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quinta-feira, fevereiro 08, 2024

Têm de aprender a programar

Recordo de há dias: Imagino se isto fosse dito pelo Passos, ou pelo Trump...

Recordo de Novembro de 2021: Coerência e ambiente (parte II) em especial

"Há muito que penso que os políticos começaram a falar cada vez mais do ambiente porque era algo que não lhes vinha cobrar. ... Os políticos podiam falar do ambiente à boca cheia sem recear que ainda durante a mesma legislatura alguém lhes viesse pedir contas.

Julgo que a situação pode vir a alterar-se."

No FT de hoje em "Port Talbot closure raises questions over heralded green jobs transition":

"Thousands of workers in Port Talbot will lose their jobs next month as Britain's biggest steelworks goes green - raising questions about the consequences for the labour market from the net zero transition.

Rishi Sunak promised in September that a taxpayer subsidy of €500mn for Tata Steel would "safeguard thousands of jobs" at the totemic site in south Wales. But the prime minister's pledge now rings hollow for the 2,800 employees left on the scrapheap by the Indian-owned conglomerate's decision to close the last two blast furnaces at the Port Talbot site.

Politicians from both main parties have hailed the green transition as a latter-day employment gold rush. Boris Johnson said, when prime minister, the switch to net zero would be the biggest job creator since the industrial revolution: "Everywhere you look, in every part of our United Kingdom, there will be jobs," he promised.

...

For academics, the issue is more nuanced. The clean energy transition should not, overall, be a "destroyer of jobs", according to Anna Valero, a fellow at the London School of Economics' Centre for Economic Performance.

In contrast with previous periods of rapid industrial change, including the collapse of coal mining that has left bitter memories in the Welsh valleys near Port Talbot, the shift is more likely to alter existing roles than wipe out entire industries.

Job losses will be localised, while new vacancies - retrofitting buildings, for example - are likely to be widely dispersed with higher-paid roles clustered near the capital, according to analysts. Carl Sizer, head of regions for consultancy PwC in the UK, warned the creation of new green roles brought with it a risk of regional inequality. Those advertised last year were concentrated in and around London

...

Yet, economists have said that rather than replacing the jobs lost with equivalent roles in "green" manufacturing, the goal should be to ensure people can find good jobs reasonably close to home. "No one knows what a green job is ... People just want work. They want to know how are they going to earn a decent wage," Kakkad said."

De acordo com o "Brandon":

"According to Dave Weigel of the Washington Post, Biden said, "Anybody who can go down 3,000 feet in a mine can sure as hell learn to program as well... Anybody who can throw coal into a furnace can learn how to program, for God's sake!""

sexta-feira, janeiro 12, 2024

Como ainda não morremos, voltamos ao bilhar

"This long run is a misleading guide to current affairs. In the long run we are all dead. Economists set themselves too easy, too useless a task if in tempestuous seasons they can only tell us that when the storm is long past the sea is flat again"

John Maynard Keynes

Não sei porque é que as pessoas se queixam da inflação elevada e das suas consequências? Será porque algures o longo prazo torna-se presente e afinal ainda não morremos?

A vida para além do défice existiu e passou por chamar a troika.

"No very deep knowledge of economics is usually needed for grasping the immediate effects of a measure; but the task of economics is to foretell the remoter effects, and so to allow us to avoid such acts as attempt to remedy a present ill by sowing the seeds of a much greater ill for the future".

Ludwig von Mises

quinta-feira, janeiro 11, 2024

Acerca dos jogadores amadores de bilhar

""In the sphere of economics, a habit, an institution, or a law engenders not just one effect but a series of effects. Of these effects only the first is immediate; it is revealed simultaneously with its cause; it is seen.

The others merely occur successively; they are not seen; we are lucky if we foresee them.

The entire difference between a bad and a good Economist is apparent here. A bad one relies on the visible effect, while the good one takes account of both the effect one can see and of those one must foresee."

The bad economist, says Bastiat, pursues a small current benefit that is followed by a large disadvantage in the future, while the good economist pursues a large benefit in the future at the risk of suffering a small disadvantage in the near term."

Há milhares de anos escrevo aqui no blogue sobre os jogadores amadores de bilhar ... 


Trecho retirado de "What is Seen and What is Not Seen" de Frédéric Bastiat.

quinta-feira, setembro 07, 2023

Vamos ver qual é o passo seguinte

Recordo muitas vezes uma série de documentários semanais que passaram na RTP nos anos oitenta e que divulgavam o conteúdo do livro "A Terceira Vaga" de Heidi e Alvin Toffler.



Por exemplo, foi nesse livro que li pela primeira vez a referência à "cottage industry" (aquilo a que chamamos hoje de teletrabalho). Dos documentários recordo um episódio em que os autores, de certa forma, "gozavam" com as instituições que herdámos do século XX e que não acompanham o ritmo da vida no século XXI. Por que o trago aqui? 

"Em contraste, houve um conjunto de profissões nas quais o decréscimo das ofertas de emprego superou a fasquia dos 90% trabalhadores manuais de artigos têxteis, couro e materiais similares, trabalhadores de vidro de ótica, salineiros, fogueteiros, revestidores manuais e escolhedores, trabalhadores qualificados da floresta e similares, técnicos e assistentes de veterinários, operadores de máquinas para o fabrico de produtos têxteis, de pele com pelo e couro.
O setor do couro, vestuário e têxtil tem sido dos mais afetados pelo desemprego, o que é explicado pela quebra das encomendas motivada pela conjuntura internacional."

Ontem, no mesmo ECO li "Novo contrato coletivo no setor do calçado aumenta salários em 4,2%".

Acrescento os dados sobre o crescimento homólogo do desemprego em Julho, publicados pelo IEFP, e que referem um crescimento superior a 15% no sector "Indústria do couro e dos produtos do couro".

Num momento de retracção da procura, de encerramento de empresas, aumenta-se o salário. Se é para desbastar o sector e matar as empresas menos produtivas, é uma opção política. Se é para depois aplicar a ajuda do Chapeleiro Louco... mal!!!

Recordar Acham isto normal? Ou a inconsistência estratégica! Ou jogar bilhador como um amador!

segunda-feira, junho 19, 2023

O mundo não é mesmo linear

No WSJ do passado dia 14 encontrei uma estória interessante, "Sesame Allergy Sufferers Wanted Warning Labels. They Got More Sesame.":

"Congress passed legislation intended to make life better for people allergic to sesame seeds. Instead, it made things worse. The bill, passed with overwhelming bipartisan support and signed into law by President Biden in 2021, requires manufacturers to label sesame on their products starting this year.

In response, some companies began adding sesame to products that hadn't included it in the past-saying it was safer to add sesame and label it, rather than certify they had eliminated all traces of it.

People with sesame allergies say the result is fewer sesame-free food options, as well as new and unexpected risks in foods they used to eat without worry."

O mundo não é linear.

O inferno está cheio de boas-intenções.

Unintended consequences

terça-feira, novembro 23, 2021

Coerência e ambiente (parte III)

Parte I e parte II.

Na parte I escrevi:

"Outra incoerência é a de muitas empresas com grandes tiradas sobre o ambiente, mas que não vêem o quanto essas tiradas minam o modelo de negócio em que assentam. Recordo do Verão de 2019 a conversa da Inditex... Como é que o fast-fashion pode ser amigo do ambiente?

Curiosidade do dia

Are you prepared to walk the talk?"

Conjugar com "Why Fast Fashion Has to Slow Down":

"Speed was a big part of the revolution, but so too was low cost and expendability. As quickly as fashionistas acquired new looks fed in part by Zara's production of a new collection every week, or 20,000 new designs each year they were also tossing out the old. Why launder clothes when they're so cheap to replace? On average, fast fashion customers discarded inexpensive dresses, shirts, and pants after wearing them as few as seven times. A limited shelf life was part of the allure.

...

The Take, Make, and Waste of Fast Fashion

Not surprisingly, the fast fashion model takes a heavy toll on the planet and its people. The textile industry is responsible for 20% of all industrial water pollution and 10% of carbon emissions. Extracting the needed resources comes at tremendous cost.

...

Zara appears to have recognized the downside of fast fashion and is trying to jump on the sustainability bandwagon: In 2019, it announced that by 2025, 100% of its fabrics would be organic, sustainable, or recycled.

While admirable, this won’t fix the problem. Even if Zara’s textiles are made from “sustainable” sources, the company is catering to an insatiable market searching for the newest trends. The sources of supply aren’t the problem. It’s the waste created in the constant extraction, manufacture, and disposal of materials that are suffocating the planet."

quinta-feira, novembro 11, 2021

Coerência e ambiente (parte II)

Em Maio passado em "Coerência e ambiente" recordei a Inditex e a sua conversa sobre o ambiente com base em postais do Verão de 2019.

Há muito que penso que os políticos começaram a falar cada vez mais do ambiente porque era algo que não lhes vinha cobrar. Por exemplo, um político pode propor políticas para reduzir défice, para reduzir filas de espera na Saúde, para aumentar salários, ... e todas essas políticas têm o inconveniente de, mais tarde ou mais cedo, virem cobrar através da comparação entre os resultados propostos versus os resultados obtidos. Já com o ambiente era diferente. Os políticos podiam falar do ambiente à boca cheia sem recear que ainda durante a mesma legislatura alguém lhes viesse pedir contas.

Julgo que a situação pode vir a alterar-se.

Num dos textos que escrevi em 2019 brincava com o oxímoro de uma Inditex, rainha do fast-fashion, querer ter uma aura de amiga e preocupada com o ambiente. 

Se lerem isto:

Agora imaginem um político português encher a boca com o ambiente. Depois, lembrem-se deste trecho:
"Em 2020, 50% das vendas de moda e vestuário na Europa foram feitas com desconto de preço e a indústria têxtil portuguesa surge como um dos suportes destas campanhas agressivas, uma vez que pratica os preços mais baixos do continente, segundo um estudo da Fashion Value intitulado ‘Pricing Report’. Do outro lado da tabela está a Itália."

Quais as implicações de atacar de frente o fast-fashion sem dizer a verdade das consequências desse ataque nos postos de trabalho de tanto têxtil português? Os políticos falam e ninguém lhes pede contas, talvez ninguém os oiça. Há dias, numa missa, ouvi o padre atacar o consumismo... então, comecei a pensar em quantas das pessoas ali presentes a assistir, tinham uma vida dependente do consumismo:

  • quem desenha os artigos;
  • quem produz os artigos;
  • quem publicita os artigos;
  • quem transporta os artigos;
  • quem vende os artigos;
  • quem compra os artigos;
  • quem usa os artigos. 
Vivemos num mundo carregado de gente em lugares de decisão e poder que joga bilhar amador, só pratica first-order thinking.


domingo, agosto 30, 2020

Portugal é isto...


"Há quem invoque que a subida do SMN seria um bom contributo para o aumento do PIB, pois promoveria o consumo. No entanto, está por provar que o aumento dos rendimentos mais baixos (com a mais elevada propensão marginal ao consumo) se consubstancia em consumo de valor acrescentado nacional e não em bens importados. Ora, admitindo que os mais carenciados escolhem com base em preço e sabendo que a maioria do consumo marginal destes agregados se dirige à alimentação e bebidas, uma vez que somos deficitários neste sector da balança comercial, então o aumento do SMN poderia não ser assim tão relevante neste aspeto."
Trecho retirado de "O salário ínfimo" de João Duque e publicado no Expresso Economia de ontem.

Imaginem um par de sapatos que sai da fábrica a 3€, quantos milhares de sapatos terão de ser produzidos, com que produtividade, para poder suportar os trabalhadores de uma empresa de calçado a operar em Portugal?

Imaginem um par de sapatos que sai da fábrica a 30€, quantos milhares de sapatos terão de ser produzidos, com que produtividade, para poder suportar os trabalhadores de uma empresa de calçado a operar em Portugal?

Em 2019 as empresas portuguesas de calçado e afins exportaram cerca de 1846 milhões de euros a um preço médio de 26 USD o par. Em 2019 Portugal importou 863 milhões de euros em calçado a um preço médio de 11 USD o par.

Em 2019 as empresas portuguesas de mobiliário e afins exportaram cerca de 2004 milhões de euros. Em 2019 Portugal importou 1217 milhões de euros em mobiliário.

As empresas portuguesas nos sectores exportadores são PMEs, para pagar salários a portugueses têm de trabalhar para o segmento médio-alto. Uma empresa exportadora que trabalhe para o segmento mais baixo não consegue massa crítica para pagar os salários. Já aqui escrevi, sobretudo depois de tiradas de Paulo Portas e de João Duque, que é irrealista e simplório pensar que se podem substitir importações havendo know-how e capacidade produtiva em Portugal. Nós exportamos produtos "caros", e importamos produtos baratos para serem consumidos pelos trabalhadores que fabricam os produtos "caros", mas não têm poder de compra ou interesse em gastar uma certa quantidade do seu orçamento em produtos "caros".  Desviar capacidade produtiva para produzir artigos baratos, para que não sejam importados... é estupidez que tem larga aceitação entre políticos e académicos. Gente sem skin in the game.

Ainda há tempos escrevi sobre a estupidez das conservas: "Como se pode ser tão burro e cometer sempre os mesmos erros???" ao qual acrescento: "Não é ciência de foguetões, mas eu sou um anónimo de província".

Portugal é isto, é este pensamento, é esta ligeireza, de gente que "ideia", mas não pensa. De gente que emite opinião, mas "“Nós não estudamos até ao fim todas as consequências das medidas que sugerimos” (III)". Portugal é este paraíso de jogadores de bilhar amador de crentes na economia como ciência newtoniana. Portugal é esta falta de escrutínio, é esta falta de consequências para quem emite opinião e falha redondamente. Portugal é este paraíso para os Joãos Cravinhos deste mundo, onde prometem um resultado, ocorre o oposto e ninguém os compele a retratarem-se: No passa nada!

Talvez por isso, tenhamos a carga fiscal que temos e se façam capas de jornal com a deplorável qualidade das estradas ou com os inúmeros calotes do estado/governo aos seus fornecedores.

Portugal é esta ligeireza inconsequente para os emissores de opinião, um país pouco recomendável.





sexta-feira, agosto 07, 2020

Como se pode ser tão burro e cometer sempre os mesmos erros???


Os gregos antigos diziam que ter memória era um castigo dos deuses.

Por vezes, deparo-me com situações tão parvas que não percebo como ninguém, a começar pelos so-called jornalistas, aponta o dedo e revela o como o rei vai nú.

Lembram-se do leite e do karma?

A APROLEP desenvolveu uma campanha para reduzir as importações de leite, esquecendo que Portugal exportava mais leite do que aquele que importava. E mais, exportava leite a um preço mais alto do que o praticado em Portugal. Na base dessa campanha estava a identificação clara do país de origem do leite nas embalagens. A campanha teve sucesso e... as exportações de leite cairam porque os consumidores nos países importadores deixaram de escolher leite português.

São os famosos jogadores de bilhar amador que só pensam na próxima jogada e esquecem as suas consequências.

Hoje, encontro outro terrorista. No Jornal Económico de hoje aparece o artigo "Conservas querem substituir 200 milhões de importações".

Como começa o artigo?
"O setor nacional das indústrias de conserva de pescado valeu no ano passado cerca de 323 milhões de euros, dos quais cerca de 70%, 226 milhões de euros, respeitaram a exportações, num total de 43 mil toneladas. “No último ano, as exportações tanto em quantidade, como em valor, diminuíram cerca de 5%,"
O que faz a Associação Nacional dos Industriais de Conservas de Peixe? Em vez de se concentrar no aumento das exportações, resolve concentrar os seus escassos recursos no ataque às importações. Como se pode ser tão burro e cometer sempre os mesmos erros???
"No entender deste responsável, “para a indústria nacional será muito fácil substituir as importações, uma vez que não é um problema de capacidade produtiva, mas sim de estratégia comercial, dos canais de distribuição”.
Se cada português, nas suas compras, substituir dez latas de conservas importadas por dez conservas nacionais por ano, a economia portuguesa tem um incremento de 60 milhões de euros, criando inúmeros postos de trabalho.""
Porque não olham para os números? Os portugueses importam produtos baratos e exportam os produtos mais caros. Olhando para os dados de 2016, o kg de conserva importada era cerca de 73% do kg de conserva exportada.

Esta associação em vez de ajudar os seus associados a subir na escala de valor, está a querer que se enterrem com descontos para ganhar quota de mercado interno. PORRA!!!
Quando é que esta gente percebe que volume e quota de mercado não é o objectivo. O objectivo é o lucro!

quinta-feira, março 12, 2020

Second-order thinking...


Na última semana recordei duas frases da autoria do Aranha:

  • "Não me venha com os seus factos que eu tenho os meus argumentos!"
  • "Quando o empresário português tem um problema, saca da carteira e compra uma máquina!"
Na mesma última semana várias conversas acabaram por aflorar dois temas clássicos no blogue:
Há um ditado que volta e meia Nassim Taleb usa:
  • Good fences make good neighbours
Hoje em dia, quando vejo imagens de gente que quer deitar para o caixote do lixo da História a existência de fronteiras penso sempre nos jogadores amadores de bilhar e no tal ditado.

Há dias, enquanto conduzia ouvi "Chesterton’s Fence: A Lesson in Second Order Thinking". Recomendo vivamente a leitura:
"When we seek to intervene in any system created by someone, it’s not enough to view their decisions and choices simply as the consequences of first-order thinking because we can inadvertently create serious problems. Before changing anything, we should wonder whether they were using second-order thinking. Their reasons for making certain choices might be more complex than they seem at first. It’s best to assume they knew things we don’t or had experience we can’t fathom, so we don’t go for quick fixes and end up making things worse."
Este trecho que se segue fez-me recordar "Most thinking stops at stage one":
"Second-order thinking is the practice of not just considering the consequences of our decisions but also the consequences of those consequences. Everyone can manage first-order thinking, which is just considering the immediate anticipated result of an action. It’s simple and quick, usually requiring little effort. By comparison, second-order thinking is more complex and time-consuming. The fact that it is difficult and unusual is what makes the ability to do it such a powerful advantage." 
Na última Terça-feira vimos as imagens do primeiro-ministro holandês fazer um discurso sobre novos comportamentos e, depois, o seu lado "fast" actuou e instintivamente fez o contrário do que tinha acabado de pregar. Pena que a cena dos amadores a jogar bilhar seja tão comum quando se toma a decisão de comprar uma máquina e, não se considera se ela viola as orientações estratégicas à la Terry Hill.

quinta-feira, setembro 19, 2019

"The Great Sparrow Campaign" - gente perigosa (parte II) ou Heterogeneidade dos mercados (parte III)

Esta manhã ao ler um artigo delicioso, aborda o tema da estratégia sobre uma perspectiva psicológica que nunca tinha lido, a certa altura escrevi na borda do texto digital: (cromos, galeria, Zapatero, cemitérios).

Agora acrescento "realidade aumentada" segundo esta abordagem em "Para assentar ideias". Neste texto escrevo que, tal como no artigo que ando a ler, a realidade existe, mas nós não somos capazes de ver a realidade, nós só somos capazes de ver aquilo que a nossa experiência nos preparou para ver. Por isso, quando o mundo muda, é fundamental ter gente sem mapas cognitivos castrados em posições de poder, para não estarem demasiado prisioneiros do passado. Por isso, escrevi que o melhor era Zapatero sair. Por isso, coleccionei a galeria de cromos, gente formatada numa época e incapaz de partir o molde onde foi educada. Como não recordar Napoleão:
Por isso, apontei "cemitérios" por causa de uma frase de Max Planck: "Uma nova verdade científica não triunfa convencendo seus oponentes e fazendo-os ver a luz, mas porque seus oponentes finalmente morrem e uma nova geração  que está familiarizada com ela cresce".

Em Portugal, com as mesmas caras há décadas nos cargos de poder parece que continuamos sempre a combater os desafios de hoje com a mentalidade que formatou essa mesma gente no tempo em que não havia nem internet, nem União Europeia.

Em ""The Great Sparrow Campaign" - gente perigosa" escrevi mais uma vez sobre os jogadores amadores de bilhar, um tipo de gente muito perigoso. Gente que Reich apelidaría de Zé-Ninguém, só capaz de ter um horizonte temporal entre o que almoçou e o que vai jantar.

Em Março e Dezembro de 2016 escrevia aqui que havia uns aprendizes de feiticeiro à frente da APROLEP. essa gente queria acabar com as importações de leite, esquecendo que Portugal exportava mais leite do que aquele que importava. Claro, em 2018 a brincadeira rebentou-lhes na mão, a medida que defendiam em 2016 para impedir as importações de leite, arrasou as importações de leite em Espanha, leite que era exportado por ... Portugal.

Esta semana li um texto que me fez lembrar os aprendizes de feiticeiro à frente da APROLEP, desta feita acerca das importações de carne... here we go again, "Defender a Agricultura, defender Portugal":
"A agricultura é a arte de produzir alimentos para a sociedade, [Moi ici: Estou farto de escrever aqui no blogue que a função do agricultor não é alimentar a sociedade, a função do agricultor é ganhar dinheiro através da prática da agricultura. A sociedade não quer saber dos agricultores, quer produtos agrícolas baratos nem que venham da Ucrânia. Por isso, o agricultor não deve ser trouxa e deve trabalhar para quem valoriza o fruto da sua actividade. Adiante] ocupando o território e fixando pessoas, que, através da sua actividade agrícola, mantêm os territórios limpos e ordenados, contribuindo para a manutenção da fauna e flora autóctones. [Moi ici: Sim, a começar pelos eucaliptos, não é?]
...
Portugal é deficitário em carne, e nesse sentido deve apostar em equilibrar a sua balança comercial através do aumento da sua produção nacional.[Moi ici: Cuidado com a estratégia cancerosa, que destrói a joalharia]
...
É com este tipo de medidas que iremos conseguir reduzir a nossa pegada carbónica, ao contrário do que nos tentam vender dizendo que a carne importada até é mais barata… e onde os custos ambientais já não são tidos em conta, como é o exemplo do recente acordo da UE com o Mercosul. A Fenapecuária é literalmente contra este acordo, considera mesmo que é um acordo desleal para com o sector e solicita a todos os partidos políticos que reflictam bem sobre o que está em causa.[Moi ici: Gente ao nível de um Nuno Melo e do seu grito contra os paquistaneses. A um produtor de carne eu aconselharia a subir na escala de valor, a fugir da concorrência pela quantidade e preço e que apostasse na joalharia]
.
Os portugueses merecem saber que as condições e regras de produção não são as mesmas, os portugueses merecem saber que o sector pecuário nacional é moderno, respeita as regras ambientais, cumpre com o bem-estar animal,"[Moi ici: Indo por este caminho, alimentamos o discurso que legitima alguém na Alemanha, ou em França, dizer que a carne portuguesa é produzida em condições e regras de produção que não são as mesmas. O karma é lixado!]"

segunda-feira, setembro 09, 2019

O “Mendelian executive” - a intencionalidade na busca de uma resposta (parte IV)

Parte I, parte II. e parte III.
"Mattis reads Roman writers like Marcus Aurelius, but he is no stoic. Decade after decade he is touring some front or another, starting a million affectionate conversations. “How’s it going?” “Living the dream, sir,” is how those conversations begin. He trusts his Marines enough to delegate authority down. He clearly expresses a commander’s intent in any situation and gives them latitude to adapt to circumstances. [Moi ici: Recordar a importância da "commander's intent" (aqui, aqui e aqui)]
.
Love is a motivational state. It propels you. You want to make promises to the person or organization you love. Character is forged in the keeping of those promises. If, on the other hand, you are unable to love and be loved, you’re never going to be in a position to make commitments or live up to them. You’re never going to forge yourself into a person who can be relied upon.
...
Much of the work is intellectual. He thought the second Iraq war was a crazy idea, but when he was ordered to command part of it, he started reading Xenophon and ancient books about warfare in Mesopotamia.
.
If you haven’t read hundreds of books, you are functionally illiterate, and you will be incompetent, because your personal experiences alone aren’t broad enough to sustain you,” Mattis and West write."[Moi ici: Daqui - "Aprendemos com o que reflectimos, com o que vemos/lemos e com o que experimentamos.]
Trechos retirados de "The Man Trump Wishes He Were"

sexta-feira, setembro 06, 2019

O “Mendelian executive” - a selecção das opções (parte III)

Parte I e parte II.
"The Mendel executive makes a conscious selection among alternative possibilities and does not merely rely on the result of a Darwinian process of contested market selection. [Moi ici: Afirmação um bocado forte. Que dizer das estratégias emergentes?] There then arises the question of when to engage in this selection and what criteria to use for the “culling.” This issue of timing and criteria are clearly related. To the extent that selection is more ex post, then measures of financial outcomes in the market place can be more useful in evaluating the merit of alternative strategies. By contrast, as the timing of evaluation becomes closer to the onset of the initiative, then interim metrics, such as test markets and milestones, become more relevant, and in the limit, an ex ante evaluation must rely on beliefs of possible merit. ... One can speculate about a business strategy, but feedback about its value can ultimately only be evaluated in situ. However, it is important to recognize that such feedback is, in general, ambiguous. Thus, persistence, faith, and psychological commitment are critical elements in terms of how an actor will respond to such ambiguous feedback. [Moi ici: E não esquecer quer o comportamento dos amadores a jogar bilhar, quer a obliquidade. Os amadores ficam-se pelo primeiro nível de pensamento, a obliquidade faz-nos perceber que alguns objectivos não podem devem ser atingidos como objectivos, mas como consequências] Just as a vector in physics is characterized by both momentum and direction, so too does a strategist’s vision have both elements of psychological commitment and a point of view regarding directionality.
...
strategic efforts to influence the bases of selection of the external environment, what Teece (2007) terms “shaping” strategies and what Gavetti et al. (2017) develop further as a process of “niche construction.” Firms strive to influence standard bodies, create ecosystems, and legitimate new organizational forms. Such efforts go well beyond the basic marketing function of attempting to influence consumers’ perceptions and preferences to influencing the very economic forces in which the firm operates. [Moi ici: Aquilo que a ISO 9001:2015 inclui na cláusula 4.2. Mais do que o cliente, as partes interessadas] Thus, while the idea of an “artificial” selection environment has been put forth to characterize the potential loose coupling between the bases of selection within the enterprise, in contrast to the immediate selection pressure of the firm’s competitive environment, the notion of niche construction invites an element of a “design” consideration with regard to the external environment. Emergence need not imply a lack of foresight and intentionality. Effective strategic leaders are very mindful of potentially attractive adjacent market spaces into which they could move.
...
The Mendel executive is mindful. She is engaged in one course of action but cognizant of other possibilities. She is alert to indicators of both failure and success. The Mendel executive has both the boldness and imagination to design novelty but, at the same time, the humility to understand the inherent limitations of any effort of design and the nearly universal need for refinements and modifications of a given trajectory. [Moi ici: Fundamental esta coragem casada com a humildade. Faz-me recuar a Fevereiro de 2007 e a um mapa: “The generic process involved is that meaning is produced because the leader treats a vague map or plan as if it had some meaning, even though he knows full well that the real meaning will come only when people respond to the map and do something. The secret of leading with a bad map is to create a self-fulfilling prophecy. Having predicted that the group will find its way out, the leader creates the combination of optimism and action that allows people to turn their confusion into meaning and find their way home.”] The Mendel executive is aware of multiple possible “worlds” in which strategic actions can be enacted. There are the current markets and customers, but there are other markets and customers who might be reached by changes to a product, mode of distribution, or shifts in means of value capture. Boldness, imagination, and humility are not generally observed as co-occurring traits; but, when jointly present, they offer the possibility of identifying valuable and novel strategic initiatives."




Trechos retirados de "Mendel in the C-Suite: Design and the Evolution of Strategies" de Daniel A. Levinthal e publicado em 2017 por Strategy Science 2(4):282-287.

sexta-feira, agosto 23, 2019

"The Great Sparrow Campaign" - gente perigosa

A propósito de:

Mais um exemplo de praticantes amadores de bilhar, de gente que não estuda as consequências das suas decisões e, sem skin-in-the-game não sofrem as consequências das disrupções que provocam.


Há dias li "Four Pests Campaign"(1) recomendo vivamente a sua leitura. Já Confúcio dizia que a melhor forma de aprender era com o erro dos outros.

Daqui do blogue recordo alguns exemplos:


Os humildes praticam a Via Negativa (Maio de 2013).


(1) - Em 1958 o governo chinês chamava aos pardais agentes a soldo do capitalismo. Qualquer governo, de direita ou de esquerda, todos os anos vomita umas mentiras, umas fáceis de desmascarar, outras mais difíceis (BTW, quando é que estavam para terminar as obras da ala pediátrica do Hospital  de S. João no Porto? 2017? 2018? 2019? Já começaram?).






sexta-feira, julho 12, 2019

"Most thinking stops at stage one"


Há anos que uso a metáfora do jogador amador de bilhar que só pensa na próxima jogada sem medir as consequências do que defende nas jogadas seguintes. Sim, karma is a bitch!
"When I was an undergraduate studying economics under Professor Arthur Smithies of Harvard, he asked me in class one day what policy I favored on a particular issue of the times. Since I had strong feelings on that issue, I proceeded to answer him with enthusiasm, explaining what beneficial consequences I expected from the policy I advocated.
"And then what will happen?" he asked.
The question caught me off guard. However, as I thought about it, it became clear that the situation I described would lead to other economic consequences, which I then began to consider and to spell out.
"And what will happen after that?" Professor Smithies asked.
As I analyzed how the further economic reactions to the policy would unfold, I began to realize that these reactions would lead to consequences much less desirable than those at the first stage, and I began to waver somewhat.
"And then what will happen?" Smithies persisted.
By now I was beginning to see that the economic reverberations of the policy I advocated were likely to be pretty disastrous—and, in fact, much worse than the initial situation that it was designed to improve.
Simple as this little exercise may sound, it goes further than most economic discussions about policies on a wide range of issues. Most thinking stops at stage one. In recent years, former economic advisers to presidents of the United States—from both political parties—have commented publicly on how little thinking ahead about economic consequences went into decisions made at the highest level."
Trecho retirado de " Applied Economics - Thinking Beyond Stage One" de Thomas Sowell.

sábado, maio 04, 2019

Amadores a jogar bilhar

Em "É só fazer as contas" recordei isto:
"Ontem, tive acesso a números de uma empresa que me fizeram recuar ao meu tempo de "catequista" no SNS a tentar converter índios que não queriam ser convertidos (em que traduzia o número anual de infecções em cesarianas não programadas em dias extra de internamento e, depois, esses dias extra em custo extra)."
E porque é que aconteciam as infecções em cesarianas não programadas? Bastou ver um gráfico com o nº de infecções ao longo do ano:
À medida que nos aproximávamos de Agosto o número de infecções subia e depois baixava até Janeiro e depois voltava a subir.

O que estava por trás deste perfil? O ar condicionado do bloco operatório estava avariado e não havia dinheiro para o reparar. Como não se gastava 10 a reparar o aparelho, gastavam-se 100 a 1000 todos os anos a pagar dias de internamento não necessários se não tivesse ocorrido infecção.

Por que recordo isto agora? Por que vi isto:

Não têm dinheiro para arranjar a máquina, mas põem alguém que ganha 800 ou mil euros por mês a validar andantes... go figure.






quarta-feira, fevereiro 06, 2019

Jogadores amadores de bilhar

Recordo:

"España registró el pasado 2 de enero una cifra histórica de bajas en la Seguridad Social: más de 606.000. El dato supera incluso los 363.017 despidos que se produjeron durante el viernes negro del pasado día 31 de agosto, y evidencia la fuerte destrucción de empleo en el que fue el primer día laborable del año y, por lo tanto, la jornada en la que entró en vigor la subida del salario mínimo interprofesional (SMI) pactada por Gobierno y Podemos. En términos netos, señalan desde el Ministerio de Trabajo, el número queda parcialmente compensado por las más de 480.000 altas, con lo que en la variación final fue de algo menos de 125.000 despidos. Explican, además, que se debe tener en cuenta que los días 29 y 30 de diciembre fueron sábado y domingo, y que el 31 no fue laborable en la Administración, con lo que parte del abultado dato responde a un efecto arrastre como consecuencia del calendario. Y añaden que existen precedentes recientes en los que la cifra de bajas en el primer día del año superó también el medio millón. Pero aun así, y siendo cierto todo lo anteriormente apuntado, el dato del 2 de enero de 2019 representa un récord histórico y es una buena muestra de lo que fue el primer mes del año."
Trecho retirado de "606.473: récord histórico de bajas en la Seguridad Social el primer día del nuevo salario mínimo"


BTW, recordar esta corrente nova, desligar produtividade dos salários, típico de gente sem skin-in-the-game.

domingo, janeiro 27, 2019

Curiosidade do dia

Como consultor, formador e auditor com mais de 30 anos de experiência profissional, já contactei com milhares de pessoas espalhadas por centenas de organizações neste país.

Uma das coisas que aprendi é que somos todos mesmo muito diferentes, carregamos connosco modelos mentais tão diferentes quanto a cor dos cabelos, o formato da cara, o tamanho dos dedos. Já há muito percebi que existem pessoas, que apelido de jogadores amadores de bilhar, que são capazes de defender uma acção sem perceber as consequências secundárias dessa mesma acção, ainda que elas sejam nefastas para o seu bem-estar, porque estão encandeados pelo brilho da consequência primária onde estão concentrados.

Um tweet levou-me para esta sondagem no jornal Correio da Manhã:
Portanto, os leitores do Correio da Manhã por uma esmagadora maioria julgam que os portugueses pagam impostos a mais.

Qual a implicação imediata desta visão do mundo?

Como o estado português, esse monstro insaciável, gasta mais do que tributa... e os portugueses acreditam que pagam impostos a mais, então, o estado português vive acima das suas possibilidades.

Quantos suportariam esta conclusão?

domingo, outubro 28, 2018

Cuidado com o poder que damos aos da nossa cor


No último postal, "A abominação da eficiência - o anti-Mongo (parte I)", no texto que cito, o autor fala das organizações "Orange":
"This is the worldview of the scientific and industrial revolutions. At this stage, the world is no longer seen as a fixed universe governed by immutable rules of right and wrong. Instead, it is seen as a complex clockwork, whose inner workings and natural laws can be investigated and understood.
...
This worldview dominates management thinking today; it is the (often unconscious) perspective that permeates what is taught in business schools across the world.
.
Achievement-Orange thinks of organizations as machines. The engineering jargon we use to talk about organizations reveals how deeply (albeit often unconsciously) we hold this metaphor. We talk about units and layers, inputs and outputs, efficiency and effectiveness, pulling the lever and moving the needle, information flows and bottlenecks, re-engineering and downsizing. Leaders and consultants design organizations; humans are resources that must be carefully aligned on the chart, rather like cogs in a machine; changes must be planned and mapped out in blueprints, then carefully implemented according to plan. If some of the machinery functions below the expected rhythm, it’s probably time to inject some oil to grease the wheel with a “soft” intervention, like a team-building exercise. The metaphor of the machine reveals how much Orange organizations can brim with energy and motion, but also how lifeless and soulless they can come to feel."
Claro que a visão "Orange" representou um salto face às visões anteriores e trouxe-nos coisas muito importantes e úteis. No entanto, trouxe-nos Magnitogorsk, trouxe-nos Metropolis, trouxe-nos a paranoia pela eficiência e crença absoluta na razão. Pessoalmente, posso dizer que o momento em que a semente que minou a minha devoção cega pelo mundo "Orange" foi posta na minha cabeça foi aquando do choque de ver num filme de entretenimento (Indiana Jones), que um coração humano retirado de um corpo e segurado por um sacerdote de Khali, continuava a pulsar.

Ao longo destes anos tenho chamado muitos nomes a esta gente que se governa exclusivamente pela razão, quase sempre macro-economistas que querem explicar o mundo com fórmulas matemáticas, tríade, encalhados, jogadores amadores de bilhar, muggles ... Um desses encalhados, José Reis mereceu este postal em Janeiro de 2011, "Retrato de um encalhado". Os encalhados, como vêem o mundo como uma máquina, planeiam tudo e estão impreparados para as consequências, para as respostas do mundo, porque o mundo não é uma máquina, porque o mundo não é explicável pela física newtoniana. O mundo é um ser vivo, e o que funciona hoje, falha amanhã ponto.

Os políticos socialistas, chamem-se eles Paulo Portas, ou Jerónimo & Martins, acham que o mundo é uma máquina sobre a qual se podem lançar leis e regras impunemente. O que me mete mais medo em qualquer político é a falta de medo pelas consequências, é a ideia de que se sabe tudo e se estudou tudo. Lembram-se dos tipos do leite? O exemplo do leite devia ser bombardeado a toda gente neste país, "Karma is a bitch!!! Ou os jogadores de bilhar amador no poder!" Organizações de produtores de leite, muito preocupadas com as importações de leite, defenderam e pressionaram para que fossem criadas leis que deram cabo da capacidade exportadora do sector. Estavam tão preocupados com as importações de leite que quiseram que os portugueses tivesse a origem do leite na embalagem, para saber que estavam a comprar leite francês ou alemão. Trouxas, esqueceram-se que Portugal exportava muito mais leite do que aquele que importava. Os espanhóis, grandes consumidores de leite português sem o saberem, começaram a preferir leite espanhol, ainda que mais caro (suponho), porque agora podem ver a origem na embalagem. Imaginem, façam o paralelismo para o à vontade com que se legisla sobre tudo e um par de botas sem pensar nas consequências, sem pensar nas "unintended consequences".

Conseguem recuar no tempo e recordar o espírito do tempo acerca da competitividade portuguesa? Lembram-se do que diziam os os membros da tríade (académicos, paineleiros, jornalistas) sobre a competitividade portuguesa? Lembram-se dos apelos à saída do euro, dos apelos ao proteccionismo? Não se lembram? Recordem estes 25 cromos! E lembram-se sobre o que aqui escrevíamos no tempo de Sócrates a 2 de Janeiro de 2011 sobre as PME e a competitividade da economia portuguesa? Acham-me um socratista?


Todos devíamos ter mais cuidado com a quantidade de poder que deixamos os políticos terem sobre a nossa vida pessoal e comunitária. Mesmos os mais bem intencionados atiram-nos barras de dinamite com a mecha acesa.

Os da nossa cor estão no poder e, por isso, concordamos que mais poder lhes seja atribuído. Quando os da cor dos outros chegam ao poder ficamos com medo do poder que eles agora têm, e vice versa.

Trechos retirados de Laloux, Frederic. "Reinventing Organizations: An Illustrated Invitation to Join the Conversation on Next-Stage Organizations"