sexta-feira, dezembro 15, 2023

"Value Truth over Good News"

Recordo de 2009, "Fake recoveries, os 3 amigos e a linguagem de carroceiro":

"BTW, acham que as empresas de Belmiro de Azevedo, por causa da sua linguagem realista e crua estão a viver um momento de descalabro moral, de desânimo, revoltadas com o discurso da tanga do seu líder? Acham mesmo?

Não estarão antes, cientes da realidade, a fazer das tripas coração, a pensar em alternativas, a tentar criar um amanhã melhor? Qual das duas linguagem promove mais facilmente o cerrar de fileiras?

Se Belmiro de Azevedo replicasse a linguagem do ministro nas suas empresas iria gerar o veneno mais corrosivo das organizações, IMHO, o cinismo."

Relaciono com trechos retirados de "Heuristics for Masterbuilders: Fast and Frugal Ways to Become a Better Project Leader" de Bent Flyvbjerg.

"Value Truth over Good News. This was proposed by a leader who had observed that in most organizations good news is encouraged over bad. As a result, no one wants to be the messenger of bad news. The problem with this approach, the leader said, is that on big, complex projects it is only a matter of time until something goes wrong and bad news appear. As leader, you want to hear about this as quickly as possible, so you can do something about it before it grows worse. To be an effective project leader you therefore cannot afford the good-news culture of most organizations. You need to do the opposite: Encourage your team to always immediately tell you the truth about the project, no matter how bad it is. You need to actively encourage bad news and create an organization in which they travel fast, with clear escalation mechanisms and directives for who does what when things go wrong, so you don't have to spend precious time on figuring this out after the fact, argued this leader. -- Again, there was deep resonance in the room. Another cohort member explained that she used a version of this heuristic: Encourage Bad News. And again, these are heuristics that will help you be a better leader if they resonate with your experience, and you can walk the talk."

quarta-feira, dezembro 13, 2023

"Curar" em vez de prevenir

Há tempos ofereci este livro à minha mulher,  "Outlive", de Peter Attia.

O autor, um especialista em longevidade demonstra o quão desactualizada está grande parte da medicina moderna, em parte porque frequentemente procura "curar" em vez de prevenir doenças crónicas. Curar aqui não é acabar com a doença, apenas mascarar ou esconder os sintomas.

Isto faz-me recordar uma conversa que tive há tempos precisamente sobre isto. Há uma causa-raiz que gera uma série de sintomas perversos. O que se faz? Atacam-se os sintomas sem considerar a hipótese de investir na eliminação da causa-raiz. Complicam-se os sistemas, introduzem-se passos que não criam valor, apenas servem para controlar, e acrescentam-se camadas de complexidade. Nas empresas e, pelos vistos na medicina.

O mesmo se passa na política...

Parei aqui ontem à noite. Esta manhã, 6h30, e estou a ouvir o que vem a seguir ao minuto 7:12 ...


Não há coincidências... 

terça-feira, dezembro 12, 2023

Mixed feelings

No JdN de ontem um artigo que me deixou a pensar e sem uma conclusão definitiva, além de algum pensamento cínico, "A tecnologia dá hipóteses como nunca às PME", uma entrevista ao director-geral da SAP Portugal.

O artigo começa com:

"O país empresarial insiste em demasia em ter "fatos à medida" nos processos informáticos, considera o diretor-geral da SAP Portugal. Em entrevista ao Negócios e Antena 1, Nuno Saramago diz que as empresas, sobretudo as pequenas, teriam a ganhar em utilizar versões padronizadas dos programas de gestão.

...

Muitas vezes temos a tendência de fazer um fato à medida e customizar quando podíamos aproveitar essa energia para customizar aquilo que realmente nos diferencia. Se trabalho num produto específico, é aí que tenho de investir os meus recursos, capital e esforço."

Fiquei com mixed feelings. 

  • Por um lado, o meu radar cínico pensou: Interessante, trabalhar a mensagem de que um ponto fraco da SAP é na verdade um defeito do cliente PME.
  • Por outro lado, lembrei-me dos Wardley Maps e do tema dos pioneiros versus colonos (recordar de 2018, Wardley-Martin). 


segunda-feira, dezembro 11, 2023

Um chihuahua


Leio aqui:

"Foram apresentadas 9 opções para a construção do novo aeroporto de Lisboa, uma questão já com 50 anos. A opção de Alcochete é a que reúne mais consenso, depois da Comissão ter deixado cair as opções de Rio Frio e Poceirão. José Eduardo Martins alerta que, se o novo aeroporto for “o maior ‘hub’ do mundo, com 136 vôos por hora”, como é apresentado, a TAP não poderá ser a única companhia a operar. Daniel Oliveira relembra ainda que, segundo a Confederação do Turismo de Portugal, estamos a perder 3 milhões de euros por dia sem o novo aeroporto. Ainda em análise o caso das Gémeas, que implica Marcelo Rebelo de Sousa, neste programa exibido a 6 de dezembro na SIC Notícias."

Recuei logo a 2008 e 2006 e a O meu baú de tesourinhos deprimentes:

"A 6 de Outubro de 2006 o Semanário Económico publicava um extenso artigo de três páginas sobre a indústria gráfica sob o título "Portugal ganha maior rotativa do mundo"

Eu não conheço nada da indústria gráfica, não conheço nada sobre o modelo de negócio das gráficas, mas na altura, humildemente, ciente da minha ignorância, achei para mim mesmo que este investimento não fazia sentido num país de 10 milhões de habitantes, numa economia que não descola de crescimentos raquíticos vai para quase dez anos, numa altura em que a internet está a comer o mercado dos jornais e não só.

A maior rotativa do mundo deve estar pensada e desenhada para grandes produções, grandes séries, grandes lotes de produção, logo não deve estar adaptada para mudanças rápidas de lote, de série... pensava eu, com isto produzem o que produziam antes numa fracção de tempo mas vão ficar com muito tempo livre... e a maior rotativa para ser viabilizada deve precisar de uma elevada taxa de ocupação, só que só fazem sentido taxas de ocupação elevadas com grandes séries, é absurdamente anti-económico, num negócio de preço-baixo (grandes séries) procurar taxas de ocupação elevadas à custa do somatório de muitas pequenas encomendas... (e o custo das mudanças e limpezas?).

A maior rotativa do mundo pediria o aumento da dimensão média das encomendas, não o aumento puro e simples das encomendas.

Mas quem sou eu... guardei o recorte à espera de ver em que paravam as modas."

E pensei também em "Estratégia? Qual estratégia?":

"Frequentemente, discutimos o país como se o mundo nos encarasse como a potência que foi dominante no tempo das caravelas. Hollywood criou o American Dream e em Portugal apenas uma alienação coletiva poderá pensar que existe um Portuguese Dream por causa do sol e das sardinhas. A triste verdade é que Portugal é hoje um país pequeno, pobre, periférico e irrelevante à escala económica mundial.

Qual é a visão para um crescimento económico sustentável de longo prazo que permita manter o ritmo de crescimento do salário mínimo nacional sem ser por estagnação dos salários das pessoas mais qualificadas que persistem em ficar por cá?

Já agora, se não queremos turistas no alojamento local, nem RNH, nem investidores em imobiliário para Golden Visa, aproveitem para me explicar porque é que a TAP e um novo aeroporto são estratégicos para o país.

Alguém que me explique, por favor, porque eu não estou a entender."

O meu vizinho de escritório é um espanhol com uma empresa de investimentos. Tem um chihuahua. Um cão pequeno daqueles que a gente tem de ter cuidado para não calcar. Quando passo no corredor do edifício e a porta do escritório dele está aberta, lá vem o cão disparado a ladrar como um perdido e a ameaçar morder as canelas... faz-me lembrar os políticos Portugueses a fazer política externa. 

domingo, dezembro 10, 2023

Porquê?

"It's the Benefits, Stupid! A project leader pointed out that project teams and owners focus too little on the benefits of their projects and too much on costs and schedule. It's not that cost and schedule are not important, emphasized this leader. But the ultimate reason for doing projects is their benefits. Cost and schedule are means to an end -- the end being benefits - not ends in themselves. We must therefore keep our eyes on the benefits, or we lose sight of why we do what we do, the leader concluded. - Again, the cohort was sympathetic. And again, our research supports the heuristic. First, we have found that most projects don't even measure benefits, making their study difficult. Second, project managers who do measure and manage benefits perform better than managers who do not. Not only do these managers perform better in delivering benefits, but also in delivering on budget and on time. It appears that once project managers know how to get benefits right, they know how to get everything right. They have graduated to the level of the mature and effective project leader. Therefore, if you don't already focus on benefits in your projects, now is a good time to start. You will not truly master project management until you do."

Relacionar os sublinhados acima com o tema do último artigo de Cavaco Silva.

"Ask Why? This will focus you on what matters, namely the benefits the project will achieve, which are the ultimately purpose of the project. Nietzsche rightly observed that, "to forget one's purpose is the commonest form of stupidity" (Nietzsche 1994: para 206). Good leaders are not stupid. They stay on purpose by asking why? This also prevents you from jumping too quickly to solutions, a classic error in project management and, indeed, all management. Moreover, it prevents you from seeing the project as an end in itself, instead of as a means to an end, another common error. Even a company is just a means to an end, and if you begin to see it as an end in itself then, ironically, that is the beginning to the end. Steve Jobs was crystal clear about his answer to why?: "making wonderful things" or "great products," as he repeated, over and over, like a mantra (Schlender and Tetzeli 2015: 233). Finally, asking and answering why? helps you think from right to left, like Wolstenholme above. The answer to why? is your "right" -- your North Star -- which will guide you every step of the way through delivery. Your "left" is the actions to get you there, your means. In the end, there are only two types of projects. The ones that get things right from the start, by asking why?, and the ones that fix things later. There are no shortcuts. The later you leave the fix the more expensive and stressful it will be. Once you're in the din of delivery, it is easy to forget to ask why? Therefore, remind yourself. Good leaders never stop asking why?"

Trechos retirados de "Heuristics for Masterbuilders: Fast and Frugal Ways to Become a Better Project Leader" de Bent Flyvbjerg.

sábado, dezembro 09, 2023

Risk and objectives

With ISO 9001:2015 came the risk based approach, and with ISO 9000:2015 came a definition of risk:

"Risk - effect of uncertainty

Note 1 to entry: An effect is a deviation from the expected"

It took me just over two years to realize the importance of Note 1 and formulate this approach:

"Therefore, in a strategic approach, the policy must be broken down into objectives for the management system (MS). These objectives cannot be established in a vacuum, but must consider the external context of the organization, its internal reality, and the expectations and values of relevant interested parties.

...

Assessing the external context, internal reality, and interested parties expectations and values allows for the identification of a set of risks that could hinder the company's ability to achieve its performance objectives, as well as a set of opportunities that could potentially benefit the company's ability to reach its performance targets. These risks and opportunities should be evaluated, and actions should be taken to minimize risks and capitalize on opportunities, based on priorities. These actions will be part of achieving the objectives of the desired future MS.

...

Thus, clauses 4.1 and 4.2 of ISO 9001:2015 refer to a moment prior to defining objectives aligned with the policy, influencing it. Meanwhile, clause 6.1 of ISO 9001:2015 refers to a moment after defining objectives, which may contradict or benefit their fulfillment."

This means that we should not determine risks and opportunities in the abstract, but rather by considering the objectives of the management system. Failing to do so runs the serious risk of generating long lists of risks and opportunities resulting from free brainstorming, but with little added value for organizations.

I had never looked for the definition of risk in ISO 31000 ... until some weeks ago.

According to ISO 31000, risk is defined as the effect of uncertainty on objectives. This implies that risk is the possibility of a positive or negative impact on an organization's objectives. Uncertainty refers to the state of having incomplete or imperfect information about something.

The relationship between risk and uncertainty is that uncertainty is the source of risk. In other words, risk cannot exist without uncertainty. For example, if you know with certainty that something will happen, then there is no risk. However, if you don't know with certainty what will happen, then there is a risk.

ISO 31000 defines risk as the effect of uncertainty on objectives. This definition is important because it emphasizes the fact that risk is not just about the probability of something happening. It is also about the impact that something happening will have on an organization's objectives.

Here are some examples of how uncertainty can lead to risk:

  • A company that is planning to launch a new product is uncertain about how the product will be received by consumers. This uncertainty could lead to risk if the product is not well-received and the company loses money.
  • A bank is uncertain about the future of the economy. This uncertainty could lead to risk if the economy takes a downturn and the bank loses money.
  • A government is uncertain about the future of the political climate. This uncertainty could lead to risk if there is a coup or other political instability.

As you can see, uncertainty can lead to risk in many different ways. It is important for organizations to understand the different types of uncertainty that they face and to develop strategies for managing them.

Uncertainty is generated by the internal and external context.

How do you determine risks in your MS, do you take objectives into account?

sexta-feira, dezembro 08, 2023

Acerca da evolução de Portugal e da Roménia (parte II)

Ontem publiquei Acerca da evolução de Portugal e da Roménia. Também ontem li no JdN, "Peso dos bens transacionáveis na riqueza produzida quase estagnado".

Reparem no texto inicial do artigo:

"Valor acrescentado gerado pela produção de setores de bens transacionáveis atingiu mínimos em 2010 e desde então está quase estagnado. Perda de competitividade da indústria explica panorama. Valor acrescentado das exportações no PIB abranda."

Agora vamos à minha matriz produtividade versus competitividade:

Não devemos confundir produtividade com competitividade.

Não devemos cair no erro de ignorar a lição japonesa. 

Falta a parte dolorosa da transição. O aumento do valor acrescentado que é preciso tem de ser obtido à custa da evolução na horizontal para actividades com mais valor acrescentado. Não podemos esperar que a evolução desejada seja consequência de continuar a exportar o que já exportamos. O peso dos bens transaccionáveis não cresce por causa do mastim dos Baskerville, por causa do que falta. Já me repito: Depois do hype: O mastim dos Baskerville! 

No artigo pode ler-se:

"A diminuição do peso do VAB gerado pelos setores produtores de bens transacionáveis é explicada pela alteração do modelo de especialização produtiva da economia portuguesa, com os serviços a ganharem destaque nos últimos anos, a que se junta "a perda de competitividade de alguns dos principais setores de bens transacionáveis" em Portugal, com destaque para a indústria."

Na Parte I pode ver-se a evolução dos serviços em Portugal e Roménia, agora acrescento a Dinamarca:

É claro que a exportação de serviços tem muito mais potencial de valor acrescentado que as exportações da indústria. Não percebo esta argumentação.

Agora segue-se um momento de catequese. Uso esta palavra como um substantivo para nomear afirmações que ninguém contesta, mas que não são suportadas num plano verosímil:

"Carlos Tavares defende, por isso, que o objetivo central de Portugal "deve ser produzir mais e mais valiosos bens transacionáveis internacionalmente do que simplesmente aumentar o volume das exportações."

Quantos mais anos vão laborar no mesmo erro em que eu laborei por tanto tempo? Recordar: A brutal realidade de uma foto. E não, não é criando empresas maiores a produzir o mesmo que já se produz, é arranjar outros protagonistas para produzir coisas diferentes. Não cometam o erro de Relvas - Tamanho, produtividade e a receita irlandesa

quinta-feira, dezembro 07, 2023

Acerca da evolução de Portugal e da Roménia


A evolução da produtividade de Portugal e Roménia (fonte)

Com base nesta ferramenta, "Atlas of Economic Complexity", a evolução do perfil das exportações de Portugal e Roménia entre 1999 e 2021:

Impressionante!


quarta-feira, dezembro 06, 2023

Again, por que se pedem paletes de mão de obra estrangeira barata?

Ao longo dos anos tenho escrito aqui no blogue sobre a relação imigração e salários dos trabalhadores menos escolarizados. Por exemplo:

Ouvir Eric Weinstein a partir do minuto 3.


Por que será que a imigração está descontrolada?

terça-feira, dezembro 05, 2023

A receita irlandesa na Grécia (parte II)

Ontem comecei o dia no Twitter assim:

A 1 de Outubro último escrevi: A receita irlandesa na Grécia

A 24 de Outubro no WSJ encontrei "Greece's Great Economic Comeback":

Talk about an economic comeback story. Less than a decade ago, Greece looked like it might never recover from its economic and political traumas. On Friday it won back an investment-grade credit rating from Standard & Poor’s.

The upgrade on Greek debt achieves a goal set by Prime Minister Kyriakos Mitsotakis, although it also sells short the scale of the transformation Mr. Mitsotakis has brought about in Athens. S&P Global cited “significant budgetary consolidation” and the summer’s electoral “mandate for policy continuity” to explain its decision—which, as so often with credit ratings, arrives behind the curve and for the wrong reasons.

Athens needed to get spending under control after the fiscal excesses of the early 2000s culminated in a debt crisis starting in 2009. But if a balanced budget were all the country required to be deemed investable, a credit upgrade would have happened by now. Greece agreed to three separate bailouts from its European peers between 2010 and 2015, all of which included punishing fiscal conditions.

Those conditions were never met because neither the bailout deals nor Greek politicians implemented a growth agenda. Voters grew exasperated with the first two bailouts-to-nowhere and in 2015 swung to the far left, electing Alexis Tsipras of the Syriza Party as Prime Minister.

Mr. Tsipras nearly blew up the eurozone, refusing to honor bailout conditions and going so far as to stage a botched referendum on euro membership before stepping back from the brink. Then he signed a bailout deal with its own fiscal strictures.

Mr. Mitsotakis’s innovation, since ousting Mr. Tsipras and bringing the center-right New Democracy party back to power in 2019, has been to focus on economic growth. He cut the corporate tax rate to 22% from 29%, has worked to rationalize government operations, and now is pushing ahead with privatizations. [Moi ici: Um não-geringonço, portanto]

The renewed optimism explains why the economy is expected to grow this year by about 2.5%, S&P expects government debt will fall to 146% of GDP from 189% in 2020, and investment is pouring in. All of this happened despite the pandemic, a migration crisis and several natural disasters. It also explains why Mr. Mitsotakis won re-election handily this summer.

Challenges remain for an economy that still is too dependent on a handful of industries such as tourism, and important regulatory reforms are needed to increase dynamism. But Mr. Mitsotakis has figured out that an economic growth agenda is the essential ingredient for building support for those reforms—and for balancing the books. That’s a lesson the rest of Europe—and America—could learn from the Continent’s former problem child."

Ontem ao final da tarde no Twitter encontrei:

segunda-feira, dezembro 04, 2023

"todos tratados como Figos"

Ao longo dos anos tenho referido esta previsão no blogue. Demografia, e o reshoring estão dar um poder negocial cada vez mais forte aos trabalhadores. Por exemplo:

"Escrevi aqui algures que um dia seríamos (os nossos descendentes) todos tratados como Figos."

"ALMOST EVERYONE agreed that the mid-2010s were a terrible time to be a worker. David Graeber, an anthropologist at the London School of Economics, coined the term "bullshit jobs" to describe purposeless work, which he argued was widespread. With the recovery from the global financial crisis of 2007-09 taking time, some 7% of the labour force in the OECD club of mostly rich countries lacked work. Wage growth was weak and income inequality seemed to be rising inexorably.

How things change. In the rich world, workers now face a golden age. As societies age, labour is becoming scarcer and better rewarded, especially manual work that is hard to replace with technology. Governments are spending big and running economies hot, supporting demands for higher wages, and are likely to continue to do so. Artificial intelligence (Al) is giving workers, particularly less skilled ones, a productivity boost, which could lead to higher wages, too. Some of these trends will reinforce the others: where labour is scarce, for instance, the use of tech is more likely to increase pay. The result will be a transformation in how labour markets work.

...

To understand why, return to the gloom. When it was at its peak in 2015, so was China's working-age population, then at 998m people. Western firms could use the threat of relocation, or pressure from Chinese competitors, to force down wages. David Autor of the Massachusetts Institute of Technology (MIT) and colleagues estimate that this depressed American pay between 2000 and 2007, with a larger hit for those on lower wages. Populist politicians, not least Donald Trump, took advantage, vowing to end China's job "theft"

...

The approach is already bearing fruit for workers. In a recent paper, Mr Autor and colleagues demonstrate that tight American labour markets are leading to fast wage growth, [Moi ici: Por isso, é que o patronato é tão amigo da imigração, mão de obra barata] as workers switch jobs for better pay, and that poorer employees are benefiting most of all (see chart 3). The researchers reckon that, since 2020, some two-fifths of the rise in wage inequality over the past four decades has been undone.

A similar trend is probably playing out across the rich world. Germany's employment agency keeps a tally of jobs that are facing severe worker shortages. So far this year it has added 48 professions to the 152-strong list. Most require technical, rather than academic, education, with shortages most pressing in construction and health care. Japan offers time-limited visas for workers in a dozen fields, including the making of machine parts and shipbuilding, and the country's wages are rising faster than at any point in the past three decades. The wage premium that accrues to those with a university education is already shrinking; it may now fall faster."

Recordar:

Trechos retirados da revista The Economist de hoje, "Welcome to a golden age for workers"

domingo, dezembro 03, 2023

You Can’t Save Yourself - Bishop Barron's Sunday Sermon

Ontem, ouvi uns pais dizer que a missa era chata e que os filhos não tinham interesse em participar, e que era muito cedo ou muito tarde.

Entretanto, hoje depois da missa fui ao escritório deixar umas pastas de arquivo e ... estranhei tantos carros no estacionamento que ao Domingo costuma estar vazio. Percebi que muito cedo, talvez por volta das 8h da manhã, tinha começado um evento num andar debaixo, onde um dos vizinhos tem uma escola de dança para crianças.

As pessoas estão habituadas à campanha dos políticos que prometem carne à mesa todos os dias. Sorry, ser cristão não é para levar a vida fácil, ser cristão é para levar uma vida diferente.

Queremos Deus na nossa vida, sim ou não? Precisamos dele, sim ou não? 

Come on, estamos em 2023, quase em 2024, alguém obriga os pais a darem vida religiosa aos filhos?

Não podemos querer ter Sol na eira e chuva no nabal.

Outcomes, not deliverables

"As a leader, you want to keep your team focused on critical outcomes and problems. To do this, you first need to identify where scope creep usually happens and cut it off quickly. In practice, this means shifting your entire team's mindset from "what" you're building to "why" you're building it, ensuring a project's outcomes are clearly defined. This will keep the team's narrative focused on the problem being solved.

...

Driving projects by outcomes means defining success based on problem resolution, and measuring progress by how effectively you solve the problem. Therefore, an outcome is a problem that an audience has that isn't addressed or is insufficiently addressed — not the individual project deliverables or features. Defining outcomes means setting aside assumptions on audience wants and desires, and shifting attention to what pain points exist and what is required to eliminate them.

...

Emphasizing outcomes also helps you to align your team around a common purpose and shared goals. By providing clarity on what needs to be achieved, you're motivating your team and empowering them to work together to apply creative approaches to problem solving. Without knowing the outcomes, it is presumptive to say whether any specific tactic or deliverable is needed or necessary. In short, only when problem-based outcomes are determined can a useful scope of features and deliverables be defined."

Recordar:

Trechos retirados de "Project Managers, Focus on Outcomes - Not Deliverables

sábado, dezembro 02, 2023

Um paralelismo?

Em Junho passado em Evoluir na paisagem económica escrevi:

"No final desta leitura recordo que procurei mentalmente fazer um paralelismo com a deslocalização do têxtil alemão para Portugal nos anos 60."

Nas últimas semanas mão amiga tem-me enviado alguns "recortes" sobre a economia alemã. O último foi este:

"companies' investment shifts are becoming more established: more than one in three companies (35 percent) are now planning to shift investments abroad (May 2023: 27 percent, February 2023: 27 percent, September 2022: 22 percent). Another 14 percent are planning to cut investments. Only 1 percent of companies stated that they wanted to increase their investments in Germany given the current situation. Relocation destinations are: other EU countries, Asia and North America (in that order)."

Também recebi este:

"Orders received by the German machine tool industry in the third quarter of 2023 were nine percent down in nominal terms on the same period last year. Orders from Germany declined by 8 percent whereas those from abroad fell by nine percent."

Entretanto por cá:

  • Metal perde vendas mas acredita em recorde anual
  • "Nem a metalurgia e metalomecânica, a indústria campeã das exportações, é imune ao arrefecimento das economias europeias, em especial, da alemã. Em setembro, as vendas ao exterior caíram 8,6% para 1859 milhões de euros, menos 175 milhões do que no mesmo mês de 2022. No entanto, no acumulado do ano, as notícias mantêm-se positivas, com as exportações a crescerem 7,1% para 18 173 milhões de euros, fazendo acreditar num novo máximo histórico em 2023." 

     

    sexta-feira, dezembro 01, 2023

    Brace for impact


    Quando o PS abandona o governo ...
    • "A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) reviu em baixa as previsões para a economia nacional, apontando agora para um crescimento de 2,2% para este ano, de 1,2% para 2024 e de 2% para 2025." (Fonte)
    • "Em setembro de 2023, as exportações e as importações de bens registaram variações homólogas nominais de -8,2% e -13,0%, respetivamente" (Fonte)
    • Taxa Euribor sobe a três e a seis meses e desce a 12 meses para menos de 4% (Fonte)
    • "O total de desempregados registados no País foi superior ao verificado no mesmo mês de 2022 (+14 231; +4,9% ) e no mês anterior. (+3 243;+1,1%)." (Fonte)
    Números do crescimento homólogo do desemprego em Outubro último:
    • Fabricação de têxteis: + 11,3%
    • Indústria do vestuário: + 15,8%
    • Indústria do couro e dos produtos do couro: + 66,6%
    • Fabricação de outros produtos minerais não metálicos: + 21,5%
    • Fab. equipamento informático, elétrico, máquinas e equipamentos n.e.. + 10,7%
    • Atividades imobiliárias, administrativas e dos serviços de apoio: + 11,8%
    • Atividades de informação e de comunicação: + 16,6%
     (Fonte)



              Foi um parágrafo, foi. Esperto!



              quinta-feira, novembro 30, 2023

              Não há acasos!

              À atenção da câmara municipal de Viseu:

              "Any problem of real consequence is too complicated to solve without breaking it down into logical parts that help us understand the drivers or causes of the situation. So this is the most important step in problem-solving: taking the problem apart in a way that helps us see the potential pathways to solve it. At the same time, when we can see all the parts clearly, we can determine what not to work on, the bits that are either too difficult to change or that don't impact the problem much. When you get good at cleaving problems apart, insights come quickly."

              Claro que nem todos são iguais. Por exemplo, na semana passada uma empresa olhou para os seus objectivos da qualidade e verificou que uma das suas prioridades não estava a ser cumprida. A taxa de atraso nas entregas tinha crescido face ao ano anterior. Em vez do "vamos passar a ter mais cuidado", olharam para os dados e perceberam que havia um padrão. Os atrasos eram gerados pela recepção de repetições, encomendas recebidas sem planeamento e com prazos de entrega curtos que disrupcionam o planeamento normal. O que é que eles decidiram? Criar "pulmões" de capacidade não ocupada, livres para uso futuro em repetições se necessário, e facilmente usados na produção normal, se não vierem repetições.

              Não há acasos, se não gostamos dos resultados, temos de mudar o sistema.

              Trecho retirado de "Bulletproof Problem Solving" de Charles Conn

              quarta-feira, novembro 29, 2023

              Desenhar futuros alternativos

              Estava no meio de uma reunião via Teams quando um e-mail chegou com o video abaixo:

              Vi-o ainda nessa manhã.

              Achei esta análise muito interessante. Subir na escala de abstracção e olhar para os fluxos de factores que podem criar futuros alternativos. Como não recordar as três setas de Subsídios para um primeiro-ministro.

              O que Zeihan faz é olhar para as três setas e numa primeira rodada lançar um cenário possível, para depois pensar nas alternativas de resposta, ou de antecipação de alguém com locus de controlo no interior.


              terça-feira, novembro 28, 2023

              Este cura sabia!

              "Monseigneur, vos prêtres de village savent-ils ce qu'ils font à chaque messe?"

              "Monsenhor, acredita que os seus curas de aldeia têm consciência do milagre que realizam em cada missa?"

              Frase atribuída a Antoine de Saint-Exupéry.

              Eu tinha um tio, que sempre me tratou por Carlitos, quando o conheci era cura de uma aldeia nos arrabaldes de Coimbra no final dos anos sessenta do século passado.


              Nos últimos vinte e tal anos desenvolvi uma relação especial com ele. Talvez por ser o irmão mais velho do meu pai, que perdi há vinte anos, talvez por ser um idoso interessante que me deixava muitas vezes com a ideia de que dizia menos do que sabia, talvez por ser alguém que sempre perguntava pelo nosso trabalho, alguém que fazia perguntas fora da caixa, “O que é isso da nuvem?”


              O meu tio deixou este mundo com mais de 95 anos numa data fácil de recordar, 10 do 10 de 2020. Herdei alguns bens pessoais como o seu terço, como alguns livros e coisas simples como um pequeno globo terrestre que quando eu era miúdo me parecia enorme.


              No último mês, ando numa fase muito feminina na minha organização do trabalho. Planeio trabalhar em 3 ou 4 projectos distintos por dia, um bocado de cada vez. Permite-me trabalhar a fundo num projecto e quando a mente começa a cansar-se do tema e a querer fazer batota mudamos para outro. Ontem, dediquei cerca de uma hora a fazer algo que estava prometido há muito tempo, integrar algures no escritório uma quantidade de livros e revistas que estavam guardados nos arrumos da garagem de casa. Isso levou-me a mexer noutras coisas, e dei comigo a abrir uma caixa com um pequeno tesouro de coisas simples do meu tio, um terço, duas lupas, duas máquinas de calcular, algumas bugigangas e três livros: "A 25ª hora", "A rebelião das massas" (este fui eu que lhe ofereci, ainda tem os meus sublinhados a laranja benetton), e um livro que me lembro de ler duas vezes. À primeira não percebi e à segunda adorei. É o livro da foto, “Ortodoxia” de Chesterton.



              Sentei-me e agarrei-o como se fosse uma relíquia e folheei-o … os meus livros têm sempre a minha marca, os sublinhados benetton, os do meu tio têm sublinhados a lápis e comentários breves. 


              Quando o meu tio morreu tive o privilégio de escolher alguns livros de entre a sua biblioteca: de filosofia, de psicologia, de história, de religião e algo mais. Entretanto, descobri que o cura da aldeia dos anos sessenta era um ávido leitor que sublinhava e comentava o que lia, um homem organizado que registava todas as entradas e saídas de dinheiro, até encontrei um pequeno diário onde regista o dia de Março de 62 onde levou o meu pai de carro para Lisboa para ir apanhar o avião para Luanda onde, como regente agrícola, iria trabalhar no algodão de Malange e estar perto da namorada.


              Tenho saudades do meu tio… e sim, acredito que ele tinha consciência do milagre que realizava em todas as missas.

              Nash Equilibrium and Mongo


              Oiço a explicação de Nash e visualizo a minha descrição de Mongo!

              Acerca de Mongo:

              segunda-feira, novembro 27, 2023

              "vai passar a ter mais cuidado"

              Já por várias vezes escrevi aqui que os governantes não são mais nem menos que os governados, são uma emanação directa, são iguais.

              Ao ver isto:


              Pensei na minha experiência em tantas PME.

              Perante um problema, resolvem "vamos passar a ter mais cuidado".

              O que é que este sintoma nos revela sobre o processo de pagamento nesta câmara? Acham que passar a ter mais cuidado vai resolver o problema? 

              Isto é como o caso das gémeas brasileiras, por que o número é grande, chega ao público. Quantos casos de trocos não ocorrem todos os meses?

              E decidir olhar para o processo existente e perceber o que é que falhou? E decidir actuar nesse ponto onde a falha ocorreu?

              Come on: "vai passar a ter mais cuidado" é a melhor resposta para que a coisa volte a acontecer.



              domingo, novembro 26, 2023

              Ciência podre

              Nos tempos do Covid tinhamos nos extremos os críticos acéfalos e os apoaintes acéfalos da ciência.

              Ainda me lembro de me venderem que os vacinados não apanhavam Covid...

              Adiante!

              "However, my advisor had a different view: The paper had been published in a top management journal by three prominent scholars… To her, it was inconceivable to simply disregard this paper.

              I felt trapped: She kept insisting, for more than a year, that I had to build upon the paper… but I had serious doubts about the trustworthiness of the results. I didn’t suspect fraud: I simply thought that the results had been “cherry picked”. At the end of my third year into the program (i.e., in 2018), I finally decided to openly share with her my concerns about the paper. I also insisted that given how little we knew about networking discomfort, and given my doubts about the soundness of CGK 2014, it would be better to start from scratch and launch an exploratory study on the topic.

              Her reaction was to vehemently dismiss my concerns, and to imply that I was making very serious accusations. I was stunned: Either she was unaware of the “replication crisis” in psychology (showing how easy it is to obtain false-positive results from questionable research practices), or she was aware of it but decided to ignore it. In both cases, it was a clear signal that it was time for me to distance myself from this supervisor.

              ...

              The story so far is very banal. I, a (very) early-career researcher, took a deep dive into a famous paper and discovered inconsistencies. These stories always start with “that’s odd…”, “it doesn’t make any sense…”, or “there is something off here…”. Then, I second-guessed myself, a lot. After all, the authors are famous, serious people; and the paper is published in a prestigious peer-reviewed journal. So I thought “I must have misunderstood,” “I must be missing a part of the puzzle,” “it was probably addressed during the peer review process”… Then, as I finally grew more confident that the issues were real and substantial, I decided to write about them.

              What should happen then (if science were, as many people like to say, “self-correcting”) is that, after a peer-review of some form, my criticism would get printed somewhere, and the field would welcome my analysis the same way it welcomes any other paper: Another brick in the wall of scientific knowledge.

              As revealed in the New Yorker piece, this is not at all what happened. The three members of my committee (who oversaw the content of my dissertation) were very upset by this criticism. They never engaged with the content: Instead, they repeatedly suggested that a scientific criticism of a published paper had no place in a dissertation."

               O artigo impressiona e faz pensar na quantidade de professores e investigadores em Economia que publicam artigos científicos enquanto louvam a economia da Venezuela, a Coreia do Norte e Cuba.

              Trechos retirados de "A Post Mortem on the Gino Case".


              Recordar "Sou um cândido ingénuo"

              sábado, novembro 25, 2023

              Nó Górdio - farmácias, falta o resto

              Desfazer o Nó Górdio era um puzzle que derrotou muitos até que Alexandre o cortou com um golpe de espada.

              Em 2008 - Um caminho para a farmácia do futuro?

              Em 2023 - Por que engonhamos tanto? Sim, sobre a farmácia do futuro.

              Ontem no semanário Expresso, "As farmácias como extensão dos cuidados primários":

              "Aliviar a sobrecarga do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e aumentar o acesso dos doentes são objetivos centrais de Fernando Araújo, o homem que segura o leme de um SNS que há muito navega em águas agitadas. O plano do diretor-executivo para recuperar o sistema inclui a reorganização dos serviços, mas também a inclusão das farmácias como uma extensão dos cuidados de saúde primários.

              ...

              "Se pudermos ter um farmacêutico comunitário que esteja habilitado a fazer o diagnóstico e a prescrever o antibiótico para uma infeção urinária, resolve 90% dos casos", exemplifica.

              ...

              A "revolução" que os profissionais consideram estar em curso não é uma ideia original portuguesa, mas inspirada em modelos que têm sido aplicados em países como a Escócia."

              Passo seguinte serão os hospitais privados ao serviço do SNS. 

              sexta-feira, novembro 24, 2023

              A esperteza do feitor

              Lucas 16, 1-13


              Recordo


              quinta-feira, novembro 23, 2023

              Canários na mina

              Há dias citei:

              "A boa notícia é que vamos assistir à morte das empresas zombie dependentes de taxas de juro artificialmente baixas"

              Agora, começo a reparar outros canários na mina.

              Por exemplo, no FT de ontem em "The looming threat of fiscal crises" Martin Wolf escreve:

              "It is unquestionable that public debt has reached high levels by past standards.

              ...

              So, is public debt disaster looming? If so, will there be defaults, inflation, financial repression (forcible attempts to keep debt cheap), or some combination of all three? If none of these is to happen, what must be done?

              ...

              If governments are going to avoid the risks of a debt explosion and are also not going to resort to surprise inflation or financial repression, they will have to tighten what are mostly still ultra-loose fiscal policies. But will they dare to do so in ageing societies, with slowly growing economies and expanding defence burdens?"

              Por exemplo, no WSJ de ontem em "Interest Payments Are Walloping Government Budgets":



              "The world spent the past decade-plus taking advantage of rock-bottom interest rates to binge on debt. An unprecedented bill is coming due.

              Governments are expected to spend a net $2 trillion paying interest on their debt this year as higher interest rates make borrowing more expensive, up more than 10% from 2022, according to an analysis of International Monetary Fund data by research consulting firm Teal Insights and a separate analysis by Fitch Ratings. By 2027, it could top $3 trillion, Teal Insights says. The surge in interest costs leaves governments with difficult choices."

              Como li há dias no Twitter, sempre que o PS "foge" do governo... é um sinal de que tempos negros se avizinham.

               

              quarta-feira, novembro 22, 2023

              After "Pinto da Costa"

               "Having a CEO around for a long time is often thought to provide a company with consistency. But it can also store up problems, according to new research.

              Academics looking into the fall-out from a CEO with a long tenure find that it can "harm" performance, even after they are replaced.

              Statistical analysis by a team of academics finds that it appears hard to maintain performance after a long-standing CEO has moved on. There are also higher costs involved with the "clean-up"— restructuring and write offs-after veteran chief executives have departed."

              Trecho retirado de "Long-standing CEOs can leave a legacy of trouble for boards

              terça-feira, novembro 21, 2023

              "Why People Resist Change"

              Por que aquilo a que chamamos resistência à mudança acontece como um comportamento perfeitamente normal.


              segunda-feira, novembro 20, 2023

              "Por isso mesmo, não andemos a dormir como os outros, mas estejamos vigilantes e sóbrios."

              Recordar 1Ts 5, 1-6 

              "The autumn picture is both clear and gloomy. Europe's CFOs see a challenging winter ahead. Inflation is still elevated and interest rates at levels that are, historically, normal rather than particularly high, but from the rock bottom, near-zero rates of the previous decade and a half. Consumers are struggling with spiralling costs, and CFOs face the same problem: they too are now focusing on major efforts to reduce costs - rather than planning to invest, hire staff and expand. As was the case last autumn, when the Ukraine conflict brought Europe the threat of energy shortages, CFOs are uneasy about the winter that lies ahead and about the risks to economic growth. Their mindset is therefore cautious.

              With generative Al, many see the potential to help them reduce costs and improve their business performance in general. Yet, most are still in preparation mode. If competitors find benefits in using generative Al and steal a march on them, they will be swift to join the new trend - provided they can find staff with the knowledge required. If generative Al expands rapidly, competition for the respective skills will become intense.
              ...
              But the worsening in Europe’s current economic picture and its prospects is reflected in a reinforcement of the shift in CFOs’ strategic priorities that began to be evident a year ago—they are focusing on cost reduction. This shift to a defensive strategy is easy to understand: Europe’s CFOs, just like its consumers, are responding to the cost-of-living crisis by tightening their belts."

              Acerca do valor do trabalho

              A propósito da 1ª leitura da liturgia de ontem, retirada do Livro dos Provérbios, capítulo 31.

              A importância do trabalho

              domingo, novembro 19, 2023

              Por artes mágicas...

               Sexta-feira à noite num canal de TV durante o noticiário vi o relato deste tema aqui registado no JN de ontem

              O jornal não refere algo dito na peça televisiva, vários participantes na marcha referiram ter o sector perdido centenas de explorações leiteiras nos últimos anos.

              Os políticos criaram uma geração de adultos-crianças...

              Factos:
              • Bebe-se menos leite: As mudanças nos padrões de consumo, como a redução do consumo de leite em certas faixas etárias ou a preferência por alternativas ao leite, influenciam a procura.
              • Bebe-se menos leite: Há cada vez menos crianças!
              • Concentração em busca de eficiência: A modernização e a busca por eficiência levam à consolidação da produção em grandes instalações, enquanto as pequenas propriedades podem não ser economicamente viáveis.
              • Regulação e exigências ambientais: Normas ambientais mais rigorosas e exigências de conformidade podem aumentar os custos de conformidade para pequenos produtores. Aqui é interessante, nunca ouvi um político português dizer aos produtores de leite, o que dizem às empresas industriais ou aos condutores de automóveis.
              Por artes mágicas, terceiros têm de suportar as explorações leiteiras... por alma de quem?

              Sinto tanta falta desta clareza e pragmatismo na comunicação:
              "Para o BCE, a situação é mais difícil. "A zona euro encontra-se numa espiral de inflação salarial e a tendência deverá manter-se em 2024", afirma Dixmier. O problema dos aumentos salariais na Europa é que não são motivados pelo aumento de produtividade e, consequentemente, aumentam diretamente os custos das empresas. E as empresas vão querer manter as suas margens, o que irá traduzir-se diretamente em aumentos de preços. Por este motivo, o especialista prevê que o BCE terá de continuar a aumentar as taxas para combater a inflação. "A boa notícia é que vamos assistir à morte das empresas zombie dependentes de taxas de juro artificialmente baixas", acrescenta Virginie Maisonneuve, diretora de Investimento em Ações."

              sábado, novembro 18, 2023

              Ah! Esquecia-me!!!

              Ontem no Twitter fiquei apanhado por esta foto.

              Acham que o valor gerado numa actividade como esta é capaz de pagar 820 euros por mês a estes trabalhadores? 

              Ah! Esquecia-me! Esquecia-me que estes trabalhadores, muito provavelmente, são dos tais que estão por cá a prestar serviço, mas são pagos por um empregador no Bangladesh, de acordo com as regras do Bangladesh, tal como as empresas de construção portuguesas que vão prestar serviço na Alemanha e pagam salário português aos seus trabalhadores.

              sexta-feira, novembro 17, 2023

              Depois não se venham queixar das empresas zombies (parte II)

              Ontem publicamos aqui no blogue: "Depois não se venham queixar das empresas zombies". 

              Volta e meia escrevo aqui sobre o país do absurdo. Querem mais um exemplo? O novo aeroporto de Lisboa. Às segundas, terças e quartas, empertigam-se porque já deveria estar construído e em operação, para às quintas, sextas e sábados protestarem contra o excesso de turismo e contra as alterações climáticas.

              Às segundas, terças e quartas, empertigam-se porque temos demasiadas empresas zombies...

              para às quintas, sextas e sábados, quando lhes começam a tremer as pernas, protestarem por causa da falta de apoios para elas.

              Voltemos ao tema da parte I, a falta de mão-de-obra. Vai ser o novo normal.

              Entretanto no NYT de quarta-feira passada encontro "Signs of a Lasting Labor Crunch"

              "At Lake Champlain Chocolates, the owners take shifts stacking boxes in the warehouse. At Burlington Bagel Bakery, a sign in the window advertises wages starting at $25 an hour. Central Vermont Medical Center is training administrative employees to become nurses. Cabot Creamery is bringing workers from out of state to package its signature blocks of Cheddar cheese.

              The root of the staffing challenge is simple: Vermont's population is rapidly aging. More than a fifth of Vermonters are 65 or older, and more than 35 percent are over 54, the age at which Americans typically begin to exit the work force. No state has a smaller share of its residents in their prime working years.

              Vermont offers an early look at where the rest of the country could be headed

              ...

              "All of these things point in the direction of prolonged labor scarcity," 

              ...

              Employers are fighting over scarce workers, offering wage increases, signing bonuses and child care subsidies, alongside enticements such as free ski passes. [Moi ici:a diferença para a parte I é notória] When those tactics fail, many are limiting operating hours and scaling back product offerings.

              ...

              Long-run labor scarcity will look different from the acute shortages of the pandemic era. Businesses will find ways to adapt, either by paying workers more or by adapting their operations to require fewer of them. Those that can't adapt will lose ground to those that can.

              "It's just going to be a new equilibrium," said Jacob Vigdor, an economist at the University of Washington, adding that businesses that built their operations on the availability of relatively cheap labor may struggle. [Moi ici: A quem caberá a carapuça?]

              ...

              "You may discover that that business model doesn't work for you anymore," he said. "There are going to be disruptions. There are going to be winners and losers." [Moi ici: Sinto tanta falta deste pragmatismo adulto carregado de bom senso... faz-me voltar ao piquenine e às formigas de 2006

              ...

              The winners are the workers. When workers are scarce, employers have an incentive to broaden their searches - considering people with less formal education, or those with disabilities and to give existing employees opportunities for advancement.

              ...

              Other businesses are finding their own ways to accommodate workers. Lake Champlain Chocolates, a high-end chocolate maker outside Burlington, has revamped its production schedule to reduce its reliance on seasonal help. It has also begun bringing former employees out of retirement, hiring them part-time during the holiday season.

              ...

              "We've adapted," said Allyson Myers, the company's marketing director. "Prepandemic we never would have said, oh, come and work in the fulfillment department one day a week or two days a week. We wouldn't have offered that as an option."

              Then there is the most straightforward way to attract workers: paying them more. Lake Champlain has raised starting wages for its factory and retail workers 20 to 35 percent over the past two years.

              ...

              "We need to start looking at immigrants as a strategic resource, incredibly valuable parts of the economy,;" said Ron Hetrick, senior labor economist at Lightcast, a labor market data firm."

              Na parte I temos o típico comportamento tuga em que o locus de controlo está no exterior (nós somos uns desgraçados, uns Calimeros, não temos agência, tem de ser alguém no exterior a resolver o nosso problema). Na parte II temos um discurso em que o locus de controlo está no interior.

              quinta-feira, novembro 16, 2023

              Depois não se venham queixar das empresas zombies

               "Seis em cada dez empresas portuguesas teve dificuldade em contratar pessoas com as competências adequadas às suas necessidades, uma questão que é transversal a todos os setores económicos. Este é mesmo o maior problema identificado pelas PME nacionais nas respostas a um inquérito da União Europeia, no qual reclamam incentivos fiscais, designadamente através da redução da TSU à Segurança Social, e ações de requalificação profissional. Subsídio diretos são também bem acolhidos."

              Tendo em conta os sublinhados pergunto: É um problema de falta de mão de obra, ou um problema de incapacidade de pagar o nível salarial para atrair as pessoas?

              Será que incentivos fiscais, acções de requalificação profissional e subsídios directos têm a ver com falta de mão de obra, ou são soro para manter empresas em coma?

              Depois não se venham queixar das empresas zombies. Deixem as empresas morrer!

              Trecho retirado de "PME querem incentivos fiscais para ajudar a combater a falta de mão-de-obra"

              quarta-feira, novembro 15, 2023

              "However, if surprises happen"

              "When the environment is stable, AI can surpass humans. If the future is like the past, large amounts of data are useful. However, if surprises happen, big data - which are always data from the past - may mislead us about the future. Big data algorithms missed the financial crisis of 2008 and in 2016 predicted Hillary Clinton's victory by a large margin.

              In fact, many problems we face are not well-defined games but situations in which uncertainty abounds: finding true love, predicting who will commit a crime and reacting in unforeseen emergency situations are examples. Here, more computing power and bigger data are of limited help. Humans are the key source of uncertainty. Imagine how much more difficult chess would be if the king could violate the rules at a whim and the queen could stomp off the board in protest after setting the rooks on fire. With people involved, trust in complex algorithms can lead to illusions of certainty that become a recipe for disaster."

              Trecho retirado de "How to Stay Smart in a Smart World: Why Human Intelligence Still Beats Algorithms" de Gerd Gigerenzer 

              terça-feira, novembro 14, 2023

              A possibilidade do optimismo

              Ontem, no postal "Espero que não vos tremam as pernas quando as empresas começarem a cair como tordos" (Parte III) mostrei esta tabela:
              Fiquei satisfeito com a evolução dos produtos farmacêuticos. Recordo da semana passada, Menos dor na transição, este trecho:
              "É uma boa notícia e um exemplo concreto da teoria dos Flying Geese."
              Sobre a instalação de uma empresa farmacêutica no reino do calçado.

              O calçado, o têxtil e vestuário estão em queda? Sim, mas isso terá de ser a tendência para criar o nível de produtividade desejado no futuro. 

              O que é que o JdN de ontem escolheu para abordar?

              Na capa:

              Pena que não tenha salientado o lado positivo. Em 10 anos as exportações de produtos farmacêuticos cresceram quase 270%, as de calçado cresceram 10%.


              BTW, na mesma capa, ao lado, outro título:








              segunda-feira, novembro 13, 2023

              "Espero que não vos tremam as pernas quando as empresas começarem a cair como tordos" (Parte III)

              Parte II.

              Impressionante a radiografia das exportações usando o template tradicional aqui do blogue.

              Recordar de Agosto passado: Tudo vai depender do tal jogo de forças (parte VI)


              Uma pergunta

              Este postal não é uma promoção da guerra, mas o relato breve de uma reflexão superficial que há anos tenho guardada na prateleira.

              Há quantos anos Portugal não entra numa guerra a sério? Não falo de guerras lá longe, falo de guerras que podem pôr em causa a existência do estado como o conhecemos?

              O que acontece quando uma guerra que pode pôr o estado em causa sucede?

              Tudo é posto em causa em nome da sobrevivência do estado.

              Durante a guerra as instituições são obrigadas a reformar-se em nome da eficácia. Direitos adquiridos são suspensos e tudo se foca no objectivo de ganhar a guerra. A guerra funciona como uma purga sobre as ineficiências e desvarios que foram introduzidos ao longo do tempo de paz.

              Uma vez terminada a guerra o que acontece? Há de certa forma um reset, e um recomeço. Novas personagens, novas instituições, novas leis. 

              E quando não há guerras destas? As purgas não acontecem. Os desvarios e ineficiências multiplicam-se e ampliam-se numa espécie de reacção auto-catalítica.

              Dois exemplos, um nacional:


              Outro internacional, retirado da revista MIT Technology Review de Setembro/Outubro passado, "What happened to Kiva?":
              "The Kiva users noticed that the changes happened as compensation to Kiva's top employees increased dramatically. In 2020, the CEO took home over $800,000. Combined, Kiva's top 10 executives made nearly $3.5 million in 2020. In 2021, nearly half of Kiva's revenue went to staff salaries."
              Pergunta: como se criam instituições que não degeneram e se focam nos seus membros, em vez de manterem o foco na razão para o qual foram criadas, alguém no exterior?

              domingo, novembro 12, 2023

              Uma tristeza...

              No JN da passada sexta-feira:

              • página 19 - Queda de vigas mata operário em fábrica na Maia
              • página 22 - Quedas de árvores matam dois trabalhadores - Estavam a proceder ao corte quando foram atingidos em Viseu e em Penafiel
              Nos últimos 30 dias quantas mortes durante o trabalho foram registadas?

              Por que continuam a acontecer estes casos? Não têm notado um crescimento destes casos mortais?

              O que é que isto nos diz sobre quem devia prevenir estes resultados? Isto faz-me recuar a 2007 e aos monumentos à treta.