sábado, março 07, 2009

No meio não está a virtude, ou seja, não vale guterrear

Há dias escrevi neste espaço:
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A crise em curso, em boa verdade, não veio trazer novos factores ao cenário.
A crise em curso apenas veio exacerbar as forças, as correntes que já estavam em curso e alterar as fronteiras do meio-termo.
A crise em curso veio alargar as fronteiras do que é o meio-termo pantanoso e traiçoeiro.
A crise em curso veio reforçar a polarização do mercado que já estava em curso, basta recordar The vanishing middle-market.
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Tendo em conta o que se passa para os consumidores na óptica de Silverstein:
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"Ao mesmo tempo que essa classe média (fatia mais importante para a maioria das empresas) aspira ao "trading up", cria estratégias de "trading down". Isto é, esses consumidores já não querem o produto de qualidade média, a preço razoável. Preferem comprar um relógio de luxo e equilibrar o orçamento abastecendo a despensa de marcas brancas. É esta a "caça ao tesouro" a que se dedicam e fica o aviso às empresas: já não é no meio que está a virtude, pelo que as que aí estão posicionadas têm de "subir" ou "descer" para não morrerem. "O que fica no segmento intermédio está a ficar sem interesse", sentencia."
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Não será de esperar o mesmo no B2B? Olhando para as correntes em jogo...
... e reflectindo sobre afirmações deste tipo:
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"Acha que os problemas de liquidez se vão manter por muito mais tempo?
Acho que sim. Porque, como disse, num plano temos a crise financeira, e logo por baixo dessa temos uma crise ainda mais importante, que é a alavancagem em que o sistema mundial funcionou. O que é que quero dizer? Temos vivido a crédito nos últimos anos, nos EUA, na Europa. Na China e no Japão, a poupança é enorme. Na China, a poupança é de quase 40 por cento, na Europa é de menos de 10 por cento, nos EUA chegou a dois por cento e estava em risco de se tornar negativa. As pessoas estão a viver a crédito nos últimos dez anos. Não é só um problema de confiança, mas de ajustar os níveis de despesa aos níveis de produção."
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Se o crédito acaba, se o day of reckoning chega para que sejam pagas as dívidas. Terá de haver menos consumo, então, a sobre-capacidade que já existia vai tornar-se em sobre-sobre-capacidade.
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Como ultrapassar a situação?
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Muitas empresas não o vão conseguir ponto!
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As eleitas serão aquelas que vão olhar para o mercado, e isolar grupos específicos, os clientes-alvo, e vão transformar-se para ir ao seu encontro. Não no meio termo, mas fazendo opções: ou preço, ou diferenciação.
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Cada vez mais ressoam na minha cabeça as quatro questões que Mauborgne e Chan Kim colocam no livro ""Blue Ocean Strategy":
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"Which of the factors that the industry takes for granted should be eliminated?
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Which factores should be reduced well bellow the industry's standard?
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Which factores should be raised well above the industry's standard?
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Which factores should be created that the industry has never offered?
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De certeza que a esta migração de valor em curso vai, está a criar, está a destruir, está a reconfigurar os diferentes grupos de clientes-alvo... que novas oportunidades estarão à espera de ser descobertas?
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Trecho retirado da entrevista de João Salgueiro ao Público de hoje.

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