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domingo, novembro 12, 2017

Micro e macro economia

Interessante esta evolução:
"Under Armour, which has been seen as the biggest up-and-comer in the athletic gear and apparel industry, is finding itself on a new and confounding playing field these days. On Monday, the company reported a decline in sales and slashed its full-year sales forecast for the second time in three months. Shares took a hard tumble, falling more than 15% in early trading.
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This is Under Armour’s first quarterly sales drop since it went public in 2005, a development that’s renewed concerns that the company might need to streamline its focus.
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Two issues are dogging the company: Continued weakness in North America—traditionally one of Under Armour’s strongest markets—and stronger performances from its competitors.
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“Fundamentals at Under Armour continue to erode,” said Tom Nikic, an analyst for Wells Fargo & Co., in a note to clients. “The deteriorating North American athletic market appears to have been the primary culprit.”"
Conjugada com:
"Clearly I'm not the only person who loves their product: 2017 sales are up by triple digits, their women's line has taken off, and Vuori has landed shelf space with retailers like REI, Fred Segal, Equinox, and Paragon Sports."
Duas notas:

  • certamente que há efeitos macroeconómicos na microeconomia mas sinto que são menos frequentes do que aquilo que é comum pensar. Sinto que se deve investir mais na análise da situação particular de uma empresa, e da sua relação com as suas partes interessadas para perceber o que se passa;
  • se calhar, o retalho tradicional vai ter de se habituar a criar espaços para marcas novas para atrair pessoas, mas essas marcas novas não podem ser só mudança de logotipo, têm de fazer uma diferença


Trecho inicial retirado de "Under Armour Is Struggling. Here's Why"

Segundo trecho retirado de "This Activewear Startup Did the Impossible: Design Products Even the Fashion-Challenged Love"

BTW, em "A macro economy as an ecology of plans" de Richard E. Wagner, publicado Journal of Economic Behavior & Organization 82 (2012) 433–444:
"Despite numerous particular differences among those theorists, they all operate under the shared presumption that macro phenomena are scaled-up versions of micro phenomena: macro is micro addressed in a loud voice. Where micro theory refers to demand and supply functions for individual services, macro theory refers to demand and supply functions for output as a whole.
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The relationship between micro and macro is no longer a simple matter of aggregation, recognizing also that aggregation is impossible in the presence of heterogeneity in any case. This paper approaches non-scalability by treating a macro economy as an ecology of plans. Micro entities form plans and act on them. A macro economy, however, is not an aggregate of plans but is an ecology of plans.
The difference between an aggregate and an ecology resides in unplanned and unintended interactions among plans that are part of the ecology and which are absent in the aggregate. An aggregate is of the same order of complexity as the entities that comprise the aggregate; an ecology is of a higher order of complexity than the entities that comprise the ecology due to interactions among the elements of the ecology. Within an ecology, the same micro units can generate different macro patterns in response to different patterns of connection among the micro units. With a macro economy as an ecology of plans, the macro characteristics of the ecology emerge through interaction among micro units and their plans of action.
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Within an emergent or ecological orientation, there is no reduction of macro to micro through basing theories on averages or representative agents, ... Outliers have significant analytical work to do when the characteristics of the population of interacting agents cannot be reduced to a typical or representative interaction. ... “The macroeconomy supervenes on the microeconomy but is not reducible to it.” To theorize about macro phenomena is to theorize about objects that emerge through interaction among entities at the micro level of action. In consequence, the macro level is the arena of spontaneous ordering and unseen hands while the micro level is the locus of intentional planning and action. A macro economy is thus a complex ecology of evolving plans that constitute a non-equilibrium process of spontaneous ordering.
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the entire population of micro agents, along with the patterns by which they are connected, and not just some measure of central tendency, is relevant for the macro-level properties of the emergent order."

sábado, março 05, 2016

Aprenda a duvidar dos media (parte XXI)

Parte I, parte IIparte IIIparte IVparte Vparte VIparte VIIparte VIIIparte IXparte Xparte XIparte XIIparte XIIIparte XIVparte XVparte XVIparte XVIIparte XVIIIparte XIX e parte XX.
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Espero que esta lista de comentadores, de jornalistas, de políticos, de gurus económicos de bancada, sirva de exemplo para a necessidade de dupla precaução perante o que os media nos despejam sem investigação, sem contraditório, pleno de superficialidade, acerca da evolução económica do país.
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Economia não é Física

E o vector tempo é fundamental. Recordar:

Onde se pode ler:
"Ao contrário da ciência clássica, a economia é uma ciência que depende do tempo, tal como no futebol, o que é verdade hoje amanhã é mentira. O que é verdade numa época fica obsoleto no momento seguinte."



sexta-feira, fevereiro 20, 2015

Não há boleias da macroeconomia ...

Ontem, ao final da tarde aproveitei para ir cortar o cabelo. Enquanto esperava folheei o Jornal de Notícias e encontrei esta notícia "Mais 280 desempregados. Banca chumba viabilização da Arco Têxteis".
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Recordei de Dezembro último "Fábrica dos sapatos Camport fecha e deixa mais de 300 no desemprego".
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O sector do calçado e do têxtil vivem anos de crescimento, o melhor ano de sempre para um e o melhor dos últimos 11 anos para outro. Contudo, há empresas com história que continuam a desaparecer.
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E recuo a Novembro de 2006 e a este mito:
"Quando a maré sobe, ou seja, quando o PIB cresce, todos os barcos sobem, ou seja, todas as empresas crescem, todas as empresas aproveitam."

Cada empresa é um caso e cada caso precisa da sua estratégia e das suas escolhas. Não há boleias da macroeconomia que valham a empresas que não preparam o seu futuro.
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BTW,
"Em Janeiro deste ano, o número de empresas insolventes caiu 8,7% face ao mesmo período do ano passado. No mesmo mês, foram criadas mais 4447 empresas, o que representa um crescimento homólogo de 4,6%. A taxa de criação de novas empresas por insolvência foi de 6,6, que compara com a da criação de 5,7 novas empresas por uma insolvente no primeiro mês de 2014."

quarta-feira, novembro 09, 2011

Conversa de macro-economista

""Não há austeridade expansionista""
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Não posso concordar com António Lobo Xavier!
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Quem vê o país como um bloco homogéneo não vê como é possível em simultâneo a um país encolher e crescer.
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Quem, como eu, tem a felicidade de trabalhar no dia-a-dia com dezenas de empresas por ano que estão bem, que estão a crescer, que estão a empregar pessoas, percebe muito bem como conciliar austeridade com crescimento.
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Em Janeiro e Março escrevi sobre as 3 economias. O próximo ano vai ser suficiente menos para a economia que é beneficiária líquida do Estado, vai ser mau, muito mau para a economia que vive do consumo interno e, talvez continue a ser, como tenho escrito na série "Recordar Lawrence... nada está escrito", um ano bom a muito bom para quem exporta (apesar da recessão europeia, aproveitando a boleia chinesa)
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Assim, enquanto de um lado temos austeridade do outro temos expansão. E é esta disparidade que vai acelerar a reconversão da economia portuguesa, sifonando recursos, dinheiro e pessoas sobretudo, das economias em retracção para a economia em expansão. Os chineses em Portugal dão esse exemplo de flexibilidade que vai ser necessária.

domingo, agosto 14, 2011

10 a 40 anos

Recentemente Evert Gummesson fez uma apresentação no Naples Forum on Service com o título:
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"How do service research results reach textbooks and classrooms: Now it takes 10-40 years!"
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"Among my concerns are that service research is inadequately covered in textbooks on management and marketing but even worse that textbooks on service management, service marketing and the like present obsolete knowledge."
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Depois admiram-se que me queixe que a academia está encalhada com modelos obsoletos que tentam descrever e influenciar uma economia que já não existe?
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10 a 40 anos... o tempo que uma geração colada às cátedras consegue ir moldando sucessivas gerações de alunos até que a morte faz a limpeza e permite a renovação?

quinta-feira, agosto 04, 2011

Reconhecer os próprios erros para poder crescer

A grande diferença entre os políticos e os privados:
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"Lately, several CEOs of troubled businesses have come to me for help, and they've reminded me of an important lesson: You've got to take responsibility for the messes you get your company into. Problems will keep resurfacing until you recognize how your actions helped create them in the first place. That may seem obvious, but most people have a hard time seeing the role they played. It's always easier to point the finger at other people or circumstances or bad luck or forces beyond your control than to admit that you're to blame."
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O que faz lembrar o postal da bosta "Abençoado cheiro a bosta"... claro que existem excepções no privado, os que acham que a culpa é dos chineses e que tem de haver proteccionismo e subsídios.
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Trecho retirado de "Growing up as a CEO".
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BTW, por exemplo, já alguma vez ouviram um mea-culpa de Cravinho por causa das SCUTs?

segunda-feira, junho 13, 2011

Uma realidade heterogénea. muito mais complexa do que nos pintam

Neste postal "Lugar do Senhor dos Perdões (parte III)" escrevi:
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"Quando os macro-economistas falam sobre o desempenho, sobre a produtividade de um sector de actividade, como o calçado, como o têxtil, como o mobiliário, falam de um bloco homogéneo, coerente, maciço... como se todas as empresas, imersas no mesmo ambiente competitivo, tivessem o mesmo comportamento"
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Pois bem, acabo de descobrir este artigo "Measuring and Analyzing Aggregate Fluctuations: The Importance of Building from Microeconomic Evidence" de John Haltiwanger:
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"A pervasive finding in recent research using longitudinal establishment level data is that idiosyncratic factors dominate the distribution of output, employment, investment, and productivity growth rates across establishments.
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Seemingly similar plants within the same industry exhibit substantially different behavior on a variety of measures of real activity at cyclical and longer-run frequencies. In the fastest-growing industries, a large fraction of establishments experience substantial declines, whereas in the slowest growing industries, a large fraction of establishments exhibit dramatic growth."
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"The observed tremendous withinsector heterogeneity raises a variety of questions for our understanding and measurement of key macro aggregates. Much of macroeconomic research and our measurement of aggregates is predicated on the view that building macro aggregates from industry-level data is sufficient for understanding the behavior of the macroeconomy. The implicit argument is that, at least at the level of detailed industry, the assumption of a representative firm or establishment is reasonable.
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the accumulating evidence from recent establishment-level studies of employment, investment, and productivity growth suggests that this canceling out is far from complete. It is becoming increasingly apparent that changes in the key macro aggregates at cyclical and secular frequencies are best understood by tracking the evolution of the cross-sectional distribution of activity and changes at the micro level."

sexta-feira, maio 20, 2011

Para quando um "Ananias" que lhes abra os olhos para que vejam a luz???!!!

Vasconcellos e Sá, em entrevista ao semanário Vida Económica "Portugal tem falta de liberdade económica", põe o dedo na ferida, replicando vários dos temas que missionamos neste blogue:
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O primeiro é delicioso e está relacionado com os nossos marcadores "macroeconomia" e "macro-economistas":
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"Vida Económica - Que opinião tem relativamente à geração actual dos economistas? É muito diferente da anterior?
Jorge A. Vasconcellos e Sá - Há dois aspectos. A maioria (nem todos) dos economistas estão hoje reduzidos à condição de simples comentadores e totalmente incapazes de desenvolver quaisquer políticas. É como se analisassem um jogo de ténis pelo marcador, em vez de pelas tácticas dos jogadores.
Porquê? Porque perderam os instrumentos para actuarem (e não se actualizaram para aprender outros): a política cambial, a política monetária, e (também em grande parte) a política orçamental e de preços e rendimentos. O que resta pois de verdadeiramente importante? A gestão. Que para muitos economistas sempre foi uma caixa negra. (Moi ici: Só sabem mexer no preço e nos custos, não fazem a mínima ideia do que é o valor. Na linha da tareia que achamos que a academia merece! )
Por (em segundo lugar) sempre a terem desprezado, dado (na opinião deles) não ter o formalismo da economia, e ser assim uma ciência menor.
O que é obviamente um duplo erro. Pela acusação infundada: basta ver a elevada percentagem de artigos científicos, empíricos, nas melhores revistas académicas de gestão.
E a esquizofrenia de não reconhecer as suas próprias debilidades: muitos artigos económicos não passam de meras construções abstractas, matemáticas, "baseadas em pressupostos de vacas redondas para assim se resolver a crise do leite". (Moi ici: Pagãos que ainda não ouviram o Evangelho do Valor, cegos que ainda não percorreram a Estrada de Damasco, para quando um "Ananias" que lhes abra os olhos para que vejam a luz???!!!)
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O segundo tema é o da liberdade económica:
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"VE - A situação difícil por que Portugal está a passar é culpa dos economistas ou de outros factores, entre os quais a falta de liberdade económica?
JAVS - Um desastre destas proporções - uma economia abrilista que não consegue sobreviver sem os balões de oxigénio do FMI, apesar de inserida no bloco económico mais rico do mundo (em valor absoluto), beneficiando da moeda única e recebendo até 2,5% de fundos líquidos de Bruxelas -, uma catástrofe económica destas, dizia, não tem obviamente apenas uma causa. Tem várias. Entre elas, a falta de liberdade económica.
A correlação entre o índice de liberdade económica e o PIB per capita dos 55 países mais ricos do mundo é altíssima (0,74). E é simples de ver porquê. Liberdade económica significa concorrência, em que, um, cada empresa é incentivada a dar o seu melhor; dois, as companhias que fazem um mau trabalho e destroem valor são afastadas do mercado; e, três, quem manda é o consumidor, com a sua soberania relativamente ao preço, qualidade e entrega. Não há tachos. Há uma meritocracia. Como dizia o povo: "quem não trabuca não manduca".

VE - A falta de liberdade económica continua a ser um dos maiores obstáculos ao desenvolvimento do país?
JAVS - Sem dúvida. E defender o contrário é um "barrete" que muitos políticos continuam a enfiar aos portugueses, criando-lhes medo da liberdade económica."

segunda-feira, maio 09, 2011

À atenção dos economistas

"AFTER more than a quarter-century as a professional economist, I have a confession to make: There is a lot I don’t know about the economy. Indeed, the area of economics where I have devoted most of my energy and attention — the ups and downs of the business cycle — is where I find myself most often confronting important questions without obvious answers."
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Trecho retirado daqui.

sexta-feira, novembro 19, 2010

É inútil...

Os modelos mentais são terríveis, agarram-se à nossa mente e castram-nos a imaginação.
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Que sentido faz um funcionário do Estado central dizer isto "Portugal deve seguir uma política de "contenção e disciplina" salarial":
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"toda a actividade económica portuguesa deve seguir uma política de "contenção e disciplina" salarial para que a competitividade do país não seja prejudicada"
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1º Estes políticos de todas as cores e da oposição e da situação não têm direcção, decidem para onde está o vento, não há pensamento estratégico... política de carrinho de choque, muito barulho, muito movimento, mas na média não se sai do sítio.
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2º O ministro olha para a economia como:
Um bloco homogéneo... e só sabe mexer na alavanca do custo para aumentar a produtividade, ou seja, está algemado mentalmente ao jogo do gato e do rato (parte I, parte II, parte III, parte IV, parte V, parte VI, parte VII)
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3º O ministro não faz a mínima ideia de como competir num país com moeda forte (parte I a V, parte VI)
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O ministro e os macroeconomistas foram educados num mundo onde aprenderam:

  • o mercado é composto por um conjunto de agentes;
  • os agentes são racionais;
  • os agentes tomam decisões racionais; 
  • e outras tretas do género, simplificações usadas para poder modelar a realidade.
Por isso, não conseguem perceber o optimismo não documentado, por que o modelo não permite jogar xadrez contra ele próprio, as regras racionais são conhecidas e as pessoas seguem as regras racionalmente... logo, não é possível jogar contra si próprio.
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Agora reparem, esta manhã estive numa reunião onde alguém esteve em Lisboa num evento mundial ligado ao marketing que contou a seguinte história:
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Uma empresa americana com 3 anos factura 40 milhões de dólares a produzir embalagens com 3 meias descasadas. As meninas de 12 anos pedem às mamãs para comprarem as meias e para... pesquisarem num rede social quem é que tem meias que façam par com as que elas têm em casa...
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Podem voltar a ler, eu sei o que escrevi... pois, racionalidade... LOL 
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E está uma economia nas mãos de gente que não acompanha a evolução do campeonato económico e quer não perder jogando com as tácticas do tempo do Eusébio e do Coluna. 

Re-imaginem

Se não conhecem o livro "Re-imagine" de Tom Peters corram a uma livraria para o folhear, ainda recordo a sensação, a experiência visual que foi lê-lo há anos.
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Re-imaginem um Portugal futuro onde vivêssemos livres do jugo do cuco já no estádio seguinte (isto parece o Potter e "o nome que não deve ser pronunciado"), e pensem no que seria viver num país com um Estado mínimo sem a drenagem lisboeta e com autarquias fortes que impedissem uma drenagem portuense ou bracarense, e com este desempenho daqui e, por exemplo, com este panorama "Desemprego a descer 5% em Felgueiras" e com este "Surreal".
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Esta semana a minha vida nunca foi tão esquizofrénica:

  • macro-economia, políticos, governos, situação e oposição, cucos - suck!!!
  • micro-economia - If I told you... you wouldn´t believe! Um país diferente. Ontem, já noite dizia-me um empresário "Se tivéssemos capacidade produtiva, este ano em Portugal tínhamos, todo o sector, vendido mais meio milhão de pares!"

terça-feira, agosto 31, 2010

Nada é definitivo!

No Sábado passado, em viagem até às minhas raízes, a minha mãe contou-me que um dos lemas da sua vida é "Nada é definitivo!"
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Quem acompanha este blogue por vezes pode ficar com ideia de que sou um pessimista.
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E é tão fácil ser pessimista nos dias de hoje quando se olha para a macroeconomia...
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No entanto, quando olho para a micro-economia não consigo deixar de ser optimista:
Ofereceram-me um livrinho chamado "Parábolas sobre a Sabedoria" da Paulus Editora onde encontrei uma história adequada a este tema chamada "O cavalo":
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“A natureza ensina-nos muito. Se tivermos atenção aos movimentos instintivos dos animais e ao ciclo matural dos vegetais, aprenderemos muitas lições. Esta história do cavalo que caiu num buraco é um bom exemplo.
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Um agricultor, dono de uma pequena quinta, possuía alguns cavalos para ajudar na lida diária.
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Certo dia, um desses cavalos caiu num velho poço abandonado. Só foi encontrado pelo capataz dois dias depois.
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Fraco e num buraco muito fundo, todos acharam impossível retirar o cavalo com vida. O dono da quinta também foi ao local para conferir se algo poderia ser feito para poupar o animal. Avaliou a situação e decidiu que a melhor solução seria deixar ali o cavalo. Não valia a pena investir dinheiro para o tirar, com o risco de ele morrer após tanto esforço. Mandou o capataz sacrificar o animal, deitando terra no poço até o enterrar.
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O capataz seguiu a ordem. Chamou os empregados. Trouxeram pás e começaram a mandar terra para o buraco para que o cavalo ficasse soterrado. Mas à medida que a terra caía no lombo do cavao, ele sacudia-a e deixava-a cair no chão. E assim foi-se acumulando no fundo do poço, diminuindo a sua profundidade. Depois de algum tempo todos perceberam que o cavalo estava muito próximo, muito mais alto do que antes. O cavalo não se deixava enterrar. Colocava a terra para os lados, o que lhe possibilitava ficar sempre mais alto, até que o poço ficou com uma profundidade que lhe possibilitou sair normalmente.
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Para reflectir
O instinto de sobrevivência deu ao cavalo uma solução. Lutando para não ser enterrado, ele conseguiu superar uma situação que parecia definitiva. Isto também vale para nós. Nenhuma derrota é definitiva. Se lutarmos, encontraremos sempre uma saída. Se não nos deixarmos enterrar, nada nem ninguém nos deixará no fundo do poço. A terra que a vida lança sobre nós para nos tentar desanimar pode ser a solução. Cabe-nos a nós fazer das quedas um motivo de ascensão; dos problemas e obstáculos, uma lição para enriquecer a nossa vida; das derrotas, experiência e razão para amadurecermos e nos desenvolvermos.

O vector tempo não é irrelevante

Começo por este exercício muito breve:
Na verdade acho que os participantes fizeram alguma batota mas adiante.
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Coloco-me na posição de um interveniente no jogo e o que imagino é um fluxo de informação captada e processada, depois, acção e, depois, mais informação captada e processada, para gerar mais acção.
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O exercício coloca-nos num fluxo permanente de obtenção de informação em tempo real e a tomar decisões também em tempo real, tendo em conta essa informação. No entanto, a realidade muda e a informação anterior torna-se obsoleta e as decisões tomadas com base nela têm de ser reformuladas.
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Quando falamos de ciência clássica, falamos de uma realidade em que o tempo não é relevante, as fórmulas de Galileu, de Kepler, de Newton, de Einstein não se alteram com a passagem do tempo, tal como a capacidade calorífica do metano.
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"the natural scientific method represented a theory of causality in which efficient cause predominated and it was this that accounted for stability and change, both of an entirely predictable kind, so that organization, or form, is equated with continuity and repetition without the possibility of novelty. Note how the past, the present and the future are all repetitions of the same pattern. This is a particular view of time in which time itself becomes unimportant. In fact, time disappeared and the laws were thought to operate in both time directions, forwards and backwards. Nature moved in a timeless way and time itself was a human illusion."
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Há dias num programa na SIC-N, a jornalista económica Helena Garrido afirmou que a indústria portuguesa desde 1986 que precisava de modernizar e, não tinha feito. E que o tempo que vivemos agora é o resultado dessa inacção.
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Na altura, no twitter, protestei contra esta afirmação. Acredito que o grosso da economia portuguesa à altura da adesão à CEE estava adequado, até onde essa classificação pode ser feita, ao universo competitivo de então. Ainda em 1998 o PIB crescia a 5%, de 1994 a 2000 o crescimento do PIB foi sempre superior, ou quase, a 4%.
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Acredito que só com a adesão da China à Organização Mundial do Comércio e com a entrada dos países da Europa de Leste na União Europeia e, sobretudo, com a adopção do euro como moeda oficial, é que a economia deixou de funcionar (Agora, somos todos alemães e, O choque chinês num país de moeda forte).
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Ao contrário da ciência clássica, a economia é uma ciência que depende do tempo, tal como no futebol, o que é verdade hoje amanhã é mentira. O que é verdade numa época fica obsoleto no momento seguinte.
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Por exemplo, esqueça tudo o que aprendemos sobre os prémios para compensar o desempenho:

"Many Marxist thinkers, for example, expressed the Hegelian notion of dialectic in the Kantian language of thesis and antithesis and for them the movement was the interaction of these polar opposites to yield a new synthesis. However, the new synthesis still contained both thesis and antithesis, which continued to interact to yield yet another synthesis.
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For example, Pascale (1990) takes this up in his perspective on organizations and talks about the rearrangement of thesis and antithesis in the form of a new synthesis, which can then only be further rearranged. In this view, forms unfold in a continuing evolutionary movement in which each form brings forth its opposite, and it is the interaction between these opposites that produces the movement. In this view, an unfolding dialectic, or a self-organizing process, produces emergent new states. However, in a sense, these new states are still pre-given or “contained” in the formative, self-organizing process. That which emerges is not truly novel but, rather, a rearrangement of what was already there. This is movement from a known current state to a knowable future state and teleology is already contained in the formative process in some sense. This makes some form of prediction possible."
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Ou seja, o vector tempo não é inocente no estudo da economia.
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Portanto, não podemos com os olhos de hoje e com o conhecimento de hoje, julgar as decisões tomadas ontem com o conhecimento de ontem.
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Portanto, corremos um grande risco quando aplicamos fórmulas que resultaram no passado a uma nova realidade... recorrer a medidas macroeconómicas que podem ter tido algum sucesso há 70 anos ao tempo de hoje... é assumir que na economia, como na gravidade, o tempo não conta, que não há memória.
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BTW, olhando para o primeiro vídeo... e se aquelas pessoas representassem os agentes que operam numa economia, num mercado... qual o papel de um governo? Como é que um governo conseguiria lidar com aquele grupo?
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Trechos retirados de "Complexity and Management - Fad or radical challenge to systems thinking?" de Ralph D. Stacey, Douglas Griffin e Patricia Shaw.
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Referência bibliográfica: Pascale, R. T. (1990) Managing on the Edge: How Successful Companies Use Conflict to Stay Ahead, London: Viking Penguin.

quinta-feira, maio 20, 2010

Abençoado cheiro a bosta

A internet e os media tradicionais vão-me fornecendo mensagens que me ajudam a criar e a manter vivo um mosaico de onde procuro descortinar para onde vamos todos como comunidade.
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A par deste sentimento de espiral negativa, de rolo compressor, de alguma loucura de quem gere os destinos do país, há uma outra realidade.
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Ontem, de manhã, numa empresa em Felgueiras, encontrei uma empresa que mais uma vez minou o meu pensamento acerca das normas que sistematizam práticas quando o factor crítico é a flexibilidade, uma empresa portuguesa que trabalha para empresas portuguesas e espanholas, clientes portanto, super desorganizadas. Em plena crise, a empresa tem um atraso de 1,5 meses na sua produção... trabalho, muito trabalho.
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Ontem, ao início da tarde, em Vila do Conde estive com uma jovem empresa com gente jovem e sonhadora.
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Ontem, ao final da tarde, em Vale de Cambra, visitei uma empresa velha-amiga... depois de um 2009 terrível, novamente sorrisos, esperança e trabalho.
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Daqui a meia-hora, vou fazer o meu jogging diário e vou passar ao lado dos futuros campos de milho para forragem. Vou apreciar alguns campos recém-lavrados, e outros onde os primeiros talos de milho já despontam. Nos campos onde a lavra ocorreu à menos tempo ainda se nota um ligeiro cheiro a bosta no ar.
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Entre a loucura e a desesperança da macro-economia e, a realidade da micro-economia, das pessoas concretas que apostam o seu dinheiro em coisas concretas, que daqui a dez anos ainda estarão por cá a ter de prestar contas da sua vida e não estarão já retirados a gozar o panorama que legaram aos loucos que se lhes seguiram, vai todo um universo.
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São estas empresas e são estes homens que ainda trabalham a terra que mantêm o país a funcionar. Se estas empresas e estes homens acabarem... bem podem os que vivem na economia lisboeta espernearem que o modelo quina de vez.
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Aquele cheiro a bosta que invade o nosso espaço individual, durante a corrida, vêm-me despertar e recordar que ainda há gente a sério neste país... faz lembrar a questão que Deus colocou a Abraão antes de decidir destruir Sodoma e Gomorra.

terça-feira, agosto 04, 2009

Futurizar e cenarizar o futuro

Sou um céptico geral e um optimista micro-económico.
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O optimismo decorre do contacto com empresários que arregaçam as mangas e fazem nascer a obra, por que arriscam, por que vêem uma oportunidade onde outros vêem problemas.
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O cepticismo decorre de olhar para o resto, olhar para o cenário macro e perceber o que a Moody escreve:
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"Portugal resiste à crise mas não se prepara para a retoma, diz a agência Moody's"
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"À crise económica internacional, diz a agência de risco de crédito Moody's, Portugal até escapou "relativamente bem". O pior será a seguir, quando, com problemas de competitividade, muito endividado e sem estímulos para efectuar reformas, o país começar a sentir o efeito da inevitável subida dos juros e ficar sujeito a uma nova era de crescimento económico lento."
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"Para a Moody's, o problema é que, ao contrário de outras ocasiões no passado, não se irá verificar um choque externo que obrigue as autoridades a actuar e a realizar reformas. O endividamento dos particulares, empresas e Estado é elevado, mas o seu ajustamento "deverá ser gradual e não abrupto, sendo por isso improvável que leve às acções necessárias para enfrentar os problemas estruturais de Portugal". E, num cenário deste tipo, com poucas mudanças e com um permanente aperto nas contas dos agentes económicos, a Moody's antecipa para Portugal "uma taxa de crescimento tendencial durante o próximo ciclo que não deverá ser superior aos valores situados entre 1,25 e 1,5 por cento que se registaram no último ciclo""
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Quando a singularidade chegar teremos o choque necessário?
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Estão a ver como é que se sai daqui? O que é que qualquer político e macro-economista propõe?
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Para além das auto-estradas, TGV's e outras masturbações?
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Precisamos de exportar!
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Mas exportar o quê? Produtos baratos ou produtos com valor acrescentado?

domingo, junho 14, 2009

Manobras de Lanchester, Ratoeiras macro-económicas e Proximidade

Há um ano o preço do petróleo levou-me várias vezes a pensar no trunfo da proximidade.
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Como podem os empreendedores aproveitar esse vector, essa corrente que marcará o nosso futuro?
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Umas pistas interessantes para alimentar a reflexão em "The Perils of Linear Projections?"

terça-feira, março 24, 2009

Os empresários têm de usar o coração.

Muitas vezes, neste blogue, chamamos a atenção para a superioridade da micro-economia sobre a macro-economia.
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A macro-economia vive distante da realidade, faz uso de modelos simplificados da realidade, modelos lineares que não admitem a riqueza da actividade da ingenuidade (à inglesa) humana.
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Um paradigma desta filosofia e mentalidade é dado sempre que a União Europeia é chamada a intervir num sector económico. Por que distante da realidade, trata tudo por igual, só consegue abordagens à Lanchester daí que a solução mais comum seja o abate, a eliminação de concorrentes na secretaria.
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Quando falo de superioridade da micro-economia (afinal, Só a micro-economia é que nos vai dando boas notícias ) alicerço a minha opinião naquilo que não pode ser previsto pelos modelos de burocratas, na paixão, no amor, na intimidade entre fornecedores-clientes e produtos (aqui, aqui e aqui).
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Por isso, foi com especial carinho que encontrei uma entrevista da Mario Moretti Polegato, presidente da Geox, ao semanário Expresso. De retirei alguns trechos que ilustram o meu sentimento sobre a micro-economia:
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"Expresso - Há uma receita para o sucesso?
Polegato - Ter fome de mudar, ser inovador e surpreender o cliente, ser global, ser pertubador e simultaneamente genuíno.
...
O problema é que alguns empresários perderam o foco nas suas empresas e preferiram investir nas finanças. Mas ser empresário e ser financeiro são coisas muito diferentes.
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Expresso - O que os separa?
Polegato - O empresário é criativo, é líder, tem de ter entusiasmo e contagiar a sua equipa. O banco é um fornecedor de dinheiro. Os empresários têm de usar o coração. Os bancos só vêem taxas. São mentalidades diferentes. Precisam de ser independentes."

segunda-feira, dezembro 08, 2008

Macro-economia versus micro-economia: once again

O que dizem os macro-economistas?
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"Krugman: US Auto Industry Will Probably Disappear"
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Aqui Krugman tem um poderoso aliado... o mercado bolsista. O mercado bolsista quer resultados e resultados rápidos, é impaciente quanto ao crescimento das vendas e da quota de mercado.
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Por cá, quando outros vaticinaram o mesmo para o calçado, por exemplo, os micro-economistas porque não estavam sujeitos à pressão dos accionistas para resultados rápidos, tiveram tempo para fazer das tripas coração, para queimar as pestanas e, como a filha da história, desenhar uma janela, construir uma alternativa.
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sábado, novembro 29, 2008

A microeconomia é mais importante que a macroeconomia

Já reflecti várias vezes aqui sobre este tema, por exemplo: Macro economia vs micro economia?
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O que dizem os macroeconomistas?
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"Do exaustivo trabalho realizado por Daniel Bessa ao sector do calçado nacional não é possível tirar duas conclusões. As empresas que não tiverem a capacidade de sair do território nacional estão condenadas.
Deslocalização. Sim, essa evidência que o Presidente da República se limitou a observar na recente viagem à China e que, então, irritou os ignorantes e despertou os inconscientes." (aqui, este é um exemplo da memória acrescida e reforçada que se adquire com um blogue como base de dados). (texto de 2005)
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O que fazem os microeconomistas?
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"O calçado português continua a dar cartas nos mercados internacionais. Nos primeiros oito meses, as exportações cresceram 2%, para cerca de 952 milhões de euros. De Janeiro a Agosto, o sector do calçado contribuiu muito positivamente para a balança comercial nacional, com um saldo de 600 milhões de euros, de acordo com a APICCAPS. A indústria do calçado posiciona-se como uma das mais internacionalizadas de todo o tecido económico, com mais de 90% da produção colocada no exterior. Nos dois últimos anos, verificou-se um aumento superior a 8% nas respectivas exportações. Os maiores crescimentos, nos primeiros oito meses, couberam aos mercados espanhol (com mais 5,1%) e alemão (mais 4,7%). Fora do espaço europeu, destaque para o acréscimo de 14% nas exportações para Angola." (no semanário Vida Económica)
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"Suplemento Metal
Mobiliário de escritório cresce 42% nas exportações" (no semanário Vida Económica)
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Simplificando: os macroeconomistas usam fórmulas e estão prisioneiros das regras do jogo, os microeconomistas usam a imaginação e alteram as regras do jogo e criam jogos novos.