O Jornal de Negócios de ontem traz uma coluna intitulada "
Melhoria da procura interna ameaça saldo externo" onde se pode ler:
"Os números apontam para um abrandamento da queda das entradas em Portugal e parece estar relacionado com uma melhoria no consumo interno e no investimento, já visível no final de 2012." (Moi ici: BTW, depois falam da espiral recessiva)
Lembrei-me logo do que tinha lido no dia anterior nos comentários à
inflação de 0% em Fevereiro passado:
"A recente tendência da inflação constitui mais um sinal da debilidade da procura interna, pois a taxa de inflação subjacente, excluindo os preços mais voláteis dos bens alimentares e energia, está em terreno negativo desde Janeiro (-0.5% em Fevereiro)."
Entretanto, pouco depois de ler isto, lia no Oje o artigo "Crédito às famílias cai 5576 milhões" algo que no dia anterior já tinha sido noticiado com "
Crédito às famílias caiu mais de 5,5 mil milhões nos últimos 12 meses"... recordei logo os números que aprendi esta semana com o último livro de João César das Neves e que foram objecto desta "
Curiosidade do dia".
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Escrevo tudo isto por causa de uma dúvida, o que é que vai ditar, em primeiro lugar, o recomeço do aumento das importações se Portugal continuar a seguir o modelo que tem seguido com a troika?
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O consumo ou as importações industriais?
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Esta figura, retirada do relatório "Estatísticas do Comércio Internacional Janeiro 2013" do INE, não me sai da cabeça:
Conjugando tudo isto, interrogo-me:
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Não é mais fácil as importações de combustíveis minerais para serem transformados e, de químicos para serem transformados, estarem a dar os sinais que o jornalista do Jornal de Negócios interpreta como sendo um retorno das importações via consumo?
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BTW, longe de mim pertencer ao clube dos que acham que consumir é pecado, pelo menos consumir sem ser base em endividamento.
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BTW2, leio o que se segue e não percebo o que é que o jornalista quer dizer. Reparem, o mesmo jornalista que escreveu que 100 mil empregos perdidos no sector transaccionável são mais do que 230 mil empregos perdidos no sector não-transaccionável (recordar
isto) é o mesmo que escreve isto:
"Apesar do optimismo em torno dos resultados das exportações portuguesas, grande parte do ajustamento externo não está a ser feito vendendo mais, mas sim comprando menos."
Resolvi comparar o ano 2012 com o último ano pré-troika:
- importações de bens em 2010 = 57 053 milhões de euros
- importações de bens em 2012 = 56 120 milhões de euros
As importações caíram 1,6%, caíram 933 milhões de euros.
- exportações de bens em 2010 = 36 762 milhões de euros
- exportações de bens em 2012 = 45 359 milhões de euros
As exportações cresceram 23,4%, cresceram 8 579 milhões de euros.
Qual é a parte do racional do jornalista que eu, anónimo da província, não consigo acompanhar?