Mostrar mensagens com a etiqueta mudança. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta mudança. Mostrar todas as mensagens

quinta-feira, outubro 02, 2025

Não é apenas teoria económica, mas prática viva em plena guerra tecnológica


Ontem publiquei "As estratégias são como os iogurtes" onde recordei Beinhocker e a ideia de ver a economia como uma continuação da biologia, daí evolutionary economics.

Também ontem, mas no FT, o artigo "Ukraine drone makers race to outwit Russia" tem tudo a ver com evolutionary economics.

O artigo descreve como a Ucrânia está a desenvolver rapidamente drones interceptores de baixo custo para enfrentar os drones kamikaze russos (como os Shahed). A estratégia é criar soluções baratas, flexíveis e escaláveis, capazes de neutralizar ameaças em grande número, ao contrário dos sistemas ocidentais tradicionais, que são caros e pensados para alvos de maior altitude. Este movimento não só responde à guerra actual, como também serve de lição para os planeadores de defesa europeus, que podem ter de repensar as suas próprias estratégias de defesa aérea.
"Ukraine's multi-layer air defence model uses sophisticated missile systems... However, such systems are unsuited for dealing with the threat from large numbers... of relatively cheap, low-altitude and low-speed kamikaze drones such as the Geran-3 and Shahed-136 drones used by Russia." [Moi ici: Sistemas caros não são adequados contra drones russos baratos em massa, há necessidade de inovação acessível e rápida.]
"The bullet-shaped quadcopter is a drone killer, developed in a matter of months by Ukraine's defence technology sector. Kyiv is racing to produce thousands of such interceptors..." [Moi ici: Protótipos de baixo custo, desenvolvidos em meses, para enfrentar drones russos.]
"Ukrainian companies have been working on air defence drones for barely a year but already many are shifting to mass manufacture after having combat-tested new interceptors..." [Moi ici: Ciclo rápido de experimentação → teste em combate → melhoria → produção em escala.]
"Drone makers said Europe needed to learn lessons from Ukraine's rapid responses. 'The real problem is that you need at least a thousand flowers blooming and then let the best ones weed out, said Luke Snyder of Tytan Technologies."  [Moi ici: Lições para a Europa: incentivar diversidade de soluções e deixar a selecção natural actuar.]
''We are expanding production at a dramatic pace, said Alex Sirok of Wild Hornet... Serhiy Sternenko, an activist whose crowdfunding platform is financing drone output [Moi ici: Startups e crowdfunding aceleram inovação e produção, descentralizando esforços.]
Estas duas últimas citações fazem-me lembrar Baltimore em 1919 e o desenvolvimento do automóvel. Quando se vive no tempo dos pioneiros o que é preciso é variedade.

Na guerra dos drones na Ucrânia vemos, em tempo real, aquilo que Eric Beinhocker descreve como evolutionary economics:
  • Variedade: “Various technologies have been introduced…” → surgem múltiplos protótipos, cada um com a sua aposta.
  • Selecção: “‘You need at least a thousand flowers blooming and then let the best ones weed out.’” → algumas ideias funcionam, outras morrem.
  • Retenção: “Already many are shifting to mass manufacture after having combat-tested new interceptors…” → o que resulta é escalado e replicado.
  • Pressão selectiva: “Russia is increasingly using its cheap… Shaheds… Ukrainian companies are working on faster models.” → o inimigo força inovação constante.
  • Inovação descentralizada: “Another lesson is the need for constant iteration… that only start-ups can achieve quickly.” → startups lideram a adaptação veloz, outra vez Baltimore.
Um exemplo claro de como variation → selection → retention não é apenas teoria económica, mas prática viva em plena guerra tecnológica.

BTW, o FT tem publicado artigos sobre o tema dos drones e a guerra da Ucrânia com alguma frequência:

sexta-feira, julho 18, 2025

Como uma doença crónica

O último capítulo, "Changing for Good", do livro "The Science of Getting from Where You Are to Where You Want to Be" de Katy Milkman ainda nos consegue surpreender com uns bons trechos:

"Stumped, I called my friend Kevin Volpp, a star economist and medical doctor who helped build one of the most successful applied behavioral economics research groups in the world.

I wanted Kevin's perspective. Why did he think we'd been so unsuccessful at making behavior change stick?

Kevin offered up some unforgettable words of wisdom: "When we diagnose someone with diabetes, we don't put them on insulin for a month, take them off of it, and expect them to be cured." In medicine, doctors recognize that chronic diseases require a lifetime of treatment. Why do we assume that behavior change is any different?

I felt like slapping myself in the forehead.

...

Study after study (mine included) has shown that achieving transformative behavior change is more like treating a chronic disease than curing a rash. You can't just slap a little ointment on it and expect it to clear up forever. The internal obstacles that stand in the way of change, which I've described in this book -obstacles such as temptation, forgetfulness, underconfidence, and laziness— are like the symptoms of a chronic disease. They won't just go away once you've started "treating" them. They're human nature and require constant vigilance.

...

The key is to treat change as a chronic problem, not a temporary one, just as Kevin suggested.

When you use the tools in this book to overcome whatever internal obstacles you face on your journey to create change, recognize that you’ll want to use them not once or twice or for a month or for a year or two, but permanently. Or, at least, until you no longer want to achieve whatever it is you set out to achieve in the first place."

A mudança de comportamento não é uma intervenção pontual, mas um processo contínuo, tal como o tratamento de uma doença crónica. É um alerta contra a ingenuidade com que muitas vezes encaramos a mudança, seja a nível pessoal, organizacional ou social. A ideia de que basta um “programa de mudança”, uma formação ou um plano de acção com começo, meio e fim para transformar comportamentos ignora o papel persistente de factores como a tentação, a inércia, o esquecimento ou a auto-sabotagem. Esses obstáculos não desaparecem: são parte da condição humana.

A mensagem final é clara: manter a mudança exige manutenção. Tal como nas organizações, onde a melhoria contínua não se alcança com auditorias esporádicas, mas com sistemas e rotinas consistentes, também na vida pessoal é preciso tratar a mudança como um compromisso de longo prazo. E, talvez, aceitar que nunca está realmente “feita”. 

quarta-feira, maio 21, 2025

Está na moda. Mas será que muda? (Parte III)


Parte I e parte II.

A propósito de "Estado emprega 760 mil funcionários públicos, um novo máximo histórico", na parte I mencionei um podcast. Entretanto, encontrei este trecho inicial:

Ao ouvir este podcast, enquanto fazia o meu jogging, lembrei-me logo das "estórias" que conheço, por causa de confidências familiares, (por exemplo, sobre o mundo da ineficiência nas escolas).

A inteligência artificial (IA) está a eliminar empregos com tarefas repetitivas — mas o estado multiplica-os.

No vídeo, é dito de forma clara:

"If your job is as routine as it comes, your job is gone in the next couple of years."

Trabalhos de introdução de dados, operadores de processos administrativos, controlo da qualidade básico, entre outros, estão a ser automatizados globalmente — e até nas empresas privadas portuguesas.

Mas o estado português?

"O Estado emprega quase 760 mil funcionários públicos, um novo máximo histórico."

A função pública está a crescer à boleia de contratações nas autarquias, educação e saúde — áreas onde muitas tarefas poderiam ser parcialmente automatizadas para libertar recursos humanos para funções de maior valor acrescentado.

O estado continua a funcionar segundo o paradigma "mais pessoas = melhor serviço"

Enquanto no vídeo o alerta é acerca de um futuro onde:

"We're going to go into a high-velocity economy with careers that last 10 to 36 months..."

... o estado português mantém contratos vitalícios, crescimento salarial garantido e estruturas pouco flexíveis. Exemplo:

"Na administração local, foram contratados mais 3.714 trabalhadores, dos quais 1.999 técnicos superiores."

Pouco se fala de requalificação, muito menos de usar ferramentas como IA para optimizar processos repetitivos, melhorar a decisão administrativa ou libertar tempo dos profissionais de saúde e educação.

O estado ignora o papel das ferramentas inteligentes como meio de libertar pessoas para tarefas mais humanas.

No vídeo, discute-se que a IA pode:

"Allow us to be the best version of ourselves."

Mas se aplicássemos esta visão à Administração Pública, poderíamos:

  • Automatizar a análise de dados e a geração de relatórios financeiros, libertando técnicos para tarefas analíticas.
  • Criar assistentes virtuais para apoio a cidadãos, reduzindo filas e redundâncias.
  • Usar IA na triagem de processos (educação, saúde, justiça), concentrando os recursos humanos onde há risco real ou decisão complexa.

Em vez disso, o Estado cresce como se a única solução para melhorar o serviço fosse contratar mais.

Tudo isto faz-me lembrar um episódio de "Yes, minister":


Continua.

domingo, maio 18, 2025

Está na moda. Mas será que muda?

Na passada segunda-feira à noite tive uma interessante e inspiradora conversa sobre inteligência artificial no futuro da consultoria. Ao final da tarde desse mesmo dia, durante uma sessão de jogging tinha começado a ouvir um podcast sobre inteligência artificial e, sobretudo sobre "AI agents", "AI AGENTS EMERGENCY DEBATE: These Jobs Won't Exist In 24 Months! We Must Prepare For What's Coming!" (Voltarei a este podcast mais tarde)

Durante a conversa nocturna a certa altura recordei o paralelismo entre a transição do vapor para a electricidade, e fiquei com a incerteza sobre como será a transformação com a inteligência artificial e quanto tempo demorará. (Voltarei a este paralelismo mais tarde)

Entretanto, no dia seguinte (?), ou terá sido na quarta-feira (?), li este artigo no Jornal de Negócios, "IA cada vez mais na moda em Portugal. A cada hora, 12 empresas adotaram tecnologia".

O artigo descreve o crescimento expressivo da adopção da IA pelas empresas portuguesas.
Em 2024, cerca de 96 mil empresas em Portugal adoptaram a IA pela primeira vez, o que representa 41% do total das empresas no país — um aumento face aos 35% registados no ano anterior.
As startups destacam-se nesta tendência: 62% já utilizam IA, e 35% estão a desenvolver produtos e serviços com base nesta tecnologia. Por outro lado, as grandes empresas e as PME têm sido mais cautelosas, adoptando a IA sobretudo para automatizar processos e obter ganhos de eficiência.
Segundo o relatório da Amazon Web Services, a IA baseada na nuvem contribuiu com mais de 647 milhões de dólares para o PIB de Portugal em 2023. Contudo, a falta de competências digitais, a percepção de custos iniciais elevados e a insegurança quanto à regulamentação estão a travar uma adopção mais generalizada.

Com algum cinismo pensei:
  • Em Portugal a IA está a ser adoptada em massa, mas sem evidência de mudança estrutural nos processos ou na cultura das empresas. Está-se a “colocar IA onde antes estava Excel” — uma modernização de superfície, sem reconfiguração;
  • Muitas empresas estão a adoptar IA “para parecer modernas” ou por “pressão competitiva”, sem saber bem para quê ou com que finalidade. Isso sugere uma adopção não pensada, mais estética do que estratégica;
  • Estamos numa fase em que a maioria das empresas ainda está no modo “adição”, não “reconfiguração”. Estão a colocar IA em cima dos processos existentes, não a redesenhá-los com base nas novas possibilidades (ex. decisão autónoma, personalização em escala, análise preditiva).
Continua.

sábado, maio 17, 2025

Japão - uma mudança estrutural profunda




Não há “crise” macro no Japão, mas há uma mudança estrutural profunda. Estes cortes parece que resultam de quatro forças que se combinaram nos últimos 2/3 anos:
  • Pressão por rentabilidade e ROE - A Bolsa de Tóquio passou a expor empresas com baixo price-to-book; os investidores activistas ganharam terreno; e os conselhos de admionistração querem mostrar “disciplina de capital”.
  • Demografia e rigidez do emprego para toda a vida - A força de trabalho está a encolher, mas está envelhecida e é cara. A lei permite pacotes de saída voluntária generosos dos 50 anos para cima.
  • Mudança tecnológica brusca - A electrónica de consumo perdeu quota de mercado para a Coreia e a China. O sector automóvel vira-se para os veículos eléctricos, software e Advanced Driver Assistance Systems (ADAS). 
  • A IA/automação substitui funções administrativas.
  • Economia global volátil, iene fraco, margens sob pressão de custos - Energia e matérias--primas importadas ficaram mais caras, mesmo com as exportações a subirem. As empresas estão a refazer os seus portefólios migrando para para actividades com margens mais altas.
Não é um sintoma de recessão, mas sim de reformulação estratégica num país onde o “emprego para a vida” já não é sustentável. 

Num postal futuro vou ligar estes números ao que estou a ouvir num longo podcast sobre a IA e os seus agentes.

sexta-feira, maio 16, 2025

Não espere por uma crise para acelerar



Um dos arquétipos de Peter Senge é o da "Escalada"


Muitas empresas vivem este arquétipo no dia-a-dia, intuitivamente. Penso que a maior partes das vezes é um péssimo estado. Péssimo porque a vida comercial não é uma batalha em que a sobrevivência de uma empresa depende da morte dos concorrentes. A vida comercial é um desafio para cativar e satisfazer clientes. Gosto cada vez mais daquela definição que aprendi com Roger Martin:
"Strategy is about making an integrated set of choices that compels desired customer action."
Dito isto, achei muito interessante o tema da escalada na evolução dos drones na guerra de invasão da Ucrânia pela Rússia que encontrei no FT do passado dia 12 de Maio em "Ukraine battles to stay one step ahead of Russia in drone war".

O artigo relata a corrida tecnológica entre a Ucrânia e a Rússia no domínio dos drones. Oleksandr Yakovenko, director-executivo da TAF Drones, explica que Kyiv já esteve várias etapas à frente mas hoje mantém apenas uma ligeira vantagem, obrigando-se a inovar constantemente. A Ucrânia gasta centenas de milhões em drones e componentes - muitos provenientes da China - e adapta-se rapidamente a novas tácticas russas, como sistemas de interferência ou drones com fibra-óptica impossível de bloquear. Moscovo, por seu lado, profissionalizou a produção, reduziu custos e introduziu drones kamikaze de longo alcance. O artigo sublinha que o "campo de batalha" não é só tecnologia: é capacidade de alterar estratégias, cadeias de abastecimento e processos de I&D em tempo recorde.

Algumas lições para o mundo das PME:
"Two years ago we were two steps ahead of the Russians... Now, though, we are just one step ahead of them." - Oleksandr Yakovenko [Moi ici: A vantagem competitiva é sempre temporária. Mesmo que uma empresa lidere o mercado hoje, um concorrente pode recuperar terreno rapidamente se conseguir apresentar uma oferta que os clientes passem a preferir, graças a uma inovação mais ágil]
...
We tend to innovate first. But when we create something new they quickly come up with a response. [Moi ici: Inovar exige ciclos curtos e coragem para agir rápido. Recordar Boyd!!! Não basta inovar uma vez e ficar à sombra da bananeira. É fundamental manter a cadência e a velocidade de resposta – como num jogo de xadrez em tempo real]
...
In the past three years China has provided most of the thermal cameras, carbon frames and battery cells for the first-person-view drones. [Moi ici: Repensar a cadeia de abastecimento é parte da inovação. Redesenhar cadeias de abastecimento pode desbloquear velocidade e independência face a fornecedores críticos]
...
[The battlefield] is not about new technology... It's about how to adapt to new strategies. [Moi ici: A aprendizagem contínua é um activo estratégico. As equipas que reflectem, testam e corrigem rapidamente terão sempre vantagem sobre as que apenas planeiam. Veio-me logo à mente esta imagem de 2007]
...
Russia goes step by step. If it continues like this [year], yes, for us it becomes impossible [for us] to go on defending. [Moi ici: A complacência é uma ameaça invisível. Quem ignora sinais de mudança (mesmo vindos de um concorrente atrasado) arrisca-se a perder terreno de forma irreversíve. Recordar este artigo recente, e este outro, e ainda este outro]

Num mundo em que a inovação já não é uma vantagem, mas uma condição de sobrevivência, as PME não podem esperar por momentos de crise para se mexerem. A história dos drones na guerra da Ucrânia mostra-nos o essencial: quem lidera hoje pode estar a defender-se amanhã.

Olhe para a sua empresa com honestidade:
  • Estamos verdadeiramente atentos aos nossos clientes-alvo? Sabemos como estão a evoluir as suas preferências, os seus critérios de escolha, o que valorizam hoje mais do que há um ano? Ou continuamos a oferecer-lhes o que sempre funcionou, esperando que as suas expectativas não mudem?
  • Estamos a melhorar mais depressa do que os nossos concorrentes?
  • Temos ciclos curtos de decisão, aprendizagem e acção?
  • A nossa cadeia de fornecimento é robusta, flexível e estratégica?
  • Observamos os concorrentes apenas como indicadores de mudança na preferência dos clientes — e não como inimigos?

Não espere por uma crise para acelerar. Monte hoje a sua própria "unidade de drones". Teste. Aprenda. Adapte. Repita.

Não para vencer ninguém, mas para continuar a merecer ser escolhido.

quarta-feira, abril 02, 2025

STOP, START, LESS, MORE

"Here's a simple tool for separating areas that "need more" from areas that "need less." I learned it from a friend, who used this exercise at an offsite and reported that it sparked really useful discussion. Basically, you draw quadrants on a whiteboard with the following labels:
You can fill in the quadrants with any kind of "thing":
→ STOP: The policy that it's okay to bring pets to work. It's getting smelly and weird.
→ START: Using an outside law firm to handle contracts. It's a constraint internally.
→ MORE: Inside sales efforts in the Southeast. It's working.
→ LESS: Ginning up employee social events. Not many people seem to care.

My friend said the hardest quadrants to address were LESS and, especially, STOP. Which is predictable. Usually, when we think about making changes, we're thinking about adding something. New ideas, new initiatives, new investments. But we've got to remember the mantra: Change is not AND, it's INSTEAD OF. Less of this, more of that."

Trechos retirados de "Reset: How to Change What's Not Working" de Dan Heath   

domingo, janeiro 26, 2025

"Carne para pensão"

No final do mês de Fevereiro de 1988 recebi o meu primeiro recibo de salário. Ainda me vejo numa sala no "pagode chinês" da Têxtil Manuel Gonçalves. Dou a minha palavra de honra, olhei para o dinheiro descontado para a Segurança Social e já sabia que para uma pessoa com a minha idade era uma farsa.

Num dos workshops que animo uso esta imagem sobre como aumentar a probabilidade de sucesso a implementar mudanças:

Depois, desenvolvo esta sequência:
E chego aquele:
"People don't change because they are told to."
A sequência não é: 
  • Analyze → Reflect -> Change.
Mas antes: 
John Kotter no seu livro "The Heart of Change" apresentou-me esta sequência com uma estória:

Numa grande empresa industrial, o gestor responsável por compras enfrentava um problema crónico: a organização comprava um número excessivo de modelos diferentes de luvas de fornecedores variados, resultando em custos elevados e ineficiências. Apesar de os dados mostrarem claramente o desperdício, os executivos não percebiam a gravidade do problema nem sentiam a necessidade de agir.

Para superar essa inércia, o gestor fez algo diferente: reuniu uma amostra física de todas as luvas compradas pela empresa e etiquetou cada uma com o respectivo custo e fornecedor. Depois, expôs as centenas de luvas numa mesa de conferências. Quando os líderes entraram na sala e viram a enorme variedade de luvas e os preços absurdamente diferentes para produtos similares, ficaram chocados.

O impacte:
  • Ver: Em vez de apenas apresentar dados e números abstractos, o gestor tornou o problema visível e tangível com as luvas na mesa.
  • Sentir: Ao verem o excesso e os custos desnecessários, os líderes sentiram indignação e urgência para resolver o problema.
  • Mudar: Esse choque inicial levou a uma decisão rápida de centralizar o processo de compras, o que reduziu custos e trouxe mais eficiência.
Esta estória ilustra como ver o problema de forma concreta e sentir o impacte emocional pode ser muito mais eficaz para iniciar mudanças do que simplesmente apresentar relatórios e gráficos. É um excelente exemplo prático do conceito de Kotter de que a mudança bem-sucedida é conduzida pela combinação de percepção visual, emoção e acção.

Como é que a mensagem do Tribunal de Contas chega às pessoas?

Entretanto, no jornal Público (que outro jornal publicaria isto?) de ontem aparece a eterna dirigente de uma tal APRe! a afirmar que o Tribunal de Contas não percebe nada da matéria e que o que há a fazer é tocar música porque a situação está cada vez melhor à custa da imigração.

quinta-feira, janeiro 23, 2025

O que é importante para fazer a mudança acontecer

Aquilo de que se fala quando se fala de mudança mudou:

"In 1975, more than 80% of US corporate assets were tangible assets, things like factories, equipment and real estate... But now that situation has flipped and more than 80% of corporate assets are intangible. When we talk about change today we are usually talking about changes in people themselves, in how they think and how they act.

...

To effectively tackle transformation today, we need to understand that the change environment has shifted significantly since the 1980s and 90s, when the traditional change management frameworks were first being formed.

...

Just like you wouldn’t use early languages like FORTRAN or COBOL to design software today, we can’t merely port change ideas from the same period and expect them to be effective in today’s organizations."

A diferença entre transformações estratégicas e comportamentais:

Sobre transformações estratégicas:

"Strategic transformations are leader-led and consensus driven. Clear, early and frequent communication is crucial to help everyone understand the change and participate in its success.

...

In a strategic transformation like the one at Intel in the 80s, leadership has full power to push the transformation forward. They can approve investments, negotiate with partners and implement decisions. Therefore, it is important for management to communicate clearly from the start, informing the organizations what decisions are being made and why."

Sobre transformações comportamentais:

"Unlike in a strategic transformation, leaders can't dictate what people think and do the same way they can make decisions about investments and partnerships. Behavior transformations are also guaranteed to incur resistance. That's why leaders need to pursue behavioral transformation as something more akin to a social movement than to a strategy session.

What leaders need to recognize is that the vast majority of transformations today are not strategic and consensus-driven, but focused on shifting behaviors and coalition-driven."

Em 1975, 80% dos activos corporativos eram tangíveis (fábricas, equipamentos, imóveis). As transformações envolviam mudanças estratégicas nesses activos. Hoje, 80% dos activos são intangíveis (habilidades, conhecimento, comportamentos), o que requer foco no como as pessoas pensam e agem.

As ferramentas tradicionais de gestão da mudança, criadas para lidar com activos tangíveis, são inadequadas para o contexto actual. 

Trechos retirados de "Communicate A Vision To Shift Strategy, Shape Networks To Change Behavior"

sexta-feira, setembro 06, 2024

O foco certo (parte IV)

Esta semana li num jornal qualquer que uma delegação de viticultores tinha ido a Belém pedir medidas ao presidente da república, e que este terá pressionado o secretário de Estado da Agricultura (também presente) para serem adoptadas medidas.

O infantilizador-mor da praça pública portuguesa sempre a cavar.

Entretanto, durante uma viagem de Alfa li:

“If you want tomorrow to look like yesterday, methodology will get you there.” —Peter Block

A declaração de Peter Block, “Se queres que o amanhã seja igual a ontem, a metodologia levar-te-á lá,” reflecte uma crítica à dependência de métodos e sistemas estabelecidos para criar resultados previsíveis e repetitivos, em vez de promover a mudança e a inovação. Ou seja, as abordagens convencionais muitas vezes reforçam práticas passadas, conduzindo a uma adaptação limitada ou à não exploração de novas possibilidades. Depois, os intervenientes admiram-se por obterem resultados semelhantes.

Esta semana tive oportunidade de ler "Rationality, Foolishness, and Adaptive Intelligence" de James G. March.

March critica a crença absoluta nas abordagens racionais e nos seus limites na tomada de decisões estratégicas. March concorda que as "tecnologias da racionalidade", embora possam ser eficazes em contextos simples e bem compreendidos, muitas vezes falham em ambientes mais complexos e exploratórios. 

"As complexity is increased and temporal and spatial perspectives are extended, returns (both of alternatives that are adopted and of those that are rejected) are likely to be misestimated by huge amounts. [...] There are many instances in which the use of a technology of rationality in a relatively complex situation has been described as leading to extraordinary, even catastrophic, failures."

"The poor record of rational technologies in complex situations has been obscured by conventional gambits of argumentation and interpretation."

Ele enfatiza a tensão entre exploitation (utilizar o que já sabemos) e exploration (procurar novas possibilidades). Metodologias racionais — baseadas em processos de decisão orientados por modelos e dados — são frequentemente ferramentas de exploração que reforçam sucessos passados, mas desencorajam a experimentação e a inovação.

Assim, Block e March chamam a atenção para que metodologias estabelecidas podem limitar a possibilidade de novos resultados transformadores, mantendo assim o "amanhã" idêntico ao "ontem". Depois, não nos podemos queixar... claro que podemos, desde que haja uns trouxas que assumam o prejuízo. Externalizar prejuízos deve ser tão bom!

Que incentivos terão os viticultores para mudarem de vida?


Parte Iparte II e parte III

terça-feira, setembro 03, 2024

O foco certo (parte III)

"In his book The Icarus Paradox, Danny Miller, ... details how the greatest trigger for organizational failure is success. The most successful organizations start to oversimply processes; become proud, insular, and immune to feedback; and lack the motivation or resources to change. Once highly effective processes, organizations, and leaders start to fail when faced with new technologies and shifting market trends. Miller named this challenge the Icarus paradox, after the Greek god. Icarus became so enamored with the flight enabled by his wax wings that he flew too close to the sun, melting the wings and falling to his death.? Miller offers eye-opening examples of market leaders rising in the markets, becoming so enamored by their own success that they fail to take precautions and then falling swiftly down their S curves.

...

How do we know when we are at point A-the tipping point between success and failure, the point where we need to shift between what we've been doing for our past success and what we need to do for the future? When all is going well, there is no reason for us to believe that our upward trajectory will ever change. The trick, therefore, is to always believe that you are at point A, to constantly scan the horizon for the next curve, even while enjoying your current success."

O consumo de vinho a nível mundial está a cair.

A importação de vinho está a estes níveis.

E a CNA, e os produtores de vinho, com o locus de controlo no exterior, colocam no governo de turno a criação de uma solução (recordar a parte II).

Ontem estava a ver um vídeo no Youtube sobre como desentupir canetas Isograph, e num dos comentários alguém escreveu que já não usava essas canetas há muito tempo porque, entretanto, o desenho por computador passou a ser a norma.

Um velho tema neste blogue: resistir ou abraçar a mudança (versão de 2010).

Nem de propósito, este postal recente de Seth Godin, "Redefining a profession".

A importância do locus de controlo no interior, a adpatação proactiva à mudança, a associação da mudança a oportunidades. A alternativa é a estagnação e o empobrecimento.

E para terminar com a ideia de foco, outro postal recente de Seth Godin, "Write for someone" mas adpatado por mim:

It's so tempting to make wine for everyone.
But everyone isn't going to drink your wine, someone is.
Can you tell me who? Precisely?
What did they believe before they tasted your wine? What do they want, what do they fear? What has moved them to choose a wine in the past?
Name the people you're making wine for. Ignore everyone else.

Parte I e parte II.

Trecho retirado de "Both/and thinking : embracing creative tensions to solve your toughest problems" de Wendy K. Smith, Marianne W. Lewis.

sexta-feira, junho 21, 2024

Ameaças ou desafios?

 

"When we're facing a daunting task, we need both competence and confidence. Our ability to elevate our skills and our expectations depends first on how we interpret the obstacles in front of us. Extensive evidence shows that when we view hurdles as threats, we tend to back down and give up. When we treat barriers as challenges to conquer, we rise to the occasion.

Seeing obstacles as challenges depends partly on having a growth mindset-believing in your ability to improve.

...

The difficult task in front of them was no longer a threat—it was a challenge. Instead of doubting themselves individually, they believed in their collective capacity."

Recordo os dirigentes associativos que são os primeiros a formatar a abordagem dos seus associados como a resposta a uma ameaça e não como um desafio ou uma oportunidade:

Trechos retirados de "Hidden Potential" de Adam Grant. 


sexta-feira, maio 31, 2024

"Why is this so rare at work?"

No livro "The Problem with Change" de Ashley Goodall o autor conta a estória sobre Alexander the Great que citei em "When I show up in your life..." e depois interroga-se:

"I was, at the time, an executive of a multinational corporation with nearly eighty thousand employees who, when his car wasn’t broken down, spent his time shuttling from one meeting to the next and one airport to the next; Alex was spending his days hauling malfunctioning lumps of metal onto his truck. And yet he embodied all the things that large companies say they want their people to feel—motivation, energy, delight—to a vastly greater extent than anyone I had ever met in the corporate world. I was more than a little envious. My planet was embroiled in busyness and stress and swirl; his planet was happy. To talk to him was to talk to a person borne aloft by the simple joy of a thing done well.

Why is this so rare at work?"

Nas páginas seguintes do livro o autor procura responder recordando que:

  • O trabalho em muitas empresas, sobretudo as grandes, é complexo e intangível. Ao contrário das tarefas directas com resultados tangíveis (montar um sapato, construir uma máquina, rebocar um carro, realizar uma auditoria), o trabalho corporativo muitas vezes carece de relações claras de causa e efeito, dificultando a percepção do impacte dos esforços individuais. Quantas pessoas preparam relatórios, preparam apresentações para as suas chefias apresentarem aos tubarões e depois nada acontece? Não acontece porquê? Foi algo que eu fiz/não fiz?
  • As organizações tentam quantificar o desempenho com pontuações, metas e avaliações, mas essas métricas quase sempre não capturam a verdadeira complexidade e nuances do trabalho, levando à frustração e a um sentimento de desconexão das realizações reais. Por exemplo, uma empresa pode avaliar o desempenho dos funcionários com uma pontuação de 1 a 5. Um empregado pode receber um "4" sem entender exactamente o que diferencia um "4" de um "5". Esta falta de clareza pode gerar frustração e um sentimento de injustiça, especialmente se promoções e aumentos salariais são baseados nessas pontuações. Ou os funcionários devem preencher relatórios periódicos detalhando o seu progresso em vários projectos. No entanto, esses relatórios, muitas vezes, tornam-se tarefas burocráticas que não reflectem o verdadeiro valor ou impacte do trabalho realizado. 
  • Os trabalhadores muitas vezes têm dificuldade em ter consciência das suas habilidades e contribuições devido à natureza opaca das tarefas corporativas e à dependência de validação externa através de métricas e avaliações. Por exemplo, feedback insuficiente, desconhecimento dos resultados, avaliação por métricas contaminadas (professor avaliado pelos alunos que avaliam não a qualidade do professor, mas a dificuldade do curso)
  • Os gestores ainda fazem julgamentos subjectivos que tornam nebulosa a ligação entre esforço e resultado (promoções baseadas em relações pessoais, avaliação de desempenho subjectiva, projectos cancelados sem justificação dada após muito esforço).

"This drives people nuts.

And it happens not because we lack rigor in executing these things, but because the task we have set ourselves is impossible. We are trying to replace local judgment with global objectivity, and while that might be an understandable aspiration, the reality on the ground is far too complex to be squashed into a few simple scales and scores. As soon as we try, everyone's eyes go to the exceptions, the unfairness, the errors, the inadequacy of the model, and the world seems less fair, and less tangible, and more mysterious as a result.

So the question remains. How, given all the complexities of modern work, and the scale at which it exists, and its ever-shifting nature, can we more nearly approach the joy of the tow truck driver, who can see a problem and fix it, who needs no one to tell him he has done so, or to evaluate him on his level of achievement or ability, and who feels, literally, like a king?"

quinta-feira, agosto 24, 2023

"The "autotelic self""

E aplicar o que segue a empresas? Atentas ao contexto, prontas a abraçar a mudança, e sentindo-se ao volante,  estabelecem indicadores e objectivos, monitorizam o desempenho e tomam decisões com base no feedback. Não porque seguem uma receita, mas porque vivem.

"A person who is healthy, rich, strong, and powerful has no greater odds of being in control of his consciousness than one who is sickly, poor, weak, and oppressed. The difference between someone who enjoys life and someone who is overwhelmed by it is a product of a combination of such external factors and the way a person has come to interpret them - that is, whether he sees challenges as threats or as opportunities for action. [Moi ici: Recordar as reflexões sobre os que resistem à mudança versus os que a abraçam - Abraçar ou resistir à mudança? ou Resistir versus abraçar]

The "autotelic self" is one that easily translates potential threats into enjoyable challenges, and therefore maintains its inner harmony. A person who is never bored, seldom anxious, involved with what goes on, and in flow most of the time may be said to have an autotelic self. The term literally means "a self that has self-contained goals," and it reflects the idea that such an individual has relatively few goals that do not originate from within the self [Moi ici: Recordar as reflexões sobre o locus de controlo interno e externo - Isto é mesmo um desafio digno de Hercules e Calimeros - não obrigado!].  For most people, goals are shaped directly by biological needs and social conventions, and therefore their origin is outside the self. For an autotelic person, the primary goals emerge from experience evaluated in consciousness, and therefore from the self proper.

The autotelic self transforms potentially entropic experience into flow. Therefore the rules for developing such a self are simple, and they derive directly from the flow model. Briefly, they can be summarized as follows:

1. Setting goals. To be able to experience flow, one must have clear goals to strive for. A person with an autotelic self learns to make choices-ranging from lifelong commitments, such as getting married and settling on a vocation, to trivial decisions like what to do on the weekend or how to spend the time waiting in the dentist's office--without much fuss and the minimum of panic.

...

As soon as the goals and challenges define a system of action, they in turn suggest the skills necessary to operate within it. If I decide to quit my job and become a resort operator, it follows that I should learn about hotel management, financing, commercial locations, and so on. Of course, the sequence may also start in reverse order: what I perceive my skills to be could lead to the development of a particular goal that builds on those strengths - I may decide to become a resort operator because I see myself as having the right qualifications for it.

And to develop skills, one needs to pay attention to the results of one's actions-to monitor the feedback. To become a good resort operator, I have to interpret correctly what the bankers who might lend me money think about my business proposal. I need to know what features of the operation are attractive to customers and what features they dislike. Without constant attention to feedback I would soon become detached from the system of action, cease to develop skills, and become less effective.

One of the basic differences between a person with an autotelic self and one without it is that the former knows that it is she who has chosen whatever goal she is pursuing. What she does is not random, nor is it the result of outside determining forces. This fact results in two seemingly opposite outcomes. On the one hand, having a feeling of ownership of her decisions, the person is more strongly dedicated to her goals. Her actions are reliable and internally controlled. On the other hand, knowing them to be her own, she can more easily modify her goals whenever the reasons for preserving them no longer make sense. In that respect, an autotelic person's behavior is both more consistent and more flexible."

sábado, julho 01, 2023

"resistance is an emotional process"

"When we ask for help, we want both a solution to the problem and confirmation that everything we have done has been perfect.

A colleague of mine, Neale Clapp, mentioned one day that people entering therapy want confirmation, not change. On the surface, it would be ridiculous for a client to bring in a consultant for help, and then tell the consultant that no change was desired and the client did not really want to learn anything. This would not be rational. But that is the point: resistance is an emotional process, not a rational or intellectual one.

...

Not surprisingly, organizations that are in serious trouble tend to be the most difficult clients. They need to change the most and are least able to do it. For low-performing organizations, the tension of failure is so high that they are unable to take one more risk, and so instead they hold on to their unsatisfactory performance. In these extreme cases, there is probably not much consultants can do to surface the resistance to change. We may just have to accept it."

Julgo que já escrevi sobre este tema, Procrastinação e falta do sentido de urgência, sobre empresas que adiam a aplicação de micro-mudanças ao longo do vector tempo, ampliando o gap entre o que são e o que deveriam ser, até que só uma grande mudança a pode ajudar, mas não há experiência sobre como mudar, e há um medo tremendo de falhar ... mudar significa avançar para algo desconhecido, mudar significa medo.

Trechos retirados de "Flawless consulting: a guide to getting your expertise used" de Peter Block.

quinta-feira, abril 13, 2023

Persuadir

"Not surprisingly, almost everyone is relying on the standard approach to drive change: Tell people what to do. Issue demands like: “Don’t go out,” “Stay six feet apart,” Wash your hands,” and “Wear face masks.”

...

Directives aren’t particularly effective in driving sustained behavior change because we all like to feel as if we are in control of our choices. Why did I buy that product, use that service, or take that action? Because I wanted to. So when others try to influence our decisions, we don’t just go along, we push back against the persuasive attempt. ... We avoid doing what they suggested because we don’t want to feel like someone else is controlling us.

...

So if telling people what to do doesn’t work, what does? Rather than trying to persuade people, getting them to persuade themselves is often more effective. Here are three ways to do that.

...

1. Highlight a gap.

You can increase people’s sense of freedom and control by pointing out a disconnect between their thoughts and actions, or between what they might recommend for others versus do themselves.

...

People strive for internal consistency. They want their attitudes and actions to line up. Highlighting misalignment encourages them to resolve the disconnect.

...

2. Pose questions.

Another way to allow for agency is to ask questions rather than make statements.

...

By encouraging them to articulate their opinion, they’ve had to put a stake in the ground — to admit that those things aren’t good for them. And once they’ve done that, it becomes harder to justify the bad behaviors.

...

3. Ask for less.

The third approach is to reduce the size of the ask.

...

A better approach is to dial down the initial request. Ask for less initially, and then ask for more. Take a big ask and break it down into smaller, more manageable chunks."

Trechos retirados de "How to Persuade People to Change Their Behavior

quarta-feira, março 01, 2023

"Just do it!"

 Na segunda-feira publiquei aqui no blogue, "a hypothesis waiting to be tested":

"There's a failure to understand that you can run an organization thinking like a scientist. By that I mean, just recognizing that every opinion you hold at work is a hypothesis waiting to be tested. And every decision you make is an experiment waiting to be run.

So many leaders just implement decisions. It's like life is an A/B test, but they just ran with the A, and didn't even realize that there was a possible B, C, D and E. Too many leaders feel like their decisions are permanent."

 Entretanto, li mais uns trechos retirados de "How Big Things Get Done" de Bent Flyvbjerg e que julgo que encaixam bem com os sublinhados acima:

"A preference for doing over talking -sometimes distilled into the phrase "bias for action" - is an idea as common in business as it is necessary. Wasted time can be dangerous. "Speed matters in business," notes one of Amazon's famous leadership principles,

...

however, that Bezos carefully limited the bias for action to decisions that are "reversible." Don't spend lots of time ruminating on those sorts of decisions, he advises. Try something. If it doesn't work, reverse it, and try something else. That's perfectly reasonable.

...

When this bias for action is generalized into the culture of an organization, the reversibility caveat is usually lost. What's left is a slogan - "Just do it!"

...

we found that managers feel more productive executing tasks than planning them," ... "Especially when under time pressure, they perceive planning to be wasted effort." To put that in more general behavioral terms, people in power, which includes executives deciding about big projects, prefer to go with the quick flow of availability bias, as opposed to the slow effort of planning."

segunda-feira, fevereiro 27, 2023

"a hypothesis waiting to be tested"

"There's a failure to understand that you can run an organization thinking like a scientist. By that I mean, just recognizing that every opinion you hold at work is a hypothesis waiting to be tested. And every decision you make is an experiment waiting to be run.
So many leaders just implement decisions. It's like life is an A/B test, but they just ran with the A, and didn't even realize that there was a possible B, C, D and E. Too many leaders feel like their decisions are permanent. [Moi ici: E ignoram aquela lição de vida - O que é verdade hoje, amanhã é mentira - as alterações do contexto tornam obsoletas as boas decisões do passado] As opposed to saying, "We're going to test and learn."
...
If you have a skeptical or resistant audience, it's not effective to go into prosecutor mode. It just invites the other person to bring their best defense attorney to court, and then we're just butting heads and nobody learns or opens their mind or changes anything. I think there are some good alternatives, including motivational interviewing, which is to just say, hey, I'm excited about this change. I'm anticipating some resistance. And I'd love to know what would motivate you to try this? Is there anything that would make it worth considering for you? And then you actually learn what motivates people by interviewing them as opposed to trying to shove your idea down their throats."

Trechos retirados de "Why CEOs Should Think Differently- and Experiment" publicado no WSJ do de 23 de Fevereiro último.

sexta-feira, fevereiro 10, 2023

Por que engonhamos tanto?



Na capa do JN de ontem:

O futuro em Portugal anda à velocidade de um caracol. Estamos em Fevereiro de 2023. 

Aqui no blogue em Abril de 2007 - "Estava escrito nas estrelas ...". Depois, em Abril de 2008 "Um caminho para a farmácia do futuro?" e esta série até Janeiro de 2018 - A farmácia do futuro (parte VII).

Por que engonhamos tanto? Tanta gente a defender o passado, tantos responsáveis com medo de abraçar o futuro. Tanto tempo perdido, tantos recursos desperdiçados, tanta gente prejudicada.

terça-feira, outubro 25, 2022

Acerca das mudanças

Tapar o sol com uma peneira.

Tratar os sintomas em vez de ir às causas.

Pregar uns valores e princípios e praticar o oposto.

Enganar as pessoas.

Não preparar as pessoas para aquilo que para elas vai ser uma surpresa.

Apresentar uma dança da chuva qualquer para enganar papalvos.

Alguns conselhos, "Don't just Tell Employees Organizational Changes Are Coming - Explain Why":

"Inspire people by presenting a compelling vision for the future. During times of uncertainty, people experiencing change want a clear view of the path ahead. It’s important to share what you know – including what’s changing, when, and how. But for most change initiatives, it is also helpful to start with a narrative or story that clearly articulates the “big picture” – why change is important and how it will positively affect the organization long-term. This should serve as the foundation for how you communicate about the change moving forward.

...

Keep employees informed by providing regular communications. Change communications is never a one-and-done event; keeping employees informed is something that you will have to do throughout every step of the change process. Studies have found that continual communication is a leading factor in a transformation’s success. When thinking about how to communicate, keep the following in mind:

Be clear and consistent: All of your communications should tie back to the narrative that you developed, reiterating the case for change and presenting a compelling future vision.

You will not have all the answers:

...

Don’t forget to articulate “What’s in it for me?”:"