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segunda-feira, março 30, 2020

Em que lado do teste do lápis está a sua empresa?

Há anos que recomendo às PMEs a ARTE!

Por exemplo:

Há muitos anos que uso a frase:

Há anos que descobri o caso da Viarco:
Estou já na fase final da leitura de um livro simplesmente delicioso, "The Passion Economy: The New Rules for Thriving in the Twenty-First Century" de Adam Davidson. O capítulo 9, “Don’t be a commodity” é acerca de uma empresa que produzia o produto mais commodity que se possa imaginar, lápis escolares, e que depois de ser esmagada pelos chineses deu a volta por cima.
"I came to think of them as exemplifying the single most important rule for thriving in a twenty-first-century economy. The rule applies to manufacturers, but also to bankers and artists and teachers and middle managers at large corporations. The rule is simple: Do not be a commodity.
.
Commodities fit a few key criteria. They are undifferentiated. That means that people who buy them don’t see any qualitative difference between competing versions. Instead, commodities are bought based on price and convenience. Most people gravitate toward buying the cheaper dish soap, the cheaper lumber, or the cheaper light bulb instead of the more expensive version on the same shelf.
...
General Pencil had so many orders from so many school districts that it no longer needed to be at the cutting edge of innovation.
The American pencil business had by then become what economists call a mature business.
...
This sleepy world was overturned in the 1990s when something entirely new began to happen. Ships arrived in the nearby Port Newark with huge containers filled with pencils made in China. These pencils looked identical to the ones General made.
...
[Moi ici: Anos depois, a filha do dono da empresa de lápis teve uma ideia] In that moment, Katie realized that she had come upon an enormous hole in the U.S. pencil market. She couldn’t possibly be the only person who wanted a solid, reliable drawing utensil, something between the two extreme options. [Moi ici: Os dois extremos eram os láis chineses de um lado e os de engenharia, de origem alemã] Parents, she knew, would happily pay a reasonable premium for pencils custom-made for their kids. She picked up the phone, called her dad, and offered him an idea that might just save the family business.
Katie eventually created a line of kits that included drawing supplies and instruction books based on her classes.
...
There would be kits with entire lines of colored pencils, and there would be kits with charcoals for high schoolers who had more ambitious goals and wished to develop more comprehensive skills.
...
The companies that shipped container loads of Chinese pencils were too large and distant to worry about such a niche market. They were still satisfied selling commodities. The German companies, which needed to maintain their professional reputation, were reluctant to dilute their brand image by focusing on children. [Moi ici: Como não recordar o truque de Roger Martin para avaliar se uma estratégia é mesmo uma estratégia. O contrário de uma estratégia a sério não é estúpido, mas representa uma brutal fricção para quem a queira seguir] This is why Katie was able to charge a dollar apiece for her pencils. The parents who buy General Pencil kits for their kids are happy to pay a premium, since they are getting a product precisely designed for them.
...
I have come to think of “the pencil test” whenever I am confronted with a question of how best to thrive in a rapidly changing global economy. There is no product more commoditized, more easily reproducible, than the simple No. 2 pencil. Yet General Pencil was able to get out of commodity competition. It was able to thrive and profit by identifying a specific audience with clear needs and serving that audience thoroughly. [Moi ici: Qualquer empresa em Portugal está de um lado ou do outro do teste do lápis. Ou são uma commodity ou são algo com valor acrescentado para um grupo de clientes-alvo que outras empresas nunca poderão oferecer porque estragaria o seu modelo de negócio]
...
[Moi ici: Depois, vem o final do capítulo para fechar este postal, tal como ele começou, a arte] Katie was far more of an artist than an industrialist. Her passion lay in sketching nature, not in looking at spreadsheets, worrying about the rising cost of graphite and the bottleneck at their Midwest distributor. That was stuff her dad loved and would never be for her.
But while working with her dad developing the pencil kits, she found herself becoming fascinated by some of the very things she assumed she’d hate. Distribution, she realized, isn’t just a dull corporate word; it’s the way she can get pencils in the hands of children and artists. Finance isn’t a deathly dull spreadsheet; it’s a language that allows her to make better decisions about the experiments she wants to conduct, and it guides her as she invents different kinds of kits and assesses which ones have successfully found a market. She would never make distribution and finance the core of her work. General Pencil has plenty of experts in those areas. But she learned that there could be as much joy and creativity in business as there is in art."
BTW, neste artigo de Julho de 2011, "Uma Sildávia na América", comentei o estado da empresa antes do tal telefonema de Katie

segunda-feira, março 16, 2020

Quantas empresas (parte XI)


Na minha infância, antes do saco plástico, o leite do dia era comprado em garrafas de vidro que vinham com uma tampa de alumínio:

Suil era a marca do leite que se bebia em São João da Madeira em 1969.

Nesses tempos era comum as cozinhas terem uma peça como esta para limpar o interior das garrafas:
Ontem à noite tive oportunidade de ler o capítulo 3 do livro “Nine Rules for Thriving in the Twenty-First Century” de Adam Davidson. Um capítulo sobre a “Braun Brush, um negócio com sede em Long Island e gerido por uma família - Braun Brush, the “Makers of Specialty Brushes Since 1875”. 

Um capítulo que se enquadra bem nesta série e ilustra como as empresa de calçado podem dar o salto para a descoberta do cliente. Divido a história da Braun Brush em quatro fases:
A Fase I - Artesanal
O fundador da empresa começou por ser alguém que trabalhava numa fábrica que engarafava o leite e, tinha a função de lavar as garrafas devolvidas pelos consumidores. Além de ser uma tarefa morosa, estava constantemente a ser repreendido pelo chefe quando a limpeza não ficava bem feita. Tinha um problema, tinha uma dor, e começou a trabalhar numa solução que lhe facilitasse a vida. Ele era o inovador e, em simultâneo, o cliente da sua inovação. Como cliente foi rechaçando as inúmeras soluções que ia testando. Depois de anos de trial & error chegou a uma escova que resolvia o seu problema. O que fazia num dia passou a ser feito numa hora.

Patenteou a sua solução. Despediu-se e começou a fazer escovas. Fabricava as escovas durante a noite e, durante o dia visitava potenciais clientes para lhes apresentar/entregar o produto.

Os anos de experiências fizeram dele um especialista em escovas, quer no tipo de materiais usados, quer em formas e outras possibilidades. Nesta fase o Braun fundador não tinha acesso à escala, era um artesão. O know-how adquirido permitiu que desenvolvesse escovas para animais, para culinária, para têxteis, até para queijos. O seu entusiasmo e paixão era o adequado para uma economia local e artesanal, embora já tivesse uma pequena fábrica. Era um artista, sempre pronto a desenhar soluções específicas para problemas específicos. Por exemplo, desenvolveu uma escova para limpar ecrâns de cinema, uma actividade em crescimento na altura dos primeiros anos da empresa.

A Fase II - Industrial
Anos 50 do século passado, a fase artesanal entrou em declínio. A empresa passou para as mãos do genro do filho do fundador. O investimento público em vias de comunicação tornou a economia americana nacional em vez de local. [Moi ici: Como não recordar "Decisões de localização (parte I)"] Assim, um pequeno fabricante de escovas em New York podia servir clientes no Alabama, Colorado e Oregon. 

Enquanto durante duas gerações a Braun apostou na diversidade de escovas para fins específicos, os novos tempos exigiam abraçar a comoditização. Seleccionar as escovas com maior mercado potencial, descartar as restantes e escalar a produção o mais possível para vencer a corrida
Os anos 50 do século passado representaram a transição do artesanal para a linha que aprendemos com Terry Hill:
Redução da variedade de modelos ao mínimo, para evitar a perda de tempo em alterações de setup. Era mais lucrativo produzir em massa e encontrar novos mercados para escoar a mercadoria. A empresa já não precisava de artistas, a ciência e a gestão eram a solução.

O actual CEO entrou na empresa chefiada pelo pai nos anos 80 do século passado. Ao longo dos anos 90 ele almoçava diariamente com o pai, analisavam os números do negócio e estavam sempre em desacordo num ponto: o filho (Lance) dizia ao pai que a empresa deveria voltar às suas raízes iniciais e  concentrar-se na criação de novos tipos de escovas, escovas UAU!, escovas com emoção. Ao longo desses primeiros 10 anos Lance tinha feito amizade com um artista que fazia esculturas com as escovas. O pai ria-se e dizia que ele era tolo.

A Fase III - O choque chinês (Recordar esta série de 2010)
Entretanto, ao longo desses anos 90, os fabricantes chineses começaram a enviar um grande número de escovas para os Estados Unidos. Inicialmente concentraram-se nos modelos mais baratos vendidos   pela distribuição grande. Eram escovas de qualidade inferior. No entanto, ano após ano, as escovas importadas da China ficavam cada vez melhores e começavam a invadir áreas mais especializadas. 

Durante as conversas ao almoço com o pai, Lance avisava-o que os chineses em breve começariam a fazer mossa no seu negócio. O pai ria-se. Em 2002, no entanto, as fábricas chinesas começaram a fazer exatamente os tipos de escovas que a Braun produzia. As escovas chinesas eram muito mais baratas e, Lance teve que admitir, quase com a mesma alta qualidade quanto as da Braun. Os seus avisos para o pai tornaram-se cada vez mais desesperados. Ele temia que um dia o negócio colapsasse. O pai achava que ele era um exagerado.

Entretanto, o pai autorizou a compra do primeiro computador, que o filho aproveitou para criar bases de dados sobre os clientes, as vendas e os custos. Assim, ficou cada vez mais ciente da mutação em curso no mercado.

Lance e o pai pertenciam a mundos diferentes e tinham desenvolvido visões totalmente diferentes sobre a Braun Brush e, mais amplamente, sobre a economia americana na era da tecnologia e comércio. O pai, cresceu na América do pós-guerra, quando os Estados Unidos dominavam quase todos os mercados globais com seus produtos, um mundo em que a chave para um negócio bem-sucedido era o volume de vendas. Nesse tempo, a maioria das empresas prosperava vendendo commodities: jogando pelo seguro e vendendo a mesma coisa repetidamente. O pai queria vender o maior número possível de escovas ao maior número possível de pessoas. O seu objetivo era nunca perder uma venda. Se fosse preciso baixava os preços, prometia entregar escovas mais rapidamente - qualquer coisa para conseguir essa venda.

Lance irritava-se com este posicionamento da empresa, usava o computador para mostrar ao pai que linhas inteiras de modelos da empresa não eram lucrativas, ou que podiam vender milhões de certos tipos de escovas e continuar no mesmo sítio. A famosa maldição da Rainha Vermelha.

Até que o pai morreu... duas semanas para fazer o luto e, depois.

A Fase IV - Mongo
A propósito de Mongo - recordar "1 Origem de uma metáfora", ou "Estranhistão ... weirdistão"

Ao regressar começou logo a trabalhar na mudança. Reuniu a equipa comercial e comunicou que a partir desse dia não venderiam uma única escova em concorrência directa com as importações baratas da China. Se uma fábrica chinesa pudesse fazer um modelo de escova razoavelmente semelhante, a Braun sairia completamente dessa linha. A Braun deixaria o negócio das commodities e entraria no campeonato das escovas altamente especializadas. A Braun deixaria a competição pelo preço e volume. Voltariam às raízes do bisavô, voltariam à arte e à Economia da Paixão. Como não recordar o Evangelho do Valor!!!

As escovas especializadas, tinham grandes margens de lucro. Elas seriam desenhadas para clientes com necessidades tão específicas que não haveria concorrência. O problema era o esses clientes serem raros. Lance disse à equipa que o sucesso não viria do número de vendas que eles fizessem, mas da qualidade das vendas. E mais, passou a mensagem de quanto mais baixo o tamanho da encomenda, menor a probabilidade de haver concorrentes a competirem por essa mesma encomenda. E se não houvesse concorrência, a Braun poderia apresentar preços baseados no valor que aportavam aos clientes e não com base nos custos. Clientes em busca de uma escova única pagariam um preço-premium por ela.

Lance iniciou a transição para uma empresa de escovas especializadas aproveitando uma oportunidade inesperada. Recordar o princípio da limonada na parte X. Recebeu um telefonema de uma pessoa que acabara de concluir uma inspecção de rotina a uma central nuclear. Esse inspector percebeu que as escovas que estava a usar na limpeza do sistema de refrigeração da central geravam riscos de segurança. Lance desenhou uma escova, levou várias para a central e, após uma bateria de testes, conseguiu provar que eram seguras. 

Hoje, essas escovas são usadas em geradores nucleares em todo o mundo. E as centrais nucleares economizam milhões de dólares por ano à custa de um modelo de escova que custa 12 dólares em matérias-primas.

É exatamente isto que os empresários da Economia da Paixão devem procurar: um produto cujo preço seja determinado pelo valor que fornece ao cliente, não pela matéria-prima usada para fabricá-lo.

Hoje a empresa ainda faz pincéis, é claro, mas seus lucros não provêm da fabricação de um produto físico. Os seus lucros provêm da criatividade, do conhecimento e do pensamento que entram nesses produtos. Os seus lucros provêm do valor que é gerado na vida dos clientes. Lance tornou-se um especialista em pincéis personalizados. 

Lance descobriu algo que suspeitava nos dias em que implorava ao pai que mudasse a estratégia da empresa: é possível ganhar muito mais dinheiro produzindo muito menos escovas quando as escovas criadas resolvem problemas fora do comum de uma empresa ou de um indivíduo. Lance costuma cobrar milhares de dólares por essas escovas, e os seus clientes pagam a conta com prazer porque as escovas permitem-lhes economizar muito mais do que isso.

Lance agora faz quinze mil tipos diferentes de escovas com uma equipe de trinta fabricantes de pincéis - ou, mais precisamente, artesãos. Ele vende várias escovas exclusivas, feitas sob medida para as necessidades específicas de uma pequena base de clientes. Recordar esta figura de "Muitos picos, muita arte"
Além disso, Lance faz algo que teria horrorizado seu pai. Anualmente, elimina centenas de referências de escovas do catálogo da empresa. Frequentemente, essas referências são exactamente as escovas que têm o maior volume de vendas, mas a menor margem de lucro. Se alguém na China pode fazer a mesma escova com aproximadamente o mesmo nível de qualidade, a Braun abandona a linha.

Outro exemplo, a Marlin:


domingo, março 08, 2020

Quantas empresas? (parte VII)

Parte I, parte II, parte IIIparte IVparte V e parte VI.

Na parte V usei esta figura:
Para ilustrar:
"Onde está a próxima etapa da cadeia com possibilidade de gerar diferenciação?
Será no desenho e diferenciação do que se faz?
Será no consumo e na forma como se chega a ele?"
Entretanto, ontem ao ler "Las certificaciones Gots se disparan un 35% en 2019":
"El número de compañías certificadas por la Global Organic Textiles Standard (Gots) se ha elevado un 5% en 2019
...
En España, el número de empresas que han conseguido este sello durante 2019 ha ascendido un 71%.
...
Los países con más certificaciones son India, con 2.411, Bangladesh, con 1.194, y Turquía, con 858."
Recordei-me da informação de que a certificação ambiental tem crescido muito entre as empresas de calçado. E fiz logo a ponte para a figura lá de cima e para o extremo do desenho.

E é suficiente? Convém recordar o canvas de Osterwalder:
Não basta coleccionar atributos. Há todo um mundo de ajuste e alterações a fazer no modelo de negócio. Por exemplo, quais as alterações na proposta de valor? Que diferentes prateleiras usar? Que diferentes actividades-chave?

quinta-feira, março 05, 2020

Quantas empresas? (parte VII)

Parte I, parte II, parte IIIparte IVparte V e parte VI.

Voltemos à evolução do número de empresas de calçado em Portugal:
A azul os dados da APICCAPS publicados nas sucessivas monografias estatísticas anuais.
A vermelho curvas de tendência.

Consideremos a evolução de uma empresa em particular:
Inicialmente a empresa por tentativa e erro procura uma alternativa que lhe permita sobreviver, e quiçá, ter sucesso. 
FASE II - Muitas empresas não conseguem encontrar/criar o truque, o modelo de negócio e ou fecham ou prolongam a agonia como zombies. Subitamente uma empresa, depois outra e outra começam a ter melhores resultados e parecem ter chegado a um modelo que parece funcionar. 
FASE III - Por spillover o novo modelo é progressivamente adoptado pelas empresas existentes e o sucesso atrai novos empreendedores. Fase de exploração em que se faz render o modelo ao máximo.
FASE IV - Inevitavelmente, porque o contexto externo e interno muda, quer a nível de concorrentes, quer a nível do resto do ecossistema do negócio (clientes-distribuição, retalhistas, consumidores), o modelo começa a falhar e progressivamente começam a encerrar empresas incapazes de se sustentarem.

Ajustando as duas figuras temos, para uma empresa-tipo:


Richard D'Aveni no velhinho livro "Hyper-competition: Managing the Dynamics of Strategic Advantage" escreve, a propósito da segunda figura acima (a figura é uma adaptação da que D'Aveni usa):
"The pursuit of a sustainable advantage has long been the focus of strategy. But advantages last only until competitors have duplicated or outmaneuvered them.
...
Once the advantage is copied or overcome, it is no longer an advantage. It is now a cost of doing business. Ultimately the innovator will only be able to exploit its advantage for a limited period of time before its competitors launch a counterattack [Moi ici: Não gosto desta liguagem de "contra ataque". Os concorrentes não nos atacam. Os concorrentes precisam dos mesmos recursos financeiros que nós. Esses recursos financeiros estão nos bolsos dos potenciais clientes. Os concorrentes não nos atacam. Os concorrentes arranjam uma alternativa que serve melhor os potenciais clientes, proporcionando-lhes mais valor]. With the launch of this counterattack, the original advantage begins to erode (see Figure 1-1}, and a new initiative is needed."
Há muito que uso aqui no blogue este gif para ilustrar que as estratégias nunca são eternas:
No final da FASE III a vantagem competitiva está perdida e volta-se à estaca zero, procurar uma nova vantagem competitiva. O interessante é que ao longo das décadas, parece que a duração da fase de exploração parece que se vai encurtando.

Às vezes oiço empresários, meio a sério, meio a brincar, a defender que é preciso importar bangladeshis ou chineses. Isso era o que se fazia antigamente quando os concorrentes que se tinham tornado mais competitivos tinham melhorado a sua competitividade nuns "pós" percentuais, estes concorrentes estão muito melhor habilitados para este campeonato. Por isso, tentar extender o tempo da exploração é perder tempo e gastar recursos que deviam ser colocados ao serviço da procura do próximo modelo de negócio bem-sucedido.

D'Aveni usa uma linguagem colorida:
"So what is the harm of trying to sustain an advantage for as long as possible? In an environment in which advantages are rapidly eroded, sustaining advantages can be a distraction from developing new ones. It is like shoveling sand against the tide rather than moving on to higher ground.
.
Trying to sustain an existing advantage is a harvest strategy rather than a growth strategy. It is designed to milk what assets you have now rather than to seek new assets to build on. Even in high-growth markets old advantages based on old assets may not be the ones that will be the source of future success. A strategy of sustaining the advantage created by your existing assets creates a danger of complacency and gives competitors time to catch up and become strong.
...
Attempting to sustain an old advantage can eat up resources that should be used to generate the next move, thereby inviting attack by savvy competitors who realize that complacency has set in. Sustaining advantage is effectively a defensive strategy designed to protect what a firm has. In hypercompetition the better defense is often a strong offense."
Continua





quarta-feira, março 04, 2020

Quantas empresas? (parte VI)

Parte I, parte II, parte IIIparte IV e parte V.

Na parte V recordamos Clayton Christensen e a continua transição entre comoditização e de-comoditização. Na passada segunda-feira o Wall Street Journal trazia o artigo "Specialty Grocers Lose Natural Edge":
"Gourmet grocers are losing their edge as natural foods become mainstreamSupermarket chains and discounters are selling more fresh, natural and organic foods at lower prices, drawing shoppers who used to seek out those products at specialty grocers.... As a result, specialty grocers are having a hard time convincing customers to pay a premium to shop in their stores. And without the revenue and reach of bigger chains, they have also been hesitant to match price cuts or to invest in new services like delivery....“Differentiation can be ephemeral. Retail is an open book of copycats,”...“What was special 10 years ago isn’t special anymore,”...New Seasons Market, based in Portland, Ore., is trying to stand out from the competition with hyperlocal products, Chief Operating Officer Mark Law said. The chain of more than 20 stores in the Pacific Northwest works with local chefs to prepare oven-ready meals and buys dairy products from nearby farmers. Samestore sales growth rate nearly doubled last year.
.
Organic has been commoditized,” Mr. Law, a former Whole Foods executive, said. “You can’t differentiate with your product mix alone.”
.
Other specialty grocers also are emphasizing services to stand out. But offering better services can push up costs, executives said.
.
“You not only have your cost of goods but you’re trying to provide a higher level of customer service to differentiate yourself,”
Este tema já apareceu aqui: "As estratégias nunca são eternas ponto"

Outro artigo recente "Fairway Is So Crowded! How Can It Be in Bankruptcy?"



terça-feira, março 03, 2020

Quantas empresas? (parte V)

Parte I, parte II, parte III e parte IV.

O desafio que as empresas de calçado estão a sentir de novo é o desafio da comoditização.

A globalização, fazendo da China a fábrica do mundo criou este modelo:

Preços baixos, mas uma janela de 150 ou mais dias desde o desenho até à montra:
"By relocating most production for North America and Europe to Southeast Asia and putting retailers on 150-day order windows, the shoe industry has created a marvel of low cost at the factory gate in combination with an extraordinary array of styles"
O que o calçado português aprendeu foi a tirar partido da proximidade entre produção e consumo e
 permitir reduzir o tempo do desenho à montra, o que permitiu mais flexibilidade e acelerar o bailado entre oferta e procura.
O que recentemente a Turquia, o Norte de África e a Roménia conseguiram foi criar novos centros de produção de confiança próximos do consumo e mais baratos.

Aqui, fui ao meu exemplar de "The Innovator's Solution" e mergulhei no capítulo "How to avoid commoditization" e reli:
"It turns out that there is hope. One of the most exciting insights from our research about commoditization is that whenever it is at work some-where in a value chain, a reciprocal process of de-commoditization is at work somewhere else in the value chain. And whereas commoditization destroys a company's ability to capture profits by undermining differentiability, decommoditization affords opportunities to create and capture potentially enormous wealth. The reciprocity of these processes means that the locus of the ability to differentiate shifts continuously in a value chain as new waves of disruption wash over an industry. As this happens, companies that position themselves at a spot in the value chain where performance is not yet good enough will capture the profit.
Making highly differentiable products with strong cost advantages is a license to print money, and lots of it. We must emphasize that the reason many companies don't reach this nirvana or remain there for long is that it is the not-good-enough circumstance that enables managers to offer products with proprietary architectures that can be made with strong cost advantages versus competitors. When that circumstance changes—when the dominant, profitable companies overshoot what their mainstream customers can use—then this game can no longer be played, and the tables begin to turn. Customers will not pay still-higher prices for products they already deem too good. Before long, modularity rules, and commoditization sets in. When the relevant dimensions of your product's performance are determined not by you but by the subsystems that you procure from your suppliers, it becomes difficult to earn anything more than subsistence returns in a product category that used to make a lot of money. When your world becomes modular, you'll need to look elsewhere in the value chain to make any serious money.
Note that it is overshooting—the more-than-good-enough circum-stance — that connects disruption and the phenomenon of commoditization. Disruption and commoditization can be seen as two sides of the same coinA company that finds itself in a more-than-good-enough circumstance simply can't win: Either disruption will steal its markets, or commoditization will steal its profits. Most incumbents eventually end up the victim of both, because, although the pace of commoditization varies by industry, it is inevitable, and nimble new entrants rarely miss an opportunity to exploit a disruptive foothold. There can still be prosperity around the corner, however. The attractive profits of the future are often to be earned elsewhere in the value chain, in different stages or layers of added value. That's because the process of commoditization initiates a reciprocal process of de-commoditization. Ironically, this de-commoditization — with the attendant ability to earn lots of money — occurs in places in the value chain where attractive profits were hard to attain in the past:
Firms that are being commoditized often ignore the reciprocal process of de-commoditization that occurs simultaneously with commoditization, either a layer down in subsystems or next door in adjacent processes. They miss the opportunity to move where the money will be in the future and get squeezed — or even killed — as different firms catch the growth made possible by de-commoditization. In fact, powerful but perverse investor pressure to increase returns on assets (ROA) creates strong incentives for assemblers to skate away from where the money will be. Executives who seek to avoid commoditization often rely on the strength of their brands to sustain their profitability — but brands become commoditized and de-commoditized, tooBrands are most valuable when they are created at the stages of the value-added chain where things aren't yet good enough. When customers aren't yet certain whether a product's performance will be satisfactory, a well-crafted brand can step in and close some of the gap between what customers need and what they fear they might get if they buy the product from a supplier of unknown reputation. The role of a good brand in closing this gap is apparent in the price premium that branded products are able to command in some situations. For similar logic, however, the ability of brands to command premium prices tends to atrophy when the performance of a class of products from multiple suppliers is manifestly more than adequate. When overshooting occurs, the ability to command attractive profitability through a valuable brand often migrates to those points in the value-added chain where things have flipped into a not-yet-good-enough situation. These often will be the performance-defining subsystems within the product, or at the retail interface when it is the speed, simplicity, and convenience of getting exactly what you want that is not good enough. These shifts define the opportunities in branding."
Onde está a próxima etapa da cadeia com possibilidade de gerar diferenciação?
Será no desenho e diferenciação do que se faz?
Será no consumo e na forma como se chega a ele?


terça-feira, novembro 29, 2016

Contar estórias

"We always think about the cost of an item before we buy it, but we don't buy it because of what it costs.
.
If you find yourself acting like you sell a commodity, saying, "this is category X and the price is Y" then you've ceased doing any sort of marketing. You're a commodity provider by choice, which is fine as long as you're okay with competing in a race to the bottom.
.
The alternative is to do the difficult and risky work of earning attention, earning a reputation and mostly telling a story that takes your product or service out of the commodity category and into a space defined by connection, meaning and possibility instead.
.
Low price is the refuge for the marketer who doesn't have anything more meaningful to offer."
Se a sua empresa não tem uma equipa comercial preparada para contar estórias de paixão, de magia, estórias épicas... fica prisioneira dos muggles e das suas folhas de excel.

Trecho retirado de "Sort by price"

sexta-feira, julho 03, 2015

ainda se ao menos fosse algo diferenciável

Então, acredita que o produto ou serviço da sua empresa é uma commodity?
"In pictures: Evian opens London pop-up shop"
Eu sei... ainda se ao menos fosse algo diferenciável, como água, por exemplo.

sexta-feira, maio 22, 2015

Qualquer um pode fazer a diferença

Em "Good Enough, Not Good Enough, and the Value of Brands" apresenta-se uma perspectiva estratosférica dos negócios, uma visão a 10 mil metros de altura:
"Executives who seek to avoid commoditization often rely on the strength of their brands to sustain their profitability—but brands become commoditized and de-commoditized, too. Brands are most valuable when they are created at the stages of the value-added chain where things aren’t yet good enough. When customers aren’t yet certain whether a product’s performance will be satisfactory, a well crafted brand can step in and close some of the gap between what customers need and what they fear they might get if they buy the product from a supplier of unknown reputation.
...
For similar logic, however, the ability of brands to command premium prices tends to atrophy when the performance of a class of products from multiple suppliers is manifestly more than adequate.
...
The migration of branding power in a market that is composed of multiple tiers is a process, not an event. Accordingly, the brands of companies with proprietary products typically create value mapping upward from their position on the improvement trajectory - toward those customers who still are not satisfied with the functionality and reliability of the best that is available. But mapping downward from that same point - toward the world of modular products where speed, convenience, and responsiveness drive competitive success - the power to create profitable brands migrates away from the end-use product, toward the subsystems and the channel.
...
Where the products’ functionality and reliability have become more than good enough and it is the simplicity and convenience of purchase and use that is not good enough, then the power to brand has begun migrating to the channel whose business model is delivering on this as-yet-unsatisfied dimension."
O racional descrito no texto tem sentido, é lógico e podem encontrar-se muitos exemplos que o demonstram. Contudo, a minha primeira reacção foi achá-lo simplista, porque descarta a possibilidade de actores isolados e anónimos lutarem contra uma inevitável corrente macro. Depois, lembrei-me daquela descoberta do meu Maio de 2010, a caminho desta reunião, que relatei em "A realidade e a teoria". Claro que me lembrei de "A distribuição de produtividades a funcionar, um exemplo tuga", ou de "É deixá-las morrer!" ou mesmo de "Shift happens!".
.
Por fim, três exemplos práticos entraram-me pelos olhos e que demonstram que este racional pode ser contrariado:
Bom momento para acrescentar esta visão:
"competitive advantage is importantly driven by exogenous initial variation and with the more 'rational' or 'strategic' perspective that views firms as responding with foresight to changes in their environment."
Qualquer um pode fazer a diferença. Claro que tem de trabalhar para isso e, apesar disso, não tem garantias de sucesso no final. Recordar o Eclesiastes.
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Trecho final retirado de "Untangling the origins of competitive advantage" de Iain M Cockburn; Rebecca M Henderson e Scott Stern, publicado por Strategic Management Journal; Oct/Nov 2000; 21.

sexta-feira, julho 04, 2014

Um currículo escondido

Este título "Seguros 'low cost' nem sempre são melhor opção" tem um currículo escondido.
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O título assume que todos os clientes procuram o mesmo, valorizam o mesmo.
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O título assume que a oferta é sempre a mesma e o que distingue a proposta de uma seguradora de uma outra seguradora é só o preço.
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Em 1989(?) comprei o meu primeiro carro, o meu critério foi, o mais barato do mercado na altura. Por isso, comprei um Fiat Panda.
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Quando circulava com ele, raramente via outros Fiat Panda. Ou seja, a maioria esmagadora dos compradores de automóveis optava por um outro critério que não o preço.
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O que é que um potencial cliente compra quando compra um seguro?
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Uns compram paz de espírito, outros protecção contra o "azar", outros o cumprimento de um requisito legal, outros ...
.
E na sua empresa, também comete este erro? Também confunde o mercado com o produto? Também tenta vender o mesmo produto a todo o tipo de clientes, independentemente do que eles procuram e valorizam?
.
Se é isso... lamento informar que tem um problema grave, olha para o que faz como uma commodity e vende uma commodity...
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Recordar "“Commodities only exist in the minds of the inept""

segunda-feira, março 10, 2014

Abraçar o futuro em vez de perder tempo a defender o passado

Sabem o que penso dos eucaliptos.
.
Em Abril de 2010, neste postal, "Há marca e gente de carne e osso ou só funcionários?", elogiei um gestor da Portucel que em vez de se refugiar na defesa do passado, (como os loucos gestores da US Postal Service), abraçava as oportunidades ainda por descobrir que o futuro traria.
.
Ontem, descobri este artigo "Shutterfly, Moo, Minted and Amazon give unexpected boost to U.S. paper industry" e pensei logo em Steve Jobs:
"He just smiled and said, “I am going to wait for the next big thing.”"
Sublinhei:
"But as business moved online, company President Thomas D. O'Connor Jr. was left to rescue the firm his grandfather founded 83 years ago in a former Civil War-era ax-handle factory.
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Mohawk, the town's largest private employer, was fast losing revenues as companies cut back on paper for brochures, reports and marketing materials. Operations at its 350,000 square-foot mill shrank from seven days a week to five to four. "For the first time in hundreds of years," Mr. O'Connor said, "paper had to justify itself."
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Then, in 2004, Mr. O'Connor made an extraordinary bet, given the digital revolution that appeared ready to crumple Mohawk and every paper firm like it: His company borrowed millions to expand into the fine stationery business.
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The investment is now paying off as Americans renew their relationship with paper—consuming less of the cheap stuff for reading news, bill-paying and record-keeping and, in Mohawk's case, buying more expensive stock for personalized holiday cards, announcements and photo books from online juggernauts such as Shutterfly Inc.
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[Moi ici: Outro exemplo] International Paper, the world's largest producer, is among the companies profiting from new digital habits. It bought several makers of corrugated cardboard boxes, which now fill with goods shipped by online retailers like Amazon.
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"We've been able to increase margins and profitability," said John V. Faraci, International Paper's chairman and chief executive, by relying less on the shrinking copy-machine paper business as it stakes out more lucrative territory.
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The company last month announced a nearly $70 million investment to double the size of an Ohio plant making food-industry paper products like the coffee cups used at Starbucks.
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Mohawk, for one, is taking advantage of paper's transformation from commodity to keepsake, supplying high-quality paper in a market "where paper really matters to people," said one company official—and where the margins are as high as 40%."

segunda-feira, fevereiro 17, 2014

How to Brand Sand (parte II)

O tema já foi abordado em "How to Brand Sand"


Alternativas ao argumento do preço, como factor de decisão de compra.
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Em "10 Reasons Customers Will Pay More" lista-se um conjunto de motivos que podem levar um cliente a não dar primazia ao preço como factor de decisão.

A obsessão que nos valoriza

Tantos e tantos sectores em que a comoditização avança...
"When something is commoditized, an adjacent market becomes valuable"
Nesta reflexão "Quality of production", Seth Godin relata vários exemplos de actividades comoditizadas, algumas até pelo grátis.
"That doesn't mean that the game is over. What it does mean is that we have to figure out how to obsess over things that are truly difficult. Access to tools alone is not sufficient."
E a sua empresa... está obcecada por algo?

sexta-feira, janeiro 31, 2014

How to Brand Sand

Outro artigo citado no capítulo 17 de "Innovation in Pricing" é este "How to Brand Sand", velhinho de 1998 mas pleno de sabedoria ainda actual.
"when it comes to commodity products, the burden of proof is almost always on the marketer to show why this handful of dirt is better, and worth more to the customer, than that handful. It is a marketing argument that may have as much to do with the way the dirt is packaged, delivered and used as it does with the dirt's actual quality and characteristics. Whatever is involved, it is a task that the marketer must accept -- and be prepared to handle with a savvy sense of the differing needs and cost points of the relevant marketplace."
A proposta define-se em poucos passos:

  • Carve up the market - em vez de olhar para o mercado como um todo homogéneo, mergulhar e observar que grupos de clientes podem estar mais sensíveis à diferenciação;
  • Differentiate your offering - recorrer a uma destas seis versões genéricas de diferenciação;



  • Bundle several differentiations into a brand
"Differentiation tied to a specific product is the most tenuous basis for branding. Ideally, commodity branding is associated with an offering -- the basic product or service enhanced by various forms of differentiation -- rather than with a particular product. The goal is to bundle multiple sources of differentiation -- and then to fight ferociously to prevent competitors from unbundling them."

  • align your business capabilities to reinforce and defend the brand and the underlying sources of differentiation - o famoso mosaico estratégico de actividades, recursos e parcerias que suporta o desempenho da oferta
"The key is to take a disciplined, deliberate approach that begins with the market, understands how to create and deliver value and, most importantly, figures out how to get paid for it. Getting paid for it requires branding, extending the relationship beyond the transaction to encompass the full organization."
E a sua empresa, o que faz para se diferenciar?
Já desenhou o seu ecossistema da procura?
Já identificou os pivôs dessa procura?
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BTW, este trecho escrito em 1998 era profético relativamente à ascensão das marcas brancas:
"Your channels compete with you for the heart and soul of the "true customer." "Customer" is often used to describe the channel; often "competitor" is more accurate."

segunda-feira, novembro 11, 2013

De-commoditizar

Ainda no Sábado usei esta imagem:
Como contraponto à importância da interacção que potencia a co-criação de valor através do co-desenho e da co-produção.
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O oposto da co-criação de valor é a impessoal "vending machine". Por isso, sublinho este trecho:
"There was a time when a commodity was defined as something that is standardised, fungible, provided without differentiation. And companies moved heaven and earth to try and find a way to differentiate.
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There’s a new definition of commodity emerging: a product or service where there is no relationship between customer and company. Companies in that position will go the way of all flesh."
E claro que neste blogue a missão é a de promover a fuga ao estatuto, à classificação de "commodity".
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E a sua empresa, aposta na interacção? O que faz para co-criar valor?
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Recordar o "Adivinhem"
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BTW, há clientes para quem a melhor oferta e a melhor opção de compra é a commodity. Por isso, sabe quem eles são? São a praia da sua empresa? Imagine que sim, que são. Serão a sua praia no futuro? Não? Se não, como vai fazer a transição para outra praia?

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Trecho retirado de "Thinking about change and choice and consequence"

quarta-feira, outubro 30, 2013

Fugir à comoditização

A mesma tendência em todo o lado:
"Many consumers now think of some legal services ... as commodities differentiated only by price.
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Commodities, after all, are uniform products that are selected on the basis of price, because price is the only thing that differentiates one offering from another. Services become commodities when clients see the outcome of a service as standard; that is, differences from one service provider to the next are irrelevant to the client’s desired outcomes.
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Most industries are experiencing an accelerating rate of commoditization and, therefore, pricing pressures in their markets. Many factors account for this:
  • Most industries have matured, so that knowledge and quality that once separated competitors are now commonly available.
  • Excess supply exists in most markets owing in large measure to the Internet, which has erased geographic boundaries, allowing companies to compete anywhere.
  • Retailers use store brands to pressure manufacturers to reduce their prices.
  • The Internet makes price shopping effortless for consumers and forces manufacturers into online auctions to win retail-store shelf space.
  • A growing business service sector enables competitors to quickly copy good ideas.
  • Customers have more control of companies’ images due to the rise in blogs.
Businesses try to escape commoditization through product innovation, branding centered on emotional benefits, and improved marketing communications."
Sugestões para fugir à comoditização?
"The recession offers unique opportunities to rethink your value promise and redefine the business that you are in. Before you create your next marketing plan or annual strategic plan, step back alone or with a group of partners and ask the following questions:
  • 1) Why should clients work with you, versus other firms that also are qualified to meet their needs? Be careful to answer this question from the client’s perspective. ...
  • 2) If you have a differentiated value promise, don’t rest on your laurels. What skills can you develop to make your value promise even more relevant, compelling, unique, and hard to copy? We work in a copycat economy in which competitors emulate others’ good ideas, creating more price-driven competition. The commoditization process is the gravitational force of the economy. You must keep improving your advantages to escape it.
  • 3) If you lack a differentiated value promise, what problems and frustrations do your clients face with legal services? What does or could your organization do or have that no competitor could easily match that would address these challenges and greatly benefit current or potential clients?
  • 4) How might you disrupt your own services to significantly decrease charges to clients for some or several services?
  • 5) Would a different revenue model build a higher value with key clients?"
Estas questões, esta reflexão, não serve só para escritórios de advogados, aplica-se também a uma padaria, a uma empresa de enchidos, a um hotel do interior, a ...
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Fundamental assumir a condução do destino da empresa.
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Trechos retirados de "Surpassing the Gold Standard: Differentiate Your Practice in Ways that Really Matter"

domingo, julho 07, 2013

Seis meses perdidos

Em Fevereiro sugeri "Transformar Ameaças em Oportunidades".
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Contudo, parece que o sector ainda não percebeu isso "Industriais portugueses contra químicos no bacalhau".
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O português da frase final não é o melhor:
"Quanto o sal for trocado pelos químicos, o bacalhau vai mudar de cor –  ficar mais branco – e  ter outro sabor, mesmo que disfarçado pelas 1001 maneiras de o cozinhar. Mas sobretudo, vai ficar mais caro porque a cura leva mais tempo a fazer."
Presumo que a mensagem é: o bacalhau com polifosfatos será mais barato e que é isso que mete medo aos industriais do sector.
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Há males que vêm por bem, talvez seja o que falta para esta gente aprender o peso, a força, o valor das coisas intangíveis como uma marca. Criem a marca que identifica a cura tradicional! Criem a marca que grita "Não tem fosfatos!"

domingo, junho 23, 2013

e vocês, por que são diferentes?

Esta imagem:

É um bom exemplo para iniciar uma reflexão sobre a noção de valor na mente dos clientes.
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Pessoalmente, gostaria de construir uma com azeite, ou vinho, ou vinagre, ou sal, ou arroz, ou massas, ou maçãs, ou ...
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Ou seja, podemos construir um exemplo em muitos sectores de actividade.
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Água é água!
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Água é água? Então, como explicar esta disparidade de preços?
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E quando alguém começa a ter de explicar porque é que o sal que se vende a 35€/kg é diferente do sal a 0,15€/kg, deixa de existir a commodity sal e passam a ser interiorizados todo um conjunto de experiências/atributos que fazem a diferença, que explicam a diferença.
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Depois, podemos repetir a experiência com o azeite. Expor 7 ou 8 tipos de azeites diferentes: desde o garrafão de 5 litros da marca polegar até uma garrafa de 250 ml com azeite premiado a 10 ou 11 €/litro e repetir o exercício.
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Depois, colocar uma maçã de Moimenta da Beira no centro de uma mesa e uma maçã brasileira no centro de outra mesa e perguntar: o que arranjam para diferenciar as maçãs e justificar um preço premium para a maçã de Moimenta da Beira?
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Por fim, esperando que a mecânica tenha sido apreendida sem as barreiras do dia-a-dia, colocar uma foto do produto/serviço da empresa e outras fotos de produtos/serviços da concorrência e perguntar: e vocês, por que são diferentes? Por que valerá a pena optar por vocês?
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Subir na escala de valor é o caminho que interessa.


Imagem retirada desta apresentação de Harry Macdivitt.

sexta-feira, junho 14, 2013

Isto é Mongo, isto é o Estranhistão, isto é o futuro, isto é o século XXI e isto é belo!

Ainda esta semana fui à prateleira do óleo (?) e fiquei parado a apreciar as prateleiras... o que já vi acontecer com o vinho, com o azeite, com o vinagre, com ... estava ali à minha frente com o sal.
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Várias marcas, vários tipos de sal, vários tipos, embalagens, cores, tamanhos e quantidades de sal, sal iodado, flor de sal e sei lá que mais.
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Em qualquer sector é possível apostar genuinamente no caminho menos percorrido, apostar em fazer diferente.
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Lembrei-me disto por causa de "Even Cement Can Be Special":
"even commodities have customers. And where there are customers there can be differentiation. And where there is differentiation, there can be innovation. (Moi ici: Muitas empresas nunca conseguem abandonar o buraco negro da commoditização porque nunca pensam a sério nos clientes, começam e acabam o pensamento competitivo em torno do produto... esquecem que os clientes não são todos iguais e que diferentes clientes procuram e valorizam coisas diferentes)
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Lets look at a company in an industry whose product is almost synonymous with the word commodity: cement."
Os arquitectos compram cimento? Não!
Os arquitectos são prescritores (ver sobretudo a parte II), influenciam ou determinam a escolha do cimento utilizado. Logo, quem aposta em desenhar um ecossistema da procura começa a trabalhar noutro campeonato, noutra liga:
"Taking a lead from the fashion industry where celebrities like Giorgio Armani are influential trend-setters, Italcementi targets "archistars", rock-star architects whose ideas influence the behaviors and choices of the mass of architects."
Em vez de pensar em massa, pensar caso a caso, pensar em desafio a desafio, pensar no job-to-be-done:
"design for this symbolic structure called for the use of extraordinary concrete, offering not only durability, but also a long-lasting brilliant white color. In order to satisfy this need, the Italcementi perfected TX Active, a photocatalytic white cement with self-cleaning properties based a technology that had been investigated years before but never before developed." 
 Os atributos deste produto, embora extraordinários, não foram o ponto de partida. O ponto de partida foram os resultados pretendidos... como eu gosto de ir ao futuro mentalmente, para, depois, ser puxado para ele, em vez de andar à deriva a empurrar.
"Through the co-innovation process, architects get an essential raw material tailored to the needs of their projects. From Italcementi's perspective, the payoff is reduced risk. First, the work is associated with an actual revenue-generating project, which offsets development costs. Second, the product gets introduced with all the splash and hoopla associated with landmark project, increasing public awareness. Finally, the association of the product with an archistar increases the likelihood that other architects will incorporate the product into future mainstream, commercial projects down the line."
Pois... "“Commodities only exist in the minds of the inept""
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Isto é Mongo, isto é o Estranhistão, isto é o futuro, isto é o século XXI.
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Metropolis fica lá para trás enterrada, tal como Magnitogorsk!

segunda-feira, junho 03, 2013

“Commodities only exist in the minds of the inept"

Ontem de manhã, li isto:
"Brands are an economic concept that was produced by the industrial revolution. Most markets were commodity markets. In fact economic theory talks only about commodities, optimal pricing to reach equilibrium conditions, and the difficulty of longterm differentiation between suppliers. Branding is the only strategy to get out of commodity markets.
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This is why economic theory does not like brands. As a rule people tend to say that a commodity market is one where differentiation is impossible. The market is driven by price alone and maybe corporate reputation to secure the buyers. The brutal truth is that a commodity market is one where no one has invested enough in differentiation. It is a lazy market. Now we do not mean that no one has advertised, as is too often believed, but that no one has thought of a new ‘value curve’ for a specific target. A ‘value curve’ is a specific set of utilities delivered by the brand to a chosen and well-delineated target.
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Services are a classic way to differentiate commodities in B2B. To fight against low-cost suppliers that suppress all services in order to reach the lowest cost and offer a price-killing proposition, there is no other solution than to invest in intangibles: services plus image reputation. Business credit cards fight by proposing to be more than cards but rather partners in cost control, accounting, funds and flow management, etc. Air Liquide, like Linde or Air Products, makes 80 per cent of its profits on 20 per cent of its volume. Eighty per cent of the volume is a commodity (bottled oxygen for hospitals, for instance), but the company develops tailor-made speciality gases for niches identified as mainstream segments. These niches are price insensitive: the fresh food industry seeks a special gas to sustain the crispiness of packaged salad leaves for more than a week, as does the retailer."
Depois, à noite, via "Strategy as love, not war" (BTW, este título tem tanto que se lhe diga... em vez da guerra entre concorrentes, o desafio de procurar desenvolver relações amorosas com os clientes) encontro:
"At the beginning of my work on the Delta Model, I coined a silly statement, thinking it was a joke: “Commodities only exist in the minds of the inept.” It turns out it isn’t a joke.  Obviously a product could be a commodity. Take copper. The product cannot be differentiated, which makes it a commodity.  I cannot say that the Chilean copper is superior to the American copper. But copper as a business — the way that Siemens uses copper in their power plants, the way that GM uses copper in their cars, the way Carrier uses copper in their air conditioning units – is completely different.
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Therefore, commodities don’t really exist.  The customers are all different, and if you do not understand that, you are commoditizing something — and believe it, there is so much of that happening in business in America.  Typically, when I’m teaching these concepts, I ask the group of executives I teach, “Tell me, among all of you present, how many of you think that a significant percentage of your business comes from commodities?”  And invariably, 100 percent of the hands come up, and I know then that they have come to the right place — because they are not thinking correctly."
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Trechos iniciais retirados de "The New Strategic Brand Management" de Jean-Noël Kapferer.