sexta-feira, março 22, 2013

Não confundir o retalho de móveis com o sector português do mobiliário

Em "Vendas de retalhistas de móveis diminuem 45% desde 2007" pode ler-se:
"Graças à contracção do mercado da edificação residencial e à diminuição do poder de compra das famílias, as vendas de retalhistas de móveis em Portugal tem-se reduzido.
.
De acordo com um estudo da DBK, em 2012, o volume de vendas de móveis correspondeu a 630 milhões de euros, cerca de 14,9% menos que em 2011 e 45% menos que em 2007. Prevê-se uma queda adicional de entre 5 e 6% este ano.
.
A deterioração do volume de negócio tem levado a uma diminuição do número de empresas no sector. Em 2010 operavam cerca de 4500 sociedades retalhistas de móveis, ou seja, menos 1000 que no ano 2004. O volume de emprego do ramo tem notado tendências semelhantes, registando uma redução de 2000 trabalhadores entre 2004 e 2010."
Não confundir o retalho de móveis com o sector português do mobiliário.
.
O retalho vivia e, vive, em grande medida de móveis importados da Ásia.

quinta-feira, março 21, 2013

Curiosidade do dia

"Segundo o boletim estatístico do Banco de Portugal, o défice da balança corrente atingiu 14 milhões de euros em Janeiro, valor que compara com os mais de mil milhões de euros registados um ano antes.
.
Portugal também registou, em Janeiro, um excedente de 113 milhões de euros no saldo conjunto do comércio de bens e serviços, que superou o superávit do ano passado, de 111 milhões de euros, o primeiro em décadas."

Trecho retirado de "Défice da balança corrente perto de zero"

Perigosa propaganda liberal que quer promover a precariedade

"He’s excited by IBM’s practice of “endeavor-based work.” This is yet another new concept that we haven’t learned how to train people for. It means that you do not perform a single, specialized task and are not called upon over and over to perform one specialized kind of function. More and more people at IBM don’t even have job descriptions in the conventional sense anymore. Instead, they contribute certain kinds of talents or even dispositions as needed to a project and stay on that team as long as they contribute to its success. He’s confident that people know when the time comes to move on to the next project.
...
endeavor-based organization doesn’t depend on the amount of time you spend in the office or on the project, but on how you contribute to the success of the team, how do the usual statistical ways of measuring individual performance pertain? It’s actually quite simple. Hamilton notes that “we are measured against business results, against each other’s contribution, one’s team contribution, one’s credibility, and the deliverables (performed work).”
...
“Endeavor-based organization is a little like the movie industry,” Hamilton says. You work hard together to make the movie, each contributing some aspect—whether it is acting or doing stunts or creating special effects or getting the financing together. When the film’s in the can, you then go on to the next job. But you don’t all go on to the same next job. The team disassembles, but everyone has learned who performed best at what, so for a future task, you know whom to call. Endeavor-based organization is structurally different from forms of work ultimately grounded in an assembly-line organizational model, with each person always contributing in the same specialized way to the same team to make the same product. In endeavor-based organization, hierarchy must be lax and shifting. In one endeavor, someone who has official company experience or status might be the most expert and therefore be appointed the team leader. An hour later, as the workflow changes, that same person may sink back into the position of being a learner. Hierarchy isn’t the guiding principle so much as trust is: depending on one another’s capacities to work together."
Claro que isto é perigosa propaganda liberal que quer promover a precariedade do trabalho. Bom, bom, é trabalhar num cubículo ao lado do Dilbert ou emular o trabalho das máquinas repetitivas, dia após dia, ano após ano, mesmo que os consumidores já não queiram aquilo que produzimos.
.
Trecho retirado de "Now You See It - how the brain science of attention will transform the way we live, work and learn" de Cathy N. Davidson.

Coisas que me fazem espécie

"só lamenta que não possa enfrentar os concorrentes polacos com as mesmas armas, já que têm moeda própria que podem desvalorizar.
"Eles têm metralhadoras e eu tenho pistolas. Mas mesmo assim eles não conseguem [ganhar]. Ainda bem", concluiu."
Ou ainda,
"“Como o mercado [imobiliário] não está famoso, obviamente que estas situações [despejos] não acontecem em qualquer local. O senhorio pode não ter facilidade em arrendar o espaço, mas os sítios que são, de facto, significativos, as zonas históricas e os estabelecimentos com nome estão a tornar-se muito apelativos”, concluiu." 
Sinto em ambos os textos contradições latentes que não se exploraram.
.
Primeiro trecho retirado de "Líder mundial de fio agrícola  vai enfardar palha e erva em russo"
.
Segundo trecho retirado de "Hotéis e restaurantes estão a fechar por causa da lei das rendas"
.
BTW, aproveitem para reflectir no exemplo do que a indústria de bens transaccionáveis andou a fazer durante a primeira década deste século, longe das capas dos media e das preocupações dos opinion-makers, não foi brincadeira. Enquanto Lesboa sonhava com amanhãs assentes em dívida:
"Mais sério foi o processo de “turn around” iniciado em 2003 devido aos resultados operacionais negativos. Foi feita uma reestruturação para redefenir o ‘core business’ da empresa e foram despedidos perto de mil trabalhadores num “processo complicado”. Os resultados tornaram-se positivos e a empresa tornou-se líder na produção de fios de sisal e fios sintéticos para enfardar palha e erva."

Adeus segunda metade do século XX, adeus Metropolis, adeus Magnitograd

"What many Americans might not know is that most domestic beer, 90 percent in fact, is dominated by just two companies: Anheuser-Busch InBev and MillerCoors.
.
Innovators, however, are challenging that dominance in the form of craft beer breweries. Small "mom and pop"-style breweries — or regional breweries — now account for about 6 percent of domestic beer sales. That may seem like a small number, but it's been growing every year since the early 1990s, while big brewers' share is declining.
.
There are now more small breweries than there were before Prohibition, when beer was largely a regional business."
Foi ao olhar para um diapositivo de Chris Anderson que comparava uma prateleira de supermercado com garrafas de cerveja há 30 anos e agora, que comecei a escrever sobre Mongo.
.
O negócio das cervejeiras grandes assente no eficientismo, um modelo respeitável e honesto. Por isso, a melhor forma de entrar nesse mercado saturado é entrar com um modelo de negócio onde os eficientistas não tenham hipótese de copiar. Recordar:

Cada empresa é um caso

Na mesma semana em que se soube que talvez 2013 seja "Um ano promissor":
"Se janeiro for um indicador para os restantes 11 meses, 2013 pode marcar um ano de crescimento para as exportações portuguesas de têxteis e vestuário. Nos primeiros 31 dias, as empresas do sector exportaram mais 1,2%, o equivalente a mais 4 milhões de euros, do que no mesmo mês de 2012"
Aparece "TMG despede 50, fecha fábricas e junta os trapos com a concorrente Somelos":
"A Têxtil Manuel Gonçalves (TMG), um dos principais grupos económicos do País, vai encerrar duas unidades de produção nas instalações de Vale São Cosme, em Vila Nova de Famalicão."
Mais uma vez o exemplo da diversidade intersectorial, no mesmo país, com as mesmas leis, no mesmo sector industrial, ou seja, cada empresa é um caso e generalizar é perigoso.
.
E mais, um exemplo de que os tempos na Europa, estão melhores para as pequenas empresas do que para as grandes: flexibilidade; rapidez; diversidade; pequenas séries.

quarta-feira, março 20, 2013

Curiosidade do dia

A propósito de "João Ferreira do Amaral defende saída do euro" era interessante que os jornais fizessem algum serviço público.
.
Podiam mostrar aos seus leitores as consequências da saída do euro com exemplos palpáveis.
.
Na sexta-feira dia x o governo anunciava que todos os depósitos em euros eram convertidos numa nova moeda, o tótó, com a seguinte cotação:

  • 1 euro = 1 tótó
Qual seria o preço em tótós dos seguintes bens 1 mês depois da conversão:
  • 1 litro de gasolina antes do dia x versus o preço de 1 litro de gasolina 1 mês após a data da conversão;
  • 1 kg de farinha antes do dia x versus o preço de 1 kg de farinha 1 mês após a data da conversão;
  • 1 kg de carne de vaca ou de porco antes do dia x versus o preço de 1 kg de carne de vaca ou de porco 1 mês após a data da conversão;
  • 1 embalagem do medicamento y antes do dia x versus o preço de 1 embalagem do medicamento y 1 mês após a data da conversão;
  • 1 Fiat Panda antes do dia x versus o preço de 1 Fiat Panda 1 mês após a data da conversão;
  • Quantos BigMacs um português compraria com o salário mínimo nacional antes do dia x versus quantos BigMacs um português compraria com o salário mínimo nacional 1 mês após a data da conversão;
Podiam fazer as coisas com 3 cenários: o mais desfavorável, o menos mais desfavorável e o menos menos mais desfavorável
.
Eheheh ainda ouviríamos... "o Gaspar até que era um gajo porreiro"

A evolução mundial do retalho, a demografia e Gaspar

Doug Stephens em "The Retail Revival: Reimagining Business for the New Age of Consumerism" faz uma revelação interessante a Wal-Mart, a Target, a Kmart e ainda a Koll's foram todas criadas no mesmo ano: 1962. Depois, explica como o boom demográfico do pós-guerra estava maduro para a experiência de homogeneização e baixo-preço que começaria a dominar o retalho, uma espécie de massificação eficientista da experiência de compra e de venda.
.
Para já interessa-me salientar o que o autor pensa que será o futuro do retalho:
"Today, 50 years after the wave of 1960s consumption began, the very youngest baby boomers are 49 years old. According to the U.S. Bureau of Labor Statistics, it is a statistical certainty that spending among Americans begins to decline after the age of 50. (Moi ici: E na Europa não será diferente. E, na Europa o avanço demográfico está muito mais avançado) We simply need less stuff once we reach 50 and beyond. In fact, most of us by that age are trying to pawn our junk off on our kids! This natural decline in spending typically conies gradually as a generation ages. What's happened, however, has been a more abrupt shutting off of the tap as boomers, many of whom lost ground in the stock and real estate markets, begin to reevaluate their situations. Many have found themselves standing at the edge of the precipice of retirement without a parachute. Statistics aside, some would argue that boomers are still the wealthiest generation in history, and that their spending won't simply dry up, but will merely shift away from certain categories like electronics and housewares and toward others like travel and health services. And while this shift is already taking place, there are other issues that are only now beginning to surface. One is that baby boomers are carrying record debt loads. (Moi ici: Recordar estes números no caso nacional)
...
So, the unfortunate news for retailers is that this is by no means a mere recession. There is no neat and tidy recovery around the corner. There is no natural heir apparent to the baby boomer consumer. There is no one easily targetable group like the baby boomers out there to sell to. And unlike during the 196os, there's no big fat homogenous segment in today's market. It just doesn't exist. (Moi ici: Segue-se uma descrição de Mongo)  The prototypical household that represented the big bull's-eye in the market is an increasing minority. In fact, today's consumer market comprises a myriad of lifestyles, family compositions, ethnic backgrounds and economic standings, and all of it seems to amount to less direct influence on who buys what. Identifying your "ideal target consumer" in this landscape is, as one of my most loved bosses used to say, like trying to "pick fly shit out of pepper." In other words, it's really hard!
...
he sees as a hopeful horizon where consumers actually take back control of their behavior, holding themselves and the companies they do business with to higher business and social standards. It will be a time when responsible purchasing can mitigate the rampant consumerism that marked the boomer decades. His research pointed to a consumer who had become infinitely more mindful and considered in his or her purchasing behavior, and who had begun to anchor his or her brand choices to starkly different values than in years past. The more traditionally sought-after brand attributes of convenience, selection and price had begun, he found, to give way to new and deeper qualities like kindness, empathy and lasting quality. Consumers, it seemed, longed to return to a time when they could actually like the places they shopped and feel good about spending their money there. There was one thing in particular from our conversation, though, that really stuck with me. John stated that while many were calling this post-crisis economic climate the new normal, he actually saw it as being the old normal. In John's mind, it was the last 50 years that were really more of an anomaly, relative to consumer behavior throughout the rest of history. (Moi ici: Quantos pensam nisto? Quantos admitem estudar esta hipótese? O que dirá Vieira Lopes, líder da CCP, sobre isto? Tem opinião, ou pensa que é tudo culpa de Gaspar?) This recession, in other words, wasn't causing a hiatus from consumerism: rather, it was reforming consumerism back to how it was intended to be: thoughtful, responsible and values based."


As forças que nos afastam do século XX (parte III)

Parte I e parte II.
.
Mais 3 forças que Krippendorff lista em "Outthink the competition"
"2. Acceleration 
As economies of scale slip away, they are making room for a historic acceleration in the pace of business competition. Cycle times are shortening and the pace of competition is accelerating. Not only can entrepreneurs start companies at a radically lower cost, they can do so at a fraction of the time once required.
...
Today conventional wisdom about the time needed for a product launch is being shattered.
...
This trend is hitting industry after industry.
...
3. Disaggregation
...
the era of economies of scale is giving way to what she calls distributed capitalism. (Moi ici: o que já aqui se chamou, democratização da produção, ou indy capitalismo, ou Mongo) In her view, the "myriad ways in which production and consumption increasingly depend on distributed assets, distributed information, and distributed social and management systems" is transforming the nature of business competition. Where factories, distribution channels, and marketing were once concentrated in a few places by a few companies, all of these are now fragmenting into distributed constellations. (Moi ici: os tais milhões de girassóis)
...
4. Free Flow of Information 
Information, once controlled by the powerful as a way to maintain their power, is now slipping between their fingers." (Moi ici: o fim da assimetria da informação
Tudo a convergir para o desenvolvimento da metáfora de Mongo.

Mongo é pós-geografia

Há um ano, em "Acerca da proposta de valor" escrevi:
"a democratização da produção, da divulgação e do conhecimento, está a recriar essa variedade regional, já não com base na geografia, mas com base em tribos comportamentais, mas essa corrente ainda não foi interiorizada pelo mainstream e pelos "fazedores de opinião"."
Seth Godin reforça essa ideia em "Understanding local media"
"And finally, we're discovering that when given the chance, people are a lot more interested in what they're interested in, as opposed to what their physical neighbors are doing.
.
Going forward, then, the real kings of media will be local in a totally different sense. They will be the narrators and arbiters of interest for groups that actually have aligned interests. The daily newspaper for families wrestling with juvenile diabetes, or bi-weekly email op ed for the pop music industry. If one of those categories happens to be, "lives in zip code 10706," that's just fine, but it's an exception, not the default."

Patrões e salários

Vítor Bento coloca uma pergunta que tanto tenho feito a mim mesmo:
"O interessante não é que patrões defendam aumentos de salários. Isso faz parte, não só da legítima diversidade de opiniões que, devidamente fundamentadas, enriquecem o debate público, mas da própria diversidade das condições de funcionamento das várias actividades ou empresas. Também não é intenção deste artigo produzir qualquer juízo sobre o valor, justo ou exequível, do salário mínimo. (Moi ici: Sublinho o mesmo aqui)
.
O que acho verdadeiramente interessante e revelador é que patrões precisem que o Estado os mande aumentar os salários! Pois se acham que se devem pagar salários mais elevados, porque é que não os aumentam? Porque é que precisam de uma ordem do Estado?
.
Julgo que a explicação é simples. É que, por um lado, se não for o Estado a dar a ordem, são eles que têm que assumir a responsabilidade pela decisão e pelas suas consequências. Se a coisa correr mal não têm para quem passar as culpas. E, por outro lado, preferem evitar os riscos da concorrência, preferindo impor, por via administrativa, a uniformidade de comportamentos, assegurando que todos fazem o mesmo, ao mesmo tempo. (Moi ici: Um ponto de vista interessante)"
Um dos principais defensores do aumento do salário mínimo nacional é o líder da CCP. Entretanto, o que se passa no sector do comércio?
.
"Só na Guerra Junqueiro, em Lisboa, 90% do comércio está em vias de fechar, denuncia União de Comércio.
Por um lado, rendas demasiado elevadas, que os senhorios se recusam a renegociar e que os comerciantes já não conseguem suportar. Por outro, rendas antigas que estão a ser actualizadas para valores incomportáveis"
Trecho inicial retirado de "Patrões e salários"

terça-feira, março 19, 2013

Vão ter azar


Esta tarde, ao sair da estação de caminho de ferro de Estarreja, reparei num casal de cegonhas que está a começar a construir o seu ninho... não me parece um sítio que a Refer autorize.

Curiosidade do dia

Deve ser isto a que chamam de espiral recessiva:
"Apesar de uma queda global na Europa de 9,5% nas vendas de automóveis ligeiros de passageiros no acumulado dos dois primeiros meses de 2013 comparando com o acumulado de 2012, Portugal apresenta uma subida de 4,7%.
...
A queda de 9,5% nas vendas de carros na Europa até Fevereiro deve-se, sobretudo, à quebra generalizada nos países que mais contribuem para o mercado global, como a Alemanha (-9,6%), Itália (-17,3%), França (-13,5%) e Espanha (-9,7%). Dos grandes mercados, a única excepção é o Reino Unido, onde as vendas aumentaram 10,3%."
Trecho retirado de "Portugal deixa a cauda da Europa em carros vendidos"

O bluff

Enquanto o século XX tem este desempenho "França e Alemanha intensificam marcha atrás na produção automóvel portuguesa" (lembrem-se disto os que pensam numa re-industrialização à base da massificação), as PMEs nos sectores tradicionais oferecem isto "Um ano promissor":
"Se janeiro for um indicador para os restantes 11 meses, 2013 pode marcar um ano de crescimento para as exportações portuguesas de têxteis e vestuário. Nos primeiros 31 dias, as empresas do sector exportaram mais 1,2%, o equivalente a mais 4 milhões de euros, do que no mesmo mês de 2012"

Estratégia não é quantidade, estratégia é escolher

Encontrei este artigo "Balanced Scorecard and Efficiency: Design and Empirical Validation of a Strategic Map in the University by Means of DEA" publicado já em 2013 pelo American Journal of Operations Research.
.
Nele pode-se descobrir este mapa da estratégia para os departamentos (faculdades) da Universidade de Cádiz:
E questiono-me: Onde está a estratégia?
.
Parece aquela doença já aqui diagnosticada: a estratégia é existir.
.
Em que é que um departamento se vai concentrar, se vai distinguir? Um aluno será atraído à Universidade de Cádiz só por causa da geografia?
.
Estratégia não é quantidade, estratégia é escolher.

O ponto esquecido

O 2º vídeo deste postal "Como o Oeste se afundou?" esquece um ponto:
.
Quanto mais a Ásia consumir, menos a Ásia produzirá para exportação para o Oeste. Quanto mais a produção asiática estiver dedicada a servir o consumo asiático, mais oportunidades surgirão para que a produção do Oeste possa servir o consumo do Oeste.
.
BTW, e recordando as palavras de Belmiro de Azevedo, "El nuevo Gobierno chino insiste en la necesidad de abandonar el modelo productivo ‘low cost’":
"Li explicó que el objetivo del país es mantener el crecimiento del 7,5% anual hasta 2020, un porcentaje que requiere un giro hacia una industria de valor añadido y un incremento de la demanda interna.
...
Li se ha comprometido también a eliminar de manera progresiva instalaciones productivas que hayan quedado obsoletas."
A produção no Oeste para consumo no Oeste será sempre mais importante em volume e valor estratégico do que a produção para exportação para a Ásia.

Curiosidade da manhã

A propósito da prestação de Belmiro de Azevedo ontem, no Clube dos Pensadores, é interessante o que os diferentes jornais chamaram para título:

Como é que o jornal do BE, o Público, trata o tema?
Eheheh, podem ser do BE mas sabem que é o Belmiro que lhes paga o salário. Não escrevem uma linha sobre o tema que os outros jornais destacaram.
.
Quanto ao tema da mão-de-obra barata, percebo as palavras de Belmiro de Azevedo. 
.
Qual é a proposta de valor do Continente? O preço mais baixo!
Qual deverá ser a proposta de valor da Sonae Industrial, sim, a velha empresa que produz contraplacado? Aposto que é o preço mais baixo!
.
Portanto, Belmiro de Azevedo está a ser sincero e a falar de acordo com o modelo mental que criou ao longo da sua longa vida profissional.

segunda-feira, março 18, 2013

Curiosidade do dia


O futuro dos centros comerciais

Um tema acerca do futuro do retalho, o futuro dos centros comerciais, aqui: "Malls must move beyond shopping to survive in Internet era":
"As growing numbers of shoppers move online, European mall owners are looking to pull in customers by including services that can't be replicated on the Web like hospital care and government offices.
.
Malls must become more like full-service community centers to survive in the face of a growing list of failed retailers like HMV and Blockbuster, property experts at the annual MIPIM trade fair in Cannes, France, told Reuters.
...
"The days of the stand-alone mall are numbered,"
...
"In 20 years time you will find stores that sell books and DVDs replaced by sites that give people a reason to go the mall ... art galleries, education centers and health and spa treatments."
...
in light of a forecast last month that 90 percent of retail sales growth in Britain, France and Germany between 2012 and 2016, or 91.5 billion euros, is expected to be online, (Moi ici: Dá para pensar o que é que a CCP, como associação patronal, está a fazer para preparar os seus associados para esta realidade? Será que, como o CEO da Renault, está a pedir mais dinheiro para os consumidores e estes, em vez de comprarem nas lojas do retalho físico, migram cada vez mais para o online?) according to the property arm of French insurer AXA, which manages 43 billion euros of assets.
.
As well as changing what's inside, mall owners will need to borrow ideas from developing markets like Dubai and China where centers are part of wider mixed-use developments where people live or include open spaces where they spend leisure time, Roberts said.
.
"Convenience and Internet shopping has created a breakdown in community structures and there's a gap there waiting to be filled," he said.
...
While retailers and mall owners struggle to find answers, all agree that warehouse property owners are the big beneficiaries of the change in retail habits.
.
Every additional 1 billion euros of online sales resulted in an average additional warehouse demand of approximately 72,000 square meters in Britain, Germany and France over the last five years, a report from warehouse landlord Prologis said last year.
.
"Logistics is the new retail," said Simon Hope, global head of capital markets at property consultant Savills, referring to the way changing consumer trends will affect the way investors see property.
.
"There is a trend of money moving away from all but the best and most regionally dominant malls into logistics as they are economically shielded," he said."
Os centros comerciais vão ter de apostar muito mais na batota, no desenho de experiências, na co-criação, na personalização da compra, na co-construção, na co-produção, tudo o que ajude a diferenciar da simples transacção onde o online triunfa facilmente.

Outra excelente metáfora acerca da estratégia

"When you look at strategy as a frame of mind to be cultivated, rather than as a plan to be executed, you are far more likely to succeed over the long run. (Moi ici: Um ponto fundamental! O plano é importante porque acreditamos que nos ajudará a cumprir a estratégia, mas o plano é sempre instrumental. Recordo a EKS e a blitzkrieg com a sua liberdade táctica. Por isso, antes de avançar para o mapa da estratégia, gosto de assentar num texto que descreva sucintamente a estratégia e, volto constantemente a ele durante o projecto. Acredito mais na transformação estratégica como um acto de amor e conquista do futuro, do que como um acto analítico e asséptico)
...
To Montgomery, a business strategist is not primarily an analyst of position, or of resources; nor is the strategist purely adaptive, responding reactively to the vagaries of fate. He or she is someone who engages in a conversation about the purpose of a company. (Moi ici: Outra excelente metáfora, uma conversa acerca da razão de ser da empresa) The company rises or falls on the quality of that conversation and the way it is used to make decisions about the ongoing work of the enterprise.
...
a fundamental question that any company’s leader must ultimately answer: What will this firm be, and why will it matter? This is not a soft, philosophical question. It is a hard-nosed, economic one.
...
And a leader can’t consider the question just once and be done with it. That question needs a compelling answer every day of a firm’s existence, an answer that’s relevant as the business evolves, and as markets and customers evolve. To enable that kind of continuous evolution, strategy should never be thought of as a problem that’s been solved and settled. There are occasional dramatic changes, but mostly it’s an evolutionary process, with the CEO at the center. (Moi ici: Daí pensar que quando uma empresa precisa de uma grande transformação estratégica é porque não foi capaz de fazer pequenas mudanças encadeadas ao longo do tempo. Assim, chega um dia em que a des-harmonia entre a empresa e o mercado é tão grande que só com uma profunda transformação estratégica se consegue dar a volta... e ás vezes já é tarde de mais)
...
A strategy shouldn’t be only a document, or an occasional exercise. It should be a way of looking at the world, interpreting experience, and thinking about what a company is and why it matters. The formal strategic planning process is only part of it; the deeper responsibility is ongoing and continuous.
...
But over time, the economics began to distract people from the leadership aspect of strategy. Before long, strategy at many top business schools was taught by economists focused on theory and analytics. If you do this, how will your competitors respond? How do the structural characteristics of an industry shape competitive behavior? All important issues, to be sure, but gradually strategy became an exercise in getting the analysis right, providing the answer, and letting someone else implement it. That reinforced the idea that strategists were a group with specialized training.
...
In working with leaders, I also realized how vitally important creativity is in strategy. It takes the whole brain—intuition and analytic skills—to do it well. But creativity isn’t considered very important in the culture that has grown up around strategy. That has to change.
...
A really good strategy doesn’t happen on the margin; it doesn’t simply perpetuate an industry game that is mature and may be decaying.
A really good strategy revitalizes the company, and to do that, you need to assemble a group of people who have the courage to confront business at its roots. You need people who can say, in effect, “Strategy is dead. But long live strategy.” 

As forças que nos afastam do século XX (parte II)

Parte I.
.
A primeira força que Krippendorff cita é uma velha conhecida deste blogue:
"1.The Erosion of Economies of Scale
.
Previously, a company that wanted to create a new product would have to invest millions to build or retool the factory. Today that company can go to Alibaba.com and find a manufacturer ready to provide the product with minimal incremental cost. In other words, with a few mouse clicks and e-mails, an entrepreneur today can achieve the economies of scale that used to require months of planning and millions of dollars.
...
The way to wealth was once to build a factory so big that no one could match your investment; to standardize parts and platforms so that no one could touch your volume; to establish a brand so widely recognized that no one could afford to pull customers away. For more than a century, industrial conglomerates have depended on such economies of scale to keep their competition at bay. Today that advantage is eroding. Even in production-heavy industries, of which there are fewer, factories grow smaller, more specialized, and they are easily turned on and off. Products grow more customized, turning standardization into liability. Niche brands pop up and, at very little cost, pick off small segments of the market from incumbents who invested decades in building mass loyalty. A new form of competition that draws strength from sources other than scale is emerging."
Trecho retirado de "Outthink the competition" de Kaihan Krippendorff

domingo, março 17, 2013

Tyto alba

Esta tarde, interrompi o meu jogging para observar durante uns bons 2/3 minutos o voo de uma coruja das torres (Tyto alba), uma maravilha.

Curiosidade do dia

Austeridade? Que austeridade?
"In the fiscal year 2009-10, before the government came to office, current spending was £575.1 billion; last year it was £618.8 billion. The annualised figure for this year is heading for £630.7 billion. If we exclude interest payments and welfare benefits, spending in 2009-10 was £377.4 billion, last year was £389.4 billion and this year we are heading for £390.4 billion. For anyone who has worked in a private sector company, these would not count as aggressive cost-cutting measures; illustrating how difficult it is to cut public spending. In real terms, there has been a fall, but the chart accompanying Martin Wolf's piece illustrates the longer-term trend; in the past 30 years, there have been three periods where the government has managed to halt the rise of public spending in real terms (of which this is the latest) interspersed by two periods of a rapid increase. In the last 10 years that the Labour government held office, public spending rose 50% in real terms."
Trecho retirado de "Paved with good intentions"

A viagem

Esta semana, durante a última sessão de mais um projecto, confessei à equipa com quem trabalhei que tinha sido um projecto que me tinha ajudado a mergulhar muito mais profundamente no potencial da co-criação gerada pela interacção com os clientes.
.
Tratando-se de uma empresa do mercado interno, do sector não-transaccionável, que aposta no serviço à medida e não no preço mais baixo ou no serviço premium, ficou muito mais claro, para mim, o que pode significar "serviço à medida". Muitas vezes, durante o projecto, na minha mente passava o anúncio da Microsoft do início dos anos noventa do século passado "Where do you want to go today?"
.
Começar um serviço de longa duração pela definição conjunta dos objectivos, perceber que o cumprimento desses objectivos será o fruto de um trabalho conjunto de acompanhamento e monitorização da progressão está hoje muito mais claro. É muito mais fácil perceber as implicações desta filosofia com uma empresa que lida com um serviço pessoal e individualizado do que com uma empresa industrial que pretende aplicar o mesmo tipo de proposta de valor.
.
Hoje, leio neste artigo "Purpose is Good. Shared Purpose is Better" conclusões com que já me familiarizei e que vão ao encontro do fantástico poder da co-criação:
"Most leaders think of purpose as a purpose for. But what is needed is a purpose with.
.
Customers are no longer just consumers; they're co-creators. They aren't just passive members of an audience; they are active members of a community. They want to be a part of something; to belong; to influence; to engage. It's not enough that they feel good about your purpose. They want it to be their purpose too. They don't want to be at the other end of your for. They want to be right there with you. Purpose needs to be shared.
...
How can you create your own shared purpose? It's simple, but not easy. The essential question is:
.
What is the shared purpose that ...
.
a) We and our customers can work on together?
b) Is a natural expression of who we are and what we stand for?
c) Connects how we make money with how we contribute to the world?
...
As you formulate your shared purpose, don't go for what you think it should be. Look for who you already are. How you already connect with your customers. What your fans already say about you.
.
Remember, this is not something you are going to do to them, or for them, but with them. It's a journey you will be on together, hopefully for a very long time."
A metáfora da jornada é a que mais aprecio: vamos fazer uma viagem juntos, uma viagem implica um destino e um plano para lá chegar. Durante a viagem monitorizamos o real versus o planeado e quando chegamos ao destino, não só celebramos, como podemos subir a parada e equacionar um novo desafio e um novo destino; uma nova viagem.

Peers, Incorporated

O artigo "How Next-Gen Car Sharing Will Transform Transportation" sobre o qual escrevemos aqui, a propósito dos modelos de negócio baseados na partilha e aluguer, aborda um outro tópico tão ao jeito do que costumamos escrever aqui sobre Mongo:
"Peers, Incorporated is a new organizational model.
...
The Industrial Revolution was a response to all those years when people were doing things themselves and creating small-scale one-off businesses. You know what? All the variable quality issues that we find in peer production, industrialization is now going to conquer those and provide a nice consistent product. And lo and behold, as we did that, we found out there’s this fabulous thing called economies of scale. So for the last 200 years, business has been driving full force to achieve success using economies of scale and delivering a nice, consistent product. And we have really reaped those benefits. But I feel that we have now reached, maximized and applied that model to more things than is really useful, and that it’s now time for the pendulum to come back a little bit.
...
Peers, Incorporated delivers the best of what industrialization has to offer, and of what individuals — peers — have to offer. It is about giving individuals who are creative and innovative the power of a company. And getting the best out of companies. It’s a partnership between these two groups, where each is providing what it does best. The companies give individuals the advantages of economies of scale, long-term financial investments, standardized contracts and a brand. Individuals deliver what they do best, yet [which] is very expensive for companies [to provide]: diversity of offering, localization, specialization, customization, access to social networks and importantly, innovation. They both have a place, and they both can make lots of money."

O estágio com potencial de crescimento ilimitado

Esta figura:
retirada de "Tip for 2013 – Strategic Innovation Trumps Efficiency Measures", documenta bem a diferença entre trabalhar para aumentar a produtividade à custa de apostar no numerador da equação da produtividade, em que não há limites, ou apostar no denominador da equação da produtividade, em que os ganhos são sempre limitados. Algo na linha de:

sábado, março 16, 2013

Curiosidade do dia

Isto é tão engraçado.
.
Lembram-se de aqui no blogue escrever com alguma frequência sobre o impacte de Mongo nas receitas dos impostos?
.
Numa economia em que as trocas e a partilha, bem como a compra a pequenos produtores locais, terá uma importância crescente, os Estados terão menos hipóteses de se intrometerem a cobrar impostos e taxas e ... nunca me tinha lembrado era deste pormenor:
"As free goods become increasingly plentiful throughout the economy, and people learn to recycle, swap and exchange goods without monetary transaction, it becomes very difficult to engineer an inflation problem."

Trecho retirado de "A new era for gold?"

E os governos que vivem da impostagem pornográfica do consumo

Este artigo "Portugueses criam plataforma para gerir 'carsharing' em rede" é um exemplo nacional dos modelos de negócio que fervilham em torno do aluguer e da partilha.
.
Entretanto em "How Next-Gen Car Sharing Will Transform Transportation" um fundador da Zipcar fala sobre o lançamento de um novo conceito, em fase de testes em França, a partilha de carros (Buzzcar): partilhar e alugar o carro não de uma empresa mas de um particular, de um vizinho, por exemplo.
"It’s a variation on the Zipcar theme, called Buzzcar. Buzzcar is another car-sharing business. But this time, instead of sharing cars from a company-owned fleet, people share their neighbors’ cars. The company calls this peer-to-peer car rental, and has taglines that include “Borrow the car next door” and “fewer cars, more options & the money stays in the ‘hood.”
...
Car sharing is a win/win/win/win situation. There’s no stakeholder for whom it’s not a better situation, except for perhaps car manufacturers and car rental companies.(Moi ici: E os governos que vivem da impostagem pornográfica do consumo)
...
Zipcar had 10,000 cars and probably 730,000 members last year, so that would have meant about 150,000 cars not bought or avoided being purchased. And that — I checked with someone from GM — is half a percent of the cars sold in the US that year. That’s a significant percentage. (Moi ici: E isto é só o começo... qual o impacte disto na interpretação das estatísticas clássicas?)
...
The bottom line is that paying in real-time really, really transforms how you do things. When I have to pay by the hour and by the day, I choose to drive about 80% less — fewer vehicle miles traveled. And this transformation is very natural and effortless. When it is your car sitting downstairs, all the sunk costs are behind you, and you’re only thinking that it’s the variable cost of gas in the car. Now, it is a rental car, and you think carefully about the value of the trip."

Imprimir roupa em casa?

Interessante

Estes apoios apenas adiam o corte epistemológico

Isto "CEO da Renault defende medidas de estímulo à economia e incentivo ao abate de veículos" quando o li ontem à noite fez-me sorrir.
.
Até parece que a indústria francesa de fabrico de automóveis é como a de fabrico de armas nos Estados Unidos e a da construção civil e obras públicas, precisam da ajuda do Estado por tudo e por nada.
.
Será que ele é funcionário da indústria alemã de fabrico de automóveis?
"In France, auto sales fell by 13.9 percent in 2012 to 1.899 million.
.
The drop was compounded by the end of government-funded buying schemes that had boosted sales between 2009 and early 2011.
.
The worst hit companies were Peugeot Citroen, where sales shrank by 17.5 percent, and Renault, down by 22 percent.
.
Foreign builders saw an overall drop of 6.7 percent, but deliveries by German luxury car companies Audi, BMW and Mercedes-Benz actually grew, while those by the South Korean group Hyundai-Kia literally took off."
A Renault e a Peugeot Citroen foram salvas pelo governo francês em 2009, a Peugeot Citroen voltou a ter de ser salva pelo governo francês em Outubro passado. Estes apoios apenas adiam o corte epistemológico que é necessário fazer.

Trecho retirado de "French car sales hit 15-year low"

Por onde começar, ou recomeçar

Mais uma vez Seth Godin tão ao jeito deste blogue "Choose your customers first":
"It seems obvious, doesn't it? Each cohort of customers has a particular worldview, a set of problems, a small possible set of solutions available. Each cohort has a price they're willing to pay, a story they're willing to hear, a period of time they're willing to invest.
.
And yet...
.
And yet too often, we pick the product or service first, deciding that it's perfect and then rushing to market, sure that the audience will sort itself out. Too often, though, we end up with nothing."
 Contudo, quanto mais pequeno for o projecto de empreendimento, julgo que antes de fazer a escolha dos clientes-alvo se deve pesar o que está em sintonia com a história, com a tradição dos empreendedores. Como ouvi o mesmo Seth dizer:
"First, define yourself, then, define your audience"

sexta-feira, março 15, 2013

Curiosidade do dia

"O ensino em Portugal estimula ou coarcta a possibilidade de os jovens serem empreendedores?
.
Destrói tudo o que pode ser activismo. No secundário não há professores que nos ajudem em projectos fora dos currículos e percam uma hora por semana connosco"
Li isto e lembrei-me logo de:

BTW, o meu filho mais novo, se fosse cumprido o horário do 9º ano, tinha aulas todas as manhãs e também na tarde de quinta. Contudo, foi obrigado no início do ano lectivo a assinar um documento a pedir aulas de apoio. Resultado, tem aulas de manhã e de tarde todos os dias, excepto à sexta, graças ao facto de ter uma colega da religião mórmon que não pode ter aulas à sexta de tarde no Inverno assim que o sol se puser.
.
Acham que isto é produtivo? Acham que isto é útil para um miúdo de 15 anos?
.
Trecho retirado de "O miúdo "que bateu Zuckerberg" vem a Lisboa" no Jornal de Negócios de hoje

A reacção a Mongo

Mongo, ao entranhar-se na nossa vida quotidiana, vai levantar reacções defensivas e ataques dos incumbentes que vivem do status-quo actual, do Estado que vive de impostar a actividade económica do século XX e dos funcionários que vivem da regulação da economia à la século XX.
.
O que será mais eficaz e eficiente em termos de regulação, os sistemas de pontuação e crítica das partes intervenientes, ou os sistemas regulamentares tradicionais? De certeza que não há uma resposta universal, válida para todos os sectores.
.
O tema da revista "The Economist" desta semana foi sobre os novos modelos de negócio que borbulham, à boleia da internet e das redes sociais, baseados na partilha e no aluguer. O artigo "All eyes on the sharing economy" ilustra bem as movimentações dos Estados, que não querem perder impostos; dos reguladores, que não querem perder protagonismo, e dos incumbentes que ora reagem e tentam a proibição pura e simples, ora tentam saltar para o comboio em andamento.
"Occasional renting is cheaper than buying something outright or renting from a traditional provider such as a hotel or car-rental firm. The internet makes it cheaper and easier than ever to aggregate supply and demand.
...
People are looking to buy services discretely when they need them, instead of owning an asset,” says Jeff Miller, the boss of Wheelz, a peer-to-peer car-rental service that operates in California.
.
As they become more numerous and more popular, however, sharing services have started to run up against snags. There are questions around insurance and legal liability. Some services are falling foul of industry-specific regulations.
...
By far the most prominent sharing services are those based around accommodation and cars. The best-known example is Airbnb, based in San Francisco, which has helped 4m people find places to stay since it was founded in 2008 - 2.5m of them during 2012 alone. (Moi ici: A crescer a este ritmo, muitos incumbentes no negócio do alojamento vão ter um problema. E como estas transferências de consumo não são apanhadas pelos indicadores tradicionais, sintomas exagerados de recessão serão comunicados) People can list anything from a spare bed to an entire mansion on the site, setting rental rates and specifying house rules (such as no smoking or pets). Anyone looking for somewhere to stay in a particular city can enter their dates and browse matching offers from Airbnb’s 300,000 listings in 192 countries; Airbnb takes a cut of 9-15% of the rental fee."

As forças que nos afastam do século XX (parte I)

"When Henry Ford began producing the Model T, most people viewed it as simply a new, inexpensive car - but his innovation would transform so much more. By proving the superiority of mass production, which coincidentally was able to cut the price of an automobile by 6o percent, he inspired a major shift in business. Soon, industry after industry changed from collections of small workshops into a few huge factories.
...
Starting with Ford, the basis of competition shifted from craft to economies of scale, from talent to asset intensification. That has remained largely unchanged to this day. The existing paradigm, what Kuhn would call the normal science phase, gives established companies certain tangible, sustainable sources of advantage. In addition to superior economy of scale, they have exclusive access to critical sources of supply. We have lived with this formula for decades, with managers and strategy experts tweaking our understanding of this paradigm but not altering it in any significant way. But several forces are pushing us beyond the Ford paradigm."
Trecho retirado de "Outthink the competition" de Kaihan Krippendorff

Cuidado com o que escreve, não culpe a caneta

As empresas grandes que operam em Portugal, como por exemplo a IKEA (a nível fabril), apostam na produção massificada em que o custo baixo é fundamental.
.
Nesse âmbito, uma ferramenta como o 6-sigma é fundamental para reduzir desperdícios e, promover as melhorias incrementais que se devem suceder na sequência de um processo de lançamento da produção em escala crescente.
.
Recordando que não existem boas-práticas universais, cuidado; não com a caneta, mas com o que se escreve com ela. As PMEs, que apostam sobretudo na rapidez, na flexibilidade, na criatividade, nas pequenas séries, são iludidas quando adoptam as ferramentas que se ajustam à produção massificada... se calhar mais um exemplo do uso incorrecto da assimetria da informação.
.
Mesmo uma empresa grande como a 3M não percebeu isso e está a pagar esse erro "Six Sigma 'killed' innovation in 3M":
"Rigid process a significant roadblockThe lack of freedom, or too strict a process, is also a significant roadblock, such as the Six Sigma process.
.
Six Sigma was popularized in the late 1990's and introduced into 3M by former CEO James McNerney, a former GE executive. It involves a set of process tools designed to eliminate production defects and wastage, and raise efficiency. (Moi ici: Sempre a doença da escola de gestão americana, a concentração doentia no eficientismo, mesmo quando ele não é relevante para a estratégia)
.
"The Six Sigma process killed innovation at 3M," said Nicholson. "Initially what would happen in 3M with Six Sigma people, they would say they need a five-year business plan for [a new idea]. Come on, we don't know yet because we don't know how it works, we don't know how many customers [will take it up], we haven't taken it out to the customer yet."
.
However, the 3M ambassador pointed out he had nothing against the Six Sigma, but felt it was not ideal for the creative process. "I met the guy who in fact put Six Sigma together and I said to him, 'What about innovation? Because at 3M right now we are having problems--we're being asked about Six Sigma and trying to utilize it in the creative stage'. He said it was never designed for that, it was designed for manufacturing when starting to scale up a product," said Nicholson."

A subida das importações

A propósito da dúvida de ontem em "Consumo interno, importações e dúvida - ajudem-me por favor!" decidi investigar em pormenor o que tem acontecido às importações em Portugal.
.
Os resultados são interessantes e fogem do que estava à espera.
.
Resolvi comparar o conteúdo das importações entre 2010, o último ano pré-troika, e 2012, usando os números dos boletins mensais de economia (2010 e 2012). Como ainda não foram publicados os dados completos relativos a 2012, comparei os períodos de Janeiro-a-Novembro de 2010 com Janeiro-a-Novembro de 2012.
.
Primeira surpresa: as importações de bens em 2012 superaram as de 2010 (no referido período):

  • 51 937 milhões de euros em Janeiro-Novembro de 2012;
  • 51 613 milhões de euros em Janeiro-Novembro de 2010.
E importamos as mesmas coisas? Não

Onde estão as diferenças positivas e negativas?

 Olhando para a frente, o que pode acontecer às importações em 2013?
.
Dado que os empréstimos às famílias estão em queda, se calhar, a evolução das compras de "Produtos Acabados Diversos" e de "Material de Transporte" manterá a mesma tendência.
.
Dado que os empréstimos às empresas estão a subir, se calhar, a evolução das compras de "Máquinas" deve inverter.
.
E as importações de "Agro-alimentares", talvez baixem.
.
Vamos ver.

quinta-feira, março 14, 2013

Curiosidade do dia

"Ser ministro hoje, em particular o ministro das Finanças e outros, é um acto de coragem (...) os ministros têm poucos meios ao seu alcance para resolver os problemas"
Afirmação de Bagão Felix no Destak de ontem na rubrica "Tirada do dia".
.
A situação a que chegamos também resultou desta maneira de pensar. Pensar que os ministros existem para resolver os nossos problemas... apetece escrever que os ministros existem para criar problemas. E quando um pequeno problema existe, um ministro intervém para o ajudar a resolver e, no acto, acaba por criar um outro problema ainda maior e assim por diante em crescimento exponencial. Como escreve César das Neves, já que o elefante não desaparece ao menos que fique quieto e não deite abaixo as porcelanas na loja.

Um herói

"Um homem de 47 anos deu a vida pela filha, de quatro anos, quarta-feira à noite nos Açores. O homem morreu soterrado pelo deslizamento de terras em Faial da Terra, mas salvou a menina ao abraçá-la, protegendo-a da derrocada de lama e pedras, que matou três pessoas, incluindo dois irmãos órfãos."
A minha vénia, o meu respeito e as minhas orações para este pai.

Trecho retirado de "Homem morreu soterrado nos Açores a proteger a filha com um abraço"

Alguns dos nossos campeões escondidos

Ontem no comboio lia mais umas páginas de "Outthink the Competition" de Kaihan Krippendorff quando encontrei este trecho:
"I was conducting a workshop with Hermann Simon, known as an advocate for what he calls hidden champions - companies (mostly German) that you have never heard of but that dominate a global niche like making glass for museum cases. He was proud to say that about half of Tata's components are manufactured by German companies."
Li outra vez "like making glass for museum cases"... e pensei na Qimonda!
.
O que é que para um político é mais sexy, dá mais exposição mediática e votos?
.
Qual a abordagem que cria mais riqueza?
.
Por isso é que estes campeões escondidos "Penas, tubarão e outras exportações" são uma realidade que merece o nosso apreço, até porque "Os macacos não voam"

Consumo interno, importações e dúvida - ajudem-me por favor!

O Jornal de Negócios de ontem traz uma coluna intitulada "Melhoria da procura interna ameaça saldo externo" onde se pode ler:
"Os números apontam para um abrandamento da queda das entradas em Portugal e parece estar relacionado com uma melhoria no consumo interno e no investimento, já visível no final de 2012." (Moi ici: BTW, depois falam da espiral recessiva)
Lembrei-me logo do que tinha lido no dia anterior nos comentários à inflação de 0% em Fevereiro passado:
"A recente tendência da inflação constitui mais um sinal da debilidade da procura interna, pois a taxa de inflação subjacente, excluindo os preços mais voláteis dos bens alimentares e energia, está em terreno negativo desde Janeiro (-0.5% em Fevereiro)."
Entretanto, pouco depois de ler isto, lia no Oje o artigo "Crédito às famílias cai 5576 milhões" algo que no dia anterior já tinha sido noticiado com "Crédito às famílias caiu mais de 5,5 mil milhões nos últimos 12 meses"... recordei logo os números que aprendi esta semana com o último livro de João César das Neves e que foram objecto desta "Curiosidade do dia".
.
Escrevo tudo isto por causa de uma dúvida, o que é que vai ditar, em primeiro lugar, o recomeço do aumento das importações se Portugal continuar a seguir o modelo que tem seguido com a troika?
.
.
O consumo ou as importações industriais?
.
Esta figura, retirada do relatório "Estatísticas do Comércio Internacional Janeiro 2013" do INE, não me sai da cabeça:
Conjugando tudo isto, interrogo-me:
.
Não é mais fácil as importações de combustíveis minerais para serem transformados e, de químicos para serem transformados, estarem a dar os sinais que o jornalista do Jornal de Negócios interpreta como sendo um retorno das importações via consumo?
.
BTW, longe de mim pertencer ao clube dos que acham que consumir é pecado, pelo menos consumir sem ser base em endividamento.
.
BTW2, leio o que se segue e não percebo o que é que o jornalista quer dizer. Reparem, o mesmo jornalista que escreveu que 100 mil empregos perdidos no sector transaccionável são mais do que 230 mil empregos perdidos no sector não-transaccionável (recordar isto) é o mesmo que escreve isto:
"Apesar do optimismo em torno dos resultados das exportações portuguesas, grande parte do ajustamento externo não está a ser feito vendendo mais, mas sim comprando menos."
Resolvi comparar o ano 2012 com o último ano pré-troika:

  • importações de bens em 2010 = 57 053 milhões de euros
  • importações de bens em 2012 = 56 120 milhões de euros
As importações caíram 1,6%, caíram 933 milhões de euros.
  • exportações de bens em 2010 = 36 762 milhões de euros
  • exportações de bens em 2012 = 45 359 milhões de euros
As exportações cresceram 23,4%, cresceram 8 579 milhões de euros.

Qual é a parte do racional do jornalista que eu, anónimo da província, não consigo acompanhar?

Mongo pode ser muito mais do que a customização que estamos a pensar

Isto está tão longe dos tempos em que, como atleta de pista federado (do FCP) no início dos anos oitenta do século passado, tinha de requisitar os sapatos de pitões à sexta-feira, para competir ao fim de semana. Ou seja, de um tempo em que um par de sapatos era partilhado entre vários atletas, para um tempo em que cada atleta tem um par construído à sua medida e à medida de uma estratégia em particular:
"Athletes are measured on a sensitive track to gauge the direction their foot travels whether its forward or back, left or right, and how it moves; 100 sensors are placed on an insert inside the shoe to measure pressure at different points; and a motion capture system — like the ones used for video games and movies — adds stride and broader movement into the equation. Based on the biomechanical data, custom spike plates, the part of the shoe that actually connects with the ground, are created.
...
“The technology is early and our implementation is still really in a very early phase, but you can envision as the technology improves and capacity increases — and cost comes down — the audience who will benefit from customisation will just grow and grow and grow. This will get down eventually to the casual athlete.”"
Trecho inicial retirado de "With 3-D Printing, New Balance Running Customisation in New Direction"

E sapatos de corrida, não à medida de um atleta, mas desenhados para a estratégia que um atleta vai executar numa certa corrida?
"The possibilities for easy customization are nearly endless. Previously, a custom spike plate required an expensive injection molding process, but with the 3-D printers, the speed of production is much faster and the cost is slashed. Because it’s so much easier, runners can choose different designs based on their strategy for a particular race. “If you’re going to rely on a strong finishing kick, that means having lots of traction for running up on your toes at the end,” says Petrecca."
Trecho final retirado de "Pro Track Athletes Get a Grip With 3-D Printed Equipment"

Um mundo de possibilidades aberto por Mongo, "interaction rules"!!!


quarta-feira, março 13, 2013

Curiosidade do dia

Fazia a pé o trajecto do Terreiro do Paço até ao edifício azul e branco de Lesboa (Santa Apolónia), ali por alturas do Quiosque do Jardim do Tabaco, oiço o Hino da Alegria tocado pelos sinos de uma igreja...
- Hino de Alegria tocado às 18h09 durante a Quaresma!?!? Só pode significar que temos papa!

O exemplo do mobiliário

Recordar o exemplo do mobiliário:

"Mesmo caindo 28%, Portugal importou ainda 450 milhões de euros no ano passado. Substitui-los por produto nacional pode ajudar a salvar os mais aflitos. (Moi ici: Duvido, a importação é de produtos muito baratos com os quais a produção não pode competir) O ajustamento e redimensionamento em curso serviu também para reposicionar o sector: formatado para o fabrico em série, visa agora segmentos de valor superior.(Moi ici: A recomendação feita neste blogue há muitos, muitos anos) "A evolução na última década foi do clássico para o contemporâneo", acrescentou o director executivo. Qualidade, design e inovação - que somam aos preços mais competitivos que os franceses ou italianos - são as armas para lutar com os concorrentes directos. 
...
"As mais bem sucedidas foram as que alteraram o posicionamento de mercado: de fabricantes passaram a alfaiates", concluiu Vieira." [director da APIMA] (Moi ici: Nem de propósito, desta semana "E o futuro é dos alfaiates e das modistas literal e figurativamente")

Qual é o estilo que melhor se ajusta a Mongo?

Esta imagem
retirada daqui, via Steve Denning, é muito interessante.
.
Qual é o estilo que melhor se ajusta a Mongo?

Alugar, partilhar em vez de possuir, outra vez

Mais um exemplo de um modelo de negócio assente no aluguer:
"Rent the Runway, a website that rents out high-end clothing and accessories to consumers for a few days at a time,"
Quando contar esta à minha mulher ela vai recordar algumas conversas sobre este modelo de negócio...
.
Interessante, também, a evolução:

  • de um website, para espaços físicos;
  • do aluguer de roupa e acessórios, para um "“experiential marketing engine” that exposes its customers to new designers and products."
Acerca da evolução de um website para os espaços físicos lembrei-me de um trecho de "Thinking, Fast and Slow", de Daniel Kahneman, sobre o erro de Bernoulli.
.
Quem está no retalho físico não consegue aproveitar as vantagens do retalho físico. Quem está no retalho online, cada vez mais complementa-o com o retalho físico, com vantagem.

Cuidado com os modelos mentais quando as regras do jogo foram alteradas

Uma reflexão muito adequada aos tempos que vivemos:
"many organizations carry a heavy burden, and for far too long. The result — obsolete policies and practices, outdated assumptions and mind-sets, and underperforming products and services. This organizational memory creates biases that get embedded in planning processes, performance evaluation systems, organizational structures and human resource policies. This becomes a big burden when non-linear shifts occur."
Por isso é que um suíço pode ter sucesso a produzir azeite, livre de modelos mentais de um outro tempo.
Por isso, é que só agora a agricultura, com novos protagonistas, se está a adequar à "nova" realidade, com cerca de 30 anos, das fronteiras abertas.
Por isso, é que a mudança de uma empresa, quando o mundo à sua volta muda, não se dá de imediato.
.
Trecho retirado de "When Organizational Memory Stands in the Way"

terça-feira, março 12, 2013

Oportunidades de negócio

Só oportunidades de negócio à espera de serem abraçadas por quem não pensa em produção em massa mas em nichos de valor acrescentado.
.
Mais uma "Resíduos de pesticidas em comida para bebé em Portugal acima do permitido" e outra ainda:
"Portugal foi também um dos países em que foram encontradas maçãs com resíduos de pesticidas acima do legislado."

Curiosidade do dia

Talvez a minha amostra, afinal, tenha alguma representatividade.
"No mês de janeiro 2013 as exportações aumentaram 5,6% relativamente a janeiro de 2012, devido à evolução positiva registada tanto no mercado Intra-UE como no mercado Extra-UE
...
(No comércio intra-UE) "Em janeiro 2013 as exportações aumentaram 3,3% face ao mês homólogo de 2012,
...
Em janeiro 2013 as exportações para os Países Terceiros aumentaram 12,0% face ao mês homólogo de 2012"
Trechos retirados de "Estatísticas do Comércio Internacional - Janeiro 2013"

Mais tempo, mais agonia

Não podia estar mais de acordo com o editorial do Jornal de Negócios de ontem, assinado por Helena Garrido e com o título "Ganhos e perdas em tempos de troika":
"Devíamos ter tido mais tempo e mais dinheiro? Os economistas poderão um dia responder a esta pergunta: teríamos tido menos desemprego e menos recessão com mais tempo e dinheiro, para reequilibrar financeiramente o país? Intuitivamente a resposta é não. E não teríamos tido menos desemprego nem menos recessão pura e simplesmente porque a economia portuguesa estava apoiada em sectores como a construção que não conseguiam, mesmo com mais tempo e mais dinheiro, continuar a produzir."
Recordar que só nos dois últimos anos o sector da construção perdeu mais de 30% das pessoas empregadas.
"Basta falar com algumas empresas para percebermos que nem tudo corre mal e há negócios que correm até melhor. (Moi ici: Esta é a minha experiência pessoal, 2013 está a ser melhor que 2012. Qual será a representatividade da minha amostra?) Não vale é a pena olhar para os sectores que pertencem ao passado, como a construção. E esperemos que o Governo, na sua tentação de ganhar as eleições autárquicas e de acelerar a recuperação, não cometa o erro de orientar o pouco crédito que há para a construção. (Moi ici: Infelizmente tudo se conjuga para isso, como escreve o Paulo Vaz, passarmos de uma fase "stop" para uma nova fase "go" onde o Estado enterra dinheiro na construção)
 .
As perdas que a troika nos impôs só se transformam em ganhos se o Governo não cometer o erro habitual do eleitoralismo que se começa a detectar em anúncios de apoios à construção. Deixem as empresas, as novas empresas, trabalhar." (Moi ici: As novas e as outras, as que já fizeram o desmame, ou nunca precisaram de o fazer porque não dependeram nunca do Estado)

A isto chama-se aumentar a produtividade gerada por cada trabalhador

Um futuro melhor também passa por isto:
"O têxtil perdeu quase 3500 empresas e atirou para o desemprego mais de 70 mil pessoas, nos últimos anos. A reestruturação gerou um sector competitivo e o mais exportador do país, a seguir à indústria automóvel.
...
No ano passado, um total de cinco mil empresas foram responsáveis por 4,2 mil milhões de euros de exportações, valor só ligeiramente inferior ao verificado oito anos antes, quando o sector contava com mais 3480 sociedades, num total de mais de oito mil."
A isto chama-se aumentar a produtividade gerada por cada trabalhador.
.
Talvez estes números ajudem a explicar o porquê disto "Transaccionáveis estão a destruir mais emprego que o resto da economia" (atenção que o título é, de certo modo, enganador. O emprego caiu 8% nos transaccionáveis e 7% no resto da economia, ou seja, os transaccionáveis perderam 100 mil empregos e os não transaccionáveis, que têm uma dimensão bem superior, perderam 230 mil empregos). E, recordar que transaccionável não é a ser equivalente a exportador, tem potencial para ser exportador, mas a esmagadora maioria não o é, nem o consegue ser de um dia para o outro.
.
No entanto, o sector exportador, teoricamente com potencial para ser exportador, resiste melhor às falências.

Trecho inicial retirado de "Têxtil recupera e está no topo das exportações"

BTW:
"Finnish business sector productivity has soared in the past few decades. In addition to macro-level sources of productivity growth and within-unit developments, our analysis shows that creative destruction has a vital role. Entry, exit, and resource reallocation among continuing plants explain about one third of the overall productivity growth in Finnish manufacturing since 1975 and virtually all of the productivity acceleration since 1985.
...
In a frontier economy, creative destruction is about experimentation, reallocation, and selection among individuals (particularly managers) and businesses. Consequently, it brings about some personal discontinuities and uncertainties. It would, however, be a mistake to assume that creative destruction would have longer-term negative effects on life satisfaction. At least in Finland, it seems that restructuring has rather promoted perceived happiness. Finns arguably seem to understand that creative destruction provides new opportunities."
Trecho retirado de "Finland’s Path to the Global Productivity Frontier through Creative Destruction"

Agricultura e a "economia da experienciação"

Um artigo de que gostei muito "Experience economy for understanding wine tourism" complementado com uma apresentação sobre o mesmo "An Experience Economy Approach to Enhancing Chautauqua-Lake Erie Area Wine Tourism":

Dá para equacionar formas interessantes de subir a rentabilidade das quintas de produção de vinho não com base no aumento das áreas de cultivo, mas com base na criação e no desenvolvimento profissional de todo um ecossistema baseado na experiência.
.
O produto, o vinho, torna-se parte de uma oferta mais vasta, mais intangível, mais rica, mais pessoal.
.
BTW, agora equacionem a mesma abordagem aplicada a uma unidade de produção de leite biológico, a uma unidade de produção de queijo, a unidades que façam parte de uma mesma região demarcada e que queiram colaborar na oferta de uma experiência que passe pelo queijo, vinho, birdwatching, frutos secos, por exemplo.
.
Recordar:
"She began a summer camp in which kids spend a week caring for cows, learning about agriculture and running around a huge open space for $425 per week. Now the camp is almost as profitable as a year of milking cows. “That summer-camp program put me through Cornell,” Breanna says with a laugh. She’s also negotiating with a cheesemaker to turn their milk into high-value Fulper-branded cheese."
Trecho retirado daqui.

segunda-feira, março 11, 2013

Curiosidade do dia

"O peso do crédito a particulares no total do crédito interno, que no final de 1979 era de 7,5%, um valor demasiado reduzido para um país do nosso tipo, fixou-se à volta de 12%, de 1981 a 1984. Na segunda metade dessa década registou uma clara subida, que o levou até cerca de 19% do total no período de 1990 a 1994. No início da segunda metade da década de 1990, precisamente quando a dívida externa estava a disparar como vimos, começou uma espantosa subida que o levou a mais de duplicar a sua dimensão relativa ao total, com valores acima de 46% em 2006. Em 2012, os valores já andam abaixo de 39% do crédito total.
Tudo isto são indicadores que nos sugerem que, nos últimos vinte anos, Portugal viveu um clima de optimismo, facilidade e ilusão."
Trecho retirado de "As 10 questões da recuperação" de João César das Neves

Universidades e a disrupção

A disrupção não começa por baixo, começa sempre pelos clientes "overserved".



Excelente reflexão a combinar com a leitura de "CLAY CHRISTENSEN: GE And Perdue Farms Will Disrupt Harvard Business School"
.
"Institutions of higher learning must move, as the historian Walter Russell Mead puts it, from a model of “time served” to a model of “stuff learned.” Because increasingly the world does not care what you know. Everything is on Google. The world only cares, and will only pay for, what you can do with what you know. And therefore it will not pay for a C+ in chemistry, just because your state college considers that a passing grade and was willing to give you a diploma that says so. We’re moving to a more competency-based world where there will be less interest in how you acquired the competency — in an online course, at a four-year-college or in a company-administered class — and more demand to prove that you mastered the competency.
...

We demand that plumbers and kindergarten teachers be certified to do what they do, but there is no requirement that college professors know how to teach. (Moi ici: Eheheh Recordo logo uma minoria de professores que tive na Universidade e que não tinham jeitinho nenhum para aquilo) No more. The world of MOOCs is creating a competition that will force every professor to improve his or her pedagogy or face an online competitor.
.
Bottom line: There is still huge value in the residential college experience and the teacher-student and student-student interactions it facilitates. But to thrive, universities will have to nurture even more of those unique experiences while blending in technology to improve education outcomes in measurable ways at lower costs. We still need more research on what works, but standing still is not an option."

Trechos retirados de "The Professor's Big Stage"


A costura é uma arte

Em "Modistas de Lisboa fazem roupa à medida" mais um exemplo da economia interna que mexe, neste caso em direcção a Mongo.
.
Qual é a prateleira? Uma página no Facebook.
.
Qual é a proposta de valor?
  • peças únicas idealizadas pelas pessoas;
  • durabilidade e longevidade superiores;
  • benefícios da roupa feita à medida;
  • peças com um valor sentimental  diferente.
Como é que estas modistas vêem o que fazem? 
"a costura é uma arte"
E o futuro é dos alfaiates e das modistas literal e figurativamente:

Diz-me para onde exportas, dir-te-ei como evoluirá a tua produtividade

A propósito de "As estrelas do Norte" recordo esta conclusão de Chad Syverson em "What Determines Productivity":
"Interestingly, firms exporting to higher-income regions saw greater productivity growth. Apparently the export market - not just the exporter itself - matters. This raises interesting selection issues about which markets firms choose to export to, even conditional on the decision to export in the first place."

domingo, março 10, 2013

Curiosidade do dia

"A new report from McKinsey, a consultancy, calculates that China is now the world’s second-largest market for “premium” cars (which include posh brands like BMW and Aston Martin plus the snazziest offerings from mass-market producers like Volkswagen and GM). It estimates that China will surpass America by 2020 to become the world’s biggest consumer (see chart)."
Trecho retirado de "Still racing ahead"