Nunca esqueço a analogia entre a economia e a biologia.
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Quando o meio abiótico, quando o mercado em que uma empresa opera sofre grandes transformações:
- novos concorrentes alteram a paisagem competitiva;
- nova legislação;
- o poder de compra dos clientes;
- a cultura vigente;
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Ou seja, novos picos aparecem e antigos picos começam a abater-se e acabam mais ou menos rapidamente em vales cavados.
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Há a tentação, ou a ilusão, de continuar a ver o mundo pelos mesmos olhos, pela mesma perspectiva a que estamos habituados. Por exemplo:
- Se o Continente vende o leite a este preço é porque está a fazer "dumping" (BTW, assim se demonstra que muita gente não sabe fazer contas);
- Se os ingleses conseguem pôr os silos à porta da sua fábrica em Estarreja a esse preço é porque roubam a matéria-prima (palavras de um fabricante português com fábrica em Vale de Cambra);
- Se os chineses conseguem pôr os _______ a este preço é porque (escolher a justificação que interessa)
* escravatura; * dumping; * violações ambientais; * todas as anteriores.
Normalmente, quando um concorrente chega a um mercado com uma oferta revolucionária, muito diferente daquilo a que o status-quo está habituado, o mais provável é que esteja a pôr em prática um novo modelo de negócio, uma nova perspectiva de relacionamento entre as diferentes partes interessadas.
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Se é isso que acontece com a sua empresa, talvez não faça muito sentido tentar prolongar o prazo de validade do seu próprio modelo de negócio, actuando apenas na eficiência para baixar custos e preços.
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É nestas alturas que faz todo o sentido repensar o modelo de negócio, para procurar uma alternativa.
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Repensar, testar novos modelos de negócio implica capacidade de distanciamento e abstracção, para pensar na actividade de uma empresa a um outro nível... depois do exercício, nunca mais verá a sua empresa da mesma maneira, deixará de estar agrilhoado ao pormenor de um caso concreto e poderá perspectivar o filme "todo" em vez de se perder com o detalhe de um fotograma. O fotograma é importante mas só depois de acertarmos no filme que queremos fazer.
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O número deste Inverno da MIT Sloan Management Review traz um artigo sobre o tema "How to Identify New Business Models" de Joseph V. Sinfield, Edward Calder, Bernard McConnell e Steve Colson.
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BTW, percebo que Alex Osterwalder possa atiçar anticorpos no meio académico, mas escrever um artigo destes e não referir o seu trabalho é... triste.
3 comentários:
http://blog.business-model-innovation.com/2011/11/core-questions-for-great-businesses/?utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed:+Business-Model-Innovation+(Business+Model+Innovation)
http://www.inc.com/karl-and-bill/your-value-model-is-dead-now-what.html
http://www.inc.com/karl-and-bill/3-steps-to-energize-your-business-performance.html
Todos os artigos sobre modelos de negócios que tenho lido na HBR, enfermam do mesmo: Alex O. é como se não existisse.
Acabo sempre a pensar que esses artigos são vazios, conversa pra boi dormir, como dizia o filósofo.
De qualquer forma, creio que o Alex O. não estará muito incomodado...
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