segunda-feira, abril 06, 2009

Produtividade (parte VI)

Na sequência de: Produtividade (parte I); parte II; parte III, parte IV e parte V.
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Em comentário ao terceiro postal desta série o Aranha escreveu:
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"Como fazer este tipo de pensamentos entrar no sangue dos gestores???
Esse é o problema... I guess..."
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Em Dezembro de 2007 avancei com uma proposta para ajudar a resolver esse problema:
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Colocar gestores com casos de sucesso a contar as suas próprias estórias de sucesso aos pares. O que correu bem, o que falhou, quais as maiores dificuldades.
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Uma estória que ilustra bem o poder da aposta no numerador da equação da produtividade é a da empresa portuguesa que detém a marca QQQQQ.
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Uma empresa de calçado produzia em regime de private label, como muitas outras em Portugal, nos sectores do calçado, do têxtil, do agro-alimentar, do farmacêutico, ...
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Um dia, no estrangeiro, o gestor dessa empresa ía tendo um colapso ao passar por uma montra de calçado onde reconheceu sapatos fabricados na sua fábrica.
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O preço de venda ao público não tinha nada a ver com o preço a que ele vendia à saída da fábrica.
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Algumas fábricas que trabalham em regime de private label estimam-me que o preço de venda à saída da fábrica seja um terço do preço de venda ao público.
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Naquele momento aquele gestor teve o seu encontro na estrada de Damasco e percebeu que tinha de chegar à montra, tinha de controlar o caminho até à prateleira.
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Larreche explica bem o fenómeno do valor recorrendo a uma cascata:
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Onde é que se cria, onde é que se origina o valor?
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Na montra, na prateleira, no momento de verdade em que um comprador (B2B ou B2C) decide trocar dinheiro pelos serviços prestados por um produto ou serviço.
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É o cliente/consumidor que atribui o valor no ponto de originação de valor.
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Um negócio só existe na medida em que seja capaz de criar valor para os seus clientes, nada mais interessa. O valor não está nas ideias, nas pessoas, nos processos, nas patentes, … o valor só é atribuído pelos clientes.
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Assim, o valor não é algo que exista e que esteja à espera que as empresas apareçam e colham. Antes de ser capturado o valor tem de ser criado.
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A origem do valor começa com clientes que estão dispostos a trocar o seu dinheiro, por produtos e serviços que satisfaçam as suas necessidades. Os clientes são a fonte original do valor que as empresas podem distribuir pelas suas partes interessadas.
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Se os clientes são a fonte original de valor, então, a capacidade máxima de valor que uma empresa pode sifonar para as suas partes interessadas, depende da sua habilidade para executar 3 competências fundamentais de um negócio:
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A extracção de valor assegura que uma empresa é eficiente o suficiente para não desperdiçar grandes quantidades de valor capturado, antes de o passar para as partes interessadas;
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A captura de valor assegura que uma empresa ganha valor a partir da sua interacção e posicionamento face aos concorrentes e parceiros. Por isso, ganhar encomendas não é sinónimo de saúde, se cada encomenda representar mais um prego no caixão. Infelizmente esta situação não é tão incomum quanto possa parecer, a ausência de contabilidade analítica e o desespero por cash fazem cometer muitas impridências;
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A originação de valor envolve a criação de novos produtos e serviços que os clientes apreciam e estimam o suficiente para pagarem por eles.
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Aplica-se o termo originação porque é o ponto de partida para o fluxo de valor gerado por uma empresa.
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Independentemente da forma e de quão bem uma empresa desempenha cada um destes estágios (orginação à captura à extracção), o máximo valor que pode potencialmente passar de um estágio para outro está limitado pelo valor adquirido no estágio anterior. Acredito que muita boa gente, bem intencionada, ainda não percebeu isto, continua a olhar para o umbigo da fábrica, continua seduzido pela capacidade de produzir e deixa o mercado para segundo plano. E volto à carga, procurem na ISO 9001:2008 uma referência à necessidade de conquistar clientes e clientes que interessam ... fico à espera que encontrem uma breve referência que seja. Na ISO a iniciativa parte do cliente, a empresa analisa os requisitos, verifica se os pode cumprir e chegam a um acordo. E procurar clientes? E procurar clientes-alvo? E lidar com, ou mesmo despedir, clientes satisfeitos que geram prejuízo?
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Uma empresa não pode extrair mais valor do que o que capturou, e não pode capturar mais valor do que aquele que originou. Please, rewind, voltar atrás e reler pelo menos dez vezes!!!
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É imediatamente óbvio que só existe um estágio no fluxo com potencial ilimitado para gerar crescimento – a originação de valor.
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A extracção de valor é essencial - uma empresa ineficiente desperdiça o valor criado.
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Quando uma empresa atravessa situações problemáticas, a opção mais fácil e mais rápida para melhorar os seus resultados, passa por concentrar os seus esforços na extracção de mais valor das suas actividades e processos correntes do que originando novas fontes de valor. Contudo, assim que um negócio tenha extraído o último, cêntimo pela via do corte dos custos, gestão da qualidade ou outras iniciativas, não há mais valor para encontrar.
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Normalmente, quando se fala de produtividade é sobre esta abordagem que se fala.
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As empresas apenas adiam o inevitável quando decidem não atacar o problema da originação de valor. Podem entreter-se com infantilidades mas como a base de valor originado já é tão restrita, por mais que se invista na captura e na extracção de valor, pouco se ganha, como tão bem ilustra este gráfico.
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Pois bem, o gestor da fábrica de calçado da estória inicial, apostou na compra de uma marca em decadência num mercado no estrangeiro. E revitalizou a marca transformando-a num caso de sucesso. Qual terá sido o aumento da produtividade do seu negócio?
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E vão todas as empresas apostar em ter uma marca?
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Não!
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E quem é que decide?
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Cabe a cada gestor tomar essa decisão. Estão dispostos a abandonar a tradição de que a fábrica é que manda? Estão dispostos a pagar melhor a criadores de valor? Estão dispostos a colocarem-se nas mãos de quem influencia e é influenciado pelos gostos ds consumidores? Estão dispostos a investir na cadeia de valor da fábrica até à montra? Estão dispostos a apostar no intangível de uma marca? Estão dispostos a usar o marketing?
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Cada um é que sabe até onde quer e pode ir!
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Pensar que é o estado que vai decidir, é como atribuir a esse mesmo estado o poder para escolher por nós com quem é que cada um se casa ou se amiga (como dizia a minha avó).
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No último Semanário Expresso aparece uma pequena notícia que me faz sorrir e chorar e me põe a pensar nesta estória do estado decidir com quem é que cada um de nós vai juntar os trapos:
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"Jaime Quesado é o coordenador da Nova Competitividade, projecto no âmbito da Plataforma Construir Ideias que inclui a publicação de cadernos temáticos e a organização de um road-show em algumas cidades do país. O objectivo é definir a agenda estratégica da economia portuguesa."
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Good Lord definir a agenda estratégica da economia portuguesa ... eu, se estivesse no lugar dele tinha vergonha que escrevessem isto ... definir a agenda estratégica da economia portuguesa ... isto ainda não é a União Soviética!
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Cadernos temáticos... road-show...
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Hummm, vou procurar na net os objectivos desta plataforma ...
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Continua (com a necessidade da biodiversidade)

A importância e a necessidade da destruição criativa

Foi Peter Drucker que me apresentou Schumpeter.
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Aprecio a ideia da destruição criativa. Por isso, temo as consequências dos apoios e subsídios como potenciais deturpadores da necessária renovação dos agentes no mercado capitalista.
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No DN, João César das Neves escreve "O economista do momento" onde se pode ler:
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"Como explicou depois: "A economia capitalista não é, nem pode ser, estacionária. Nem se está a expandir meramente de forma estável. Está a ser incessantemente revolucionada por dentro por novas iniciativas, i.e., pela intromissão de novos bens ou novos métodos de produção ou novas oportunidades comerciais na estrutura industrial que existe em qualquer momento. Quaisquer estruturas existentes e todas as condições de fazer negócio estão sempre num processo de mudança. Qualquer situação está a ser perturbada antes de ter tido tempo de se resolver a si própria. Progresso económico, numa sociedade capitalista, significa tumulto" (Capitalismo, Socialismo e Democracia [1942] p.31-2).
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Este é o processo de "destruição criativa" que, na visão revolucionária de Schumpeter, cria o desenvolvimento económico. Desta dinâmica de tumulto sai também a explicação de múltiplos outros elementos, incluindo o ciclo económico. As flutuações são o resultado inevitável daquele mesmo fervilhar que impulsiona o progresso."
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"Talvez o contributo mais importante de Schumpeter esteja na afirmação que as crises são naturais e inevitáveis. Os políticos e os jornais acreditam num desenvolvimento sem soluços, numa economia sem quedas. O modelo do austríaco revela como o custo do tumulto faz parte do benefício. Isso traz-nos humildade e realismo, que são preciosos quer na euforia quer no desânimo. Afinal, não há almoços grátis."
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Basta olharmos à nossa volta e ver o que acontece quando sangue novo compra uma casa, uma propriedade, nas mãos de alguém há muito tempo.
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Quase sempre assistimos a uma renovação, pinturas, aposta no futuro, mudança ... tudo fruto de uma nova maneira de se ver o mundo, de novos planos, de novos sonhos, de novas esperanças, de novas ilusões ...

domingo, abril 05, 2009

Parte VII – Zapatero e os outros.

Neste postal Parte VI – Zapatero e os outros. escrevemos:
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"Os próximos quatro anos vão ser disputados e vividos a um outro nível, num novo mundo e Zapatero pertence ao mundo que está a acabar. Quatro anos como primeiro ministro no mundo que acabou, moldaram os seus compromissos com pessoas e instituições, moldaram as suas intuições e da equipa que o rodeia. Não vai ser fácil para ele recalibrar a mente, não vai ser fácil para ele evitar aqueles canais sinápticos automatizados, involuntários, gerados no mundo que acabou (como a gente na cozinha, dois anos depois de mudarmos a localização da tesoura para aparar o peixe, intuitivamente vamos ao antigo local à procura dela… só depois é que racionalizamos e vamos ao novo local)."
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O que é que encontro no último livro de Ram Charan "Leadership in the Era of Economic Uncertainty", publicado já durante o ano de 2009, é tremendamente familiar:
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"Yet the hard truth is that CEOs, business unit managers, and country managers who have managed successfully during the prolonged period of good times may not be up to the challenges confronting them today. A CEO's dominant psychology in good times tends to be aggressive, optimistic, and oriented toward everincreasing profits and revenue growth.
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When things are going well, there can be a tendency for CEO's to become arrogant know-it-alls.
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Some let their optimism lead them into taking substantial risks by using leverage, debt, and off-balance-sheet financing."
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"In good times, those things don't matter a lot. In tough times, they can be fatal."
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Um mundo de possibilidades

"There are hundreds of thousands of businesses like John's. Small companies that aren't making millions but provide a good living for the people who work in them. Niche companies whose owners are trying to build sustainable businesses they love rather than fast-growing companies they can flip. They have no intention of retiring. They like working in them. And their clients know that. Which is why they have a loyal customer base willing to invest in the relationship."
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"Small companies with low overhead, reliable owners, a small number of committed employees, personal client relationships, and sustainable business models that drive a reasonable profit are the great opportunity of our time.
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Small is the new big. Sustainable is the new growth.
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Trust is the new competitive advantage.
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The client isn't looking for a vendor who has lots of time in the industry, or who's highly capitalized, or who has a long list of big name clients and a flashy office. I'm sure those things don't hurt. But it's not what he's looking for.
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He's looking for people he trusts. For a CEO who picks up the phone when it rings."
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Trechos retirados de "Why Small Companies Will Win in This Economy"
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Há qualquer coisa neste texto ...
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... yes, it's The Long Tail!
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Nichos em vez de massa!

Concentrar uma organização no que é essencial ...

... é mais urgente do que nunca.
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É aquela coisa do back to the basics...
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Mais um testemunho, desta feita em "Winning in Turbulence: Clarify Strategy--Choose Where and How to Win" de Darrell Rigby.
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"When a person's life is threatened, the body adapts superbly for fight or flight. Blood flow is diverted to the lungs and other critical areas. The pupils dilate to improve vision, and hearing is sharper. Breathing, heart rates, and response times accelerate. The odds of survival improve.
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If only a company could respond so brilliantly to the dangers of a downturn. Instead, executives often struggle to distinguish between core activities and less-vital functions. They look inward rather than outward. Their decisions are hampered by loss of concentration, diminished creativity, and an inability to perceive and learn from new information. When that happens, the odds of survival deteriorate.
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The goal of strategy in a downturn is to help you end up on the right side of the mortality tables--not just surviving but poised for growth, as Darwinian forces eliminate weaker competitors. To build that strategy, you need to know exactly where you will compete, how you plan to win, and how you will mobilize the organization to implement the strategy.
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Where to compete: defining the core
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"Bain's analysis shows that concentrating on a company's core business dramatically improves the odds of success in a downturn. About 95 percent of the companies that we call sustained value creators--those that maintained at least a 5.5 percent real growth rate in revenue and profit over ten years while earning back their cost of capital--are leaders in their core businesses. Strong cores also helped this group perform better and recover faster in the last downturn: average net profit margins bounced back to 6.5 percent in 2002, only slightly below pre-recession levels in 2000. Their competitors fared much worse, with average net profit margins falling to around 1 percent during the same period, a drop of about 3 percentage points. Again, it's like the human body: faced with threats, it relies on the fundamental systems at its core that afford the best chance of survival."
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sábado, abril 04, 2009

Ultrapassar o impasse (parte II)

O esqueleto do livro livro "Ultrapassar o impasse" de Timothy Butler.
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"O ciclo de impasse - no qualo passamos de nos sentirmos completamente presos para gradualmente imaginarmos um novo lugar na vida e dar o salto para chegar lá tem seis fases previsíveis" (para mim que olho para as empresas como seres vivos, isto tanto se aplica a pessoas como a empresas).
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"Na primeira fase a crise desenvolve-se. Algo no modo como organizamos a vida e avançamos nela já não está a funcionar... O nosso habitual sentimento de certeza desaparece. Começamos a ver que falta alguma coisa. Ansamos pela mudança." (vendas que baixam, rentabilidades que descem, clientes que nos abandonam, ... sintomas de que algo vai podre no reino da Dinamarca)
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"A crise aprofunda-se na segunda fase. As nossas tentativas de evitar, racionalizar e fugir não funcionaram, e as coisas estão a ficar piores ... Paramos de tentar racionalizar ou fugir à realidade da crise e reconhecemos que não conseguimos continuar como se nada fosse. A nossa forma antiga de fazer as coisas, as nossas rotinas confortáveis, já não funcionam - e nós sabemo-lo. A crise mostrou que o nosso "modelo" familiar para o modo como a vida funciona já não é o correcto." (Este é o momento-chave IMHO. Não somos masoquistas que vivem atrás de crises, mas quando elas chegam, olhamo-la de frente, e somos honestos connosco próprios e com os que trabalham connosco. Sem honestidade goodbye confiança. E uma vez perdida a confiança ... não há segunda oportunidade)
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"Na fase três, esse velho modelo destrói-se completamente e atingimos o fundo, baixamos as defesas e abrimos a nossa alma. É impossível negar que estamos atolados e por isso saímos do carro, ficamos lá parados e começamos a ouvir os barulhos da noite à nossa volta. (Infelizmente, para muitos, só a chapada violenta de uma crise permite quebrar a confiança no mapa cognitivo reinante e, sobretudo, fugir da alienação quotidiana, e permitir que a mente abandone o corpo e observe, de uma perspectiva mais elevada, o que está a acontecer, em que pântanos encalhamos sem o ter percebido até então. Que fluxos estão interrompidos e porquê, que linhas de conhecimento foram corroídas, que perigos, que riscos e ameaças e que oportunidades?)
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"Atingir uma paragem total, esta admissão de que a situação estava para além dos nossos recursos, esta abertura, é a condição que torna possível a fase quatro"
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Na fase quatro:
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"Começamos a receber imagens codificadas do que está a faltar na nossa vida, reparamos em sinais que apontam para o que é preciso acontecer de seguida... Reparamos que estamos a utilizar um modo de pensamento que é menos linear e mais metafórico. Reconhecemos novas relações entre forças e ideias que anteriormente pareciam estar em contradição. A nossa perspectiva torna-se menos certa e dogmática, mais flexível e repleta de possibilidades" (Estamos no campo da reflexão estratégica, os macro-economistas, os gestores sem relações amorosas com produtos/clientes/fornecedores, os burocratas de Bruxelas, só percebem de relações lineares e matematizáveis em modelos estilo Lanchester. Os gestores com coração desenvolvem metáforas, e abandonam o considerado seguro para criar novos trilhos e explorar novas florestas)
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"A fase cinco assinala uma oportunidade para uma reflexão mais profunda sobre o que é que as nossas escolhas nos mostram sobre quem somos ... o nosso modelo mental do mundo e do nosso lugar nele modifica-se e adquirimos um apreço mais nítido pela nossa identidade única." (A busca de essência, qual a essência da nossa organização? Missão não é, ou antes, não deveria ser mais um adereço numa coreografia, mas algo que realmente precisamos para nos recordar o que somos, qual a nossa essência para não a traírmos, para não a esquecermos)
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Na fase seis vem a acção:
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"Mas a nossa vida não muda sem agirmos. A resolução da crise de impase reside numa decisão de fazer escolhas específicas que mudam a nossa realidade quotidiana."
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"... as crises são o duro teste da tarefa de criar um "eu" maior - mas da próxima vez podemos enfrentar a crise com tudo o que ganhámos em esforços anteriores."

sexta-feira, abril 03, 2009

Anas platyrhynchos

Esta manhã, ao circular de carro numa rua que liga o centro da cidade de S. João da Madeira a uma das zonas industriais, fui surpreendido por quatro patos-bravos a voar a cerca de 2 metros de distância dos carros que circulavam em sentido contrário.

Still smells

No sítio do Público encontrei uma entrevista com Durval de Noronha Goyos, advogado e professor especialista em comércio internacional: "Derrocada do dólar levaria ao proteccionismo e renascimento do mercantilismo"
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Alguns excertos:
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"Porque é que dá tanta importância à alavancagem financeira?
O PIB mundial são 50 milhões de milhões de dólares. O valor dos derivados está entre 600 milhões de milhões e 700 milhões de milhões. O PIB americano é de 13 milhões de milhões. Então, a vasta maioria desses valores não tem correspondência real. São valores inflacionados. Estourando a bolha, teremos uma queda de 600 milhões de milhões para 50 milhões de milhões, ou seja, uma perda de 550 milhões de milhões, que é uma perda brutal. E esses recursos, os derivados, criaram uma prosperidade artificial." (assustador!!!)
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"Chegou-se até a promover políticas bizarras, apoiadas pelo FMI, no sentido de que mais próspero seria o país em desenvolvimento, ou mais sucesso teria o país, quanto mais indigente fosse a sua população. A competitividade internacional do país aumentaria na directa medida da indigência da sua população." (Ainda hoje escrevi sobre esta bizarria)
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"Os governos precisam de cria trabalho. Como? Com obras públicas. Mas não só, porque os recursos são limitados. Então, vem aí o proteccionismo – substituição de importações. Provavelmente isso vai acontecer.Então, o comércio internacional já diminuiu e vai diminuir ainda mais, através de medidas que são inconsistentes com a ordem jurídica multilateral. Isso vai comprometer toda a razão de ser de organismos como a OMC, o FMI, etc. " (basta recordar o esquema de A tentação é grande )
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"A gestão da crise é preocupante, porque a impressão que tenho é que ela está a ser orientada pelos mesmos vícios que estiveram na sua origem. Isto é, a defesa a qualquer custo do sector privado, ainda que à custa dos recursos públicos. E esse é um caminho viciado, que leva inexoravelmente à insolvência do Estado – porque o grau de alavancagem é muito superior à capacidade de gestão do Estado. A meu ver, o Estado não pode pretender sustentar a falência do sector privado na magnitude em que ela ocorreu. Não tem condições para o fazer.Mas as manifestações que tivemos são de que os EUA estão a garantir os défices do sector privado. Isso é impossível de fazer. O dinheiro aí colocado até agora, em grande será perdido ou provavelmente já está perdido. E não haverá condições para retomar a economia.
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A gestão tem sido feita em primeiro lugar unilateralmente, visando os interesses domésticos e orientada pelos “lobbies” privados domésticos dos sectores que estão falidos. Não houve ainda uma formatação da gestão visando o interesse público, porque ela iria certamente exigir o sacrifício de segmentos privados muito importantes. Iria representar uma socialização de sectores muito amplos da economia desses países" (Como eu olho para a crise )

Produtividade (parte V)

Na sequência de: Produtividade (parte I); parte II; parte III e parte IV.
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Na parte IV recordámos as palavras do presidente do Forum para a Competitividade que defende a necessidade de reduzir salários para aumentar a competitividade da economia.
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Ao reduzir os salários reduz-se o "Custo incorrido", logo aumenta a produtividade, basta recordar a equação que se segue:
No entanto, se aumentamos a produtividade das empresas à custa da redução de salários como é que é possível defender o texto que se segue?
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"The growth of productivity—output per unit of input — is the fundamental determinant of the growth of a country’s material standard of living. The most commonly cited measures are output per worker and output per hour—measures of labor productivity. One cannot have sustained growth in output per person—the most general measure of a country’s material standard of living—without sustained growth in output per worker." (aqui)
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Como é que a redução de salários pode promover o aumento do nível de vida de um país? Julgo que é a isso que se pode chamar uma política "beggar thy neighbor". Uma espécie de mundo de castas, uma casta de produtores produz para a casta de consumidores sempre num outro país, por que os produtores não têm capacidade de consumirem o que lhes passa pelas mãos na linha de fabrico.
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Acredito que a abordagem correcta ao desafio do aumento da produtividade passa por começar por perceber, por tomar consciência, que existe uma relação desigual entre poupar dinheiro e ganhar dinheiro.
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Há um ditado que aprendi com Mintzberg e que já repeti várias vezes neste blogue:
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Nunca é tarde para aprender,
Ás vezes é demasiado cedo.
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Pois bem, a primeira vez que li este artigo "Managing Price, Gaining Profit" de Michael Marn e Robert Rosiello não percebi as implicações do resultado do estudo citado:
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"The fastest and most effective way for a company to realize its maximum profit is to get its pricing right."
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"THE LEVERAGE and payoff of improved pricing are high. Compare, for example, the profit implications of a 1 percent increase in volume and a 1 percent increase in price. For a company with average economics, improving unit volume by 1 percent yields a 3.3 percent increase in
operating profit, assuming no decrease in price. But, as Exhibit 1 shows, a 1 percent improvement in price, assuming no loss of volume, increases operating profit by 11.1 percent. Improvements in price typically have three to four times the effect on profitability as proportionate increases in volume.
With such extreme profit leverage, pricing is one function that a company can always improve."
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Reduzir salários = Reduzir custos fixos: A redução de 1% nos custos fixos promove um aumento do lucro operacional em 2.2%.
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Em contrapartida, o aumento de 1% no preço promove um aumento do lucro operacional superior a 11%. Por favor, voltar atrás e reler estes dois parágrafos.
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A concentração no denominador da equação da produtividade é uma fixação que vem dos tempos áureos do Taylorismo, das linhas de montagem de automóveis e da superioridade dos tangíveis.
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Só que hoje, numa época de excesso de capacidade produtiva, o peso dos intangíveis é maior que o dos tangíveis e as linhas de montagem ... já eram.
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O fundamental para o aumento da produtividade é a concentração no numerador da equação, é a concentração na criação de valor, ou como Larreche propõe, na originação de valor, no numerador da equação da produtividade.
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Continua.

Para reflectir

"Worst NHS trusts for hygiene threatened with fines and closure by super regulator"
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Faz recordar o primeiro episódio da primeira temporada de Yes Minister.

"We get in trouble when we forget the basics.We get out of trouble when we remember the basics"

Tom Peters escreveu recentemente acerca desta crise em que vivemos:
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""We get in trouble when we forget the basics.We get out of trouble when we remember the basics.We stay out of trouble when we become perpetually "insane" about the basics."
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Um dos fundamentais mais importantes que conheço, resume-se bem numa rima:
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Volume is Vanity;
Profit is Sanity.
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Sou um apreciador das ideias de Hermann Simon, por exemplo no seu livro "Manage for Profit Not For Market Share", daí que me faça sempre impressão o crescimento cego, ainda que à custa da rentabilidade.
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Bom, voltando a Tom Peters: "We get in trouble when we forget the basics.We get out of trouble when we remember the basics.We stay out of trouble when we become perpetually "insane" about the basics."
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Também Ram Charan, no seu livro "Leadership in the Era of Economic Uncertainty", publicado já durante o ano de 2009, aconselha:
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"Your focus must shift from the income statement to the balance sheet. Protecting cash flow is the most important challenge almost all companies face today whether they realize it or not.
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Pursuit of revenue growth must give way to understanding the cash implications of everything your company does.
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Because lack of liquidity will be an ever-present lethal threat, you will have to manage conservatively, lowering your cash breakeven point as rapidly as possible for the worst-case scenario.
...
After spending their careers in a single-minded pursuit of growth, business leaders have to adjust their mentality. Some CEOs are telling their people that they should go for market share against competitors whose conditios could be unraveling. You should pursue that kind of growth only if it is profitable and cash-efficient.
...
One CEO I know surrendered 8% of his volume when he raised prices, but the new prices stuck and the result was the security of improved cash flow. It was a risky move. I recommend that in this environment you only raise prices on your least profitable customers. Even then, be prepared to walk away from those customers if they balk.
...
This is a time to narrow your focus and concentrate on the core of the business: the invaluable assets you can´t afford to lose. Choose the market segments and even the particular customers you will continue to serve, the products you will continue to make, and the suppliers you will continue to buy from and eliminate the rest."
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O que é que andamos a pregar há 4 anos neste espaço?
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The basics, os fundamentais!!!
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A concentração no que é essencial.

quinta-feira, abril 02, 2009

It smells like

Produtividade (parte IV - ainda nos preliminares)

Na sequência de: Produtividade (parte I); parte II e parte III.
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Ainda antes de entrar no tema a fundo, atentemos num outro exemplo caricato:
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Conhecem o Forum para a Competitividade?
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Conhecem os estatutos do Forum para a Competitividade?
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No seu artigo 1º, acerca do seu objecto social podemos ler:
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"2. Constitui objecto global do FORUM a promoção do aumento da competitividade de Portugal, através do estímulo ao desenvolvimento da produtividade nas empresas e da cooperação com organismos, empresas e instituições universitárias ou não universitárias, criando as condições necessárias a este propósito através de iniciativas relacionadas com a actividade empresarial e as politicas públicas, da promoção da difusão da informação para a competitividade e do debate entre instituições e indivíduos numa base profissional, técnica e independente."
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Sabem quem é o seu presidente?
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Pedro Ferraz da Costa
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O que propõe o presidente do Forum para a Competitividade para o aumento da competitividade e desenvolvimento da produtividade nas empresas?
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Basta procurar no Google:
É isto o melhor que um Forum para a Competitividade pode fazer para o aumento da competitividade e desenvolvimento da produtividade nas empresas?
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Já fizeram as contas que referi no final da parte III?

quarta-feira, abril 01, 2009

O Freeport ...

... é um biombo espectacular!!!
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Segundo a OCDE a dívida pública portuguesa, que era inferior a 64% em 2007, rondará os 86% em 2010.
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Além de Camilo Lourenço (Não há (mesmo) almoços grátis) mais alguém se preocupa?
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Cadê os outros?!

Pago para ver

"Russia backs return to Gold Standard to solve financial crisis"
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No entanto, desconfio que os promotores e aproveitadores do deboche não vão aceitar.

Salvo erro!

No Diário Económico de hoje leio:
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"Para Portugal, uma pequena economia aberta ao exterior, o relançamento do comércio internacional "é essencial para a recuperação económica". O alerta é dado pelo ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, em declarações ao Diário Económico, que espera dos líderes do G20, que se reúnem em Londres a partir de hoje, "um repúdio inequívoco de tentativas proteccionistas e um apoio explícito a medidas que visam reactivar o mais depressa possível os canais de crédito para financiamento dos fluxos de comércio externo"."
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IMHO o ministro das finanças ainda não realizou o que significa para uma PME que compete no mercado de bens transaccionáveis longe das carpetes e do poder e sem acesso a telefones vermelhos (como Jorge Coelho conta) operar com uma moeda forte.
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Nos últimos anos as exportações para os USA caíram a pique, dada a desvalorização do dolar.
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Está em curso a queda a pique das exportações para o Reino Unido, dada a desvalorização da libra.
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Países como o Japão e a China, como Portugal no passado, são craques a engenheirar a flutuação da sua moeda para dar vantagens competitivas "artificiais".
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Esta engenharia das cotações da moeda não é uma forma de proteccionismo?

Ultrapassar o impasse (parte I)

Hoje deve chegar a casa dos visados (conhecidos meus... amigos que fiz durante as minhas andanças pelas empresas) um exemplar do livro "Ultrapassar o impasse" de Timothy Butler.
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Há cerca de quinze dias entrei numa livraria e dirigi-me à secção de livros de Gestão e Economia para cheirar e procurar novidades.
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Ao bisbilhotar o interior de um dos livros fisguei logo o anzol... sou um fraco perante um esquema. Um boneco, um gráfico, uma imagem atrai logo a minha atenção:
Hoje, percebi que o livro está mal catalogado, não é um livro sobre Gestão e/ou Economia, é um livro sobre a gestão pessoal das crises pessoais.
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Contudo, como as empresas são seres vivos, parte do racional que Butler desenvolve para as pessoas individuais aplica-se também às empresas.
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Não devemos ser masoquistas sequiosos por viver mais uma crise. Não as queremos, mas quando elas surgem, em vez de fugir delas, devemos enfrentar os factores que as geraram e, no processo, crescer e perceber melhor o mundo que nos rodeia. Porque, como refere Butler:
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"Mas embora a fuga defensiva nos possa ajudar a ultrapassar as circunstâncias imediatas da crise, simplesmente adia a resolução da questão subjacente à crise e o processo de mudança. Não existe qualquer integração da experiência da crise"
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Continua

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Produtividade (parte III - ainda nos preliminares)

Na sequência de: Produtividade (parte I) e parte II.
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Vitor Bento no artigo “Dieta de sal”, publicado no Diário Económico, escreve:
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“O que é necessário e urgente é aumentar a competitividade da economia, reduzindo os custos de produção das empresas e incentivando os investimentos que aumentem a produtividade e a capacidade de oferta.”
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De acordo com a OCDE o PIB por hora trabalhada em Portugal é cerca de 40% mais baixo que nos países do pelotão da frente.
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Será que o nosso PIB por hora trabalhada vai crescer o quanto precisa de crescer, para colmatarmos esta lacuna gigantesca, à custa da redução dos custos de produção das empresas?
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Hummmm!!! Não me parece!!!
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Um corajoso leitor deste blogue arriscou ontem uma resposta ao desafio veículado na parte II desta série escrevendo que a solução passa por "no controlo e na organização do processo que não permite perdas de tempo em actividades redundantes".
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Sim, eu sei que nós como povo não somos bons a planear, basta observar a forma como pagamos as portagens numa auto-estrada e o tempo que demoramos, mas será que essa falta de planeamento é responsável por aqueles cerca de 40%?
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Há anos o director técnico de uma empresa desabafou comigo:
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-Oh Carlos Cruz!
-Qual é o truque? Qual é o segredo?! (gritou mais exasperado do que desesperado)
-Nós aqui ganhamos pouco, somos poucos, passamos a vida a correr e, ano sim ano não, temos resultados negativos.
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-Vou às empresas do grupo na Dinamarca e na Suécia e: têm mais pessoas têm pessoas para tudo; é uma calmaria lá dentro; ganham muito mais do que nós; e as empresas fartam-se de ganhar dinheiro.
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-Poça!!! Como é possível? Qual é o segredo?
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O segredo está na produtividade!
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Ainda na semana passada fiz estas perguntas numa empresa e obtive as respostas esperadas. Por isso, convido quem lê estas linhas a fazer o mesmo:
  • Qual o impacte na rentabilidade da empresa da redução dos custos com pessoal em 1%?
  • Qual o impacte na rentabilidade da empresa do aumento do preço de venda em 1%?
A primeira vez que li esta segunda pergunta, há 16/17 anos, tive vontade de insultar o seu autor. Que ignorante!!! Então o pastor não sabe que é o mercado que dita o preço?! Então o tótó não sabe que existe uma coisa chamada concorrência que não nos deixa aumentar os preços?! Duh!!! (Bom na altura não utilizei esta expressão final)
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Continua

Estranho conceito de economia

""Devia haver apoios às empresas que não estão mal""
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Palavras para quê, é um artista português!!!

terça-feira, março 31, 2009

Deboche despesista

"As medidas de combate à crise introduzidas pelo Executivo de José Sócrates ameaçam colocar o rácio da dívida pública portuguesa em 85,9% do PIB em 2010, contra os 70,7% registados no ano passado, estima a OCDE no relatório interino divulgado hoje."
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Não se passa nada!!!
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"Dívida pública portuguesa pode atingir 85,9% do PIB em 2009"

Produtividade (parte II - ainda nos preliminares)

Na sequência de: Produtividade (parte I)
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Por que é que os portugueses que trabalham em empresas alemãs a operar em Portugal têm produtividades superiores às das empresas congéneres a operar na Alemanha?
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Por que é que um trabalhador com a antiga 4ª classe, quando a sua fábrica têxtil no Vale do Ave fecha e ele decide emigrar para a Alemanha, dá um salto brutal na sua produtividade pessoal?
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Continua.

Migração de valor e o poder das marcas

"A test for brand loyalty"
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"As US shoppers cut back, companies that ex­pect consumers to pay a premium for a brand, service or experience are weighing what constitutes “value” for their customers.
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“Today, for the first time in a long time, we are seeing brands being assaulted by trends,” says Pat Conroy, leader of Deloitte & Touche USA’s consumer products practice. “And one of those trends is frugality and value.”
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"found a broad shift to lower-cost shops, with an increase in the number of people in the survey’s highest income brackets saying they would use coupons and buy more own-label products.
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But Bob Gillmett of TNS says the Shopper360 survey also showed that “value means different things to different people” and that “not everyone is just buying on price”. "
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"In household goods, for instance, TNS’s survey showed that people with household in­comes above $100,000 – who can easily afford their regular brand – are clearly opting for the lower-priced own-label equivalent. “I think there is a tipping point in that there is much more scrutiny now about whether the price difference is commensurate with the difference in performance...and in some cases you can go back and cross-examine that, and say it really isn’t,” says Mr Conroy. “The real pressure companies are going to face is: how do I differentiate my product to prove to my customer that it is ‘better’?” "
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O poder da comunicação

Recentemente numa empresa, quando se falava da importância da comunicação, um dos presentes contou uma estória pessoal que julgo ilustrar bem a relevância do tema.
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Vou tentar ser fiel ao relato:
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"Depois de acabar o curso fui fazer a recruta em Mafra.
Durante a recruta uma das coisas que me surpreendia e não conseguia explicar tinha a ver com os exercícios de corrida.
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Nós, os recrutas, tinhamos entre 23 e 25 anos, e corriamos atrás de um instrutor, um capitão com 35/36 anos.
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No final de cada corrida, nós acabávamos derreados a arrebentar de cansaço e o instrutor acabava fresco como uma alface. Não conseguia perceber como é que isso era possível, até que ... passei a ser instrutor.
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Como instrutor chegava ao fim da corrida fresco como uma alface enquanto que os recrutas acabam a corrida estourados.
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Como instrutor eu podia gerir o meu esforço, sabia que podia acelerar quando quisésse, que até podia parar se assim o entendesse.
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Os recrutas, mantidos na ignorância, sujeitos às ordens dadas em cada momento, sem poderem gerir o seu esforço acabavam como acabavam."
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E se agora fizermos o paralelismo para as empresas...
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Quando os colaboradores de uma organização navegam à vista, ainda que a empresa possa ter uma estratégia, quando a comunicação não se faz e a informação não circula... chegam ao final do dia, do mês, ou do ano como os recrutas.

segunda-feira, março 30, 2009

Chamem-me bruxo!!!

A 2 de Janeiro escrevi Somos todos alemães:
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"Desejando o melhor para os nossos amigos eslovacos, espero que os seus políticos e empresários já tenham descoberto o que me demorou cinco anos a perceber.
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Um país que adere ao euro torna-se ... numa nova Alemanha.
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Um país que acorda com uma moeda forte a circular dentro de si, deixa de ser um país que pode assentar a defesa da sua economia na desvalorização 'política' dessa moeda."
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Pois bem:
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"Moody's Investors Service have last Friday cut their outlook on Slovakia’s government bonds rating "
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"Moody's justify their decision on the grounds that future investment in Slovakia is at risk due to a combination of factors: the recession in the euro-region, the country’s dependence on the car industry and its falling competitiveness compared with other eastern European nations, many of whose currencies have fallen sharply during the crisis. In fact the Slovak Finance Ministry forecast only last Friday that foreign direct investment into Slovakia will be much lower this year than originally expected - with the Minister stating he expected a decline in FDI to 0.6 percent of gross domestic product in 2009, compared with a 2.7 percent forecast before the economic and financial crisis hit the country. The worrying thing for me about all this, is not the immediate short term pressure which Slovakia will undoubtedly be under due to the regional crisis, but rather the loss of competitiveness issue, becuase it is ringing bells in my head about what previously happened in the case of Portugal (see my lengthy post on this here).
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The danger is that eurozone membership gets to be seen as a target you strive to achieve, and then relax into once it has been attained. The Southern Europe experience generally is not encouraging in this regard, and as they are finding out now, the hardest work begins after adopting the euro, since there is no currency left to devalue should loss of competitiveness prove severe."
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Não, não sou bruxo, está tudo escrito nas estrelas.
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E os ignorantes e desonestos que não nos falam olhos nos olhos sopbre o que está em causa ...

Trechos de Edward Hugh

O que é que os portugueses vêem e os outros não?

"Confiança de empresários e consumidores caiu para novo mínimo em Março, mas melhorou em Portugal "
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Enquanto a música da orquestra do Titanic continuar a tocar ... enganam-se uns tolos:
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"O ISE calculado por Bruxelas para Portugal estabeleceu em 66,5 pontos contra 61,2 no mês anterior, beneficiando de uma melhoria do sentimento na indústria, no consumo, no retalho e na construção, enquanto os serviços estabilizavam."

ADENDA: Volcker é um ignorante Paul Volcker: Crisis May be Even Worse than Great Depression
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Depois das eleições, as moscas que estão a ser adormecidas vão irromper pela realidade e vai haver pranto e ranger de dentes (Acordar as moscas que estão a dormir (parte XII))

Produtividade (parte I)

Evolução da facturação anual do sector do calçado em euros por trabalhador.
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Um aumento de 257%!!!
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Como é que isto aconteceu?
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Continua

A imagem da formação profissional

Peres Metelo escreve no DN:
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"Com os tempos de paragem produtiva, faz sentido que os dinheiros públicos apoiem a aquisição de novos conhecimentos que se antecipem necessários na fase de retoma económica."
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Alguém sabe quais são os temas que fazem parte destas acções de formação? Ninguém tem curiosidade em saber quais os programas destas acções de formação? Ninguém tem curiosidade em saber como se identificam as necessidades de formação? Ninguém tem curiosidade em saber como se definem os objectivos destas acções de formação?
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BTW, um efeito colateral de tudo isto será a descida da consideração que as empresas têm pela formação profissional. Formação profissional será cada vez mais associada a artifício para encher pneus.
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Nichos e estratégia na agricultura

"Morangos de luxo escapam à crise"
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"No Algarve, os morangos que nascem, não na terra, mas em prateleiras com água, escapam à crise económica mundial, porque os agricultores vendem toda a produção ao Norte da Europa"
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Nichos, nichos, nichos. Combater no terreno onde se tem vantagem!!

domingo, março 29, 2009

Mais uma peça de dominó que cai...

... aqui ao lado são as Cajas que começam a rebentar:
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"El Banco de España interviene Caja Castilla-La Mancha"
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"El Gobierno ha convocado para las 18 horas de hoy un Consejo de Ministros extraordinario para tratar la intervención de la Caja Castilla-La Mancha (CCM); el Ejecutivo aprobará un Decreto Ley para inyectar capital en CCM y sustituir a su consejo de Administración en virtud del acuerdo tomado ayer sábado por el Banco de España, según ha podido saber EL PAÍS."
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"Caja Castilla-La Mancha contaba con créditos concedidos por importe de 19.536 millones de euros a cierre de 2008 y con depósitos de clientes por valor de 17.265 millones de euros, que están garantizados por el Fondo de Garantía de Depósitos, hasta un límite de 100.000 euros por cliente."

Winners 2008: The 50th Annual McKinsey Awards: Recognizing Excellence in Management Thinking

Primeiro lugar para "Can You Say What Your Strategy Is?" publicado pela HBR em Abril de 2008 com o nosso comentário aqui: Rápido, em 35 palavras: Qual a estratégia da sua organização?
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Também em primeiro lugar "When Growth Stalls" publicado pela HBR em Março de 2008 com o nosso comentário aqui: When Growth Stalls
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Segundo lugar para "Reinventing Your Business Model" publicado pela HBR em Dezembro de 2008 com o nosso comentário aqui: Re-equacionar modelos de negócio

A força da micro-economia

"Global heroes" a special report on entrepreneurship da revista The Economist:
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"Back in 1942 Joseph Schumpeter gave warning that the bureaucratisation of capitalism was killing the spirit of entrepreneurship. Instead of risking the turmoil of “creative destruction”, Keynesian economists, working hand in glove with big business and big government, claimed to be able to provide orderly prosperity. But perspectives have changed in the intervening decades, and Schumpeter’s entrepreneurs are once again roaming the globe."

Titanic

João Duque, lúcido, claro, transparente, como sempre "O Titanic" no Diário Económico de 26 de Março:
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"Quarto, com esta desproporção entre o custo do capital na Europa, a recuperação da economia vai fazer-se a ritmos diferentes. O desenvolvimento pode tender a concentrar-se "lá" e a deixar de se fazer "cá".
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Quinto, quanto mais as empresas sofrerem este desfasamento entre o custo do capital em Portugal e o dos países mais fortes da União Europeia, menos riqueza gerarão e menos lucro e emprego conservarão. A base de tributação (impostos sobre o rendimento ou sobre lucros) reduzir-se-á.
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Sexto, quanto mais a base de tributação se reduz mais o Estado português tenderá a endividar-se para manter o mesmo nível de actividade de investimento ou de actividade social (a qual tem tendência a agravar-se pelo preocupante envelhecimento da sociedade portuguesa), aumentando ainda mais o risco do país e o custo do capital.
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Sétimo. Entraremos por esta via numa espiral de definhamento nacional. Os jovens irão partir porque é "lá" que haverá emprego e riqueza e os velhos ficarão por "cá" com menos para se sustentarem...
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Remédio? Ou tomam juízo no destino a dar ao dinheiro público ou então, "Que toque a fanfarra, cambada!"

sábado, março 28, 2009

A injecção de dinheiro e a via espartana

Diz Angela Merkel "Injecção excessiva de dinheiro pode criar uma retoma económica não durável" (no Público)
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"A chanceler alemã Angela Merkel afirmou hoje, numa entrevista ao jornal "Financial Times", que a injecção de demasiado dinheiro para relançamento da economia mundial pode provocar o risco de criar uma retoma não durável."
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Ou seja:
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"É então que os governos decidem, à beira de um ataque de pânico apoiar as empresas, tentando salvar os postos de trabalho na política. O espectro da desordem grega paira sobre o asilo europeu
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Só que, por mais apoios que as empresas recebam... as empresas só fazem sentido se tiverem clientes.
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Como toda a gente sabe que está tudo a ser suportado por apoios artificiais a confiança não regressa, continua tudo na retranca. Ao minimo abrandar dos apoios e subsídios voltará tudo ao descalabro do desemprego pois a confiança de quem consome é a base da sustentabilidade do sistema."

Tom Asacker

"What do I want my customers to think about themselves and their decisions in my presence - by incorporating me into their lives?"
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"I encourage you to remember that customers really don't care about your story."
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So may I then suggest that the best way to get them to care about you is to NOT care about your story. It's irrelevant to them, as noted above.
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Rather, the best way is to empower them with unique and valuable experiences, activities, tools, etc. Ones that will help them bring their stories - the ones about themselves - to life.
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It's a difficult concept for many, and is summed up nicely in this quote from Brian Phipps: "Brands that can, do. Brands that can’t, tell stories."

Sumo para reflexão

Steve Yastrow apresenta algumas interessantes pistas para reflexão durante esta agitação das placas tectónicas da economia.
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O homem que me despertou para a importância e urgência do tema recalibração já vai na Parte IV

Definitivamente outro mundo

"George Soros: Britain may have to seek IMF rescue"
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"Mr Soros – speaking days after an auction of government bonds failed for the first time in 14 years, ringing alarm bells about Britain’s ability to fund its growing debts – said that Gordon Brown might have to go begging for billions of pounds in international aid. He also warned that next week’s G20 summit in London was the last chance to avert a full-scale depression that could prove worse than that in the 1930s. "

Sinal dos tempos

Extracto de e-mail recebido esta noite:
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"Boa tarde
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Venho informar que a partir de Abril vou abraçar um novo desafio profissional noutra organização... e noutro país.
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Foi um privilégio conhecer-vos e ter participado no projecto ..."

sexta-feira, março 27, 2009

Pilriteiro

Durante anos tentei em vão semear um pilriteiro (Crataegus monogyna) no meu jardim.
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Há 3/4 anos finalmente consegui que uma das minhas tentativas pegasse.
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Este ano, pela primeira vez começaram a dar flor.



Quando se mistura catequese com economia...

... dá isto E depois do mercado.
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O João Miranda só peca pela generalização que faz Portugal tem baixa produtividade, Portugal é um país e os países não produzem. Quem produz são as empresas e as empresas são todas diferentes. Os comentários ao postal de JM fazem-me lembrar este gráfico de Frasquilho.
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Tanto considero absurdas as palavras de Alegre (que quer que se aumentem os salários para salvar o comércio) como as de Silva Lopes, Ferraz da Costa, Daniel Amaral ou Nogueira Leite (que querem que os salários desçam para aumentar a competitividade da economia).
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Por que não deixam a economia funcionar? Por que não deixam falir as empresas que não são capazes de dar a volta? Por que não se voltam para a redução do cuco-mor?

Segundo acto - O que prevê Ram Charan

Continuado daqui.
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No Semanário Económico do passado dia 21 de Março pode ler-se, como título de uma entrevista:
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"Todas as empresas vão ser mais pequenas em 2010"
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"P - O conceito de "smal is beautiful" sairá reforçado depois da crise?
RC - As companhias já estão a tornar-se mais pequenas neste momento.
P - Estarão?
RC - Todas as empresas serão mais pequenas no ano 2010. E haverá sempre espaço para nascerem pequenas empresas."
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Pois bem, o que se lê como principal título na capa do Diário Económico da passada segunda-feira?
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"Governo tenta salvar fornecedores da Autoeuropa"
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Pois bem, o que se lê como principal título na capa do Diário Económico da passada terça-feira?
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"Plano anti-crise nos têxteis vale 850 milhões"
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Ontem foi o plano para a indústria da cortiça.
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Será que alguém lê estes artigos?

Por exemplo:
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"With respect to productivity, we found that the productivity of entering firms is higher than that of exiting firms. Our decomposition of industry productivity growth also shows that external restructuring has its largest share in economic slowdowns, while internal restructuring makes its largest contribution in economic upturns."
...
"
Aside the fact that 10 years is perhaps too short a period to draw definitive conclusions about the impact of restructuring – internal and external – on productivity growth, especially in relation with the economic cycle, there is clear evidence in favour of the hypothesis that cleansing is countercyclical, while active learning seems to be procyclical, two findings in line with our priors.
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Under our assumptions, it is surprising though to find that countercyclicality of passive learning, a result that we are tempted to allocate to the “scars” of the first sub-period recession and to what seems to be the lack of sufficient firm competition in the Portuguese manufacturing sector, especially in good times."
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Enfim, aprendizes de feiticeiro armados em Grandes Planeadores

quinta-feira, março 26, 2009

Qual é a diferença?

Entre um pivot de televisão mum canal de notícias e um actor?
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Acabo de ouver a entrevista do ministro da Agricultura na RTP-N ... por que é que um pivot de televisão se limita a fazer perguntas superficiais que apenas fazem eco do que se ouve nas manifestações da rua (descurando a tradição do campo contra o mau-olhado, ver abaixo)?
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OK, o pivot não é obrigado a saber tudo... mas não devia ter uma equipa de jornalistas nos bastidores a prepararem-lhe as entrevistas?
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A entrevista serviu para aumentar a minha simpatia pelo ministro, que julgo ser dos poucos, ao longo dos anos e em vários governos, a ter pensamento estratégico e a não ter receio de dizer não.
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"Ao longo do trajecto o carro de Magascià encontrou uma família de camponeses: marido, mulher e filho, todos sobre o mesmo burro.
A mulher, com o seio descoberto, amamentava o filho.
- Que tal vão as colheitas? - perguntou Magascià ao homem do burro.
- Mal - respondeu aquele.
Magascià segredou ao ouvido do padre:
- Aquele espera uma boa safra.
- Porque mentiu então?
- Para não ser vítima da inveja - respondeu Magascià"
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in "Vinho e pão" de Ignazio Silone,

Já estou instalado e aguardo...

A propósito desta notícia "Qimonda apresentou pedido de insolvência e vai tentar viabilização" encontrei esta outra "Qimonda: Pinho quer recuperar apoios até ao último tostão" onde se pode ler:
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"O ministro da Economia já esperava o processo de insolvência com que a Qimonda avançou esta quinta-feira e garante que o Estado vai tentar recuperar os apoios financeiros dados à empresa"
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Já montei o meu estaminé, já estou numa posição confortável aguardando saber "até ao último tostão" quantos milhões de euros foram encaminhados para captar e manter no país o maior importador nacional.
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Estou mesmo cheio de curiosidade para saber até "ao último tostão" de quantos milhões estamos a falar.
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Aguardo pois ...

ADENDA: Penoso demais para aguentar ouver Pedro Adão e Silva na RTP-N discorrendo e discorrendo e discorrendo sobre a Qimonda. Aconselha-se Pedro Adão e Silva a documentar-se melhor, basta ler esta fonte anterior ao choque de Agosto de 2007 Qimonda Reports Third Quarter Results of Financial Year 2007... mas documentar-se para quê, o pivot também não se prepara e engole tudo o que lhe dizem...
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Mentes livres de mapas cognitivos castradores


Muitas vezes, na minha interacção nas empresas, uso uma imagem para ilustrar a necessidade de criar distanciamento para formular o pensamento estratégico. Recorro à figura da mente abandonar o corpo, por momentos, para pairar sobre a paisagem competitiva e, longe da pressão do dia-a-dia, encadear os acontecimentos sob uma outra luz.
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Há dias, no artigo “Understanding and breaking the rules of business: Toward a systematic four-step process” de Dodo zu Knyphausen-Aufsess, Nils Bickhoff e Thomas Bieger publicado em Business Horizons (2006) 49, 369-377, encontrei uma referência à definição que Bertold Brecht atribuía à palavra alienação: “Bertold Brecht introduced the notion of alienation, which contends that new insights cannot emerge if we identify too closely with a subject or issue; therefore, we need to distance ourselves from it and shed light on interrelationships from a different angle in order to make progress.”
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É isto que eu procuro transmitir, fugir às grilhetas e ao jugo da pressão quotidiana que nos pode trazer de olhos virados para o chão em vez de virados para a frente e muito lá à frente. Pois, como escrevem os autores no artigo acima referido:
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“We live within paradigms, and it takes tremendous energy to break out of those paradigms and redraw cognitive maps.”
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Escrevo isto, por que na passada segunda-feira, durante uma viagem de comboio, tive oportunidade de ler na revista Outlook do Semanário Económico de Sábado 21 de Março o texto intitulado “Este é o azeite”
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“Andreas Bernhard é suíço, está em Portugal há 15 anos e nunca tinha prestado muita atenção aos olivais do Alentejo. Faz sentido: também não vivia ali. Começou por instalar-se no Algarve, na zona de Castro Marim, onde viveu sete anos. Procurou um lugar para começar uma vida nova e encontrou, à saída de uma pequena aldeia chamada Santa Iria, uma herdade. “Encontrei um paraíso olivícola”, pensou. Para decidir a seguir: “É mesmo isto que vou fazer.” Este “isto” não era ainda o melhor azeite biológico do mundo, mas uma produção que apostasse no acompanhamento permanente do olival, que respeitasse árvores centenárias e que conseguisse competir com a concorrência dos grandes azeites italianos.
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Este azeite competiu e ganhou. O Risca Grande Virgem Extra venceu o primeiro prémio do Concurso de Azeites Biológicos da BIOFACH 2009 em Nuremberga, na Alemanha.”
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Um suíço?!
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E agora a cereja em cima do bolo, voltemos ao texto de Ângela Marques no jornal:
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“Para Andreas, o facto de nunca antes ter trabalhado com azeite é uma vantagem. “Chegar a um ramo completamente novo é uma vantagem. Informamo-nos mais, queremos saber como é que os espanhóis fazem, como é que os italianos fazem, como é que os outros fazem, e depois decidimos como é que nós queremos fazer, encontrando uma maneira diferente de fazer”, explica.”
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Estes momentos de crise, são também momentos em que gente que já não tem nada a perder, depois de perder quase tudo, se lança em novos empreendimentos, libertos de mapas cognitivos gastos, carregados de regras castradoras obsoletas que se seguem por que foi sempre assim que se fez. Essa gente nova, não de idade necessariamente, introduzirá os choques epistemológicos que precisamos para dar saltos de produtividade à custa da criação de mais valor.
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E quanto mais se defender o passado e os incumbentes enquistados, mais se dificultará a transição, after all:
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"It is widely believed that restructuring has boosted productivity by displacing low-skilled workers and creating jobs for the high skilled."Mas, e como isto é profundo:"In essence, creative destruction means that low productivity plants are displaced by high productivity plants." Por favor voltar a trás e reler esta última afirmação.”

Os canários ...

... são úteis por que vão à frente e alertam para o que pode acontecer-nos mais tarde.
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"City alarm as Treasury fails to sell Government gilts"
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"Fears are growing on the financial markets that Britain may not be able to repay the billions of pounds in debt it is amassing to rescue banks and revive the economy.
The Government admitted yesterday that, for the first time since 1995, investors had been unwilling to buy the full complement of its so-called gilt-edged bonds at one of its official auctions"
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Quando são precisos 48 milhões de euros por dia emprestados para manter cá o Titanic a flutuar...
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"Mouse droppings found in hospital operating theatre"
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"They showed me photographs of mouse holes, mouse droppings in the operating theatre, blood smeared in wards."
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quarta-feira, março 25, 2009

Bem vindos ao clube!!!

A SIC Notícias esta noite está alarmada, só agora é que descobriu o que é que está a acontecer: A caminho da Sildávia do Ocidente

Primeiro acto - O que sentem os fabricantes de automóveis

"Renault espera “crise longa” até 2011"
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"A Renault vai conhecer uma "crise longa" que se poderá estender até 2010 ou mesmo 2011, declarou hoje o director-geral delegado Patrick Pelata, que confirmou ainda uma redução de nove mil funcionários no quadro de pessoal da empresa para o decurso deste ano.
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O grupo deve "preparar-se para que a situação actual, de uma baixa dos mercados da ordem de 20 a 25 por cento, possa durar ainda todo o ano de 2009, todo o ano de 2010 e talvez todo o ano de 2011", declarou Pelata."
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Não esquecer que o número um da Ford na Alemanha descobriu que na Europa existe capacidade instalada para produzir mais 27 milhões de automóveis do que aqueles que os europeus são capazes de consumir.
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Segunda parte - O que sente Charan (continua)

Como é que foi?

Como é que foi justificada a baixa do IVA de 21 para 2o% no final do primeiro semestre de 2008?
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A casa estava arrumada!?
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"Falências de empresas subiram 51 por cento no primeiro semestre de 2008"
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Porquê? Que inveja!!!

Por que é que desde 1974 nunca tivemos um governador do banco de Portugal que dissesse, alto e bom som, coisas destas?
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"Mervyn King warns Gordon Brown to stop spending"
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"The Governor of the Bank of England laid bare tensions between Gordon Brown and the Treasury yesterday by warning that Britain could not afford a second economic stimulus in the Budget.
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Mervyn King threw caution to the wind as he sided with Alistair Darling and the CBI against Downing Street in raising strong doubts over any prospect of another round of “significant fiscal expansion” next month.
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Mr King spoke as the Prime Minister, beginning an international tour to co-ordinate measures for next week’s G20 gathering in London, called on leaders to do “whatever it takes to create growth and the jobs we need”. "

Para reflexão

"people go mad in crowds, and return to their sanity one by one,"
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Retirado deste blogue obrigatório Debtdeflation
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Hoje, traz uma diatribe contra a Economia Neoclássica e a sua mania do equilibrio. Apreciei sobretudo este apontamento (à tia de Cascais):
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"Key here should be a rejection of neoclassical microeconomics in its entirety. This was the missing component of Keynes’s revolution. While he tried to overthrow macroeconomics shibboleths like Say’s Law, he continued to accept not merely the microeconomic concepts such as perfect competition, but also their unjustified projection into macroeconomic areas—as with his belief that the marginal productivity theory of income distribution, which is fundamentally a micro concept, applied at the macro level of wage determination.
From this failure to expunge the microeconomic foundations of neoclassical economics from post-Great Depression economics arose the “microfoundations of macroeconomics” debate that led ultimately to rational expectations representative agent macroeconomics, in which the economy is modelled as a single utility maximising individual who is blessed with perfect knowledge of the future.
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Fortunately, behavioural economics provides the beginnings of an alternative vision as to how individuals operate in a market environment, while multi-agent modelling and network theory give us foundations for understanding group dynamics in a complex society. They explicitly emphasise what neoclassical economics has evaded: that aggregation of heterogeneous individuals results in emergent properties of the group which cannot be reduced to the behaviour of any “representative individual” amongst them. These approaches should replace neoclassical microeconomics completely.
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The changes to economic theory beyond the micro level involve a complete recanting of the neoclassical vision. The vital first step here is to abandon the obsession with equilibrium.
The fallacy that dynamic processes must be modelled as if the system is in continuous equilibrium through time is probably the most important reason for the intellectual failure of neoclassical economics. Mathematics, sciences and engineering long ago developed tools to model out of equilibrium processes, and this dynamic approach to thinking about the economy should become second nature to economists.
...
The economic theory that should eventually emerge from the rejection of neoclassical economics and the basic adoption of dynamic methods will come much closer than neoclassical economics could ever do to meeting Marshall’s dictum that “The Mecca of the economist lies in economic biology rather than in economic dynamics” (Marshall 1920: xiv).
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As Veblen correctly surmised over a century ago (Veblen 1898), the failure of economics to become an evolutionary science is the product of the optimising framework of the underlying paradigm, which is inherently antithetical to the process of evolutionary change. This reason, above all others, is why the neoclassical mantra that the economy must be perceived as the outcome of the decisions of utility maximising individuals must be rejected."
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Mais actual que nunca

A leitura do artigo "A Dynamic View of Strategy" da autoria de Constantinos Markides e publicado pela Sloan Management Review na Primavera de 1999.
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"in every industry, there are several viable positions that companies can occupy.
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Therefore, the essence of strategy is selecting one position that a company can claim as its own. A strategic position is simply the sum of a company's answers to the following questions:
  • Who should the company target as customers?
  • What products or services should the company offer the targeted customers?
  • How can the company do this efficiently?
Strategy involves making tough choices on three dimensions: which customers to focus on, which products to offer, and which activities to perform.
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Strategy entails choosing, and a company will be successful if it chooses a distictive strategic position that differs from those of its competitors. The most common source of strategic failure is the inability to make clear and explicit choices on these three dimensions."
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"the heart and soul of strategy is asking the "who-what-how" questions, developing alternatives, and selecting specific goals and actions."
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E muito importante:
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"As industries change, new strategic positions arise to challenge existing positions. Change in industry conditions, customer needs or preferences, demographics, technology, government policies, competition, and a company's own competencies generate new opportunities and the potential for new ground rules.
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Existing niches expand while others die, new niches appear, mass markets fragment into new segments (or niches), "old" niches merge to form larger markets, and so on. This dynamics occurs in every industry."

terça-feira, março 24, 2009

O cozinhado

Misturar isto:

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com isto: "'No extra cash' for UK economy, Bank of England chief warns" (um dia destes somos nós)
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Depois, adicionar um pouco de:
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"A receita registou uma taxa de variação homóloga acumulada (tvha) de -8.9%, tendo as receitas fiscais justificado esta contracção em -8.4 p.p..
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A despesa cresceu 3.7% relativamente ao período homólogo do ano anterior, sendo o respectivo grau de execução da ordem dos 14.5%, abaixo do padrão de segurança. Por sua vez, a despesa corrente primária registou um crescimento de 5.5%
."
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Acrescentar ainda uma pitada de:
E sabemos que estamos a caminho de:
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Com um brilhosinho nos olhos...

"China’s central bank on Monday proposed replacing the US dollar as the international reserve currency with a new global system controlled by the International Monetary Fund."
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Hummmm... mais uma machadada no ocidentocentrismo. É a consequência natural dado que alguém não se deu ao respeito.
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Isto sim, é um sinal do dealbar de um mundo realmente novo: "China calls for new reserve currency".
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Só não percebo é por que não propõem já o ouro, "In an essay posted on the People’s Bank of China’s website, Zhou Xiaochuan, the central bank’s governor, said the goal would be to create a reserve currency “that is disconnected from individual nations and is able to remain stable in the long run, thus removing the inherent deficiencies caused by using credit-based national currencies”."

Os empresários têm de usar o coração.

Muitas vezes, neste blogue, chamamos a atenção para a superioridade da micro-economia sobre a macro-economia.
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A macro-economia vive distante da realidade, faz uso de modelos simplificados da realidade, modelos lineares que não admitem a riqueza da actividade da ingenuidade (à inglesa) humana.
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Um paradigma desta filosofia e mentalidade é dado sempre que a União Europeia é chamada a intervir num sector económico. Por que distante da realidade, trata tudo por igual, só consegue abordagens à Lanchester daí que a solução mais comum seja o abate, a eliminação de concorrentes na secretaria.
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Quando falo de superioridade da micro-economia (afinal, Só a micro-economia é que nos vai dando boas notícias ) alicerço a minha opinião naquilo que não pode ser previsto pelos modelos de burocratas, na paixão, no amor, na intimidade entre fornecedores-clientes e produtos (aqui, aqui e aqui).
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Por isso, foi com especial carinho que encontrei uma entrevista da Mario Moretti Polegato, presidente da Geox, ao semanário Expresso. De retirei alguns trechos que ilustram o meu sentimento sobre a micro-economia:
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"Expresso - Há uma receita para o sucesso?
Polegato - Ter fome de mudar, ser inovador e surpreender o cliente, ser global, ser pertubador e simultaneamente genuíno.
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O problema é que alguns empresários perderam o foco nas suas empresas e preferiram investir nas finanças. Mas ser empresário e ser financeiro são coisas muito diferentes.
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Expresso - O que os separa?
Polegato - O empresário é criativo, é líder, tem de ter entusiasmo e contagiar a sua equipa. O banco é um fornecedor de dinheiro. Os empresários têm de usar o coração. Os bancos só vêem taxas. São mentalidades diferentes. Precisam de ser independentes."

Estranhas prioridades.

Em teoria sou a favor de sistemas não subsidiados em que quem melhor servir os clientes, quem tiver o melhor modelo de negócio ganha e é beneficiado no e pelo mercado.
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É sob essa orientação que apoio a liberalização do sector leiteiro na Europa.
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Adivinho, no entanto, grandes dificuldades para muitos produtores europeus, grande turbulência e falências por que muitos não estão preparados para o que aí vem.
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Os governos não falam abertamente da revolução que aí vem no sector leiteiro pelo que a maioria não está, nem se está a preparar, nem que seja com estratégias de saída do sector pela mó de cima.
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Isto tudo a propósito deste artigo no Público: "Comissão Europeia recusa rever liberalização da produção de leite".
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"A Comissão Europeia recusou hoje liminarmente o pedido de Portugal e mais seis países da União Europeia (UE) de “congelamento” do aumento programado das quotas de produção de leite para permitir ao sector em dificuldades ultrapassar a actual crise"
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Sintomático que os políticos sejam tão firmes e batam o pé no chão, e venham para a televisão ameaçar... tudo por causa do IVA nas pontes de Lisboa e não usem a mesma bitola para a defesa do sector leiteiro.
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Estranhas, estas prioridades.

segunda-feira, março 23, 2009

Este é um ponto crítico!

Dá que pensar:
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"Charles Dumas, global strategist at Lombard Street Research, said Europe's leadership class have ensured "likely disaster" for EMU by assuming for so long that they could continue to rely on "predatory export-led growth" by feeding off world demand rather adopting radical stimulus measures of their own.
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"It looks as if surplus countries, particularly those of north-central Europe clustered around Germany, imagine they can wait for recovery and then enjoy export-led growth again," he said."
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E a queda do PIB alemão em 7% "German economy to contract 7pc this year"

O que se pode aprender com quem compete em mercados emergentes?

Admitamos um cenário de depressão económica mundial continuada.
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Com o fim do crédito fácil e barato temos e teremos connosco por alguns anos a derrocada na procura, a queda na capacidade de consumir.
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Como enfrentar esta nova paisagem?
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Peter Williamson e Ming Zeng publicam na Harvard Business Review deste mês de Março um interessante artigo com algumas pistas que podem ser exploradas.
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Primeiro a situação actual:
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"No one needs convincing that the economic situation we’re facing today is almost unprecedented. Yet much of the advice that executives have received is remarkably similar to what they heard during the recession in 2000. Particularly in Western enterprises, the preferred antidotes seem to be standard ones: Evaluate your risks, develop contingency plans, focus on your core, reduce costs, expect the unexpected, and so on. The unspoken objective appears to be to survive or, at most, to maintain market share.
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Like many orthodoxies, however, this will not serve companies well today. The world has changed so much because of, among other reasons, deregulation, lowering of trade barriers, rapid technological advances, demographic shifts, and greater urbanization, that strategies that worked a decade ago are unlikely to do so anymore. Previously, downturns often favored incumbents, which possess economies of scale and customer relationships that allowed them to prevail over upstarts. What’s different now is that companies from several emerging markets are poised to wrest market share from, or even take over, Western firms."
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O que os autores propõem é que analisemos a forma como actuaram algumas empresas de sucesso em mercados emergentes (mercados caracterizados por um fraco poder de compra)
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"During the Depression, (...) companies developed value-for-money strategies: They grew by delivering products and services that enabled hard-hit consumers to do more with the same resources and become more effective; to do the same with fewer resources, thereby improving their efficiency; or to do less with far fewer resources, which helped them economize.
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Value for money has again become a strategic imperative—and not just because of the recession."
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"In both the developed and the developing world, therefore, delivering value for money has become critical. What capabilities must companies possess to thrive in this environment? Our research suggests that instead of refining cost-cutting techniques, companies should develop cost-innovation capabilities. They must learn to reengineer their cost structures in novel ways so they can offer customers dramatically more for less. That may not be good news for many U.S., European, and Japanese corporations, which have usually dealt with low-cost competitors by going upmarket and creating premium segments, both at home and abroad."
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Os autores propõem a inovação para reduzir os custos.
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"The idea of innovating to develop offerings that provide greater, or almost the same, functionality but at a lower price is unconventional. Some executives may regard it as silly: Why invest in research to sell products for less than the prevailing price? However, smart companies in emerging markets have done just that to appeal to the great mass of value-conscious customers at home."
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E depois, algo que faz recordar "The Blue Ocean Strategy" de Chan e Mauborgne:
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"Cost-innovation strategies are disruptive in that they result in products or services that look inferior in some ways to existing ones but are more affordable and easier to use than incumbents’ offerings."
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"Como não acredito em acasos fico a pensar nesta coincidência "No meio não está a virtude, ou seja, não vale guterrear"
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Os autores apresentam três avenidas de progresso e pesquisa:
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"Selling high-tech products at mass-market prices.
Companies often apply the latest technology only to the most complex applications or sell it to early adopters. By restricting a state-of-the-art technology to a few segments initially and transferring it to mainstream markets over time, they capture the maximum value throughout its life and enhance the return on their investment in research and development. However, some newcomers from developing countries have found ways to offer the latest technology to mass-market customers at low prices."
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Ou seja, serializar a produção de artigos que de outra forma não abandonariam a categoria de protótipo ou semi-protótipo.
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"Offering choice and customization to value customers.
Customers usually have to pay hefty premiums if they want a large selection of products or customized offerings. That’s because most companies in developed countries, which focus on gaining economies of scale, fear that if they offer a plethora of choices, their operations will spiral out of control. They will spend additional time making changeovers on manufacturing lines and lose money from write-offs on obsolete inventory. But companies in emerging markets have been able to transform the rules of variety and customization by learning to gain economies of scope."
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Ou seja, apostar na flexibilidade, reduzir os limites que tornam uma pequena série rentável, para poder apostar em séries mais pequenas, maior diversidade, maior rapidez.
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"Turning premium niches into mass markets.
Most companies define a niche market as one that consists of relatively few customers willing to pay premium prices for goods and services that meet their specialized requirements. They don’t check to see if there may be a wellspring of latent demand choked off by high prices and poor value-for-money offerings."
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Mais do que nunca a grande restrição vai continuar a ser, e ampliada, a conquista de clientes.

domingo, março 22, 2009

Surrealista (parte II)

Como ilustram os dois últimos postais, resolvi dar uma chance à TSF de me fazer companhia no final da tarde de domingo enquanto trabalhava diante do computador.
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Algures por volta das 19h15 a rádio deixou de emitir qualquer sinal, na altura nem dei conta do sucedido.
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Depois, por volta das 19h30 o sinal regressa e para meu espanto começo a ouvir uma voz feminina em castelhano. Por momentos pensei que se tratava de alguma reportagem, só que o tempo continuava a passar e continuava a passar uma senhora em castelhano a promover um programa em que as pessoas lhe ligavam e ela lia o seu futuro nas cartas!!!!
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São 21h25 e a TSF desapareceu em 107.4 para dar ligar a esta emissão surreal... agora, é uma voz masculina em castelhano.

Surrealista

O desemprego a subir, as empresas a fechar e a TSF de braço dado com a UGT vai promovendo o aumento do SMN "O líder da UGT afirmou esperar que o próximo Governo «seja sensível» à necessidade de aumento do Salário Mínimo Nacional (SMN)".
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É surrealista a situação... até parece retirada de um programa dos gatos fedorentos...

A independência dos analistas

A TSF está agora a transmitir um programa onde um analista conduz um Porche e vai tecendo elogios e fazendo comentários.
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De quem será o Porche que ele conduz? Terá sido a marca a fornecê-lo para o programa?
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Foi a TSF que escolheu a viatura, ou a marca paga algo pela publicidade?
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Mas se a marca paga... como é que eu tenho a certeza que o analista é imparcial e está a ajudar-me com informação de confiança em vez de estar a fazer publicidade encapotada?
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O que é que distingue este analista de carros dos analistas que aconselham sempre a comprar acções?
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Será que analista de carros também deveria ser entrevistado pelo Stwart do Daily Show?

Are you sure you have a strategy? (parte III)

Continuado daqui.
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Segue-se a Lógica Económica, algo entre aquilo que considero proposta de valor, a disciplina de valor de Wiersema e modelo de negócio.

"At the heart of a business strategy must be a clear idea of how profits will be generated—not just some profits, but profits above the firm's cost of capital. It is not enough to vaguely count on hav­ing revenues that are above costs. Unless there's a compelling basis for it, customers and competitors won't let that happen. And it's not enough to gen­erate a long list of reasons why customers will be eager to pay high prices for your products, along with a long list of reasons why your costs will be lower than your competitors'. That's a sure-fire route to strategic schizophrenia and mediocrity.

Economic logic asks the specific questions of our ability to generate profit. How will we gain lowest costs: 1) through scale advantage? 2) through scope and replication advantage? And, how will we attract premium prices: 1) due to unmatchable service? 2) due to proprietary product features? The most successful strategies have a central economic logic that serves as the fulcrum for profit creation. In many cases, the economic key may be to obtain premium prices by offering customers a difficult-to-match product."
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Não basta receber encomendas, é preciso ganhar dinheiro com elas.
Não basta captar clientes, é preciso que eles sejam lucrativos.
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Continua.