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sexta-feira, abril 05, 2013

Outra vez a fungibilidade, agora com paineleiros e salário mínimo

Já sabem o que penso sobre salários e custos laborais versus exportações.
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Este blogue há anos e anos que defende que não temos futuro a competir no mercado internacional pelo preço mais baixo, pelo custo mais baixo, ou seja com salários baixos.
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Este blogue brinca, às vezes se calhar até estupidamente, responsabilidade do seu autor que com quase 49 anos não tem, infelizmente, a capacidade de ser mais diplomata e educado, com os economistas, políticos e comentadores de painel - os famosos paineleiros da tríade - que há anos nos martelam a cabeça nos media a dizer que é preciso reduzir os custos unitários do trabalho para exportarmos mais.
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Por tudo isso, comecei a leitura do artigo com este título "Redução dos custos salariais “não é o factor chave de competitividade”" com um sentimento de concordância.
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Contudo, bastou-me ler o texto para perceber que estava em total desacordo com o autor:
"Economista Manuel Caldeira Cabral recusa que a redução de custos seja o principal factor para as empresas portuguesas ganharem competitividade. E reconhece que a proposta da UGT para subida do salário mínimo é “equilibrada”."
É outra vez a história da fungibilidade!!!!!!!!
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Faz sentido olhar para a economia portuguesa como um todo fungível?
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Não, por isso escrevo sobre 3 economias e não uma!
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Não, por isso escrevi e escrevo que baixar a TSU para ajudar os exportadores é treta! Mas, e segue-se algo que nunca nenhum político da oposição ou situação disse, baixar a TSU para ajudar as empresas que vivem do mercado interno faz todo o sentido.
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Agora imaginem o que é numa conferência intitulada “A Competitividade das Empresas e do Estado - Os Imperativos da Internacionalização e Eficiência” misturar-se:
  • salário mínimo e internacionalização;
  • salário mínimo e competitividade;
  • UGT e e economia transaccionável;
E, falar e falar de salário mínimo e exportações. E, esquecer que a maioria das empresas não exporta e vive do mercado interno...
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Há 3 economias
  • a do estado, protegida por ayatollahs e que paira como uma carraça sobre as outras duas; (lá vou ter o Mário Cortes à perna)
  • a economia dos bens não-transaccionáveis; e
  • a  economia dos bens transaccionáveis.
A economia de bens transaccionáveis nunca esteve isolada da competição internacional, já passou as passas do Algarve, já deu a volta e está muito bem (ontem mais três empresas - juro - que visitei ou falei que estão com problemas de falta de capacidade para as encomendas que têm).
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Agora, falar do salário mínimo e dizer que pode aumentar porque não é relevante para as exportações (e acredito que sim, para a grande maioria das empresas exportadoras) e não mencionar o impacte que terá para as empresas que vivem do mercado interno... é uma homogeneização enganadora... 
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Por muitos jogos que as exportadoras portuguesas ganhem a jogar andebol, isso significa pouco para a maioria que vive do mercado nacional e joga futebol.


    BTW, aquela "eficiência" em “A Competitividade das Empresas e do Estado - Os Imperativos da Internacionalização e Eficiência” encerra toda uma visão do mundo competitivo à la século XX.

    quinta-feira, abril 05, 2012

    Se fizessem o drill-down dos números do desemprego

    Durante a formação sobre "Indicadores de Monitorização de Processos" a certa altura digo:
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    Um indicador dá-nos um sinal, indica-nos se temos um problema ou não. Quando um indicador nos informa que temos um problema, isso, muitas vezes, não chega para agir.
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    Quase sempre, o indicador é insuficiente para nos ajudar a agir. Assim, um bom sistema de monitorização conjuga indicadores com os respectivos drill-down.
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    As vendas estão a baixar! O drill-down permite descobrir que é na região Sul e nos produtos A, B e C.
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    O tempo de paragem por avaria está a subir! O drill-down permite descobrir que é por falta de peças de substituição para um modelo de máquina do pavilhão B.
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    Há dias ouvi na rádio um comentário do nº2 da troika aos números do desemprego em Portugal, percebi, suspeitei, que ele não conhecia o drill-down da taxa de desemprego.
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    Agora, a mesma sensação:

    Onde se pode ler:
    "O Fundo Monetário Internacional (FMI) realça que Portugal precisa de encontrar medidas que melhorem a competitividade da economia, principalmente devido à "decisão de abandonar" a alteração da taxa social única (TSU)."
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    "“Enquanto a melhoria do défice corrente do ano passado é encorajador, os peritos não pensam que possa ser sustentável o mesmo ritmo de ajustamento sem reformas mais profundas que fomentem uma resposta mais imediata do lado da oferta no sector de bens transaccionáveis”, acrescenta a mesma fonte."
     Será que os técnicos do FMI olharam para os números do desemprego a sério, para lá da superfície? Acham mesmo que o desemprego está a crescer no sector de bens transaccionáveis?
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    Se fizessem o drill-down dos números do desemprego veriam que o crescimento se deve, sobretudo, à construção, aos ex-recibos verdes do Estado e ao comércio, tudo sectores de bens não-transaccionáveis.
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    Confesso que tenho alguma dificuldade em perceber onde querem chegar... será que querem tornar o emprego no sector de bens transaccionáveis mais barato para poder absorver mais trabalhadores vindos do sector dos bens não transaccionáveis? Mas mais trabalhadores para quê? Tudo depende da procura, só o aumento da procura cria as condições para o aumento sustentado do emprego.

    quarta-feira, abril 04, 2012

    Enfim, é o jornalismo que temos...

    "Tudo a piorar na economia portuguesa após um ano de troika menos as exportações"
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    Outro título que encerra em si todo um paradigma, toda uma visão do mundo.
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    Imaginem uma pessoa com uma infecção. A infecção está lá e está a propagar-se. Contudo, a pessoa toma, todos os dias, umas aspirinas que impedem que o mal-estar se manifeste.
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    Assim, alegremente, vai gangrenando, vai apodrecendo ... mas está tudo bem, não há sintomas!!!
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    Agora imaginem que um médico resolve intervir e afastar o tratamento sintomático (por exemplo, os so-called investimentos do Estado, que quase sempre não têm nada de investimento, são simplesmente o despejar de dinheiro para cima dos problemas e, assim, mascarar os sintomas, aspirinas), para atacar as causas-raiz do problema...
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    Sem as aspirinas, os sintomas deixam de estar mascarados e vêm ao de cima em todo o seu esplendor...
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    Ponto de vista do autor do título, agora estamos pior... quando íamos como lemingues a caminho do precipício, hipnotizados pelo deboche do endividamento orgíaco do Estado, é que estávamos bem... agora estamos pior. Agora que estamos a combater a infecção, agora que estamos a cortar as partes gangrenadas, agora que estamos a tentar salvar um futuro que não passe pela Sildávia do Ocidente... é que está tudo pior...
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    Enfim, é o jornalismo que temos...
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    Bom, bom, bom era quando o Estado financiava a compra de carros made in Alemanha, ou França, ou Itália... sim, esses é que eram tempos...

    sábado, março 31, 2012

    Não me canso de me impressionar...

    Vem o relatório do Banco de Portugal estimar que durante o ano de 2012 irão perder-se em Portugal cerca de 170 mil postos de trabalho "Portugal deverá perder 170 mil postos de trabalho só este ano".
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    Quando se apresenta este número, quando lêem este número, não têm curiosidade em saber de onde virá este desemprego?
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    Quem visita este espaço com regularidade sabe que escrevo não sobre a economia portuguesa mas sobre as várias economias portuguesas, por exemplo:

    • a dos funcionários públicos;
    • a dos reformados e pensionistas (não contam para o campeonato do desemprego);
    • a dos bens não transaccionáveis; e
    • a dos bens transaccionáveis.
    Quando se fala do número, 170 mil postos de trabalho, parece que é um flagelo uniformemente distribuído que poderá vir a atingir qualquer português com igual probabilidade.
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    "Tendo ainda em conta a comparação dos dados apurados para o Continente em Janeiro de 2012 com os registados no mês homólogo de 2011, no que respeita às profissões dos desempregados, os grupos que apresentam maior acréscimo são o dos “docentes do ensino secundário, superior e profissões similares” (subida de 130,7%) e o dos “profissionais de nível intermédio do ensino” (aumento de 48,8%). Para estes grupos tinham sido registados aumentos, respectivamente, de 39,6% e 36,4% em Janeiro de 2010. No entanto, há outros indicadores menos drásticos, mas nem por isso menos preocupantes, que começam a ganhar peso: os directores e gerentes de pequenas empresas tiveram um aumento do desemprego no espaço de um ano de 18,6%."
    A Fenprof estimou que se perderiam 30 mil postos de trabalho no ensino durante o ano de 2011.
    E a isso, acrescentem isto:
    "O presidente da Confederação Portuguesa da Construção e do Imobiliário avisa que entre este ano e o princípio de 2013 o setor poderá gerar cerca de 140 mil desempregados."
    Trecho retirado de "Construção pode gerar 140 mil desempregados em 2012".
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    Também podem acrescentar isto "Construção pode perder 12 mil empresas este ano"
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    Agora, acrescentem:
    "A variação homóloga do índice de emprego no comércio a retalho foi -5,5% em fevereiro (-5,3% no mês de janeiro).
    Aposto que mais de 95% do desemprego vem destes três sectores: ensino, construção e comércio.
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    Não nos dizem, e com razão, que o futuro do país está numa economia mais sustentada na economia de bens transaccionáveis?
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    Quando se ouve este número há um argumento muito usado para lutar contra a austeridade:

    • mais desemprego -> menos impostos -> menos consumo -> logo mais desemprego e por aí adiante
    Mas de onde vem o dinheiro que suporta o nível de emprego que desaparece quando há austeridade?
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    Quantos artigos de jornal leram nos últimos 3 meses sobre a criação de emprego em Portugal? Acham que neste momento não há empresas a crescer e a contratar trabalhadores? Acham que o fazem porque o Estado ... fazem-no porque são sustentáveis, fazem-no porque precisam de gente para criar riqueza.
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    Não me canso de me impressionar com a quantidade de pessoas que durante a primeira década do século XXI viveu em Portugal à conta do sector da Construção e Obras Públicas...
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    BTW, para rir ""resposta inequívoca às condições de mobilidade regional e segurança rodoviária""



    terça-feira, fevereiro 14, 2012

    Uma lição dos adeptos da concorrência imperfeita - parte II

    Parte I.
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    Chega a ser irónico...
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    Os jornais do dia trazem:
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    "As empresas privadas que operam em Portugal não vão aplicar aumentos salariais em 2012 e, caso o façam, estes serão “escassos” e avaliados “caso a caso”, indica o estudo salarial anual da consultora Hay Group." (BTW, apreciem a composição da amostra... será representativa da realidade portuguesa? E ainda, será que usam a palavra competitividade de forma adequada?)
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    "o economista [Vítor Bentoapontou que “a produtividade leva tempo a produzir efeito”, ou seja, “qualquer acção que se possa encetar leva o seu tempo a produzir efeitos, o que significa que no curto prazo a única forma que temos de reganhar competitividade é através dos custos
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    Durante década e meia a evolução dos salários foi esta:
    Enquanto a economia dos funcionários públicos e a dos bens não-transaccionáveis crescia, tinha aumentos salariais interessantes e níveis de emprego cada vez mais altos, a economia de bens transaccionáveis passava um período tormentoso:

    Agora, a economia dos funcionários públicos, reformados e pensionistas está a ser apertada como nunca o foi. A economia de bens não transaccionáveis também sofre e muito. Como a maioria dos portugueses vive nestas duas economias, como a maioria dos encalhados da tríade vive nestas duas economias, não fazem ideia do que aconteceu à economia dos bens transaccionáveis.
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    Agora, como se diz que a salvação da economia portuguesa está nas exportações, os encalhados da tríade dizem que os salários dessa economia têm de baixar para que ele ganhe competitividade...
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    Não percebo é como eles explicam o aumento das exportações portuguesas em 15% durante o ano de 2011...
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    E agora, o irónico da coisa, o sector exportador não vai sofrer, finalmente, nenhuma pressão "oficial" para subir salários... agora que finalmente os podia pagar. Bom para acumulação de capital... a menos que a concorrência entre empresas, pelos melhores trabalhadores obrigue a abrir os cordões à bolsa.
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    Na parte III o exemplo da facturação por empresa e por trabalhador em alguns sectores exportadores.

    domingo, fevereiro 12, 2012

    Uma indústria pouco competitiva?


    Falar de economia é traiçoeiro porque facilmente misturamos macroeconomia e microeconomia, bens transaccionáveis com bens não-transaccionáveis. 
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    Quando falo de economia portuguesa falo de 3 economias em simultâneo:
    • a dos funcionários públicos;
    • a que vive do mercado interno;
    • a que exporta.
    A maior parte dos portugueses vive nas duas primeiras e a austeridade impacta sobretudo estas. Os políticos, para prometer um futuro melhor, afirmam que o país tem de sofrer transformações que o tornem mais competitivo, para que mais empresas possam exportar, para que as empresas fiquem mais competitivas.
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    Enquanto as duas primeiras economias tiveram uma década interessante, a terceira, a que exporta, passou uma década tormentosa, teve de fazer face à chegada da China ao mercado, teve de aprender a viver sem as boleias da desvalorização da moeda. Muitas empresas fecharam, muitas multinacionais fecharam, mas a transformação fez-se. 
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    O que os políticos não sabem, nem os habitantes das duas primeiras economias é que  a receita de by-pass ao país, que prego há vários anos neste blogue teve este resultado em 2010:
    • CAE 10 - Indústrias alimentares - exporta 15% do que produz
    • CAE 11 - Indústria das bebidas - exporta 28% do que produz
    • CAE 12 - Indústria do tabaco - exporta 78% do que produz
    • CAE 13 - Fabricação de têxteis - exporta 59% do que produz
    • CAE 14 - Indústria do vestuário - exporta 78% do que produz
    • CAE 15 - Indústria do couro e dos produtos de couro - exporta 72% do que produz
    • CAE 16 - Indústria da madeira e da cortiça e suas obras, excepto mobiliário; fabricação de obras de cestaria e de espartaria -  exporta 52% do que produz
    • CAE 17 - Fabricação de pasta, de papel, cartão e seus artigos - exporta 65% do que produz
    • CAE 18 - Impressão e reprodução de suportes gravados - exporta 6% do que produz
    • CAE 19 - Fabricação de coque, de produtos petrolíferos refinados e de aglomerados de combustíveis exporta 19% do que produz
    • CAE 20 - Fabricação de produtos químicos e de fibras sintéticas ou artificiais, excepto produtos farmacêuticos - exporta 49% do que produz
    • CAE 21 - Fabricação de produtos farmacêuticos de base e de preparações farmacêuticas - exporta 32% do que produz
    • CAE 22 - Fabricação de artigos de borracha e de matérias plásticas - exporta 59% do que produz
    • CAE 23 - Fabricação de outros produtos minerais não metálicos -  exporta 32% do que produz
    • CAE 24 - Indústrias metalúrgicas de base - exporta 50% do que produz
    • CAE 25 - Fabricação de produtos metálicos, exceto máquinas e equipamentos - exporta 43% do que produz
    • CAE 26 - Fabricação de equipamentos informáticos, equipamento para comunicações e produtos electrónicos e ópticos - exporta 39% do que produz
    • CAE 27 - Fabricação de equipamento eléctrico - exporta 68% do que produz
    • CAE 28 - Fabricação de máquinas e de equipamentos, n.e. - exporta 50% do que produz
    • CAE 29 - Fabricação de veículos automóveis, reboques, semi-reboques e componentes para veículos - exporta 82% do que produz
    • CAE 30 - Fabricação de outro equipamento de transporte - exporta 80% do que produz
    • CAE 31 - Fabricação de mobiliário e de colchões - exporta 49% do que produz
    • CAE 32 - Outras indústrias transformadoras - exporta 40% do que produz
    • CAE 33 - Reparação, manutenção e instalação de máquinas e equipamentos - exporta 28% do que produz
    • CAE 35 - Eletricidade, gás, vapor, água quente e fria e ar frio - exporta menos de 0,1% do que produz
    • CAE 38 - Recolha, tratamento e eliminação de resíduos; valorização de materiais - exporta 28% do que produz
    Como costuma escrever o Anti-comuna, os CAE 10 e 11, podem aproveitar a boleia da expansão do Pingo Doce (se se especializarem na guerra do preço e na escala). Basta atender a este exemplo recente:
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     "Os produtos portugueses, sobretudo alimentares, já representam metade da facturação do Lidl em Portugal. No entanto, a cadeia alemã de ‘hard discount' quer aumentar a relação com os produtores nacionais e aposta, para este ano, no reforço das exportações de bens portugueses para os mercados europeus onde está presente. ... Este é um processo que exige a instalação de capacidade adicional nos fornecedores, que não é possível conseguir-se de forma imediata." (Moi ici: claro que não é uma decisão fácil, basta recordar o que costumo escrever sobre a pedofilia empresarial)
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    CAE 21 continua sujeito a regras absurdas num mercado que se quer livre "Meio milhão de euros de multas por exportação ilegal de medicamentos"
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    Como a economia portuguesa em 2011 encolheu, e como as exportações cresceram mais de 15%, estes números já estão desactualizados. Por exemplo, as de calçado cresceram 16%, as de têxteis e vestuário mais de 12%, as de mobiliário mais de 9%, ...

    sábado, janeiro 21, 2012

    O dedo na ferida

    O Aranha escreveu, neste comentário:
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    "flexibilizar a produção de algo que não vende não faz com que passe a vender mais. Por exemplo, ter uma reserva de 150 horas é agradável na hora de parar a máquina (os empregados), mas vai ser chatito quando se vir que afinal não chega o dia em que precisamos de utilizar as 150 horas."
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    O Aranha põe o dedo na ferida. 
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    Para quem já exporta, as mexidas na legislação laboral vão ajudar ainda a mais a flexibilizar a capacidade produtiva.
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    Para quem vive do mercado interno, as mexidas vão permitir salvar algumas empresas que vão precisar de atravessar o deserto, ou seja, reduzir custos e adaptar-se a um novo paradigma de mercado interno.
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    Contudo, convém não esquecer, poupar dinheiro não é o mesmo que ganhar dinheiro.
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    O que este acordo não traz, nem pode trazer, é uma receita sobre como ganhar dinheiro, sobre como seduzir clientes oferecendo produtos e serviços com maior valor potencial... ou sobre como financiar empresas com ideias com potencial
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    quarta-feira, janeiro 18, 2012

    O título diz tudo

    O título é "“A economia portuguesa não está toda em recessão”, diz Santos Pereira".
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    O meu modelo mental interpreta o título desta forma: A redacção económica do Público, das duas uma, ou só com as palavras do ministro se apercebeu dessa realidade e sublinhou esse reconhecimento chamando-o para intitular um artigo sobre uma entrevista que abordou vários temas. Ou não acreditando nas palavras do ministro, porque vão contra o espírito instalado nos media, quis sublinhá-las para que do contraste entre o dito e o vigente nos modelos mentais, surgisse mais um motivo para fazer do ministro, mais uma vez, o bombo da festa.
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    Pois é... 3 economias!!!
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    O que diria a redacção económica do Público se soubesse que em 2011 houve empresas exportadoras a crescer a 20, a 30, a 60, a 110% face às vendas de 2010.

    terça-feira, janeiro 10, 2012

    A diferença

    Quando falo das 3 economias (ver marcador) e da sua heterogeneidade é uma forma de falar desta diferença "Structurally impaired jobs vs. non-impaired jobs".
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    É absurdo falar da economia como um todo, com os mesmos problemas e oportunidades.
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    BTW, onde é que o Estado andou a torrar dinheiro durante a última década?

    sábado, janeiro 07, 2012

    O "decoupling" continua

    "O Índice de Volume de Negócios da indústria apresentou, em novembro, uma variação homóloga nominal de 1,4%, taxa inferior em 1,2 pontos percentuais à verificada no mês anterior. As vendas para o mercado interno diminuíram 7,0% (diminuição de 4,0% em outubro), enquanto as vendas para o mercado externo registaram um crescimento de 15,7% em novembro (14,0% no mês anterior)."
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    Continua o "decoupling" entre a economia que vive do mercado interno e a economia que vive de exportações.
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    Portanto, quando os encalhados falam de crise, seria interessante que explicassem que existem 3 economias no país e que deixassem de falar como se a economia dos que vivem do Estado fosse a única neste país.
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    Trecho retirado de "Índice de Volume de Negócios, Emprego, Remunerações e Horas Trabalhadas na Indústria - Novembro de 2011"

    segunda-feira, dezembro 26, 2011

    Boleias de passageiro clandestino que permitem viver mais um dia mas não ensinam a pescar (parte II)

    A propósito de "Boleias de passageiro clandestino que permitem viver mais um dia mas não ensinam a pescar" queria acrescentar um domínio que me escapou na altura.
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    Quando os governos explicam estas medidas, mencionam sempre que têm por objectivo o reforço da competitividade das empresas exportadoras... já sabem o que penso sobre o interesse destas medidas para a competitividade das empresas exportadoras (no entanto, esperem pela parte III e IV).
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    E qual o impacte destas medidas nas empresas que vivem do mercado interno? Quando escrevo sobre a economia portuguesa tenho o cuidado de a dividir em 3 partes: a economia que exporta, a economia que vive do mercado interno e a economia que vive do orçamento do Estado.
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    O artigo "Crise" de Ana Taborda e Ana Pimentel na revista XXI traça um retrato factual do que está a acontecer no mercado interno, e 2012 será ainda mais vincado:
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    "nos últimos três anos as visitas a grandes superfícies e supermercados caíram 9,8%. Até Junho de 2009, as famílias deslocavam-se a estas lojas, em média, 123 vezes por ano. Mas em 2011 este valor desceu para 111"
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    Mesmo indo menos vezes às compras, a factura do supermercado também continua a descer: o valor médio passou de 27,32 euros para 26,97 euros (-1,3%).
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    (Moi ici: segue-se uma descrição da migração de valor em curso) De acordo com o INE, a produção de carne de bovino no ano passado foi de 93 mil toneladas, uma queda de 9,5% em relação a 2009. Já a produção de carne de porco cresceu 3% e a de aves 2,6%. A entidade que gere as estatísticas nacionais defende que “a crise económica tornou o consumo de carne mais barata apetecível”. No caso da carne de porco, por exemplo, a procura cresceu mais do que o número de animais abatidos (+0,8%). A explicação é simples: o consumo de leitão desceu muito. Nas lojas da Jerónimo Martins, os portugueses reduziram o consumo de todas as carnes que custam mais de sete euros por quilo.
    A mudança é semelhante no peixe: os produtos com preços superiores a 15 euros caíram 45%. Os consumidores não deixaram de consumir peixe, mas preferem os mais baratos, como o carapau e a dourada de aquicultura. E, mesmo no caso do camarão, é nos preços mais altos que a procura desce mais – perto de 50%. 
    ...
    para todos os hiper e supermercados do país, revelam que as refeições congeladas cresceram 11,8%, a venda de conservas 10%, a de ovos 7,2%, a de salsichas (dados da Jerónimo Martins) 8,5% e a de fiambre 3,4%. Já o óleo é um dos produtos que mais ganha com a crise. “Verifica-se um ligeiro aumento das vendas de azeite em volume, mas que é ultrapassado em muito pelo crescimento da categoria óleo (20,5%). O crescimento é tão expressivo que poderá comportar igualmente uma transferência de consumo”,
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    O consumo de lacticínios é outro dos mais afectados pela crise: a Nielsen aponta para quedas de 7,6% no leite e de 5% nos iogurtes.
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    As compras de pão também não escapam à crise.
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    Quanto às bebidas, a Nielsen aponta para quedas de 2,7% no consumo de vinho, mas é a cerveja que mais desce: o consumo caiu 5% em 2009 face ao ano anterior e 3% em relação a 2010.
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    As refeições fora de casa também são cada vez menos frequentes.
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    Há cada vez mais portugueses dependentes das instituições de solidariedade para subsistir.
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    O número total de automóveis a circular nas estradas nacionais não desceu, mas os portugueses estão a deixar mais vezes o carro em casa. De acordo com a empresa de estudos de mercado Kantar, “o aumento do preço dos combustíveis provocou, claramente, uma retracção no consumo particular.”
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    Os portugueses também circulam cada vez menos nas auto-estradas.
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    Mas, este ano, começa a notar-se uma perda de mobilidade: o carro continua a ficar em casa e os transportes públicos ou não crescem, ou crescem pouco.
    ...
    O empréstimo à habitação está a tornar-se um fardo cada vez mais pesado para os portugueses. Desde 2007 que o número de casas entregues aos bancos subiu 350%, apenas nas seis maiores instituições nacionais.
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    Compram menos carros, mas têm cada vez mais dívidas
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    Nos primeiros seis meses do ano as famílias superaram as empresas no que toca à abertura dos processos de insolvência.
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    Os gastos com telemóveis não escapam à crise.
    ...
    Os dados da consultora IMS Health revelam que, entre Setembro de 2010 e Agosto de 2011, o número de embalagens de medicamentos vendidas às farmácias baixou 13 milhões.
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    A tendência de poupança estende-se a despesas como a educação: apesar de ainda não haver números para este ano, os colégios privados têm perdido clientes."
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    Este artigo traça um retrato das transformações que atravessam o mercado interno sujeito a uma migração de valor acelerada. Tudo isto representa quebra na facturação das muitas empresas que vivem da economia interna.
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    Se as as receitas estão a cair, se 2012 vai ser mais "puxado" que 2011 é natural pensar que em 2012 a quebra nas receitas será ainda mais pronunciada. Se as receitas baixam, se o custo das utilidades continua a subir, obrigado renováveis, e se os custos não baixam, muitas empresas para tentarem resistir vão ter que cortar no pessoal...
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    Ou seja, 2012 será um ano de mais empresas a morrer e de mais desemprego. O que é que o governo pode fazer para minimizar estas consequências? Baixar os custos laborais por decreto... Muitas empresas vão poder estar mais tempo abertas com o mesmo pessoal ou menos, outras vão poder estar abertas o mesmo tempo com menos pessoal. São tudo medidas que mexem no factor trabalho para tentar iludir a evolução desfavorável da procura agregada.
    .
    Na parte III vamos aproveitar as reflexões de Kaj Storbacka para demonstrar que estas medidas não ajudam a criar novos modelos de negócio, porque se destinam a defender os modelos de negócio actuais. 

    Ou seja, estas medidas, para a economia interna são sobretudo para a sobrevivência dos menos preparados, não para aumentar a competitividade. Claro, este tipo de medidas tem um senão, a produtividade, medida pelos encalhados, vai baixar e a lição de Maliranta não se vai cumprir (ver primeira citação da coluna do lado direito)


    terça-feira, dezembro 20, 2011

    Mais um encalhado

    Depois de ler “Out of The Box” ou “Out of The Euro”, escrito por Carlos Moedas... confirmo que este governo segue a tradição dos anteriores e também está repleto de encalhados no tempo.
    .
    "O que nós necessitamos é de um Programa de Estabilidade e Competitividade capaz de nos traçar o caminho para a cura da maior doença que o nosso país sofre actualmente, a falta de competitividade (Moi ici: Sinceramente, gostava de perceber o que é que querem dizer quando falam de competitividade)
    ...
    A nossa competitividade, ou falta dela, está intrinsecamente relacionada com a nossa produtividade e com os nossos custos unitários de trabalho. A nossa produtividade medida em PIB por hora trabalhada aumentou em apenas 3% entre 2000 e 2009, quando comparada com a média europeia (ver Gráfico 4), enquanto os nossos custos nominais unitários do trabalho aumentaram exponencialmente em mais de 30% nesse mesmo período, quando comparados com um aumento de 20% na Zona Euro e de apenas 7% na Alemanha (ver Gráfico 3). É este gap entre a produtividade e os custos do trabalho que nos vai tornando incapazes de competir com os outros países (Moi ici: Escrevo muito a sério, engraçado, pensava que eram as empresas que competiam entre si e não os paísese que afecta directamente a nossa capacidade de exportação. (Moi ici: Escrevo muito a sério, engraçado, pensava que eram as empresas que competiam entre si e não os países. O que é que afecta mais a nossa capacidade de exportação, o nível de preços que as empresas portuguesas praticam, ou a inadequação dos produtos aos mercados externos, ou a falta de visão dos gerentes? Será que Moedas conhece estes números? Duvido... )
    Países como a Grécia e Portugal têm sempre um caminho imediato para aumentar a competitividade que é o de sair do Euro e desvalorizar a moeda. (Moi ici: Aposto que Moedas não conhece a tabela comparativa de custos da mão-de-obra... seguindo o modelo mental de Moedas, o mesmo da tríade, nem uma desvalorização em 50% nos tornava mais baratos que a Turquia e Marrocos, quanto mais da China) Obviamente este caminho seria impensável, ou pelo menos gostaríamos de acreditar que assim fosse, por isso resta-nos reduzir os custos do trabalho para conseguir aumentar a nossa competitividade. (Moi ici: Moedas precisa de pensar na economia como 3 realidades distintas - a que vive do Estado, a que vive do mercado interno e a que exporta. As duas primeiras precisam de reduzir os custos do trabalho não para aumentar a sua competitividade mas para sobreviver. A terceira já está noutro campeonato, um campeonato com outras regras... regras e campeonato que Moedas e os outros elementos da tríade desconhecem, dado que sempre viveram dentro da redoma da estufa das duas primeiras economias) Uma das formas mais imediatas seria reduzir os impostos sobre o trabalho sem descer a massa colectável.
    ...
    Sejam estas ou outras ideias fora do baralho, faltam em Portugal governantes e políticos que pensem de forma pragmática, diferente e que não se contentem em repetir as ideias (ou PECs) do passado." (Moi ici: Aqui Moedas estava a ser profético, faltava e continua a faltar... )

    Será que Moedas sabe que existe uma coisa chamada distribuição de produtividades intra-sectorial? Isso não lhe desperta curiosidade?
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    Nem lhe causa comichão intelectual descobrir que há mais dispersão da distribuição de produtividades dentro de um mesmo sector do que entre sectores?

    segunda-feira, dezembro 12, 2011

    PÁRA DE CAVAR!!!

    Há bocado liguei o rádio e, por acidente, aterrei no Forum da TSF, bastou-me ouvir um interveniente para, rapidamente, me recordar do motivo porque não oiço tal programa há mais meses do que consigo, ou quero, recordar.
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    Um representante de uma associação de comerciantes do distrito do Porto, qual galambista encartado, acaba de dizer:
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    "É preferível vender com prejuízo do que não vender"
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    O cainesianismo burro já contaminou estas cabeças...
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    2012 vai ser melhor que 2011 para o comércio?
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    2013 vai ser melhor que 2012 para o comércio?
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    Estamos a viver uma perturbação conjuntural ou uma mudança estrutural?
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    Acham mesmo que faz sentido enterrarem-se cada vez mais? Como vão estar no final de 2012? Como vão estar no final de 2013?
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    Aprendam com a Pirelli.
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    Quando descobrires que estás num buraco, segue a regra número 1.
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    PÁRA DE CAVAR!!!


    terça-feira, dezembro 06, 2011

    Números

    Foi interessante a intervenção de Bagão Félix ontem na TVI, ao lado de Medina Carreira. E foi interessante porque foi praticamente toda suportada em números.
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    Por exemplo, quando Judite de Sousa argumentava com o escândalo das reformas douradas (e não estou a afirmar que elas possam continuar), Bagão Félix apresentava os números e rapidamente se percebia que são uma gota no meio do oceano... até conseguiu pôr Judite de Sousa a protestar, baixinho, contra pensionistas que recebem a pensão mínima à custa de truques que vigoraram até há uns anos. Adiante...
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    Muito pouca gente em Portugal dá atenção aos números... tanto escândalo e indignação, tanto rasgar de vestes por causa de se ter falado da redução de salários no privado... just watch:
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    "A breve trecho, 25,9% das PME do comércio e serviço prevê reduzir o pessoal e apenas 9,9% planeia contratar mais gente
    ...
    Os planos para a redução da capacidade instalada da empresa também se acentuaram no terceiro trimestre (19,5% contra 13,4% que planeiam aumentar a capacidades) face aos três meses anteriores."
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    "Portugal voltou a registar a maior queda na venda a retalho em Outubro a nível europeu, menos 3,3% face ao mês homólogo de 2010. Na comparação anual, Portugal registou um decréscimo de 9,7%, segundo os dados divulgados hoje pelo Eurostat."
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    terça-feira, novembro 15, 2011

    Mt 11, 25 - Os Sarumans deste mundo não conseguem ver

    Perante conclusões deste tipo "Portugal precisa de desvalorização de 22%" interrogo-me ...
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    Este mundo é uma gigantesca farsa... tanta gente encerrada no alto de torres de marfim, longe da realidade, recorre a um olho, qual Saruman, para ler e perceber o que se passa no mundo... mas o olho está obsoleto e nem se apercebem disso.
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    Num mercado altamente competitivo como o dos automóveis, um dos negócios mais preço que existem, temos:
    É uma espécie de soap opera Made in USA para se juntar à série "OMG... e vão viver de quê?"
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    Mas se até o director-geral da COTEC pensa o mesmo!!!
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    Será que esta gente sabe que, excluindo combustíveis e lubrificantes, o país já exporta cerca de 115% daquilo que importa?
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    "A economia portuguesa precisa, para se tornar mais competitiva e travar o aumento do seu endividamento face ao exterior, de realizar uma desvalorização real de 22%"
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    Que me digam que a economia portuguesa que vive do consumo interno precisa de reduzir salários para que consiga atravessar o deserto dos próximos anos eu entendo. Agora que isso seja preciso para tornar a economia mais competitiva... não engulo. E mais, se isso for feito, até se tem o bónus de mais recursos valiosos serem transferidos das 2 economias para a 3ª economia.
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    A Cutipol é mais um exemplo da receita que os Sarumans deste mundo não conseguem ver ... Mt 11, 25... e que está a despontar um pouco por todo o país.
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    Amanhã vou realizar uma formação onde vou utilizar estes diapositivos:
    Que indicadores é que os Sarumans monitorizam? 
    E esses indicadores estão relacionados com que pressupostos?
    O que é que esses indicadores não mostram? O que é que esses indicadores escondem? 

    A que perguntas respondem os indicadores dos Sarumans?
    Há perguntas por fazer e que ficaram sem mecanismo de auxílio à resposta?

    Os indicadores contam histórias, fornecem matéria-prima para narrativas.
    Em função das matérias-primas assim serão as narrativas. 

    Os indicadores a monitorizar são uma função das prioridades que assumimos. Diferentes prioridades, diferentes indicadores.
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    Se os Sarumans se mantêm agarrados a uma narrativa, escolherão indicadores que permitirão comprovar essa narrativa.
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    E se a narrativa ficou obsoleta?
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    Às vezes estamos tão entretidos a combater a última guerra que nos esquecemos que o mundo mudou e a guerra agora é outra. E, na frase que mais uso e roubei ao mundo da bola está uma verdade fundamental:
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    O que é verdade hoje amanhã é mentira!!!
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    BTW, acredito mesmo nisto, ou seja, verdadeiramente, a convergência está a começar agora, agora que é o país no seu todo está a descobrir o que muitas PMEs descobriram há alguns anos, a maioria por tentativa e erro, sem grande esforço de reflexão estratégica... um pouco como os ratinhos no livro "Quem mexeu no meu queijo?", ou seja, como competir com uma moeda forte:

    quarta-feira, novembro 09, 2011

    Conversa de macro-economista

    ""Não há austeridade expansionista""
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    Não posso concordar com António Lobo Xavier!
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    Quem vê o país como um bloco homogéneo não vê como é possível em simultâneo a um país encolher e crescer.
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    Quem, como eu, tem a felicidade de trabalhar no dia-a-dia com dezenas de empresas por ano que estão bem, que estão a crescer, que estão a empregar pessoas, percebe muito bem como conciliar austeridade com crescimento.
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    Em Janeiro e Março escrevi sobre as 3 economias. O próximo ano vai ser suficiente menos para a economia que é beneficiária líquida do Estado, vai ser mau, muito mau para a economia que vive do consumo interno e, talvez continue a ser, como tenho escrito na série "Recordar Lawrence... nada está escrito", um ano bom a muito bom para quem exporta (apesar da recessão europeia, aproveitando a boleia chinesa)
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    Assim, enquanto de um lado temos austeridade do outro temos expansão. E é esta disparidade que vai acelerar a reconversão da economia portuguesa, sifonando recursos, dinheiro e pessoas sobretudo, das economias em retracção para a economia em expansão. Os chineses em Portugal dão esse exemplo de flexibilidade que vai ser necessária.

    segunda-feira, novembro 07, 2011

    E vão viver de quê (Parte VII)

    Parte VI.
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    "Em setembro, o volume de negócios da indústria com destino ao mercado externo registou um crescimento
    homólogo de 12,1%
    , superior em 1,2 p.p. ao observado no mês precedente."
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    Trecho retirado de "Índice de Volume de Negócios, Emprego, Remunerações e Horas Trabalhadas na Indústria" Setembro de 2011

    quarta-feira, novembro 02, 2011

    As ilusões do fim ... precedem o fim das ilusões

    Neste artigo do DE "Verão alargado causa quebra acentuada nas vendas de calçado" pode ler-se:
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    "... nas lojas Foreva, as vendas caíram mais de 55% nas primeiras semanas de Outubro face ao mesmo período de 2010. "A crise e o Verão tardio" são responsáveis por esta acentuada quebra, explica o empresário, embora na última semana, com as primeiras chuvas, tenha sentido uma recuperação. Fortunato Frederico admite até que, este ano, a rede Foreva pode "pisar o risco vermelho". A rede de mais de 60 lojas no País facturou quase 20 milhões de euros em 2010.
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    "Esta época de Inverno não existe", diz André Fernandes, responsável da Evereste, empresa que detém a marca Cohibas. "O consumo está a baixar, não há repetições para o mercado nacional" e este travão nas vendas vai "ter consequências para as épocas seguintes, pois os lojistas vão ficar com 'stocks' nas lojas e depois vão ser mais cautelosos nas compras".
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    André Fernandes lembra que as lojas estão prestes a entrar em promoções e que se perdeu a oportunidade de ganhar margem. "Todos estão apreensivos com a baixa de poder de compra", frisa. "O atraso do Inverno está a resultar numa quebra brutal do negócio", (Moi ici: Agora a culpa é do Inverno?) salienta Domingos Almeida, director-geral da Camport. "O regresso às aulas foi mau e Outubro está igual, já não vai haver repetições." Domingos Almeida salienta ainda "que as cobranças estão terríveis" devido à quebra nas vendas dos lojistas.
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    Miguel Oliveira, que detém a marca Vírus, admite que "Outubro é um mês muito forte para o botim e bota e, este ano, só se vendem sabrinas". Os clientes portugueses da Vírus "estão amedrontados, nem lhes apetece fazer as montras", adianta."
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    Exportações seguram vendas
    Só as vendas para o exterior parecem estar a segurar as empresas. Miguel Oliveira, que exporta 90% da produção, estima para este ano um crescimento de 5% nas vendas. Fortunato Frederico também prevê um crescimento entre 8 a 10% nas vendas da Fly London, apoiado nas vendas ao exterior.
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    Já Domingos Almeida estima um aumento de 5 a 7% no volume de negócios da Campeão Português, que detém a Camport. Este crescimento será alavancado nas exportações, que valem 60% do negócio da empresa. Mas a "exportação começou a abrandar, a Europa começa a não crescer e o motor da Europa, que é a Alemanha, está a abrandar", alerta."
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    Basta olhar para os números do retalho no canário grego para imaginar a queda no mercado nacional do têxtil e calçado.
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    Ou, esperar que a evolução do calçado português tenha realmente evoluído para o nicho da moda e possa aspirar a um desempenho semelhante ao dos cosméticos... 

    Lições do canário grego

    A propósito de "“Hecatombe” no comércio esperada para Dezembro atingirá mobiliário e electrodomésticos" julgo interessante aproveitar o exemplo do canário grego sobre o que vai ser mais atingido no mundo do retalho português em 2012:
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    Tabela retirada de "Greek retail sales slip 1.5% in August year-on-year"