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quarta-feira, dezembro 18, 2024

Não alimentem zombies...


 Ontem no JdN, "Um quarto das empresas está em falência técnica":

"Das mais de 500 mil sociedades em Portugal, mais de 25% têm capital próprio negativo. PME são as que mais pesam no valor negativo global. Baixo nível de autonomia financeira agrava riscos associados à descapitalização das empresas."

Deixem as empresas morrer! Não alimentem zombies porque eles acabam por infectar quem os alimenta. 

sexta-feira, novembro 29, 2024

Em vez de abraçar a destruição criativa ...

O capítulo 9, "The intellectual crisis of capitalism", do livro de Phil Mullan "Creative Destruction", explora como a mudança na atitude das elites ocidentais contribuiu para aquilo a que o autor chama de "Longa Depressão". Após a Segunda Guerra Mundial, o optimismo em relação ao capitalismo diminuiu à medida que as elites começaram a questionar a sua capacidade de gerar progresso. Esse pessimismo foi agravado pelo colapso da União Soviética, que deixou o capitalismo sem um inimigo claro e exposto às suas próprias falhas.

"The reorientation of state institutions from growth to stabilisation is mostly implicit. Governments continue to pay lip service to the objective of economic growth. Doubtless many establishment politicians would like to have both stability and a bit more growth. However, there is a big gap between this latent attachment to growth and embracing the level of social dislocation needed to bring it about. In practice the policy inclination towards stability is at the expense of sustained growth. Economic dynamism is not restorable except through disruptive destabilisation involving the widespread destruction of old capital values.

The precondition for escaping the Long Depression is to challenge and overturn the conservator activities of the state."

Os governos têm dado prioridade à estabilidade em detrimento do crescimento económico, evitando as políticas disruptivas que seriam necessárias para revitalizar a economia. Este foco conservador limita o progresso e reflecte uma perda de confiança na capacidade humana de liderar transformações significativas.

"Uncertainty is now widely regarded as a constraint on the economy. In fact, the perception of uncertainty is more important for what it says about the intellectual climate than for the economic one.

Viewing uncertainty as detrimental represents a turnabout in social attitudes. For most of the history of capitalism, uncertainty was regarded neutrally or positively: it was sometimes embraced as an opportunity for gain and advancement. Businesses in the past were not deterred by future uncertainty, but accumulated capital to secure increased means to control the future. The classic financial investment advice to 'buy when there's blood in the streets' revelled in periods of acute political uncertainty.' In contrast, it is now a cliché to say that business and markets 'hate uncertainty'. 

Business leaders, as well as many pundits, attribute uncertainty as the reason for putting off investment decisions. A frequent survey finding is that business is not investing because of its lack of confidence in the face of an uncertain future.

...

As Mazzucato later put it, echoing his sentiments: 'Without uncertainty there would be no point in even trying to form competitive strategies.'& If everything were predictable there would be a limited possibility of gaining competitive advantage. Uncertainty provides the terrain for individual businesses to make superprofits, when they risk their capital to get ahead of competitors by deploying the latest innovations and cutting prices.

Uncertainty was for a long time recognised as the basis for markets to function. This refutes the assertion that markets 'hate uncertainty': they need uncertainty."

A incerteza, que historicamente era vista como uma oportunidade para inovação e lucro, passou a ser percebida como um obstáculo às decisões económicas. Esta mudança espelha um desconforto generalizado da sociedade com o risco e a transformação.

"Today's greater anxieties about uncertainty are driven by a loss of belief in the benefits of progress and of humanity's ability to make a better world

The humanist pursuit of progress is now seen by many across the political spectrum to cause problems and, sometimes, to be downright destructive: socially, environmentally, materially, and morally. 

As a society we have become reluctant to validate and promote the active, positive side of humanity to change things for the better. This represents a turn against a central Enlightenment perspective: seeing man as rationally capable of making a better future. Instead individuals these days are frequently presented as weak, sometimes irrational, and often requiring restraint from above. The humanist essence of Enlightenment thought has lost its appeal. The potential for meaningful, purposeful human intervention is frequently doubted and questioned.

Hence, the disposition for extending regulation, not just of the economy, but of all areas of human life."

A crítica crescente ao empreendedorismo tradicional e à tomada de riscos, frequentemente rotulados como irresponsáveis ou perigosos, reforça a predominância da regulamentação e da gestão de riscos. Estas abordagens sufocam o dinamismo essencial ao crescimento económico.

Culturalmente, há um declínio na crença nos benefícios do progresso, o que reduz as aspirações e alimenta expectativas mais baixas. A sociedade tende a considerar a mudança conduzida por humanos como problemática, incentivando o excesso de regulamentação e uma visão pessimista das capacidades humanas.

Este desconforto com a mudança contradiz a necessidade do capitalismo por "destruição criativa" - o processo de eliminar sistemas obsoletos para abrir espaço à inovação. A resistência das elites e dos decisores políticos às disrupções necessárias perpetua a estagnação económica. Por fim, o receio do desconhecido desincentiva investimentos ousados, reforçando um ciclo de baixo crescimento. O espírito cultural atual privilegia a conservação em vez da transformação, dificultando a revitalização económica.

"The enlightened humanist view of the relationship between the state and the public has become reversed. The state is no longer an institution that needs to be controlled by people. It is now the state's role to judge what is good for people, to raise public awareness, and to socially engineer people to do the right thing'. The earlier emphasis on the importance of human agency has been replaced by an emphasis on human vulnerability and powerlessness. And because people are so powerless and vulnerable this is seen to justify that we need the support of public institutions.

Just as the ascent of Enlightenment ideas informed the economic advances of industrial capitalism, so the reverse applies with today's slow-drift capitalism. Discomfort with change is antithetical to the business dynamism that the market system relies on to move forward. Cultural uneasiness with disruptive change runs counter to the creative destruction that is essential for capitalist growth and economic progress. This discomfiture informs the mainstream political inclination for stability over disorder."

A incapacidade das elites de articular uma visão positiva para o futuro do capitalismo prejudicou a sua capacidade de implementar as reformas necessárias para restaurar o crescimento económico. Em vez de abraçar a destruição criativa como um motor de progresso, as elites tornaram-se mais avessas ao risco e mais focadas na preservação do status quo. 

Em suma, o capítulo 9 argumenta que a crise intelectual do capitalismo é um factor fundamental na perpetuação da Longa Depressão. A falta de fé no capitalismo e o medo da mudança criaram um ambiente onde a estagnação económica se tornou a norma.

quinta-feira, novembro 21, 2024

Criar zombies e estagnar a economia


Esta semana umas viagens de comboio permitiram avançar na leitura dos capítulos sete "Contained Depression" e oito "The Zombie Economy" do livro de Phil Mullan, "Creative Destruction".

Nada de verdadeiramente novo nas conclusões face ao que se defende aqui no blogue há anos e anos. O que é verdadeiramente interessante são os gráficos a suportar as afirmações. Por exemplo, só relativamente aos Estados Unidos. O gráfico 7.1 ilustra a redução progressiva, recessão após recessão, da quebra do PIB (A volatilidade dos ciclos económicos tem-se vindo a reduzir desde os anos 1980, devido ao crescente controlo estatal e às políticas de estabilização. Isso diminuiu os efeitos disruptivos das crises, mas também retarda as transformações económicas necessárias para o crescimento), e o gráfico 7.5 que ilustra como, em cada ciclo económico, cada vez se perdem menos empregos mas também se criam menos novos empregos. 

A "estabilização" resulta num status quo de estagnação, no qual a capacidade produtiva e os empregos bem remunerados se deterioram lentamente. Esse modelo troca a possibilidade de disrupção económica por uma estagnação prolongada. Esta depressão contida, daí o título do capítulo, facilita a aceitação política e social de um "novo normal", onde crises contínuas são toleradas em troca de estabilidade imediata. Isso torna mais difícil superar o estado actual de estagnação económica

Estabilidade é obtida à custa de dinamismo económico. Uma das secções do capítulo é "The atrophy of economic dynamism": Taxas mais baixas de rotatividade de empresas, menos startups e um foco na estabilização em vez do crescimento levaram a uma estrutura económica ossificada que carece de vitalidade e inovação.

No capítulo 8 descreve-se a economia zombie. Uma economia onde empresas improdutivas continuam a operar devido a apoio estatal, como taxas de juros extremamente baixas e políticas que evitam falências. Isso impede o processo de destruição criativa necessário para revitalizar a economia. Como consequência as empresas mais produtivas enfrentam dificuldades para crescer, enquanto os novos negócios encontram barreiras à entrada devido à concorrência artificialmente mantida por empresas zombies.

A estagnação na criação de empregos e na adopção de tecnologias avançadas é exacerbada por esta dinâmica.

As políticas estatais contemporâneas dão prioridade à estabilização económica ao invés do crescimento, perpetuando uma economia estagnada. Essas intervenções, muitas vezes bem-intencionadas, inadvertidamente bloqueiam a renovação económica. E novidades aqui neste blogue? Esta abordagem sacrifica o crescimento e o progresso económico futuros por uma estabilidade superficial no presente. A zombificação económica, além de reduzir a produtividade, dificulta a criação de empregos de alta qualidade e bem remunerados.

A excessiva intervenção estatal, destinada a estabilizar as economias, levou à proliferação de “empresas zombie” – empresas improdutivas sustentadas por taxas de juro artificialmente baixas e políticas de tolerância. Estas empresas afastam concorrentes mais eficientes, retardando a inovação e a renovação económica. Embora estas políticas possam proteger os empregos a curto prazo, trocam o crescimento e a produtividade a longo prazo pela estagnação. Uma "economia zombie" suprime a reestruturação dinâmica, levando a um investimento mais fraco e à não criação de emprego.


Zombies

dolorosa

morrer empresas

apoios comunitários

sexta-feira, novembro 01, 2024

Acerca da importância da destruição criativa (parte II)


O segundo capítulo de "Creative destruction" de Phil Mullan, intitulado "Productivity in Decline" discute o papel crítico da produtividade como motor central do progresso económico e a sua recente estagnação nas economias avançadas. 

O capítulo sublinha que o crescimento da produtividade impulsionou historicamente o progresso social através da criação de riqueza e da elevação dos níveis de vida. Esta tendência ascendente definiu em grande parte as fases de expansão capitalista, mas desde a década de 1970, o crescimento da produtividade abrandou, sinalizando uma contínua estagnação económica, ou o que o autor designa por “Longa Depressão”.
"Productivity tells us two main things about what an economy can provide. Its absolute level tells us how wealthy we are today. Its pace of change tells us how much wealthier we could be tomorrow.
Increasing productivity means an increasing amount of goods or services produced in a given time. A doubling of productivity should mean a doubling of wealth as expressed in double the volume of units produced.
...
The power of productivity is enhanced because its growth is cumulative: productivity growth begets more productivity growth. It generates the extra resources that can be devoted to the next round of productivity-enhancing investments. Also more productively created, lower-cost goods or services feed back into production by stimulating productivity improvements to bring costs down in other areas.
...
Unfortunately this virtuous cycle turns into the opposite when productivity slows: weak productivity also becomes self-reinforcing. Productivity sclerosis also diffuses."
O capítulo examina vários padrões e causas por detrás deste declínio da produtividade. Em primeiro lugar, os países que sofreram destruição de infra-estruturas durante a guerra, como a Alemanha e o Japão, conseguiram reestruturar eficazmente as suas economias e, assim, registaram ganhos robustos de produtividade no pós-guerra. Contudo, esta dinâmica vacilou na década de 1970 e o crescimento da produtividade tem registado uma trajetória descendente, especialmente depois de booms temporários, como a revolução das tecnologias de informação e comunicação no final da década de 1990, não terem conseguido sustentar o crescimento a longo prazo. Os esforços para aumentar temporariamente a produtividade, tais como medidas de redução de custos, expansão do crédito e financeirização, muitas vezes inflacionavam os ganhos de curto prazo, mas careciam de impacto sustentável, deixando as economias vulneráveis ​​uma vez dissipados estes efeitos temporários. Assim, o declínio da produtividade tornou-se auto-perpetuante, influenciando a estagnação dos salários, a melhoria limitada do nível de vida e o aumento da insegurança económica. Sem um foco renovado na inovação e no investimento sustentado em tecnologia e investigação, é pouco provável que o crescimento da produtividade recupere de forma significativa, afectando a saúde económica a longo prazo dos países desenvolvidos.

Um ponto importante, em linha com o que este blogue refere sob o lema "Deixem as empresas morrer!":
"Complementing the technological upgrading of existing businesses, sustained productivity growth therefore requires having a sufficient degree of turnover of businesses. Healthy business dynamism, in the sense of businesses closing and opening, is necessary to facilitate a continuing shift of resources from low productivity to higher productivity areas. Unless resources of people and capital can move out of less productive areas to allow more productive ones to establish and expand then economy-wide productivity languishes."

E mais à frente:

"the major economic problem of the Long Depression is not an absolute disappearance of investment and innovation but the wider economic atrophy that hinders their spread. When too many resources are stuck in low productivity areas and in zombie businesses - businesses that are too weak to invest in their underlying operations but have enough income from somewhere to survive - then the potential for the wider positive impact of particular innovative business investments will be frustrated."

 

domingo, dezembro 17, 2023

Acerca da produtividade

"A produtividade é uma medida da eficiência dos fatores usados numa economia para produzir os bens e serviços. Como o valor acrescentado dos bens produzidos é equivalente, ao rendimento dos fatores que produzem esses bens, a produtividade é, no fundo, também uma medida do rendimento dos fatores produtivos. 

Nesse sentido o Produto Interno Bruto (PIB) per capita entre diversos países comparamos a produtividade dos fatores produtivos, como o trabalho, e o rendimento desses mesmos fatores.

Em termos agregados, a produtividade do trabalho é calculada como a relação entre o produto total e o trabalho utilizado para produzi-lo. [Moi ici: Tenho de escrever sobre isto. Por que é que se pede a uma empresa para quantificar a sua produtividade e ... ela não o consegue fazer. BTW, já leram o que se escreveu na semana passada acerca da produtividade e da experiência da semana de quatro dias? Leiam e façam um esforço para não rir/chorar. Tenho de escrever sobre isso] Há muitas formas diferentes de fazer esse cálculo, mas, em termos gerais, o objetivo é o mesmo. No fundo o bem-estar médio numa economia só pode subir se a produtividade do trabalho aumentar.

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Aumentar a produtividade da economia é, a médio prazo, o único ingrediente para aumentar o bem-estar das pessoas na sociedade. Medidas como alterações no salário mínimo ou nas taxas de imposto podem ser populares e adequadas, por razões de equidade. Mas o seu impacto na produtividade pode ser nulo ou até negativo. [Moi ici: O seu impacte pode ser nulo ou até negativo porque não deixamos os zombies morrerem. Recordar o Chapeleiro Louco no país do absurdo] De igual modo sistemas fiscais que beneficiem as empresas de menor dimensão podem ser populares na perspetiva da opinião pública, mas são normalmente negativas em termos de produtividade. [Moi ici: Outra falha clássica na análise da produtividade: atrabuir as falhas às empresas/empresários existentes sem nunca pensar nos mastins dos Baskerville

...

para a economia portuguesa, os indicadores mais preocupantes são do seu baixo crescimento da produtividade relativamente às economias europeias de dimensão semelhante. A especialização setorial da economia portuguesa também pode ser prejudicial aos ganhos de produtividade. Por exemplo, a fileira do turismo tende a ter produtividades do trabalho relativamente baixas. Isso não significa que Portugal possa prescindir do Turismo, mas sugere que se o turismo crescer acima da média da economia a nossa produtividade do trabalho irá provavelmente baixar. Em termos empresariais o discurso da produtividade é normalmente impopular. Os trabalhadores sabem que esse discurso vem acompanhado de medidas de eficiência que são percebidos como cortes nos benefícios. [Moi ici: Este trecho faz-me recordar um postal clássico deste blog acerca dos engenheiro e da produtividade. Achar que a produtividade só aumenta à custa da eficiência] Em parte, isso explica porque no ambiente eleitoral os vários partidos fazem tanta questão de evitar falar na importância do crescimento da produtividade.

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O crescimento da produtividade, em particular do trabalho, continua a ser o principal desafio da economia portuguesa. [Moi ici: Vamos chegar ao final deste texto e só vamos ficar com a ideia de que a produtividade só aumenta à custa de mexidas no denominador... nem uma pista sobre o Evangelho do Valor ] É aí que reside a chave da criação de empregos melhor remunerados. Condição necessária para evitar a saida do país de muitos jovens que procuram apenas salários suficientes para terem uma vida normal."

Trechos retirados de "A produtividade", publicado no Expresso desta semana.

sexta-feira, novembro 17, 2023

Depois não se venham queixar das empresas zombies (parte II)

Ontem publicamos aqui no blogue: "Depois não se venham queixar das empresas zombies". 

Volta e meia escrevo aqui sobre o país do absurdo. Querem mais um exemplo? O novo aeroporto de Lisboa. Às segundas, terças e quartas, empertigam-se porque já deveria estar construído e em operação, para às quintas, sextas e sábados protestarem contra o excesso de turismo e contra as alterações climáticas.

Às segundas, terças e quartas, empertigam-se porque temos demasiadas empresas zombies...

para às quintas, sextas e sábados, quando lhes começam a tremer as pernas, protestarem por causa da falta de apoios para elas.

Voltemos ao tema da parte I, a falta de mão-de-obra. Vai ser o novo normal.

Entretanto no NYT de quarta-feira passada encontro "Signs of a Lasting Labor Crunch"

"At Lake Champlain Chocolates, the owners take shifts stacking boxes in the warehouse. At Burlington Bagel Bakery, a sign in the window advertises wages starting at $25 an hour. Central Vermont Medical Center is training administrative employees to become nurses. Cabot Creamery is bringing workers from out of state to package its signature blocks of Cheddar cheese.

The root of the staffing challenge is simple: Vermont's population is rapidly aging. More than a fifth of Vermonters are 65 or older, and more than 35 percent are over 54, the age at which Americans typically begin to exit the work force. No state has a smaller share of its residents in their prime working years.

Vermont offers an early look at where the rest of the country could be headed

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"All of these things point in the direction of prolonged labor scarcity," 

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Employers are fighting over scarce workers, offering wage increases, signing bonuses and child care subsidies, alongside enticements such as free ski passes. [Moi ici:a diferença para a parte I é notória] When those tactics fail, many are limiting operating hours and scaling back product offerings.

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Long-run labor scarcity will look different from the acute shortages of the pandemic era. Businesses will find ways to adapt, either by paying workers more or by adapting their operations to require fewer of them. Those that can't adapt will lose ground to those that can.

"It's just going to be a new equilibrium," said Jacob Vigdor, an economist at the University of Washington, adding that businesses that built their operations on the availability of relatively cheap labor may struggle. [Moi ici: A quem caberá a carapuça?]

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"You may discover that that business model doesn't work for you anymore," he said. "There are going to be disruptions. There are going to be winners and losers." [Moi ici: Sinto tanta falta deste pragmatismo adulto carregado de bom senso... faz-me voltar ao piquenine e às formigas de 2006

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The winners are the workers. When workers are scarce, employers have an incentive to broaden their searches - considering people with less formal education, or those with disabilities and to give existing employees opportunities for advancement.

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Other businesses are finding their own ways to accommodate workers. Lake Champlain Chocolates, a high-end chocolate maker outside Burlington, has revamped its production schedule to reduce its reliance on seasonal help. It has also begun bringing former employees out of retirement, hiring them part-time during the holiday season.

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"We've adapted," said Allyson Myers, the company's marketing director. "Prepandemic we never would have said, oh, come and work in the fulfillment department one day a week or two days a week. We wouldn't have offered that as an option."

Then there is the most straightforward way to attract workers: paying them more. Lake Champlain has raised starting wages for its factory and retail workers 20 to 35 percent over the past two years.

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"We need to start looking at immigrants as a strategic resource, incredibly valuable parts of the economy,;" said Ron Hetrick, senior labor economist at Lightcast, a labor market data firm."

Na parte I temos o típico comportamento tuga em que o locus de controlo está no exterior (nós somos uns desgraçados, uns Calimeros, não temos agência, tem de ser alguém no exterior a resolver o nosso problema). Na parte II temos um discurso em que o locus de controlo está no interior.

quinta-feira, novembro 16, 2023

Depois não se venham queixar das empresas zombies

 "Seis em cada dez empresas portuguesas teve dificuldade em contratar pessoas com as competências adequadas às suas necessidades, uma questão que é transversal a todos os setores económicos. Este é mesmo o maior problema identificado pelas PME nacionais nas respostas a um inquérito da União Europeia, no qual reclamam incentivos fiscais, designadamente através da redução da TSU à Segurança Social, e ações de requalificação profissional. Subsídio diretos são também bem acolhidos."

Tendo em conta os sublinhados pergunto: É um problema de falta de mão de obra, ou um problema de incapacidade de pagar o nível salarial para atrair as pessoas?

Será que incentivos fiscais, acções de requalificação profissional e subsídios directos têm a ver com falta de mão de obra, ou são soro para manter empresas em coma?

Depois não se venham queixar das empresas zombies. Deixem as empresas morrer!

Trecho retirado de "PME querem incentivos fiscais para ajudar a combater a falta de mão-de-obra"

terça-feira, maio 30, 2023

"Porque não crescemos mais?"

"Há um grande mistério na economia portuguesa. Nas últimas décadas temos vindo a recuperar muito em termos do nível de formação da população. A força de trabalho está cada vez mais bem formada e com mais capacidades de produção. O que tem acontecido é que também se passou a notar um fenómeno que antes não existia: cada vez há mais gente a desempenhar papéis que estão abaixo da sua formação. [Moi ici: Como não recuar a 2008 e à caridadezinha. De que serve a formação se não há onde a aplicar? O que as pessoas fazem tem o seu papel, mas é muito pequeno. Aumentos a sério da produtividade dependem de acções ao nível do numerador da equação da produtividade. Ora isso não depende dos trabalhadores mas dos gestores. E toda a gente sabe que escolaridade e empreendedorismo não costumam rimar] Esse fenómeno não existia nos anos 90. Por outro lado, a economia tem gerado cada vez mais patentes, por exemplo. Mas há uma dificuldade muito grande em passar dessa criação de patentes para mais inovação. Temos mais formação, mas acabamos por não a utilizar plenamente, porque temos trabalhadores a trabalhar abaixo da sua formação. E temos muitas patentes que acabam por não se transformar em inovação. Estamos muito aquém do potencial.

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Onde se devem procurar explicações é no facto de haver uma diversidade muito grande de produtividade entre empresas, até no mesmo setor. [Moi ici: Parece retirado aqui do blogue"o tema da distribuição de produtividades, o tema de se encontrar mais variabilidade no desempenho entre empresas do mesmo sector económico do que entre empresas de diferentes sectores económicos. A variabilidade intersectorial é menor que a variabilidade intrasectorial."] Empresas mais exportadoras e de maior dimensão têm produtividade muito maior do que outras empresas no mesmo setor, que são mais pequenas e não são exportadoras. Pergunta-se, então, porque não vão as empresas maiores buscar os recursos às mais pequenas e coloca-os a produzir mais? Porque há barreiras à transferência de recursos, porque algumas empresas têm dificuldade em morrer, [Moi ici: Como dizemos aqui no blogue, "Deixem as empresas morrer!" e cuidado com os zombies] as outras têm dificuldade em crescer e isso tem muito a ver com a concorrência que existe. Há uma postura muito defensiva de proteger os setores e que é pouco agressiva a tentar fazer crescer as empresas e tornar os setores mais dinâmicos.

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Porque há uma boa parte da população que, no fundo, vota para garantir um nível de segurança na sua vida e tem uma preocupação maior com isso do que em fazer crescer o seu bolo. [Moi ici: Risk averse mentality e o aumento do risco, o aumento da fagilização] Está mais preocupada em proteger-se das oscilações do ciclo económico do que em realizar o seu potencial máximo e ambicionar um nível de riqueza superior.

Trechos retirados de "Porque não crescemos mais? "O Estado dificulta", mas "há uma mentalidade corporativa nos bancos e nas empresas que permite prolongar situações menos produtivas""

sábado, março 18, 2023

Zombies, produtividade e subsídios

Em "How not to grow the economy" li uma espécie de resumo do que tenho escrito por aqui ao longo dos anos:

"But there is a deeper problem with Labour's and the Tories' approach to the productivity slump. While both parties have bought into the new economic consensus - that is, the belief that low business investment is at the root of lacklustre growth - they also share the belief that businesses need more state financial support. In today's circumstances, though, this would act to entrench the low-growth quagmire.

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But there is a big problem here: state financial aid to business is self-defeating. [Moi ici: A lição de Spender] It hinders the innovation it is meant to promote. State handouts encourage corporate dependency and reduce the pressure on businesses to become more productive and commercially competitive. They often blunt the incentive for producers to experiment with and develop even better technologies. Businesses often end up concentrating on meeting various government criteria and conditions, rather than focussing on what might be best commercially.  [Moi ici: Recordo A economia das carpetes e biombos e O nefasto poder aditivo dos subsídios

...

Not all state-investment measures come with such onerous conditions. But state subsidies are never a free lunch. They are usually prescriptive and they often intrude on normal commercial practices. Whatever their intentions, state incentives often distort business-investment activities.

The contemporary problem for growth has not been too little but too much state support. Sustaining the business status quo with an abundance of subsidies doesn't just distort corporate focus and decision-making. It also helps sustain a zombie economy, by keeping inefficient and even unprofitable businesses afloat. [Moi ici: Recordar Para que servem os apoios e subsídios? e A morte lenta]

...

Zombie firms are those that, without extra support, such as cheap and easy debt facilities or state financial relief, would normally close down due to poor performance. Since the 1980s, this zombification trend has congested the wider economy. It blocks the creative-destructive process by which economies have moved ahead in the past, with lower-productivity, less-efficient businesses giving way to expanding, higher-productivity businesses.

Today, business investment is being held back by a surfeit of the old. Peter Drucker, one of the most influential 20th-century business thinkers, argued that the first step in innovation is to get rid of yesterday. 'If leaders are unable to slough off yesterday', he said, 'they simply will not be able to create tomorrow. [Moi ici: Recordar deixem as empresas evoluir ou morrer, ponto!!!] Drucker argued that dying products, services or processes - even if still profitable today shackle people and resources. This applies not just for individual businesses, but also for the economy in general. An excess of low-productivity firms gums up the whole economy, disincentivising even the healthiest businesses from investing in new advancements.

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Instead of letting the old go, a profusion of state policies now sustains what already exists. These policies - monetary, fiscal and regulatory - tend to favour larger, incumbent companies at the expense of smaller, younger firms. And it is those smaller, younger firms that would usually be the ones innovating and driving productivity higher. [Moi ici: Recordar Maliranta em Deixar a produtividade aumentar]

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But perhaps the biggest obstacle is the state's mummification of an already moribund economy. Fortunately, this is probably the easiest one for a government to overcome. It can turn off the corporate-welfare mechanisms that preserve and stultify. And it can start doing so right now."

quarta-feira, novembro 16, 2022

"Deixem as empresas morrer" ao vivo e a cores

"Deixem as empresas morrer!"

Este é o meu mantra. Deixar as empresas morrer tem uma grande virtude, deixa que seja o mercado a decidir quem merece ou não merece sobreviver, ou dar a volta e prosperar. Recordar A morte das empresas a dois níveis. Outra opção que não esta é deixar que seja um artificialismo qualquer a tomar a decisão e, por isso, manter ou desviar recursos escassos para outros projectos mais produtivos. Nunca esqueço a frase de Daniel Bessa em 2007:

"... faltou sempre o dinheiro que o "Portugal profundo" preferiu gastar na "ajuda" a "empresas em situação económica difícil"..."

Muitas vezes ouvimos: “Temos de apoiar as empresas a aumentarem a sua produtividade!”

Sim, é uma boa intenção, mas muitas vezes o que acontece é o que é descrito por Spender em “Apesar das boas intenções”. Onde escrevo: 

“Acredito que muitos subsídios são gastos assim. Apesar das boas intenções, o dinheiro vai para empresas que até podem renovar máquinas, mas que não vão renovar estratégias e abordagens, teimando nas receitas tornadas obsoletas e prejudicando as empresas que satisfazem o mercado mas não dominam os biombos e corredores do "poder".” Ou “demasiadas vezes os apoios são usados para compensar custos” e dar fôlego ao condenado."

O caderno de Economia do semanário Expresso no último fim de semana traz um artigo sobre a EFACEC (nunca esquecer o que escrevemos aqui desde o primeiro dia, apesar do coro de comentadores económicos, políticos e governantes estarem do lado contrário - "Lives of quiet desperation"). O artigo “Há empresas a crescer à boleia da Efacec - Vestas, EDP. Siemens, Jayme da Costa e Telcabo absorvem quadros da Efacec. I-Charging foi criada de raiz” ilustra o que acontece quando as empresas zombie morrem: os recursos produtivos são desviados para outros projectos mais produtivos.

“Nacionalizada em meados de 2020, a Efacec tem vindo a esvaziar-se dos seus quadros de topo nas áreas de engenharia e comercial. Profissionais que saem da empresa -outrora um dos empregos mais desejados por quem acabava o curso de engenharia - para se juntarem a novos projetos. Numa altura em que se vive um momento de grande expansão e dinamismos nos sectores da mobilidade elétrica, da energia solar, a procura por profissionais com experiência é grande e a oferta vasta.

...

E desde que foi anunciado que a venda à bracarense DST não iria avançar, a debandada de trabalhadores acentuou se, sabe o Expresso, atingindo agora também os trabalhadores das fábricas. As empresas que trabalham nos mesmos sectores admitem que tem havido mais pessoas oriundas da Efacec a bater-lhes à porta. Os trabalhadores receiam que a solução que venha a ser encontrada pelo Estado não lhe seja favorável, e já estão à procura de alternativas.

...

Mas não só. Houve um projeto criado de raiz, por um profissional que cresceu na Efacec, e que está expandir-se, chama-se I-Charging. É uma empresa de produtos de base tecnológica e fabricante de carregadores elétricos rápidos, e vai já a caminho da segunda fábrica. Foi fundada pelo engenheiro Pedro Moreira, que trabalhou quase três décadas e meia na Efacec, e foi diretor-geral da mobilidade elétrica. Profissional de grande qualidade e focado na inovação, acabou por atrair para o seu projeto, sabe o Expresso, as primeiras linhas da mobilidade elétrica da Efacec os engenheiros, os quadros vocacionados para a gestão de projetos e qualidade e os comerciais.”

Por fim, tenho de discordar desta frase:

“A prova de que a Efacect em e tinha muito valor é que está a dar vida e a ajudar a crescer várias empresas em Portugal", afirmou um antigo quadro da empresa, que pediu para não ser identificado.”

Não! A Efacec é um exemplo típico de uma empresa que destrói valor. Só assim se explica que a empresa valha mais separada e vendida aos bocados do que como um todo. Isto faz-me sempre lembrar o ballet Gulbenkian.

Como diz Nassim Taleb em O intervencionismo ingénuo (parte II) - “no stability without volatility.”

terça-feira, outubro 12, 2021

Zombies, Ponzi e decisões difíceis

 

"Very few things scale forever.

The hardest moment to stop scaling our work is the moment when it’s working the best.

And that’s precisely the moment when we need to have the guts to stop making it bigger."

Não ser capaz de tomar esta decisão leva a zombies que vivem à custa de um esquema Ponzi.

"Go-to-market choices involve uncertainty because they are made within a system with many moving parts. ... committing to a single strategy is hard because it requires giving up all the other possibilities.

...

Each choice naturally constrains others that follow. [Moi ici: Como não recordar o espaço de Minkowski] This process forces discipline because it comes with a strong internal logic that connects all elements."

1º trecho retirado de "Crowding the pan".

2º trecho retirado de "Big Picture Strategy- The Six Choices That Will Transform Your Business" De Marta Dapena Barón.

quarta-feira, julho 21, 2021

Deixem as empresas morrer!

Recordar Deixem as empresas morrer! 

 



segunda-feira, agosto 10, 2020

Para reflexão

"Quantas empresas vão secar e morrer no decorrer desta crise? A líder mundial dos seguros de crédito, a francesa Coface, estudou o assunto e tem uma resposta. Assustadora, por sinal. Em França, 21% das empresas não resistirão; em Espanha, 22%; na Holanda, 36%; na Inglaterra e na Itália, 37%. Só a Alemanha fica um pouco melhor na fotografia. Poderá perder apenas 12% do atual tecido empresarial. A concretizar-se este cenário, a árvore capitalista sofrerá uma grande limpeza.
O estudo, que eu saiba, não inclui Portugal. Admitindo, no entanto, que o nosso país poderá estar entre o mínimo, 12%, e o máximo, 37%, isso significa que desaparecerão entre 156 mil e 481 mil de um total de pouco mais de 1,3 milhões de empresas.
Cenário possível tendo em conta os mais recentes alertas de algumas associações empresariais. Em 2018, o conjunto das micro, pequenas e médias empresas representava 99,9% do universo. E é aqui que se incluem os sectores mais vulneráveis e de maior risco: pequeno comércio, restauração, hotelaria e alguns tipos de serviços.
Quase 100 mil empresas, envolvendo cerca de 850 mil trabalhadores, ainda estavam em lay-off no final de julho. Muitas nem sequer aderiram. Outras nem reabriram. Isto confirma que estamos em vésperas de uma extensa regeneração empresarial e de um gravíssimo problema social."
BTW, lembram-se dos zombies pré-pandemia? Lembram-se de "Deixem as empresas morrer!"

Trecho retirado de "Os “ramos secos” da pandemia" publicado no semanário Expresso do passado dia 8 de Agosto de 2020.

quinta-feira, junho 25, 2020

I see zombies everywhere!

Em Outubro passado escrevi aqui no blogue em, "Produtividade e socialismo (parte III)", sobre as empresas zombies em Portugal, na altura supostamente seriam mais de 20%.

Já em Dezembro de 2018 tinha escrito aqui no blogue sobre o grito: "Deixem as empresas morrer!"

Já em Maio deste ano voltei ao tema com "E a zombificação?"

"Money has never been cheaper. Governments and central banks have acted quickly to make it both plentiful and accessible to support companies through the pandemic downturn. The cure, however, has a sting in its tail. As policymakers begin to unwind job retention schemes and other support measures the concern is that economic recovery will be held back by a proliferation of debt-laden companies shuffling across a corporate twilight zone: a whole generation of zombies.
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Even before the Covid-19 crisis, a decade of low interest rates helped to fuel a rise in the number of “living dead”: companies unable to cover their debt-servicing costs from profits in the long term. 
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The pandemic has created new ones. There are also fears of a proliferation of unviable “zombie jobs”, kept on life support through furlough schemes. People working in sectors struggling under strict social-distancing rules, such as hospitality and retail, are especially vulnerable.
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Allowing zombie companies to limp along, unable to invest or repay their debts, comes at a cost to the wider economy. Research has shown these companies are a drag on productivity growth." 
BTW, desta vez não estou de acordo com Bruno Maçães e vamos deixar a realidade decidir quem tem razão. 

terça-feira, junho 16, 2020

The Walking Dead e o activismo político

Governos, empresas grandes e "crony capitalism" 
"There’s an important risk in what I call the “bailout of everything,” or the conscious decision from governments and central banks to provide any needed support to all sectors and companies with access to debt.
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Most of these stimulus packages and liquidity measures are aimed at supporting current government spending and providing liquidity to companies with assets, access to debt, and in traditional sectors. It’s not a surprise, then, that at the same time as we see the largest fiscal and monetary support plan since World War II, we are already witnessing two dangerous collateral effects: the rise of zombie companies and the collapse of small businesses and start-ups.
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Additionally, according to Deutsche Bank and the Bank of International Settlements, the number of zombie companies in the eurozone and the United States, large companies that cannot cover their interest expense costs with operating profits, has rocketed to new all-time highs.
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Europe’s productivity problem is partly due to the rise of zombie firms that crowd out growth opportunities for others.” This problem is only increasing in the current crisis.
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The rise in bond defaults is a consequence of previous high leverage in a weakening operating income environment. This should not be a concern if creative destruction works to improve the economy, as inefficient companies are taken over by efficient ones and new investors restructure challenged businesses to make them competitive. The big problem is that massive liquidity and low rates are perpetuating overcapacity and keeping an extraordinary amount of zombie firms alive.
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Maintaining and increasing zombie firms destroys any positive effect from restructuring and innovation. Additionally, to maintain cash flows and stay alive, companies are cutting investment in innovation, technology, and research. Meanwhile, small businesses that do not have access to debt or own hard assets are dissolving every day.
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In most developed economies, where 80 percent of employment comes from small businesses, the “bailout of everything” is becoming a massive transfer of wealth from the new economy to the old economy, preventing a stronger and more productive recovery.
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The “Bailout of Everything” (as long as it’s large) creates significant risks. Low productivity and indebted sectors survive, creating a perverse incentive that benefits malinvestment and poor capital allocation. Additionally, as these sectors already had overcapacity and structural problems, their bailout does not lead to higher job creation or stronger investment. Furthermore, high-productivity sectors will likely suffer the tax burden that rises after these governments’ rescue plans, diminishing the employment potential and the likelihood of rising real wages as productivity growth stalls."

quinta-feira, maio 28, 2020

Que futuro?


"In Europe and the US, more than 65 percent of consumers expect to decrease their spending on apparel, while only 40 percent expect to decrease total household spending.
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As a result, overfilled warehouses laden with unsold seasonal stock will haunt most players, as long lead times weigh heavily on fashion’s supply chain and global consumer appetite for discretionary purchases wavers. Companies will turn to steep discounting to clear inventory for the rest of the year at a minimum, with a risk that “the contagion of deep discounting could spread as quickly as the disease”
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Some retailers in the US estimate that a majority of spring inventory will be leftover due to store closures and a dip in online traffic, conversions and consumer sentiment. Following the imposition of lockdowns across most of Europe and the US, some brands and retailers have stopped fulfilling e-commerce orders entirely, while many of those who remain up and running have resorted to flash and mid-season sales to increase demand. In Italy, the number of items on discount is up 20 percent year-on-year.
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Evidence from previous crisis shows that it may take up to two years to fully restore consumer confidence, with early numbers from China showing that apparel sales were still down by 50 to 60 percent in the first month after stores re-opened.
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We expect different market categories to be impacted by the discounting wave to varying degrees. Mid-market brands and retailers will be hit hardest, as cash-strapped shoppers trade down to the value segment for essentials and middleclass consumers turn more to heavily discounted affordable luxury and premium goods."
Esta é a dura realidade que a indústria da moda em Portugal deve colocaer no centro da sua reflexão acerca do futuro. Que futuro? Que oportunidades? Que riscos?

É claro que vão surgir oportunidades com a retirada de mais produção da Ásia, mas que futuro será esse a competir com o norte de África, ou a Turquia ou a Roménia?

As verdadeiras oportunidades vão implicar dor, mas o choradinho das CIPs et all vão criar narrativas muito dramáticas em busca de apoios para suportar o passado... vai ser torrar dinheiro.

"funding a bridge to nowhere"?

Ontem ouvia no Facebook Camilo Lourenço chamar a atenção para a falta de escrutínio sobre uma série de temas relevantes para o nosso futuro próximo. Por exemplo, sobre o lay-off ouvem algum contraditório? Alguma voz contra?

Por aqui, nos últimos tempos escrevemos:

Ontem, no Wall Street Journal em "Europe Looks to End Paid Leave", apanhei:
"Europe’s strategy of placing tens of millions of workers on paid leave has succeeded in stemming the widespread unemployment seen in the U.S., but now governments across the continent are grappling with how to wean companies and workers off the support.
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“We’ll have less clients that’s for sure. So that means we won’t need as many employees,” Ms. Querard said. Still, the restaurateur prefers to keep her staff on the state-subsidized payroll in the  hope that one day she will be ready to reactivate them all. “We just want to create a bridge.” For many governments, the matter boils down to whether they are funding a bridge to nowhere. If European firms become hooked on subsidies, it will be a costly addiction.
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Mr. Scarpetta said governments across Europe are discussing how best to modify the programs. The point is to avoid propping up zombie companies that have no realistic chance of reviving their activities.
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Lars Feld, chairman of the Council of Economic Experts that advises the German government, worries that if the crisis continues deep into 2021, the government’s wage support will keep alive firms that aren’t viable."
Para mim é claro:

A CIP dá mau nome à iniciativa privada.

terça-feira, maio 12, 2020

E a zombificação?

O que será melhor para uma economia, um choque violento onde um grande número de empresas morre, o capital é desviado para opções mais rentáveis, e as pessoas ficam livres para desafios mais recompensadores?

Ou um grande número de empresas-zombies, que vivem de apoios e subsídios, mantêm o capital preso a projectos que talvez tenham expirado o seu prazo de validade, e mantêm as pessoas presas por lealdade com salários de miséria, que hesitam em sair da zona de conforto do conhecido?

Ontem no WSJ li:
"Factory furloughs are becoming permanent closings, a sign of the heavy damage the coronavirus pandemic and shutdowns are exerting on the industrial economy.
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Makers of dishware in North Carolina, furniture foam in Oregon and cutting boards in Michigan are among the companies closing factories in recent weeks. Caterpillar Inc. said it is considering closing plants in Germany, boat-and-motorcyclemaker Polaris Inc. plans to close a plant in Syracuse, Ind., and tire maker Goodyear Tire & Rubber Co. plans to close a plant in Gadsden, Ala.
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It isn’t just manufacturing. While aerospace suppliers General Electric Co. and Raytheon Technologies Corp. have announced job cuts or said they planned to reduce head count, so have Uber Technologies Inc. and Airbnb Inc. MGM Resorts International warned that some of the 63,000 employees it has furloughed may be let go permanently starting in August. Joblistings site Glassdoor and United Airlines Holdings Inc. also said they had reduced jobs or planned to do so.
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The burst of job-cut announcements indicates many companies are bearing down for a sustained slowdown. Some are also using the moment to accelerate strategic shifts. In April, payrolls fell by a record 20.5 million, erasing a decade of job gains.

The factory closures suggest a growing share of the record job losses in recent weeks won’t be temporary, said Gabriel Ehrlich, an economic forecaster at the University of Michigan. The more that job losses turn from temporary to permanent, he said, the harder the hit to consumer spending and every company that relies on it—including manufacturers.
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“The higher the proportion of permanent layoffs, the worse the chances of a strong recovery start to look,” Mr. Ehrlich said."

quinta-feira, setembro 03, 2015

"despedir é sempre resultado de uma maldade ou de preguiça da gestão" (parte IV)

Parte I, parte II e parte III.

Na sequência deste postal "Walking Dead" o Paulo Peres colocou a seguinte questão:
"Sua analogia ao final, com a escola é muito pertinente.
Parece que é necessário sempre uma revisão, mas essa, implica sempre demissões?" [Moi ici: Em português de Portugal as "demissões" de que o Paulo fala são aquilo a que chamamos "despedimentos"]
 Há dias neste texto "Twitter works just fine – but for investors, anything except total market domination is a disaster" sublinhei:
"Solutions die when the world around them changes quickly enough"
O mundo muda e muda cada vez mais depressa. Por isso, todas as estratégias, mais tarde ou mais cedo, ficam obsoletas. Por isso, todas as estratégias têm um prazo de validade.
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Como é que as empresas organizações se preparam para o fim da sua estratégia actual?
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Julgo que a maioria das organizações não se prepara de forma deliberada para o inevitável fim da validade da sua estratégia actual. Por isso, quando o modelo deixa de funcionar não há uma alternativa preparada para escalar e ocupar as pessoas. Logo, para garantir um futuro para a organização, torna-se inevitável o emagrecimento da organização.
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Recordar:
"The truth is that you probably won’t see trouble coming, because whatever threatens to kill your company in the future is most likely a source of its strength today.  .... Even the most complete success carries the seeds of its own destruction."
Depois, há aquelas situações em que as organizações, apesar de saberem que o mundo vai mudar com data marcada, acabam por nada fazer.
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Por exemplo, o sector leiteiro português anda a fazer um choradinho por causa do fim das quotas leiteiras ocorrida em Abril último. É uma situação paradigmática. Quando é que o fim das quotas foi decidido? Em 2003!!!
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Quantos anos é que os produtores tiveram para se preparar?
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12 anos!!!
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Fizeram alguma coisa?
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Pois...
A Renewal é sempre inevitável. Os despedimentos (demissões) não são inevitáveis com uma renewal, mas são o mais provável porque as organizações não se prepararam.
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domingo, agosto 30, 2015

Walking Dead

Começo por recordar a filosofia de Rui Moreira em "Curiosidade do dia".
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Depois, imagino como Cristas se sentiria como peixe na água.
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Por fim, releio "Zombie Factories Stalk the Sputtering Chinese Economy" tendo em conta esta figura.
Claro que muitos elogiarão esta política por minimizar o desemprego... esquecendo as consequências:
"Such measures may help sustain employment, but they also delay the much needed overhaul of Chinese industry. ... From an economic perspective, it would be better for such businesses to downsize or even close, releasing their trained staff to work at companies or in sectors with stronger prospects. That would shift resources away from less productive parts of the economy, helping get growth back on track.
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Without such a shift, the economy could suffer in the future."
Pois, o papel da "Renewal".
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BTW, pensem também no discurso dos produtores de leite. Enquanto o consumo caiu 13%, a produção nacional subiu 5% ... há aqui alguém a fazer-se de vítima e alguém pronto para apanhar uma boleia paga pelos contribuintes. Há aqui qualquer coisa que me deixa um sentimento semelhante ao do risco moral... haverá gente que aposta na expansão do negócio para lá do razoável, porque sabe que no fim terá sempre o bail out do Estado? Não é semelhante a uma universidade que resolvesse crescer e crescer em numero de professores no quadro efectivo, apesar da descida continuada do número de alunos, na esperança que no fim o orçamento do Estado salve tudo?