segunda-feira, julho 07, 2014
Não chega aplicar as fórmulas (parte III)
Parte I e parte II.
.
Se pelo texto ficámos com dúvidas sobre qual a estratégia da Fapricela, olhemos agora para as figuras.
.
A figura mais relevante é a do mapa da estratégia (BTW, Kaplan e Norton escreveram "strategy map", não escreveram "strategic map". Por isso, não percebo porque é que em vez de mapa da estratégia, em português, teimam em escrever mapa estratégico):
A perspectiva dos processos internos tresanda a estratégia baseada no preço.
.
Olhemos de seguida para a figura com os indicadores escolhidos:
Indicadores financeiros - Qual a rentabilidade? Estão a aumentar as vendas? Estão mais produtivos? Não sabemos! O aumento da diversidade da oferta traz resultados positivos? Não sabemos!
.
Indicadores de processos internos - Indicadores de conformidade e indicadores de custo (associado ao tempo de ciclo). E indicadores de prazo de entrega? Não sabemos! E indicadores de inovação? Não sabemos! E indicadores sobre o alargamento da gama oferecida? Não sabemos!
.
Vai ser um bocado difícil conciliar o alargamento da gama de produtos, com a redução do tempo de ciclo, se as máquinas não forem dedicadas a cada tipo de produto.
.
O problema é da ferramenta balanced scorecard, ou do que é metido na ferramenta?
.
Se pelo texto ficámos com dúvidas sobre qual a estratégia da Fapricela, olhemos agora para as figuras.
.
A figura mais relevante é a do mapa da estratégia (BTW, Kaplan e Norton escreveram "strategy map", não escreveram "strategic map". Por isso, não percebo porque é que em vez de mapa da estratégia, em português, teimam em escrever mapa estratégico):
A perspectiva dos processos internos tresanda a estratégia baseada no preço.
.
Olhemos de seguida para a figura com os indicadores escolhidos:
Indicadores financeiros - Qual a rentabilidade? Estão a aumentar as vendas? Estão mais produtivos? Não sabemos! O aumento da diversidade da oferta traz resultados positivos? Não sabemos!
.
Indicadores de processos internos - Indicadores de conformidade e indicadores de custo (associado ao tempo de ciclo). E indicadores de prazo de entrega? Não sabemos! E indicadores de inovação? Não sabemos! E indicadores sobre o alargamento da gama oferecida? Não sabemos!
.
Vai ser um bocado difícil conciliar o alargamento da gama de produtos, com a redução do tempo de ciclo, se as máquinas não forem dedicadas a cada tipo de produto.
.
O problema é da ferramenta balanced scorecard, ou do que é metido na ferramenta?
domingo, julho 06, 2014
E não sou eu que os critico.
A propósito de "CIP 'Não' a horas extra para encomendas das empresas":
""Há empresas que estão a recusar encomendas porque os trabalhadores se recusam a fazer trabalho suplementar", afirmou Rocha Novo, explicando que "o adicional" não é muito significativo, mas muitas vezes "determina a mudança de escalão e a perda do subsídio escolar"."O que mais vejo é uma espécie de negociação/chantagem:
"- Vimos trabalhar, mas queremos receber por baixo da mesa!"E não sou eu que os critico, qualquer saxão chega um dia em que diz:
"- Basta!"
Velhos amigos
"O fabricante português de calçado de segurança AMF anunciou hoje que investiu 1,4 milhões de euros na nova unidade fabril em Tabuadelo, Guimarães, para "reforçar e expandir" o negócio à Rússia, Canadá e Estados Unidos."Com as marcas To Work For e a mais recente TOO'L
"Fundada em 1999, a empresa registou um crescimento da sua faturação anual de 30%, em média, desde 2006 até 2013.Aposta na diferenciação, aposta na marca.
.
"Em 2013, o volume de negócios atingiu os 10,2 milhões de euros", disse Albano Fernandes, que espera que a AMF alcance os 16 milhões de euros dentro de três a quatro anos."
Trechos retirados de "Empresa de calçado de segurança investe para chegar aos EUA e Canadá"
Não chega aplicar as fórmulas (parte II)
Parte I.
.
Voltando ao artigo "Performance effects of using the Balanced Scorecard: a note on the Dutch experience" de Geert J.M. Braam e Edwin J. Nijssen:
.
Agora, voltando à dissertação, se analisarmos o texto, qual é a estratégia da Fapricela?
.
Se não fica clara qual é a estratégia, como é que um qualquer balanced scorecard pode vir a ser útil.
.
Isto começa a fazer-me lembrar este postal de 2006 sobre a Infineon "Um leão quando ataca uma gazela não o faz porque é mau, fá-lo porque está na sua natureza, independentemente de critérios de julgamento humano" onde escrevi:
Continua.
.
Voltando ao artigo "Performance effects of using the Balanced Scorecard: a note on the Dutch experience" de Geert J.M. Braam e Edwin J. Nijssen:
"To translate the strategic goals efficiently into tangible objectives and measures, they suggested four interrelated management processes: clarifying and translating vision and strategy, communicating and linking strategic objectives and measures, business planning and target setting, and enhancing strategic feedback and learning. Finally, in 2001 Kaplan and Norton introduced five principles to keep strategy the focus of organizational management processes: translate the strategy into operational terms, align the organization to the strategy, make strategy everyone’s everyday job, make strategy a continual process, and mobilize change through executive leadership. Thus, in their work Kaplan and Norton gradually moved from (i) defining the BSC as a comprehensive performance measurement system to (ii) the BSC as a strategy implementation tool to facilitate and control performance measurement and management."Um balanced scorecard realmente útil começa pela formulação clara de uma estratégia, depois, traduz essa estratégia em relações de causa-efeito (mapa da estratégia), em indicadores e em iniciativas (que transformam a estratégia em coisas concretas do género: o que fazer, por quem. até quando e quanto vai custar. O nosso, "o que começar a fazer na próxima segunda-feira?"
.
Agora, voltando à dissertação, se analisarmos o texto, qual é a estratégia da Fapricela?
"Dada a necessidade de se adaptar às constantes exigências do mercado em geral e dos clientes em particular, a Fapricela, S.A, tem vindo a aumentar a sua gama de produtos, [Moi ici: Está a alargar a gama de produtos? Mais diversidade de produtos?] os quais são constantemente objeto de reconhecimento a nível europeu e internacional com certificados de qualidade [Moi ici: Cumprir a lei não é estratégia, se não cumprir as normas não pode vender ponto]
...
Seguindo uma filosofia de crescimento e modernização, a Fapricela, S.A, direciona-se para mercados externos altamente competitivos, [Moi ici: O mercado do preço-baixo é altamente competitivo, mas o mercado do topo também... isto pouco diz]
...
a sociedade procurou desde sempre a fabricação de novos produtos, [Moi ici: Será que a estratégia passa pela inovação, pelo desenvolvimento de novos produtos?] em conformidade com a definição dos seus canais de distribuição. Dada à saturação do mercado doméstico e à frágil probabilidade de a empresa atingir os patamares desejados a esse nível, a internacionalização constituiu um passo decisivo para o seu crescimento e desenvolvimento, em termos estratégicos.
...
A visão da empresa assenta na definição do que a mesma considera ser o ideal para o seu futuro, pelo que a empresa tem a seguinte visão: Aspiramos ser reconhecidos mundialmente, como fabricantes de produtos de arame, pelo que apostamos na qualidade e excelência dos nossos produtos, [Moi ici: Apostamos na qualidade pode ser interpretado como a promessa de não entregarem produto defeituoso. Apostamos na excelência dos nossos produtos pode ser interpretado como a promessa de desenvolvermos produtos inovadores, será?] na competência dos nossos colaboradores, na inovação dos processos de fabrico, assegurando, deste modo, melhores prazos e preços mais competitivos para os nossos clientes. [Moi ici: Isto numa visão é típico do negócio do preço, o QCD japonês, que eu traduzo para CCD - Conformidade, Custo e Prazo de Entrega. Então, onde fica a diversidade e a excelência? Quando olhamos para esta figura
Vemos que para ser competitivo no CCD, convém não ter uma estrutura produtiva generalista, boa para produzir uma gama alargada de produtos, mas má para ter tempos de ciclo baixos na produção e tempos de paragem entre produções igualmente baixos. Qual é mesmo a estratégia da Fapricela? Isto faz lembrarQual é a estratégia?
] ...
A estratégia definida para a empresa em estudo é liderar na qualidade [Moi ici: Aqui apetece ser mau e perguntar: Existe alguma empresa que tenha como estratégia "Vamos liderar na má qualidade. Vamos ser tão maus que vamos ter sucesso! Vamos ser o Zé Cabra do nosso sector!] e expandir-se internacionalmente."
.
Se não fica clara qual é a estratégia, como é que um qualquer balanced scorecard pode vir a ser útil.
.
Isto começa a fazer-me lembrar este postal de 2006 sobre a Infineon "Um leão quando ataca uma gazela não o faz porque é mau, fá-lo porque está na sua natureza, independentemente de critérios de julgamento humano" onde escrevi:
"Foi nessa altura que dei comigo a dizer para os meus botões "Os sindicalistas deviam aprender a ler mapas da estratégia"..
Continua.
sábado, julho 05, 2014
Curiosidade do dia
Por que será que este fenómeno inegável, descrito por Pacheco Pereira:
.
O monstro precisa de dinheiro, o monstro na sua gula precisa sempre de mais dinheiro.
.
O monstro vai ver, cada vez mais, Mongo como um mundo pouco amigável para a cobrança de impostos e, por isso, vai combatê-lo com cada vez mais força e descaramento.
.
Quando as pessoas começarem a fazer isto com algum volume "Renting Home Appliances: the Rise of a New Business Model" muito IVA deixará de ser cobrado, logo o monstro vai reagir:
"a ditadura estatal do fisco, a burocratização de toda a actividade social para aumentar o controlo do Estado"Ocorre?
.
O monstro precisa de dinheiro, o monstro na sua gula precisa sempre de mais dinheiro.
.
O monstro vai ver, cada vez mais, Mongo como um mundo pouco amigável para a cobrança de impostos e, por isso, vai combatê-lo com cada vez mais força e descaramento.
.
Quando as pessoas começarem a fazer isto com algum volume "Renting Home Appliances: the Rise of a New Business Model" muito IVA deixará de ser cobrado, logo o monstro vai reagir:
"The idea of renting furniture is really beginning to catch on and is now also spreading to home appliances and equipment.Um bom exemplo das instituições extractivas que abominam a destruição criativa aqui:
...
Following on from house, apartment and vehicle rentals, the rental business has now spread to household goods such as electrical appliances, DIY tools and even clothing. The need to balance household budgets, greater geographical mobility and new consumer habits are all reasons why many people prefer not to invest long term in equipment for the home."
"I invested every penny I earned in high-quality photographs, a superbly designed website and tasteful packaging. “Le macaron grec” was born and the little olive green boxes of treats I was selling were, I thought, my chance to regain control of my life.Aposto que Pacheco Pereira, qual Marcelo e o aborto, é o primeiro a não querer cortes na despesa do monstro e, ao mesmo tempo, a estar contra a acção do monstro para aumentar a eficácia extractiva.
.
“Le macaron grec” became a huge success, as I was in demand to cater parties and weddings. The Huffington Post wrote a feature story about my business in May of 2013, and I felt like I was on my way.
.
But as happens so often in Greece, the bureaucrats had other plans. In a country where you are viewed favorably when you spend money but are considered a criminal when you make it, starting a business is a nightmare. The demands are outrageous, and include a requirement that the business pay taxes in advance equal to 50 percent of estimated profit in the first two years. And the taxes are collected even if the business suffers a loss.
...
I needed only 20 square meters for my baking business, but inspectors told me they could not give me permission for less than 150 square meters. I was obliged to have a separate toilet for customers even though I would not have any customers visit. The fire department wanted a security exit in the same place where the municipality demanded a wall be built.
.
I, like thousands of others trying to start businesses, learned that I would be at the mercy of public employees who interpreted the laws so they could profit themselves.
.
And so in the winter of 2013, my business was finished before it had a chance to take off."
"A Alemanha tem muito mais protecção laboral e social do que Portugal"
Rápido, pensem numa mercearia de bairro que conheçam e que ainda esteja a operar. Acham que essa mercearia compete de igual para igual com o Continente da SONAE?
.
Rápido, pensem numa companhia aérea low-cost bem sucedida ao longo de vários anos de operação. Acham que compete de igual para igual com a TAP ou outra companhia de bandeira?
.
Claro que umas não competem no mesmo campeonato das outras. Por isso, seguem estratégias diferentes e valorizam diferentes factores competitivos.
.
O mesmo currículo escondido deste postal é o que está por detrás destes rankings de competitividade como o "The Global Competitiveness Report 2013-2014".
.
Primeira falha, os países não competem entre si, quem compete entre si são as empresas.
Segunda falha, os factores que ditam a competitividade não são iguais para todos.
.
Há dias, o presidente do governo regional dos Açores, vítima do currículo escondido, argumentou:
.
Agora, no Twitter, a propósito de "A portuguesa que manda nos alemães: "A Alemanha tem muito mais proteção laboral e social que Portugal"" o @vicente79 sublinhou:
Será que os factores competitivos relevantes para a produção artesanal são os mesmos que os factores competitivos para a produção em linha?
.
As empresas-tipo portuguesas não competem com as alemãs, francesas ou suecas, portanto, é irrelevante comparar Portugal com a Alemanha, a França ou a Suécia. Aquilo que facilita o estabelecimento e sucesso das empresas num país, pode ser perfeitamente irrelevante noutro país, e vice-versa.
.
E se Portugal adoptasse um salário mínimo semelhante ao do Luxemburgo, era bom não era? Como evoluiria o desemprego?
.
E se os trabalhadores de Beja, ou Bragança, tivessem um salário mínimo menor que o de Lisboa, haveria menos emprego? E se os trabalhadores de Lisboa tivessem um salário mínimo superior aos do resto do país?
.
Rápido, pensem numa companhia aérea low-cost bem sucedida ao longo de vários anos de operação. Acham que compete de igual para igual com a TAP ou outra companhia de bandeira?
.
Claro que umas não competem no mesmo campeonato das outras. Por isso, seguem estratégias diferentes e valorizam diferentes factores competitivos.
.
O mesmo currículo escondido deste postal é o que está por detrás destes rankings de competitividade como o "The Global Competitiveness Report 2013-2014".
.
Primeira falha, os países não competem entre si, quem compete entre si são as empresas.
Segunda falha, os factores que ditam a competitividade não são iguais para todos.
.
Há dias, o presidente do governo regional dos Açores, vítima do currículo escondido, argumentou:
"O presidente do Governo dos Açores considera que os direitos, liberdades e garantias, no quadro de um despedimento colectivo, são "completamente compatíveis" com a competitividade empresarial, exemplificando com as realidades de países como a Alemanha, Suécia ou França."Como se as empresas portuguesas-tipo estejam a competir nos mesmos mercados, pelos mesmos clientes-alvo com empresas-tipo da Alemanha, Suécia ou França.
.
Agora, no Twitter, a propósito de "A portuguesa que manda nos alemães: "A Alemanha tem muito mais proteção laboral e social que Portugal"" o @vicente79 sublinhou:
""A Alemanha é, do ponto de vista das leis, muito mais proteccionista da força de trabalho, porque a empresa é entendida como uma entidade social, até comunitária, que pertence não só aos donos como aos trabalhadores. Há o entendimento social de que os trabalhadores são tão importantes como os patrões. O poder de comissões de trabalhadores e de sindicatos, de facto e no espírito da lei, é muito maior do que em Portugal.Vamos pegar num quadro que costumo usar para mostrar em que é que as empresas se devem concentrar, para terem uma estrutura produtiva coerente com a sua estratégia:
...
A Alemanha tem muito mais protecção laboral e social do que Portugal.""
Será que os factores competitivos relevantes para a produção artesanal são os mesmos que os factores competitivos para a produção em linha?
.
As empresas-tipo portuguesas não competem com as alemãs, francesas ou suecas, portanto, é irrelevante comparar Portugal com a Alemanha, a França ou a Suécia. Aquilo que facilita o estabelecimento e sucesso das empresas num país, pode ser perfeitamente irrelevante noutro país, e vice-versa.
.
E se Portugal adoptasse um salário mínimo semelhante ao do Luxemburgo, era bom não era? Como evoluiria o desemprego?
.
E se os trabalhadores de Beja, ou Bragança, tivessem um salário mínimo menor que o de Lisboa, haveria menos emprego? E se os trabalhadores de Lisboa tivessem um salário mínimo superior aos do resto do país?
Workshop Balanced Scorecard - Lisboa
Um Workshop dedicado a fazer mergulhar os participantes na prática de construir um Balanced Scorecard para operacionalizar e monitorizar a estratégia de uma empresa.
.
Duração: 1 dia e uma manhã
.
Datas: 14, 15 de Julho
.
Local: Lisboa
.
Preço: 180 euros (acresce IVA à taxa legal em vigor)
.
Percurso: A proposta passa por construir um Balanced Scorecard, sem recurso a teoria ou acetatos, simplesmente através da resposta dos participantes a 5 questões:
.
Duração: 1 dia e uma manhã
.
Datas: 14, 15 de Julho
.
Local: Lisboa
.
Preço: 180 euros (acresce IVA à taxa legal em vigor)
.
Percurso: A proposta passa por construir um Balanced Scorecard, sem recurso a teoria ou acetatos, simplesmente através da resposta dos participantes a 5 questões:
- Quem são os clientes-alvo e qual é o ecossistema da procura?
- Qual é a proposta de valor?
- Como alinhar operações e recursos com a estratégia?
- O que medir?
- O que começar a fazer na próxima 2ª feira?
No final, o que foi construído foi um Balanced Scorecard com:
- um mapa da estratégia;
- indicadores estratégicos;
- iniciativas estratégicas.
Interessados podem fazer a sua inscrição para metanoia@metanoia.pt com a referência ao código BSC071405.
"a common fix for poor marketing"
"Competing on price is a common fix for poor marketing. It invariably results in a devalued perception of the business’s products or services, inadequate customer support, and a constraint on the ability to grow margins. Lowering prices can be a trap that’s very difficult to escape."Trecho retirado de "How to Raise Prices and Increase Demand at the Same Time"
Não chega aplicar as fórmulas (parte I)
Muitas vezes, ao ler artigos científicos publicados sobre o balanced scorecard, fico com a impressão de que os autores cometem erros ou simplificações básicas, típicas de quem não tem experiência suficiente para ver as complicações ou as diferentes matizes da realidade do terreno. Entre o branco e o preto há um mundo de cinzas.
.
Há muito que escrevo aqui no blogue que não existe nenhuma definição sagrada, nenhum dicionário único, que defina o que é um balanced scorecard.
.
Diferentes pessoas, diferentes empresas chamam balanced scorecard a coisas tão distintas, tão díspares. Visto superficialmente, mais de 90% dos balanced scorecards têm indicadores para quatro perspectivas, depois, começam as diferenças. Por exemplo:
.
Não quero ser mau, nem comportar-me como o dono do balanced scorecard, contudo preocupa-me que a ferramenta seja usada e divulgada de uma forma que lhe dá má imagem perante as cobaias que, depois, vão ser ardentes "terroristas", os primeiros a dizer:
Continua.
.
Há muito que escrevo aqui no blogue que não existe nenhuma definição sagrada, nenhum dicionário único, que defina o que é um balanced scorecard.
.
Diferentes pessoas, diferentes empresas chamam balanced scorecard a coisas tão distintas, tão díspares. Visto superficialmente, mais de 90% dos balanced scorecards têm indicadores para quatro perspectivas, depois, começam as diferenças. Por exemplo:
- os indicadores estão alinhados com a estratégia?
- os indicadores estão baseados num mapa da estratégia?
- é clara qual a estratégia seguida pela empresa?
Assim, avaliar o impacte do balanced scorecard nas empresas sem perceber essas diferenças é um erro básico.
.
Por isso, fiquei agradavelmente surpreendido com este artigo "Performance effects of using the Balanced Scorecard: a note on the Dutch experience" de Geert J.M. Braam e Edwin J. Nijssen:
"As an ‘ideational’ innovation, i.e. novel ideas that lack a material component, the BSC lends itself to various interpretations. Under the same label, the BSC can be and is used in different ways involving many different functional areas and indicators. Different ways of implementing and using the BSC may have different effects on company performance. As the Exhibit shows, [Moi ici:Os autores apresentam o exemplo de uma instituição financeira que tentou aplicar o BSC por 3 vezes, sempre com o apoio de consultores. Só a terceira tentativa funcionou] usage of the BSC will not automatically improve company performance. The case of the financial institution illustrates that BSC interpretation and implementation are not straightforward. The company made three attempts to implement and use the BSC, and each time it was interpreted and used differently. The first two implementations were disappointing, but the third and final attempt was successful. As one respondent commented, ‘The BSC is a good concept but at the same time the instrument’s actual guidelines are vague, maybe too vague. You need some experience to get it right. Finally, after three implementations we figured out the process and what was most critical about the instrument for us.’ This case suggests that ‘use matters’, i.e. the way the BSC is interpreted and used is key for successful BSC application. This raises the question of how a company should implement and use the BSC to increase organizational performance."Ainda voltaremos a este artigo e às suas conclusões. No entanto, por agora, convido à leitura de mais uma dissertação, "O Balanced Scorecard como instrumento de monotorização do desempenho organizacional: O Caso Fapricela, S.A.".
.
Não quero ser mau, nem comportar-me como o dono do balanced scorecard, contudo preocupa-me que a ferramenta seja usada e divulgada de uma forma que lhe dá má imagem perante as cobaias que, depois, vão ser ardentes "terroristas", os primeiros a dizer:
-Isso não funciona!!!É que não chega aplicar as fórmulas. Recordar:
- A defesa de uma dissertação a que assisti acidentalmente;
- Caro estagiário, você vai longe.
Continua.
sexta-feira, julho 04, 2014
Um bom exemplo
"Medalhas de ouro para azeite de Murça abrem portas à exportação"
.
Diria mais, para lá da abertura das portas à exportação, deveria/deve abrir as portas à subida na escala de valor, à fuga à competição pelo preço contra o granel.
.
Desenhando o ecossistema da procura, procuraria sublinhar em que mercados os especialistas e os concursos vencidos funcionam como referências, funcionam como prescritores.
.
Diria mais, para lá da abertura das portas à exportação, deveria/deve abrir as portas à subida na escala de valor, à fuga à competição pelo preço contra o granel.
.
Desenhando o ecossistema da procura, procuraria sublinhar em que mercados os especialistas e os concursos vencidos funcionam como referências, funcionam como prescritores.
""Satisfaz-nos imensamente termos conseguido um azeite desta qualidade e que é reconhecido, por incrível que possa parecer, apenas e só fora de Portugal", sublinhou."Se calhar o mercado nacional não está suficientemente educado para consumir este tipo de azeite, ou se calhar a cooperativa não trabalhou os canais, as prateleiras certas. Isto não é azeite para se vender na distribuição grande.
"Os azeites de Murça estão presentes em 40 mercados, desde o mercado da saudade na Europa, ao Brasil, Angola, Moçambique, Canadá, EUA e China, para onde se iniciou a exportação há mais de dois anos."Espero que a cooperativa aborde os mercados sensíveis aos concursos de forma diferente do mercado da saudade e deixe cada vez menos dinheiro em cima da mesa.
Curiosidade do dia
Em Tortosendo, ontem, fragmentos do passado:
A SONAP foi nacionalizada em 1975.
.
BTW "1935 - Desencadeia-se no mercado um “guerra de preços” envolvendo a Vacuum, Shell e Atlantic, que só termina com a fixação dum preço oficial (superior ao dobro do preço então vigente no mercado), pelo Ministro das Finanças, Oliveira Salazar."
A SONAP foi nacionalizada em 1975.
.
BTW "1935 - Desencadeia-se no mercado um “guerra de preços” envolvendo a Vacuum, Shell e Atlantic, que só termina com a fixação dum preço oficial (superior ao dobro do preço então vigente no mercado), pelo Ministro das Finanças, Oliveira Salazar."
Outro currículo escondido
A posição do coordenador da União de Sindicatos de Viana do Castelo (USVC) "Sindicato critica venda do Atlântida a "preço de saldo" tem um outro currículo escondido o do marxianismo entranhado.
.
Houve um leilão, quem quis comprar apresentou a sua melhor proposta.
.
A proposta vencedora adquiriu o Atlântida por 12,8 milhões de euros.
.
A verdade é que o valor de um bem não é algo de objectivo. O valor é subjectivo e depende do ponto de vista de quem quer comprar. A contabilidade das empresas pode avaliar como bem entender os produtos que produziu e que estão no armazém. Contudo, se não tiverem clientes, poderão ser vendidos como refugo ou, até mesmo a empresa ter de pagar para que alguém dê um destino final legal e ambientalmente responsável a esses produtos.
.
Houve um leilão, quem quis comprar apresentou a sua melhor proposta.
.
A proposta vencedora adquiriu o Atlântida por 12,8 milhões de euros.
"Concluído em 2009, o navio deveria ter rendido 50 milhões de euros. Encostado no Alfeite à espera de comprador, foi avaliado em 29 milhões no relatório e contas de 2012 dos ENVC, cuja administração calcula que, até ao momento, o negócio do Atlântida representa prejuízos superiores a 70 milhões de euros."O currículo escondido é revelado por:
"Foi um crime cometido contra o erário público, já que o navio, novo, foi vendido a preço de saldo."O marxianismo defende que o valor de um bem depende da quantidade de trabalho que nele foi incorporado durante a sua produção.
.
A verdade é que o valor de um bem não é algo de objectivo. O valor é subjectivo e depende do ponto de vista de quem quer comprar. A contabilidade das empresas pode avaliar como bem entender os produtos que produziu e que estão no armazém. Contudo, se não tiverem clientes, poderão ser vendidos como refugo ou, até mesmo a empresa ter de pagar para que alguém dê um destino final legal e ambientalmente responsável a esses produtos.
Um currículo escondido
Este título "Seguros 'low cost' nem sempre são melhor opção" tem um currículo escondido.
.
O título assume que todos os clientes procuram o mesmo, valorizam o mesmo.
.
O título assume que a oferta é sempre a mesma e o que distingue a proposta de uma seguradora de uma outra seguradora é só o preço.
.
Em 1989(?) comprei o meu primeiro carro, o meu critério foi, o mais barato do mercado na altura. Por isso, comprei um Fiat Panda.
.
Quando circulava com ele, raramente via outros Fiat Panda. Ou seja, a maioria esmagadora dos compradores de automóveis optava por um outro critério que não o preço.
.
O que é que um potencial cliente compra quando compra um seguro?
.
Uns compram paz de espírito, outros protecção contra o "azar", outros o cumprimento de um requisito legal, outros ...
.
E na sua empresa, também comete este erro? Também confunde o mercado com o produto? Também tenta vender o mesmo produto a todo o tipo de clientes, independentemente do que eles procuram e valorizam?
.
Se é isso... lamento informar que tem um problema grave, olha para o que faz como uma commodity e vende uma commodity...
.
Recordar "“Commodities only exist in the minds of the inept""
.
O título assume que todos os clientes procuram o mesmo, valorizam o mesmo.
.
O título assume que a oferta é sempre a mesma e o que distingue a proposta de uma seguradora de uma outra seguradora é só o preço.
.
Em 1989(?) comprei o meu primeiro carro, o meu critério foi, o mais barato do mercado na altura. Por isso, comprei um Fiat Panda.
.
Quando circulava com ele, raramente via outros Fiat Panda. Ou seja, a maioria esmagadora dos compradores de automóveis optava por um outro critério que não o preço.
.
O que é que um potencial cliente compra quando compra um seguro?
.
Uns compram paz de espírito, outros protecção contra o "azar", outros o cumprimento de um requisito legal, outros ...
.
E na sua empresa, também comete este erro? Também confunde o mercado com o produto? Também tenta vender o mesmo produto a todo o tipo de clientes, independentemente do que eles procuram e valorizam?
.
Se é isso... lamento informar que tem um problema grave, olha para o que faz como uma commodity e vende uma commodity...
.
Recordar "“Commodities only exist in the minds of the inept""
Alguma esperança acerca do futuro
Eis uma notícia interessante e que dá alguma esperança acerca do futuro, "Número de hotéis em Portugal quase duplicou entre 2002 e 2012":
"O número de hotéis em Portugal quase duplicou entre 2002 e 2012, com um crescimento de 90%, passando de 520 para 988 unidades, indicam dados sobre o setor do turismo disponíveis na base de dados Pordata."Isto significa destruição criativa em potência, mais concorrência:
"Por outro lado, os preços no setor não acompanharam o aumento do número de hotéis, tendo em conta o rendimento médio por quarto a preços constantes de 2006. Se nesse mesmo ano (primeiro com estes dados disponíveis), estes rendimentos foram de 34,6 euros por quarto de hotel, em 2012 tinham descido para 30,1 euros."Recordar "Big Man economy em todo o seu esplendor" de Agosto de 2007
"Em Lisboa, pode estar a caminhar-se para um excesso de oferta de camas, sobretudo ao nível da hotelaria de quatro e cinco estrelas."Parece que alguém foi incapaz de controlar as barreiras à entrada, ainda bem!
...
"Rugeroni [Moi ici: Da Espírito Santo Turismo] sugere que Estado limite hotéis da capital"
quinta-feira, julho 03, 2014
Que tipo de relacionamento promove com os clientes-alvo?
"Companies not only need to figure out what kinds of relationships their customers have and want with the brand, they also have to figure out how much value each type of relationship offers, so that consumers’ ties with the firm can be managed intelligently. Ideally, a company should maintain a relationship portfolio that supports its long-term strategy."E, também:
"People now expect companies to understand what type of relationships they want and to respond appropriately—they want firms to hold up their end of the bargain. Unfortunately, many brands don’t meet those expectations.Quem são os seus clientes-alvo?
...
consumer companies often manage relationships haphazardly and unprofitably, committing blunders that undermine their connections with customers. A person wanting to be treated like a friend is more likely to be treated as a mere party to an exchange—or, even worse, as an adversary. It goes the other way, too: A customer looking for a mere exchange may get an off-putting attempt at building a friendship. In study after study, we find that consumers are frequently frustrated by companies’ inability to meet their relationship expectations."
.
Que tipo de relacionamento privilegiam?
.
Que tipo de relacionamento promove com eles?
.
Texto inicial retirado de "Don’t Propose Marriage to a Customer Who Wants a Fling"
.
Texto seguintes retirado de "Unlock the Mysteries of Your Customer Relationships"
A chegar ao mainstream
Há anos que escrevemos sobre isto aqui no blogue, o reshoring, o nearshoring.
.
Em "Rebalancing your sourcing strategy" pode ler-se:
.
Em "Rebalancing your sourcing strategy" pode ler-se:
"After years of large-scale outsourcing and offshoring, a number of onshoring initiatives in both the manufacturing and service industries have left many executives wondering if a major trend reversal is occurring.
.
The answer, according to our analysis, is simply that many leading companies now have a broader set of options when they source. To do that optimally, they define bundles of activities that should be sourced consistently and select the best option for each bundle: offshoring, nearshoring (locations in neighboring countries), farmshoring (lower-cost locations in the company’s home country), or onshoring. Today, sourcing strategy focuses increasingly on value-creating factors that go beyond labor costs, which was the primary driver of sourcing in the past."
O que faria diferente (parte V)
Parte I, parte II, parte III e Parte IV
.
E acabamos na perspectiva financeira:
Se a estratégia passa pela inovação. Os novos produtos desenvolvidos:
.
E acabamos na perspectiva financeira:
Se a estratégia passa pela inovação. Os novos produtos desenvolvidos:
- estão a vender-se? Qual é a quota das vendas que decorrem dos produtos novos?
- são realmente inovadores? Qual é a margem que conseguimos nos produtos novos?
- são realmente inovadores? O preço médio unitário está a crescer?
Acerca da "reduzida inovação do sector empresarial"
No outro dia o Carlo comentava sobre a "reduzida inovação do sector empresarial", ontem encontrei um exemplo do que se passa em tantos e tantos sectores não transaccionáveis deste país:
"«Viemos apresentar um documento com três ou quatro reivindicações que passam pela redução da carga fiscal, [Moi ici: A única reivindicação de jeito, IMHO, embora acredite que não estejam de acordo com as contrapartidas] o combate à concorrência desleal, com as grandes escolas a absorverem e a asfixiarem as pequenas escolas - à semelhança do que acontece em outros setores do país -, uma situação que está a colocar muitos posto de trabalho em causa», declarou José Manuel Oliveira. [Moi ici: Protecção contra os fenómenos de consolidação que contribuem para o aumento da eficiência e da produtividade. Essa protecção implica proteger empresas menos produtivas, empresas menos inovadoras, lançar barreiras à saída]Trecho retirado de "Automóveis de escolas de condução «invadem» Lisboa"
.
As reivindicações dos trabalhadores passam pela fixação de um valor mínimo para as cartas de condução, [Moi ici: Protecção contra os mais eficientes, contra os que queimam as pestanas tentando tornar o serviço mais eficiente e atraente para os clientes. Por que não propõem um portal onde se publicite a taxa de sucesso dos alunos de cada escola? Quantos passam à primeira? Quantos passam à segunda? Isto é Portugal no seu pior, pedindo protecção ao EstadoCoroaà custa dos clientes] a suspensão dos cursos de acesso à profissão de instrutor, [Moi ici: Barreiras à entrada, cuidar da panelinha dos que já estão dentro... Portugal no seu pior!!!] à redução do IVA no setor e à formação e atualização dos instrutores sem custos para estes, entre outras. [Moi ici: Assim se vê a importância que dão à formação. É tão importante, é tão relevante que tem de ser paga pelos contribuintes... então não queriam reduzir a carga fiscal?]"
quarta-feira, julho 02, 2014
Alinhamento dos recursos humanos com a estratégia
A propósito deste postal "O que faria diferente (parte II)" e do desafio do indicador "Formação profissional", é fácil concordar que a formação profissional pode ser relevante para melhorar o desempenho de uma empresa. Já não é tão claro perceber qual é a formação que interessa (ver este excelente filme sobre o custo da oportunidade).
.
Assim, este trecho faz todo o sentido:
Trecho retirado de "It’s Time to Split HR"
.
Assim, este trecho faz todo o sentido:
"I talk with CEOs across the globe who are disappointed in their HR people. They would like to be able to use their chief human resource officers (CHROs) the way they use their CFOs—as sounding boards and trusted partners—and rely on their skills in linking people and numbers to diagnose weaknesses and strengths in the organization, find the right fit between employees and jobs, and advise on the talent implications of the company’s strategy.Recordar Scorecard do Capital Humano
.
But it’s a rare CHRO who can serve in such an active role. Most of them are process-oriented generalists who have expertise in personnel benefits, compensation, and labor relations. They are focused on internal matters such as engagement, empowerment, and managing cultural issues. What they can’t do very well is relate HR to real-world business needs. They don’t know how key decisions are made, and they have great difficulty analyzing why people—or whole parts of the organization—aren’t meeting the business’s performance goals."
Trecho retirado de "It’s Time to Split HR"
Apesar do euro...
"Desde janeiro a abril deste ano, o setor metalúrgico e metalomecânico exportou 4.406 milhões de euros, um valor sem precedentes em termos homólogos, avança o Jornal de Negócios."Podem continuar a defender que é preciso sair do euro para tornar a economia mais competitiva, treta!
.
A saída do euro é para que os políticos possam continuar a brincar com a cotação da moeda, fotocopiando mais ou menos notas em função das clientelas que têm de satisfazer e enganar, com a ilusão monetária, os tótós.
.
Mais uma vez, os humanos não são maximizers, são satisficers. Ás vezes penso que aos grupos de humanos, no seu todo e não as empresas em particular, se podem aplicar regras que vemos na natureza. Uma delas é: A natureza não corre para objectivos, foge dos constrangimentos. Os empresários, como um todo, fazem a sua vida e ficam satisfeitos com um certo nível de desempenho das suas empresas, estão na sua zona de conforto. Quando a realidade em que estão inseridos muda, eles são obrigados a mudar e mudam. Claro que alguns, em posições, ou com comportamentos mais fragilistas, não conseguem mudar a tempo.
.
Trecho retirado de "Crescimento Setor metalúrgico bate recorde em quatro meses"
O que faria diferente (parte IV)
Parte I, parte II e parte III.
.
E chegamos à perspectiva clientes.
Índice Satisfação de Clientes - Também utilizaria esse indicador com um cuidado, para não misturar diferentes tipos, diferentes segmentos de clientes no cálculo de um índice global.
.
Diminuição do tempo médio de resolução de garantias - Trata-se de um indicador de um processo interno, poderia fazer parte da perspectiva dos processos internos. No entanto, qual a relação com a estratégia?
.
Redução do custo com garantias - Trata-se de um indicador de um processo interno, poderia fazer parte da perspectiva dos processos internos. No entanto, qual a relação com a estratégia? Em tempos trabalhei com uma empresa em que o director-geral usava este indicador, de forma muito pessoal, como proxy para medir a evolução da satisfação dos clientes.
.
Aumento de vendas prod. High Tech e % Penetração novos mercados - Indicadores relacionáveis com uma estratégia baseada em produtos inovadores.
.
Pergunto, e:
Continua.
.
E chegamos à perspectiva clientes.
Índice Satisfação de Clientes - Também utilizaria esse indicador com um cuidado, para não misturar diferentes tipos, diferentes segmentos de clientes no cálculo de um índice global.
.
Diminuição do tempo médio de resolução de garantias - Trata-se de um indicador de um processo interno, poderia fazer parte da perspectiva dos processos internos. No entanto, qual a relação com a estratégia?
.
Redução do custo com garantias - Trata-se de um indicador de um processo interno, poderia fazer parte da perspectiva dos processos internos. No entanto, qual a relação com a estratégia? Em tempos trabalhei com uma empresa em que o director-geral usava este indicador, de forma muito pessoal, como proxy para medir a evolução da satisfação dos clientes.
.
Aumento de vendas prod. High Tech e % Penetração novos mercados - Indicadores relacionáveis com uma estratégia baseada em produtos inovadores.
.
Pergunto, e:
- a empresa está a trabalhar bem comercialmente? Está a conquistar clientes-alvo?
- os clientes-alvo estão satisfeitos?
- a empresa está a conseguir criar e desenvolver relações de longo prazo com os seus clientes-alvo?
Continua.
Testamentos de moicanos
Excelente Joaquim Aguiar:
O que é triste é perceber que estes textos, que seriam considerados banalidades elementares por qualquer pessoa há 40 anos, hoje, são testamentos de moicanos classificados como propaganda neoliberal, ou pior, merkelismo perigoso.
"A ilusão é um bem livre, cada um pode consumir a quantidade que quiser sem ter de pagar por isso. Mas não é um produto gratuito, porque o seu consumo, sobretudo quando imoderado, tem um custo: a perda de contacto com a realidade.Trecho retirado de "Ilusões e banalidades"
...
O tempo europeu da memória (com mercados administrados e redes imperiais) é diferente do tempo europeu do futuro (em que os factores se deslocam em função da remuneração, mas onde o factor capital tem uma velocidade muito superior). Os que se endividaram na ilusão acordam para a realidade da dívida que imita, mas não é, capital. Sem capital, não há trabalho nem crescimento. E sem dívida remunerada, não haverá nova dívida. Não tem de haver uma estratégia do capital financeiro para impor a servidão, basta a ilusão imprudente dos devedores."
O que é triste é perceber que estes textos, que seriam considerados banalidades elementares por qualquer pessoa há 40 anos, hoje, são testamentos de moicanos classificados como propaganda neoliberal, ou pior, merkelismo perigoso.
terça-feira, julho 01, 2014
O que faria diferente (parte III)
Parte I e parte II
.
Os indicadores escolhidos para a perspectiva dos processos internos foram:
Reparem "Implementação Lean Production", "Uniformização Componentes" e "Controlo de Qualidade", tudo indicadores virados para dentro, virados para a eficiência. E, um indicador "% desenvolvimento de novos produtos" virado de certa forma para a inovação.
.
E a actividade comercial, não precisa de objectivos? E não é preciso apostar na marca?
.
Pessoalmente, distinguiria a pressão conjuntural para reduzir custos, da prioridade estrutural em inovar, desenvolver a marca e melhorar a actividade comercial.
.
Há uns anos trabalhei com um fabricante de máquinas que tinha este "conflito" dentro de portas: às segundas, terças e quartas apostava na uniformização e redução de custos, para às quintas e sextas apostar na inovação e no co-desenvolvimento de novas máquinas com clientes-pioneiros. A solução passou por uma espécie de pwp, à la Skinner. Duas unidades de negócio, cada uma no seu pavilhão contíguo, cada uma com o seu balanced scorecard. O desenvolvimento, construção e lançamento de novos modelos de máquinas têm um tipo de gestão diferente da dos modelos batidos, testados, que competem em parte pelo preço dentro seu segmento.
.
É das lacunas nos processos que influenciam os resultados dos indicadores da perspectiva interna que sai o material concreto para definir a tal formação profissional da perspectiva da parte II desta série.
.
Lembrei-me agora da empresa que tinha um indicador para o tempo médio de resposta a pedidos de proposta e, que metia no mesmo número médio, as propostas que demoravam 4 semanas a elaborar e as que demoravam 20 minutos. (Não me perguntem se as de 20 minutos faziam sentido estratégico)
Continua.
.
Os indicadores escolhidos para a perspectiva dos processos internos foram:
Reparem "Implementação Lean Production", "Uniformização Componentes" e "Controlo de Qualidade", tudo indicadores virados para dentro, virados para a eficiência. E, um indicador "% desenvolvimento de novos produtos" virado de certa forma para a inovação.
.
E a actividade comercial, não precisa de objectivos? E não é preciso apostar na marca?
.
Pessoalmente, distinguiria a pressão conjuntural para reduzir custos, da prioridade estrutural em inovar, desenvolver a marca e melhorar a actividade comercial.
.
Há uns anos trabalhei com um fabricante de máquinas que tinha este "conflito" dentro de portas: às segundas, terças e quartas apostava na uniformização e redução de custos, para às quintas e sextas apostar na inovação e no co-desenvolvimento de novas máquinas com clientes-pioneiros. A solução passou por uma espécie de pwp, à la Skinner. Duas unidades de negócio, cada uma no seu pavilhão contíguo, cada uma com o seu balanced scorecard. O desenvolvimento, construção e lançamento de novos modelos de máquinas têm um tipo de gestão diferente da dos modelos batidos, testados, que competem em parte pelo preço dentro seu segmento.
.
É das lacunas nos processos que influenciam os resultados dos indicadores da perspectiva interna que sai o material concreto para definir a tal formação profissional da perspectiva da parte II desta série.
.
Lembrei-me agora da empresa que tinha um indicador para o tempo médio de resposta a pedidos de proposta e, que metia no mesmo número médio, as propostas que demoravam 4 semanas a elaborar e as que demoravam 20 minutos. (Não me perguntem se as de 20 minutos faziam sentido estratégico)
Continua.
Para reflexão
"Despite High Unemployment, Portugal Looks Far Afield for Workers"
.
"Há quase 17 mil empregos vagos, a maioria de baixa qualidade"
.
Os treinadores de bancada, tão rápidos a desclassificar os empresários portugueses, ficam desde já convidados a irem a jogo e a levá-los à falência.
.
3 anos depois da troika, estou firmemente convencido que devíamos ter falido mesmo.
.
"Há quase 17 mil empregos vagos, a maioria de baixa qualidade"
.
Os treinadores de bancada, tão rápidos a desclassificar os empresários portugueses, ficam desde já convidados a irem a jogo e a levá-los à falência.
.
3 anos depois da troika, estou firmemente convencido que devíamos ter falido mesmo.
segunda-feira, junho 30, 2014
Acerca do espaço de Minkowski
Um texto tão rico, tão cheio de verdadeiras pérolas metafóricas em "The Art of Looking: What 11 Experts Teach Us about Seeing Our Familiar City Block with New Eyes"
.
Por exemplo:
.
Por exemplo:
"The thing you are doing now affects the thing you see next."Concretizada, por exemplo, em:
"Tinbergen noticed that songbirds did not prey on just any insect that had recently hatched in the vicinity; instead, they tended to prefer one kind of bug - say, a particular species of beetle - at a time. As the numbers of young beetles rose through a season, the birds gorged on these beetlettes, ignoring any other available young insects nearby. Tinbergen suggested that, once the birds found a food they liked, they began to look just for that food, ignoring all others. He called this a search image: a mental image of a beetle—with its characteristic beetly shape, size, and colors—with which the bird scans her environment.Como não recordar o espaço de Minkowski, como não pensar na dificuldade natural que as empresas têm de enfrentar quando o seu mercado entra em queda e têm de procurar novos mercados e têm de se internacionalizar.
.
This search image, it turns out, is something all of us employ when we need to narrow our attention in a goal-oriented task,"
O que faria diferente (parte II)
Parte I.
.
Acerca da construção do mapa da estratégia. O autor começa pela base do mapa da estratégia.
.
Chamo a esta perspectiva, a perspectiva dos recursos e infra-estruturas e vejo-a como reunindo objectivos que permitem medir o progresso de investimentos que vão colmatar lacunas que impedem o desempenho excelente dos processos críticos para a execução da estratégia.
.
Os objectivos escolhidos para esta perspectiva são:
O objectivo "Formação profissional" faz sempre sentido. Contudo, que formação é crítica? Que formação alinhada com a estratégia é relevante para a execução da estratégia?
.
Só depois de formulada a estratégia e identificados os objectivos estratégicos na perspectiva dos processos é que podemos ter uma ideia clara do tipo de formação profissional ou outras lacunas, por exemplo, em sistemas de informação ou infra-estruturas físicas.
.
Continua
.
Acerca da construção do mapa da estratégia. O autor começa pela base do mapa da estratégia.
"A escolha dos KPI’s não foi feita através de um qualquer resumo dos que já existem na empresa (aliás, a esmagadora maioria não é utilizada), antes foram pensados em linha com Kaplan (2004 a), ou seja, iniciou-se este trabalho pela perspectiva de aprendizagem e crescimento e respeitando às relações de causa e efeito foi-se “subindo” até chegar à perspectiva financeira."Na minha abordagem, esta é mesmo a última perspectiva a ser trabalhada. Ás vezes, fica para depois da definição do grosso das iniciativas estratégicas.
.
Chamo a esta perspectiva, a perspectiva dos recursos e infra-estruturas e vejo-a como reunindo objectivos que permitem medir o progresso de investimentos que vão colmatar lacunas que impedem o desempenho excelente dos processos críticos para a execução da estratégia.
.
Os objectivos escolhidos para esta perspectiva são:
O objectivo "Formação profissional" faz sempre sentido. Contudo, que formação é crítica? Que formação alinhada com a estratégia é relevante para a execução da estratégia?
.
Só depois de formulada a estratégia e identificados os objectivos estratégicos na perspectiva dos processos é que podemos ter uma ideia clara do tipo de formação profissional ou outras lacunas, por exemplo, em sistemas de informação ou infra-estruturas físicas.
.
Continua
domingo, junho 29, 2014
O keynesianismo a preparar a cama
"War: What Is It Good For? The Role of Conflict in Civilisation, from Primates to Robots, by Ian Morris"
O que faria diferente (parte I)
A propósito de "Implementação do balanced scorecard numa unidade do Grupo Ferpinta", uma dissertação no âmbito de um Mestrado em Finanças e Fiscalidade, resolvi fazer mais uma análise crítica.
.
O objectivo não é o de fazer qualquer crítica destrutiva, é simplesmente dar a minha opinião e explanar o racional que uso e sigo no meu trabalho com as empresas.
.
Convém não esquecer que não existe nenhum referencial único sobre o que é um balanced scorecard ou um mapa da estratégia. Por isso, o único critério válido é que o que seja feito seja útil para as empresas.
.
Esta dissertação é sobre a implementação do BSC na empresa Herculano – Alfaias Agrícolas, S.A. Do texto de apresentação retira-se que a Herculano:
.
O que é que um tipo como eu que está de fora e não tem acesso a mais nenhuma informação faria?
.
Travava às quatro rodas perante aquela figura.
.
Nas conclusões o autor recorda:
.
O objectivo não é o de fazer qualquer crítica destrutiva, é simplesmente dar a minha opinião e explanar o racional que uso e sigo no meu trabalho com as empresas.
.
Convém não esquecer que não existe nenhum referencial único sobre o que é um balanced scorecard ou um mapa da estratégia. Por isso, o único critério válido é que o que seja feito seja útil para as empresas.
.
Esta dissertação é sobre a implementação do BSC na empresa Herculano – Alfaias Agrícolas, S.A. Do texto de apresentação retira-se que a Herculano:
"A empresa tem uma vasta gama de produtos que lhe permite servir vários segmentos de mercado. De forma sistematizada podemos apresentar os principais produtos e segmentos de mercado que a empresa serve:"De seguida apresenta-se uma análise da concorrência e avança-se para uma análise SWOT.
.
O que é que um tipo como eu que está de fora e não tem acesso a mais nenhuma informação faria?
.
Travava às quatro rodas perante aquela figura.
.
Nas conclusões o autor recorda:
"Em 1954, no livro “Practice of Management”, Drucker (1954) afirma, pela primeira vez, que todos os colaboradores deveriam ter objectivos de performance pessoais que estivessem alinhados com a estratégia da empresa."Aproveito para recordar que o mesmo Drucker também afirmou:
“The purpose of business is to create and keep a customer.”Assim, antes de mais nada levaria a empresa a trazer para a mesa a discussão sobre:
- Quem são os utilizadores das nossas máquinas?
- O que procuram e valorizam?
- O que os faz sonhar, o que os preocupa e os move?
- Existem vários segmentos de utilizadores?
- Qual ou quais aqueles onde estamos mais à vontade e porquê?
- Qual aquele onde temos melhores margens?
- Em que "prateleiras" estão expostas as nossas máquinas?
- Quem são os donos das "prateleiras"?
- O que procuram e valorizam?
- O que os faz sonhar, o que os preocupa e os move?
- Qual o melhor casamento entre "prateleiras" e utilizadores-alvo? E essa combinação varia em função do sector de actividade?
- Para onde pode estar a ir o mundo onde os donos das prateleiras e os utilizadores-alvo vivem?
Antes de mergulharmos no interior da organização, e muitas vezes perdermos-nos no meio dos detalhes internos, observar o mais livremente possível a paisagem enrugada que está no exterior da organização.
.
Qual é o ecossistema da procura? Que segmentos podemos servir com vantagem? Que diferenciação o mercado procura e valoriza?
.
Se não percebermos primeiro para quem e com quem vamos trabalhar corremos um sério risco de não tirar o melhor partido do exercício.
.
Sendo a dissertação de 2011 e apresentando resultados até 2010, é natural que a empresa à altura estivesse a sentir o choque, ou o começo do choque da quebra do mercado interno e estivesse pressionada para se concentrar internamente na redução de custos. No entanto, isso é sanear a empresa financeiramente, é assegurar, eventualmente, a sobrevivência, não é construir o futuro.
.
Continua.
o medo atávico das elites políticas pela destruição criativa
Lembram-se dos campeões nacionais?
.
Lembram-se dos centros de decisão nacionais?
.
Lembram-se do manifesto dos 40?
.
Volto a "Why Nations Fail" de Acemoglu e Robinson:
ADENDA (13h30): QED
.
Lembram-se dos centros de decisão nacionais?
.
Lembram-se do manifesto dos 40?
.
Volto a "Why Nations Fail" de Acemoglu e Robinson:
"The great Roman writer Pliny the Elder relates the following story. During the reign of the emperor Tiberius, a man invented unbreakable glass and went to the emperor anticipating that he would get a great reward. He demonstrated his invention, and Tiberius asked him if he had told anyone else about it. When the man replied no, Tiberius had the man dragged away and killed, “lest gold be reduced to the value of mud.” There are two interesting things about this story. First, the man went to Tiberius in the first place for a reward, rather than setting himself up in business and making a profit by selling the glass. This shows the role of the Roman government in controlling technology. Second, Tiberius was happy to destroy the innovation because of the adverse economic effects it would have had. This is the fear of the economic effects of creative destruction.Mais à frente contam a história de homem que inventou uma máquina de tecer no tempo da rainha Isabel I e que lhe pediu a protecção de uma patente, que lhe foi negada. Quando Jaime I subiu ao trono, o homem voltou à carga a pedir a patente que lhe voltou a ser negada:
.
There is also direct evidence from the period of the Empire of the fear of the political consequences of creative destruction. Suetonius tells how the emperor Vespasian, who ruled between AD 69 and 79, was approached by a man who had invented a device for transporting columns to the Capitol, the citadel of Rome, at a relatively small cost. Columns were large, heavy, and very difficult to transport. Moving them to Rome from the mines where they were made involved the labor of thousands of people, at great expense to the government. Vespasian did not kill the man, but he also refused to use the innovation, declaring, “How will it be possible for me to feed the populace?” Again an inventor came to the government. Perhaps this was more natural than with the unbreakable glass, as the Roman government was most heavily involved with column mining and transportation. Again the innovation was turned down because of the threat of creative destruction, not so much because of its economic impact, but because of fear of political creative destruction."
"James I also refused, on the same grounds as Elizabeth. Both feared that the mechanization of stocking production would be politically destabilizing. It would throw people out of work, create unemployment and political instability, and threaten royal power. The stocking frame was an innovation that promised huge productivity increases, but it also promised creative destruction."E os autores rematam:
"The fear of creative destruction is the main reason why there was no sustained increase in living standards between the Neolithic and Industrial revolutions. Technological innovation makes human societies prosperous, but also involves the replacement of the old with the new, and the destruction of the economic privileges and political power of certain people. For sustained economic growth we need new technologies, new ways of doing things, and more often than not they will come from newcomers such as Lee [Moi ici: O nome do homem que abordou os reis ingleses em busca de uma patente]. It may make society prosperous, but the process of creative destruction that it initiates threatens the livelihood of those who work with old technologies, such as the hand-knitters who would have found themselves unemployed by Lee’s technology. More important, major innovations such as Lee’s stocking frame machine also threaten to reshape political power.Olhando para a situação do país, para os baixos níveis de produtividade, para a reacção das elites durante a década passada...
...
But the elite, especially when their political power is threatened, form a more formidable barrier to innovation. The fact that they have much to lose from creative destruction means not only that they will not be the ones introducing new innovations but also that they will often resist and try to stop such innovations. Thus society needs newcomers to introduce the most radical innovations, and these newcomers and the creative destruction they wreak must often overcome several sources of resistance, including that from powerful rulers and elites."
Assim se explica o medo atávico das elites políticas pela destruição criativa.
ADENDA (13h30): QED
sábado, junho 28, 2014
O que alterariam? (parte III)
Parte I e parte II.
.
O mapa da estratégia sobre o qual tenho escrito nas partes I e II:
Foi retirado da tese de mestrado de 2013, "Concepção do Balanced Scorecard na Fisipe S.A."
.
Recordar o que temos aqui no blogue sobre a Fisipe.
.
A 29 de Maio de 2013 em "Mas claro, eu só sou um anónimo engenheiro da província (parte III)", comentámos as seguintes afirmações de João Manuel Caminha Dotti, Administrador não executivo da FISIPE:
Esta é a nossa análise só com o valor facial dos indicadores:
.
O mapa da estratégia sobre o qual tenho escrito nas partes I e II:
Foi retirado da tese de mestrado de 2013, "Concepção do Balanced Scorecard na Fisipe S.A."
.
Recordar o que temos aqui no blogue sobre a Fisipe.
.
A 29 de Maio de 2013 em "Mas claro, eu só sou um anónimo engenheiro da província (parte III)", comentámos as seguintes afirmações de João Manuel Caminha Dotti, Administrador não executivo da FISIPE:
"Resolvemos então alterar completamente a estratégia: não quisemos prosseguir como produtores de quantidade e decidimos apostar na diferenciação, em produtos inovadores.Em Julho de 2009 em "Fisipe um exemplo de aposta nas margens" sublinhámos e comentámos:
...
não queremos quantidade mas diferenciação
...
Hoje fabricamos mais de 500 tipos diferentes de fibra, que são produzidos personalizadamente, à medida de cada cliente. É a diferença entre uma fábrica de fatos e um alfaiate.Nós somos cada vez mais alfaiates de fibras e fabricamos para clientes que se focam em nichos de especialidade, que são aliás os mais competitivos na Europa."
"“Focada no crescimento das margens, a Fisipe está a deixar a produção têxtil tradicional para se dedicar às fibras técnicas, como o carbono.”Agora, voltando ao mapa da estratégia e aos indicadores do balanced scorecard nas perspectivas clientes e dos processos:
…
“A empresa, que tem vindo a apostar na reconversão da actividade industrial, dos têxteis para a produção de especialidades e fibras técnicas com valor acrescentado”
…
“Não queremos crescer em volume de produção, mas na oferta de produtos com maior valor acrescentado”
Eis um exemplo de uma empresa que segue a minha religião: valor acrescentado em detrimento do volume. Não esquecer aquela máxima: volume is vanity, profit is sanity."
Perspectiva
Clientes:
.
C1 –
Oferecer a melhor opção em fibras acrílicas funcionais e técnicas
IC11 - N.º de reclamações em fibras técnicas
IC12 - Índice de repetição de compra
(clientes de fibra técnica com repetição de compra versus total de clientes de
fibra técnica)
IC13 - N.º de clientes de fibra
técnica por aplicação
.
C2 –
Oferecer o melhor serviço
IC21 - Índice de entregas no prazo
IC22 - Indicador de qualidade e
serviço no transporte marítimo
IC23 - Indicador de qualidade e
serviço no transporte terrestre
IC24 - Inquérito à satisfação dos
clientes
.
C3 –
Construir relações solidas com os clientes
IC31 - N.º de clientes regulares em
fibras técnicas
IC32 - N.º de clientes regulares em
fibras pigmentadas
IC33 - N.º de clientes regulares em
especialidades têxteis
IC34 – N.º de clientes A visitados
pela direcção comercial
IC35 – N.º de visitas de clientes A à
Fisipe
.
C4 –
Melhorar a imagem corporativa
IC41- Rating médio dado por
fornecedores e clientes
IC42 – N.º de artigos ou entrevistas
publicadas na imprensa
IC43 – N.º de reuniões com clientes
chave e fornecedores
IC44 – N.º de comunicações em
conferências
.
Perspectiva
Processos
.
P1 -
Aumentar o ritmo e a eficiência do lançamento de novos produtos
IP11 – N.º de novos produtos lançados
IP12 – N.º de produtos modificados
IP13 – N.º de ideias obtidas para
novos produtos ou serviços
IP14 – N.º de estudos preliminares
realizados
IP15 – N.º de projectos em
desenvolvimento
.
P2 -
Melhorar os sistemas de informação
IP21 – Índice de implementação do BSC
em SAP
IP22 – Índice de integração do sistema de informação da
produção e logística
.
P3 - Aumentar a
robustez do processo produtivo
IP31 - N.º de queixas e reclamações
IP32 – Toneladas de fibras especiais
transferidas
IP33 – Percentagem de quantidades
totais produzidas adequadas versus quantidades totais pedidas
.
P4 -
Aumentar a flexibilidade e eficiência do processo produtivo
IP41 – N.º de horas de perdas de
produção de fibra por avarias no SP
IP42 – Índice de transferência de
fibras grau A
IP43 – Consumo específico de energia
eléctrica
IP44 - Consumo específico de vapor
.
P5 -
Melhorar o desempenho ambiental e a segurança
IP51 – N.º de acidentes por trimestre
IP52 – N.º de acidentes graves
IP53 - Índice de consumo de água
bruta
IP54 - Índice de emissão de efluente
industrial
IP55 - Índice de perdas de solvente
IP56 - Índice de produção de resíduos industriais
Esta é a nossa análise só com o valor facial dos indicadores:
- Indicadores a azul - são indicadores que têm tudo a ver com a eficiência da fábrica, São importantes mas não são estratégicos. Devem ser monitorizados a nível hierárquico, a nível operacional.
- Indicadores a purpura - são indicadores sobre os quais tenho dúvidas sobre o seu significado real e que parto do principio de que poderão ser relevantes
- Indicadores a vermelho - são indicadores que se eu fosse preguiçoso utilizaria (atenção, não estou a dizer que o autor é preguiçoso, se calhar há 10 anos eu também faria assim. E, para muitas empresas estes indicadores estão bem e recomendam-se. Contudo, para o caso particular da Fisipe, o que queremos? Que as visitas, que o trabalho com os clientes dê origem a fibras personalizadas. Quantas fibras personalizadas desenvolvemos em conjunto com os clientes? Quantos clientes desenvolveram com a Fisipe uma segunda fibra personalizada? Quantos projectos de co-desenvolvimento temos com clientes? Quantos terminam com bons resultados?). Preferia dar ênfase não ao número de visitas mas ao que se consegue de valor acrescentado com o aumento da interacção com clientes e fornecedores.
- Indicadores a fúcsia - são indicadores que podem fazer sentido, no entanto tentaria alinhá-los mais com a estratégia. Por exemplo, "Nº de comunicações em conferências", que tipo de comunicações? Que tipo de conferências? Que importa à Fisipe ser muito popular mas isso não se traduzir em vantagem estratégica? Também, em termos de mapa da estratégia e das relações de causa-efeito, não há qualquer relação entre P5 e C4, basta olhar para os indicadores de um e de outro.
- Indicadores a preto - são indicadores bem escolhidos. Talvez acrescentasse algo sobre o cumprimento dos prazos dos projectos e uma ligação ao retorno médio dos projectos, na perspectiva financeira.
A sensação com que fico é que a prioridade estratégica, inovação e diferenciação, fica um pouco diluída no meio de tantos indicadores de outras cores.
.
Algumas notas finais:
- não colocaria indicadores não financeiros na perspectiva financeira.
- não trabalharia com cerca de 70 iniciativas, nem misturaria iniciativas não estratégicas, que podem ser acompanhadas durante a monitorização do orçamento, com as iniciativas estratégicas. Concentraria as cerca de 70 iniciativas em 6 ou 7 iniciativas, cada uma com várias linhas correspondentes a várias actividades, tal permitiria dar maior inteligibilidade e reforçaria o papel da conjunção de várias actividades dentro de uma mesma iniciativa. Por exemplo: de F1 "Colaboração com a Universidade do Minho para desenvolvimento de misturas cimentícias" + de C1 "Desenvolver cultura sobre fibras técnicas: lançamento de relatório mensal e lançamento de programa criterioso de visitas a clientes" e "Aprofundar conhecimento sobre o desempenho das fibras técnicas por recurso ao Sistema Técnico Cientifico Nacional ou Estrangeiro" e "Aprofundar conhecimento sobre o processo de produção do precursor de fibra de carbono" + de P1 "Participar no Technical Committee do CIRFS" e "Acompanhar os trabalhos da European Technology Platform"
Escolher, escolher.
"Focused business models are most effective when they appeal to distinct market segments with clearly differentiated needs. So if your business currently serves multiple segments, it may be best to subdivide into focused units rather than try to apply one model."Trecho retirado de "Four Paths to Business Model Innovation"
Coincidência
Ontem, durante a tarde, conheci um caso interessante.
.
No ano passado, as circunstâncias empurraram uma empresa para uma alteração da sua actividade, uma alteração forçada do seu modelo de negócio. Fizeram uma mudança, depois, outra mudança e, depois ainda, mais outra mudança.
.
Apalparam o terreno, provaram a validade, a superioridade do novo modelo de negócio.
.
Agora, estão prontos para escalar o modelo. Contudo, as dificuldades de tesouraria obrigam a um ritmo lento.
.
Na altura pensei na possibilidade de capital externo, capital de sócios-temporários, ser empregue para acelerar a escala e aproveitar o sucesso do novo modelo de negócio.
.
Entretanto, à noite ao ler a história da ascensão e queda de Veneza no livro "Why Nations Fail" de Daron Acemoglu, encontrei:
.
No ano passado, as circunstâncias empurraram uma empresa para uma alteração da sua actividade, uma alteração forçada do seu modelo de negócio. Fizeram uma mudança, depois, outra mudança e, depois ainda, mais outra mudança.
.
Apalparam o terreno, provaram a validade, a superioridade do novo modelo de negócio.
.
Agora, estão prontos para escalar o modelo. Contudo, as dificuldades de tesouraria obrigam a um ritmo lento.
.
Na altura pensei na possibilidade de capital externo, capital de sócios-temporários, ser empregue para acelerar a escala e aproveitar o sucesso do novo modelo de negócio.
.
Entretanto, à noite ao ler a história da ascensão e queda de Veneza no livro "Why Nations Fail" de Daron Acemoglu, encontrei:
"One of the key bases for the economic expansion of Venice was a series of contractual innovations making economic institutions much more inclusive. The most famous was the commenda, a rudimentary type of joint stock company, which formed only for the duration of a single trading mission. A commenda involved two partners, a “sedentary” one who stayed in Venice and one who traveled. The sedentary partner put capital into the venture, while the traveling partner accompanied the cargo."Sorri, porque a tal empresa podia beneficiar de algo assim, porque o seu novo modelo de negócio está a girar em torno de matéria-prima que vem em contentores que compram, transformam e vendem.
sexta-feira, junho 27, 2014
Baixos níveis de produtividade casam bem com instituições extractivas
Leio em "Why Nations Fail":
.
Por falar em destruição criativa... imagino o choradinho que ainda vamos ver por causa disto "Higher education - Creative destruction".
"Extractive institutions are so common in history because they have a powerful logic: they can generate some limited prosperity while at the same time distributing it into the hands of a small elite. For this growth to happen, there must be political centralization. Once this is in place, the state - or the elite controlling the state - typically has incentives to invest and generate wealth, encourage others to invest so that the state can extract resources from them, and even mimic some of the processes that would normally be set in motion by inclusive economic institutions and markets.Por isso é que os governos gostam tanto de fundos e quadros comunitários, permite-lhes dar um arzinho de liberdade económica e, apoiar as elites quando os seus projectos forem, eventualmente, vítimas da destruição criativa.
...
The potential for creating extractive growth gives an impetus to political centralization
...
The growth generated by extractive institutions is very different in nature from growth created under inclusive institutions, however. Most important, it is not sustainable. By their very nature, extractive institutions do not foster creative destruction and generate at best only a limited amount of technological progress."
.
Por falar em destruição criativa... imagino o choradinho que ainda vamos ver por causa disto "Higher education - Creative destruction".
Influência da legislação e das instituições portuguesas na dimensão típica das PMEs
Com frequência, encontro nos media o discurso sobre necessidade das PMEs portuguesas crescerem, para serem mais produtivas.
.
Entretanto, em "The New Empirical Economics of Management" de Nicholas Bloom, Renata Lemos, Raffaella Sadun, Daniela Scur e John Van Reenen, reencontro este facto:
.
Entretanto, em "The New Empirical Economics of Management" de Nicholas Bloom, Renata Lemos, Raffaella Sadun, Daniela Scur e John Van Reenen, reencontro este facto:
Qual será a influência da legislação e das instituições portuguesas na dimensão típica das PMEs portuguesas?"using data on the population of manufacturing firms for France (following Gibrat) and the US we plot the firm size distribution in Figure 3.The power law implies that in log-log space there is a negative linear relationship between firm size and density, which is what we observe for the US data, except for the far right tail. France looks similar except for a break at 50 employees, which is an important regulatory threshold for labor laws. Garicano, Lelarge and Van Reenen (2013) discuss how the presence of many regulatory “taxes” that begin when the firm reaches 50 employees implies a broken power law exactly as described by the data."
Partilhar o guarda-roupa
Uma ideia interessante para mais um desenvolvimento da economia da partilha e do aluguer, o guarda-roupa, "The Next Collaborative Consumption Movement: Closet Sharing":
"In the fashion world, collaborative consumption and peer-to-peer companies are starting to make their mark in this exciting economic shift. Dubbed the closet sharing economy, fashion marketplaces are changing the relationship women have with their closets. When women know they can easily sell new or gently used things from their closets, they’re more likely to splurge on the things they want at higher prices. This change in shopping behavior has created the phenomenon of the revolving closet, where women are able to use the money they make selling clothes they no longer want in order to buy new items."
O que alterariam? (parte II)
Parte I.
.
Comecemos por olhar para o mapa da estratégia:
Atentemos no cabeçalho da perspectiva clientes, o ponto 1:
"O que os nossos clientes valorizam".
.
O que se lê na perspectiva clientes? (ponto 2)
"Oferecer"
"Oferecer"
"Construir"
"Melhorar"
.
Acções a desenvolver pela empresa...
.
Prefiro olhar para a perspectiva clientes como uma perspectiva de consequência das acções realizadas a montante. Por isso, prefiro usar na perspectiva clientes o modelo:
Se quisermos mesmo colocar o que os clientes valorizam, na perspectiva clientes, algo que fazia há 10 anos, então os objectivos teriam de ser outros, teriam de ser o que os clientes valorizam. Quando muito, podemos pensar na consequência para os clientes de "oferecermos a melhor opção em fibras", algo como "Consigo as fibras adaptadas às minhas necessidades".
.
Olhando para os indicadores escolhidos:
Passaria quase todos esses indicadores para a perspectiva dos processos. Na perspectiva clientes só ficariam estes, teria de pensar em mais alguns relevantes:
Para a perspectiva processos passariam:
Continua.
.
Comecemos por olhar para o mapa da estratégia:
Atentemos no cabeçalho da perspectiva clientes, o ponto 1:
"O que os nossos clientes valorizam".
.
O que se lê na perspectiva clientes? (ponto 2)
"Oferecer"
"Oferecer"
"Construir"
"Melhorar"
.
Acções a desenvolver pela empresa...
.
Prefiro olhar para a perspectiva clientes como uma perspectiva de consequência das acções realizadas a montante. Por isso, prefiro usar na perspectiva clientes o modelo:
Se quisermos mesmo colocar o que os clientes valorizam, na perspectiva clientes, algo que fazia há 10 anos, então os objectivos teriam de ser outros, teriam de ser o que os clientes valorizam. Quando muito, podemos pensar na consequência para os clientes de "oferecermos a melhor opção em fibras", algo como "Consigo as fibras adaptadas às minhas necessidades".
.
Olhando para os indicadores escolhidos:
Passaria quase todos esses indicadores para a perspectiva dos processos. Na perspectiva clientes só ficariam estes, teria de pensar em mais alguns relevantes:
Para a perspectiva processos passariam:
Continua.
quinta-feira, junho 26, 2014
Receita imbatível para bater incumbentes
"Perhaps the most important aspect of disruptive technologies is that they require a change in business model. Kodak was unable to compete in the market for digital cameras not because it didn’t understand the concept (in fact, it helped invent it), but because the firm was making too much money selling film.Trecho retirado de "Is Disruption Dead?"
.
And that, in effect, is what makes disruptive technologies so disruptive. They challenge incumbents to change not only their products and practices, but what they have come to value. If you’ve spent the last 50 years striving to make the world’s best film, it’s hard to embrace cameras that don’t use it."
Porque as estratégias não são eternas (parte II)
"Strategy has always required us to make hard choices in an uncertain context and managers have shown a disturbing tendency to seize on any pretext to avoid making those choices.Mais uma achega aquela ideia da perspectiva externa referida em "Porque as estratégias não são eternas"
...
“the natural reaction is to make the challenge less daunting by turning it into a problem that can be solved with tried and tested tools”
...
we must continue to define “where to play and how to win,” but on a radically compressed time frame. That doesn’t make strategy easier, it makes it exponentially harder."
.
Trechos retirados de "The Only Viable Strategy Is Adaptation"
Subscrever:
Mensagens (Atom)