domingo, março 05, 2023

Condenados a repeti-los

"So when we use the word myth we tend to mean a falsehood that is widely believed. And that's unfortunate because we've lost the term for what I want to talk about. See myths aren't false stories about the ancient past. They're symbolic stories about perennial patterns that are always with us. That's a very different thing! So a lot of what's going on in myth is an attempt to take these intuitive, implicitly learned patterns and put them into some form that is sharable with ourselves and with each other." (fonte)

Ontem fui ao Antigo Testamento e li o Livro de Ezequiel e ... continua actual.

Por que é que os israelitas foram derrotados pelos babilónios? Porque deixaram o seu sistema político (e religioso, Israel nunca os separou) se corromper de muitas e variadas formas. E mais, e isto faz-me pensar no 25 de Abril - reformar um sistema doente não gera nenhuma sociedade nova; apenas reanima o velho sistema que, cedo ou tarde, acabará sempre nos mesmos vícios. Tão em linha com a mensagem recorrente de Joaquim Aguiar: quem não reconhece os seus erros está condenado a repeti-los.

sábado, março 04, 2023

Inflação e desemprego industrial (parte II)

Ainda a propósito de Inflação e desemprego industrial estes trechos do JdN de 28.02 passado no artigo "Empresas portuguesas mais optimistas, na UE não":

Sinais mistos sobre andamento da economia 

O resultado dos inquéritos de conjuntura da Comissão Europeia não era o antecipado pelos analistas.

"A estabilização do indicador de sentimento económico em fevereiro contrasta com as subidas expressivas do PMI e confirma que a economia europeia vai ter sérias dificuldades este ano", comenta Andrew Kenningham, da Capital Economics. Recorde-se que a atividade empresarial da Zona Euro, medida pelo índice PMI (divulgado na semana passada) acelerou em fevereiro para um pico de nove meses, sugerindo um crescimento económico do início do ano."

E de ontem, "Eurozone economy expands at strongest pace since June 2022". 

sexta-feira, março 03, 2023

Um PRR, uma ideia de aeroporto e um grupo de políticos entram num bar

"The construction of the Sydney Opera House was an outright fiasco. Setbacks piled up. Costs exploded. Scheduled to take five years to build, it took fourteen.

The final bill was 1,400 percent over the estimate, one of the largest cost overruns for a building in history.

...

The key force behind the opera house project was Joe Cahill, the premier of the state of New South Wales. Cahill had held office for many years and was ill with cancer. Like so many politicians before and since, his thoughts turned to his legacy. And like other politicians before and since, he decided that the public policies he had ushered in were not enough, that his legacy must take the tangible form of a grand building. But Cahill's Australian Labor Party colleagues did not share his dream. New South Wales faced a severe shortage of housing and schools, and pouring public money into an expensive opera house struck them as folly.

Facing a classic political dilemma, Cahill chose a classic political strategy: He lowballed the cost, helped in part by an estimate prepared for the contest judges that simply filled the large blanks in the plan with optimistic assumptions and concluded that Utzon's design was the cheapest of the leading contenders.

And Cahill rushed the process. He decreed that construction would start in February 1959, whatever the state of planning. Not coincidentally, an election was due in March 1959. He even instructed his officials to start building and "make such progress that no one who succeeds me can stop this. It was the "start digging a hole" strategy discussed in chapter 2. And it worked for Cahill. By October 1959, he was dead, but the opera house was alive and under construction -although no one knew precisely what they were building because the final design had not been decided and drawn."

Trechos retirados de "How Big Things Get Done" de Bent Flyvbjerg.

quinta-feira, março 02, 2023

Inflação e desemprego industrial

Inflação e desemprego industrial.

Primeiro, a inflação. Nos últimos meses tenho pensado num título que recordava ter ouvido citar há vários anos. Ontem pesquisei-o e cheguei a "Give Sam Walton the Nobel Prize" e encontrei o que procurava:

"The world's largest retailer, Walmart shrugs off the controversy for a simple reason: The stuff it sells is cheap. Beyond its immense buying power (which sucks profit margins from suppliers), its incredibly efficient logistics systems and sourcing from low-wage foreign labor allow Walmart to drive down the cost of making and shipping many of its products. And Walmart is only the most visible example of a far bigger phenomenon: Globally, even in places thousands of miles from the nearest blue-shirted greeter, more efficient production and transportation are reducing the prices of many of the basic goods purchased by the world's poorest people. If that's rapacious, Walmart-style capitalism, let's have more!

...

Walmart’s low prices come in part from relying on efficient production in developing countries. Of course it isn’t just Walmart’s procurement agents who are buying cheap stuff from Asia; pretty much the whole world is, including retailers from Bangalore to Bangui. That’s because manufacturers in China, India, and elsewhere have become particularly adept at producing low-cost versions of goods demanded by "bottom of the pyramid" consumers — otherwise known as the world’s poorest people."

Agora pensem no que acontecerá se a globalização der lugar à desglobalização, der lugar ao nearshoring e ao reshoring como temos referido ao longo dos anos aqui no blogue. O regresso da inflação provocado pelo aumento dos custos de produção (mão de obra mais cara e sistemas de produção menos eficientes).

Agora pensem no que acontecerá se a globalização der lugar à desglobalização, der lugar ao nearshoring e ao reshoring como temos referido ao longo dos anos aqui no blogue. Uma certa reindustrialização do Ocidente:

Uma das Consequências da reindustrialização em curso (Fevereiro de 2023) será o aumento da procura por operários, por colarinhos azuis. Por isto, e por causa da política de imigração de Trump/Biden os salários dos colarinhos azuis nos Estados Unidos têm aumentado muito acima do resto do mercado de trabalho.

"Typically, the working class and blue-collar workers are the most impacted in challenging economic climates. However, this time, it's different. The wealthy and high-paid, whitecollar professionals are facing what is being called a "richcession," according to the Wall Street Journal."

quarta-feira, março 01, 2023

"Just do it!"

 Na segunda-feira publiquei aqui no blogue, "a hypothesis waiting to be tested":

"There's a failure to understand that you can run an organization thinking like a scientist. By that I mean, just recognizing that every opinion you hold at work is a hypothesis waiting to be tested. And every decision you make is an experiment waiting to be run.

So many leaders just implement decisions. It's like life is an A/B test, but they just ran with the A, and didn't even realize that there was a possible B, C, D and E. Too many leaders feel like their decisions are permanent."

 Entretanto, li mais uns trechos retirados de "How Big Things Get Done" de Bent Flyvbjerg e que julgo que encaixam bem com os sublinhados acima:

"A preference for doing over talking -sometimes distilled into the phrase "bias for action" - is an idea as common in business as it is necessary. Wasted time can be dangerous. "Speed matters in business," notes one of Amazon's famous leadership principles,

...

however, that Bezos carefully limited the bias for action to decisions that are "reversible." Don't spend lots of time ruminating on those sorts of decisions, he advises. Try something. If it doesn't work, reverse it, and try something else. That's perfectly reasonable.

...

When this bias for action is generalized into the culture of an organization, the reversibility caveat is usually lost. What's left is a slogan - "Just do it!"

...

we found that managers feel more productive executing tasks than planning them," ... "Especially when under time pressure, they perceive planning to be wasted effort." To put that in more general behavioral terms, people in power, which includes executives deciding about big projects, prefer to go with the quick flow of availability bias, as opposed to the slow effort of planning."

terça-feira, fevereiro 28, 2023

Nunca deixaram de ser crianças

A parábola do filho pródigo é uma das passagens dos Evangelhos (Lc 15, 11-32) que mais me toca.

O filho mais novo pede a sua parte da herança ao pai e viaja para longe onde acaba por dissipar toda a riqueza. A fome leva-o a trabalhar como guardador de porcos. Inveja as alfarrobas que dão aos porcos, mas que ele está impedido de comer. Então, dá consigo a pensar que os criados em casa do seu pai são muito melhor tratados. Reconhece que já não pode ser tratado como filho, mas decide regressar a casa do pai para lhe pedir trabalho como criado. Ainda ele vinha longe e já o pai, que estava num ponto alto a ver se ele regressava, começou a correr ao seu encontro. E quando o filho começou a enunciar o discurso de arrependimento, tantas vezes ensaiado ao longo da viagem de regresso, o pai sufocou-o com um forte abraço e ordenou aos criados que se fizesse uma grande festa porque o seu filho que estava morto regressou à vida. O amor incondional deste pai sempre me fascinou. E ainda para mais um pai que não cobra vantagem.

Há dias terminei a leitura de um livro muito bom, "Paciência com Deus - Oportunidade para um encontro" de Tomás Halík.

Halík acrescenta-me uma outra dimensão a esta parábola.

O pai tinha um outro filho, o mais velho. Quando esse filho ao final do dia chegou a casa cansado do trabalho e ouviu a música e os risos da festa, foi informado por um criado acerca sua origem. E zangado, recusou-se a ir a essa festa. Então, o pai vem ter com ele e insta-o a participar na festa porque o irmão dele estava morto e regressou à vida. O filho mais velho responde-lhe que sempre trabalhou para o pai e ele nunca matou um vitelo para que ele fizesse uma festa com os amigos. O pai responde-lhe dizendo-lhe que o que ele tem também pertence ao filho.

Halík associa o filho mais novo aos que procuram a liberdade, fazem asneiras, mas crescem, tornam-se adultos, e o mais velho aos que obedientemente prezam a ordem, mas continuam com mentalidade infantil, superficial.

Halík que escreve um livro de teologia acredita que a Igreja precisa dos dois filhos que se complementam.

E dei comigo a pensar em algumas empresas familiares que não passam da segunda geração porque os filhos sempre foram obedientes executantes, bons paus mandados, e nunca conheceram outra realidade, nunca cresceram, nunca desenvolveram a liberdade, nunca deixaram de ser crianças.

E dei comigo a relacionar a falta de liberdade com o tema de ontem no blogue, a falta de plasticidade mental para testar e pôr em causa o que funciona antes que o contexto o torne obsoleto.

Agora anda na moda salientar o alto teor de importações nas exportações para justificar a necessidade de substituir essas importações. Eu penso de forma diferente. Esse alto teor é um sintoma do baixo valor acrescentado do que fazemos. Focar na origem das importações é a mesma doença do foco na distribuição da pouca riqueza gerada em vez do foco na criação de riqueza. Focar nas importações é a mesma fixação de querer aumentar a produtividade à custa da redução dos custos em vez do aumento do preço através do aumento do valor acrescentado. E nós como comunidade precisamos tanto disso… sintoma dessa doença é ler um jornal supostamente económico e perceber que é escrito na óptica do consumidor. 

Falta-nos a plasticidade para transformar as escamas do bacalhau ou as folhas de videira em activos valiosos, falta-nos a liberdade mental para experimentar. Claro que é fácil para mim escrever estas coisas… solidarizo-me com os empresários que têm sempre o sócio parasita, o estado, que colhe sem semear, haja safra ou não. Também eu já fui assim, medroso por causa do estado. É mais vantajoso no curto prazo ter dívida do que capital, mas no longo prazo não se têm graus de liberdade.

segunda-feira, fevereiro 27, 2023

"a hypothesis waiting to be tested"

"There's a failure to understand that you can run an organization thinking like a scientist. By that I mean, just recognizing that every opinion you hold at work is a hypothesis waiting to be tested. And every decision you make is an experiment waiting to be run.
So many leaders just implement decisions. It's like life is an A/B test, but they just ran with the A, and didn't even realize that there was a possible B, C, D and E. Too many leaders feel like their decisions are permanent. [Moi ici: E ignoram aquela lição de vida - O que é verdade hoje, amanhã é mentira - as alterações do contexto tornam obsoletas as boas decisões do passado] As opposed to saying, "We're going to test and learn."
...
If you have a skeptical or resistant audience, it's not effective to go into prosecutor mode. It just invites the other person to bring their best defense attorney to court, and then we're just butting heads and nobody learns or opens their mind or changes anything. I think there are some good alternatives, including motivational interviewing, which is to just say, hey, I'm excited about this change. I'm anticipating some resistance. And I'd love to know what would motivate you to try this? Is there anything that would make it worth considering for you? And then you actually learn what motivates people by interviewing them as opposed to trying to shove your idea down their throats."

Trechos retirados de "Why CEOs Should Think Differently- and Experiment" publicado no WSJ do de 23 de Fevereiro último.

domingo, fevereiro 26, 2023

O efeito "Costa"

Tradução para português de ...



"Ciência" e certezas

Para quem confunde ciência com certezas absolutas: 

"Taking a model literally is not taking a model seriously.

...

Models can be both right, in the sense of expressing a way of thinking about a situation that can generate insight, and at the same time wrong - factually incorrect. Atoms do not consist of little balls orbiting a nucleus, and yet it can be helpful to imagine that they do.

...

Nobel Prize-winning economist Peter Diamond said in his Nobel lecture that to me, taking a model literally is not taking a model seriously'. There are different ways to avoid taking models literally. We do not take either wave or particle theories of light literally, but we do take them both seriously. In economics, some use is made of what are called stylised facts: general principles that are known not to be true in detail but that describe some underlying observed or expected regularity. Examples of stylised fact are 'per-capita economic output (generally) grows over time', or people who go to university (generally) earn more', or in the UK it is (generally) warmer in May than in November'. These stylised facts do not purport to be explanations or to suggest causation, only correlation.

...

We might think of models as being caricatures in the same sense. Inevitably, they emphasise the importance of certain kinds of feature - perhaps those that are the most superficially recognisable - and ignore others entirely.

...

Thinking of models as caricatures helps us to understand how they both generate and help to illustrate, communicate and share insights. Thinking of models as stereotypes hints at the more negative aspects of this dynamic: in constructing this stereotype, what implicit value judgements are being made?

...

Since each model represents only one perspective, there are infinitely many different models for any given situation.

...

When the models fail, you will say that it was a special situation that couldn't have been predicted, but force equals mass times acceleration itself is only correct in a very special set of circumstances. Nancy Cartwright, an American philosopher of science, says that the laws of physics, when they apply, apply only ceteris paribus - with all other things remaining equal. In Model Land, we can make sure that happens. In the real world, though, the ceteris very rarely stay paribus."

Trechos retirados de "Escape from Model Land" de Erica Thompson.

sábado, fevereiro 25, 2023

A janela da desgraça (parte II)

Parte I.

"To understand the right way to get a project done quickly, it's useful to think of a project as being divided into two phases. This is a simplification, but it works: first, planning; second, delivery. The terminology varies by industry-in movies, it's "development and production"; in architecture, "design and construction" - but the basic idea is the same everywhere: Think first, then do.

A project begins with a vision that is, at best, a vague image of the glorious thing the project will become. Planning is pushing the vision to the point where it is sufficiently researched, analyzed, tested, and detailed that we can be confident we have a reliable road map of the way forward.

Most planning is done with computers, paper, and physical models, meaning that planning is relatively cheap and safe. Barring other time pressures, it's fine for planning to be slow. Delivery is another matter. Delivery is when serious money is spent and the project becomes vulnerable as a consequence.

...

Planning is a safe harbor. Delivery is venturing across the storm-tossed seas.

...

Put enormous care and effort into planning to ensure that delivery is smooth and swift. Think slow, act fast: That’s the secret of success.

...

But "Think slow, act fast" is not how big projects are typically done. "Think fast, act slow" is. The track record of big projects unequivocally shows that."

Isto faz sentido. Contudo, penso logo no perigo da volubilidade de alterações ao âmbito do projecto. Talvez seguir melhor o conselho de Frank Gehri, começar pelo "Why" e nem chegar a abraçar o projecto se o cliente não aceitar as regras do jogo logo à partida.

Trechos retirados de "How Big Things Get Done" de Bent Flyvbjerg

sexta-feira, fevereiro 24, 2023

Podem limpar as mãos à parede


 

quinta-feira, fevereiro 23, 2023

Incerteza e riscos, ou oportunidades

No JdN de ontem apanhei em "Os pisos escorregadios para o "cluster" do calçado":
"Apesar do recorde de exportações alcançado em 2022, os empresários do calçado e das peles já esperam tempos mais desafiantes para este ano. O piso ainda é escorregadio em várias frentes.
1 "Receio de encomendas a longo prazo"
Primeiro a pandemia, depois a guerra e, pelo caminho, peças da economia global desalinhadas. Os últimos anos têm sido duros para muitas empresas, mas não impediram o "cluster" do calçado de recuperar rapidamente, com resultados animadores. Só que, no inicio de 2023, o medo ameaça entranhar-se. "As pessoas estão com receio de fazer encomendas a longo prazo", reconhece José Afonso Pontes, fundador da empresa familiar Cruz de Pedra"

Ontem, durante uma viagem de comboio, apanhei em "Strategic Leadership: The Essential Skills":

"THE STORIED BRITISH BANKER and financier Nathan Rothschild noted that great fortunes are made when cannonballs fall in the harbor, not when violins play in the ballroom. Rothschild understood that the more unpredictable the environment, the greater the opportunity if you have the leadership skills to capitalize on it. Through research at the Wharton School and at our consulting firm involving more than 20,000 executives to date, we have identified six skills that, when mastered and used in concert, allow leaders to think strategically and navigate the unknown effectively: the abilities to anticipate, challenge, interpret, decide, align, and learn."

Ainda ontem, numa empresa, repetia que os factores externos do contexto não são intrinsecamente positivos ou negativos. Cada vez me vou convencendo mais e mais de que tudo depende da postura da empresa perante o que acontece.

quarta-feira, fevereiro 22, 2023

O momento anti-Midas


Interessante, o desemprego medido pelo IEFP cresce há 6 meses seguidos.

Entre Abril e Maio deste ano teremos o momento anti-Midas, em vez de Setembro de 2013 … teremos Maio de 2023?

O momento em que o número de desempregados num mês é maior que o número de desempregados registados no mesmo mês do ano anterior.

Imobiliário e construção tem um contributo importante para esta inversão.


terça-feira, fevereiro 21, 2023

Tudo vai depender do tal jogo de forças (parte VI),

"IT's been a tough year for manufacturers, with supply-chain snags, inflation and fears of a recession. Yet a shocking 95% of manufacturing executives said they were optimistic about the future, according to a recent poll by Forbes, Xometry and Zogby.
The nationwide survey of 150 manufacturing executives in late December found that three-fifths (60%) of executives said "the future looks bright," while another one-third (35%) said they "see the light at the end of the tunnel?"



 

segunda-feira, fevereiro 20, 2023

A janela da desgraça

Acerca da duração dos projectos - THE WINDOW OF DOOM.

"Most big projects are not merely at risk of not delivering as promised. Nor are they only at risk of going seriously wrong. They are at risk of going disastrously wrong because their risk is fat-tailed. Against that background, it is interesting to note that the project management literature almost completely ignores systematic study of the fat-tailedness of project risk.
...
smaller projects are susceptible to fat tails, too.
...
major corporations on the hook for runaway projects may be able to keep things going by borrowing more and more money. Governments can also pile up debt. Or raise taxes. But most ordinary folks and small businesses cannot draw on a big stockpile of wealth, run up debt, or raise taxes. If they start a project that hurtles toward the fat tail of the distribution, they will simply be wiped out, giving them even more reason than a corporate executive or government official to take the danger seriously. And that starts by understanding what causes project failure.
...
Projects that fail tend to drag on, while those that succeed zip along and finish. Why is that? Think of the duration of a project as an open window. The longer the duration, the more open the window. The more open the window, the more opportunity for something to crash through and cause trouble, including a big, bad black swan.
...
From the dramatic to the mundane to the trivial, change can rattle or ruin a project—if it occurs during the window of time when the project is ongoing.  Solution? Close the window. Of course, a project can’t be completed instantly, so we can’t close the window entirely. But we can make the opening radically smaller by speeding up the project and bringing it to a conclusion faster. That is a main means of reducing risk on any project.
In sum, keep it short!"

Como reduzir a janela de oportunidade para a desgraça? 

Resposta rápida, simples, mas errada: Começar já, começar depressa. 

Continua. 

Trechos retirados de "How Big Things Get Done" de Bent Flyvbjerg

domingo, fevereiro 19, 2023

Um número infinito de nichos

Ao longo dos anos tenho escrito aqui sobre as plataformas e o "não é winner-take-all". Por exemplo:

Sorri ontem ao ler no Twitter:

Um número infinto de nichos ... afinal o que é Mongo? Pois, E porque não somos plankton (parte VII)

sábado, fevereiro 18, 2023

Acerca da produtividade

"Our research found striking variations in productivity among leading and lagging firms within each sector. Manufacturing provides a particularly stark example, where leading firms operate at 5.4 times the productivity of laggards. Academic researchers have documented similar trends in services, particularly information and communications, which show wide disparities between leading firms and the rest.

Not only are productivity disparities within sectors quite wide — they’re also getting wider. Our research shows that in manufacturing, the gap was 25% wider in 2019 than it was in 1989.

...

These productivity gaps also suggest that firms can raise their own ambitions. Doing more with less, or doing more with the same, shows up in corporate income statements as higher margins and stronger revenue growth. And in aggregate, those performance improvements lead to economy-wide changes in productivity.

...

From 1989 to 2019, our research finds a strong correlation between sectors’ productivity growth and their level of digitization.

...

Frontier firms go beyond technology investments and also place bets on complementary intangibles such as R&D, intellectual property, and the capabilities of their workforce. 

...

Frontier firms also disproportionately secure the skilled talent they need to get the most out of technology, either by attracting top talent or by an in-house investment in employee skills.

...

Frontier companies are typically system thinkers, looking for opportunities to access new markets or collaborate creatively with stakeholders.

High-performing firms tend to be more connected to global value chains, giving them access to global markets, ideas, and talent. They collaborate with suppliers and customers to form new ecosystems that benefit from agglomeration effects and create shared pools of value."

Trechos retirados de "What the Most Productive Companies Do Differently


sexta-feira, fevereiro 17, 2023

"Tudo depende do valor (relativo) por que se vendem"

"Não querendo ser redutor, a produtividade - especialmente ao nível empresarial - não está no quanto se produz, mas antes no valor do que se produz. Servir cafés à mesa não tem necessariamente menor produtividade que fabricar BMW. Tudo depende do valor (relativo) por que se vendem [Moi ici: Tão raro encontrar este apelo à aposta no numerador da equação da produtividade] cafés à mesa. Simplisticamente, é uma questão de modelo de negócio! Talvez seja porque em Portugal se dá pouca atenção ao modelo de negócio - i.e. o valor do que se produz - que a mão de obra mais qualificada procura oportunidades na emigração. A nossa sina parece ser a falta de um tecido empresarial que valorize as competências da nova geração, tida como a mais bem formada. [Moi ici: Não sei se será a melhor maneira de colocar o tema. As empresas não existem para dar trabalho, as empresas dão trabalho como instrumento para ganhar dinheiro. O ponto é mais a dificuldade, ou a não necessidade de subir na escala de valor (satisficing) para sobreviver. Só a aposta na subida na escala de valor traz como consequência o recurso a gente com mais competência. Não para fazer caridade, mas por puro interesse próprio] Se a maior realização é encontrada no estrangeiro, o sistema educativo fez um bom serviço. Não há como o negar A questão central talvez seja outra, relacionada com avarias noutros "elevadores sociais" de origem nacional."

Trecho retirado do artigo "Elevadores nacionais" de Álvaro Nascimento e publicado ontem no JdN.

quinta-feira, fevereiro 16, 2023

Fugir do lero-lero

Que questões externas podem afectar a sua empresa em 2023?

Como auditor vejo, como diz um conhecido, "muita conversa para boi dormir", ou como se diz no Twitter, "muito lero-lero". Por isso, achei interessante este artigo, "The 10 Biggest Risks And Threats For Businesses In 2023".

Claro que o que o artigo relata não são riscos, são elementos do contexto externo que se podem concatenar com elementos do contexto interno e fazer emergir alguns riscos. Quando há uma tragédia há os que choram e há os que vendem lenços. O facto das taxas de juro subirem pode ser um risco para um certo tipo de empresas, mas também pode ser uma oportunidade para quem não tenha dívida e trabalhe para um certo tipo de clientes.

"“The raised interest rates will continue to burn working capital for businesses across the economy,” Salvatore Stile, chairman of Alba Wheels Up International, an international shipping and customs clearance company, said via email.

“Because retailers are concerned with consumer demand, they will likely be more cautious in purchasing inventory to prevent over-supply in the retail market,” he predicted.

This will burden small and medium-sized companies, who will have to be de facto warehouses for the retailers, as they hold products for more extended periods. We expect freight rates to reduce in 2023 when compared to 2022, as demand for overseas goods has reduced across the board,” Stile observed."

Que questões externas determinou? São do mesmo calibre que as relatadas no artigo? Ou são a treta do costume? Louvar o chefe, louvar a equipa, ao estilo miss mundo, dizer que a concorrência é maldosa, dizer que os fornecedores são malandros, e que o governo é a fonte de todos os males.

Como as traduziu em riscos ou oportunidades?

 

quarta-feira, fevereiro 15, 2023

Cuidado com as burrices!

Lembram-se dos políticos, como Paulo Portas, muito preocupados com as importações e a exortarem as empresas exportadoras a trabalharem para substituir as importações?

- Burrice!

Recordo de 2017 - "Dedicado ao bicicletas" onde escrevi:

"Quando eu era estudante o paradigma era outro. A exportação era para ocupar capacidade residual e, por isso, bastava que pagasse os custos variáveis como recordo aqui."

Frequentemente leio a mesma tolice de Paulo Portas ou do bicicletas, aqui e acolá. 

Somos um país pobre com fraco poder de compra, exportamos artigos a um preço mais alto do que o mercado interno pode suportar, e importamos artigos baratos que as empresas nacionais não conseguiriam produzir com lucro. Recordo:

Ontem, no JdN no artigo "Exportações dão mais 2,7% de margem de lucro às empresas" pode ler-se:

"Empresas que exportam têm mais capacidade para aumentar lucros do que as que não o fazem. BdP estima que, com exportações, margens preço-custo aumentam entre 1,2% e 2,7%, com destaque para o setor não transformador. Maiores ganhos estão nas atividades científicas, comunicação e construção.
...

As empresas portuguesas que exportam para o exterior conseguem mardens de lucro superiores até 2.7% face às empresas que vendem apenas no mercado nacional. A conclusão é de um estudo do Banco de Portugal (BdP), que indica que as margens de lucro aumentam assim que as empresas iniciam a atividade exportadora"


terça-feira, fevereiro 14, 2023

"but some are useful"

"Distinguishing between Model Land and real world would reduce the sensationalism of some headlines and would also encourage scientific results to clarify more clearly where or whether they are expected to apply to the real world as well.

...

As statistician George Box famously said, 'All models are wrong.' In other words, we will always be able to find ways in which models differ from reality, precisely because they are not reality. We can invalidate, disconfirm or falsify any model by looking for these differences. Because of this, models cannot act as simple hypotheses about the way in which the true system works, to be accepted or rejected.

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Box's aphorism has a second part: "All models are wrong, but some are useful.' Even if we take away any philosophical or mathematical justification, we can of course still observe that many models make useful predictions, which can be used to inform actions in the real world with positive outcomes. Rather than claiming, however, that this gives them some truth value, it may be more appropriate to make the lesser claim that a model has been consistent with observation or adequate for a given purpose. Within the range of the available data, we can assess the substance of this claim and estimate the likelihood of further data points also being consistent. 

...

The extrapolatory question, of the extent to which it will continue to be consistent with observation outside the range of the available data, is entirely reliant on the subjective judgement of the modeller."

Trechos retirados de "Escape from Model Land" de Erica Thompson.

segunda-feira, fevereiro 13, 2023

Mex-ina

"It was January 2022, and Mr. Chan's company, Man Wah Furniture Manufacturing, was confronting grave challenges in moving sofas from its factories in China to customers in the United States. Shipping prices were skyrocketing. Washington and Beijing were locked in a fierce trade war.

Man Wah, one of China's largest furniture companies, was eager to make its products on the North American side of the Pacific.

"Our main market is the United States," said Mr. Chan, chief executive of Man Wah's Mexico subsidiary. "We don't want to lose that market."

That same objective explains why scores of major Chinese companies are investing aggressively in Mexico, taking advantage of an expansive North American trade deal. [Moi ici: Os pró-Biden demonizam a trumpeconomics, os pró-Trump demonizam tudo o que Biden faz, mas na economia Biden segue e amplia o que Trump fez. Como diz Zeihan México, Estados Unidos e Canadá formam um bloco doméstico] Tracing a path forged by Japanese and South Korean companies, Chinese firms are establishing factories that allow them to label their goods "Made in Mexico," then trucking their products into the United States duty-free.

The interest of Chinese manufacturers in Mexico is part of a broader trend known as nearshoring. International companies are moving production closer to customers to limit their vulnerability to shipping problems and geopolitical tensions." [Moi ici: O movimento é muito mais motivado pela economia do que pela política, em minha opinião. Num mundo mais incerto é cada vez mais racional ter a produção perto do consumo. Claro que a erosão da diferença de custos também ajuda.]



Trecho retirado de "Why Chinese Companies Are Investing Billions in Mexico

domingo, fevereiro 12, 2023

"issues are left unresolved that will resurface during delivery"

"what’s less well-known is that the Guggenheim Bilbao also set a management standard that very few large projects have attained: It was delivered on time, within just six years, and cost $3 million less than the $100 million budgeted.

...

With such a clearly defined project, another architect may have treated this as a simple choice: either accept or pass. Gehry did neither. Instead, he did what he does with every potential client. He asked questions, starting with the most fundamental: “Why are you doing this project?” [Moi ici: Faz-me recordar as obras que são para a JMJ, ou para a requalificação da zona oriental, ou para ...]

...

By starting projects with meaningful questioning, and by carefully listening to the answers, Gehry figures out what the clients really want rather than what they think they want. [Moi ici: Faz-me recordar o "When you get what you want, and not what you need"]

...

When prospective clients come to Gehry’s firm, they are walked through the development of past projects so that they understand Gehry’s process. That’s crucial because the discussion to shape the project’s initial conception is not the end of their involvement. It’s the beginning. “Some people aren’t up for it,” notes Lloyd. “It takes a brave person to work with us.”

...

Gehry’s process asks much of everyone involved. It also consumes a great deal of time.[Moi ici: Então!? Assim, como conciliar com ajustes directos e a mentalidade do desenrasca? Planear com tempo? Pensar antes de começar a fazer?] For project proponents eager to have something to show for their efforts—and get to the finish line—extended planning can be frustrating, even unnerving. For them, planning is pushing paper, something to get over with. Only digging and building are progress. If you want to get things done, they think, get going.

This sentiment is easy to understand. But it is wrong. When projects are launched without detailed and rigorous plans, issues are left unresolved that will resurface during delivery, causing delays, cost overruns, and breakdowns. A scramble for more time and more money follows, along with efforts to manage the inevitable bad press. With leaders distracted in this manner, the probability of further breakdowns—more scrambling, more delays, more cost overruns—grows. Eventually, a project that started at a sprint becomes a long slog through quicksand." [Moi ici: Este "issues are left unresolved that will resurface during delivery" tem-me acontecido algumas vezes ao longo da vida como consultor. Sou subcontratado por entidade com quem quero ficar bem, mas apanho empresa que não está preparada para o projecto, que quer fazer o projecto sem recursos. O que me salva a sanidade mental é ter ao mesmo tempo outro projecto que com recursos adequados se executa em 5 meses ao lado de dois com mais de 18 meses]

Trechos retirados de "How Frank Gehry Delivers On Time and On Budget" de Bent Flyvbjerg, Dan Gardner na Harvard Business Review (Janeiro 2023)

sábado, fevereiro 11, 2023

"following the science"

Quantas vezes já senti esta suspeita ... 

"As I will show, reliance on models for information tends to lead to a kind of accountability gap. Who is responsible if a model makes harmful predictions? The notion of 'following the science becomes a screen behind which both decision-makers and scientists can hide, saying the science says we must do X' in some situations and 'it's only a model' in others. The public are right to be suspicious of the political and social motives behind this kind of dissimulation. Scientists and other authorities must do better at developing and being worthy of trust by making the role of expert judgement much clearer, being transparent about their own backgrounds and interests, and encouraging wider representation of different backgrounds and interests.

...

Taking models literally and failing to account for the gap between Model Land and the real world is a recipe for underestimating risk and suffering the consequences of hubris. Yet throwing models away completely would lose us a lot of clearly valuable information. So how do we navigate the space between these extremes more effectively?"

Trechos retirados de "Escape from Model Land" de Erica Thompson. 

sexta-feira, fevereiro 10, 2023

Por que engonhamos tanto?



Na capa do JN de ontem:

O futuro em Portugal anda à velocidade de um caracol. Estamos em Fevereiro de 2023. 

Aqui no blogue em Abril de 2007 - "Estava escrito nas estrelas ...". Depois, em Abril de 2008 "Um caminho para a farmácia do futuro?" e esta série até Janeiro de 2018 - A farmácia do futuro (parte VII).

Por que engonhamos tanto? Tanta gente a defender o passado, tantos responsáveis com medo de abraçar o futuro. Tanto tempo perdido, tantos recursos desperdiçados, tanta gente prejudicada.

quinta-feira, fevereiro 09, 2023

Mudar o cliente


Esta frase fixou a minha atenção.

O valor não é gerado pelo produtor, ponto.

O valor é criado pelo cliente ao usar o produto na sua vida e ao experimentar um conjunto de consequências. 

Isto está relacionado com a frase "We might know what we are seling, but do we know what the cstomer is buying?"

O produtor pode escolher outro tipo de clientes, ou pode co-criar valor com os clientes actuais ajudando-os a perceber, a apreciar, a aspirar a algo mais. Que clientes têm potencial para fazer esta transição? Que parceiros podem ajudar a desenvolver esta jornada? Que mudanças organizacionais têm de ser feitas para trabalhar este aspecto?

quarta-feira, fevereiro 08, 2023

"Though Model Land is easy to enter, it is not so easy to leave"

"The frameworks we use to interpret data take many different forms, and I am going to refer to all of them as models.
...
The contribution of the model is to add relationships between data.
...
the purpose of modelling relationships between data is to try to predict how we can take more effective actions in future in support of some overall goal. These are real-world questions informed by real-world data; and when they have answers at all, they have real-world answers. To find those answers, we have to go to Model Land.
...
Within Model Land, the assumptions that you make in your model are literally true. The model is the Model Land reality.
...
Model Land is a wonderful place. In Model Land, because all of our assumptions are true, we can really make progress on understanding our models and how they work. We can make predictions. 
...
Model Land is not necessarily a deterministic place where everything is known. In Model Land, there can still be uncertainty about model outcomes.
...
One premise of this book is that unquantifiable uncertainties are important, are ubiquitous, are potentially accessible to us and should figure in our decision-making - but that to make use of them we must understand the limitations of our models, acknowledge their political context, escape from Model Land and construct predictive statements that are about the real world.
...
You cannot avoid Model Land by working only with data. Data, that is, measured quantities, do not speak for themselves: they are given meaning only through the context and framing provided by models. Nor can you avoid Model Land by working with purely conceptual models, theorising about dice rolls or string theories without reference to real data. Good data and good conceptual understanding can, though, help us to escape from Model Land and make our results relevant once more in the real world.
Escaping from Model Land
Though Model Land is easy to enter, it is not so easy to leave. Having constructed a beautiful, internally consistent model and a set of analysis methods that describe the model in detail, it can be emotionally difficult to acknowledge that the initial assumptions on which the whole thing is built are not literally true."

Trechos retirados de "Escape from Model Land" de Erica Thompson.

terça-feira, fevereiro 07, 2023

O futuro da preparação das reuniões

Uma conversa interessante.

Há anos que defendo que as revisões do sistema de gestão da qualidade ou do ambiente devem seguir este formato com 4 momentos:

Momento 1 - Recolha e análise dos dados (tabelas, gráficos, análises estatísticas) - pode ser feito por um estagiário. E envio para os participantes.

Momento 2 - Avaliação da situação, feita individualmente por cada participante no recato do seu gabinete.

Momento 3 - Reunião onde os participantes fazem conclusões e tomam decisões.

Momento 4 - Pós-reunião onde acções são planeadas (por vezes depois de investigação de causas-raiz) e a implementação e monitorização avança.

Esta proposta noralmente não é bem vista pelos participantes porque obriga a realizar os momentos 1 e 2 com antecedência, mas como gostamos de guardar tudo para o último dia ... Assim, as revisões do sistema ou são longas maratonas para as quais a gestão de topo não tem pachorra, ou são encenações em que se mete o Rossio na Bestesga. Por isso, o que costumo ver são 3 momentos:

Há anos li que na Amazon as reuniões seguiam o meu conselho. A análise e avaliação eram prévias e a reunião serve para conclusões e tomar decisões. Também li que descobriram que algumas pessoas chegavam às reuniões sem terem estudado a documentação enviada previamente. Por isso, agora as reuniões têm um período prévio de 15 minutos onde as pessoas lêem, ou relêem, o que supostamente já deveriam ter lido. (A escrever isto e a lembrar-me de tantas reuniões onde alguns participantes faziam de tudo para não irem ao "banco", para não chegar a sua vez de apresentar a sua análise dos dados. E muitas vezes conseguiam-no).

Ontem ouvi esta conversa interessante (recordo Garr Reynolds) de onde sublinho:

"of course the most precious, as you just said, is people's time so when we're face to face in a room that is really precious and that's really not a good time to have those, say 20 people, just listening to someone talk right we should have a discussion and then there are live Zoom meet like Zoom meetings but even then again if why are people just like 20 screens or 20 you know videos rather and people are just their lips aren't moving one person is his lips are moving that's not really a good you that could have been a video so he saw in the pyramid like 60 of presentations in the future or now should be you know online and of course you could use or OB makes it easy you could use OBS or Zoom or whatever but make really good presentations 15 minutes 20 minutes whatever and just upload them to this wherever in your company or watch that presentation but then when we come together that is precious 

...

people's time I mean the work life is hard enough to never be wasting it in meetings unless we're talking I mean if we're talking if everyone's talking and contributing that's much more interesting than just listening to someone"

E fiquei a pensar, isto é o futuro. Fazer um vídeo com a análise e enviá-lo para os participantes verem antes da reunião. E recordo Alexis de Tocqueville em "De la démocratie en Amérique" sobre o teatro ser o futuro da educação (o povo não gosta de ler, mas gosta de ver)

 

segunda-feira, fevereiro 06, 2023

The Iron Law of Megaprojects

Mais um artigo interessante artigo no WSJ do passado Sábado, "99% of Big Projects Fail. Lego Is the Fix."

BTW, um artigo e um tema alinhado com a estória do palco-altar que se transforma na hipotética criação de uma nova zona especial de corrida, e não sei que mais. Um artigo alinhado com o relato de Antonio Nieto-Rodriguez sobre o aeroporto de Berlim. Um artigo alinhado com o que Daniel Kahnman escreve em "Thinking, Fast and Slow" sobre a "planning fallacy" e onde cita Flyvbjerg, o académico focado no artigo do WSJ referido acima que apresenta o seu livro publicado recentemente "How Big Things Get Done":

"Spoiler alert! Big things get done very badly.

They cost too much. They take too long. They fall too short of expectations too often. This is what Dr. Flyvbjerg calls the Iron Law of Megaprojects: "over budget, over time, under benefits, over and over again."

The Iron Law of Megaprojects might sound familiar to anyone who has survived a home renovation. But when Dr. Flyvbjerg dug into the numbers, the financial overruns and time delays were more common than he expected. And worse. Much worse.

His seminal work on big projects can be distilled into three pitiful numbers:

  • 47.9% are delivered on budget.
  • 8.5% are delivered on budget and on time.
  • 0.5% are delivered on budget, on time and with the projected benefits.

It's brutal enough that 99.5% miss the mark in one way or another."

Lembram-se de Jorge Coelho dizer que o aeroporto da Portela ia ficar lotado? Há quantos anos foi? 

"Humans are optimistic by nature and underestimate how long it takes to complete future tasks. It doesn't seem to matter how many times we fall prey to this cognitive bias known as the planning fallacy. We can always ignore our previous mishaps and delude ourselves into believing this time will be different. We're also subject to the power dynamics and competitive forces that complicate reality, since megaprojects don't take place in controlled environments, and they are plagued by politics as much as psychology. Take funding, for example. "How do you get funding?" he said. "By making it look good on paper. You underestimate the cost so it looks cheaper, and you underestimate the schedule so it looks like you can do it faster.""


 

domingo, fevereiro 05, 2023

Consequências da reindustrialização em curso

"The U.S. labor market is proving to be remarkably resilient, which may be both good and bad news for the Federal Reserve. Employers added 517,000 jobs in January while the unemployment rate fell to a 53-year low of 3.4%, according to the Labor Department's monthly report.

Recent jobs reports had signaled that hiring was slowing, especially in retail, manufacturing and warehousing as consumers spent less on goods. But the January report showed broad job growth, mostly in services, including leisure and hospitality (128,000), trade and transportation (63,000), healthcare (58,200), temporary services (25,900) and construction (25,000).

Information lost 5,000 jobs, which dovetails with layoffs in the tech industry. But most businesses continue to hire. The average workweek for private workers rose by 0.3 hours and overtime increased by 0.1 hours. As a result, average weekly earnings increased by 1.2% last month."

Associar a A grande reconfiguração e à série Tudo vai depender do tal jogo de forças (parte V). Entretanto na China, "China's migrant workers return earlier to manufacturing hubs after holiday, but find fewer openings and less pay".

Trecho retirado do artigo "The Incredible Expanding Job Market" no WSJ ontem.

sábado, fevereiro 04, 2023

Ilusões infantis

"Acrescentou ainda, que a evolução da produtividade em Portugal "tem sido muito lenta".

"Este é um drama também com que nos confrontamos e é uma questão que suscita inquietação, porque não há nenhuma resposta clara". Referiu ainda que "precisamos da modernização do nosso tecido produtivo" e para isso "o associativismo empresarial pode e deve ter aqui um papel muito importante, porque, por vezes, há falta de escala das empresas portuguesas".

"As pequenas e médias empresas necessitam de se associar para ganhar escala, indo de encontro, ao que a ACIB defende à décadas", afirmou."

Acreditar que o aumento da produtividade que Portugal precisa, o salto de produtividade necessário, será consequência de aumento da escala das empresas existentes é uma ilusão infantil. Basta fazer as contas. Quase ninguém faz contas. Basta fazer uma simulação, basta escolher uma empresa-tipo portuguesa e simular o que seria preciso para que a sua produtividade aumentasse 30/35%. A nível de preço final de venda ou a nível de redução de custos. Não estamos em 1923, estamos em 2023!!!

O que nós precisamos é de "gansos voadores":

Fundir duas empresas têxteis para que a empresa resultante tenha ganhos de escala não garante que o preço dos produtos vendidos suba, apenas garante que os custos de fabrico podem baixar, mas para quem segue este blogue ... o segredo é trabalhar o numerador e não o denominador da equação da produtividade.


Trecho retirado de "Francisco Assis alerta para "problemas sérios" da realidade portuguesa em conferência da ACIB"


sexta-feira, fevereiro 03, 2023

O paraíso (para um certo tipo de empresas privadas e de governos)

"There is abundant evidence that over the last 20 years, American firms have shifted from an innovation mindset to one that focuses more on rent seeking. First and foremost, has been the marked increase in lobbying expenditures, which have more than doubled since 1998, especially in the tech industry. Firms invest money for a reason. They expect a return.

It seems like they are getting their money’s worth. Corporate tax rates in the US have steadily decreased and are now among the lowest in the developed world. Occupational licensing, often the result of lobbying by trade associations, has increased fivefold since the 1950s. These restrictions have coincided with a decrease in the establishment of new firms.

If your industry is more focused on protecting existing markets than creating new ones, that is one sign that it is vulnerable to disruption.
...
As Bain pointed out a decade ago, the extreme measures taken after the Great Recession led to a superabundance of capital, which paved the way for the highest profit margins in half a century. Now it seems that the era of easy money and easy regulation is ending, making it a near certainty that more frauds will be exposed.

We need to learn the telltale signs that an industry is being disrupted. Once technology begins to mature, we can expect consolidation, rent-seeking and regulatory capture to follow. [Recordar a 1ª Lei de Cruz sobre a concorrência em "A minha primeira lei sobre a concorrência?"] After that, it’s just a matter of how much time—and how big the bubble gets—before everything bursts."

Trechos retirados de "4 Signs Your Industry Might Be Disrupted

quinta-feira, fevereiro 02, 2023

Para reflexão

Acerca de "Don't know, don't care":

"Clients and customers can be frustrating.

Perhaps they don’t know what you know.

Perhaps they don’t care.

It’s possible to educate and inspire.

It might be more productive to find the few that want to go where you do."

Julgo que falta acrescentar algo como "Perhaps you don't care. Perhaps you are too focused in your output, and less focused in the outcome"

Sempre o foco nos clientes-alvo. Ou, como li recentemente, "We might know what we are selling, but do we know what the customer is buying?": 

"Another related issue is the manner in which the offering is supposed to create value for the customer. The traditional perspective is simply to consider the offering so as to contain the value that it brings to the customer. The service literature has however suggested that sellers need to consider that the customer's actual use of the offering is a deciding factor in what comes out of the offering [Moi ici: O outcome]. This perspective suggests that the offering should be seen as co-created by the seller and the customer, implying that value cannot be predetermined by the seller but also depends on the customer. This makes it much more difficult for the seller to design and control value creation. One way of doing this is to involve the customer in the seller's processes of designing and providing the offering, whether it is a component or a solution."


 

quarta-feira, fevereiro 01, 2023

Amazing Portugal

 


Recordar A nobreza, o clero e povo.

Palavras do responsável pelas Jornadas Mundias da Juventude em Espanha em 2011.

Enfim, como me disseram no Twitter já hoje: é outra cultura, é outra religião,  é outro continente.

Fonte aqui.

terça-feira, janeiro 31, 2023

Visualizar os dados

A preparar-me para este webinar "Measurement, analysis, and improvement according to ISO 9001:2015" comecei por ir ao mestre, "Stephen Few on Data Visualization: 8 Core Principles":
"Compare - We need to be able to compare our data visualizations side by side. We can't hold the details of our data visualizations in our memory - shift the burden of effort to our eyes.
...
Explore - Data visualization tools should let us just look. Not just to answer a specific question, but to explore data and discover things.
...
Ask why - More than knowing "what's happening", we need to know "why it's happening". This is where actionable results come from.
Be skeptical - We too rarely question the answers we get from our data because traditional tools have made data analysis so hard. We accept the first answer we get simply because exploring any further is tool hard."

Depois assisti a este webinar "The Seven Ingredients in Every Great Chart" por Nick Desbarats. Acerca do terceiro ingrediente:

"when we're creating a chart we're trying to find the overall best way of visualizing the data but that's not enough, you also have to know what you're trying to say about the data

...

this is something that a lot of people don't understand is that designing a chart without knowing specifically what insight or what answer we're trying to communicate about the data it's like designing a building without knowing what it's for right is it going to be condos or a hospital or a warehouse or you know hotel because obviously the purpose of the building is going to influence its design significantly right and a lot of people just think oh i look at the data and i figure out the best way to visualize the data without ever thinking about what am i trying to say about the data but as we just saw if you haven't figured out what you're trying to say about the data well essentially"

Complementado com este artigo "The biggest misconception in data visualization":

"That’s the harsh reality of data visualization that few people seem to realize: Charts never ‘show the data’, they always just say a few specific things about the data. Different ways of visualizing the same dataset make different insights about that data more obvious, less obvious, and not visible at all. Yes, it would be awesome if we could make charts that ‘just show the data’, i.e., that make all possible insights obvious or that answer all possible questions that readers might have about the data, but those charts don’t exist.

“Why not?”

Well, if we try to create a chart that makes all possible insights obvious or that answers all possible questions that readers might have about the data, we’ll always end up with a ‘spaghetti chart’"

E ainda acerca do uso de tabelas para mostrar os dados

"Well, tables do ‘just show the data’ without saying anything about the data. Indeed, tables don’t make any insights obvious at all. 

...

Tables are also many times slower to consume than graphs and require a lot more cognitive effort to process, which substantially increases the risk that readers won’t get the insights they need from a table—or will just skip over it altogether—because it requires too much cognitive effort to consume. In most situations, then, saying a few things about the data (i.e., showing a graph) is far more useful than saying nothing about the data (i.e., showing a table)."

segunda-feira, janeiro 30, 2023

Quão diferentes são os seus clientes?

O meu interesse no livro começou há dias, Quem são os melhores e os piores clientes?, literalmente.

"Specifically, the Lens 1 views encourage us to "celebrate heterogeneity," in other words, to see and acknowledge the existence of the small but powerful set of customers who buy more frequently, at greater average order values, and at (slightly) higher margins than the vast majority of the customer base. Companies that ignore these differences across their customers do so at great risk. Alternatively, those that are able to recognize and act on these differences are sowing the seeds for an effective and sustainable growth strategy.
We have mentioned it several times now, but we cannot say it enough: There is no average customer.  ...  These sources of variation can be anticipated and leveraged effectively, rather than naively treating every customer the same, or by overcomplicating the customer relationship management task by going too far with well-intended but hard to implement "1:1 marketing" tactics.
...
  • We are used to seeing averages, but they can be misleading. It is important that we understand the true nature of the variation in customer behavior, and this comes from looking at distributions.
  • We are used to seeing totals, but we gain insight by decomposing these totals into their constituent parts, be it an additive or multiplicative decomposition.
  • We are used to making statements about the nature of behavior across our entire customer base, that is, making the implicit assumption that the "drivers" of behavior are the same for everyone. But the decile analyses (whether doing so on the basis of equal-sized groups of customers or equal-sized portions of customer profitability) show that this is not at all true. It is vitally important to understand how and why the top-decile customers are different from the lower ones."

A Lente #1 pergunta "Quão diferentes são os seus clientes?":

  • como se distribui a facturação por cada cliente?
  • como se distribui o número de transacções por cliente?
  • transformar facturação em número de transacções vezes a facturação média por transacção
  • como se distribui a facturação média por transacção?
  • como se distribui o lucro por cliente?
  • como se distribui a margem média por cliente?
É interessante e olhar para uma empresa e perceber que o top 1% dos clientes pode ser tão lucrativo quanto os 41% do outro extremo. É interessante perceber que metade dos lucros de uma empresa podem vir de apenas 15% dos seus clientes.

E na sua empresa, quão diferentes são os seus clientes?

Trechos retirados de "The Customer-Base Audit" de Peter Fader, Bruce Hardie e Michael Ross. 

domingo, janeiro 29, 2023

Aprender com os outros o que vamos viver

Aprender com os outros o que vamos viver:

Imaginem as implicações de:

"No Japão, as casas são como carros.

Assim que você se muda, a sua nova casa começa a valer menos do que você pagou. E, quando você termina de pagar seu financiamento, depois de 40 anos, ela não vale quase nada."

sábado, janeiro 28, 2023

O elefante no meio da sala

 A propósito de "Sustentabilidade made in Brasil para "calçar' os sapatos portugueses" recordei-me desta metáfora:


A nota do final do artigo ajuda a perceber, "A jornalista viajou a convite da Assintecal, com apoio da ApexBrasil."

Ou seja, o artigo é, de certa forma, publicidade. Nada contra, mas é interessante que não se escreva uma palavra sobre o investimento directo português na criação de fábricas de calçado no Brasil, para minorar a falta de pessoas no país, disposta a entrar no sector, e a incapacidade de acompanhar o aumento do custo da mão de obra quando se está habituado a trabalhar o segmento mais barato do mercado. 



sexta-feira, janeiro 27, 2023

A nobreza, o clero e povo

O estado (a nobreza) em Portugal é isto, é esta facilidade normanda em torrar dinheiro impostado aos contribuintes (aka os saxões do costume). São os 80 milhões para as jornadas mundiais da juventude (JMJ), são os 500 mil de indemnização, são os 3 a 4 mil milhões na TAP, são os passeios em Falcon ao Qatar para ver a bola, são…

E quando alguém pede para ver as contas não querem mostrar, e quando as contas são reveladas fazem-se de ignorantes. Não sabiam! 

Quanto à ICAR, da qual sou membro praticante, resta-me sonhar com  a Igreja do futuro futurizada por um padre José em 1969. Infelizmente, não será no meu tempo. Mais um exemplo de uma igreja que tenta suster a hemorragia de crentes oferecendo-lhes festa e facilidades. Em Novembro passado tive esta conversa com o meu sogro que acreditava piamente que a colecta que a igreja faz nas missas para as JMJ era para pagar o evento. Espero que esta perturbação social o ajude a convencer da realidade. 

Quanto ao povo, triste que se incomode com 80 milhões e deixe passar impunemente o resto.

quinta-feira, janeiro 26, 2023

Hospital renova certificação

Com alguns familiares a trabalhar em hospitais do SNS e que me colocam questões sobre a ISO 9001 vou percebendo que há coisas interessantes. Por exemplo, haver um quadro de pessoal e o serviço ser certificado sem as pessoas suficientes, de acordo com as regras que a organização tem de seguir. Julgo que isto está relacionado com a cláusula 7.1.2 Pessoas - "A organização deve determinar e providenciar as pessoas necessárias para a implementação eficaz do seu sistema de gestão da qualidade e para a operacionalização e o controlo dos seus processos." Como é possível ser certificado sem ter as pessoas suficientes?

Ontem via Twitter cheguei a "Hospital de Vila Franca renova certificações" ... interessante. A minha mente pensou logo na fama que o referido hospital vem adquirindo ultimamente:

Já agora, este último caso do doente perdido é interessante. Pelos vistos, perante uma não conformidade em vez de procurar melhorar o sistema terão colocado os serviços jurídicos à procura de culpados:
"Em Novembro, o departamento jurídico do hospital informou os familiares dizendo que não foi possível estabelecer uma “relação casual inequívoca” entre este evento e o desfecho da situação. “Não é possível imputar responsabilidades individuais pelo sucedido [Moi ici: Como não recordar o livro "O Erro em Medicina" e O erro humano não existe!] (…) por não se verificar a existência de indícios da prática de qualquer infracção disciplinar ou presença de um ilícito praticado ou decorrente da actuação dos profissionais de saúde”, refere o hospital.
...
Questionado por O MIRANTE, o hospital confirma o arquivamento do inquérito e diz terem sido cumpridos todos os protocolos de percurso de informação do Gabinete de Cidadão. [Moi ici: Quando dou formação sobre estes temas uso a imagem abaixo. O barco a afundar e nós, muito honestos, continuamos a seguir religiosamente os procedimentos sem questionar a sua eficácia] “Assim que o conselho de administração teve conhecimento da situação, que obviamente lamenta, de imediato deliberou pela abertura de um inquérito interno”, explica. O hospital diz ainda que foi entretanto diligenciado o reforço dos protocolos de segurança e reforçada a informação sobre a abordagem e manutenção das portas de evacuação com alarme [Moi ici: Ui! Então, foi possível ou não estabelecer uma relação causal inequívoca?] junto dos profissionais do hospital."

Nos anos 90 os ingleses gozavam com a certificação da qualidade porque diziam que era possível certificar uma fábrica que produzisse coletes salva-vidas de betão. Hoje, com a introdução da satisfação dos clientes como um requisito, supostamente a referida fábrica já não se pode certificar. Navegando no site do hospital percebe-se que aquilo que para o Observador é um longo tempo de espera (3h e 25min) afinal está abaixo da bitola do hospital (240 minutos para os não urgentes, esqueçam que os urgentes devem ser visto em até 60 minutos).

Como é que será que os auditores olham para estas cenas? Sou eu que sou esquisito?