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quarta-feira, junho 26, 2024

Estarei a ser cínico-pessimista?

Taleb diz: "No stability without volatility" 

"São necessários mais estimulos financeiros, sobretudo públicos?
O financiamento é necessário mas não pode ser o único instrumento. Os empresários têm que fazer a sua parte. Ser empresário é assumir o risco e a responsabilidade de investir o seu próprio capital ou capital alheio sobre o qual assume a responsabilidade. E este programa de financiamento que está a ser desenhado faz com que os empresários assumam a responsabilidade por este investimento, não é dinheiro grátis. É dinheiro que exige responsabilidade.[Moi ici: Eu traduzo... dinheiro fácil para fogo de artifício ao estilo da Overcube. Quem pode estar contra o investimento no digital? É o futuro, assegurarão os gurus. Só que se calhar ainda precisam de fazer pequenas experiências para descobrir o modelo de negócio. Aposto que suportados no dinheiro do estado vão actuar ao estilo da Webvan]

E para onde deve ser canalizado esse investimento?
Tem que ser feito em áreas que, sobretudo, permitam beneficiar deste mundo digital em que hoje vivemos. Num mundo digital não há países periféricos. Isso significa que, com mais qualificação, com o arrojo dos nossos empresários que pensam num mundo global, é possível conseguirmos, seja nas áreas dos serviços ou do produto, efetivamente, estar no mundo. Nós, em 50 anos não conseguimos construir uma única marca global e paises da dimensao do nosso tem várias. Está na altura de o conseguirmos. E é importante que consigamos que essa marca global, ou essas marcas globais, possam servir de âncora para todo um ecossistema de outras empresas que possam acompanhar essa marca na sua internacionalização." [Moi ici: Eu traduzo, não tem qualquer pista, mas tem de dizer algo e, por isso, fala de marcas. Oh! Não temos uma marca! Vamos construir uma. Só precisamos de investimento suportado pelo estado]

Trecho retirado do JdN de ontem, em ""Num mundo digital não há países periféricos"". 

Entretanto no WSJ de ontem apanhei, "Bosses Know Al Is Big But That's About All":

"The potential of artificial intelligence isn't just flummoxing technology entrepreneurs. Chances are that your boss is standing at the base of the learning curve, too - right next to you. Rarely has such a transformative, new technology spread and evolved so quickly, even before business leaders have grasped its basics.

No wonder that in a recent survey of 2,000 C-suite executives, 61% said AI would be a "game-changer." Yet nearly the same share said they lacked confidence in their leadership teams' AI skills or knowledge, according to staffing company Adecco and Oxford Economics, which conducted the survey.

The upshot: Many chief executives and other senior managers are talking a visionary game about AI's promise to their staff-while trying to learn exactly what it can do.

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A spring survey of 10,000 workers and executives by organizational consulting and executive search firm Korn Ferry also cited Al as a reason 71% of CEOs and two thirds of other senior leaders said they had "impostor syndrome" in their positions.

"They're uncertain about the impact, they're grappling with how not to fall behind," says Mark Arian, CEO of Korn Ferry's consulting business. "It's hard not to feel like an impostor.""

A história mostra-nos que injecções de capital público frequentemente resultam em desperdício e fracassos retumbantes onde o dinheiro é queimado em projectos sem solidez. Como aquelas pessoas que compram um bruto carrão, mas depois não têm dinheiro para manter o carro. Aparentemente, esse padrão repetir-se-á quando se fala em fomentar a criação de marcas globais a partir de uma visão superficial e sem uma estratégia clara, apenas com o suporte financeiro estatal. 

Não estou a falar de crime, estou a falar de dinheiro fácil.

sábado, setembro 30, 2017

Cuidado com os apoios envenenados

"O que seria aconselhável, então, para empresas que estão começando e têm que entrar nessa disputa? Focar em expansão internacional?.
Eu tentaria o máximo possível fazer sem subsídios. A Itália, por exemplo, é uma economia muito incomum. Na maioria dos países, as exportações são feitas por um pequeno número de companhias muito grandes. Na Itália, a maioria das exportações é feita por pequenas empresas. Lá, existe uma brincadeira que diz que, quando você se torna uma grande empresa, o governo decide que vai te ajudar. E quando o governo começa a te ajudar, tudo fica burocrático e pára de ser efetivo e competitivo. Eu não ficaria surpreso se o Brasil se tornasse um país semelhante à Itália. No fim, as empresas estarão melhores trilhando seus próprios caminhos em vez de usar dinheiro do governo [Moi ici: Dos contribuintes passados ou futuros]. Embora soe vantajoso obter dinheiro grátis, não é necessariamente bom sempre."
BTW, não perder as bicadas às campeãs nacionais.

Trecho retirado de "Martin, da Rotman: “empresas precisam crescer sem subsídio”"

segunda-feira, novembro 14, 2016

Acerca da destruição criativa

Na passada quinta-feira circulava na cidade de Bragança quando deparei com este cartaz:

Não sei se influenciado pela capa do jornal i do dia:

A primeira coisa que me veio à mente ao ver o cartaz foi:
"Cartaz da campanha de Trump em plena cidade de Bragança."
Porque recordo isto?
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É a primeira coisa que recordo ao ler "Creative Destruction". Afinal Trump e o PCP estão tão próximos em tanta coisa. Escrevo aqui muitas vezes sobre o veneno dos subsídios para salvar empresas ou modelos de negócio obsoletos. Esse activismo, esse fragilismo, destrói os stressors, destrói a informação, corrompe os sinais que deveriam obrigar as organizações a mudarem, a evoluírem.
"Over time, societies that allow creative destruction to operate grow more productive and richer; their citizens see the benefits of new and better products, shorter work weeks, better jobs, and higher living standards.
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Herein lies the paradox of progress. A society cannot reap the rewards of creative destruction without accepting that some individuals might be worse off, not just in the short term, but perhaps forever. At the same time, attempts to soften the harsher aspects of creative destruction by trying to preserve jobs or protect industries will lead to stagnation and decline, short-circuiting the march of progress. Schumpeter’s enduring term reminds us that capitalism’s pain and gain are inextricably linked. The process of creating new industries does not go forward without sweeping away the preexisting order.
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Through this constant roiling of the status quo, creative destruction provides a powerful force for making societies wealthier. It does so by making scarce resources more productive.
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Attempts to save jobs almost always backfire. Instead of going out of business, inefficient producers hang on, at a high cost to consumers or taxpayers. The tinkering shortcircuits market signals that shift resources to emerging industries. It saps the incentives to introduce new products and production methods, leading to stagnation, layoffs, and bankruptcies. The ironic point of Schumpeter’s iconic phrase is this: societies that try to reap the gain of creative destruction without the pain find themselves enduring the pain but not the gain."
Interessante este exemplo "Oreo Plant Moves to Mexico… Federal Subsidies to Blame?"
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Depois, podemos pensar na multidão de exemplos destes subsídios-comporta:

Comporta porque tentam comprar tempo que não é usado para mais nada senão comprar tempo, em vez de pôr fogo no rabo dos empresários para mudarem e partirem em busca do próximo nível do jogo.

quinta-feira, novembro 12, 2015

Apesar das boas intenções

Encontrei um texto do final dos anos 80 onde o autor (o Spender que tanto gostei de ler em "Business Strategy") entrevistou os gerentes/gestores de 19 empresas de fundição em Inglaterra. Com base nessas entrevistas identificou um conjunto de 15 ideias acerca do negócio. Depois, com base na partilha dessas ideias:
Organizou as fundições em clusters:
Destacam-se dois clusters os A e os B.
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No cluster A estão as fundições que encontraram uma via para o futuro apostando em produtos especializados, em mais tecnologia na produção e no desenvolvimento de relações especiais com clientes com exigências tecnológicas elevadas e boas perspectivas de futuro.
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O cluster A dedica-se a nichos e não está preocupado com a evolução global do mercado.
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O cluster B está sobretudo preocupado com a evolução global do mercado, preocupado com a falta de pessoal interessado em trabalhar no sector e com a progressiva mecanização dos processos tradicionais. Saliento:
"the B-group firms sampled are reasonably satisfied with their financial performance. Although they know there is trouble in their market, they feel they can survive. Few have been able to earn sufficient to increase their capital base, do research or replace their worn-out equipment. Perhaps they should switch while they still breathe. But it is the same for all of us. Grim facts are ignored until they stare us in the face. Only then do we get down to the serious strategic business of changing our personal recipe, our habitual way of doing things. These managers know plenty about the A-group, and they know its recipe does not ensure success or even survival. For many B-group firms, the risks of change still far outweigh the risks of staying put."
E agora a cereja em cima do bolo:
"At the time of this research, NEDO researchers were thinking out a plan of government intervention designed to save the industry. Over £80 million had been committed to foundries as capital grants covering 25 per cent of the cost of new capital equipment, particularly the fume scrubbers required by the Glean Air legislation. In most cases, these funds were going to B-group type foundries, so supporting the declining part of the industry. Many of the A-group firms had actually ignored these grants. They were generally doing so well that they had installed all the capital equipment forced on them before the grants appeared. By and large, the inability to distinguish the A and B groups rendered these grants socially counter-productive. The funds flowed selectively into the least viable part of the industry, preventing change, and subsidized competition with the A-group, so slowing its growth."
Acredito que muitos subsídios são gastos assim. Apesar das boas intenções, o dinheiro vai para empresas que até podem renovar máquinas, mas que não vão renovar estratégias e abordagens, teimando nas receitas tornadas obsoletas e prejudicando as empresas que satisfazem o mercado mas não dominam os biombos e corredores do "poder". (Estou a lembrar-me da Gráfica Mirandela... e da maior rotativa do mundo num país pequeno, periférico e com uma língua esquisita)

Trechos retirados de "Industry Recipes"

segunda-feira, janeiro 09, 2012

O nefasto poder aditivo dos subsídios

Há tempos, durante uma reunião de revisão do sistema de gestão de uma empresa, tive oportunidade de saborear o nefasto poder aditivo dos subsídios:
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Considerando o arsenal de arquétipos da Dinâmica de Sistemas e escolho o "Shift the Burden" para explicar a situação:
A empresa, por que tem dificuldade em ganhar clientes, em vez de apostar na solução que vai à raiz do problema "Criar produtos mais atraentes ou vender melhor", opção que aumentaria o poder da sua marca mas que demora algum tempo a produzir efeitos, resolve apostar cada vez mais em "Trabalhar para ganhar projectos subsidiados". Assim, os escassos recursos do desenvolvimento são cada vez mais canalizados para os projectos apoiados. 
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A posição competitiva da empresa vai-se deteriorando, ainda que a facturação não o reflicta de imediato. A redução de vendas no mercado competitivo onde clientes compram por necessidade é compensada pelo crescimento das vendas para clientes suportadas em projectos subsidiados.
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A solução fundamental demora tempo e é arriscada, a solução sintomática é mais segura no curto-prazo mas torna a empresa dependente da existência de subsídios. No limite, a empresa, em vez de apostar na sua capacidade de seduzir clientes esmera-se e domina a capacidade de captar subsídios.
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As revisões dos sistemas de gestão deviam servir para estas coisas, para identificar estes desafios estratégicos. Uma coisa é gradualmente cair-se neste arquétipo e não ter consciência do que está a acontecer, outra coisa é tomar consciência do filme em que se está e reflectir para tomar decisões.
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Por que é que a agricultura subsidiada não sai da cepa torta?

terça-feira, novembro 22, 2011

O mecanismo de selecção natural no modelo capitalista.

"At the dawn of the automobile industry, two thousand firms were operating in the United States. Around 1 per cent of them survived. The dot-com bubble spawned and killed countless new businesses. Today, 10 per cent of American companies disappear every year. What is striking about the market system is not how few failures there are, but how ubiquitous failure is even in the most vibrant growth industries
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Why, then, are there so many failures in a system that seems to be so economically successful overall? It is partly the difficulty of the task. Philip Tetlock showed how hard it was for expert political and economic analysts to generate decent forecasts, and there is no reason to believe that it is any easier for marketers or product developers or strategists to predict the future. In 1912, Singer’s managers probably did not forecast the rise of the off-the-peg clothing industry. To make things even more difficult, corporations must compete with each other. To survive and be profitable it is not enough to be good; you must be one of the best. Asking why so many companies go out of business is the same as asking why so few athletes reach Olympic finals. In a market economy, there is usually room for only a few winners in each sector. Not everyone can be one of them. 
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The difference between market-based economies and centrally planned disasters, such as Mao Zedong’s Great Leap Forward, is not that markets avoid failure. It’s that large-scale failures do not seem to have the same dire consequences for the market as they do for planned economies. (The most obvious exception to this claim is also the most interesting: the financial crisis that began in 2007. ... Failure in market economies, while endemic, seems to go hand in hand with rapid progress.
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The market has solved the problem of generating material wealth, but its secret has little to do with the profit motive or the superior savvy of the boardroom over the cabinet office. Few company bosses would care to admit it, but the market fumbles its way to success, as successful ideas take off and less successful ones die out."
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Retirei estes trechos de "Adapt - Why Success Always Starts with Failure" de Tim Harford e gosto de os relacionar com o discurso de todos aqueles que pedem apoios e subsídios... protecção contra o mecanismo de selecção natural no modelo capitalista.

domingo, novembro 20, 2011

Diluição de salários

Sou contra subsídios, apoios e outras tretas.
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A maior parte das vezes são para estancar e atrasar o inevitável e, no entretanto fazer concorrência desleal a quem não recebeu subsídio.
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"A Valsan vai despedir 200 trabalhadores. A empresa metalomecânica de Perosinho já comunicou a insolvência aos funcionários que não entendem as razões do encerramento, já que a empresa recebeu nos últimos dez anos cerca de 2,5 milhões de euros do Estado."
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Desconheço a empresa e o caso em particular, por isso, vou apenas especular brincando com os números:
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200 trabalhadores x 14 salários por ano x 10 anos = 28 000 salários pagos em 10 anos
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Vamos agora diluir os 2,5 milhões de euros de forma igual por cada salário:
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2500000 / 28 000 = 89,3 euros
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No limite, 2,5 milhões de euros podiam ter sido utilizados para tornar a massa salarial menos pesada.
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Assim que acaba o apoio à diluição...
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Não estou a dizer que este foi o problema da Valsan, só quero mostrar como os 2,5 milhões podiam ter sido utilizados.
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De certa forma, este é o problema de muita agricultura europeia não competitiva ou excedentária, os subsídios impedem a subida na escala de valor e a divergência na produção.
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O problema de muitas empresas e de muitas mentes é de pensar que os consumidores compram salários, ou que as empresas competem entre si por salários... o truque é seduzir clientes com propostas de valor atraentes e irresistíveis.
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sexta-feira, setembro 02, 2011

Heterogeneidade da produtividade entre empresas

Entre 1990 e 1993 a Finlândia viveu aquilo a que os finlandeses chamam "A Grande Depressão Finlandesa", em parte originada pelo colapso da União Soviética com quem o país tinha relações comerciais privilegiadas.
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A Finlândia conseguiu dar a volta por cima à custa de uma reconversão do seu sector produtivo para zonas de maior valor acrescentado. Há todo um conjunto de estudos de autores finlandeses sobre a produtividade, não sobre o mambo-jambo baseado em modelos irrealistas "the framework of the representative firm is not an appropriate tool".
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Petri Böckerman e Mika Maliranta neste estudo "The Micro-Level Dynamics of Regional Productivity Growth - The Source of Divergence in Finland" fazem algumas afirmações interessantes:
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"Competition is believed to be important for efficiency and productivity. However, it is essential to make a sharp distinction between two types of efficiency, and between two views on the nature of competition. The traditional view is that productivity is low because of X-inefficiency, i.e. production potentials determined by technology are utilized incompletely. This study advocates an alternative view, i.e. “Schumpeterian efficiency” or dynamic efficiency, that focus on the process of technological renewal instead of static efficiency in the use of current technology.
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Quite analogously, Baldwin (1993) distinguishes two different conceptual approaches to the nature of competition. The static view is traditional and therefore more widely adopted. It focuses on the market structures. The intensity of competition is typically evaluated with indicators such as the number of firms, concentration, advertising ratios, etc. As a result, intensive static competition leads to a narrow dispersion of productivity across plants within industries. The alternative approach sees competition as a dynamic process. When one adopts the dynamic approach, measures of mobility of plants and workers provide a potentially useful indicator for the intensity of competitive pressure. Simultaneous occurrences of declines and rises within an industry suggest that there is a competitive struggle taking place. (Moi ici: Recordar "Para reflexão nestes tempos de recessão (parte II)") However, mobility is not an end in itself. It is of our interest only to the extent that it is beneficial to aggregate productivity performance, i.e. restructuring is productivity-enhancing."
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Segue-se agora uma justa crítica à treta macro-económica:
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"Marshall’s framework of the representative firm is implicitly advocated in a number of textbooks that provide a discussion on regional growth. This perspective assumes that the rate of growth in productivity is identical across firms. Firms experience productivity growth owing to disembodied technological change, retooling or a decrease in X-inefficiency. Improvement in productivity is therefore achieved within firms (and their plants). Productivity growth therefore involves internal restructuring. The total absence of heterogeneity among firms implied by the framework of the representative firm means that this internal restructuring of firms captures the dynamics of productivity growth entirely.

The alternative approach stresses the underlying heterogeneity of adjustment at the micro-level. This feature implies that there is an important role for creative destruction à la Schumpeter. In particular, Boone (2000) and Aghion et al. (2002) state that an increase in competitive pressure may encourage innovation. Firms improve their productivity by adapting new technologies. A more frequent emergence of new technologies, stimulated by increased dynamic competition, can be expected to lead to greater experimentation. However, there are a number of reasons why some firms cannot, fail or do not want to implement new technologies. (Moi ici: Basta pesquisar no blogue o marcador "distribuição de produtividades" e o termo "Perdões") For this reason, intensive dynamic competition is consistent with the presence of wide dispersion of productivity and underlying heterogeneity across plants within industries."  (Moi ici: Já ouviram algum economista português falar sobre esta heterogeneidade? Esta heterogeneidade não faz comichão mental? Claro que esta heterogeneidade é uma machadada nos modelos mentais obsoletos de muita gente... por isso nem lhes convém abordá-la)
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"the consequences of increased dynamic competition can be expected to be more gradual and longer-lasting than increased competition in the static sense. These points mean that the productivity growth of a whole industry often involves an important external adjustment that is realized via productivity-enhancing restructuring between plants." (Moi ici: Claro que os estímulos, travestidos de "investimento público" impedem, atrasam, minimizam esta necessária reestruturação between plants)
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Neste estudo Maliranta compra diferenças entre a produtividade a nível micro (ao nível das empresas concretas) entre diferentes regiões da Finlândia. Os autores documentam grandes diferenças de produtividade entre empresas e entre regiões. Particularmente interessante esta afirmação que dedico aos cainesianos deste país:
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"Extensive subsidies to Eastern Finland (Moi ici: Região fronteiriça mais afectada pelo fim da União Soviética) may have insulated those regions from productivity-stimulating selection".
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terça-feira, outubro 05, 2010

Amanhem-se!!!

Atrevo-me a pensar que se fosse em Portugal Steve Jobs pediria apoios ao governo e à oposição, faria campanha contra o dumping social chinês, indiano e ... espanhol, ou alemão.
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Gritaria que assim não pode ser, assim não há condições... o problema são sempre os outros, as oportunidades nunca estão em nós...
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"KEEP YOUR FOOT ON THE GAS…"
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Camilo Lourenço no RCP costumava dizer "Amanhem-se!"

terça-feira, agosto 24, 2010

Não estava à espera de outra coisa

"Subsídios às empresas sem efeitos sobre vendas e exportações"
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"Quase 855 milhões de euros foram injectados pelo Estado, durante oito anos, em 10.753 empresas do ramo manufatureiro. O objectivo claro era promover a competitividade do sector. Mas quais foram os efeitos práticos destes apoios públicos, provenientes de fundos estruturais da União Europeia ou de subsídios estatais, no início da actividade exportadora das empresas domésticas, e que reflexos tiveram na eficiência e facturação das mesmas?

Segundo o estudo feito pelo investigador Armando Silva, professor do Instituto Politécnico do Porto, intitulado "O papel dos subsídios nas exportações: o caso das empresas manufactureiras portuguesas", a resposta é aparentemente surpreendente: "Nenhuns". "
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De certeza que algumas empresas receberam apoios e os aproveitaram com bons resultados. No entanto, esse número perde-se no meio da massa estatística.
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Concorrer para obter apoios e subsídios controlados por burocratas, segundo regras e critérios definidas por burocratas, só por acaso aproxima as empresas dos clientes.
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É claro que o grosso dos subsídios vai para as empresas incumbentes... quando, most of the fun is happening at the edges.

sábado, fevereiro 20, 2010

A morte lenta

"Reconhecendo que as qualificações dos portugueses, de um modo geral, «continuam a ser muito baixas», Alberto Castro recordou existirem países «com qualificações semelhantes» que têm níveis per capita «piores que os nossos». Por isso, o factor que mais o preocupa é «a qualidade do empresário e da gestão». «Muitas das nossas empresas não têm uma gestão profissional» e, como tal, estas «não têm capacidade para perceber alguns dos desafios» que enfrentam. Nesse sentido, as PME têm «grandes e graves debilidades», algo «já confirmado por vários estudos internacionais»."
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Solução? Apoiar essas empresas com subsídios e outros estratagemas...
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Em vez de deixar estas empresas, que não se actualizaram, que não evoluíram, continuarem a consumir recursos da comunidade por que não deixá-las morrer de vez?
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É preciso que os recursos da comunidade (recursos privados e públicos) sejam transferidos para as experiências de futuro e com futuro.
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Quem sabe o que é de futuro e com futuro?
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Ninguém!!! Por isso, há que facilitar a experimentação, o arranque de novas empresas. Depois, quem tiver unhas que toque guitarra, servindo os clientes, não captando subsídios e apoios vários.
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As que falharem, falharam ponto. Não é um drama. Há que rapidamente canalizar os recursos que sobram para outras apostas.
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Mas como empresas que fecham são mais desempregados... há, politicamente, o interesse em conter os números. Logo, apoiem-se as empresas, se têm futuro... isso é secundário. Logo, desviam-se recursos da comunidade para atrasar o inevitável... é a tal morte lenta.
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Trecho retirado de "«Vamos ter um ano crítico ao nível do emprego»" incluído no semanário Vida Económica.
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BTW, nestas condições, por mais formação que se dê, nunca se abandona a corda bamba.

quarta-feira, outubro 21, 2009

E os subsidios à agricultura?

Os subsídios à agricultura são um investimento no futuro ou no passado?
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No seguimento desta afirmação de Fernando Ulrich "Apoios a empresas do passado gerariam mais riquezas em empresas inovadoras".
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Hoje, por volta das 15h, ouvi numa rádio o habitual choradinho sobre a agricultura portuguesa. Entretanto, chego a casa e no correio verifico que a capa da versão europeia da revista TIME desta semana vai no sentido contrário, a agricultura como uma actividade com futuro.
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Claro que tal não se aplica aos funcionários públicos encapotados, os agricultores subsidiados por Bruxelas.
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Por que é que esta agricultura, a subsidiada por Bruxelas, tem tanta condescendência dos contribuintes, dos ecologistas e dos media? (Agricultores manifestaram-se em Aveiro e exigiram mais apoios para o sector)

quarta-feira, setembro 09, 2009

Diz-me quem apoias com os teus subsídios?!!!

No livro "O Medo do Insucesso Nacional" de Álvaro Santos Pereira chama a atenção para dois gráficos interessantes. Sobretudo se pensarmos nesta descoberta e posterior proposta do Parlamento.
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O gráfico 27 na página 230 que ilustra que Portugal tem uma percentagem de empresas inovadoras superior à média europeia.
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O gráfico 28 na página 231 que ilustra que as empresas inovadoras não recebem muita ajuda estatal.
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"É incompreensível e totalmente injustificável que tal aconteça. Como Portugal é um dos países da União Europeia onde as ajudas do Estado às empresas são mais elevadas, tudo indica que, mais uma vez, não estamos a utilizar os nossos recursos eficientemente ou, no mínimo, estamos a conceder ajudas às empresas e aos sectores menos dinâmicos e inovadores. Dito de outro modo, protegemos as indústrias e sectores mais estabelecidos e mais conservadores e não recompensamos as empresas que se esforçam por inovar."

quarta-feira, junho 25, 2008

Para que servem os apoios e subsídios?

Ainda ontem ouvi o ministro da Agricultura a falar sobre subsídios.
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Para que servem, para que são usados os subsídios e apoios?
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Durante a greve dos pescadores percebi que os pescadores portugueses estão quase só reduzidos à pesca de carapau e sardinha... é o equivalente das empresas têxteis e de calçado que se especializaram nos artigos de preço-baixo e não souberam dar a volta, acabando por fechar.
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Os subsídios são para atacar as causas-raiz do desempenho actual, ou para adiar o inevitável, para a aliviar a pressão?
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A situação é de:

  • "Extreme" competition
  • Excess capacity
  • Mature and saturated markets
  • Thinning margins
  • Less customer loyalty
  • Customers increasingly making buying decisions primarily by price
  • Customers raising the bar on their minimal expectations regarding price, quality, and performance
  • Analysts and investors growing pessimistic about corporate prospects
  • For many companies, the real possibility of outright bankruptcy or liquidation"
Em que é que os apoios e subsídios servem para gerar:

  • "A clear differentiation from competitors
  • Rapid, sustained, and real growth (not the shaky kind that often results from megamergers)
  • Higher margins
  • Higher stock prices and market caps
  • Boosts in market buzz
  • Reputation as the employer and partner of choice
  • More customer loyalty
  • An optimistic and creative work environment
  • A far easier sales and marketing effort
  • An agile, aggressive infrastructure that is positioned for next-generation growth"
O esbracejar de alguém em risco de afogamento é perigoso, o desespero cega...
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Quem acena com subsídios e dinheiros de Bruxelas só adia o inevitável e distorce a economia, porque não obriga as organizações a encararem a realidade de frente.
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A não perder este texto "Welcome to Commodity Hell: The Perils of the Copycat Economy" de Oren Harari.

terça-feira, junho 03, 2008

Roma vai arder

Foi doloroso assistir ao programa "Prós e Contras" na televisão ontem à noite, acabei mesmo por não conseguir deixar de desligar o aparelho por volta da meia-noite e um quarto.
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É doloroso assistir a tanta gente a falar sobre os meus impostos, é subsídios para isto e para aquilo, apoios para isto e para aquilo.
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Reconheço que cada vez mais, neste país, vivo num mundo cada vez mais pequeno, um mundo onde as empresas vão à luta e amanham-se sozinhas. É mais fácil pedir uma ajudinha ao estado.
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A realidade é que parece que cada vez mais gente vive à custa dos meus impostos, se calhar está na hora de repensar tudo, e pensar em viajar para outros ares... sinto-me como Nero a ver Roma arder.

quarta-feira, março 28, 2007

Sapatos: o positivo e a tentação

O artigo “Portugal exporta 85 milhões de pares de sapatos por ano”, publicado no jornal Público de segunda-feira, 26 de Março de 2007, contém algumas mensagens interessantes, se bem que contraditórias:

O lado positivo:

“Há cada vez mais empresários portugueses do calçado a conseguir colocar sapatos com a etiqueta made in Portugal nalgumas das melhores montras das grandes cidades europeias”

Haverá sempre quem faça mais barato que nós. Temos é de acrescentar valor ao nosso produto.”

“o valor médio do calçado exportado atingiu o máximo histórico de 17,42 euros por par.”


IMHO, estas afirmações não casam com outras frases do mesmo artigo. O lado negativo:

“mas este é um esforço que precisa de ser encorajado pelas políticas públicas, reivindicam em uníssono os responsáveis de um sector…”

“o Estado tem que alavancar e criar um ambiente propício a que as PME’s se possam desenvolver”

“À lista de reivindicações, o presidente da APICCAPS soma a necessidade de apoios estatais para que os fabricantes possam deslocar-se às grandes feiras internacionais.”

Mais uma vez, IMHO, quando uma empresa envereda pelo caminho dos apoios estatais, perde o norte, perde o foco nos clientes, e concentra as suas energias vitais na conquista dos subsídios.

A necessidade aguça o engenho, o engenho faz a diferença. Ainda esta semana, Tom Peters recordou que foi a GM, a empresa que mais milhões (bilhões?)gastou no apoio à inovação nos últimos 25 anos, com os resultados desastrosos que conhecemos. Sem a necessidade… surge a complacência, não há cronometro contra o qual medir o ritmo.

Há um qualquer ditado americano que diz que o problema (num jogo de basebol(?)) surge quando deixamos de mirar a bola… quando deixamos de mirar os clientes e desviamos o olhar para o papá Estado.