quinta-feira, junho 15, 2023

Evoluir na paisagem económica

Ontem no JdN em "Alemanha cola-se a Espanha nas vendas de componentes - As exportações de componentes para a indústria automóvel cresceram 26,9% em abril, o 12º mês consecutivo de subida homóloga." sublinhei:
"Após um máximo mensal histórico em março, quando as exportações de componentes automóveis ascenderam a 1.112 milhões de euros, as vendas destes produtos ao exterior cifraram-se em 899 milhões em abril, uma subida homóloga de 26,9%, indicou a Associação de Fabricantes para a Indústria Automóvel (AFIA).
A associação destaca que este foi o 12º mês consceutivo de crescimento em termos homólogos.
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Em termos de crescimento homólogo, as vendas para Espanha subiram 21% no acumulados dos primeiros quatro meses do ano.
Já o mercado alemão apresenta, para igual período, um aumento no valor das vendas na ordem dos 29,5%, o crescimento mais expressivo entre os cinco principais destinos das exportações do sector."

Recordo o que escrevi aqui há dias:

"Just why should the organization renew itself when there is no crisis? 

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Nothing breeds complacency like success. The point for maximum strategic paranoia is when you are at the top of your game." 

Ao ler o artigo de ontem no JdN fiz logo a ligação para um artigo do passado dia 9 de Junho no Eurointelligence de Wolfgang Münchau, "How an industry declines":

"There is a lot of confusion about de-industrialisation. It does not necessarily mean less industry and fewer factories. It means less money - a falling share of industry in an economy's value-added. That has a lot of important consequences, but not necessarily the ones people expect, or discuss.

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The most important impact of the slowly creeping de-industrialisation is a loss of profits, not necessarily a loss of activity. That translates into relatively lower wages

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The diesel scandal was the last hooray of the German car industry. 

They will still make cars in Germany in the future. But the industry will be dominated by other plays, it will employ fewer people, it will feed fewer suppliers, and its role in society will diminish."

No final desta leitura recordo que procurei mentalmente fazer um paralelismo com a deslocalização do têxtil alemão para Portugal nos anos 60. 

A ser verdade o que escreve Wolfgang Münchau, a AFIA devia agora estar a promover a paranóia estratégica entre os seus membros ("The point for maximum strategic paranoia is when you are at the top of your game"). Quantos iriam ouvir esse apelo?

No livro que acabei de ler na passada segunda-feira, "Lead and disrupt: how to solve the innovator's dilemma" de Charles A O' Reilly III and Michael L. Tushman, os autores contam a estória da empresa Ball Corporation:
"Ball is recognized around the world for its high-quality metal and PET plastic food and beverage containers, and for its leading aerospace technology products and services." 
O livro começa o texto sobre a Ball da seguinte forma:
"The story began in 1880 when Frank Ball and his four brothers began making wood-jacketed tin cans to carry kerosene for lanterns. However, soon after their founding, glass jars became an economical alternative to wooden buckets, so the Ball brothers quickly converted their business to produce glass jars, including what would become their most successful offering, the screw-top Ball jar that generations of Americans have used for home canning."
Esta empresa ficou-me na memória pela sua capacidade de evoluir na paisagem económica do seu tempo.

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