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terça-feira, novembro 05, 2019

Mais bofetadas e a turbulência em curso

Na sequência de "Bofetadas e locus de controlo - produtividade é que não" um empresário mandou-me um e-mail:
Em anexo ao texto do e-mail vem um ficheiro em pdf com informação detalhada da empresa e cópia do passaporte do Managing Director.

Trata-se, portanto, de um negócio que corre de vento em popa em Portugal.

Quando tinha o meu escritório na Avenida da República em Gaia, um dos meus vizinhos, por causa do sinal de recepção deficiente, vinha para o corredor falar por telefone com trabalhadores da construção civil, para tentar contratá-los para obras na Holanda. Recordo os 12 € por hora com alimentação e casa era o último valor que ouvi. Inicialmente andava pelos 9 €:



Por que recordo isto? Porque o valor era negociado cá e pago cá. O trabalhador estava empregado numa empresa portuguesa, por acaso a realizar trabalho na Holanda. A legislação salarial holandesa não se aplicava ao trabalhador português.

Talvez por isso, isto:



Assim, estes trabalhadores vêm do Bangladesh, as empresas portuguesas não lhes pagam, pagam um serviço a uma empresa bangladeshi que tem trabalhadores bangladeshis que por acaso estão a realizar um serviço para essa empresa em Portugal. Ou seja, a legislação salarial portuguesa não se lhes aplica. Ou seja, a solução para os empresários portugueses, (e espanhóis e italianos, segundo o empresário que me enviou o e-mail) não é subir na escala de valor, nem é deslocalizar para a Ásia... é trazer a Ásia para a Europa.

Ao fim do dia, no Jornal de Notícias apanho "Falências voltam a crescer no têxtil, calçado e metalurgia":
"Apesar do número total de falências estar a cair desde a crise financeira, há sinais de alerta em várias indústrias.
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O anúncio em letras grandes foi publicado num jornal diário e dá conta da venda, em leilão eletrónico, de máquinas para a indústria do calçado. Em causa a falência da Calçado Bangue, de Romariz, Santa Maria da Feira. É uma das 238 empresas da indústria têxtil e da moda que, desde janeiro, estão em tribunal com processos de insolvência, mais 42% face ao período homólogo.
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A situação não é exclusiva do calçado. As insolvências nos têxteis e na metalurgia somam, nos primeiros nove meses do ano, mais do que no total de 2018. O arrefecimento da economia europeia, a preferência da Inditex por fornecedores marroquinos ou turcos e a concorrência da China, que está a colocar em dificuldades os produtores europeus de torres eólicas, ajudam a explicar. A questão mereceu um alerta do Fórum para a Competitividade que, nas suas perspetivas para o terceiro trimestre de 2019, destacou os "riscos elevados" nos setores têxtil e calçado. Não só as insolvências estão a crescer, como as exportações estão a cair, respetivamente, 1,1% e 7,5%"
Lembram-se de eu escrever aqui sobre os movimentos subterrâneos na economia portuguesa?

Os incautos olham para os números globais das exportações e comprazem-se com a evolução, eu há anos que separo as coisas, uma coisa são as empresas grandes que competem pelo preço, outra coisa é a imensa multidão de PMEs.

Estão a ver o e-mail lá de cima? Estão a recordar o texto inicial da bofetada? Pensem nisto:
""As empresas que ainda trabalham na lógica do preço baixo estão condenadas a prazo. Sem outros elementos de diferenciação, são simplesmente trocadas mal apareça um concorrente, no Norte de África ou na Ásia, que faça mais barato, nem que seja por um cêntimo", diz o diretor-geral da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal (ATP). Paulo Vaz garante, no entanto, que o setor realizou uma "enorme transformação, na última década" e que a generalidade das suas empresas "modernizou-se, qualificou-se, investiu na inovação tecnológica e na diversificação de produtos e mercados"."
Confesso que não sei se haverá demasiado wishful thinking nesta descrição de transformação. Estou um bocado pessimista. Penso que a maior parte da mudança foi por causa da proximidade produção-consumo. Vantagem que agora desaparece com o Norte de África e Turquia.

Acredito que o sector vai voltar a encolher e a ter de se concentrar em nichos.
"Mais difícil de aferir é a situação da metalurgia. A campeã das exportações continua em alta, com as vendas ao exterior a crescerem 7%. A AIMMAP," 
Não sei onde é que vão buscar estes números. Olhando para os dados do INE publicados há um mês o sector da metalurgia, sem o automóvel, caiu 1,9%. Se incorporarmos o automóvel, coisa que a AIMMAP não fazia no passado, e bem, o crescimento é de 4%. O que só mostra a evolução que denuncio há um ano acerca do parcial II.

No DN interessante estes números sobre o mesmo tema da evolução das insolvências:


Esta evolução era de esperar, economias saudáveis não crescem até ao céu. Economias saudáveis de vez em quando têm um ano ou mais menos bom. Por outro lado, temos um contexto em forte evolução com a Turquia e o Norte de África a darem cartas.

Por cá, politicamente a prioridade é a distribuição. Ao menos, podiam facilitar as condições para que capital estrangeiro investisse no país.

terça-feira, janeiro 02, 2018

Lados positivo, negativo e arriscado

Um lado positivo:
""Um dos nossos principais vetores de sucesso é o desenvolvimento de novos e inovadores produtos,
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Apesar de a produção nacional estar ao nível dos melhores e a preços competitivos, Manuel Brasil refere que não podem competir só pelo preço ou pela qualidade. "Trabalhar exclusivamente pelo preço é demasiado perigoso e redutor, visto que as mais-valias são muito reduzidas, e porque continuarão a existir países cuja conjuntura local seja mais favorável a este tipo de fabrico", alerta. "A qualidade é algo que tem de ser inato a todos os produtos e serviços. A premissa que deve ser garantida é a de não cair em situações de "excesso" de qualidade, ou seja, tudo aquilo que esteja incluído num produto que não tenha valor para o cliente é de facto um custo para o fabricante.""[Moi ici: A aposta na diferenciação pela inovação]
Um lado negativo:
"Se não for criada e colocada no terreno uma estratégia nacional de formação na indústria de metalomecânica, não sei por quanto tempo este crescimento possa ser sustentado."[Moi ici: O ainda não ter percebido que vão ter de ser as empresas em associação a criar soluções locais e específicas para este problema. Se calhar em conjunto com uma escola privada mais virada para o ensino profissional oficinal, e que agora atravesse um mau momento com o fim dos contratos de associação]
Já agora, a propósito de "O têxtil vive em castelos de areia". Não é o têxtil, é toda a actividade económica privada. Afinal, não foi de ânimo leve que sublinhei: "For an entrepreneur, every day is a crisis". Todas as actividades económicas que dependem de clientes que são livres de escolher a quem comprar, são como os iogurtes, têm um modelo económico que, mais tarde ou mais cedo, e sem avisar, vai ficar obsoleto. Por isso, toda a actividade económica privada vive em castelos de areia, literalmente. E fugir disto é deturpar a economia.

Outro lado positivo:
"Como "não podemos competir pelo preço", o foco está em manter a flexibilidade que permite produzir séries pequenas em espaços de tempo apertados.[Moi ici: Ainda me lembro de quase só o anónimo da província ousar escrever sobre isto]
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"O crescimento das vendas online dá vantagem a Portugal porque as marcas não podem ir à Ásia buscar mil peças em quatro meses, mas nós fazemo-lo. Cada vez mais, as lojas físicas vão encerrar e o comércio online pede rapidez." 
Um lado arriscado:
""Fizemos um estudo, que só será apresentado no primeiro semestre deste ano, que contabiliza o custo de armazenamento de toneladas de peças de vestuário que as marcas têm guardadas por essa Europa fora. Vamos resolver esse problema: propomos recuperar essas peças e dar-lhe uma vida nova, sem que percam valor."[Moi ici: O modelo que gerou/gera essas peças que não se vendem está a morrer. Por isso, também, é que o reshoring está a acontecer... recuar a Maio de 2006]

sexta-feira, setembro 15, 2017

Temos ainda muito trabalho por fazer

"As exportações de moldes ascenderam, em 2016, a 626 milhões de euros e foi a quinta vez consecutiva que bateu recorde, ultrapassando pela primeira vez na sua história a barreira dos 600 milhões. Face a 2010, o resultado representa um crescimento de 92%. Atualmente, Portugal é o terceiro maior produtor europeu e oitavo a nível mundial."

Há tempos, ao auditar um fabricante de moldes, tive um choque. Percebi algo que até então me passava ao lado. Para mim um molde era, basicamente, um bloco composto por peças metálicas. Agora, vejo um molde como algo bem diferente, uma espécie de relojoaria mecânica e digital ou mesmo de computador. A parte metálica está lá mas tem pouca margem e é feita cá em Portugal. A parte do fillet mignon, a parte com as margens generosas, é feita na Suíça e Alemanha. E os clientes, alemães e franceses, especificam que querem os sistemas de injecção do fornecedor A ou os componentes do fornecedor B.

Ou seja, temos ainda muito trabalho por fazer. Seria interessante que curiosos nacionais entrassem neste campeonato do valor acrescentado (sistemas de injecção e acessórios) para complementar o trabalhar do metal.

Trecho retirado de "A resistência da cerâmica à China e a globalização dos moldes"

segunda-feira, junho 26, 2017

Juntar as peças

Há umas pessoas que defendiam défices mais elevados ao mesmo tempo que defendiam níveis de dívida mais baixos sem perceberem a contradição. Lembro-me do grande Ortega y Gasset falar dos que lançam ideias sem a capacidade de idear, quando deparo com textos escritos por quem não tem capacidade de reflectir nas incoerências que transmite.

Ontem passei-me quando confrontei o título deste artigo, "Falta mão de obra ao líder das exportações nacionais", com uma boa parte do seu conteúdo:
"o setor metalúrgico assume-se como o grande setor da economia portuguesa. Entre os maiores problemas está a falta de mão-de-obra qualificada.
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Por falar em estabilidade, o que pensa o presidente dos metalúrgicos sobre a subida do salário mínimo?
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Terá reflexos na indústria? Aníbal Campos sublinha que “as pequenas e médias empresas são afetadas pela subida do salário mínimo, mas há também empresas estrangeiras que estão em Portugal e que vão ser afetadas”. Sobretudo se a comparação for feita “com o que se passa na antiga cortina de ferro que tem salários muito mais baixos”. Ainda assim o presidente da principal associação do setor refere que está “à vontade” porque para além da sua empresa Silampos “não praticar salários mínimos”, também na AIMMAP, desde que está à frente da associação, “o salário do setor sempre foi superior ao mínimo nacional”. Uma regalia que, adianta, é dada “em troca de outras condições, como são a flexibilidade e o banco de horas”.
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Andamos sempre à frente do salário mínimo, mas esta subida é considerável não podemos ir à frente”. E deixa o alerta: “Se não houver bom senso isto vai ter consequências para a economia”."
E segue-se um trecho extenso sobre a falta de mão-de-obra no sector:
"“O setor não tem número de formandos necessários e isto é uma tragédia e com a taxa de desemprego a baixar, este é um problema que se vai agudizar”, sublinha." 
E a jornalista não juntou as peças?

Como é que é a curva da oferta e da procura?

Se o sector está a bombar, se a procura por mão-de-obra está a crescer e se a oferta de mão-de-obra é insuficiente... o que manda é o mercado, de nada adianta estar preocupado com o salário mínimo.

domingo, março 05, 2017

Mongo e reshoring juntos

Tendo em conta factores externos como:

  • reshoring;
  • mongo e a diminuição do tamanho das encomendas e das séries, e o aumento da personalização;
Tendo em conta factores internos como:
  • tradição no sector;
  • know-how existente;
  • localização;
  • salários praticados.
Podemos enquadrar sintomas como:
"A empresa faz o que o cliente quer, não produz grandes séries e não tem produto próprio."
"A AMOB, líder mundial no fabrico de equipamentos para a indústria metalomecânica, faz “fatos à medida do cliente”, não produz equipamentos em série." 

quinta-feira, janeiro 19, 2017

WEIRD!

Há dias perante o optimismo de "“Brexit” não tirou negócio à indústria metalúrgica portuguesa" escrevi:
"a procissão, verdadeiramente, ainda não saiu do adro"
Agora, perante a mesma realidade encontro este outro título "Metalomecânica e têxteis já estão a sofrer com impacto do Brexit". Neste último artigo leio:
"Em declarações ao Negócios, Rafael Campos Pereira, vice-presidente da AIMMAP (Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal) contou que o mercado britânico pesava entre 10% e 12% das exportações anuais do sector e "estava em crescimento constante". Mas no passado mês de Novembro a tendência inverteu-se. "O mercado caiu 10% face a igual período de 2015."
No primeiro artigo li:
"A relevância das ilhas britânicas para o sector da metalurgia e da metalomecânica está a aumentar, sem que a anunciada saída do Reino Unido do mercado único europeu pareça, por enquanto, ter trazido algum tipo de impacto ao sector. “Às vezes parece que antes pelo contrário”, resumiu, ao PÚBLICO, Rafael Campos Pereira, Vice-Presidente da Associação dos Industriais Metalúrgicos Metalomecânicos e Afins de Portugal (AIMMAP).
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As exportações para o Reino Unido ultrapassaram os 1,17 milhões de euros em 2015, e os dados que já existem de 2016, e que se referem aos meses de Janeiro a Outubro, mostram que a taxa de crescimento está perto dos 20%."
O que é que isto significa?

  • jornalista pessimista vs jornalista optimista?
  • vice-presidente bipolar ou brincalhão?
  • acerca da credibilidade do jornalismo?
BTW, os últimos números do INE revelam, acerca das exportações de bens para o Reino Unido:

  • exportações totais de bens em 2016 cresceram 5,7%
  • exportações totais de bens em Novembro cresceram 1,7% 

terça-feira, janeiro 17, 2017

Acerca da metalurgia portuguesa

O título "“Brexit” não tirou negócio à indústria metalúrgica portuguesa" é capaz de não estar bem escolhido porque a procissão, verdadeiramente, ainda não saiu do adro. Até porque se isto for verdade "May escolheu "hard Brexit" e vai anunciar saída do mercado único" a coisa vai piar fino para ambos os lados.

A parte mais interessante do artigo inicial sobre a indústria metalúrgica portuguesa é a que refere:
"As contas de 2016 ainda estão por fechar, mas depois de 2015 ter sido o melhor ano de sempre em termos de exportações (com o sector a ultrapassar os 14,5 mil milhões de euros, o que corresponde a 31% do valor total das exportações da indústria transformadora nacional), as perspectivas são animadoras.
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As exportações para o Reino Unido ultrapassaram os 1,17 milhões de euros em 2015, e os dados que já existem de 2016, e que se referem aos meses de Janeiro a Outubro, mostram que a taxa de crescimento está perto dos 20%. Já para a Alemanha estão a descer (apesar de se manter como o mercado mais relevante). As exportações para França e Espanha continuam com taxas de crescimento, mas mais modestas: respectivamente, 9% e 6,6%."
Taxas de crescimento muito boas para mercados competitivos e exigentes.

quarta-feira, julho 20, 2016

Mongo e código na indústria química


A propósito de "Mais um exemplo de onde o "é meter código nisso" pode chegar, "Industry 4.0 and the chemicals industry":


"The initial momentum of Industry 4.0 in the chemicals industry is primarily at the level of business operations, mainly due to the abundance of historical sensor data collected by chemicals companies over the years.8 The long-term potential for business growth applications promises to be equally, if not more, transformational, but those applications take time to develop.
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terça-feira, fevereiro 16, 2016

My Fair Minister


No meu papel de Professor Henry Higgins vou contribuir para a formação do nosso ministro da Economia, ainda maravilhado com o desempenho exportador do sector do calçado.
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Ontem na página do Facebook da APIMA (Associação Portuguesa das Indústrias de Mobiliário e Afins) estes números:
"Exportações de mobiliário e colchoaria atingem 1.5 mil milhões de euros em 2015
O volume de vendas acumuladas para o estrangeiro posiciona-se acima 1.5 mil milhões de euros, crescimento homólogo de 13% de janeiro a dezembro de 2015"
Também pode escolher o exemplo da metalomecânica:
"A metalomecânica voltou a ser no ano passado a campeã das exportações portuguesas.
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As vendas ao exterior destas empresas, que produzem desde louças metálicas a gruas para construção, ascenderam a 14,6 mil milhões de euros. No total, esta indústria representou 31% do total de vendas que Portugal fez ao estrangeiro.
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Em 2015, as vendas ao exterior aumentaram 5,6% face a 2014, voltando a confirmar um crescimento das exportações de quase mil milhões de euros por ano nos últimos seis anos."

terça-feira, dezembro 15, 2015

Obrigar clientes com o apoio do governo não é uma base para ser exportável

O sector metalomecânico é o campeão português das exportações.


Exportar significa ser capaz de seduzir clientes, de ir ao encontro das suas necessidades e expectativas e, ser capaz de bater concorrentes estrangeiros alternativos.
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O mesmo sector metalomecânico tem de, deve, pensar seriamente num cenário futuro em que o T-TIP seja aprovado (recordar "Para direcções associativas que pensam à frente" e "Ainda acerca do impacte do T-TIP"). Ou seja, prioridades, IMHO:
  • seduzir clientes que são livres e ajudá-los a criar valor;
  • procurar transformar-se para minimizar as ameaças trazidas pelo T-TIP e criar oportunidades.
Entretanto, leio "Campeã das exportações quer valer 3% do PIB em 15 anos". E qual é a ênfase?
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"“Se o Portugal 2020 apostar neste sector obrigando a que as novas fábricas sejam construídas em estrutura metálica e não em betão; se obrigar que a reabilitação dos centros urbanos seja feita com base em estruturas de aço; e , ainda, se forem financiados os projetos inovadores que o sector possui, estou plenamente convencido que, no espaço de 15 anos, chegaremos aos 3% do PIB português”, afirmou ao Dinheiro Vivo, Filipe Santos da CMM, Associação portuguesa de construção metálica e mista."
Fará sentido?
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Não será preferível desenvolver a proposta de valor?
Não será preferível trabalhar o pricing para mostrar uma eventual superioridade do metal face ao betão?
Porquê querer ganhar vantagem obrigando os clientes, retirando-lhes liberdade de escolha?
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E isto:
"“Algo não funcionou na estratégia de dar prioridade ao betão nos quadros de verbas europeias que vigoraram entre 1986 e o final do QREN”, [Moi ici: E construir em metal, só por ser em metal é diferente do betão?] aponta Filipe Santos, lembrando que o objetivo para estes novos anos do Portugal 2020 deve passar por construir espaços que permitam a criação de valor. [Moi ici: O que é que isto quer dizer? O estádio de futebol de Aveiro ... que valor cria? O valor não é criado pelas paredes, o valor é criado pelo know-how que vai habitar aquelas paredes] Mesmo na construção."
Isto fará sentido?
"“As verbas serem dirigidas para a construção não oferece problemas se for, por exemplo, para construir fábricas modernas que produzam produtos competitivos no mercado internacional. O essencial é [Moi ici: Duvido que a competitividade venha das paredes] que essa construção seja verdadeiramente durável, mais económica, mais amiga do ambiente e, acima de tudo, exportável. Isso só acontece com a construção metálica”, disse."
Uma luz, IMHO, apesar de tudo com:
"Neste momento, a CMM está a “trabalhar em diversas frentes”, mantendo parcerias com a Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra. Um dos projetos mais reconhecidos é o “Portugal Steel” que reúne projetistas, fabricantes de máquinas e aço e armazenistas de aço de forma a promover a construção metálica em Portugal e internacionalização das empresas do setor." [Moi ici: Criar um cluster, um ecossistema da procura que aposte na internacionalização, na co-criação de valor e não em rendas decorrentes de imposições governamentais que funcionam cá mas não preparam as empresas para competir lá fora]

sábado, julho 25, 2015

Outro melhor ano de...

Na senda de "o melhor ano de...", mais uma vez a metalurgia e metalomecânica mostra o que se faz com o euro:
"A avaliar pelos dados revelados esta sexta-feira pela Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal (AIMMAP). Rafael Campos Pereira, vice-presidente da associação, nem hesita: “se continuarmos a crescer e a manter os registos que mantivemos nos primeiros cinco meses do ano, vamos ultrapassar a nossa meta“."
De que falamos? Sou levado a concluir que falamos daquelas categorias do INE:

  • MÁQUINAS, OUTROS BENS DE CAPITAL E SEUS ACESSORIOS (excepto material de transporte); (CGCE 41 e 42) e
  • ARTES, PEÇAS SEPARADAS E ACESSÓRIOS (para material de transporte) (CGCE 52 e 53)
"As exportações de máquinas e equipamentos, produtos metálicos, equipamentos de transporte e fabrico de peças técnicas utilizadas no setor automóvel ou aeronáutica, entre outros, atingiram 6.354 milhões de euros nos primeiros cinco meses de 2015 [Moi ici: Se acrescentarmos o CGCE 51 (AUTOMOVEIS PARA TRANSPORTE  DE PASSAGEIROS) o valor ultrapassa os 7 milhões], mais 12,2% do que em igual período do ano anterior. Representou 30% das exportações nacionais nos primeiros cinco meses do ano, que totalizaram 20,6 mil milhões de euros. E há 16 meses que a variação homóloga das exportações do setor metalúrgico e metalomecânico está a crescer."
Como é que o sector consegue?
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Qual é a receita deste blogue?
"A aposta estratégica na expansão para mercados externos de valor acrescentado e o investimento das empresas na qualidade e inovação dos seus produtos e serviços mostrou-se crucial e é algo que nos deixa muito orgulhosos
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A inovação e a competitividade do metal português são cada vez mais reconhecidas internacionalmente e estamos a competir no mesmo patamar que os gigantes mundiais do setor como a Alemanha ou alguns países asiáticos
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O vice-presidente da AIMMAP diz que as exportações sobem, mas não é em volume, é em produtos de valor acrescentado. “Não vendemos produtos em série massificados, vendemos é cada vez mais produtos com maior valor acrescentado, customizados e orientados para as necessidades dos clientes. As empresas estrangeiras desafiam as nossas a encontrarem soluções para ultrapassarem os seus problemas”, diz."
Pena que o artigo de onde retirei os trechos "Exportações. Os campeões nacionais não desistem de fazer mais" acabe da pior forma:
Enquanto o vice-presidente da AIMMAP dá uma entrevista a salientar as PME portuguesas, muitas delas anónimas, a dizer:
"Não vendemos produtos em série massificados, vendemos é cada vez mais produtos com maior valor acrescentado, customizados e orientados para as necessidades dos clientes."
O autor termina com uma lista de empresas que estão em mercados de preço, commodities ou produção em massa, e quase nenhuma faze parte da lista que Rafael Campos Pereira menciona:
"As exportações de máquinas e equipamentos, produtos metálicos, equipamentos de transporte e fabrico de peças técnicas utilizadas no setor automóvel ou aeronáutica,"
Melhor, muitas destas empresas fogem de fornecer o sector automóvel, sabem o perigo da pedofilia empresarial, recordar:

segunda-feira, junho 01, 2015

Mais bons exemplos...

Mais bons exemplos do que os anónimos deste país andam a fazer bem:
  • As exportações do sector metalúrgico e metalomecânico atingiram em Março de 2015 o segundo maior valor mensal de sempre, correspondendo a um crescimento homólogo de 14,3%. Um sintoma importante está relacionado com o facto da maior parte do crescimento ter ocorrido para o competitivo e exigente mercado da União Europeia, que representa cerca de 73% do destino das exportações;
  • As exportações têxteis para os Estados Unidos cresceram 37% no primeiro trimestre de 2015;
  • As exportações de cortiça cresceram quase 6% no primeiro trimestre de 2015.

quarta-feira, abril 01, 2015

O exemplo dos moldes

Interessante, dado o presente sucesso da indústria de moldes:
"Like most European manufacturers, Portuguese mould makers are unable to compete on price alone. Those who take advantage of the latest technology, such as a combination of EDM technology and high-speed machining, will have an edge up on the competition.
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Even the casual visitor to some of Portugal's mould making shops walks away impressed by the heavy investment in advanced machine tools. Mould makers have been systematically upgrading their equipment with several objectives in mind: speeding up production, maximising flexibility, automating processes for unmanned operations and maintaining high-quality standards in order to remain competitive.
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With €115m of investment in R&D over the last five years, Portuguese mould makers have nearly doubled their export and production rate, with around 90% of their products going into markets such as Spain, Germany, France, Poland, the US and Mexico."
BTW, ontem mandei este texto, para uma empresa portuguesa que exporta as suas máquinas para todo o mundo, com o desafio. Quando começam a fazer este tipo de marketing?

Recordar "É preciso marketing"
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Trechos retirados de "Portuguese mould makers pushing the limits"

terça-feira, março 24, 2015

Um desempenho notável


Primeiro, o desempenho excepcional e o porquê daquele "Boas Notícias?":
"O ano de 2015 arrancou e manteve a tendência de crescimento do setor metalúrgico e metalomecânico. Janeiro foi o 12º mês consecutivo de crescimento, relativamente ao mês homólogo anterior, atingindo os 1.169 milhões de euros.
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O crescimento de 16,2%, face ao mesmo período de 2014, vem assim confirmar a tendência de crescimento homólogo que se verificou ao longo de todo o ano."
Trecho retirado de "Exportações Do Setor Metalúrgico E Metalomecânico Continuam A Crescer Em Janeiro" (podiam escolher uma imagem mais adequada, vendemos máquinas, não commodities a granel)

quinta-feira, janeiro 29, 2015

"tornando o último ano o melhor de sempre em termos de exportações do setor"

Outro cão que mordeu um homem, "Exportações da metalurgia e metalomecânica subiram 10,5% em novembro":
"As exportações do setor metalúrgico e matalomecânico aumentaram 10,5% em novembro de 2014, em termos homólogos, tornando o último ano o melhor de sempre em termos de exportações do setor, anunciou a associação empresarial setorial."
Qual o segredo?
"o crescimento das exportações se deve ao esforço das empresas do setor, que têm apostado na qualidade e na inovação, na diversificação dos mercados e na diferenciação dos produtos através de uma "boa relação qualidade/preço"." 

terça-feira, dezembro 23, 2014

O exemplo da metalurgia e metalomecânica

Mais um ano espectacular, a somar ao melhor ano do calçado, ao melhor ano do mobiliário, ao melhor ano da década do têxtil e vestuário, ao melhor ano da cerâmica, ao melhor ano da ... agora também o melhor ano da metalurgia e metalomecânica.
"O setor metalúrgico e metalomecânico exportou, no passado mês de outubro, cerca de 1400 milhões de euros, registando assim o valor mais elevado de sempre nas exportações da indústria. Este valor representa um crescimento de 24% [Moi ici: A gente até desconfia do valor] face ao período homólogo do ano anterior!"
Trecho retirado de "Setor Metalúrgico E Metalomecânico Com Melhor Resultado Mensal De Sempre Em Exportações"

terça-feira, outubro 21, 2014

Sintomas do tal país parado

O sucesso do calçado, do têxtil e vestuário, do mobiliário, são presenças frequentes neste blogue.
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Menos frequente, talvez pelo seu low-profile, é escrever aqui sobre o sector da indústria metalúrgica e metomecânica, não incluindo os veículos de transporte, o que é pena pois é, somente, o sector industrial português que mais exporta:
""Pela primeira vez a indústria de metalurgia e metalomecânica vai conseguir ultrapassar a barreira dos 13 mil milhões de euros de exportações num só ano"
...
no primeiro semestre de 2014 as exportações cresceram 6,2%"
Trechos retirados de entrevista do vice-presidente da AIMMAP à Vida Económica no passado dia 17.

quinta-feira, agosto 28, 2014

Sugestão de investimento

Lembram-se dos governos que sabiam o que era o melhor para a economia? Que sabiam que existiam uns sectores que representavam o passado, porque eram tradicionais, e outros que representavam o futuro, porque eram cools, Lembram-se da Qimonda? Lembram-se de Daniel Bessa? Lembram-se de André Macedo? Lembram-se do que Mira Amaral fez com o relatório Porter?
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"Espanha, Espanha e Espanha!" teria sido uma desgraça ainda maior se tivesse sido levada à letra pelos empresários.
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Ainda hoje li que o calçado no primeiro semestre de 2014, depois de 2013 ter sido o melhor ano de sempre, cresceu mais 12%, li que a exportação de vinho está a correr bem e a de têxteis e mobiliário também.
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Escrevo tudo isto por causa de uma afirmação de Paulo Fonseca António José Seguro:
"O socialista promete, porém, não voltar a aumentar os impostos. "Não vou aumentar nem o IRS nem o IVA e o IRC será mantido na próxima legislatura de acordo com a reforma que foi feita", garantiu Seguro na entrevista ao "Diário Económico", admitindo "alterações na taxa do IVA, de modo a introduzir maior justiça ou maior coerência com a estratégia económica". A ideia é "valorizar alguns sectores em detrimento de outros", explicou."
Isto deixa-me com uma curiosidade, quais serão os sectores a prejudicar, a perseguir, a destruir?
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Deixa-me também com medo, quais serão os sectores a beneficiar, a ajudar, e quanto custarão aos contribuintes?
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Se tivesse de investir, com base no histórico das previsões dos socialistas de todos os partidos, que têm estado nos sucessivos governos, optaria pelos sectores que Paulo Fonseca António José Seguro quer prejudicar.

sexta-feira, julho 25, 2014

"Cada caso é um caso, tipo alfaiate, feito à medida"

O Bruno chamou-me a atenção para este artigo "Alfaiate de máquinas faz carrinhos em 32 segundos":
""Tudo o que sejam soluções que qualquer indústria precise, de melhorias de qualidade de produto, ganhos de produtividade, de segurança, nós desenvolvemos", explica o empresário. "0 produto final são linhas de montagem, células robotizadas, postos de trabalho independentes, ...
...
A empresa produz unia solução de acordo com o que o cliente precisa. "Cada caso é um caso, tipo alfaiate, feito à medida. Tudo o que fazemos são protótipos". diz o empresário."
Lê-se isto e percebe-se logo porque é que o Bruno disse que se lembrou logo deste blogue. Ainda ontem, antes de ler o artigo, escrevi em "No tal país qe definha (parte II)":
"não estamos no campeonato do preço, estamos no campeonato da resolução de desafios"
Vou deixar para outra ocasião a análise do jornal. Não creio que inovação seja a estratégia seguida neste caso.

quinta-feira, julho 24, 2014

No tal país que definha... (parte II)

Parte I.
"Com o contributo dos mercados europeus, está cada vez mais próximo o objectivo fixado por este sector tradicional de quebrar a "barreira mítica" dos 13 mil milhões de euros de vendas ao exterior no final de 2014.
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É mais um recorde para o sector metalúrgico e metalomecânico. Os 1.266 milhões de euros exportados em Maio constituem "o mais elevado valor mensal de exportações desta indústria desde que há registos detalhados sobre o tema", assinalou a associação do sector (AIMMAP)."

Lembrei-me logo de uma frase que li há dias no FB:
"Chama o Barros que ele resolve!" 
Como explicava o Presidente da Associação Portuguesa de Fundição, não estamos no campeonato do preço, estamos no campeonato da resolução de desafios.

Trecho retirado de "Maio foi o melhor mês de sempre para as exportações de metal português"