010, quando foi criada, tinha oito clientes estrangeiros. Agora tem 22. “Todos trabalham e guerreiam pelos melhores clientes no mercado interno, mas lá fora decidimos ir juntos. Abrir mercados é essencial. O primeiro ano é difícil, nos dois a três anos seguintes conseguimos fazer dinheiro, depois surge a concorrência e os preços baixam."
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Cada empresa tem os seus próprios pomares e centrais fruteiras, mas partilha a equipa técnica e comercial. Cerca de 10% da produção que vendem é comprada a outros produtores para responder aos pedidos que, diz o responsável, não têm faltado. “Tem havido procura.”
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O que interessa é que as empresas deixem de ter vergonha de se associarem e de negociarem lado a lado. Sozinhas não têm condições para vender a clientes de grande dimensão”, defende Manuel Évora."
Trechos retirados de "Agricultores concorrentes criam empresas comuns para exportar mais"
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Talvez os produtores de suínos possam ganhar alguma inspiração com este exemplo. Deviam reflectir nisto:
"o porco espanhol é vendido em Portugal a um preço mais alto do que o praticado pelos portugueses."
Sinal de que o preço não é tudo. Acham que a Sicasal é parva?
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 Trecho retirado de "Suinicultores impedem entrada de porcos espanhóis em fábrica nacional"

sexta-feira, janeiro 30, 2015

Estratégias próprias em vez do Grande Planeador

Lembram-se daquele genuinamente bem-intencionado grito de 2005:
-Espanha! Espanha! Espanha!
E das suas consequências, para quem acredita no Grande Planeador e não pensa pela sua própria cabeça. O grito foi corrigido em 2010, o alvo foi alterado mas a crença no Grande Planeador manteve-se.
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Ontem, encontrei as vítimas mais recentes nessa crença em "Redução de exportações para Angola é "sinal de alarme", segundo a CNA":
"A Confederação Nacional da Agricultura (CNA) afirmou nesta quarta-feira que a eventual redução de exportações para Angola é “um sinal de alarme” perante as opções estratégicas nacionais viradas para as vendas ao exterior.
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A CNA refere que “o essencial do esforço oficial” tem estado centrado nas exportações, levando à consolidação de “grandes empresas agro-industriais” e à concentração de certas fileiras vocacionadas para a exportação em detrimento da produção agrícola agro-alimentar nacional e o do mercado interno." 
A ser verdade a leitura da realidade da CNA, o que não garanto, pode-se pensar em mais um conjunto de vítimas do conto do vigário que é a crença no Grande Planeador. Então, o que é que a CNA propõe?
"“é tempo do governo encarar como prioridade a produção nacional (familiar) virada para o mercado interno”"
 Propõe que o governo, composto por sábios com informação perfeita, num mundo de econs muito racionais, mais uma vez decida pela cabeça dos empresários... pois.
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Prefiro a abordagem da Portugal Fresh, não esperar pelo papá-Estado e fazer o seu próprio caminho, o que gera coisas como "Fruta portuguesa chega aos supermercados Lidl na Alemanha"... isto acabou por me fazer lembrar das palavras de outra pessoa no sector:
"O presidente da Frulact, João Miranda, disse esta terça-feira, 13 de Janeiro, no Porto, que as empresas não devem estar dependentes dos apoios do Estado para se internacionalizarem. "Temos que investir, mas não considerar os apoios do Estado. Uma estratégia não pode estar condicionada por apoios", salientou o empresário."

quinta-feira, dezembro 11, 2014

O exemplo dos frutos e do vestuário

"O volume de produtos frescos exportados pelo País luso aumentou 26% nos últimos três anos, passando de exportar 780 milhões de euros, em 2010, para 983 milhões de euros, em 2013. Números publicados pela Associação para a Promoção de Frutas, Legumes e Flores frescas de Portugal, Portugal Fresh."
Trecho retirado de "Portugal cresce 26% na exportação de produtos frescos"
"As vendas de vestuário de Portugal nos mercados externos foram as que evoluíram a um ritmo mais intenso durante os três primeiros trimestres de 2014, de acordo com os números divulgados nesta quarta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), e produtos como calções de uso feminino estão entre os de maior sucesso. Quando medidas pela variação em comparação com o mesmo período de 2013, as exportações de vestuário aumentaram 11,2%,"
Trecho retirado de "Vestuário português lidera as exportações de janeiro a setembro de 2014"

segunda-feira, agosto 18, 2014

Qual é o verdadeiro produto que a nossa agricultura pode oferecer? (parte II)

Parte I.
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Tenho idade suficiente para me recordar de um tempo em que não havia legumes congelados à venda. Só se comiam ervilhas e favas por altura da Páscoa (ainda hoje, tento comprar ervilhas frescas na altura da Páscoa porque têm um sabor diferente e muito mais saboroso).
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Sou do tempo em que só se comiam maçãs no tempo das maçãs e uvas no tempo das uvas, só se comiam frutos tropicais (manga e papaia) quando os meus avós de Angola vinham à Metrópole. Sou do tempo em que um texto sobre uma criança em estado terminal num hospital, ter desejado comer morangos (?) fora da época, e a cooperação que isso gerou para que o desejo fosse satisfeito; descobrir um país onde fosse época de morangos e transportá-los numa espécie de estafeta aérea até ao hospital, fazia parte do livro da disciplina de Português em 1977 ou 78.
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Hoje, temos fruta todo o ano, se agora não é a época das uvas na Europa, podem vir do Chile. E se não podem vir do Chile, talvez seja altura delas na Austrália ou na África do Sul.
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Li recentemente um artigo de Tim Worstall que no jornal encontra este relato, digno de um Portas da lavoura:
"A shopper was dismayed to discover his local Tesco selling 22 different varieties of apples but not one of them was British.
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Leo Deen checked 22 different varieties of the fruit at Tesco on Hibel Road in Macclesfield for a native apple – before walking away empty handed.
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Instead he found fruit which had been transported thousands of miles from Chile, the U.S., New Zealand and South Africa.
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‘Supermarkets should be buying local or at least from the same country and supporting British farmers, not flying in apples from the other side of the world during peak apple season in this country.’"
No jornal, correndo o risco de passar despercebido, este pequeno pormenor relatado pela Tesco:
"The traditional British apple season runs from September to July and our first new season British apple was in store this weekend.'"
Qual é o mês em que estamos?
Qual é o mês em que não há produção de maçãs em Inglaterra?
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Tim, no seu blogue, refere este calendário.
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Escrevo isto motivado por este artigo "Fruta exportada é mais cara do que a importada".
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Porque nos habituámos a comer fruta fresca durante todo o ano, independentemente da época de produção em Portugal, haverá sempre necessidade de importar fruta. Agora o que realmente me interessa salientar é:
"Tendo em conta os primeiros cinco meses deste ano, e de acordo com os dados do Eurostat, Portugal exportou pêras, laranjas, maçãs e kiwis, em valor por tonelada muito superior às importações."
Alguém está a fazer um bom trabalho de valorização e diferenciação.
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Apetece recordar aquela citação acerca do spa que venda tratamentos de pele feitos por lesmas, ver parte I desta série:
"So before you copy the spa’s method and do something that doesn’t scale, (Moi ici: No artigo pode ler-se "No entanto, salienta, tem algumas fragilidades, como a falta de organização e o baixo nível de concentração da oferta"understand what is the real product and what is just there to sell the real product." 
Se calhar são essas fragilidades que também contribuem para a marca Portugal e permitem a diferença de preço... autenticidade, menos associação a vómito agro-industrial.

quinta-feira, junho 19, 2014

Focar a atenção no desenho e construção de oportunidades

Quando se fala da superioridade dos frutos portugueses não se costuma falar disto:
Que é feito da frescura, sabor, ...?
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A propósito disto:
""Em vez de vendermos as pêras durante 11 meses, teremos de as vender em seis e o sector vai perder rentabilidade, porque contribui para aumentar a ofertar e reduzir os preços, as exportações e os postos de trabalho", afirmou."
Procuro logo oportunidades.
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A pêra rocha portuguesa não poderá ser vendida como antigamente. E a pêra de outros países, não será também afectada? Que oportunidades podem surgir? Que oportunidades podem ser construídas?
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Mais uma vez, a importância da ponderação. Olhar para o filme com algum grau de abstracção, pensar no desafio com antecedência:
"Os últimos três anos funcionaram como prazo de adaptação, em que o setor deveria encontrar alternativas eficazes que, apesar dos vários estudos de investigação em curso, ainda não existem, e pode beneficiar de autorizações especiais para usar um outro antioxidante, a "etoximina"."
Levaram a expoitation até ao fim, e a exploration?
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O pensamento estratégico não pode ser reservado para eventos específicos, tem de ser constante, o que pode vir aí? O que vai ou pode mudar?
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Em vez de concentrar o pensamento na minimização das perdas, focar a atenção no desenho e construção de oportunidades. Nem de propósito este título "Don't Weep For The Past; Plan For The Future"
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Entretanto:

quarta-feira, outubro 16, 2013

Um pormenor que muito me agrada

Nesta entrevista "Fruta portuguesa cada vez apreciada no estrangeiro" um pormenor que me agrada sobremaneira é a razão que o presidente da Portugal Fresh dá ao ex-ministro da agricultura Jaime Silva. Apostar nas culturas em que podemos fazer a diferença e deixar de andar entretido a cultivar aquilo em que não somos competitivos.
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Entretanto, João "subsídio" Machado passeia-se e goza os louros de um sucesso que sempre combateu.