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domingo, setembro 15, 2019

Estados Unidos terra do liberalismo?

Há sempre uma forma rápida, simples e ... errada de encarar os Estados Unidos.



Uma dessas formas é a de os tratar como o paradigma do liberalismo.

Já ligaram para a CMTV ou para outro canal de televisão e apanharam com 2 ou 3 anúncios de aparelhos para melhorar a audição? E já viram desses anúncios nas DICAs do LIDL?

E nos Estados Unidos?
Os Estados Unidos são o "paraíso" das empresas grandes. As empresas grandes não gostam da concorrência, ou antes, não gostam da concorrência livre, gostam da concorrência que podem controlar ou, sobretudo, se o campo estiver inclinado a seu favor.

Quem é que tem o poder para inclinar o campo a favor de um interveniente?

Ou os clientes, ou o poder do estado.

Por isso, é que as empresas grandes gostam sempre de ter o poder do estado do seu lado. Por isso, é que as empresas grandes gostam de estados com muito poder. E quando um político é eleito com uma agenda que não interessa às empresas grandes, não há problema para elas. Um goa'uld entra dentro desse político e, passada uma legislatura é o candidato apoiado pelas empresas grandes.

Voltemos aos Estados Unidos e ao negócio dos aparelhos para melhorar a audição:
“For starters, hearing aids are expensive. In 2017, the New York Times reported prices ranging from $1,500 to $2,000 or more per ear. Medicare does not cover hearing aids. Barbara Kelley, executive director of the Hearing Loss Association of America, reports that “the number one complaint we get in phone calls every day is, ‘I need help, I can’t afford hearing aids.’
...
But that isn’t the only problem. The traditional hearing aid business is regulated by the US Food and Drug Administration (FDA), and access to the technology is tightly controlled by incumbents. Audiologists, their lobbying associations, and the few (six—actually, soon to be five) companies that manufacture hearing aids have strictly limited the options available to patients. The incumbents insist that what all patients want is the “gold standard.” As one observer described it, this involves buying a hearing aid only after a thorough diagnostic evaluation that includes otoscopy and bone conduction testing, speech-in-noise testing, real-ear measurement/speech mapping, aural rehabilitation, and hands-on hearing aid fitting. Even if they have the means, for many people this seems like overkill."
Recomendo a 1ª Lei de Arroja e a 1ª Lei de Pereira da Cruz - A minha primeira lei sobre a concorrência?

Trechos retirados de “Seeing Around Corners” de Rita McGrath.





sexta-feira, julho 04, 2014

Alguma esperança acerca do futuro

Eis uma notícia interessante e que dá alguma esperança acerca do futuro, "Número de hotéis em Portugal quase duplicou entre 2002 e 2012":
"O número de hotéis em Portugal quase duplicou entre 2002 e 2012, com um crescimento de 90%, passando de 520 para 988 unidades, indicam dados sobre o setor do turismo disponíveis na base de dados Pordata."
Isto significa destruição criativa em potência, mais concorrência:
"Por outro lado, os preços no setor não acompanharam o aumento do número de hotéis, tendo em conta o rendimento médio por quarto a preços constantes de 2006. Se nesse mesmo ano (primeiro com estes dados disponíveis), estes rendimentos foram de 34,6 euros por quarto de hotel, em 2012 tinham descido para 30,1 euros." 
Recordar "Big Man economy em todo o seu esplendor" de Agosto de 2007
"Em Lisboa, pode estar a caminhar-se para um excesso de oferta de camas, sobretudo ao nível da hotelaria de quatro e cinco estrelas."
...
"Rugeroni [Moi ici: Da Espírito Santo Turismo] sugere que Estado limite hotéis da capital"
Parece que alguém foi incapaz de controlar as barreiras à entrada, ainda bem!

quinta-feira, julho 03, 2014

Acerca da "reduzida inovação do sector empresarial"

No outro dia o Carlo comentava sobre a "reduzida inovação do sector empresarial", ontem encontrei um exemplo do que se passa em tantos e tantos sectores não transaccionáveis deste país:
"«Viemos apresentar um documento com três ou quatro reivindicações que passam pela redução da carga fiscal, [Moi ici: A única reivindicação de jeito, IMHO, embora acredite que não estejam de acordo com as contrapartidas] o combate à concorrência desleal, com as grandes escolas a absorverem e a asfixiarem as pequenas escolas - à semelhança do que acontece em outros setores do país -, uma situação que está a colocar muitos posto de trabalho em causa», declarou José Manuel Oliveira. [Moi ici: Protecção contra os fenómenos de consolidação que contribuem para o aumento da eficiência e da produtividade. Essa protecção implica proteger empresas menos produtivas, empresas menos inovadoras, lançar barreiras à saída]
.
As reivindicações dos trabalhadores passam pela fixação de um valor mínimo para as cartas de condução, [Moi ici: Protecção contra os mais eficientes, contra os que queimam as pestanas tentando tornar o serviço mais eficiente e atraente para os clientes. Por que não propõem um portal onde se publicite a taxa de sucesso dos alunos de cada escola? Quantos passam à primeira? Quantos passam à segunda? Isto é Portugal no seu pior, pedindo protecção ao EstadoCoroa à custa dos clientes] a suspensão dos cursos de acesso à profissão de instrutor, [Moi ici: Barreiras à entrada, cuidar da panelinha dos que já estão dentro... Portugal no seu pior!!!] à redução do IVA no setor e à formação e atualização dos instrutores sem custos para estes, entre outras. [Moi ici: Assim se vê a importância que dão à formação. É tão importante, é tão relevante que tem de ser paga pelos contribuintes... então não queriam reduzir a carga fiscal?]"
Trecho retirado de "Automóveis de escolas de condução «invadem» Lisboa"

domingo, junho 24, 2007

“Don’t colaborate, compete”

Quando li isto hoje no Jornal de Notícias:

"PME tornam-se mais competitivas através da criação de parcerias"
As pequenas e médias empresas (PME) portuguesas devem trabalhar mais em conjunto, mesmo que sejam concorrentes, pois essa é a melhor forma de vencerem o desafio da internacionalização, defende Luiz Moura Vicente. A união, explica o antigo secretário de Estado da Indústria, deve incluir a (…)


Lembrei-me logo do ecossistema japonês e da frase de um título da revista "The Economist": “Don’t colaborate, compete”.

terça-feira, junho 12, 2007

Portugal é um país de incumbentes

Esta afirmação, proferida por Adelino Santos, director-geral da Colt, em entrevista ao semanário Vida Económica, resume um sentimento que infelizmente partilho:

"Penso que Portugal é um país de incumbentes, que a Europa é um espaço de incumbentes. E quando falo de incumbentes, não me refiro só ao mercado das telecomunicações, mas também a outros sectores. Portugal e a Europa são regiões de incumbentes, desde a Ordem dos Médicos, passando pelas telecomunicações e indo até às farmácias. Quem se instala num determinado sítio não quer sair, domina esse mercado e luta para aí ficar. E a nossa sociedade tem tido bastantes dificuldades em lutar contra estes incumbentes. Agora, há pessoas que afirmam que os incumbentes, nos vários sectores, são necessários ao país. Eu penso que não. Na banca, por exemplo, não há incumbentes e temos um sistema bastante competitivo. Que esta situação tenha influências na AdC (Autoridade da Concorrência), sinceramente, não me parece, penso que não. Não tenho tido indícios de que isso aconteça em relação à AdC."

quinta-feira, junho 07, 2007

Viva a concorrência

O jornal Público de ontem publicou o artigo "Empresário pede proibição de exportação de resíduos perigosos para viabilizar CIRVER na Chamusca ", assinado por Ricardo Garcia.
Neste texto pode ler-se:

"Para o empresário Jorge Nélson Quintas, que representa o consórcio Ecodeal, responsável por um dos CIRVER, a exportação deveria ser proibida a partir de meados de 2008, quando entram em funcionamento os centros. "Sem isso, não se poderá garantir a sustentabilidade do projecto", afirmou, na cerimónia que marcou o início da obra."

Leio isto e não acredito!

Lembrou-me logo esta história.

E para demonstrar que não estou em desacordo com tudo o que se escreve no livro “€conomia Portuguesa – Melhor é Possível” de António Mendonça Pinto, destaco este trecho"
"A experiência económica mostra que o reforço da concorrência no mercado de bens e serviços é um poderoso mecanismo para aumentar a produtividade da economia porque ajuda as empresas mais produtivas a crescerem e a conquistarem quota de mercado às menos produtivas, que assim são obrigadas a tornarem-se mais eficientes, ou a sair do mercado. Por esta via, ganham as empresas mais produtivas e os consumidores, que conseguem bens e serviços com melhor qualidade e/ou menor preço, e perdem as empresas menos eficientes, razão por que não admira que haja empresários que dizem gostar da concorrência, mas, na realidade, o que desejam é evitá-la. Assim, sendo, é preciso que os poderes públicos resistam às acções e às pressões privadas para limitar a concorrência e regulem convenientemente os mercados, promovendo uma sã e forte concorrência porque está é condição indispensável para melhorar o desempenho das empresas e aumentar a satisfação dos consumidores."

E ainda...

"Os projectos de investimento privado de maior dimensão, por opção cómoda e vantajosa das empresas facilitada pela política económica da década de 90, têm-se concentrado mais no sector dos bens não transaccionáveis e o que a economia portuguesa mais precisa é desenvolver o sector dos bens transaccionáveis."

Nota: A exportação de resíduos perigosos é proíbida, por motivos de protecção ambiental, para fora da OCDE desde 1993. A maioria dos resíduos perigosos exportados vai para Espanha.