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segunda-feira, novembro 18, 2024

"O que existe é falta mão-de-obra barata"

Primeiro: 

Segundo:

Terceiro:

Sublinho "They don’t want wages to rise."

Ou seja: Não existe falta de mão-de-obra. O que existe é falta mão-de-obra barata. Não percebo como a esquerda não percebe isto.

"To get an idea of expert opinion on this topic, consider the 1990 testimony of Dr. Michael S. Teitelbaum, later to become Vice-Chairman of the U.S. Commission on Immigration Reform and considered by many, the foremost expert on the migration of the highly skilled:

"...the very phrase itself, "labor shortage" provokes puzzlement or amazement among most informed analysts of U.S. labor markets. "

"[To attract] workers, the employer may have to increase his wage offer. ... So when you hear an employer saying he needs immigrants to fill a "labor shortage", remember what you are hearing: a cry for a labor subsidy to allow the employer to avoid the normal functioning of the labor market." (fonte)

-1990 Congressional Testimony of Dr. Michael S. Teitelbaum"

Recordo:

terça-feira, agosto 27, 2024

Imigrantes: efeitos positivos e negativos (parte II)

No Domingo passado publiquei aqui no blogue a parte I sem intenção de publicar uma parte II.

Entretanto, durante a caminhada matinal de Segunda-feira ouvi ""Society Is A Ponzi Scheme" - Warning On Population Collapse & Hopeless Generation". Ao minuto 16 Eric Weinstein cita um artigo que terá escrito. Fui à procura de tal artigo. Fácil de encontrar, "Migration for the benefit of all" (escrito em 2001).

Em "2.2.2 Long-term native shortages" encontro:

"wage depression in targeted occupations can set up a positive feedback loop. [Moi ici: Aquilo a que chamei de crowding-out dos trabalhadores locais na parte I] As more migrants are targeted on a particular field which is failing in its bid to attract native workers, wages will increasingly fall short of competitive offerings, causing an acceleration of native flight towards non-targeted fields. This curious cycle is sometimes seen as a 'native worker shortage', though the term seems particularly Ill suited to describe a problem of employers which is ultimately self-inflicted. What may in fact begin as a simple temporary "spot shortage' of trained native workers, can in fact be made considerably more permanent by the attempting a quick fix from migrant labor.

Any program which imports migrants into a sector whose employers are complaining of insufficient trained natives, can be expected to exacerbate (rather than alleviate) its native shortage. Rather than raising incentives to entice new workers to seek training to fill the empty slots, visas are likely to be used to avoid the needed market response. Even if visa fees are put towards training programs to bring more natives to enter the sector, the existing native workers may respond by fleeing the sector even more quickly, leading to a potential exacerbation of the spot shortage."


Parte I - "Imigrantes: efeitos positivos e negativos"

domingo, agosto 25, 2024

Imigrantes: efeitos positivos e negativos

Esta foto foi publicada no Twitter com o seguinte texto a acompanhá-la:
"Multiplicai isto por praticamente todos os setores da economia portuguesa, qual é a vossa solução racistas e xenófobos do c*?"

Ou seja, quem considerar que isto é pernicioso para a economia tem logo garantido um rótulo.

Quando um sector económico mantém os custos laborais baixos ao empregar imigrantes, podem ocorrer vários efeitos positivos e vários efeitos negativos. Vamos a eles:

Efeitos positivos

Maior competitividade: A redução dos custos laborais pode tornar o sector mais competitivo, tanto a nível nacional como internacional, ao permitir que as empresas ofereçam preços mais baixos ou margens de lucro mais elevadas. Este é o tema do Uganda. No entanto, como os trabalhadores são estrangeiros e estão dispostos a dormir num apartamento com outros 19, não há manifestações.

Crescimento económico: O sector pode crescer mais rapidamente devido à redução de custos, levando ao aumento da produção, à expansão e, possivelmente, à criação de empregos adicionais.

Estabilidade de preços: Os consumidores poderão beneficiar de preços estáveis ​​ou mais baixos para os bens e serviços produzidos pelo sector, devido à redução dos custos de produção.

Flexibilidade na oferta de mão-de-obra: Os trabalhadores imigrantes podem fornecer a oferta de mão-de-obra necessária, especialmente nos sectores onde os trabalhadores locais não estão dispostos a trabalhar por um baixo salário, garantindo que o sector se mantém operacional e produtivo. BTW, aposto que isto, com o tempo, gera um crowding-out dos trabalhadores locais porque o custo de vida continua a subir, mas os empregadores não têm pressão para aumentar os salários.

Agora vamos aos negativos:

Efeitos negativos

Supressão salarial: A dependência da mão-de-obra imigrante de baixo custo pode suprimir os salários não só dos imigrantes, mas também dos trabalhadores locais, conduzindo potencialmente à desigualdade de rendimentos e à tensão social.

Dependência do trabalho imigrante: O sector pode tornar-se excessivamente dependente dos trabalhadores imigrantes, tornando-o vulnerável a alterações na política de imigração ou nas condições económicas que possam perturbar a oferta de trabalho.

Lacuna de competências: Se o sector depender demasiado de mão-de-obra de baixo custo, poderá haver menos incentivo para investir na automatização, na inovação ou na melhoria das competências da mão-de-obra, limitando potencialmente os ganhos de produtividade a longo prazo.

Tensões sociais e culturais: Um grande afluxo de trabalhadores imigrantes pode, por vezes, levar a tensões sociais e culturais nas comunidades locais, especialmente se a integração não for bem gerida.

Pessoalmente, como considero o desafio do aumento da produtividade fundamental para o futuro do país preocupam-me estas "bofetadas" que reduzem a pressão evolutiva para subir na escala de valor:
Sou do tempo em que a esquerda queria uma sociedade com salários altos e que quem não os pudesse pagar deviar fechar... Se Belmiro fosse vivo seria um grande defensor da mão de obra das paletes de imigrantes.

BTW, assim como os poluidores têm de pagar também os empregadores deveriam internalizar certos custos.



quinta-feira, agosto 01, 2024

O princípio do empregador-pagador (parte II)

Externalidades Negativas são custos não reflectidos directamente no preço de mercado de bens ou serviços e que são geralmente suportados por terceiros não envolvidos directamente na transacção económica. 

No passado dia 30 de Julho no DN li "Febre dos frutos vermelhos gera milhões, mas paga impostos no estrangeiro". O artigo lista toda uma série de custos em que a sociedade incorre por causa de uma entrada elevada de imigrantes num espaço limitado.

"Desde que o Sudoeste Alentejano foi descoberto como o melhor lugar da Europa, tão bom ou melhor que os vales da Califórnia, para produzir frutos vermelhos, o setor não mais parou de crescer e o Concelho de Odemira nunca mais foi o mesmo. Atraídos pelo oásis alentejano de brisa atlântica, vieram as multinacionais que lideram o mercado mundial e chamaram muitos produtores nacionais, expandiu-se a área de cultivo para 12 mil hectares e importou-se mão-de-obra de forma massiva para um território que estava em risco de desertificação. De 2800 imigrantes em 2011, o número quintuplicou para cerca de 15 mil em dez anos e já equivalem a 37%, mais de um terço da população. ... Hoje, após mais de uma década de expansão e de investimento privado intensivo, o setor das frutas e legumes Made in Odemira é reconhecido no mercado internacional como um polo de excelência e representa negócios de mais de 300 milhões de euros anuais, sobretudo para exportação. O outro lado da moeda é uma transfiguração da paisagem e do tecido social do concelho, onde convivem 80 nacionalidades, de culturas e religiões muito diversas que, na sua esmagadora maioria, não falam Português e "exercem uma brutal pressão urbanística e em todos os serviços públicos", disse o presidente da Câmara Municipal de Odemira, Hélder Guerreiro, em entrevista ao DN.

...

O Reagrupamento Familiar criou também pressão sobre os Serviços de Saúde, relacionada com a saúde materna", diz o autarca. "Tivemos de abrir cinco salas de aula em Brejão, Cavaleiro e São Teotónio, pois quase todas as semanas chegavam crianças, e também no Pré-escolar". O problema, como aponta o edil, é que "não temos funcionários públicos suficientes". No caso das escolas, por exemplo, "se tivermos uma turma de 20 alunos com 15 nacionalidades diferentes, como aqui acontece em Almograve, é complicado de gerir. Nesses casos precisamos de mais de um professor por turma".

...

"Faltam agentes de segurança, mais 10 pessoas nas Finanças, três na Segurança Social, 14 na Saúde e quatro na conservatória, sem esquecer as escolas e a Autoridade para as Condições do Trabalho e ASAE, "porque a atividade económica precisa de Estado no território".

...

Segundo o autarca socialista de Odemira, devido à acelerada metamorfose social do concelho, e à "dificuldade de aceder com facilidade aos Serviços Públicos", que agora têm uma procura cinco vezes maior, "a população local tem a sensação de que a sua qualidade de vida baixou, o mesmo acontecendo à coesão social".

...

Mesmo que o setor retire mais de 300 milhões de euros anuais do solo abençoado que vai de Sines a Lagos, "os impostos pagos, a título de Derrama, são apenas da ordem dos 70 mil euros anuais", disse o autarca. O maior volume de negócios é gerado por multinacionais e, essas, "têm as sedes fora", o que significa que pagam impostos nos países onde estão sedeadas. Diferente é o contributo a nível de Segurança Social, mas essa coleta é feita a nível nacional e não municipal.

...

Outra fonte de preocupação é a carência de habitação para a nova e acrescida procura. O município lançou um aviso no âmbito do Instituto de Reabilitação Urbana (IHRU) - para investir 15 milhões de euros em habitação, ao abrigo do PRR. "Mas não temos sinal de que venha a ser aprovado", disse Hélder Guerreiro. Do Governo, a autarquia reclama também melhores acessibilidades, nomeadamente ao litoral, para, por exemplo, encurtar a distância de um hospital."

Recordar o que escrevemos no passado Sábado, "O princípio do empregador-pagador."

Pensar nas empresas e na poluição que podem gerar. 

sábado, julho 20, 2024

O princípio do empregador-pagador.

O jornal Público, talvez em 2017(?), trouxe um artigo sobre o impacte da imigração no concelho de Odemira. Fixei na memória sobretudo o impacte no Centro de Saúde e na habitação para os "filhos da terra."

Anos depois, com o parceiro das conversas oxigenadoras abordámos o tema das externalidades. As empresas importam gente para seu benefício, mas deixam ao resto da sociedade custos que elas não pagam. Por várias vezes estive tentado a desenvolver o tema aqui no blogue, mas é delicado pois facilmente somos apelidados de racistas. Ainda na última conversa fiz o paralelismo com o princípio do poluidor-pagador. Agora encontro o princípio do empregador-pagador.

A verdade é que no FT do passado dia 17 li "Food industry urged to cover migrant workers' upfront costs."

As ideias principais do texto andam à volta de:
  • Encargos financeiros sobre os trabalhadores migrantes: Os trabalhadores agrícolas migrantes contraem frequentemente dívidas para cobrir custos iniciais, como voos e vistos, antes de conhecerem os seus rendimentos no Reino Unido, conduzindo a riscos de servidão por dívida.
"Farm workers coming to the UK are at risk of debt bondage because they often borrow money to cover flights and visas without knowing what they will earn, a report by the Migration Advisory Committee found."
  • Recomendações do Comité Consultivo para a Migração (MAC): O MAC sugere que o sector alimentar deve cobrir estes custos iniciais para manter o acesso à mão-de-obra estrangeira, recomendando um "princípio do empregador-pagador", onde as despesas de recrutamento e deslocalização são suportadas pelos empregadores.
- "The food sector should cover upfront costs faced by migrant farm workers if it wants to keep access to the overseas labour it relies on, the government's advisers on migration have said."
- "But workers also need more certainty over how much they will earn, the committee added, calling for a guarantee of at least two months pay, to ensure they could recoup the costs of coming to the UK."
- "It urged the industry to accelerate action to move to an 'employer pays principle', so that recruitment and relocation expenses are borne by employers rather than workers."
  • Esquema de Trabalhador Sazonal (SWS): O SWS permite aos produtores do Reino Unido contratar cerca de 45.000 pessoas anualmente com vistos de seis meses. O actual governo pretende reduzir o programa ao mesmo tempo que incentiva a automatização, e o Labour comprometeu-se a reformar o sistema de imigração para reduzir a dependência de trabalhadores estrangeiros.
- "To maintain current levels of food production, there was no immediate alternative given a lack of willing UK recruits to the seasonal worker scheme (SWS), the report published yesterday said, urging ministers to give industry certainty over the scheme's future."
- "The SWS allows UK growers to hire around 45,000 people a year on six-month visas. The previous Conservative government said in May that the programme would run at least until 2029 but noted the aim would be to taper its size over time, while encouraging farmers towards automation."
- "Labour pledged before the general election on July 4 to reform the immigration system with a view to reducing overseas hiring, by making employers' access to visas conditional on greater efforts to train UK workers."
  • Grupo de Trabalho da Indústria: Um grupo de trabalho da indústria está a trabalhar na forma como o “princípio do empregador pagador” poderia ser implementado, mas está a fazer progressos lentos devido a divergências sobre a partilha de custos na cadeia de abastecimento.
- "An industry task force, including supermarkets, growers and recruiters, has said it will model ways an EPP model could work. But it has made slow progress because there is no consensus on how to share costs along the supply chain, given the tight margins imposed by retailers on UK growers."
- "The MAC said the task force needed to work faster and urged it to set a timeframe to present proposals. Ministers should then confirm the scheme's continuation only if this timeframe was met, it said."

Recordo porque é que em 1904 St. Louis organizou uns Jogos Olímpicos e hoje não é conhecida pelos seus sapatos:

Ainda a propósito de "To maintain current levels of food production, there was no immediate alternative given a lack of willing UK recruits to the seasonal worker scheme (SWS)". As pessoas não querem trabalhar porque o salário é baixo, não porque não queiram trabalhar. Há uns anos, quando isto acontecia, a esquerda diria "As empresas que fechem se não podem pagar melhores salários". Agora  chamam imigrantes para esses postos de trabalho.

Quando uma empresa não consegue pagar salários que garantam um mínimo de condições de vida, é um sinal de que essa empresa, ou sector económico, tem de encolher e/ou fechar. Recordar Depois do hype: O mastim dos Baskerville!

terça-feira, junho 04, 2024

Desta vez é diferente!

Inundar um país com mão de obra barata ao mesmo tempo que se deseja aumentar a produtividade agregada do país é uma estratégia contraditória e problemática por várias razões. 

  • Mão de obra barata geralmente implica uma força de trabalho com baixos níveis de qualificação e educação, o que tende a resultar em baixa produtividade individual.
  • Aumentar a produtividade agregada requer investimentos em qualificação, tecnologia, inovação e eficiência, algo que a mão de obra barata não necessariamente favorece.
  • Empresas que dependem de mão de obra barata têm menos incentivos para investir em tecnologia e automação, pois os custos de trabalho são baixos. Recordar os gregos, a máquina a vapor e os escravos.
  • Produtividade agregada aumenta significativamente com a incorporação de tecnologias avançadas e inovação, o que é menos provável num ambiente com forte dependência do trabalho barato.
  • Mão de obra barata implica baixos salários, o que pode restringir o poder de compra da população.
  • Economias com alta produtividade geralmente têm uma força de trabalho bem remunerada que pode gastar mais, alimentando a procura interna e incentivando o crescimento económico.
  • Países que se concentram em mão de obra barata podem sofrer com a fuga de talentos, onde profissionais qualificados procuram melhores oportunidades noutros países.
  • Aumentar a produtividade exige reter e atrair talentos qualificados, o que é dificultado se os salários e as condições de trabalho forem baixos.
Ali ao lado na coluna das citações está esta frase:
"nature evolves away from constraints, not toward goals"
Se não existem constrangimentos, não há evolução, há mais do mesmo. 

Sempre me fascinou ver como uma multidão de humanos numa rua ou túnel se comporta como um fluido ao longo de um canal com obstáculos. Se os organismos não evoluem com um propósito ou objectivo final em mente; mas em vez disso, adaptam-se para superar restrições, levando às diversas formas de vida que vemos hoje, também a nossa economia evolui da mesma forma. Perante restrições é mais fácil fazer o que é mais fácil.

terça-feira, março 26, 2024

Por que se pedem paletes de mão de obra estrangeira barata? (parte IV)

 Completamente alinhado com a parte III, nomeadamente:

"Podem querer o que quiserem, mas a opção que tomarem tem custos."

Desta vez é Ricardo Reis no caderno de Economia do semanário Expresso do passado Sábado:

"É verdade que os portugueses não querem alguns dos empregos que os imigrantes têm em Portugal. Mas, não os querem, em parte, porque eles têm más condições. Em muitas ocupações, incluindo na agricultura, há máquinas e robôs que podiam fazer o trabalho mais árduo, deixando os humanos para as tarefas mais agradáveis. Sem imigrantes, ficava mais caro, e seríamos menos competitivos no caso das exportações, mas produziríamos à mesma. Os imigrantes permitem produzir mais barato, mas teríamos estufas e abacates na mesma sem eles. [Moi ici: Sem imigrantes, em vez de prolongar produções pouco produtivas, as empresas para sobreviverem teriam de evoluir para produções de maior valor acrescentado. A velha lição do canadiano. Assim, seguem-se estratégias cancerosas assentes em competitividade empobrecedora]"

sábado, março 09, 2024

Por que se pedem paletes de mão de obra estrangeira barata? (parte III)

Há dias li no WSJ este longo artigo, "Rich Countries Are Becoming Addicted to Cheap Labor".

Entretanto, ontem li "The Cheap Labor Addiction?". Interessante, quer o texto do artigo, quer a troca de comentários. Julgo que se trata do tema que tenho abordado aqui no blogue acerca dos "Flying Geese" e também do tema desta semana sobre o papel dos empresários e da produtividade do país.

Por exemplo, acerca deste trecho no jornal:

"In Canada, economists say the government has cast aside a carefully managed immigration system that gave priority to highly skilled workers, and ramped up significantly the intake of foreign students and other low-skilled temporary workers. By flooding the market with cheap labor, Ottawa may be propping up uncompetitive businesses and ultimately damaging productivity (1), according to a December report co-written by former Canadian central-bank governor David Dodge."

Leio:

"Notice the strange use of the word "uncompetitive." If those businesses are able to do well and maybe even thrive, how are they uncompetitive? (2) In fact, they are quite competitive.

And how would hiring more workers reduce productivity? (3) Are the employers stupid? Do they want to pay people who not only don't produce but also reduce production?

Of course not. It's clear what Dodge means. He means that hiring low-skilled workers could easily reduce average productivity.

Indeed, the very next paragraph of the news story makes my point:

Economic output per capita is lower than it was in 2018 following years of record immigration (4), notes Mikal Skuterud, an economist at Waterloo University in Ontario. Canada has been bringing in so many low-skilled workers that it lowers the country's productivity overall (5), he says.

Skuterud is pointing to average productivity even though he blows it at the end by equating that to the "country's productivity overall.""

 (1) e (2) - Já abordamos este tema aqui, misturar e fundir produtividade e competitividade dá asneira. Daí esta imagem que uso há anos:

É possível ser muito competitivo e empobrecer porque se é pouco produtivo e, por isso, apesar da subida do custo de vida os salários não são capazes de acompanhar porque a organização não liberta margem suficiente. 

Recordo:

(3) - Produtividade de empresas versus produtividade agregada de um país. Recordo Salário mínimo, produtividade, motivação/malandragem e desemprego (parte II)

(4) e (5) - Recordo Falta a parte dolorosa da transição

Podem querer o que quiserem, mas a opção que tomarem tem custos.

quarta-feira, dezembro 20, 2023

Imigração, zona de conforto e subida na escala de valor

A propósito da capa do jornal Público de Segunda-feira passada:

Camilo Lourenço no seu podcast diário de Segunda-feira louvou os imigrantes por fazerem o que os portugueses já não querem fazer. Sublinhou mesmo a sua importância para o turismo nacional.

O mesmo Camilo Lourenço no seu podcast de Terça-feira apresentou uns números sobre o turismo e o seu impacte na economia nacional. Elogiou esses números, mas chamou a atenção para a necessidade do turismo subir na escala de valor.

Recordo de Julho passado:

""Salários baixos, horas de trabalho sem fim"

Imigrantes no turismo triturados pelo motor que alimentam

Uns trabalham pelos salários mais baixos da economia nacional, outros passeiam e contribuem para que o turismo continue a ser o motor da economia. Os primeiros são imigrantes, partilham casa com dezenas de pessoas e tentam sobreviver com pouco. Os segundos são turistas, ficam alguns dias e gabam o sol, a comida e os preços baixos. Dos 300 mil trabalhadores do turismo não se sabe quantos são estrangeiros. Mas é certo que o número está a aumentar. À Renascença, Nuno Fazenda, secretário de Estado do Turismo, defende que é necessário aumentar salários no setor. Já em 2023, tivemos o melhor quadrimestre de sempre na área do turismo", conta. Mas a que custo?"

Por que é que um empresário sairá da sua zona de conforto para avançar numa aposta arriscada de subida na escala de valor? Tenho de mandar o vídeo deste postal, Again, por que se pedem paletes de mão de obra estrangeira barata?, a Camilo Lourenço. A garantia da disponibilidade de mão de obra barata diminui a necessidade de subir na escala de valor. Os empresários são humanos, os humanos são satisficers, não maximizers. Recordar Estranho, não? e as raposas levadas para a Austrália É assim tão difícil perceber este fenómeno? (parte II).


quarta-feira, dezembro 06, 2023

Again, por que se pedem paletes de mão de obra estrangeira barata?

Ao longo dos anos tenho escrito aqui no blogue sobre a relação imigração e salários dos trabalhadores menos escolarizados. Por exemplo:

Ouvir Eric Weinstein a partir do minuto 3.


Por que será que a imigração está descontrolada?

segunda-feira, dezembro 04, 2023

"todos tratados como Figos"

Ao longo dos anos tenho referido esta previsão no blogue. Demografia, e o reshoring estão dar um poder negocial cada vez mais forte aos trabalhadores. Por exemplo:

"Escrevi aqui algures que um dia seríamos (os nossos descendentes) todos tratados como Figos."

"ALMOST EVERYONE agreed that the mid-2010s were a terrible time to be a worker. David Graeber, an anthropologist at the London School of Economics, coined the term "bullshit jobs" to describe purposeless work, which he argued was widespread. With the recovery from the global financial crisis of 2007-09 taking time, some 7% of the labour force in the OECD club of mostly rich countries lacked work. Wage growth was weak and income inequality seemed to be rising inexorably.

How things change. In the rich world, workers now face a golden age. As societies age, labour is becoming scarcer and better rewarded, especially manual work that is hard to replace with technology. Governments are spending big and running economies hot, supporting demands for higher wages, and are likely to continue to do so. Artificial intelligence (Al) is giving workers, particularly less skilled ones, a productivity boost, which could lead to higher wages, too. Some of these trends will reinforce the others: where labour is scarce, for instance, the use of tech is more likely to increase pay. The result will be a transformation in how labour markets work.

...

To understand why, return to the gloom. When it was at its peak in 2015, so was China's working-age population, then at 998m people. Western firms could use the threat of relocation, or pressure from Chinese competitors, to force down wages. David Autor of the Massachusetts Institute of Technology (MIT) and colleagues estimate that this depressed American pay between 2000 and 2007, with a larger hit for those on lower wages. Populist politicians, not least Donald Trump, took advantage, vowing to end China's job "theft"

...

The approach is already bearing fruit for workers. In a recent paper, Mr Autor and colleagues demonstrate that tight American labour markets are leading to fast wage growth, [Moi ici: Por isso, é que o patronato é tão amigo da imigração, mão de obra barata] as workers switch jobs for better pay, and that poorer employees are benefiting most of all (see chart 3). The researchers reckon that, since 2020, some two-fifths of the rise in wage inequality over the past four decades has been undone.

A similar trend is probably playing out across the rich world. Germany's employment agency keeps a tally of jobs that are facing severe worker shortages. So far this year it has added 48 professions to the 152-strong list. Most require technical, rather than academic, education, with shortages most pressing in construction and health care. Japan offers time-limited visas for workers in a dozen fields, including the making of machine parts and shipbuilding, and the country's wages are rising faster than at any point in the past three decades. The wage premium that accrues to those with a university education is already shrinking; it may now fall faster."

Recordar:

Trechos retirados da revista The Economist de hoje, "Welcome to a golden age for workers"

quinta-feira, junho 22, 2023

A concorrência "desigual" ou A evolução da produtividade (parte VII)

 Parte VI,  Parte VParte IVParte IIIParte II e Parte I.

A desglobalização em curso e as barreiras à entrada de emigrantes nos Estados Unidos geram este resultado inevitável. Por isso, é que o patronato é tão adepto da imigração.

O aumento dos salários na base da pirâmide não só beneficia as pessoas que o recebem, como promove a morte das empresas incapazes de os pagar, podendo contribuir para o aumento real da produtividade agregada do país (nos Estados Unidos ainda não está acontecer porque o numerador não está a crescer mais do que o denominador). Esta morte, como é natural, e não imposta por um governo, liberta recursos para outras empresas quando são precisos e sem que fiquem por aplicar. É, sem tirar nem pôr, ao vivo e a cores, o Flying Geese a funcionar.

Os responsáveis pelas empresas que vão morrendo argumentam como o actual governo de Portugal:

"A secretária de Estado da Promoção da Saúde admitiu esta quarta-feira dificuldades em contratar especialistas de obstetrícia e ginecologia para o Serviço Nacional de Saúde (SNS), alegando a concorrência "desigual" do setor privado.

...

Segundo disse a governante, o "problema" na contratação destes especialistas para os hospitais públicos reside na "concorrência com os privados que é desigual"."

Havendo mão de obra barata ao preço da chuva ... Portugal não irá crescer se continuar a “exportar ‘mais do mesmo’”

Não há acasos, está tudo relacionado.

sábado, abril 01, 2023

Por que se pedem paletes de mão de obra estrangeira barata? (Parte II)

Recordo daqui:

"Escrevi aqui algures que um dia seríamos (os nossos descendentes) todos tratados como Figos." 

Continuando Por que se pedem paletes de mão de obra estrangeira barata? 

"When tight labor markets last, the adaptations that employers make to reel new workers in and hold on to the ones they have work to the employees' advantage. Wages, benefits, working conditions, investments in training, and options for upward mobility increase and the doors to opportunity open a bit wider than usual. These are not charity acts and while they grow when public benefits like unemployment insurance enable workers to look a bit longer for a better opportunity, they emerge without those buffers just because demand for workers has outstripped the supply. Firms have no choice: they cannot attract labor if they don't offer competitive conditions. Once in place, those benefits are hardthough not impossible-to shake.

...

Employers and intermediary organizations make use of similar strategies in cultivating workers on the margins for opportunities that are going begging in tight labor markets. But for small employers, the training functions, the monitoring required to keep people "in line," and the cultivation of opportunities for upward mobility can be too arduous. This is why these small businesses find intermediaries so important when sourcing unfamiliar workers. Larger employers appreciate the chance to outsource training in soft skills among the hard-to-employ.

...

Arguably, the most interesting feature of intermediary work is the ability to pressure employers to boost job quality. Intermediaries can—and do—make more effort to find good workers for employers who are raising wages and providing benefits. They sideline hiring managers who are fishing to fill low-quality jobs. This is a form of collective bargaining, one that worker-focused intermediary organizations are excited to engage because they can deliver greater economic opportunity to their trainees.

...

people with damaged biographies whether from long periods of unemployment or drug addiction--face steep odds against finding good jobs. But in tight labor markets, they are more likely to find work of some kind, because the demand is there and the supply is not, or at least not in as plentiful quantities as employers need. 

...

The same forces that drive tight labor markets—principally economic growth—also spur an ever-escalating cost of living."

Trechos retirados de "Moving the Needle" de Katherine S. Newman.

sábado, março 25, 2023

Por que se pedem paletes de mão de obra estrangeira barata?

Volta e meia oiço, ou leio, líderes associativos a pedirem paletes de mão de obra estrangeira barata para resolverem o seu problema.

Qual o impacte da política de imigração de Trump nos salários dos americanos mais pobres?

Qual o impacte de um mercado laboral apertado nos salários dos trabalhadores?

"Given that inadequate employment plays such a powerful role in theories of poverty, it is surprising how little research has been done on whether, or to what extent, tight labor markets reverse these trajectories. Only recently have scholars turned their attention to the impact of tight labor markets on inequality, offering insight into how very tight labor markets have the potential to substantially close the Black-white wage, income, and unemployment gaps. If persistent unemployment or low earnings are indeed the root of most poverty problems, then truly tight labor markets that last long enough to reach those at the bottom of the economic ladder should change the equation in two ways. First, low unemployment should catalyze competition among employers to attract workers, driving them to improve job quality—including raising wages for workers on the bottom rungs. Second, low unemployment should draw jobless workers off the sidelines, transforming applicants with little formal education or employment experience into viable job candidates.

These benefits should flow into the other domains tied to poverty. As hiring managers are forced to look further afield for workers, the stigma attached to having a criminal record, especially a nonviolent one, should be less of a barrier. In theory, when men can claim steady salaries, young women have more choices in the partnership “market.” Tight labor markets provide women with more options as well, including raising children on their own in more economically secure households. As unemployment declines, neighborhood peace should be easier to secure since economic security begets residential stability, which increases social capital and peaceful streets.

...

we explore the gains that can accrue for people living in poverty when labor is scarce and jobs are going begging.

...

Poor workers are instead marked—by race, criminal records, or past unemployment—in ways that are often stigmatized by employers. Our research shows that these qualitative distinctions mean that these workers are categorically excluded from work opportunities until the labor market becomes especially tight, around 4 percent unemployment, at which point opportunities open up."

Interessante, sempre pensei isto e sempre considerei os pedidos de paletes de mão de obra estrangeira barata uma forma de manter os salários baixos. Uma forma de reduzir o imperativo desubir na escala de valor, para que a produtividade acrescida permita pagar os salários crescentes.

Trechos retirados de "Moving the Needle" de Katherine S. Newman.

quarta-feira, novembro 30, 2022

Falta de mão de obra

 Não admira que as pessoas de rendimentos mais baixos votem Trump. Ele "fechou" a emigração, algo que Biden não reverteu.

A economia cresce e não há mão de obra barata vinda da América Central. Assim, aumentou, pela primeira vez em muitos anos o poder de compra das pessoas na base da pirâmide de rendimentos.

E as consequências continuam a desenrolar-se:

"The tight labor market is prompting more employers to eliminate one of the biggest requirements for many higherpaying jobs: the need for a college degree.

Companies such as Alphabet Inc.'s Google, Delta Air Lines Inc. and International Business Machines Corp. have reduced educational requirements for certain positions and shifted hiring to focus more on skills and experience. Maryland this year cut college-degree requirements for many state jobs-leading to a surge in hiring-and incoming Pennsylvania Gov. Josh Shapiro campaigned on a similar initiative.

U.S. job postings requiring at least a bachelor's degree were 41% in November, down from 46% at the start of 2019 ahead of the Covid-19 pandemic, according to an analysis by the Burning Glass Institute, a think tank that studies the future of work."

Trecho retirado de "Employers Rethink Need for College Degrees in Tight Labor Market"

sexta-feira, junho 17, 2022

Competitividade sem competitividade? Mas o que é ser competitivo?

Procurem uma explicação simples para relacionar estes temas:

  • Sucesso das exportações portuguesas em curso (ver em Quem é este morcão? (parte II) - Dos 15 sectores relacionados com PMEs que sigo mensalmente, quando comparo as exportações dos quatro primeiros meses de 2022 com os de 2019 vejo: 1 sector a crescer mais de 60%, vejo 4 sectores (como a cerâmica e os plásticos) a crescer mais de 30%; e vejo 7 sectores (como os têxteis, calçado, máquinas e óptica) a crescer entre 10 e 30%)
  • Economia portuguesa menos competitiva desde saída da troika 
Então, somos competitivos ou não somos? Recordo a lição que aprendi e registei em Mea culpa e Mea culpa (III). Ou então, vejam o exemplo do Uganda, Competitividade, absurdo, lerolero e contranatura.

Competitividade sem competitividade? Mas o que é ser competitivo?
A explicação está nesta matriz do Mea Culpa (parte II):
Querem mais um tema para relacionar com os anteriores:

É assim, ou se sobe na escala de valor, ou tem de se importar trabalhadores para manter os salários baixos necessários para manter competitividade sem produtividade.

E coragem para políticos assumirem estas coisas e explicitarem-nas de forma clara e transparente?

segunda-feira, maio 25, 2009

Será mau carácter? (parte III)

Já visitaram um asilo? Uma casa de repouso onde se depositam velhotes na quarta idade?
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Já pensaram na quantidade de funcionários que são necessários para gerir e manter uma casa dessas?
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Com o suicídio demográfico europeu, a Europa está a transformar-se num asilo repleto de velhos rabugentos, manientos e, como são maioritariamente da geração de Maio de 68, acreditam que a vida lhes deve tudo e que têm muitos direitos adquiridos que têm de ser mantidos, nem que seja à custa de mão-de-obra escrava ... perdão, mão-de-obra imigrante.
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Por isso, estes sinais num artigo do Público geram-me sentimentos mistos:
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"Regresso de imigrantes está a deixar o país mais pobre e envelhecido" donde retiro:
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"Representam seis por cento do PIB e garantiram 9,7 por cento dos bebés. Os imigrantes estão a deixar Portugal e, se a tendência se agravar, o país fica mais pobre.
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Portugal está a perder capacidade de atracção para os imigrantes. E, se o país não for capaz de segurar os imigrantes que tem e atrair novos, vai ficar mais velho e mais pobre, alertam vários especialistas ouvidos pelo PÚBLICO, segundo os quais é urgente colocar um travão à tentação xenófoba que ameaça em tempos de crise."