segunda-feira, setembro 19, 2016

Profecias fáceis

Em Novembro de 2013 fiz esta profecia fácil, demasiado fácil, "A reacção dos incumbentes a Mongo passará por coisas como esta".
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Em Abril de 2015 escrevi ""o mundo para as EDP deste mundo está à beira de mudar de forma dramática""
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Agora, leio "Blockchain Changes Business Model in European Energy Sector, Decentralized Power In View" e, sobretudo, leio "As solar installations multiply, U.S. utility companies fight back".
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Empresas grandes a terem de compensar os produtores de energia quando deixam a rede porque se tornaram autosuficientes.
""Of course the utility is powerful," Sherman says. "The utilities had a monopoly on energy here since... since there's been energy here. And they have a lot of friends in the legislature. What we're seeing is the utility, rather than adapting to the changes that are happening in the energy sector, they're choosing to blame rooftop solar and trying to place discriminatory charges and fees on rooftop solar customers.""
E aquela cena de terem de se ressarcir os custos afundados?
""We saw the change in Nevada, and we understand that what we do today puts lots of pressure and risk on the utilities after investments of hundreds of billions over 130 years,""

Interacção e co-criação de valor

Parte I.
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Continuando a saborear a reflexão de Christian Grönroos e Johanna Gummerus em "The service revolution and its marketing implications: Service logic vs service-dominant logic".
"If co-creation of value is used analytically, rather than in a metaphorical sense, we must ask: what is the role and focus of co-creation, who is involved, and when does value co-creation occur? The key to answering these questions is the interaction concept.
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Although “enterprises can offer their applied resources for value creation and collaboratively (interactively) create value following acceptance of value propositions, but cannot create/deliver value independently”, the meaning of this assertion gets disguised by the claim that firms and customers are always co-creators of value.
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Direct interaction means that two (or more) actors act together in one process, in which their doings and sayings influence each other’s actions and perceptions. The two actors’ processes thus merge into one collaborative, dialogical joint process. During this interactive process, every actor involved can directly and actively influence the value-in-use that emerges for the other actor (or actors). This collaborative, dialogical joint process then becomes a platform for reciprocal co-creation of value. What takes place on the interaction platform may influence how value is realised, or value fulfilment, for one or all actors – provided they are prepared to and effectively make use of the value co-creation opportunity.
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Direct interaction need not be a joint collaborative, dialogical process with two persons though; it also can be a direct interaction between one actor (e.g. customer) and an intelligent non-human resource. For example, interactions with a system that can intelligently register the actions or speech of a person and respond to it form a joint dialogical process together with the person, as well as a platform for value co-creation. Both parties learn and immediately react on the basis of the lessons. Such interactions are also direct interactions. Most non-human resources, such as products and various types of systems, do not possess intelligent properties in this sense. For example, physical products or IT-based systems that respond in a standardised way to user actions do not meet the  criteria of intelligent non-human resources. The customer still interacts with the firm, through the use of products or resources, but the interactions do not provide a value co-creation platform. These indirect interactions with a firm or a service provider involve resources, including non-intelligent products and systems, that the service provider offers to the customer as a source of potential value-in-use. Whether value-in-use is created or emerges by the use of such resources depends on the actions of the customer alone. This value creation can be characterised as a customer’s independent value creation.
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Only direct interactions enable co-creation between the actors, such as a service provider and a customer, and form a platform for value co-creation. In the total value generation process, the development and provision of products and other resources by a firm, which enable indirect interactions only, are part of the provider sphere, which is closed to the customer (and other actors). Similarly, the resource integration actions of a customer, involving only indirect interactions with the firm, is closed to the firm."

domingo, setembro 18, 2016

Divagações de um consultor de província

Depois de ler "Consultora propõe plano de poupanças para a TAP competir com as ‘low cost’" fica-me uma grande interrogação: por que é que há-de resultar na TAP aquilo que não resultou em nenhuma companhia de bandeira, em nenhum lugar da Europa e da América, ou seja, ganhar o campeonato do low-cost às companhias low-cost?
"Some legacy carriers such as British Airways, KLM, Continental and Delta have already tried and failed to operate low-cost airline subsidiaries. They sold off the business or just ceased operations. Aer Lingus, Lufthansa, Alitalia and Air Canada did at one time or another set up low-cost ventures but then reverted to traditional operations. And others such as United, British Midland, SAS, Iberia, Qantas, Singapore Airlines and Mexicana currently run low-cost airlines in parallel but independently from their legacy operations."(1)
Entrando no artigo:
"No projeto “Transformar a TAP numa companhia aérea mais eficiente”, a que a Lusa teve acesso, a Boston Consulting considera que os custos da TAP estão numa boa posição quando comparados com as companhias de bandeira, mas precisa de ser mais eficiente para competir com as de baixo custo."
Espero que a administração da TAP seja suficientemente sensata para saber das vantagens do modelo de negócio das low-cost e, na verdade, esteja a usar esta desculpa como forma de justificar uma muito necessária redução de custos:
"Nesse sentido, aponta as “oportunidades” para reduzir os custos da transportadora, sendo que um terço da poupança – entre 50 e 70 milhões de euros – é alcançado na categoria dos pilotos e tripulantes, com a renegociação de acordos de empresa e o ajustamento do número de assistentes de bordo ao mínimo exigido por voo.
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A segunda maior poupança proposta pela consultora, num valor entre os 40 e os 65 milhões de euros, resultaria de cortes nos serviços aos passageiros – como por exemplo no ‘catering’ (refeições a bordo) – e poupanças na área comercial, com a renegociação de taxas e incremento das vendas diretas." 
Eu, que não passo de um anónimo consultor da província e sem conhecimentos do sector do transporte aérea de passageiros, pensaria numa empresa mais pequena e forte onde pode fazer a diferença:
"De acordo com o diagnóstico realizado pela consultora que já tinha em Portugal realizado estudos sobre o aeroporto Francisco Sá Carneiro, no Porto, o ‘calcanhar de Aquiles’ da estrutura de custos da TAP está nos voos mais curtos, porque “no longo curso, a TAP está bem posicionada, quando comparada com as companhias de bandeira, como a British Airlines ou a Emirates”." 
(1) - Trecho retirado de "COMPETING AGAINST LOW COST AIRLINES"

Onde residem as minhas preocupações?

Tendo em conta a argumentação daqui, tendo em conta o querer subir na escala de valor, em teoria faz todo o sentido este propósito "Famalicão lança Centro de Competências do Agroalimentar".
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Onde residem as minhas preocupações?
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Ressalva: Não ponho em causa a seriedade do projecto nem a genuína vontade e empenho dos participantes.
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Primeiro, por que é que tem de ser a câmara a avançar com a iniciativa? Muda o presidente e o que vem tem outras ideias. 
"O foco principal estará nas carnes, onde Famalicão acredita poder distinguir-se a nível nacional, mas o objetivo é cobrir outras áreas. "Não existe concelho em Portugal que tenha tão grande e qualificada concentração de empresários no sector das carnes. Temos um know how empresarial único no país e empresas altamente competitivas e com vocação exportadora", justitfica o autarca."[Moi ici: Se são tudo isso, por que é que nunca tiveram eles a ideia, bottom-up, de criar tal Centro de Competência? Por que tem de ser iniciativa da câmara? Acaso o Centro de Competências não é para ajudar as empresas a ganhar mais dinheiro?]
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Segundo, se é agroalimentar porquê o albergue espanhol? 
"Nesta fase de arranque, o primeiro passo foi a formalização de um protocolo de cooperação e criação do centro de competências com 13 entidades, do ensino aos têxteis, onde está um dos pilares industriais e exportadores de Famalicão, mas aberto desde já à entrada de novos membros porque o objetivo é aproveitar a capacidade instalada ao nível da produção, investigação e inovação."[Moi ici: Não faria mais sentido, numa fase inicial começar por um núcleo mais pequeno e coeso e concentrado em um ou dois projectos-bandeira? Recordar aquele título ... qualquer coisa como "improvement programs start with results. Com 13 entidades estou já a imaginar o funcionamento das comissões de escolha dos hospitais públicos... só para marcar uma reunião não vai ser fácil ter agenda para todos.]

Aceleração e suas consequências

"Staff reporter Zoe Henry talks about how fashion companies and brands have innovated the ways they use New York Fashion Week to sell new collections. In the past, brands would strut their new collections down the runway and the clothing would go on sale in six months. But Rebecca Minkoff launched a new model called "See Now, Buy Now." Customers can buy the clothes being shown during Fashion Week right away instead of waiting for next season. After Minkoff launched this new model, other companies like Burberry, Tommy Hilfiger and others jumped on the trend. Brands bet big on new collections, which is a risk, but the new model prevents competitors from ripping off your designs before you can go to market. The model has paid off, Minkoff's sales have jumped 200 percent since launching See Now, Buy Now."
Mais um exemplo de aceleração, da redução do tempo da prancha de desenho até à prateleira. Consequência: se não se esperam 6 meses, então, porquê 2 épocas por ano? Por que não ter antes 15 ou 20 colecções por ano?
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E se o tempo da prancha à prateleira se reduz desta forma, então, a produção tem de estar mais próxima do consumo, encomendas mais pequenas e muitas reposições. Eventualmente, encomendas a alterarem o produto ao longo do tempo como se de uma evolução animal se tratasse.

Trecho retirado de "How Fashion Companies Turn the Runway Into a Retail Store"

sábado, setembro 17, 2016

Curiosidade do dia

E ainda há quem pense em bots para o customer service ou em humanos obrigados a seguir religiosamente uns guias pré-escritos.
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Depois, há os que criam experiências.
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Se pudesse esfregava esta carta na cara do Customer Service da Happy Socks.

Coisas estranhas

Coisas estranhas. Por um lado:
"As vendas promocionais nos hipermercados passaram de 39,7% no primeiro semestre de 2015 para 44,8% nos primeiros seis meses deste ano e a tendência é para continuarem a crescer, admite a Associação Portuguesa das Empresas de Distribuição (APED).
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Além de serem uma “evidência da dinâmica concorrencial”, as promoções mostram que o fator preço continua a ser decisivo para quem compra. E os números falam por si: nos primeiros seis meses do ano, as marcas dos fabricantes ganharam quota de mercado, passando de 65,3% para 66,7% das vendas, enquanto o peso das marcas da distribuição recuou 1,4 pontos percentuais em relação ao mesmo período do ano passado."(1)
Por outro:
"Os fabricantes de produtos de marcas estão preocupados com os custos das promoções, [Moi ici: São precisos dois para dançar o tango. Não basta a distribuição querer fazer promoções, é preciso que também os fabricantes alinhem nelas] que já representam quase metade das vendas dos hipermercados, e querem estratégias comerciais para atrair os consumidores que não passem só pelo preço. [Moi ici: E estão à espera de quê? Que seja a distribuição a criá-las? Que falta de locus de controlo no interior! Não me digam que querem que seja o governo a intervir para se intrometer mais uma vez entre as duas partes de um contrato?]
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"Não há outra forma de chegar ao consumidor. O preço é o único argumento que é aceite como válido", [Moi ici: Oh, wait!!! Já não percebo... então agora já não há alternativa ao preço?! Se é esta a forma de pensar, então não há alternativa ao preço mesmo. Não porque não haja mas porque se acredita que não haja. Impressionante, mais uma vez em vez de terem um líder, um visionário, um aprendedor, têm um funcionário encalhado no passado. Apetece ser mauzinho e recordar “Commodities only exist in the minds of the inept"] afirmou, sublinhando que "isto tem um custo".
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O ónus, salientou, tem recaído sobretudo nas marcas dos fabricantes" que conquistaram quota de mercado às chamadas "marcas brancas", mas devido essencialmente às políticas promocionais que têm "introduzido uma quebra brutal de valor em toda a cadeia".
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Pedro Pimentel alerta, no entanto, que "a fórmula está gasta" e que as promoções já não conseguem gerar vendas adicionais: se antes da crise, uma promoção de 50% conseguia multiplicar as vendas por 10, atualmente os descontos não chegam muitas vezes a ser suficientes para vender cinco vezes mais.[Moi ici: Como não recordar os gráficos do Evangelho do Valor]
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O diretor-geral da Centromarca defende, por isso, mudanças nas estratégias comerciais "que levem os consumidores às lojas, mas não só à custa dos preços", incentivando, por exemplo, a experimentar novos produtos."(2) [Moi ici: Para os experimentar é preciso, primeiro desenvolvê-los. Depois, é preciso ter marketing a divulgá-los. Depois, é preciso ter paciência e aguentar os preços para recompensar a inovação, a menos que ela seja da treta e não passe de "eu também". Pessoalmente, como líder da Centromarca, procuraria os exemplos de positive deviances e faria tudo para os divulgar internamente, para mostrar o que funcionou e porque funcionou.]


(1) - Trechos retirados de "Hipermercados. Promoções já representam quase metade das vendas"
(2) - Trechos retirados de "Marcas querem novas estratégias para atrair consumidores viciados em promoções"

Intellectual Ergo Idiot

Há muitos anos que aqui no blogue escrevo sobre os jogadores amadores de bilhar (ver marcador). Gente tão concentrada na próxima jogada, ou tão cega, que nem pensa, ou não consegue pensar nas jogadas seguintes, ou não consegue imaginar as consequências desta jogada próxima nas jogadas seguintes.
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Um pouco como os políticos que ao mesmo tempo que querem reestruturar a dívida também querem continuar a depender dela. Ou os os empresários que cortam no desenvolvimento de novos produtos e, depois, protestam porque as margens estão a encolher. Ou os produtores de leite que estão sempre a pedir subsídios e, depois, não gostam de ser vistos como subsídio-dependentes.
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Por isso, este trecho de Nassim Taleb merece especial sublinhado:
"Typically, the IYI [Moi ici: IYI quer dizer Intellectual Yet Idiot. Acho que preferia IEI Intellectual Ergo Idiot] get the first order logic right, but not second-order (or higher) effects making him totally incompetent in complex domains. In the comfort of his suburban home with 2-car garage, he advocated the “removal” of Gadhafi because he was “a dictator”, not realizing that removals have consequences (recall that he has no skin in the game and doesn’t pay for results)."
Como não recordar logo o incendiário Stiglitz que, completamente sem skin in the game, andou recentemente por cá a sugerir a saída do euro.

Trecho retirado de "The Intellectual Yet Idiot"

Recordar temas como: Via negativa, fragilistas, intervencionistas ingénuos, enfim, socialistas de todos os partidos.

Mudar de vida

Aprendi há quase 10 anos que o leite é a commodity alimentar por excelência:
"Milk is the ultimate low-involvement category, and it shows. Only 10% of the international sample (in Denmark, Germany and Spain the number is less than 5%) would expect the private label version to be of a lesser quality."
Commodities regem-se por este modelo mental:
O que é que um produtor de leite avisado a operar num mercado natural, livre de activismos políticos, faz?
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Procura fazer girar aquele círculo da figura o mais rapidamente possível para crescer mais depressa que os concorrentes e colher os frutos das economias de escala.
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Mesmo em Portugal, país com um mercado inquinado pelo activismo político, temos esse tipo de concentração e aumento do tamanho médio das explorações leiteiras. Ver, por exemplo, "Portugal perdeu 90% das explorações leiteiras em 20 anos"
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Em 2011, num postal, publiquei estes números:
"Terceiro: Quantas vacas existem em média numa exploração leiteira
Na Roménia? 1,5
Em Portugal? 18 (em 2010); 10 (em 1995)
Em Espanha? 42 (em 1995)
Em França? 60 (em 1995)
Na Alemanha? 55 (em 1995)
Na Dinamarca? 69 (em 1995)
No estado do Wisconsin? 98 (em 2010)"
 Apesar de tudo, foi com algum espanto que na quinta-feira à noite, via @nticomuna cheguei a este número "Over half of US dairy herds now milk over 900 cows"
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Como é que num negócio em que o que conta é o preço (logo o custo), uma exploração com 30 vacas, ou 50 vacas, pode competir com uma de 500 ou de 900 vacas? (900 é só o número médio)
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Não pode! Daí nasce o apelo ao activismo político, ao proteccionismo, ao barulho da rua.
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Pena que não se aposte no pensamento estratégico. Pena que não se olhe para aquela figura lá em cima e se pense fora da caixa.
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Como se pode dar a volta ao modelo da comoditização? Como se pode promover a decomoditização?
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Recordar aquela mensagem recente de Seth Godin:
"A commodity is a product or a service that no one cared enough about to market."
O calçado português não conseguia competir com os chineses a fabricar sapatos que se vendiam a 20 euros. O que se fez? Mudou-se de paradigma e agora fabricam sapatos que se vendem a 230 euros.
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Primeiro, escolher os clientes-alvo.
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Segundo, diferenciar a oferta.
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Terceiro, criar uma marca.
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Quarto, concentrar e alinhar actividades e comportamentos na nova oferta e no novo modelo mental.

sexta-feira, setembro 16, 2016

Curiosidade do dia

Como não relacionar esta preocupação "CGD ameaça orçamento enquanto fizer empréstimos "de conveniência", alerta Teodora Cardoso":
"A presidente do Conselho de Finanças Públicas, Teodora Cardoso, alertou hoje que a Caixa Geral de Depósitos será "sempre uma ameaça para a política orçamental" enquanto fizer empréstimos "de conveniência", sem "racionalidade financeira".
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"Eu espero que esta questão tenha tido pelo menos essa consequência, é que a Caixa não seja vista de futuro como um forma de financiar investimentos de conveniência, sobretudo para os governos da altura", afirmou Teodora Cardoso"
Com esta afirmação:
"António Mota, fundador e chairman da Mota-Engil, defendeu hoje que o sector da construção precisa de investimento público [Moi ici: Reparem que é o sector da construção que precisa do investimento. Reparem que o sector da construção é visto como o objectivo e o investimento é um instrumento para o ajudar ou promover. Se esse investimento traz retorno e tem racionalidade financeira, who cares?] uma vez que foi um dos sectores que mais sofreu com a crise económica e financeira que se instalou em Portugal nos últimos anos
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Para o nosso sector é necessário para manter os nossos quadros e também para o país é necessário investimento para criar emprego."[Moi ici: O problema da obliquidade em falta. O investimento deve ser para criar "máquinas" de gerar riqueza. A geração de riqueza traz como consequência a criação de postos de trabalho. Usar o investimento com o propósito directo de criar emprego é, mais uma vez, falta de racionalidade financeira]

Subir na escala de valor

Recuando a Maio passado "Qual a alternativa?"
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A arte é fundamental para fugir a este modelo mental:
A arte não depende da eficiência mas da eficácia. A arte não conjuga com granel!
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Por isso, interessante esta referência à arte e ao design conjugado com a cidade do Porto em "Move Over, Paris—Porto Is Europe's Hot New Shopping Capital".
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Voltando ao primeiro postal deste dia, esta referência à arte pode ser vista como um sintoma de pontos fortes que podem ser usados em conjugação (TOWS) com as oportunidades do Estranhistão, de Mongo.
"Portugal’s “second city” is the country’s real standard setter when it comes to design, thanks to its heritage as a manufacturing hub through most of the 19th and 20th centuries. Now it’s gaining traction as a shopping mecca, too, filled with locally made items by emerging designers who can’t be found elsewhere.
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“Even the Lisbon designers normally come to the Porto area to produce their designs because all the industry is here,”"

Uma preocupação recorrente

"Creating meaningful, long-lasting change must start at the top and filter through the whole of an organization. It requires understanding the depth of the need, developing a smart strategy and high-quality execution.
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the truth is nearly 70% of transformations fail or don’t live up to expectations. Frankly, I’m surprised it isn’t more. They rarely fail in strategy, but in adoption, experience and execution.
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It is not how you start, it is how you execute.”
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The follow-through on execution is often the missing, and most important, piece of the puzzle. [Moi ici: Confesso que é uma preocupação recorrente na fase das iniciativas estratégicas de um BSC numa empresa. Há uma resistência a essas coisas fatelas como a calendarização, ou prestação de contas] And by execution, I don’t necessarily mean technology implementation."

Trechos retirados de "Your Success is Based on Execution, Not Implementation."

Acerca do valor e da sua criação

Um artigo, "The service revolution and its marketing implications: Service logic vs service-dominant logic", de Christian Grönroos e Johanna Gummerus, muito bem escrito, dá gosto ler.
"we offer five notes on value and value creation. First, both SDL and SL use the expression “value creation”, even though value is not always, and perhaps is even infrequently, instrumentally created. Value can just emerge from a resource integration process; as suggested by the customer-dominant logic, such emergence even could be the normal case. In the SL and for this paper, the expression “value creation” refers to this phenomenon, without any assumptions about whether value-in-use emerges or is instrumentally created. Second, use – not context, experience or interaction – is the key qualifier of the value-in-use notion, so SL adopts the term value-in-use, without disguising this key qualifier. Naturally, value-in-use depends on, for example, the social and physical context in which usage takes place. If the context changes, so should the level of value-in-use. Third, value-in-use does not exist at a singular point in time, as value-in-exchange does, but rather evolves over time in a cumulative process during usage. This cumulative process may include destructive phases, in which value accumulation takes negative turns. Then value can be both positively created and destroyed. Fourth, use can take many forms, not just as a matter of physical use. For example, mental use occurs when a person dreams about a holiday trip in the near future or remembers the trip while looking at pictures afterward. Use also might be mere possession, such as when a person feels content knowing he or she owns a luxury car or a famous painting. Fifth, value for the customer and value for the firm are two sides of the same coin, so firms and customers reciprocally influence each other’s value creation. Not only does the firm function as a service provider, but the customer may provide the firm with actionable information about how to develop its resource base and systems, in which case the customer functions as service provider, with the firm as a user and value creator.
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The service provider then serves as a creator of potential value-in-use and facilitator of real value-in-use. From a customer perspective, potential value-in-use is not real value yet; there is no difference between potential value-in-use and value-in-exchange. When a customer pays for a resource, the act manifests value-in-exchange, but there is still no realised value or value-in-use for the customer. In contrast, for the firm, manifested value-in-exchange is real value."
Continua.

Um entendimento diferente das coisas

A propósito da figura publicada em "Grupo automóvel “ocupou” rua da Maia", eis alguns reparos que demonstram como tenho um entendimento diferente das coisas:





quinta-feira, setembro 15, 2016

Curiosidade do dia

"O imposto anunciado revela ainda até que ponto um país pode ser conduzido pela política no seu pior sentido. Primeiro incentivam-se as pessoas a comprarem casa, depois atira-se com impostos e mais impostos em cima das casas. E, na conjuntura actual, as melhores soluções de política económica não são adoptadas ou por razões eleitoralistas ou para não reconhecer que a receita de devolver rendimentos, por ter sido demasiado rápida, agravou ainda mais os nossos problemas.
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Lamentavelmente para nós, o modelo que Mário Centeno usou para fazer o programa económico do PS deve ter-se esquecido de levar em conta a restrição financeira. Infelizmente para nós, com o seu modelo validou tecnicamente uma política económica que nos vai sair cara, nesta era populista que estamos a viver."
Trecho retirado de "Segundo resgate? Não teremos esse azar (ou sorte)"
""Penso que infelizmente é bastante claro que a [estratégia de crescimento do Governo] não funcionou", respondeu Teodora Cardoso. O relatório que o CFP publicou deixa clara a avaliação.
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A evolução da economia tem vindo "a confirmar – e nalguns casos a acentuar – os riscos assinalados pelo CFP nos seus relatórios", em particular "quanto à evolução da procura externa e dos preços, assim como ao impacto do estímulo ao consumo privado sobre o investimento e o crescimento da economia", lê-se num comunicado do CFP divulgado hoje que acompanho o relatório."
Trecho retirado de "Conselho das Finanças Públicas mostra cartão vermelho ao Governo"


Imagem retirada daqui.

Da responsabilidade do produtor

Esta mensagem de Seth Godin é fundamental:
"A commodity is a product or a service that no one cared enough about to market..Marketing creates value, by combining stories, design and care. The product or service is produced in a way that makes engaging with the item better..Commodities are in the eye of the producer. If you don't want to sell something that's judged merely on price, then don't."

E qual é o campeonato da sua empresa?

Ontem, ao trabalhar numa apresentação que vou usar num evento inter-empresas no próximo mês de Outubro, construí este modelo:

Para representar o arquétipo competitivo que herdámos do século XX.
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Depois, fiz esta alteração, para incluir a palavra produtividade.
Quando se é gigante, quando se acredita que se consegue suster mais tempo a respiração debaixo de água do que os outros, baixa-se o preço para ganhar quota de mercado.
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O fenómeno da comoditização a funcionar:
Como é que as empresas reagem a esta pressão sobre as margens?
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A referência do século XX para aumentar a produtividade está na figura:

  • Reduzir desperdícios;
  • Aumentar a quantidade produzida por unidade de tempo.
Na agricultura, por exemplo, isto traduz-se na escolha das espécies mais produtivas. Até podem não ser as mais saborosas mas são as que dão mais quantidade e/ou estragam-se menos.
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Qual é a nossa receita preferida para a decomoditização?
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Subir na escala de valor!
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Apostar em sair daquela espiral compressora e seguir o caminho menos percorrido. Em vez de apostar no denominador, apostar no numerador.
"Hace tan solo unas semanas, su marca Morellana recibió el galardón al mejor aceite de oliva virgen extra ecológico del mundo (y el tercero en general) en los premios World's Best Olive Oils. Pero no fue el único. También se colgó dos medallas de oro en la categoría de frutado intenso, una de ellas otorgada por el Consejo Oleícola Internacional.
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"La clave del éxito es trabajar y defender tu identidad", explica el responsable de producción y portavoz, Alberto del Moral.
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Parte de la identidad de Sucesores de Hermanos López (y la gran responsable de sus éxitos) no es otra que la aceituna picuda, una variedad autóctona del parque natural de las Sierras Subbéticas (Córdoba). "Hace unos 10 años decidimos apostar por esta variedad. Además de porque ofrece un aceite excelente, porque nos parecía interesante vender algo que solo se produce aquí, ofrecer un producto casi exclusivo", explica Del Moral. "El principal problema es que es menos rentable. Muchos agricultores de la zona han optado por sustituir esta variedad por otra, pero creemos que eso es arrancar nuestra identidad",[Moi ici: Muitos agricultores arrancaram as oliveiras autóctones para poder aumentar a cadência de produção, entraram num campeonato em que serão peões menores no meio do granel. Pequenos produtores a competir pelo preço... não estudaram a teoria dos jogos e a sua primeira lei] agrega."
E a sua empresa, em que campeonato está, o do preço ou o do valor?

Trechos retirados de "Olivas ecológicas con premio"



Figura retirada de "Moving from basic offerings to value-added solutions: Strategies, barriers and alignment" de Paul Matthyssens e Koen Vandenbempt, publicado por Industrial Marketing Management 37 (2008).





Acerca da proposta de valor

O que é uma proposta de valor e porque é que é importante.
"the value proposition is argued to be the enterprise’s single most important organizing principle and that so few enterprises formally develop, communicate and use value propositions,
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This work described the value proposition as a promise of value to customers, combining benefit and price. These authors argue that competitive advantage is achieved by effectively delivering a superior value proposition to a chosen group of customers. A successful value proposition provides the basis for differentiation and the foundation for an ongoing buyer-seller relationship. The importance of the concept lies in forcing an organization to clearly articulate the basis on which it will compete in its chosen markets, which requires careful understanding of valued benefits, from the customer perspective. Value propositions are acknowledged to form an important part of an enterprise’s business model.
...
we adopt Rintamaki et al.’s definition of a value proposition as “an encapsulation of a strategic management decision on what the company believes its customers value the most and what it is able to deliver that gives it competitive advantage”. A value proposition consists of physical/technical enablers that create the conditions for the service experience. Value propositions encompass the functional and emotional benefits of an enterprise’s brand. The value proposition is distinctive but closely related to the concept of a brand. A brand has two tasks: creating a relevant and compelling value proposition; and making this proposition credible. The brand connects directly to the customer through a targeted value proposition. From a service-dominant (S-D) logic perspective, branding represents a communicative interaction process in which firms support the intended meanings of their value propositions. An organization’s value proposition provides a mechanism for achieving brand consistency and continuity by reinterpreting brand and customer value across the entire organization."

Trechos retirados de "Developing superior value propositions: a strategic marketing imperative" de Adrian Payne e Pennie Frow, publicado por Journal of Service Management, Vol. 25 No. 2, 2014

Moral hazard (parte III)

Parte II
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Recordo aqui os postais recentes sobre o papel dos preços:
"The price mechanism is therefore the sole coordinator of tasks within, and resource allocation between, existing advanced production processes in the market.
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The market’s reallocation of resources to satisfy changes in demand happens ‘spontaneously’ in the sense that it needs no explicit coordination of the process. A decentralised market dealing with standardised intermediate goods is fully equipped to respond to changes as it is in each producer’s interest to maximise the profitability of their situation, and this is always in line with satisfying market demand. The price mechanism, therefore, is sufficient for the market to maximise wants satisfaction of consumers."(1)
O que é que devia acontecer quando isto, "Consumo de leite não pára de cair", acontece? Se consumo baixa, produção tem de baixar ou arranjar mercados alternativos ou transformação alternativa. Como é que o sinal passa para os agentes do ecossistema? Através da redução de preços.
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Recordar a série "Como se começam a corrigir 30 anos de activismo político?". Com 30 anos de activismo político o mercado do leite está todo inquinado.

Já esta manhã encontro isto, temos mais um chavista em Bruxelas:
""Não aceito que o leite seja vendido a um preço mais baixo do que a água","
Gente que não conhece aquele ditado até porque estragou a lógica que o permitia: Qual a melhor cura para os preços baixos (altos)? São os preços baixos (altos).


(1) - Trechos retirados de "The problem of production : a new theory of the firm" de Per L. Bylund

quarta-feira, setembro 14, 2016

Curiosidade do dia

A fazer lembrar os que compram títulos do tesouro e, a seguir, batem palmas às propostas do BE para reestruturar a dívida, esta cena caricata até mais não no site da CGTP, "Trabalhadores da Ancorensis contra encerramento da escola":
"Os trabalhadores, em luta pela manutenção dos seus postos de trabalho, decidiram realizar uma concentração no dia 13 de Setembro, às 10 horas, para que a Direcção da Ancorensis lhes dê respostas e vão também exigir do Ministério da Educação que questione a Ancorensis acerca desta decisão de não iniciar o ano lectivo."
O mesmo site há menos de 3 meses escrevia:
"Na intervenção feita pelo secretário-geral da CGTP-IN, Arménio Carlos, afirmou que esta manifestação "não é do contra, mas sim pela escola pública", considerou que "não é justo manter as escolas privadas que fazem concorrência às públicas" e acrescentou ainda que "não é de estranhar que o PSD e o CDS não vejam com bons olhos esta manifestação", relembrando as políticas dos últimos quatro anos. Concluiu a sua intervenção defendendo a necessidade de combater "o embuste" do número de colégios privados que andavam "a viver à custa do Orçamento do Estado", que são 39." 

A vantagem dos optimistas

"uncertainty presents clear challenges to strategists. The approach detailed in this article can turn today’s ambiguity into tomorrow’s opportunity. As you begin your journey to own the future, rather than be disrupted by it, we suggest you commit to three key mindsets.
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First, be optimistic. [Moi ici: Recordar o medo que eu tenho dos produtores de cortisol] Disruption is a growth opportunity. Research by behavioral scientists show that when we perceive a threat, we grow very rigid. Gilbert’s doctoral research drew on that research to highlight how even companies that spot disruptive changes early, such as Nokia and smartphones, Kodak and digital imaging and U.S. newspaper companies and the rise of the Internet, miss the growth potential inherent in the disruption. Leaders like Reed Hastings, however, are energized by change and frame threats as opportunities.
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Second, be decisive.  We’ve already described the importance of focusing on a small number of strategic moonshots. Remember too, that the most important word for the strategist contains but two letters: no. People often forget what Steve Jobs did first when he returned as CEO of Apple in 1996. It wasn’t to create new products like the iPod, or start Apple’s innovate retail store. It was to focus by dramatically shrinking Apple’s product line. “People think focus means saying yes to the thing you’ve got to focus on. But that’s not what it means at all. It in Black Eyed Peas superstar and music entrepreneur Will.I.Am. means saying no to the hundred other good ideas that there are,” Jobs said. “I’m actually as proud of the things we haven’t done as the things I have done.”
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Finally, be scientific."


"How to Turn Ambiguity into Opportunity: A New Approach to Strategy Under Uncertainty" de Scott D. Anthony

Apontar aos segmentos e necessidades underserved (parte II)

Parte I.
"An effective market strategy should align the strengths of a company’s product offerings with the customer’s unmet needs.
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Decide what offerings to target at each outcome-based segment.
The first step in defining the market strategy is to determine which products to target at each of the outcome-based segments that have been discovered.
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Communicate the strengths of those products to customers in the target segment...
Knowing that a product has features that are a competitive strength in a segment of the market is an important insight when it comes to aligning a product portfolio with customer needs.
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Include an outcome-based value proposition in those communications...
Build an AdWords campaign around unmet needs [Moi ici: Ainda ontem numa PME discutimos esta realidade. Eu sei lá que empresas texturizam moldes, eu preciso de texturizar um molde, primeiro vem o "job". Depois, é que aparece o nome dos potenciais fornecedores]
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Assign leads to ODI-based segments...
determine which outcome-based segment a specific prospect belongs to. With this insight, the prospect can be guided toward the solution that will best address their underserved outcomes.
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Arm the sales team with effective sales tools
Lastly, the sales team can be taught how to identify what outcome-based segment a customer or prospect belongs to and guide the conversation accordingly. Approaching a customer with the right value proposition and a clear understanding of their situation and unmet needs goes a long way to building credibility."

Os palhaços falam e escrevem acerca de uma década perdida

"Sediada em Guimarães, a AMF Safety Shoes [Moi ici: Outros velhos amigos] dedica-se há mais de uma década à produção de calçado técnico sob a marca Toworkfor. Em 2015, obteve um volume de negócios a rondar os nove milhões de euros, mas este ano espera chegar aos 12 milhões de euros.[Moi ici: Típico desta empresa, num ano crescer 33%. Lembram-se dos bonzos que falam de uma década perdida em Portugal? Palhaços!]
...
Foi então que o director de Desenvolvimento de Produto da Michelin desafiou o seu homólogo da Toworkfor «para trabalharem na criação da melhor sola técnica de segurança alguma vez realizada, quer ao nível de design, quer ao nível dos componentes».[Moi ici: Algo corre bem no sector quando uma empresa é escolhida por uma multinacional poderosa para fazer este co-desenvolvimento]
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Para além da Full Grip, a marca tem várias outras colecções no seu portefólio que, consoante as características dos modelos, se destinam a diferentes nichos de mercado."[Moi ici: Segmentação, não praticarás o granel!
E não tentarás fazer tudo! Procurarás especializar-te em algo que possas fazer a diferença e te dê pica!
"O caminho da especialização
Apesar de ter mais de uma década de experiência neste mercado, a AMF Safety Shoes nem sempre produziu calçado técnico. A empresa foi fundada em 1999 (na altura, sob o nome Albano Miguel Fernandes, Lda.) e começou por se dedicar à produção de calçado de moda em regime de outsourcing. Em simultâneo, dedica-se ao segmento do calçado de conforto infantil, produzindo e representando marcas internacionais, nomeadamente a francesa Clayeux. Só em 2002 haveria de fazer a primeira aproximação ao segmento de calçado técnico de segurança, na sequência de um acordo com a inglesa Lotus.
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Após o sucesso desta parceria, a empresa vimaranense percebeu que «a aposta numa marca própria era o próximo passo». E assim nasceu, em 2005, a 2work4 (hoje, Toworkfor), que haveria de «atingir rapidamente três milhões de euros de facturação». «O sucesso foi tal que a marca penetrou de imediato em vários mercados, destacando-se o alemão», afirma o responsável.
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Em simultâneo, a AMF Safety Shoes continuou a criar vários «modelos para marcas internacionais de segurança, que ainda são vendidos por todo o mundo."
BTW, uma recordação de uma das visitas e ainda outra, foi à porta desta empresa, a fazer horas para entrar que li "Service productivity Towards a conceptualization of the transformation of inputs into economic results in services"

Trechos retirados de "A marca portuguesa que calça a Michelin", Marketeer Agosto de 2016

Empresas que me interessam

Quem segue este blogue sabe como costumo avaliar a evolução das exportações portuguesas. Não fico preocupado quando as exportações de petróleo, de automóveis e de ferro fundido baixam, enquanto as exportações das PME escondidas continuam a crescer. Por exemplo:
"Se retirarmos da equação das exportações o petróleo, os automóveis e o ferro fundido/aço ... as exportações portuguesas cresceram 558 milhões de euros nos primeiros 4 meses do ano."
Mais uma vez, não são muitas, em sintonia com Daniel Bessa:
"Interessam-me as empresas que ninguém conhece — a Celoplas, a Critical Software, a Kyaia, a Outsystems, a Polisport, a Siscog, a Vision-Box, a WIT Software. Interessam-me as empresas (poucas) que, pelos resultados conseguidos, e só por isso, se foram libertando desta “lei do desconhecimento”: a BA Vidro, a Celbi, a Corticeira Amorim, a Portucel, a Sogrape, a Sovena. Interessam-me as empresas (ainda menos) em que, pese embora todo o potencial associado a grandes investidores internacionais, há gestores e trabalhadores portugueses por detrás de histórias de sucesso incontornáveis: a Autoeuropa, a Bosh (Car Multimédia, Security Systems, Termotecnologia), a Continental, a Siemens. Quem diz estas, poderia dizer muitas outras, sem desmerecimento para quem quer que seja, dentro da mesma linha de actuação." 

terça-feira, setembro 13, 2016

Curiosidade do dia

Este remate final:
"Entretanto, será sempre preciso sensibilizar a banca, um dos principais meios de financiamento que os produtores nacionais têm. João Matos Fernandes assume que esta, “não é que não esteja disponível, mas está pouco informada sobre o que são os projetos de economia circular e como é que esses projetos podem ser avaliados”"
Fez-me logo recordar "O dedo na ferida", gente que quer que a banca volte ao chip antigo.
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Até que ponto estas ideias do governo não desembocam em projectos com retornos negativos porque muitas vezes será mais barato manter o circuito actual?
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Trecho retirado de "Governo quer cortar em 30% importação e extração de matérias-primas"

Dois mundos opostos

Ao ler coisas como:
"This chapter introduces a model of the market as a dynamic process with actors incentivised in their market positions to respond to changes and thereby adjust their activities as well as positions in the marketplace. The model is intended to capture the ceaseless processes and forces of a specialised market in which production is coordinated exclusively through decentralised exchange. These exchange transactions constitute the backbone for allocation of resources throughout the economy’s production apparatus and are also the means by which market prices are determined. Market production is specialised under the division of labour and market actors consequently assume specific roles in advanced production processes. In this model, actors rely fully on decentralised market exchange and price discovery to procure inputs and sell produced outputs. The price mechanism is therefore the sole coordinator of tasks within, and resource allocation between, existing advanced production processes in the market."(1)
Penso logo em cenas como:


E quase choro... ao perceber o quão distantes estão os dois mundos.
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Depois, descubro exemplos de quem consegue fazer a diferença "El cerdo gallego reta al buey de Kobe en Japón":
"Pero, a la carne de guagyu, fundamentalmente entre quienes no tienen la capacidad para pagar los elevados precios de sus filetes entreverados de grasa, le ha salido un competidor en su propio mercado. Y es español. Se trata de la carne debidamente fileteada a estilo japonés e infiltrada de grasa de calidad procedente de un cruce de varias razas de cerdos alimentados con castaña gallega, producida por el grupo cooperativo gallego Coren y comercializada bajo la denominación Selecta. A esa calidad se añade otra razón que explica la competencia, el precio. Frente a los 500 euros o más que se pagan en el mercado japonés por la carne de Kobe, el precio de venta al público de un kilo de carne de estos cerdos gallegos se sitúa en unos 150 euros."
Gente que não acha que tem de ser o estadinho, e os contribuintes, a resolverem-lhes a vida.

BTW, como não recordar o acidente que previmos em "A prova do tempo... tudo por causa de um Pingo Doce". Inovação não rima com preço baixo e distribuição a granel!

(1) Trecho retirado de "The Problem of Production - A new theory of the firm" de Per L. Bylund

Subir na escala de valor

O @nticomuna chamou-me a atenção um artigo acerca dos meus vizinhos de Avanca, a Adico.
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Realmente, o discurso parece retirado daqui do blogue.

Trechos retirados de "Fabricante da “cadeira portuguesa” quer sentá-la perto do luxo":
"A estratégia de Adico tem passado por reduzir o número de referências [Moi ici: Recordar a primeira decisão de Jobs quando regressou à Apple] e por relançar alguns produtos do portfólio, melhorando-os.
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Uma certeza é a de que vão continuar a recusar produzir “marca branca”: “Não abdicamos de utilizar a nossa marca - já tivemos contactos nesse sentido, mas optamos por sacrificar o volume de negócios ao invés de ocultar a nossa marca. Queremos é acrescentar-lhe valor”, sublinha este responsável.
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“Quando todos apostaram nos mercados emergentes, nós apostámos sempre no mercado da primeira linha, [Moi Recordar este postal "Expandir a zona de conforto?"] aquele que pode melhor absorver o nosso produto, que queremos ver posicionado nos segmentos superiores”, explicar o gestor."

Gostava que ele tivesse referido o esforço de aposta no ecossistema e nas propostas de valor.

Um exemplo de miopia na vida real

Ontem de manhã tive a oportunidade de ler "A Refresher on Marketing Myopia" onde recordei as palavras de Levitt:
"The “heart of the article,” according to Deighton, is Levitt’s argument that companies are too focused on producing goods or services and don’t spend enough time understanding what customers want or need.
...
The myopia that Levitt describes is a lack of insight into what a business is doing for its customers. Organizations invest so much time, energy, and money in what they currently do that they’re often blind to the future."
Depois, ao passar os olhos pelos títulos de jornal encontrei ""Pernas robô" ajudam paraplégica a fazer meia maratona em cinco dias". A minha mente recuou logo até Abril passado e ao postal "Isto é Mongo! Código na agricultura mas bottom-bottom: a democratização do código" escrevi:
"Há coisa de 1/2 anos li um artigo em que um técnico de uma empresa sueca líder no seu sector, a Permobil, discorria sobre as inovações que tinham em curso. Pensei o quão limitados e concentrados nas cadeiras de rodas estavam, na altura começava a ver os artigos sobre experiências com exoesqueletos, os artigos sobre drones controlados pelo pensamento, sobre os smartfones para os paralisados, sobre as aplicações para educar, treinar, ensinar, crianças especiais."

Apontar aos segmentos e necessidades underserved

A propósito deste artigo "Formulate a Market Strategy Around Underserved Segments and Needs" farei um segundo postal sobre o seu conteúdo que é muito rico. No entanto, gostaria de, por agora, concentrar-me no título.
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Não faz sentido formular uma estratégia de mercado em torno de segmentos e necessidades overserved?
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Sim, claro que faz. No entanto, essas serão estratégias talhadas para o combate pelo preço, que condenam qualquer empresa à espiral do eficientismo.
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Apontar aos segmentos e necessidades underserved é apostar no campeonato da eficácia, é apostar na subida na escala de valor, é apostar no numerador da equação da produtividade. É, ser alemão!!! Fugir da roleta da desvalorização cambial como ferramenta de competitividade.

segunda-feira, setembro 12, 2016

Curiosidade do dia

"Portugal is committed to doing whatever it takes to avoid requesting a second international bailout, the country's finance minister told CNBC.
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"That's my main job, what we are putting together a commitment on the fiscal front and a reduction in public expenditure in precisely that way," he said.
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"We have a substantial focus on recovering income, especially for families. We are also, of course, directing our policy towards firms, towards investment, we have a very ambitious program that is meant to help firms capitalize, [Moi ici: Eheheh Ganda Pinóquio] we are doing lots of effort in terms of stabilizing our financial sector which is crucial for investment and economy to grow."

Trechos retirados de "Portugal: We'll do all we can to avoid a second bailout"

Propostas de valor, ecossistemas e pivôs

Sempre que leio sobre ecossistemas vem-me logo à memória um projecto em que estive envolvido em 2004 e em que empiricamente usamos e desenvolvemos conceitos que 10 anos depois continuam a ser objecto de reflexão científica.
"we now consider value propositions from a service ecosystem perspective. Essentially, we argue that a discussion of value propositions should move beyond consideration of an enterprise’s relationships with customers and other proximate stakeholders to consider their role within a service ecosystem. ... ‘an ecosystem differs from a stakeholder system in that it includes entities not generally viewed as stakeholder groups, such as ‘‘anti-clients’’, criminals (part of a police force ecosystem), activist groups . . . and competitors’.
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in an ecosystem, actors co-create and share value. However, not all actors will be treated equally. Mars et al. (2012) refer to key players on which an ecosystem depends, as without their essential resources other actors would not be able to operate. Some actors will be in a position to negotiate a more favourable value exchange than others, and thus the focus of a business strategy is balancing the value co-created and extracted from each group so that overall benefit can be sustained.[Moi ici: Como não recordar "Não é armadilhar, é criar harmonia, é construir uma sinfonia..." ou a série "A escolha dos pivôs"]
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the well-being of this ecosystem depends on value propositions that support this web of relationships.
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While value co-creation is most obvious and common with customers, the earlier discussion emphasises that the concept of value co-creation applies to all actors within the ecosystem. The role of the value proposition within an ecosystem moves from the proposal of a resource offering between actors to shaping of resource integration between actors within the system. An actor seeks to fill resource gaps, responding to value propositions that offer valuable resources. As such, the value proposition plays an important role in determining which actors interact within the ecosystem and how resources are shared between them. The value proposition describes the potential benefits of resource sharing and therefore facilitates the resource integration process. The resource offering of each actor has implications for the offerings of other actors. For example,  changes in a value proposition offered by one supplier has implications for the resources an enterprise will seek from another supplier and on the overall offering an enterprise makes to its customers. Accordingly, value propositions serve to shape resource integration within the entire service ecosystem."
Trechos retirados de "Value propositions: A service ecosystems perspective" publicado por Marketing Theory em Maio de 2014.

E quantas PME segmentam o seu mercado?

"product positioning is telling (targeting) specific customers (segments) what job you want them to hire the product for. Remember, if you do not position your product they will do it themselves or if they don’t your competitors will do it for you.[Moi ici: O primeiro exemplo que me veio à cabeça foi o da Comur. O potencial de lucro perdido deve ser ... triste]
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So it decided to target a segment that has budget to pay (business customers) and telling them what specific job it wants them to hire an iPad Pro for.
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Marketing is nothing more than Segmentation,[Moi ici: E quantas PME segmentam o seu mercado? Quantas continuam a tratar tudo como granel? Quantos empresários continuam a praticar o marxianismo entranhado sem o saberem?] Targeting and Positioning."
Trechos retirados de "Product Positioning Comes to iPad Pro"

Para manter bem à vista

Imagem retirada de "20 cognitive biases that screw up your decisions"

Para pessoas e para empresas

"In business, differentiation is the path to success: standing out from the competition, through your position or capabilities or sheer force of will, enough to carve a future for yourself. You will be called upon, throughout your career, to establish a distinct identity for your company. The more capable your future employer (whether a business or a not-for-profit) is at doing things other companies can’t copy — for example, creating powerful products, meeting customer expectations, or cornering the market in a particular sector — the more likely you will find success. You will also, if you are sharp enough, be able to use similar techniques to establish a distinct identity for yourself."

Trecho retirado de "In the Country of the MBAs"

domingo, setembro 11, 2016

Curiosidade do dia

"O passado só existe quando deixa saudade e o futuro é sempre qualquer coisa que vendedores de banha da cobra como os políticos nos querem impingir. Por cá não há responsabilidade colectiva pelo passado nem vontade colectiva para o futuro. Metade (ou mais) dos portugueses ainda acredita que a Troika e os cortes na Função Pública se resumiram a um capricho do Governo Sócrates ou a um devaneio de Passos Coelho e seus pares. A Suécia fez há anos uma política de reformas e de poupança apoiada pelos principais partidos, a Lituânia sofreu o duríssimo abalo de cortes salariais e de despedimentos no Estado, a Irlanda seguiu um caminho idêntico num admirável espírito de união e todos estes países foram capazes de assumir colectivamente o seu destino. Para muitos de nós, encarar a realidade e aprender com ela é um exercício improvável – ainda ontem José Pacheco Pereira escrevia no PÚBLICO que a necessidade do ajustamento era uma invenção de “argumentos conservadores, [Moi ici: Impressionante] destinados a impor às democracias uma noção da história que não depende da vontade e da escolha humana no presente”."

Trecho retirado de "Portugal não é a Irlanda"

Revisão do sistema (ISO 9001)

Na próxima Terça-feira vou ter a primeira reunião de preparação da revisão do sistema de gestão da qualidade de uma empresa que apoiei na implementação do sistema em 2013 e, que já este ano apoiei na transição para a versão de 2015 da ISO 9001.
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Quando se olha para o conteúdo da cláusula 9.3 da ISO 9001:2015, ao ver aquela prescrição toda, receio que muitas empresas adoptem um modo de afunilamento no que a norma diz e comecem por aí. Por isso, preparei e enviei esta apresentação, esperando que os primeiros 6 slides convidem a empresa a alargar o mais possível a perspectiva antes do inevitável afunilamento.



Dar a volta

A vida de uma empresa é, de certa forma, uma espécie de jogo, não um jogo de equilíbrio mas um jogo de turbulência.
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Quem quer manter o equilíbrio acaba por cristalizar e não acompanhar a evolução, às vezes vertiginosa, do contexto. Os outsiders, acham que quando uma empresa encerra há marosca, que a gestão foi má ou que houve ilegalidade, ou que ...
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A verdade é que a maior parte das empresas não dura 20 anos. A anos bons sucedem-se anos maus, porque a uma velocidade superior à velocidade a que uma empresa se consegue transformar:
  • os clientes mudaram;
  • o governo mudou as regras do mercado;
  • os concorrentes mudaram;
  • os não-concorrentes mudaram.
E ainda, além de tudo isto, ás vezes também se tomam decisões arriscadas, não são boas nem más, porque tudo depende do desenrolar do futuro. Quando o futuro chega, muitas empresas têm de mudar. Quando uma empresa percebe que tem de mudar, que tem de se transformar radicalmente para tentar voltar a jogar usando outra vida, muitos "outsiders" tentam dificultar-lhe a vida porque vão despedir pessoas, porque vão fechar instalações, porque vão deixar de vender produtos ou serviços com que perdiam dinheiro. Trata-se de um tema já abordado nesta série "despedir é sempre resultado de uma maldade ou de preguiça da gestão" e aflorado nesta reflexão sobre a disrupção em curso no sector bancário.
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Por tudo isto, faz sentido pensar em:
"When a company is in free fall, it makes sense to replace the management team, for all sorts of reasons. [Moi ici: A razão porque Zapatero e Sócrates não deviam ter chefiado os respectivos segundos governos] First, you need to inject new energy into a tired organization under stress. Second, you need to ensure that the team you’re building is made up of people with open minds who want to invent the future, not just defend the past. It’s unreasonable to expect the architects of the strategies and practices that led to your downfall to see the error of their ways, or the right path forward. Instead, you need to find leaders and employees with a rebellious spirit. Third, you need to locate key employees at the front line and promote them — as a source of knowledge and energy, and as a signal that the future will be about merit and open-mindedness. Finally, you need to make change happen relatively quickly. If you replace your team gradually (which can be tempting because it seems less disruptive), you’ll lose valuable time, and the employees you bring in will begin to absorb the organizational biases of the past.
...
Reversing free fall takes enormous energy and resources. Leaders who succeed at the job usually do so by combing through the company in search of noncore assets to shed, businesses to sell, activities to stop, functions to eliminate, and product lines to simplify,[Moi ici: Coisas que os outsiders consideram manobras de "direitolas"]
...
Companies in free fall have a lot to fix but seldom have all of the tools they need. They usually find that they are missing at least one capability crucial for adapting their business model to new conditions. Nearly all of the 50 cases of successful reversal of free fall that we have studied required at least one major new capability. It’s extremely hard to focus on new capabilities when you’re in free fall, but if you don’t, everything else you try to do may be for naught."

Trechos retirados de "How to Pull Your Company Out of a Tailspin"

Ilustração da narrativa de Mongo (Parte VI)

Parte I, parte II, parte IIIparte IV e parte V.
"Maintaining an obsession with the front line—where the company meets the customer—is fundamental to achieving sustainable growth. But as companies get bigger, they have a harder and harder time staying close to their customers and maintaining the sharp, ground-level instincts of a younger company."

Trecho retirado de "Maintaining Your Focus on the Front Lines as Your Company Grows"

sábado, setembro 10, 2016

Curiosidade do dia

Ao rever a introdução do livro "The problem of production : a new theory of the firm" de Per L. Bylund" encontro esta frase:
"The market’s reallocation of resources to satisfy changes in demand happens ‘spontaneously’ in the sense that it needs no explicit coordination of the process. A decentralised market dealing with standardised intermediate goods is fully equipped to respond to changes as it is in each producer’s interest to maximise the profitability of their situation, and this is always in line with satisfying market demand. The price mechanism, therefore, is sufficient for the market to maximise wants satisfaction of consumers."
Como não pensar logo na loucura que é o sector do leite ou dos cereais, onde todos os sinais da oferta e da procura são mascarados por ruído causado pelo activismo político dos governos, das oposições e de Bruxelas.

Típico de viver na zona Centro-Norte

Típico de viver na zona Centro-Norte.
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Encontrar na caixa do correio:


A transição do funcionalismo para o empreendedorismo não é para qualquer um

O @fassistapt no Twitter chamou-me a atenção para este artigo "Agricultura da região só é viável com subsídios".
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Mais um exemplo da mentalidade que um dia, tenho esperança, há-de ser erradicada deste país.
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O que mais me arrepiou foi perceber que a afirmação foi proferida por uma pessoa com 39 anos...
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O Mirante é um jornal da zona de Vila Franca de Xira, os agricultores contactados são do Cartaxo, da Golegã, de Constância... nunca me esqueço. Há anos estava a trabalhar com uma empresa de Almeirim no Inverno. Ao final do dia, já de noite, levaram-me a Santarém para apanhar o Intercidades. Por causa de obras, o acesso à estação tinha de ser feito via centro da cidade de Santarém. Foi então que descobri a quantidade de igrejas e capelas na cidade. Dias depois, ao voltar a Almeirim dei comigo a pensar que aquela região tinha de ser muito fértil para poder ter alimentado uma estrutura clerical tão grande. Portanto, agricultores de uma das zonas mais férteis do país em termos agrícolas acham que a sua actividade só pode subsistir se tiverem apoios e subsídios.
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Grande retrato! Podem ser agricultores mas não são empresários.
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Podem ser adultos mas continuam a comportar-se como crianças e sem problemas por dependerem do papá-Estado.
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A frase que se segue quase que só por si merecia um postal. Alguém, vestido de palhaço, que trabalha como palhaço, não gosta que lhe chamem palhaço!
""É impossível", afirma Hélder Pereira. O agricultor de 39 anos da Golegã faz cultura de milho e cereais e sublinha que sem subsídios os agricultores não conseguem manter a actividade: "as pessoas têm a ideia errada de que os agricultores são subsídio-dependentes e apesar de não concordar com isso, no fim das contas feitas, com todos os gastos, o subsídio é o nosso lucro e aquilo com que conseguimos viver e nos governar", aponta."
A propósito do milho, eis a evolução do preço nos mercados internacionais:
Agora, o que pensa o agricultor-funcionário público encapotado:
"Hélder aponta a volatilidade dos preços das campanhas como o milho e do tomate como um dos problemas que enfrenta anualmente, defendendo que estes deveriam ser fixos antes se começar com a sua apanha: "falam-se em 165 euros por tonelada para o milho para este ano, o que é muito pouco, mas ainda não sabemos de nada.
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O agricultor aponta ainda a falta de competitividade dos preços nacionais com os estrangeiros como um dos problemas que o sector enfrenta, "o governo não sabe criar um modelo que faça com que todos fiquem satisfeitos e sem o coração na boca e enquanto isto não for mudado andamos nesta situação, há subsídios e os resultados nunca são os desejados, quer pelos agricultores que pela população que cria uma imagem negativa desta actividade", reforça."
Caro @fassistapt, se voltar a encontrar textos deste calibre... por favor, não mos encaminhe. Fico doente com esta mentalidade!
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Esta mentalidade é, de certa forma, a versão agrícola do pensamento da tríade, do pensamento que acredita que a única forma de aumentar a produtividade é reduzir o denominador. Voltemos ao texto deste postal "Augusto Mateus bem!", está lá tudo:
"a dificuldade que existe em Portugal de compreender a crise de produtividade. É que não é uma crise de esforço ou de falta de vontade de trabalhar, nem sequer é uma crise só de eficiência. [Moi ici: Não acredito que o Hélder seja preguiçoso. Pelo contrário, o Hélder deve ser muito trabalhador] É uma crise da própria qualidade dos factores produtivos, como o laboral, e um problema de alocação de recursos. Temos recursos a mais em actividades que não crescem."
O que o Hélder devia perceber, mas os políticos da oposição e da situação não o deixam ou não ajudam, porque fazem dele um coitadinho dependente de ajudas, é o que há anos defendemos aqui no blogue. Agora, o mundo da agricultura portuguesa já não acaba na fronteira com Espanha. Agora o mundo da agricultura portuguesa é o mundo, literalmente. Nunca seremos competitivos a produzir aquilo que outros, com outra dimensão e clima podem produzir mais fácil e economicamente. A alternativa? Mudar de culturas e produzir aquilo em que podemos fazer a diferença e ganhar mais! Recordar "Pensamento estratégico" de Abril de 2008 e "Um monumento - Um símbolo - Um exemplo " de Março de 2011
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Só nesta semana, por várias vezes recorri à palavra identidade associada ao desafio da produtividade:

O que o Hélder e o seu colega precisava de ler era uma estória já com uns anos de um agricultor canadiano. Vou procurá-la.
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Custou mas ela aqui está:
"Instead of growing crops and then finding a buyer, Mr. Menzies said the farm had to start looking for customers first. The typical farm model is “backward to everything I ever did in the engineering and technology side,” he said in an interview. “We looked for a need and we filled it. And where we found that need was from the world.”

Durante a pesquisa encontrei mais alguns postais relevantes:

Claro que fazer esta transição do funcionalismo para o empreendedorismo não é para qualquer um

Práticas fascizantes

Ontem, lia "The Ecosystem of Shared Value" e, certamente influenciado por "Mambo jambo de consultor ou faz algum sentido?", comecei a associar o texto, por exemplo este trecho:
"In the past, companies rarely perceived themselves as agents of social change."
Com uma possibilidade: poderão as empresas, pensando que sabem melhor do que eu o que é melhor para mim, enveredar por práticas fascizantes e quererem impor-me conceitos, valores, referenciais e comportamentos?
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Entretanto, via Twitter chamaram-me a atenção para este artigo, "Airbnb tackles racial discrimination by hosts" e, também no Twitter, cheguei a "Mark Zuckerberg accused of abusing power after Facebook deletes 'napalm girl' post".
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Interessante! Enquanto falamos da oferta das empresas e pensamos no negócio estamos a evoluir para " Um ponto de vista diferente" acerca de como encarar a relação das empresas com os clientes e, em vez de pensar na oferta que temos de lhes impingir, "pensar nos resultados que eles pretendem atingir". E, ao mesmo tempo, também, estamos a evoluir para práticas fascizantes em nome de um suposto consenso acerca do que é correcto, bom ou belo.
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Há que ter cuidado com estas coisas.

sexta-feira, setembro 09, 2016

Curiosidade do dia

"Podem agora tentar disfarçar, argumentando que as negociações para o OE ainda vão no adro, mas já todos percebemos que há mais carga fiscal pronta a sair. E em nome de quê? Da famosa devolução de rendimentos que sustenta a geringonça de esquerda. Tira-se à classe média para dar aos funcionários públicos. Retira-se a sobretaxa mas reajustam-se os escalões em nome de uma “progressividade” que porá a pagar mais os que já pagam muito. Não nos venham dizer que não há aumentos de impostos. Há e será “brutal” se for aplicado aos que já não ganham muito e vão passar a ganhar menos.
...
E o que diz a esquerda sobre tudo isto? Pede mais. Mais aumentos nas pensões, mais salário mínimo, mais devoluções de rendimentos. Para BE e PCP o poço não tem fundo. A esquerda está apenas e só preocupada com a sua agenda. São cúmplices e silenciosos. Agora já não condenam aumentos de impostos, já os aumentaram no anterior Orçamento e vão voltar a fazê-lo.
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Quem acreditou no “mundo perfeito” da geringonça talvez comece a perceber que de facto não há mesmo almoços grátis."
Trechos retirados de "Alguém acredita em almoços grátis?"