terça-feira, janeiro 17, 2012

Quem é que gosta de viver numa "Reserva Integral"? (parte III)

Parte I e parte II.
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Mais alguns tópicos a acrescentar para reforçar a nossa tese de que a desigualdade salarial na indústria é, acima de tudo, uma função das mutações seguidas por cada tipo de empresa.
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"Due to Germany’s skill shortage, offshoring to Eastern Europe has led also to lower wages for skilled workers in Germany. German firms offshored the skill intensive part of the value chain to exploit the low cost skilled labour available in Eastern Europe. As a result, the demand for this type of labour in Germany was lower, putting downward pressure on skilled wages in Germany. Hence, offshoring improved Germany’s competitiveness by increasing German firms’ productivity and by lowering its skilled wages." (aqui)
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Na América sem paciência, muitas empresas do ponto de partida inicial deslocalizaram-se para a população2 e não há uma massa crítica com dimensão suficiente nas mutações B e C (aqui, aqui e aqui).
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Verdadeiramente absurdo, no longo prazo, como tive oportunidade de comprovar ao vivo no passado Sábado, são as empresas com a mutação C e que se deslocalizaram para a população2. Primeira passo para a sua radioclubização!!!
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O destino para quem vive na "Reserva Integral" é este:
E quem é que gosta de viver na "Reserva Integral"?
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Continua.

Acerca de modelos de negócio (parte II)


segunda-feira, janeiro 16, 2012

Fugir à abordagem eficientista (parte I)

Este artigo "Great Products Are Nice. But Great Businesses Add Services To Them" onde se pode ler, por exemplo:
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"Your Product Is Just a Gateway
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Generally speaking, service-enhanced products command premiums and deliver superior customer experiences compared to their product-only analogs."
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Está em linha com o que vamos escrevendo aqui há muito, o produto é cada vez mais uma desculpa, um artifício, para o que é realmente importante: Construir uma relação com os clientes-alvo.
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Por isso, também a frase:
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"Let Your Customers Show You What They Want
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Another alternative to the traditional model of designing and manufacturing a suite of SKUs is to allow the consumer to become the product designer of customized products made to his or her specifications. This type of service offering is compelling for the customer because of the emotional attachment he or she develops with a product they had a hand in making."
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Tudo a convidar a fugir à abordagem eficientista que tudo quer normalizar, padronizar.

Acerca de modelos de negócio


A soarista

A propósito do artigo "Trabalha-se muito em Portugal mas a produtividade é baixa" ocorre-me perguntar como é que se pode escrever assim? Tanta confusão, tantos assuntos metidos a martelo... se ao menos houvesse um fio condutor...
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Se o editor de economia escreve assim, não admira que esteja no mesmo jornal da comentadora económica Ana Sá Lopes.
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Ana Sá Lopes não deixa de me surpreender com a sua capacidade verdadeiramente "soarista" de dizer uma coisa e o seu contrário, às vezes numa mesma frase. Depois, de anos a dizer das agências de rating o que Maomé não disse do toucinho, ei-la que alinha ao lado delas.

Exemplos que vêm do Porto

Talvez alguns hoteleiros tenham alguma coisa a aprender com as lições deste artigo "Lojas centenárias do Porto resistem à crise":
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"Quando a qualidade de artigos exclusivos (Moi ici: Os atributos do que se oferece, por um lado. Exclusivo significa que não se trabalha para todos, não se trabalha para quem aparece. O cliente tem sempre a última palavra, mas o fornecedor tem a primeira palavra, quando escolhe com quem e para quem quer trabalhar) anda de mãos dadas ao bom serviço dos empregados, (Moi ici: Gente motivada que sabe co-produzir a melhor solução e, com conhecimentos que permitem uma actuação como consultor de compra e não como um empurrador de vendas) ao investimento (Moi ici: Não é a mentalidade de poupar e cortar em todo o lado, especialmente onde se tem o potencial para fazer a diferença) e empreendedorismo diário (Moi ici: Nunca parar de melhorar a experiência oferecida, estar sempre atento ao feedback dos clientes) e à não exploração do cliente (Moi ici: Não trair as expectativas dos clientes em resultado do que está para trás) asseguram-se os ingredientes certos para que um negócio centenário resista à crise e mantenha lucros."
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Tão fácil desenhar o modelo de negócio em que assentam...
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Não nos fartamos de propor esta abordagem aqui no blogue. Uns poucos triunfam com base no serviço aos clientes que procuram o serviço mais barato, outros triunfam com base na conveniência, outros podem triunfar com base na qualidade do que oferecem. Assim, de repente, encontramos os três tipos de proposta de valor puras:
  • o preço mais baixo;
  • o serviço à medida;
  • o melhor produto.
Claro que existem milhões de combinações possíveis em função da gradação de cada componente, tudo depende do segmento a quem nos dirigimos.
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Admiro tanto estes gerentes que souberam seguir o caminho menos percorrido e encontrarem o seu nicho.

Só sou consultor...

"Esta semana, aliás, foi divulgada a fusão entre os grupos Lágrimas e Alexandre Almeida, cadeias que actuam num segmento de mercado de charme, em locais como Coimbra, Bussaco, Curia, Porto e Lisboa. Embora na primeira fase a operação se traduza apenas numa fusão operacional e não de propriedade, o presidente do grupo Lágrimas, Miguel Júdice, adianta que "a gestão conjunta do portefólio permitirá reduzir os custos operacionais em 10%". Para o gestor, o relevante desta operação é tornar "a empresa mais sólida, permitindo ganhos de escala para afirmar a cadeia a nível exterior"."
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Só sou consultor... mas misturar "segmento de charme" com ganhos de escala e redução de custos operacionais é perigoso.
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E o que é que vão fazer para aumentar o valor potencial da oferta? E o que é vão fazer para tornar a proposta de valor mais atraente?
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Prefiro acreditar na abordagem que se segue:
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"Já para Manuel Proença, "há sempre lugar para hotéis que se posicionem em nichos de mercado, em novos conceitos e experiências". Basta dar como exemplo o hotel Vila Joya, no Algarve, que actua num mercado muito exclusivo. Contudo, o panorama do sector em Portugal pode ser mais complexo e até apresentar situações de incapacidade de gestão de muitos líderes de empresas. "Existem poucos hoteleiros com capacidade para gerir", salienta Manuel Proença."
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Claro que isto implica muito mais do que ter a porta aberta, implica reflexão interna, implica subir na escala de abstracção e escolher um segmento de clientes, os clientes-alvo. Implica nunca parar de procurar servir cada vez melhor esse segmento.
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Não esquecer a evolução do sector:
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"As dormidas nos estabelecimentos hoteleiros decresceram 3,4% face ao período homólogo, atingindo 1,9 milhões. Esta inversão de tendência deve-se ao contributo negativo dos residentes (-12,2%), já que os não residentes mantiveram uma evolução positiva (+2%).
Os proveitos apresentaram igualmente quebras homólogas, de 4,1% para os proveitos totais e 3,6% para os de aposento."

domingo, janeiro 15, 2012

JUST DO IT!!! (outra vez)

"«Vou falar aos franceses no final do mês, vou dizer-lhes quais as decisões importantes que é preciso tomar sem perder tempo»" palavras proferidas a 15 de Janeiro.
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Trecho retirado daqui.
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Claro que Sarkozy precisa de 15 dias, precisa de 15 dias por que não vai dizer a verdade ao povo francês. Precisa de 15 dias para "inventar" uma maquilhagem para contar ao povo francês e, ingénuo, tentar enganar quem empresta dinheiro à república.
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Quando alguém fala em ter coragem é porque... muito provavelmente não a tem.
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JUST DO IT!!!

Quem é que gosta de viver numa "Reserva Integral"? (parte II)

Parte I.
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Voltando à figura:
Voltemos ao ponto de partida. Embora cada empresa dentro do sector seja diferente, no nosso exemplo, estabelecemos que teriam o mesmo tipo de clientes e o mesmo volume de facturação. Admitamos, agora, que também os salários pagos dentro de cada empresa teriam uma distribuição mais ou menos semelhante à do sector.
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O que acontece aos salários dos trabalhadores que trabalham em cada mutante?

  • A - Muitos deixam de ter salário simplesmente porque as mutações A1 não conseguem resistir à vantagem da população2 e, por isso, vão para o desemprego. Os que trabalham para A2, por que estão no mundo da eficiência, ora vão para o desemprego, porque as empresas automatizam e conseguem produzir mais do mesmo com menos gente, ora conseguem manter-se empregados ora com redução de salários, ora com erosão de poder de compra sem redução salarial nominal.  Quem trabalha para os mutantes A1 e A2 terá uma evolução salarial em que o seu poder de compra seguirá a espiral na via descendente a partir do ponto inicial. Os encalhados da tríade foram educados num tempo em que o custo era a alavanca, porque o preço era a única variável relevante. Por isso, só falam em redução de salários, ou de desvalorização da moeda, como forma de reconquistar vantagem competitiva. Acredito que, por um lado, não fazem ideia do peso dos salários na estrutura de custos, por outro, não fazem ideia da disparidade dos salários entre a população1 e a população2. Exemplos recentes na net aquiaqui e aqui .
  • B1 - Muitos B1 têm uma existência mais ou menos assegurada, mas como não percebem como são diferentes das mutações A, acabam por ter o mesmo tipo de rendimentos e de salários, ou seja, evolução decrescente na espiral do nível de vida. Os B1 que tomam consciência da diferença têm potencial para subir na espiral e melhorar o nível de vida dos seus colaboradores. Contudo, nem sempre o fazem, como os media e os encalhados uniformizam e homogeneízam as indústrias nos media, a percepção é que está tudo mal e que a crise é geral. Assim, qualquer mutação B1 pura pode passar por uma sobrevivente à rasca e pagar o nível de salários de A quando o seu negócio já não é desse campeonato. Recordar o choradinho por causa do aumento do preço do algodão em mais de 25% e as consequências nas vendas dos têxteis portugueses e o outro por causa do efeito do aumento dos preços das matérias-primas em 30% nas vendas do calçado português.
  • B2 - Os B2 normalmente apostam na subida na espiral do nível de vida dos seus colaboradores por que têm de captar gente com talento para fazer a diferença, e as margens, ganhos de produtividade assentes na criação de valor potencial, permitem a fazê-lo sem perda de competitividade, pelo contrário. A alavanca não é o preço, é o valor percepcionado pelos clientes quando integram o produto ou serviço na sua vida.
  • C1 - Os C1 apostam na subida na espiral do nível de vida dos seus colaboradores como os B2 pelos mesmos motivos. Estudar bem este exemplo "The Anti-Kodak: How a U.S. Firm Innovates and Thrives" (interessante)  por cá encontramos exemplo, à nossa escala, em tantas empresas de sectores tradicionais que têm marca própria e operam na moda e na tecnologia.
Se o proteccionismo nos colocar numa "Reserva Integral" para índios, estaremos na espiral sempre a decrescer, sempre a decrescer.  Quem é que gosta de viver numa "Reserva Integral"? Já sabe a resposta?
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Continua.
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BTW, os B2 e C1 funcionam sobretudo com empresas que estão na posse de gente paciente e que não tem de prestar contas a outsiders.


Uma dúvida

Ora aqui está um bom desafio.
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"Exportações têxteis quebram pelo segundo mês consecutivo"
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"De acordo com os dados hoje publicados pelo INE sobre comércio internacional, e analisados pela Associação do Têxtil e Vestuário de Portugal (ATP), entre Janeiro e Novembro de 2011 o sector exportou 3.723 milhões de euros, o que representa um crescimento de 9,3% face a igual período do ano passado. A meta dos 4 mil milhões fixada para o total do ano está próxima de ser cumprida.
Apesar do crescimento acumulado, os números relativos aos dois primeiros meses do último trimestre do ano mostram um recuo nas vendas internacionais deste sector. Depois da quebra de 3,7% em Outubro, em Novembro (o último para o qual há dados disponíveis) registou-se um novo recuo homólogo de 2,5%.
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Os valores mensais compilados pela ATP dão o retrato quase completo relativo a 2011: até Agosto o crescimento homólogo esteve quase sempre acima dos dois dígitos, em Setembro houve ainda um crescimento, ainda que mais ligeiro (5,8%), enquanto o último trimestre arrancou no “vermelho”.
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Até que ponto as temperaturas outonais de 2011, relativamente altas, tiveram uma influência neste desempenho?
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Uma dúvida para esclarecer com os dados de Dezembro último e Janeiro presente.

Clientes-alvo e rentabilidade

Um bom resumo do livro "Islands of Profit in a Sea of Red Ink", publicado em 2010, pode ser encontrado neste postal "Proitability FAQ" escrito por Jonathan Byrnes.
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Tudo ideias que desenvolvemos e defendemos há largos anos neste blogue:
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"All of our management information and processes were developed in a prior business era. Our accounting categories are too broad to see which accounts and products are profitable and which aren’t – so people simply assume that more revenues equals more profits. Some revenues are very profitable, and a surprising portion produce big losses.
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Como dar a volta à situação:
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"(1) the right information – granular (specific products in specific customers) not aggregated; (Moi ici: Quem são os clientes-alvo? E quais os produtos e serviços que vão ao encontro das experiências que procuram e valorizam positivamente? E qual o mosaico de actividades que melhor servem esse binómio clientes-alvo e respectivos produtos e serviços) (2) the right priorities – first, secure and grow the profitable business, then improve the marginal business, then reprice the money-losers; (3) the right processes – mostly coordinating sales, marketing, and operations to get things right; and (4) the right compensation, especially for sales – matching compensation to real profitability, not just revenues."
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Os pecados capitais:
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"Three big mistakes: (1) assuming that more revenues means more profits; (2) failing to focus attention and resources on securing and growing the business that produces high sustained profitability – this makes a company vulnerable to focused competitors and reduces reported profits; and (3) failing to put anyone in charge of maximizing account and product profitability at the grassroots level (in contrast with putting lots of people in charge of managing budgets).
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In the prior “age of mass markets,” companies sought the economies of scale of mass production, coupled with mass distribution using arm’s length customer relationships. In that era, more revenues really did mean lower costs and more profits. In today’s “age of precision markets,” companies form different relationships with different sets of customers, each with different costs and profits. (Moi ici: Esta é a realidade que julgo mais difícil de percepcionar, ter o grau de abstracção suficiente para distinguir diferentes padrões em função de diferentes tipos de clientes. Há dias uma conversa com um empresário começou com ele a defender que todos os clientes eram iguais, não havia clientes-alvo no negócio dele, todos eram alvos. A conversa acabou com o momento de epifania onde emerge na sua cabeça a consequência dessa prática ...  ) Yet, virtually all of our management information and processes were developed in the prior era, when all revenues really were equally desirable. This is the underlying reason why almost every company has so much embedded unprofitability and why so many managers fail to see and build their sustainably profitable core of business."
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Já aqui contei os casos das empresas industriais que em 2009, apesar de quedas de 30% na facturação ganharam mais ou menos o mesmo... fartavam-se de perder dinheiro com alguns clientes. E outro ponto interessante, esses clientes com os quais perdiam dinheiro, não ficavam com esse valor extraído, porque faliram logo em 2009 ou 2010. Um deles presumo que foi vítima de pedofilia empresarial dado que trabalhava para a indústria automóvel.
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sábado, janeiro 14, 2012

Desenvolver uma marca

"I read an article by the creative director of a large international ad agency. He said his advertising is not intended to sell products. The objective is to “build brands.”
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What could possibly be a better indicator of whether a brand is being built than whether people are willing to spend their money to buy it?
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First of all, you can’t separate selling products from building brands. The idea of taking a deconstructionist view of brands— that they are somehow discrete from the products they represent—has led to the phenomenon of brands without content, the product equivalents of empty suits. We’ve heard their names, we’ve seen their ads, but we have no idea what they are, what they do, or why we should want them.
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Second, the brand babblers are wrong about how great brands are built. They think they can do it with shortcuts—with branding. So instead of a brand being an intrinsic, organic thing that evolves over time from (a) the true essence of a company and (b) carefully conceived product advertising, they have turned it into a contrivance that they tack on. It’s the Dennis Rodman school of marketing: if you don’t have a personality, get
some tattoos.
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Great brands have never been created by “branding.” Great brands have been created by excellent product advertising and patience.
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Brands need character, not tattoos.
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As soon as brand became a verb, branding became an activity. And as soon as it became an activity, it turned into an industry with lots of incompetent practitioners and 29,777 how-to books. Well, I’m here to save you a little reading and a lot of money. The idea that a strong brand can be created through branding is wrong.
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Some things can only be achieved indirectly. You can’t be happy by trying to be happy. If you want to be happy you have to go fishing, or eat a pizza, or clean out your closet.
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Sometimes, the more actively and directly you address a problem, the worse it gets. It’s the same in marketing. You want to have a strong brand? Quit branding. A strong brandis a by-product. It comes from doing a lot of other things right. For example:

  1. Make sure you’re selling excellent products.
  2. Make sure you’re taking good care of your customers.
  3. Make sure your ads demonstrate how you are different from and better than your competitors.

That’s what builds brands, and that’s all you need to know. The rest is chitchat."

Trechos retirados de "The Ad Contrarian" e-book.






Quem é que gosta de viver numa "Reserva Integral"? (parte I)

Consideremos um qualquer ponto de partida e façamos dele a nossa referência:
Agora, nesse instante referencial, consideremos uma população1 de empresas num sector de actividade industrial. Estipulemos que, embora sejam diferentes, cada empresa é uma empresa, os membros dessa população têm mais ou menos o mesmo tipo de clientes e o mesmo volume de vendas.
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Admitamos a ocorrência de:
  • um choque externo, subitamente, o meio onde essa população1 vive é invadido por uma outra população2 que consome o mesmo recurso, poder de compra dos clientes, e tem uma vantagem comparativa enorme a nível de custos que pode suportar;
A população1 começa a sofrer baixas por falta de vendas.
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Quais as reacções dos líderes das empresas da população1 que resistem ao primeiro embate?
  • Alguns nem vão tomar consciência do que está a acontecer, só quando o seu recurso secar para lá do nível da sobrevivência é que vão acordar;
  • Alguns vão desistir e fechar por iniciativa própria;
  • Alguns (A1) vão tentar sobreviver mudando e procurando competir pela eficiência, para conseguir produzir o que já produziam a um custo mais baixo;
  • Alguns (A2) vão tentar sobreviver mudando e procurando competir pela eficiência, em novos mercados onde não costumavam estar presentes;
  • Alguns (B) vão tentar sobreviver mudando e procurando competir pelo serviço, pela flexibilidade, pela relação, pela proximidade;
  • Alguns (C) vão tentar sobreviver mudando e procurando competir pela inovação dos produtos e serviços oferecidos.
O que vai acontecer a cada uma destas mutações da população1 inicial?
  • A1 - é impossível competir com a população2 de igual para igual, a vantagem desta é muito grande. O que acontece é que os A1 puros morrem e surge uma mutação, um híbrido que consegue encontrar um nicho do qual fica prisioneiro. Os A1.1 conseguem sobreviver como subcontratados das mutações B e C, que aproveitam os baixos custos para a realização de tarefas mais rotineiras e menos exigentes, ao mesmo tempo que aproveitam a flexibilidade que acrescentam. Os A1.1 ao entrarem neste nicho conseguem sobreviver mas ficam prisioneiros, nunca conseguem acumular o capital que lhes permita dar o salto para as novas mutações.
  • A2 - muitos conseguem adiar a "morte" aliando custos baixos com o acesso a mercados onde têm uma vantagem transitória: mercados que ainda não estão no radar da população2, mercados onde factores extra, como a língua e os costumes, podem servir de refúgio temporário. Alguns, muito poucos, elementos desta população aproveitam para acumular capital e experiência para evoluírem para as mutações B e C. A maioria dos A2 vive tempo emprestado, no dia em que a população2 focar a sua atenção nesses novos mercados ... a história repete-se.
  • B - alguns vão sobreviver como B puros mas como mentalidade de A1. Assim, conseguem sobreviver mas nunca conseguem acumular capital para sair da cêpa torta. Outros, vão sobreviver como B puros, no entanto, apercebem-se da sua vantagem comparativa face à população2 e outras mutações e tornam-se exímios B1, empresas que dominam a customização e a rapidez, a flexibilidade e a proximidade. A mutação B1 caracteriza-se pelo tipo de equipamentos que utiliza, o tipo de encomendas que aceita, os prazos de entrega que pode oferecer, a panóplia de variedade que pode disponibilizar. Outros B puros, via mutação B1, ou dando o salto directo para uma nova mutação B2 que associa a flexibilidade a uma marca própria e ao contacto directo com o utilizador.
  • C - alguns, poucos, vão aprender a sobreviver e até a prosperar como inovadores tecnológicos com uma marca própria, os C1. Outros, vão evoluir para C2, aprendem a dominar um canal de distribuição e põem os vários tipos de A, B e C1 a trabalhar para eles 
Entretanto, a população2 não fica parada no tempo. O sucesso do modelo que suporta a população2 começa a ser vítima do seu próprio sucesso. A acumulação de capital começa a requerer novas formas de aplicação desse mesmo capital com rentabilidades superiores. A acumulação de capital permite, ou impõe,  que se paguem cada vez melhores salários. Não só por imposição governamental mas também pela concorrência entre empregadores e pela escassez de mão-de-obra. Assim:

  • A1 - começa a ressuscitar o modelo de negócio da eficiência e do baixo custo, com o aumento dos custos da população2 e com o aumento dos custos com a logística.
Entretanto, a democratização do conhecimento, a implosão das referências uniformizadoras sociais, o aumento da dimensão das prateleiras até ao infinito e a redução do seu custo, com a abertura do mundo digital:
  • B - o mundo das tribos, da proximidade, aumenta a dimensão e a quantidade de nichos que podem suportar B1 e B2.
  • C - o mundo das tribos, dos "connaisseurs",  aumenta a dimensão e a quantidade de nichos que podem suportar C1 e C2.
O que acontece com o nível de vida dos trabalhadores que operam em cada família de mutantes? O que acontece à classe média? O que se passa na espiral lá de cima?
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Claro que isto é uma mera simplificação muito rudimentar da realidade. Contudo, a ideia é mostrar a heterogeneidade das respostas e como elas nunca param. Podemos sempre desencantar uma nova mutação B2.1.3 ou A2.B1.2, o erro é declarar uma espécie de "Reserva Integral", como vemos no Parque do Gerês, destinada a proteger a população1 de toda e qualquer interferência externa... uma espécie de Sildávia, pobrezinha mas auto-suficiente.
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Continua.

sexta-feira, janeiro 13, 2012

JUST DO IT!!!

Just do it!!!
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Caro ministro Álvaro Santos Pereira, considera-se um político profissional? Quer fazer carreira na política? Se for expulso da política tem rede que o ampare na queda não tem?
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Então, por favor, deixe-se deste tipo de discurso "O ministro da Economia afirmou hoje que Portugal precisa de "coragem para fazer reformas" e de "desbloquear problemas que estagnaram o seu crescimento" nos últimos 10 anos, quando se apostou num "modelo económico errado", baseado no investimento público.", por favor.
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Portugal não existe, Portugal não é um ser que decide.
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Tenha a coragem de decidir e avançar, se lhe cortarem as vasas não perde nada!
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JUST DO IT!!!

Não sei se se aperceberam disto

Não sei se se aperceberam disto relativamente ao sector do mobiliário português:
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"Embora não estejam ainda disponíveis os dados relativos a Novembro e Dezembro, a associação antecipa que 2011 termine com um crescimento na ordem dos 9% face a 2010, o que, "a verificar-se, coloca, pela primeira vez, as exportações da indústria de mobiliário e colchoaria acima dos mil milhões de euros"".
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Entretanto, o que é que aconteceu na Europa ao mercado do mobiliário?
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"as austerity has begun to bite and other signs of economic strain have emerged in Europe during 2011, EU imports of wood furniture have weakened again in 2011. In the first 6 months of the year, the value of imports fell by 11 percent.
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Imports were down from all the major supply countries including China (-11 percent), Vietnam (-8 percent), Indonesia (- 20 percent), Malaysia (-21 percent) and Brazil (-24 percent). As with the upturn, the downturn has been almost universal across all EU Member States."
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A isto chama-se ganhar quota de mercado!
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Isto é o que acontece a quem não combate no campeonato do preço mais baixo!

Abraçar os constrangimentos sem dramas

"Don't Relax Constraints, Embrace Them"
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Em sintonia com o que escrevi aqui no passado, sobre a vantagem de abraçar a mudança estrutural em vez de lhe resistir, por exemplo em: "Abraçar a MUDANÇA em vez de lhe resistir"

1 Origem de uma metáfora

Quando tinha 12, 13, 14 anos delirava com as histórias de banda desenhada de revistas como o “Falcão” ou como o “Mundo de Aventuras”. 

Um dos meus heróis favoritos era o Flash Gordon. Flash, Dale Arden e o Professor Zarkov eram terrestres que tinham chegado ao planeta Mongo, um planeta que se estava a aproximar da Terra. 

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Em Mongo, o malvado imperador Ming, “O Impiedoso”, planeava um ataque para conquistar a Terra. Flash, ao longo de várias aventuras, consegue unir as diferentes tribos de Mongo contra o poder de Ming e vencê-lo. 

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A certa altura, ao ler/ver um dos números de uma das revistas, paro, abstraio-me da história e penso naquilo que estava a ver. Vários quadrados tinham sido fundidos num maior que permitia representar uma versão mais detalhada da cartografia de Mongo com os seus mares e continentes. 


No mapa, num mesmo plano, estavam representados os principais povos de Mongo. Era possível ver Arboria, era possível ver "A Cidade do Céu" dos Homens-Falcão, era possível ver os Homens-Leão, os Homens-Lama, … e ao olhar para tudo aquilo fui invadido por um sentimento de incredulidade, como era possível, num mesmo planeta, numa mesma época, coexistirem povos com níveis tecnológicos e com costumes tão diferentes? E o que era mais inverosímil para mim, jovem adolescente, era que essa diferença não ocorria por causa de dificuldades ou pobreza mas por opção assumida por cada povo, por cada tribo de Mongo. Para mim, naquela segunda metade da década de setenta do século passado estava bem de ver para onde ía o nosso planeta e não tinha nada a ver com Mongo. Para mim, o planeta Terra caminhava para uma globalização uniformizadora de costumes, com base no padrão ocidental. A roupa e a tecnologia ocidental, iriam homogeneizar o mundo e não seria possível equacionar um futuro com tanta variedade como se podia ver naquele quadrado sobre Mongo.
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Anos depois, esta imagem de Mongo, repleto de diversidade, veio-me à memória enquanto assistia um noticiário televisivo e via imagens da gravação de uma conferência de imprensa de terroristas de uma facção separatista islâmica algures no arquipélago das Filipinas. Eles tinham catanas e velhas espingardas para combater o exército filipino que tinha armas fornecidas pelos Estados Unidos da América. Ao olhar para aquela cena disse, para mim mesmo, com estupefacção:
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“Isto é Mongo!!! Nós vivemos em Mongo!!!”
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Em Novembro de 2007, assisti a uma apresentação de Chris Anderson sobre “A Cauda Longa”. Nela o autor mostrava a explosão de diversidade nos gostos dos norte-americanos, desde a proliferação de canais e séries de televisão, até ao número de marcas e tipos de cerveja na prateleira de um supermercado. Por todo o lado: variedade, variedade e ainda mais variedade. Então, uni as peças do puzzle que a realidade me fornecia mas que ainda não tinha relacionado, e pensei nas prateleiras dos supermercados que conhecia… a multidão de variedades de azeite, de arroz, de vinhos, de chocolates, de pães, …
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Novamente, voltei a murmurar, para mim mesmo, com estupefacção:
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“Isto é Mongo!!! Nós vivemos em Mongo!!!”
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Ou melhor, a nossa economia vai a caminho de se transformar num planeta Mongo. Um planeta, um mercado, pleno de diversidade que resulta do casamento das oportunidades que a tecnologia disponiliza para aumentar a variedade das ofertas, com o estilhaçar das barreiras mentais e culturais que condicionavam as opções pessoais de cada um.

A democratização da produção, da distribuição, do conhecimento, do gosto vão criar milhões de nichos, milhões de tribos, um mundo de diversidade.

Não uniformizarás!

"Os patrões estão determinados a reduzir os custos de laborais das empresas. Entre as medidas que apresentaram para substituir o aumento de 30 minutos do horário de trabalho diário, estará uma redução até 20% do tempo de trabalho e um corte de salário proporcional, bem como uma alteração do regime de compensação de faltas."
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A parte sublinhada é caricata.
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No entanto, se pegarmos só na segunda parte "estará uma redução até 20% do tempo de trabalho e um corte de salário proporcionalfaz todo o sentido, face à situação do país. Sim, eu sei que é um corte de 1/5 do salário, mas a alternativa é o despedimento, basta olhar para os números das horas trabalhadas nos serviços.
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O trecho acima começa com "Os patrões estão determinados a reduzir os custos de laborais das empresas". Quem são estes patrões?
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Os patrões são todos iguais? Os patrões estão todos à frente de empresas com o mesmo tipo de problemas?
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Para a maioria dos patrões, os que estão à frente de empresas que vivem para o mercado interno, esta última proposta faz todo o sentido. A maioria destas empresas tem, neste momento, um excesso de capacidade instalada e, face ao colapso da procura interna, vão ter de reduzir custos para atravessar o deserto. A proposta anterior só funciona para quem tem procura suficiente para ocupar essa oferta de mais tempo de trabalho, a não ser que se possa despedir gente tornada excessiva.
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Já para os que estão à frente de empresas que exportam, o aumento de 30 minutos podia ser benéfico para os que competem num sector onde o preço seja um "order winner". Contudo, creio que a maioria (empresas do tipo 1.1 e 1.4) beneficiaria mais de medidas que permitissem flexibilizar a capacidade de resposta das empresas sem grandes custos e burocracias.
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Os patrões não são um grupo homogéneo afligido uniformemente com as mesmas preocupações, tudo depende da forma como as empresas competem no mercado.
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Trecho retirado de "Patrões querem poder cortar salários dos trabalhadores até 20%"

Sistematização de ideias

Pensemos em indústrias que fabricam:
Qual o campeonato das empresas que estão em 1?
  • produz pequenos volumes. Logo, não pode competir por margens pequenas. Assim, o negócio não pode ser o preço mais baixo. Pode ser serviço, a flexibilidade é uma conveniência e pode ter um valor potencial para certo tipo de clientes. A flexibilidade pode traduzir-se em: rapidez de resposta associado a um produto standard, serviço à medida com ou sem rapidez. Pode ser inovação, o domínio de uma vantagem capaz de colocar produtos dedicados com desempenho superior em vários nichos.
Qual o campeonato das empresas que estão em 3?
  • produz grandes volumes em grandes volumes. Logo, o negócio é escala. O negócio é vender ao preço mais baixo, o negócio é concentração paranóica na eficiência 
Agora, para o campeonato das empresas que estão em 1 temos:
Empresas em 1.1 aliam flexibilidade produtiva e capacidade de I&D capaz de lançar constantemente novos produtos. Por exemplo, são empresas como a Felmini que disponibiliza marca e design próprio com rapidez de criação e de reposição.
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Empresas em 1.4 competem pela flexibilidade, pelo serviço, pela rapidez. Por exemplo, são empresas como a Lusomedicamenta que disponibiliza recursos para produção de muitas pequenas séries para muitos clientes.
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Empresas em 3.3 competem pelo preço mais baixo, com margens apertadas, muita eficiência e com linhas de produção dedicadas à produção de grandes volumes com o mínimo de sobressaltos.
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Tendo em conta esta "sistematização de ideias", a produção de automóveis familiares é um negócio de quantidade e, por isso, as empresas desse sector são do tipo 3.3. Ainda ontem se podia ler no Público: "O construtor automóvel norte-americano General Motors (GM) poderá mudar alguma produção para fábricas na Europa, se conseguir um acordo de redução de custos com o seu sindicato alemão."
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Continua.

quinta-feira, janeiro 12, 2012

Talvez fosse bom... (parte II)

Sair do gabinete e visitar umas empresas...
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Lembram-se das previsões de Daniel Bessa?
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Longe da realidade e encalhados em modelos mentais obsoletos, em que o preço é a única variável, os membros da tríade são incapazes de perceber como é que isto acontece:
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"Cochrane has invested $5 million and is hiring 130 workers to build middle- to higher-priced solid wood furniture (Moi ici: Fugir do negócio do preço. Um pouco como a TemaHome começou a fazer há uns anos e muitos mais no sector do mobiliário português também. Sector que no ano passado teve o seu recorde de exportações, mais de cerca de 60% da produção. BTW, quando em Agosto e Setembro passado escrevi isto e isto: "começo a desconfiar que a recessão na Europa pode ter um lado positivo para as PMEs portuguesas"; era disto que pensava, por exemplo, as exportações de mobiliário cresceram 9% em 2011, no entanto, "However, as austerity has begun to bite and other signs of economic strain have emerged in Europe during 2011, EU imports of wood furniture have weakened again in 2011. In the first 6 months of the year, the value of imports fell by 11 percent.". O truque não está a ser crescer por que o mercado está a crescer, está a ser conquistar quota de mercado a outros) in the same sprawling Lincolnton warehouse that his family once ran.
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Obama shared Cochrane's family story of selling the business and then watching jobs go overseas. Cochrane then went overseas himself to work as a consultant for American furniture makers. And then, Obama said, Cochrane noticed something he didn't expect. (Moi ici: Nem ele nem os encalhados que pensam que o preço/custo é tudo)
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"Their customers actually wanted to buy things made in America,"  (Moi ici: O factor autenticidade)  Obama said. "So he came home and started a new company, Lincolnton Furniture, which operates out of the old family factories that had been shut down. He's even rehired many of the former workers from his family business."
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Referring to Cochrane, Sirkin said many manufacturers are feeling pressure from retailers to deliver goods faster.  (Moi ici: A vantagem das cadeias logísticas curtas: flexibilidade, rapidez, proximidade que permite customização, que diminui desperdícios, monos e não requer uniformização à la IKEA)
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"He doesn't have to ship furniture that will take three months to get to the U.S.," Sirkin said. "He can build it tomorrow and it can be in California in five days."
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Caro Pedro Arroja, se quiser, dou-lhe uma lista de empresas que poderá visitar para recolher informação em primeira mão, sem mediador, onde pode falar com empresários, muitos sem curso, sobre o que é isto de produzir para o campeonato do valor. Uma, onde estive ontem de manhã, cresceu mais de 60% em 2011.
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Engraçado no artigo do jornal "Furniture manufacturer brings jobs back to N.C." o jornalista também só apreende e sublinha a mensagem de que vêm aí mais oportunidades porque os custos americanos vão ficar competitivos face à China... sim isso vai ser verdade, para lá e para cá, no entanto, a notícia é sobre alguém que está a pensar nos preços médio-altos. 
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Talvez fosse bom...

Mais importante do que a precisão dos números é a mensagem que os acompanha.
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Enquanto os encalhados continuam agarrados como lapas ao modelo mental associado ao preço mais baixo (custo mais baixo), talvez fosse de reflectir nesta narrativa:
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"Over 60% of companies out there are operating on a dated business model and 20% operating with a mental model that had expired for more than 5 years. There are little reasons for those 20% of companies to survive another 5 years or even 3 and for the other 60% they have a short window of opportunity to design and orchestrate their transformation.
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Rapid changes in external environment, consumer behavior, global economics and disruptive technologies are throwing off the most rigor business strategies and the best trained managers. Although everyone expect to see big changes ahead but people reacts differently to change."
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Quando, há segunda-feira, Medina Carreira na televisão, ou, a qualquer momento, Pedro Arroja na internet, abrem o Evangelho do Proteccionismo, talvez fosse bom que também revissem os seus modelos mentais.

A vantagem dos ignorantes

Da próxima vez que ler ou ouvir um encalhado a prever o descalabro da economia portuguesa que exporta (BTW, ontem estive numa empresa que espera este ano não ser obrigada a crescer o mesmo que cresceu em 2011, mais de 60%) vou recordar estas palavras de Gary Hamel retiradas do capítulo VII do livro "The Future of Management"
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O título fez-me recuar a 2009 e ao suíço que se dedicou a produzir azeite quando ainda não era sexy fazê-lo.
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"Going to War with Precedent
To get started, you’re going to have to cross swords with innovation’s deadliest foe: the often unarticulated and mostly unexamined beliefs that tether you and your coleagues to the management status quo. Al of us are held hostage by our axiomatic beliefs. We are jailbirds incarcerated within the fortress of dogma and precedent. And yet, for the most part, we are oblivious to our own captivity. (Moi ici: Como é que os números das exportações portuguesas são explicados pela tríade? Como explicam o seu crescimento? Como explicam a balança comercial sem o impacte dos combustíveis?)
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“The people who have a stake in the old technology are never the ones to embrace the new technology. It’s always someone a bit on the periphery, who hasn’t got anything to gain by the status quo, who is interested in changing it.” Of course it’s hard to think like an outsider when you’ve spent years swimming in the mainstream. (Moi ici: É a companhia de Parsifal e Siegfried, é a vantagem dos que abandonam o rolo uniformizador de modelos mentais da escola...)
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Like fish that can’t conceive of a world not immersed in water, most of us can’t envision management practices that don’t correspond to the norms of our own experience.
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Remember the old saw about the tendency of generals to refight the last war rather than the one at hand? (Moi ici: Quando os generais encalhados da tríade acham que podemos competir no campeonato do preço mais baixo a produzir grandes séries uniformizadas, pensam em reduzir salários e aumentar tempo de trabalho... quantos falam de aumentar a flexibilidade? O que se segue aplica-se tão bem ao que sentia quando escrevi este postal ou ainda este outro) Like experts in other fields, military leaders have a hard time dethroning out-of-date beliefs. One example: for nearly a century after the invention of the musket, European generals continued to arrange their infantry in formations better suited to pikes and bows than to flintlocks. Two generations of commanders had to pass from the scene before new and more appropriate force formations final y supplanted traditional battlefield groupings. This anecdote ilustrates two important characteristics of any dominant paradigm: first, it is usual y bequeathed from one generation to the next; and second, the beneficiaries often take possession without questioning its provenance or its relevance to new contexts.
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Think about it: How did you come by your basic beliefs about the best way to organize, motivate, lead, plan, and alocate resources? No doubt you were socialized and indoctrinated—in B-school lectures and management development programs, in coaching sessions with mentors and in conversations with col eagues. The fact is, you inherited most of your management beliefs from others. They came to you, secondhand, from celebrity CEOs, management gurus, and gray-haired professors—most of whom are either long-dead, long-retired, or long in the tooth. Now, with so much change afoot, it’s time to reexamine your heirloom beliefs.
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Temporary Truths
A glance back through history reminds us that time often proves conventional wisdom wrong. As it happens, the sun doesn’t revolve around the earth. Infectious diseases are not caused by bad humors. And the world wasn’t created in six days. The future has a way of making monkeys out of die-hards who cling too long to old certainties."

Valor

Nem de propósito, depois de ontem ter referido Menger.
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"Among the most egregious of the fundamental errors that have had the most far-reaching consequences in the previous development of our science is the argument that goods attain value for us because goods were employed in their production that had value to us.
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Hence there is no necessary connection between the value of goods of lower or first order in the present and the value of currently available goods of higher order serving for the production of such goods
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Hence the principle that the value of goods of higher order is governed, not by the value of corresponding goods of lower order of the present, but rather by the prospective value of the product, is the universally valid principle of the determination of the value of goods of higher order.
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Only the satisfaction of our needs has direct and immediate significance to us. In each concrete instance, this significance is measured by the importance of the various satisfactions for our lives and well-being.
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The value of goods of higher order is therefore, in the final analysis, nothing but a special form of the importance we attribute to our lives and well-being. Thus, as with goods of first order, the factor that is ultimately responsible for the value of goods of higher order is merely the importance that we attribute to those satisfactions with respect to which we are aware of being dependent on the availability of the goods of higher order whose value is under consideration."
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Texto escrito em 1871 retirado de "The Value of Goods of Higher Order"

quarta-feira, janeiro 11, 2012

10 tipos de inovação

Gostei do esquema:
Que retirei daqui.

Subjectivismo e valor

"All economic science has endeavored to account for real-world phenomena. The classical economist believed that these phenomena are to be seen as having been inexorably determined by the underlying physical realities. The availability of scarce natural resources, in conjunction with population and its demographics, basically determine the course of human history. What emerges over history is inescapable, it cannot be substantially altered by human will. Economic history emerges as automatically determined by the objective conditions governing and surrounding production. It was against this premise that Menger did revolutionary battle in his 1871 Grundsätze.
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The central thrust of Menger’s book, we argue, was not so much his articulation of a subjective (marginal utility) theory of value, as his vision of the entire economic process of production as expressing the imprint, upon external reality, of the human factor. It was this vision that led him to formulate his theory of goods of various “orders,” in which it is the preference of the final consumers that determines the place of each potential resource in the structure of production, and that ultimately assigns market values to all of them.
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It was this vision that led him (some twenty years earlier than his fellow pioneers in the marginalist revolution, in other schools) to glimpse, at least, the outlines of the theory of marginal productivity within the very formulation of the marginal utility theory of value.
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What ultimately determines the economic phenomena that we observe in the real world is, in this Mengerian vision, not the physical conditions governing production, but the needs of human beings. It is the latter that determine production methods, and the assignment of market values to goods, and incomes to owners of agents of production. Menger’s vision is thus subjective in the fundamental sense that what emerges in real-world economies is the expression of human preferences as exercised against a background of given, passive resource constraints and endowments."
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Trecho retirado de "The driving force of the market: essays in Austrian economics" de Israel M.Kirzner.
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Interessante reter "Rational - by definition an ideology"

Em linha com a explosão de diversidade

"According to sociological studies, the aestheticization of everyday life and, thus, the aestheticization of comsumption are possibly the strongest characteristics of post-modern European societies. Post-modern individuals are on a never-ending identity quest; a quest to define the meaning of their lives. Consumers go to markets to produce their identity - specially their self-images.
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According to the English Marketing Society, recent research has revealed a powerful backlash among consumers in sophisticated markets against the common approach of consumer marketing. What is emerging is a tribal brand culture, where the brands are selected by consumers based on attitude and in-depth, sometimes expert, knowledge about the authenticity of a product, and where these brands become the ultimate expression of self. The allure of these brands is about discovery – consumers express the sense that they ‘made’ the brand.
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Consumers increasingly regard brands as shared cultural property rather than as privately owned intellectual property. Familiarity breeds ownership: brands ‘belong to us’ and not to the companies that own them.”
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Se isto é verdade... e fico a salivar por um dia ter oportunidade de ler "Consuming People: From Political Economy to Theatres of Consumption" de Dholakia e Firat... está certamente em linha com a explosão de diversidade sobre o qual se alicerça Mongo.
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Trecho retirado de "Working consumers: the next step in marketing theory?" de Bernard Cova e Danielle Dalli publicado pela revista Marketing Theory em Setembro de 2009.

terça-feira, janeiro 10, 2012

Valor versus preço

Tal como reza o mantra deste blogue: trabalhar, focar o valor e não o preço.
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"How to Compete on Value, Not Price"
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De salientar em como a maioria das perguntas e sugestões têm a ver com a experiência e contexto de uso.
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Ontem, a trabalhar com uns terapeutas, fiquei fã da abordagem de uma tal "escola canadiana":
 A melhor proposta de solução há-de resultar da conjugação das características da Pessoa, tendo emn conta o Ambiente em que vive e as suas Ocupações.
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Como fixei num postal recente de Tim Kastelle:
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"I don’t get it. Would an analysis like that really turn up where I am now?”“I don’t know,” Tamaru said. “It might, and it might not. It depends. I’m just saying that’s what I would do. Because I can’t think of anything else. Every person has his set routines, when it comes to thinking and acting, and where there’s a routine, there’s a weak point.”
“It sounds like a scientific investigation.”
People need routines. It’s like a theme in music. But it also restricts your thoughts and actions and limits your freedom. It structures your priorities and in some cases distorts your logic…”
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Aqui a ideia de Kastelle era a de alertar para o quanto as rotinas nos barram a inovação. Contudo, aqui, falamos de rotinas para descobrir o contexto em que a oferta vai ser usada, que experiências vão ser proporcionadas.

A diferença

Quando falo das 3 economias (ver marcador) e da sua heterogeneidade é uma forma de falar desta diferença "Structurally impaired jobs vs. non-impaired jobs".
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É absurdo falar da economia como um todo, com os mesmos problemas e oportunidades.
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BTW, onde é que o Estado andou a torrar dinheiro durante a última década?

O jornal do Bloco?

"No período de setembro a novembro de 2011, as saídas de bens registaram um aumento de 15,1% e as entradas uma diminuição de 3,6%, face ao mesmo período de 2010,
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Em termos das variações homólogas, no mês de novembro de 2011 as saídas aumentaram 15,4%, em resultado da evolução positiva das expedições de bens tanto para os parceiros comunitários como para os Países Terceiros. As entradas diminuíram 7,3% face ao valor registado em novembro de 2010, devido à quebra verificada no Comércio Intracomunitário."
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E que título é que o jornal Público deu a estes factos?
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"Exportações voltam a desacelerar com menos compras por parte da zona euro"
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"Comércio Intracomunitário
No período de setembro a novembro de 2011, as expedições aumentaram 11% enquanto as chegadas diminuíram 8,4%, face ao mesmo período do ano anterior."
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Trechos retirados do boletim do INE.

A revolução em marcha

A maior ameaça à sociedade criada pela Revolução Industrial:

"3D Systems, a maker of 3D printers that cost as much as $950,000 each, is rolling out cheaper products and services that could let consumers print out plastic Barbie dolls and bike parts at home.
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only now is 3D printing becoming cheap enough to appeal to consumers.
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The move may open up a bigger market for the printer manufacturers while transforming the way some consumer products are delivered. Rather than having to buy replacement parts at a store or getting them through the mail, users could simply print them out. Toys and other small objects would be created the same way."
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A explosão de variedade que vai introduzir na nossa vida ... as tribos de Mongo cada vez mais perto da realidade.

Vantagens de um tempo de crise

"crisis creates opportunity.
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1: Crisis reduced our time to market: We no longer had to spend a year proving that our ideas were perfect; we only had to prove they were better than the alternative - which was nothing.
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2: Crisis let our team coordinate & cut through red tape: Approvals were faster. Cooperation was greater.
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3: Crisis enhanced our tolerance for risk: Without a product, we were forced to push traditional boundaries.
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4: Crisis forced us to relearn what our customers wanted: 
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You can use crisis to defeat the enemies of innovation."
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A crise pode criar as condições de "burning platform" capazes de gerar o sentido de urgência que despoleta a evolução:
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"Biologists have a word for the way in which solutions emerge from failure: evolution. Often summarised as survival of the fittest, evolution is a process driven by the failure of the less fit. Disconcertingly, given our instinctive belief that complex problems require expertly designed solutions, it is also complets. planned. Astounding complexity emerges in response to a simple process: try out a few variants on what you already have, weed out the failures, copy the successes – and repeat for ever. Variation, and selection, again and again. We are used to thinking about evolution as something that happens in the natural world – a biological phenomenon. But it doesn’t have to be."
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Primeiro trecho retirado de "Exploiting Chaos" de Jeremy Gutsche.
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Segundo trecho de "Adapt" de Tim Harford

segunda-feira, janeiro 09, 2012

Porquê?!

Acerca da produtividade leio:
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"if your firm invests in more machines so that less hand labor per loaf is required, output (value added) per hour should go up. But multifactor productivity will not necessarily rise, because your combined input measure will rise by about the same amount as output. There is another potential source, however, of increases in output per hour. If you discover a way to rearrange your labor force and equipment so that production is more efficient, or discover a great new recipe for a loaf that is equally tasty but costs you less to bake, multifactor productivity in your firm may go up, increasing your output (value added) per hour even in the absence of any capital deepening."
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Trecho retirado de "Productivity".
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O texto comete o mesmo esquecimento de sempre. Segundo o autor, a produtividade aumenta quando se poupa, quando se é eficiente. De acordo! 
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Nem uma palavra sobre o aumento da produtividade à custa da alteração da qualidade dos outputs... porquê?
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Por que é que o mainstream não fala, não escreve sobre o aumento da produtividade à custa da alteração da qualidade, do valor acrescentado do que se produz? É, de longe, o factor com o maior efeito de alavanca...

Definitivamente, o tempo está de feição

Ainda ontem escrevia "O tempo está de feição" e no Sábado passado "Tempo de testar novos modelos de negócio?".
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Durante o ano de 2011 fui sendo invadido por dezenas de exemplos de novos modelos de negócio assentes no aluguer, na partilha, na posse conjunta (aqui, aqui, aqui, aqui)
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Agora descubro este exemplo "Tide Dry Cleaners"... uma reacção perante a comoditização do negócio?
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Definitivamente, o tempo está de feição para testar novos modelos de negócio, para abordar o mundo sob outras perspectivas que não as habituais.

O nefasto poder aditivo dos subsídios

Há tempos, durante uma reunião de revisão do sistema de gestão de uma empresa, tive oportunidade de saborear o nefasto poder aditivo dos subsídios:
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Considerando o arsenal de arquétipos da Dinâmica de Sistemas e escolho o "Shift the Burden" para explicar a situação:
A empresa, por que tem dificuldade em ganhar clientes, em vez de apostar na solução que vai à raiz do problema "Criar produtos mais atraentes ou vender melhor", opção que aumentaria o poder da sua marca mas que demora algum tempo a produzir efeitos, resolve apostar cada vez mais em "Trabalhar para ganhar projectos subsidiados". Assim, os escassos recursos do desenvolvimento são cada vez mais canalizados para os projectos apoiados. 
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A posição competitiva da empresa vai-se deteriorando, ainda que a facturação não o reflicta de imediato. A redução de vendas no mercado competitivo onde clientes compram por necessidade é compensada pelo crescimento das vendas para clientes suportadas em projectos subsidiados.
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A solução fundamental demora tempo e é arriscada, a solução sintomática é mais segura no curto-prazo mas torna a empresa dependente da existência de subsídios. No limite, a empresa, em vez de apostar na sua capacidade de seduzir clientes esmera-se e domina a capacidade de captar subsídios.
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As revisões dos sistemas de gestão deviam servir para estas coisas, para identificar estes desafios estratégicos. Uma coisa é gradualmente cair-se neste arquétipo e não ter consciência do que está a acontecer, outra coisa é tomar consciência do filme em que se está e reflectir para tomar decisões.
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Por que é que a agricultura subsidiada não sai da cepa torta?

Dedicado aos que seguem a Religião do Grande Geómetra

Relativamente aos que acreditam no Grande Geómetra, na Grande Estratégia que um Governo Todo-Poderoso e Sabedor de Tudo deve desenhar e proclamar, para que nós, ignorantes, possamos seguir ordeiramente tão sábias instruções:
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"'History generally, and the history of revolution in particular, is always richer in content, more varied, more many-sided, more lively and subtle than even' the best historian and the best methodologist can imagine. History is full of 'accidents and conjunctures and curious juxtapositions of events' and it demonstrates to us the 'complexity of human change and the unpredictable character of the ultimate consequences of any given act or decision of men'. Are we really to believe that the naive and simple-minded rules which methodologists take as their guide are capable of accounting for such a 'maze of interactions'? And is it not clear that successful participation in a process of this kind is possible only for a ruthless opportunist who is not tied to any particular philosophy and who adopts whatever procedure seems to fit the occasion?"
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Que mil girassóis floresçam!
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Trecho retirado de "Against Method" de Paul Feyrabend.

domingo, janeiro 08, 2012

O tempo está de feição

Neste tempo em que se estilhaçam paradigmas e se fazem cortes epistemológicos, tempo em que a construção está pelas ruas da amargura, talvez fizesse sentido alguém olhar para estas imagens:

http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=Hdpf-MQM9vY

E pensar em revolucionar a forma como a sua empresa de construção trabalha neste país. Prazos muito mais curtos e muito planeamento. Deixar de construir em obra e passar a montar em obra. Trabalhar em conjunto com fábricas de materiais de construção e de montagem para produzir kits que serão montados em obra.

Em Portugal é muito mais simples

Toda a gente sabe que a Kodak está à beira da falência.
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Neste interessante artigo "What Killed Kodak?" tenta-se explicar como é que a empresa chegou a esta situação.
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Em Portugal, país de incumbentes, tudo seria mais fácil para esta empresa:

  • Honório Novo proporia a proibição das máquinas digitais;
  • Daniel Campelo proporia a proibição de licenciamento de novos concorrentes;
  • Salazar aplicaria a "Lei do Condicionamento Industrial";
  • José Seguro, chocado, proporia um apoio, um subsídio, uma ajuda para manter os milhares de postos de trabalho;
  • Cavaco Silva, via Facebook, chamaria a atenção para o princípio da equidade, depois, proporia que na venda de máquinas fotográficas, ou telemóveis com essa funcionalidade, fosse cobrado um imposto extraordinário para apoiar essa velha marca, usada nas fotos do seu casamento e nas suas férias em Cabo Verde.

Dedicado aos encalhados da tríade (parte II)

"If you’ve spent any time inside large organizations, (Moi ici: A empresa típica portuguesa a PME, não é uma empresa grande em tamanho. Contudo, partilha desta cultura da eficiência. Quantas vezes se prefere ter uma máquina a trabalhar, ainda que se perca dinheiro? Quantas vezes se enche o armazém de produto que ninguém quer mas porque assim fica mais barato? Quantas vezes o denominador da equação da produtividade é a única alavanca que se conhece?) you know that expecting them to be strategicaly nimble, restlessly innovative, or highly engaging places to work - or anything else than merely efficient - is like expecting a dog to do the tango. Dogs are quadrupeds. Dancing isn’t in their DNA. So it is with corporations. Their managerial DNA makes some things easy and others virtual y impossible. Reengineering, cost-cutting, continuous improvement, outsourcing, and offshoring: these things are entirely consistent with the genetic proclivities of large companies.
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They’re al about better, faster, quicker, and cheaper - the corporate equivalent of dogs chasing cats and peeing on lampposts. Unfortunately, though, resolving some of modern management’s more odious trade-offs, and coping with tomorrow’s disorienting discontinuities, is going to require something more akin to gene replacement therapy. Let me explain.
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Modern management isn’t just a suite of useful tools and techniques; it is a paradigm, to borrow a sound bite from Thomas Kuhn’s overused argot. ... We are al prisoners of our paradigms. (Moi ici: Que melhor forma para classificar os encalhados da tríade? Prisioneiros dos seus paradigmas, incapazes de ver que a sua visão, que o seu modelo, que a sua explicação, não adere à realidade que pretendem descrever?) And as managers, we are captives of a paradigm that places the pursuit of efficiency ahead of every other goal. This is hardly surprising, since modern management was invented to solve the problem of in efficiency.
...
While it’s impossible to precisely date the genesis of modern management, most historians locate Frederick Winslow Taylor near the beginning of the epic, and regard him as the most influential management innovator of the 20th century.
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one can imagine Taylor looking down from his wel -ordered heaven and smiling fondly at the Six Sigma acolytes who continue to spread his gospel. (Moi ici: Custa-me tanto ver empresas, que nunca triunfarão no campeonato da eficiência, a enveredarem por estas ferramentas, muito adequadas aos negócios que podem competir pelo preço. Empresas como a Autoeuropa, porque exportam muito, porque fabricam um produto "tecnologicamente avançado" e complexo, são apresentadas com uma aura de magia e de sucesso. Os ignorantes bem intencionados pensam: "se as técnicas e ferramentas que se aplicam numa Autoeuropa, forem aplicadas na minha empresa, também poderei colher dos mesmos benefícios que eles em termos de produtividade e eficiência". O que eles não percebem é que a Autoeuropa está no campeonato dos preços-baixos e da escala, e que essas ferramentas são ajustadas à sua realidade competitiva e que podem ser perigosas se aplicadas numa PME que não pode competir no campeonato do preço mais baixo. Há anos assisti a uma palestra de um jovem gerente de uma PME, representava a 2ª ou 3ª geração,... referia-se à sua empresa pelo nome como se fosse uma pessoa. Tinha, cabelo, indumentária e gestos de "artista", a empresa trabalhava com designers na produção de materiais de embalagem para uma miríade de clientes, cada um com o seu produto. E, depois de o ouvir falar longamente sobre a sua empresa e como tinham tido sucesso porque não tinham seguido o caminho das grandes séries, da padronização... remata a palestra informando que iria começar a trabalhar com uma empresa de consultoria que trabalhava na Autoeuropa para "produzir mais com menos recursos"...  Harakiri?  )  (His only surprise might be that 21st-century managers are stil obsessing over the same problems that occupied his inventive mind a hundred years earlier.)
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Taylor’s contribution to economic progress, and that of management more general y, is evidenced by more than a hundred years of everincreasing factory productivity."
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Trecho retirado de "The Future of Management" de Gary Hamel

Dedicado aos encalhados da tríade

"Already in 1933, in his inaugural lecture at the College de France, Lucien Febvre had ridiculed writers who, 'sitting at their desks, behind mountains of paper, having closed and covered their windows', made profound judgements about the life of landholders, peasants and farmhands.
...

All I say is that non-experts often know more than experts and should therefore be consulted and that prophets of truth (including those who use arguments) more often than not are carried along by a vision that clashes with the very events the vision is supposed to be exploring."

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Trechos retirados de "Against Method" de Paul Feyrabend.

sábado, janeiro 07, 2012

Primeiro as marcas brancas... (parte II)

Os estagiários que estão nos jornais podiam cansar-se de serem usados como meros megafones para os interesses de quem ocupa a praça pública.
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É que basta fazer um pouco de pesquisa...
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Há anos que escrevo sobre o leite. O leite é considerado como a commodity alimentar por excelência, estudos feitos revelam que a grande maioria dos consumidores não liga a marcas e usa o preço como critério de compra.
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Assim, o leite é um negócio que assenta na escala e na eficiência.
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Desta fonte "EU DAIRY FARMS REPORT -2010-" retirei esta tabela:
A coluna 1 indica o número médio de vacas por exploração leiteira.
A coluna 2 indica a produção médio de leite por vaca.
A coluna 3 é impressionante, indica a produção média de leite por exploração leiteira, por unidade de negócio.
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Os números referem-se a explorações dedicadas à produção de leite. 99% do leite produzido em Portugal vem deste tipo de explorações.
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Os números já estão desactualizados, por exemplo, no caso do Reino Unido o número médio de vacas por exploração leiteira já vai nas 121, em 1995 era de 77.
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Num negócio em que a escala e a eficiência é que manda o que é que acontece?
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Os mais eficientes e maiores tendem a ficar maiores. Os menos eficientes e mais pequenos tendem a desaparecer.
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No caso do Reino Unido a trajectória tem sido:
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"In June 2007, the UK dairy herd was estimated at two million animals. Since 1995, the number of UK dairy farms has fallen by around 43 per cent, but average herd sizes have actually risen during this time from 71 cows in 1994 to 92 animals in 2004. Similarly, average milk yields have also risen from 5,299 litres per cow in 1994 to 6,770 litres per cow in 2005 (figures from Defra). Future trends suggest herds will get larger with fewer farmers staying in the industry."
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Claro que os políticos populistas ignoram tudo isto e querem sol na eira e chuva no nabal.

Primeiro as marcas brancas...

... depois, a seguir, proíbem a subcontratação e o trabalho para marcas internacionais?
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Abençoada UE que nos protege destes aprendizes de feiticeiro...
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"PCP quer que Governo impeça marcas brancas"
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O CDS deve apoiar com toda a certeza esta medida a favor da lavoura e contra os consumidores e contra o aumento da produtividade.
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É difícil viver neste país...
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Esta gente não estuda, não prevê...
Só demagogia...

Tempo de testar novos modelos de negócio?

Nunca esqueço a analogia entre a economia e a biologia.
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Quando o meio abiótico, quando o mercado em que uma empresa opera sofre grandes transformações:

  • novos concorrentes alteram a paisagem competitiva;
  • nova legislação;
  • o poder de compra dos clientes;
  • a cultura vigente;
  • ...
Ou seja, novos picos aparecem e antigos picos começam a abater-se e acabam mais ou menos rapidamente em vales cavados.
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Há a tentação, ou a ilusão, de continuar a ver o mundo pelos mesmos olhos, pela mesma perspectiva a que estamos habituados. Por exemplo:
  • Se o Continente vende o leite a este preço é porque está a fazer "dumping" (BTW, assim se demonstra que muita gente não sabe fazer contas);
  • Se os ingleses conseguem pôr os silos à porta da sua fábrica em Estarreja a esse preço é porque roubam a matéria-prima (palavras de um fabricante português com fábrica em Vale de Cambra);
  • Se os chineses conseguem pôr os _______ a este preço é porque (escolher a justificação que interessa)  
    escravatura; dumping; violações ambientais; todas as anteriores.
Normalmente, quando um concorrente chega a um mercado com uma oferta revolucionária, muito diferente daquilo a que o status-quo está habituado, o mais provável é que esteja a pôr em prática um novo modelo de negócio, uma nova perspectiva de relacionamento entre as diferentes partes interessadas.
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Se é isso que acontece com a sua empresa, talvez não faça muito sentido tentar prolongar o prazo de validade do seu próprio modelo de negócio, actuando apenas na eficiência para baixar custos e preços.
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É nestas alturas que faz todo o sentido repensar o modelo de negócio, para procurar uma alternativa.
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Repensar, testar novos modelos de negócio implica capacidade de distanciamento e abstracção, para pensar na actividade de uma empresa a um outro nível... depois do exercício, nunca mais verá a sua empresa da mesma maneira, deixará de estar agrilhoado ao pormenor de um caso concreto e poderá perspectivar o filme "todo" em vez de se perder com o detalhe de um fotograma. O fotograma é importante mas só depois de acertarmos no filme que queremos fazer.
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O número deste Inverno da MIT Sloan Management Review traz um artigo sobre o tema "How to Identify New Business Models" de Joseph V. Sinfield, Edward Calder, Bernard McConnell e Steve Colson.
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BTW, percebo que Alex Osterwalder possa atiçar anticorpos no meio académico, mas escrever um artigo destes e não referir o seu trabalho é... triste.

O "decoupling" continua

"O Índice de Volume de Negócios da indústria apresentou, em novembro, uma variação homóloga nominal de 1,4%, taxa inferior em 1,2 pontos percentuais à verificada no mês anterior. As vendas para o mercado interno diminuíram 7,0% (diminuição de 4,0% em outubro), enquanto as vendas para o mercado externo registaram um crescimento de 15,7% em novembro (14,0% no mês anterior)."
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Continua o "decoupling" entre a economia que vive do mercado interno e a economia que vive de exportações.
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Portanto, quando os encalhados falam de crise, seria interessante que explicassem que existem 3 economias no país e que deixassem de falar como se a economia dos que vivem do Estado fosse a única neste país.
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Trecho retirado de "Índice de Volume de Negócios, Emprego, Remunerações e Horas Trabalhadas na Indústria - Novembro de 2011"

sexta-feira, janeiro 06, 2012

Don’t Buy This Jacket

Este foi um dos temas do meu dia de hoje: o valor!!!
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"Don’t Buy This Jacket – unless you’re looking to buy fewer, better things; unless you understand that paying more for something of great value means it will last longer, perform at a higher level and inspire other similar minded people to do the same.
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Don’t buy this jacket as a fashion statement – buy it as a personal statement"
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Como transmitir o valor potencial do que criamos, do que fazemos, do que defendemos, para fugir à guerra do preço.
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Trecho retirado de "How to Strategically Retreat: Patagonia and “Don’t Buy This Jacket

Acerca da estratégia

"For Prof Rumelt, the kernel of a strategy is the diagnoses of a situation, the choice of an overall guiding policy and the design of coherent action. A guiding policy is an element of strategy, but is not a strategy until it is translated into specific actions. One of the silliest remarks in business is “strategy is easy, implementation is difficult”. But strategy that lacks a clear path to implementation is not strategy at all, just wishful thinking."