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sábado, maio 27, 2017

Para reflexão: proteja-se contra a treta

Como promotor da concorrência imperfeita e dos monopólios informais vibro quando deparo com empresas que conseguem ter sucesso, num mar de tubarões, apesar de serem pequenas e mesmo micro.

Por trás do sucesso de uma PME está uma idiossincrasia qualquer que a Economia do século XX nunca considerou porque nunca conseguiu matematizar.

Assim, foi com especial contentamento que li na revista Exame deste mês de Maio, no texto "Saldo optimista no 1º trimestre":
"O peso das pequenas e médias empresas (PME) nas exportações portuguesas é dominante. Se não vejamos: os valores exportados por estas atingem perto de 57% das exportações totais que saem do país.
...
No ano passado [2015], as exportações foram responsáveis por 1,2% do crescimento do PIB (em volume), 79.6%, com a procura interna a contribuir com apenas 0,3% (20,4%). Este é um cenário diametralmente oposto ao que se vivia na economia portuguesa há duas décadas, quando a procura interna representava 76,1% do crescimento do PIB e as exportações 23,9%.
...
Ainda de acordo com aquele estudo, são as microempresas que fundamentam o novo modelo de crescimento da economia portuguesa assente nas exportações. Em 2015 esta tipologia de empresas representou 87% do total das empresas exportadoras nacionais, quando há duas décadas não ultrapassavam os 37%.  De 1995 a 2015, as pequenas e médias empresas perderam peso, passando de um valor conjunto de quase 62% para 12,9%"
Como não recordar os economistas reputados deste país, reunidos nos tais Encontros da Junqueira, enterrados nos modelos que aprenderam quando tinham 20 anos, incapazes de ver que já estamos em Mongo, com um novo paradigma económico. Lembro o que dizia Vítor Bento, pessoa muito respeitável mas que há anos profere asneira atrás de asneira nos média sem nunca ter contraditório, e bastava a um jornalista olhar para os números:
"Temos, de facto, um grande problema da cauda. Não é apenas um problema de má gestão. É um problema de pequenez. Hoje em dia, na grande parte das actividades, a escala é muito importante. Na China, uma empresa pequena não deve ter menos de mil trabalhadores e, portanto, isso faz uma diferença muito grande devido às economias de escala. Se em algumas actividades não é significativa, no geral, as empresas pequenas, em Portugal, não têm escala para ser competitivas.
...
Se for possível substituir essa cauda, seja através de concentrações, seja através de substituições, fazendo as mesmas actividades de uma forma mais eficiente, temos uma oportunidade de aumentar a produtividade da economia"
TRETA!!!

Só em 2017 acerca da obsolescência da crença na escala e no volume publicámos aqui, por exemplo:

Maio de 2017

Abril de 2017


segunda-feira, fevereiro 15, 2016

Aprenda a duvidar dos media (parte II)

Parte I.
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Conhece este mantra tão querido dos gurus de esquerda e de direita?

Sim, para eles competitividade só existe à base do custo. Por isso, é que andam todos de Fiat Panda não é?
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Quase que aposto que não conhece a realidade:

Como é que se podem aumentar as exportações?
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O próximo guru a ser desmentido será ... Ricardo Pais Mamede

segunda-feira, dezembro 23, 2013

A brincadeira de nos armarmos em deuses

"O equilíbrio externo já foi, não só assegurado, mas ultrapassado, com a economia a apresentar excedentes (outra forma de desequilíbrio...), coisa que não acontecia desde a segunda guerra mundial. Este equilíbrio, porém, foi conseguido à custa do agravamento do desequilíbrio interno (com o desemprego a passar para os cerca de 17%), uma vez que, na ausência de suficiente correcção da taxa de câmbio real (TCR), o seu principal instrumento foi uma sobre-contenção da procura interna (sobretudo do investimento). Um equilíbrio assim conseguido não é sustentável, porque, sem correcção da TCR, é incompatível com o regresso ao equilíbrio interno."
Aquele uso de "sobretudo do investimento" causa-me arrepios, a leviandade com que se chama aos gastos do Estado no betão de "investimento", enfim.
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Segundo o último Boletim Mensal do IEFP temos:
"A análise segundo as profissões dos desempregados registados no final de novembro de 2013, evidencia as seguintes profissões como as mais representativas (dados apurados para o Continente): “pessoal dos serviços, de proteção e segurança” (86 625), “trabalhadores não qualificados dos serviços e comércio” (77 040), “empregados de escritório” (63 716), “operários e trabalhadores similares da indústria extrativa e construção civil” (57 148) e “trabalhadores não qualificados das minas, construção civil e indústria transformadora” (52 666)."
Uma parte da procura interna caiu drasticamente por causa do fim do crédito fácil e barato que alimentava o comércio, outra parte da procura interna caiu por causa da interrupção "momentânea" do caudal de dinheiro para as obras públicas com mais do que duvidoso retorno. Admitamos a hipótese de que essas fontes de procura não voltarão a ser o que eram, para que servirá essa correcção da TCR?
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Para salvar emprego? Para recuperar emprego?
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O que tornará as empresas desses sectores mais competitivas?
O que preparará as empresas desses sectores para um futuro sustentável?
Será uma questão de baixar salários?
"A saída deste dilema seria através da política monetária que, através do crédito, estimulasse a procura interna, sobretudo a componente do investimento."
Será que Vítor Bento olhou para a composição da origem do desemprego? Será que está a pedir uma nova leva de torrefacção de impostos futuros em obras públicas só para mascarar o desemprego?
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Por mim, continuo a olhar para o desemprego como um objectivo indirecto, como uma consequência da criação de riqueza. Pensava que tinha ficado claro onde nos pode levar a brincadeira de nos armarmos em deuses e actuar directamente, com impostos futuros, na insuflação dos números do emprego.
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Trecho retirado de "Os dilemas da política económica"

terça-feira, setembro 24, 2013

O conselho!

Mais um excelente trecho retirado de "The Three Rules":
"The prevalence of revenue-driven profitability among exceptional companies is perhaps most significant for what it says about how best to use ROA as a guide to strategie action.
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As we explored briefly in chapter 1, since ROA is a ratio, there is no mathematieal difference when ROA is inereased by adjusting any of its constituent elements. Raise price or volume, reduce costs or assets ... the arithmetic cannot tell the difference. (Moi ici: Advinhem qual a interpretação dos teóricos da tríade, desconhecedores da relações amorosas e crentes monoteístas no Excel)
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But in practice there seems to he a very real difference. Miracle Workers are not wastrels, but they do not rely ou cost leadership to drive their performance. Both in our population of exceptional companies and in our sample, Miracle Worker status is a consequence of gross margin advantage driven hy higher price or volume—and as often as not enabled by higher costs and frequently assets. ln other words, exceptional profitability demands, beyond a point, making trade-offs, accepting higher costs as the price of being truly exceptional. Driving profitability from merely good to truly great by reducing either costs or assets is not something we see, as an entirely empirical matter, to be the most likely route to Miracle Worker performance."
Um conselho sempre presente neste blogue.
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Li este trecho a caminhar para casa, depois de deixar o carro na revisão e, pensei nas "guerras" que às vezes é preciso ter nas empresas, para conseguir passar esta mensagem... a competição pelo custo está tão entranhada... e eu não tenho o tempo de antena da tríade, sempre a martelarem a mensagem da competição pelo custo... e como sublinhei há dias, com base em Gary Klein, uma mentira muitas vezes repetida passa a ser a verdade oficial, mesmo perante evidências que sustentam o contrário... é um combate desigual.

terça-feira, setembro 17, 2013

O gozo do puto anónimo da província

Estes temas dão-me um gozo... o gozo do puto anónimo da província que aponta o dedo e diz que o rei vai nu, mas tendo consciência de que vai chocar o resto da multidão amestrada.
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Volto a este postal de Maio passado para recolher as palavras de Vítor Bento, personagem com uma aura especial na nomenklatura deste país:
"Temos, de facto, um grande problema da cauda. Não é apenas um problema de má gestão. É um problema de pequenez. Hoje em dia, na grande parte das actividades, a escala é muito importante. Na China, uma empresa pequena não deve ter menos de mil trabalhadores e, portanto, isso faz uma diferença muito grande devido às economias de escala. Se em algumas actividades não é significativa, no geral, as empresas pequenas, em Portugal, não têm escala para ser competitivas. (Moi ici: Como se houvesse uma só forma de competir...)
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Se for possível substituir essa cauda, seja através de concentrações, seja através de substituições, fazendo as mesmas actividades de uma forma mais eficiente, (Moi ici: Mão amiga que ofereça "The Three Rules" a Vítor Bento) temos uma oportunidade de aumentar a produtividade da economia"
Interessante pois, ler isto:
"Both implied that the advantages to scale stem not only through the efficiencies gained by a lower ratio of overhead to production, but that greater scale allows firms to exert power on the marketplace through better information.  In effect, they argued that bigger was also smarter.
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Everybody, from governments, to religions, to even militaries on the battlefield are having to learn to live with diminished advantages to scale.
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He says, “Power is easier to get, but harder to use or keep,” and I think that encapsulates what’s going on.  It’s not that big is bad, it just doesn’t give you what it used to. Conventional trappings of power, scale being just one of them, offer little protection these days.
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So scale isn’t what it used to be and the old days of empire building are over.  Competing to win in the new economy is more of a journey than a construction project.  Your purpose must be clear, your skills must be honed and you only take what you need.  Anything more is just an encumbrance."
"The End Of The Scale Economy"

quarta-feira, abril 17, 2013

Acerca das exportações (parte II)

Ontem Caldeira Cabral escreveu em "O paradoxo de os custos unitários descerem e as exportações abrandarem" como relato em "Acerca das exportações (parte I)" a mensagem:
"A redução dos custos unitários não foi acompanhada pelo aumento da taxa de crescimento das exportações. Pelo contrário, ao mesmo tempo que os custos unitários de trabalho portugueses se reduziam fortemente face aos dos países da UE, a taxa de crescimento das exportações portuguesas foi abrandando."
Como sempre aqui defendi, a maioria das nossas exportações não depende dos custos mas da capacidade de diferenciação ou de vantagem logística.
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Hoje, Vítor Bento escreve em "Crescimento sem competitividade? não há!":
"Restaurar a competitividade deveria, pois, e nestas circunstâncias, ser a prioridade fundamental da economia, dado que dela depende o crescimento económico, a absorção do desemprego e a sustentabilidade das dívidas (da pública e da externa). No curto prazo, não há nenhuma forma de conseguir esse objectivo que não seja pela redução dos preços de venda e, consequentemente, do custo dos recursos nacionais utilizados na produção. É isso que a desvalorização faz! A prazo mais longo, devem funcionar as reformas estruturais.
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(Moi ici: Agora o que vem a seguir também se aplica ao autor deste blogue) Mas a opinião dominante prefere ignorar olimpicamente o assunto ou, quando se dispõe a relutantemente reconhecer que pode aí haver problema, o mais que concede é que a competitividade se adquire com um conjunto de ideias vagas - marketing, estratégia, novos mercados, etc. - (Moi ici: O que as empresas exportadoras têm feito... tem sido quase tudo baseado na estratégia, no marketing, na logística, nos novos mercados... será que Vítor Bento quer competir pelo preço? Como é que se podem competir com os preços de mão-de-obra daqui?) que, do ponto de vista macroeconómico e, pelo menos no curto prazo, têm um efeito igual ou próximo de zero."
Embora não concorde com todo o pensamento de Caldeira Cabral acerca das exportações, estou muito mais perto dele do que de Vítor Bento.
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Claro que também não vou com Draghi:
"Para Mario Draghi, o aumento das exportações em Espanha, Irlanda e Portugal "é um sinal de que se está produzindo uma autêntica correcção estrutural" e um sinal de que as economias estão a mudar o foco do "sector não transaccionável para a produção de bens transaccionáveis".
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Perante o Parlamento Europeu, o presidente do BCE reconheceu "algumas melhorias" na competitividade destes países, nomeadamente na redução dos custos laborais.
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"Isso exige mais determinação para enfrentar a rigidez na fixação dos salários e para aumentar a competitividade em muitos segmentos do mercado", reforçou Draghi."
Não esqueçam que um país tem 3 economias:
  • a da administração pública;
  • a dos bens e serviços transaccionáveis; e 
  • a dos bens e serviços não-transaccionáveis 
A única que está em equilíbrio é a a dos bens e serviços transaccionáveis. Essa está sempre em equilíbrio! Como não tem fronteiras está sempre em ajuste permanente. Por isso, tivemos o desemprego da primeira metade da década anterior. Por isso, hoje, em Portugal, quanto mais aberto é um sector, à concorrência externa, menos desemprego existe.
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Os políticos... a tríade acha(m) que o que tem de ser feito nas duas economias desequilibradas é o mesmo que resulta na economia dos bens e serviços transaccionáveis. Essa não é a minha opinião. O meu campeonato é sempre este.

quarta-feira, março 20, 2013

Patrões e salários

Vítor Bento coloca uma pergunta que tanto tenho feito a mim mesmo:
"O interessante não é que patrões defendam aumentos de salários. Isso faz parte, não só da legítima diversidade de opiniões que, devidamente fundamentadas, enriquecem o debate público, mas da própria diversidade das condições de funcionamento das várias actividades ou empresas. Também não é intenção deste artigo produzir qualquer juízo sobre o valor, justo ou exequível, do salário mínimo. (Moi ici: Sublinho o mesmo aqui)
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O que acho verdadeiramente interessante e revelador é que patrões precisem que o Estado os mande aumentar os salários! Pois se acham que se devem pagar salários mais elevados, porque é que não os aumentam? Porque é que precisam de uma ordem do Estado?
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Julgo que a explicação é simples. É que, por um lado, se não for o Estado a dar a ordem, são eles que têm que assumir a responsabilidade pela decisão e pelas suas consequências. Se a coisa correr mal não têm para quem passar as culpas. E, por outro lado, preferem evitar os riscos da concorrência, preferindo impor, por via administrativa, a uniformidade de comportamentos, assegurando que todos fazem o mesmo, ao mesmo tempo. (Moi ici: Um ponto de vista interessante)"
Um dos principais defensores do aumento do salário mínimo nacional é o líder da CCP. Entretanto, o que se passa no sector do comércio?
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"Só na Guerra Junqueiro, em Lisboa, 90% do comércio está em vias de fechar, denuncia União de Comércio.
Por um lado, rendas demasiado elevadas, que os senhorios se recusam a renegociar e que os comerciantes já não conseguem suportar. Por outro, rendas antigas que estão a ser actualizadas para valores incomportáveis"
Trecho inicial retirado de "Patrões e salários"

quarta-feira, março 28, 2012

O anónimo engenheiro da província pensava...

O anónimo engenheiro da província, ao começar a ler este artigo "O dia seguinte" de Vítor Bento no Diário Económico de hoje interrogou-se:
"O ajustamento da economia segue o seu curso e será concluído mais cedo ou mais tarde. É preciso, portanto, começar a pensar no dia seguinte, ou seja, na promoção do crescimento económico sustentado."
O anónimo engenheiro da província pensava, na sua ignorância e ingenuidade, que nós já estávamos a viver o dia seguinte. Pensava que, quando se deixa de torrar dinheiro dos contribuintes futuros, para manter a funcionar as 16 empresas de construção que estão a a encerrar por dia desde o início do ano, por exemplo, já se estava no dia seguinte a preparar activamente a economia do futuro.
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O anónimo engenheiro da província pensava, na sua ignorância e ingenuidade, que o dia seguinte, que a tal economia sustentada, já estava a ser promovida e estimulada pela ausência do Estado.
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O anónimo engenheiro da província pensava, na sua ignorância e ingenuidade, que o dia seguinte já estava a ser construído activamente ao ver onde é que há meses a fio se está a criar emprego líquido em Portugal.
"Um tal desenvolvimento terá que assentar fundamentalmente na iniciativa privada e, sobretudo, no investimento estrangeiro, dada a escassez de capital nacional."
O anónimo engenheiro da província recomenda a leitura de  "Trade and industrialisation after globalisation’s 2nd unbundling: How building and joining a supply chain are different and why it matters", a globalização mudou o mundo, já não se monta uma indústria pesada à antiga na Europa para servir a Europa, agora monta-se uma indústria pesada num continente para servir o mundo inteiro... onde é que a localização Portugal é/pode ser uma vantagem?
"Mas não poderá deixar, até pela dimensão e complexidade do desafio, de caber ao Estado um importante papel orientador e facilitador.
 O anónimo engenheiro da província recorda sempre aquele dia em 2005 em que um senhor de cabelo grisalho proferiu aquelas famosas palavras:
"Espanha!Espanha!Espanha!"
Basta recordar a montra que são os programas sucessivos "Prós e Contras" na RTP para ter uma ideia do que é a elite pensadora lisboeta... "um importante papel orientador e facilitador"? O anónimo engenheiro da província pensava, na sua ignorância e ingenuidade, que o dia seguinte constrói-se mais depressa quando o Estado sai da frente, não empecilha, não chateia, não atrasa, não privilegia, não orienta... o diletante lisboeta que acabou de saltar da carruagem das PPPs quer apanhar agora a carruagem da Economia do Mar, ou a da ligação ferroviária de mercadorias, ou a da energia das ondas, ou um cluster criado em laboratório (mesas de almoço) de algum banco de algum "puppet maker"?
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O anónimo engenheiro da província pensava, na sua ignorância e ingenuidade, que o dia seguinte se construía quando o senhor João, outro anónimo, empenha alguns bens para poder financiar a ida a uma feira no Rio Grande do Sul apresentar o produto da sua fábrica. O anónimo engenheiro da província pensava, na sua ignorância e ingenuidade, que o dia seguinte se construía quando uma reunião é adiada porque os dois gerentes de uma outra empresa anónima vão visitar clientes à África do Sul. O anónimo engenheiro da província pensava, na sua ignorância e ingenuidade, que o dia seguinte se construía quando outro gerente decidia alargar o seu mercado doméstico e abria um escritório em Espanha. O anónimo engenheiro da província pensava, na sua ignorância e ingenuidade, que o dia seguinte se construía pelos anónimos que construíram o  molde do tamanho de um T0 que passou por mim ontem na estrada em cima de um camião.
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E para terminar:
"E também estou convencido de que a ineficiência económica do País - expressa na sua relativamente baixa produtividade média - oferece, paradoxalmente, uma enorme oportunidade. De facto, muito da baixa produtividade da economia resulta de estar demasiado assente em pequenas e médias empresas. Embora habitualmente apresentada com um certo romantismo, esta realidade assenta em processos de produção com escala demasiado baixa para operar num mundo globalizado e em processos de trabalho pouco eficientes.
Fazer o mesmo, muito melhor - concentrando ou criando empresas maiores, para aumentar a escala de produção, e optimizar os processos de trabalho - permitirá, em pouco tempo, um enorme progresso na produtividade média e na satisfação das aspirações de melhoria social."
Eheheh
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O anónimo engenheiro da província sobre isto é muito parcial, e se estivesse a trocar estatísticas com Vítor Bento dava uma kabazada.
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Sim, ok, o anónimo engenheiro de província tem a sua panca lá com a história de Mongo... mas olhem para as estatísticas, todos os sectores de capital nacional que estão a dar cartas na exportação passaram por fugir das grandes escalas de produção... basta olhar para as lições dos adeptos da concorrência imperfeita.
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Vítor Bento quando pensa em aumento da produtividade pensa, como quase todos os economistas, em produzir mais depressa, em produzir com menos desperdícios, o mesmo tipo de produto. Se ele aprendesse o que é que acontece à produtividade quando se altera a tipologia do que se produz... teria uma surpresa.
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O anónimo e ingénuo engenheiro da província propõe uma outra abordagem, pensar como David, não como Saul ou como Golias.
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E, para terminar, um artigo que ando para comentar, mas que encaixa muito bem aqui, "The Commoditization of Scale":
"The competitive advantages of scale are being commoditized. Minimum efficient scale is getting smaller and smaller.
So what's the solution? Accept that everything becomes commoditized. Develop a strategy that doesn't simply rely on being the biggest. Develop a strategy — a difficult to replicate, cogent set of practices in an industry — that assumes everyone will have the advantages of being the biggest. Get to know your customers. Develop a vision of the future. Build things that people want. Realize that everyone will have access to scale.
...
Sustainable differentiation, the key to competitive advantage in Porter's mind, can no longer be achieved through scale."
Num mundo em que assistimos ao início da democratização da produção com as impressoras 3D, num mundo em que a customização triunfa, num mundo em que cada vez mais há mais pessoas weird ("We are all weird") do que pessoas normais... a escala foi chão que deu uvas.
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Mas isto são as reflexões de um optimista inveterado, um anónimo engenheiro de província que tem a sua sanidade mental assegurada com vacinas constantes proporcionadas por tantos e tantos empreendedores anónimos com que contacta durante o seu trabalho missionário, a divulgar o Evangelho do Valor, que não querem é ter o papá-Estado sempre a querer dizer-lhes o que devem fazer e onde devem investir.

quarta-feira, fevereiro 29, 2012

Falsas falsas verdades

"A segunda ideia feita é a de que o nosso défice comercial se deve às importações de energia e que, sem elas, Portugal não teria sequer um problema de endividamento externo. Uma tal falácia serviu para montar um programa de subsidiação de actividades protegidas, traduzido numa transferência de riqueza, à custa dos consumidores de energia, da eficiência económica e, sobretudo, da competitividade do sector transaccionável."
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Segundo o Boletim "Estatísticas do Comércio Internacional - Dezembro de 2011", publicado no início de Fevereiro pelo INE:
Se ainda estou a ver bem, por cada euro de importações, Portugal exportou 1,6 euros, no último trimestre de 2011, se excluirmos os combustíveis e lubrificantes.
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Por isso, não entendo aquele sublinhado lá de cima. Que Vítor Bento critique o programa de subsidiação de actividades protegidas no ramo de energia, estamos com ele. Agora que queira negar a evidência... não entendo.
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Trecho retirado de "Falsas "verdades""

ADENDA (14:01) - Agora já entendo, obrigado anti-comuna:
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"O défice português deve-se sobretudo à importação de todo o tipo de bens não acompanhando as exportações e os combustíveis contam apenas uma pequena parte da história.

Quando o INE destaca o saldo da balança comercial sem lubrificantes e combustíveis, fá-lo apenas para as exportações extra-comunitárias. Daí que, dá a ideia que o problema português é bastante agravado pela importação de crude. Mas não o é. Apenas numa pequena parte. (O INE começou a fazer isso quando o governo de Sócrates começou a sua campanha pela subsidiação da produção de energia em Portugal, para enganar tolos.)

Portugal gasta em energia importada, cerca de 7 200 milhões de euros todos os anos. O saldo comercial é negativo num valor muito superior. Ou seja, os combustíveis contribuem mas menos do que se pensa para o endividamento externo e para a balança comercial negativa."

domingo, novembro 27, 2011

OMG... e vão viver de quê? (parte IX) ou Mt 11, 25

Parte VIII.
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Há tempos ouvi Manuel Caldeira Cabral na televisão, talvez na SICN(?), e a meio da sua intervenção escrevi no twitter qualquer coisa como "Olha, até que enfim que oiço na televisão alguém que dá a entender que conhece o país real das PMEs"
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O país que passa nas TVs e nas rádios é o país lisboeta que não faz ideia da revolução que tem acontecido nas PMEs nortenhas.
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Basta recordar este trecho do Le Monde que inclui neste postal "Act 9, 3-7"
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Reparem neste gráfico:
Em valor absoluto a Irlanda exporta mais do que Portugal, mas reparem na evolução das taxas de crescimento das exportações portuguesas.
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Segundo os números apresentados por Caldeira Cabral, Portugal foi o 3º país da UE a 15 em que as exportações mais cresceram no período 2005-2010:
Not so fast!
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Por favor, voltar a olhar bem para aquele quadro...
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Da próxima vez que ouvir um lisboeta protestar e gritar "OMG... e vão viver de quê?" lembre-se deste quadro, please!!!
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Eheheh, no texto do Le Monde, Carvalho da Silva a dizer que a indústria têxtil acabou... no melhor ano do têxtil na década... esta gente vive agarrada a mitos da infância.
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Caldeira Cabral escreveu esta semana no JdN "Défice externo, empobrecimento e baixa de salários". Alguns recortes:
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"O persistente défice da balança corrente e de capitais é para muitos o sinal inequívoco de que Portugal é uma país sem capacidade competitiva. O contraste com a Alemanha, que apresenta saldos positivos das contas externas é notório. Nesse país, teria sido a política de moderação salarial a tornar a economia mais competitiva.(Moi ici: Interessante este gráfico que se segue, retirado daqui.
Interessante também, por que ajuda a desmistificar a história da moderação salarial alemã, aqueles 6 primeiros países do lado esquerdo é que contaminam as conclusões... reparem quem é que faz companhia à Alemanha do lado direito e do lado esquerdo... isto tem cada vez menos a ver com salários, com custos. Daí apreciar aquele "teria" na frase de Caldeira Cabral)
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Baixar o défice externo português obriga a aumentar as exportações e diminuir as importações, o que para muitos só é possível conseguir baixando os salários e empobrecendo os consumidores portugueses. (Moi ici: E para alguns, cada vez em maior número, isto consegue-se com a saída do euro. Teríamos uma moeda da treta, e matar-se-iam 3 coelhos de uma cajadada: reduziriam-se os custos, empobreceriam-se os consumidores e enganariam-se os tolos com aumentos salariais brutais. Este racional é o dos encalhados que continuam na guerra dos custos quando, hoje, o truque é co-criar valor, não o concentrar tudo na redução de custos)
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Face ao argumento apresentado sobre a evolução da produtividade e salários na Alemanha e em Portugal, seria razoável admitir que o problema de competitividade português está ligado a uma fraca evolução das nossas exportações. Esse foi o caso até 2005. Mas, não nos últimos seis anos.
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Desde 2005, as exportações portuguesas cresceram a um ritmo superior à média europeia. Comparando com os 15 países da União Europeia (pré-alargamento), a performance das exportações portuguesas nos últimos 6 anos é apenas superada pela Alemanha e Holanda. Portugal é o terceiro país com maior crescimento das exportações neste grupo, posição que deve manter se juntarmos os dados de 2011.

(Moi ici: Segue-se uma afirmação muito interessante, por isso, lisboetas, leiam-na bemEsta performance foi conseguida com os salários e a produtividade existentes em Portugal. Foi conseguida num contexto de evolução dos custos unitários de trabalho (CUT) desfavorável face aos outros países europeus – pelo menos entre 2000 e 2008, e de manutenção de forte concorrência de países de baixos salários como a China e a Índia.
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(Moi ici: Os macro-economistas, os paineleiros e os políticos, constituem aquilo a que chamo a tríade, os lisboetas que pululam nos media tradicionais e que transmitem uma imagem de um país sem futuro. Saiam de Lisboa, saiam dos gabinetes, saiam das carpetes e venham ver este país realA melhoria da competitividade portuguesa nos últimos anos deu-se muito pela capacidade das empresas expandirem a produção em novos sectores, reformularem a qualidade da produção dos sectores tradicionais e conseguirem entrar em novos mercados, reagindo à maior concorrência dos países asiáticos com salários muito mais baixos. É bom que não se descure estes factores de competitividade e que se mantenham os esforços de redução de custos de contexto, de simplificação administrativa, ou de apoio à capacitação das empresas para inovarem, para se internacionalizarem, e para melhorarem a produtividade pelo aumento do valor dos produtos e melhoria dos processos de produção (o que reduz os CUT de uma forma mais interessante). (Moi ici: Eheh, esta afirmação parece retirada deste blogue... acho que nunca li num jornal português, espero estar errado, acho que nunca li nun jornal português alguém a falar sobre a magia... sobre a magia de Marn e Rosiello, sobre o poder de alavancagem que o aumento do valor tem sobre a produtividade face aos custos. Histórico!!!)
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É importante reflectir sobre os factores que ajudaram a que as empresas exportadoras portuguesas conseguissem, nos últimos seis anos, voltar a ter uma performance melhor que a dos outros países da UE15. .
Conseguiram-no num contexto em que a evolução dos CUT não foi a mais favorável, conseguiram-no reagindo ao choque do aumento da concorrência asiática e dos países de leste. Conseguiram-no num contexto de uma política activa de simplificação administrativa, e de apoio à inovação e à investigação. Conseguiram-no numa sociedade que se está a tornar mais qualificada e melhor apetrechada tecnologicamente. Conseguiram com apoio à abertura de novos mercados e à orientação das empresas para a exportação. Mas conseguiram-no principalmente por elas próprias, desenvolvendo projectos, arriscando entrar em novos mercados, investindo na modernização de equipamentos e na inovação."
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Mão amiga que embrulhe o artigo de Caldeira Cabral e o faça chegar a Daniel Bessa e Ferreira do Amaral... e já agora, a Vítor Bento, a Medina Carreira, a João Duque, ao dinossauro Ferraz da Costa, ao histérico Daniel Amaral, e muitos outros que não conhecem o Evangelho do Valor, talvez Caldeira Cabral possa ser o seu Ananias.

sábado, dezembro 18, 2010

Menos Estado socialista e menos drenagem central

A propósito deste artigo de Vítor Bento "O que está em causa":
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" Pelo que restará aos países "do Sul" convergir para o rigor alemão. Ou desistir de partilhar a mesma moeda."
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OK, a ideia começa a chegar ao mainstream... leva 2 anos de atraso em relação a este blogue. A série "Somos todos alemães" começou em Janeiro de 2009.
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A partir daqui começam as divergências:
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"Se os países "do Sul" estiverem dispostos a convergir precisam de três coisas:" (Moi ici: Penso que só precisamos de uma medida simples e revolucionária: que o Estado saia da frente - obrigado Camilo Lourenço)
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"Mas no curto prazo - e precisamos, urgentemente, de crescimento a curto prazo para estancar o desemprego - a competitividade só se conseguirá ganhar pela redução de custos." (Moi ici: E quanto é que Vítor Bento tem em mente? 10%? 20%? Ou 30%?)
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Ao ler/ver as notícias sobre as medidas que a CP, que a Transtejo, que a TAP, que ... estão a tomar para reduzir os seus custos, recordo o ano de 1989 em que estava a trabalhar numa empresa da indústria química que competia no mercado internacional com uma commodity, há 21 anos essa empresa teve de fazer o que só agora as empresas públicas estão a fazer. Se o não se tivesse feito hoje já não existia. Mas reparem em 1989 com 260 pessoas a empresa produzia 80 mil toneladas ano, hoje com 120 pessoas produz 140 mil toneladas ano. E os trabalhadores não ganham menos nem correm mais.
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Quando Vítor Bento fala em reduzir os custos... mas o que é que as empresas que competem nos mercados internacionais têm feito desde a adesão ao euro? Basta recordar o exemplo do calçado olhando para os 4 primeiros gráficos deste postal.
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Quando Vítor Bento fala em reduzir os custos para aumentar a competitividade das exportações, pensa em reduzir para que nível?
Quando Vítor Bento fala em reduzir custos para aumentar a competitividade das exportações, como é que ele explica o comportamento das nossas exportações este ano? E o das exportações espanholas?
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Arrisco afirmar, e esta é a tese que cada vez vejo mais confirmada, quando olho para os valores da percentagem da produção de uma fábrica que é exportada: nós não precisamos que as nossas empresas exportadoras aumentem a percentagem da sua produção que é exportada (Veja-se o caso do calçado que exporta 95% do que produz, veja-se o caso de empresas como a Endutex que exporta 72% do que produz).
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O que nós precisamos é de mais empresas! 
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O que nós precisamos é de mais empreendedores!
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O que nós precisamos é de facilitar a vida a quem quiser empreender! E a única forma é reduzir o peso do Estado socialista que nos saca tudo, que torna o retorno do risco do empreendedor muito mais baixo, logo muito menos atraente. E nós que estamos com um entorno que nos obriga a ter rentabilidades dos projectos de investimento cada vez mais elevadas para compensar o preço do dinheiro cada vez mais caro e a precisar de estratégias cada vez mais elaboradas, não é complexas, para valer a pena:

sexta-feira, novembro 19, 2010

Cataventos

Que a maçonaria tenha ajudado a derrubar um regime em 1910 porque este não defendia as colónias africanas e, em 1974 tenha apoiado a queda de um outro regime porque este outro não se queria livrar das colónias africanas, eu entendo... cerca de 60/70 anos é muito tempo.
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Mas o que dizer de Daniel Amaral que em Novembro de 2010 escreve isto "A outra dívida":
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"Na área económica, é preciso aumentar a poupança para financiar o investimento, canalizar este investimento para os bens transaccionáveis e, no limite, aumentar a produtividade nacional. O destino dos produtos é indiferente: pode ser a exportação ou a substituição de importações."
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E em Dezembro de 2009 afirmou isto:
"Concorda com os grandes investimentos públicos que estão para arrancar em Portugal?
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Em situações de crise grave, como esta, os investimentos públicos são instrumentos privilegiados para o crescimento e o emprego. Mas sempre foram mal amados pelos partidos de direita, nunca percebi porquê. Os casos do aeroporto e do TGV são especiais, por dois motivos: pela dimensão e pelo estado de penúria em que nos encontramos. Concordo com a sua realização, lamento que a análise custo-benefício tenha sido mal explicada, e admito adiamentos por razões exclusivamente financeiras."
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BTW (É pena - parte I e parte II)
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A propósito dos bens transaccionáveis, o José Silva chamou-me a atenção para estes números e para o comentário de Vítor Bento aos mesmos. Como ele remata "A festa continua, portanto!"

segunda-feira, outubro 18, 2010

Qual o papel de um Fórum para a Competitividade?

Vítor Bento revela nesta entrevista ao Publico "Governo está a reagir de supetão para estancar uma hemorragia" qual vai ser o cavalo de batalha seguinte das "elites" portugueses:
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"VB: Mas como o Governo está a reagir de supetão para estancar uma hemorragia, aumenta o IVA sem contrapartidas e portanto vai fechar a porta para que esta operação se possa vir alguma vez a fazer, porque, como o IVA vai ficar no nível mais elevado de toda a zona euro, se torna difícil subi-lo ainda mais. Fechando esta porta, para o futuro, já só vai ficar aberta a porta da redução dos salários.

Público: Este é o momento para discutir esse plano?

O Fórum para a Competitividade tem essa proposta em cima da mesa e vai apresentá-la, no dia 27, de forma mais pormenorizada.

Só digo que se perde essa oportunidade e fica-se mais amarrado ao que temos para lidar com o problema da competitividade, pelo menos no curto prazo. A única forma de enriquecer uma economia é aumentando a produtividade. Sobre isso não temos dúvidas nenhumas. Mas aumentar a produtividade leva tempo e não se sabe quanto. Pelo contrário, baixar custos tem um efeito directo nos preços. (Moi ici: Mas o efeito da redução dos custos na produtividade é tão baixo que até mete dó)

Público: Com os cortes salariais, o país vai voltar a assumir que é um país de salários baixos?

VB: Quando dizemos que os nossos salários são baixos ou elevados é em relação a quê? São baixos em relação aos alemães, mas elevados relativamente à China ou a um país africano. Não há um dado objectivo para medir. Na Alemanha são mais elevados e não têm quaisquer problemas em relação a isso, porque a produtividade é mais elevada. O que define o nível sustentável dos salários é o nível de produtividade da economia. E a verdade é que não temos um nível de produtividade que sustente o nosso nível salarial. É pena que seja assim, mas o que a evidência mostra é que com estes salários, os custos tornam-se não competitivos para a tecnologia que temos face a países que oferecem os mesmos produtos mas baseados em custos mais baixos. Ou progredimos na escala de valor - mas isso não acontece de um dia para o outro - ou temos de competir pela via da redução de custos, algo que é essencial para preservar emprego."
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O que daria uma análise dos "bright spots"? da indústria portuguesa?
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Por que é que o calçado exporta 95% da sua produção?
Por que é que apesar das importações da Ásia, 60% da produção de mobiliário é para exportação?
Por que é que há têxtil que exporta?
Por que é que há agricultura que exporta?
Por que é que há máquinas made in Portugal exportadas?
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Não fazia muito mais sentido que um so-called Fórum para a Competitividade estudasse e divulgasse casos concretos de sucesso?
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Afinal qual o papel de um Fórum para a Competitividade?

quarta-feira, julho 08, 2009

They don’t get it (parte II)

"Enterprises needed a profoundly new way of understanding business that would respect the dignity of workers and foster the “common good by prioritising ethics and social responsibility over dividend returns”"
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Retirado de "Pope condemns capitalism’s ‘failures’"
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Recordar "They don’t get it"

domingo, junho 28, 2009

Não consigo ver como se unem as duas extremidades.

Vítor Bento no seu livro "Perceber a crise para encontrar o caminho" propõe, no capítulo 8 "Lidar com a Crise: Soluções de Curto Prazo" a estafada solução da redução generalizada dos salários.
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OK concedo, uma redução generalizada dos salários promove a recuperação de alguma competitividade perdida no imediato, no day-after.
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E depois? O que é que as empresas vão fazer com isso?
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Como é que no passado faziam quando recuperavam competitividade perdida à custa das desvalorizações?
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Aproveitavam a boleia e não faziam nada de relevante para que daí a um ano não fosse novamente necessária outra desvalorização, para recuperar novamente a competitividade outra vez perdida. Convido Vítor Bento a falar com gestores de PME's de bens transaccionáveis sobre como ganhavam dinheiro nesse tempo, a receber a pronto do estrangeiro e a pagar aos nacionais meses depois.
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O que, IMHO, falha no raciocínio de Vítor Bento é a explicação sobre como é que da recuperação administrativa de competitividade, à custa da redução generalizada de salários, se faz a ponte para a necessidade de melhoria contínua da produtividade. Com isso vai é criar mais uma adição negativa para as empresas, no próximo ano vão estar à espera de uma nova redução de salários.
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Vítor Bento defende a redução de salários para que não sejam só os desempregados a pagar a factura. O que ele esquece é aquele verdade preciosa inscrita na coluna das citações:
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"It is widely believed that restructuring has boosted productivity by displacing low-skilled workers and creating jobs for the high skilled."Mas, e como isto é profundo:"In essence, creative destruction means that low productivity plants are displaced by high productivity plants."
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Reduzir salários administrativamente impede, reduz esta criação destrutiva que precisamos, para que unidades mais produtivas substituam unidades menos produtivas!!!
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Enveredar pela redução dos salários aceleraria ainda mais os ciclos latvianos da portuguese-trap e atrasaria a restruturação necessária.
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Esta estória da redução de salários já é antiga neste espaço: "Redução dos salários em Portugal" em Julho de 2006.
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Em suma, gostava de ver um boneco, um desenho, um esquema que fizesse a ponte entre a acção no imediato "reduzir salários" e a consequência num futuro de médio-prazo de empresas num regime de aumento auto-sustentado da produtividade. Não consigo ver como se unem as duas extremidades.
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Adenda: BTW, a minha solução é esta "Somos todos alemães" parte I, (chamem-me bruxo); parte II e parte III. De outro modo, até podemos salvar as empresas, mas escravizamos as pessoas, como reflecti nesta dúvida existencialista)

Pobres gerações futuras

"Por isso, o poder do Parlamento neste ritual consiste, quase exclusivamente, em autorizar a cobrança dos impostos necessários para o financiamento da despesa com que é confrontado. Podendo apenas escolher uma de duas vias: ou cobra os impostos no imediato, ou adia a sua cobrança para o futuro, recorrendo a dívida. Note-se que a decisão, propriamente, de aumentar impostos não cabe sequer ao Parlamento, uma vez que a necessidade de impostos é criada quando se compromete a despesa. O Parlamento apenas escolhe o momento em que entende confrontar a sociedade com o pagamento das despesas."
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Texto extraído de "Perceber a crise para encontrar o caminho" de Vitor Bento.

sexta-feira, junho 26, 2009

Perceber a crise para Encontrar o Caminho

Livro escrito por Vítor Bento, faz um retrato factual da nossa situação: como chegamos onde chegamos e suporta as afirmações que faz com tabelas, números, enfim, factos (um pouco ao estilo de Medina Carreira).
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Por exemplo, o gráfico 12 mostra como Portugal é um dos países com uma das maiores taxas de investimento do estado em % do PIB entre 1999-2008. Depois, no gráfico 13 mostra que a par da Itália, Portugal foi o País que apresentou a pior eficiência marginal do capital.
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Depois lista a nossa sina, a Expo, o Euro 2004, as SCUTS, ... para concluir:
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"Desta errada estratégia de investimentos públicos, e de incentivos ao investimento privado, não poderia deixar de resultar uma considerável redução da produtividade do capital e um sacrifício da produtividade geral, com inevitáveis consequências, quer na competitividade, quer no potencial de criação de riqueza pela economia."
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E acrescentamos: TGV, novo aeroporto, terceira travessia de Tejo, aeroporto de Beja, ...

quinta-feira, junho 25, 2009

Feedback loops e pensamento sistémico

Hoje, viajando de comboio entre Estarreja e Porto, ida e volta, tive oportunidade de ler com calma os capítulos:
  • 4. A construção da crise; e
  • 5. Competitividade, crescimento e desemprego

Do livro "Perceber a Crise para Encontrar o Caminho" de Vítor Bento.

Está visto, não posso avançar na leitura sem primeiro fazer o que fiz com o último artigo de Edward Hugh, tenho de traduzir os capítulos para um conjunto de feedback loops da dinâmica de sistemas... já estou com água na boca.

segunda-feira, junho 22, 2009

They don’t get it

He doesn’t get it!
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Comprei recentemente o livro “Perceber a Crise para Encontrar o Caminho” de Vítor Bento. Comecei a leitura pelo capítulo 10 “Promoção da Produtividade”.
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O capítulo termina com: “Aliviar os “custos de contexto” e valorizar o capital humano devem pois, ser assumidos como objectivos fundamentais da acção política de médio prazo. Só assim se promoverá a produtividade e se conseguirá atrair investimento produtivo que sustente a melhoria continuada no nível de vida e a sua convergência para os melhores padrões europeus.”
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No capítulo o autor refere o já clássico artigo da McKinsey sobre as barreiras à produtividade em Portugal, de onde enumera os custos de contexto. Também volta à velha comparação da produtividade entre os portugueses que trabalham em Portugal e os mesmos portugueses que trabalham no Luxemburgo, para concluir que a diferença reside em:
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“Por conseguinte, uma das diferenças fundamentais neste exemplo é que, em Portugal, os trabalhadores trabalham enquadrados pelas regras comportamentais e pela cultura portuguesas e, no Luxemburgo, trabalham enquadrados pelas regras comportamentais e pela cultura desse país. Depois, haveria ainda que associar os contextos de funcionamento das empresas, num país e no outro. Portanto, e se fizéssemos uma investigação mais pormenorizada, acabaríamos por verificar que uma grande parte da diferença de produtividades seria justificada pelos “custos de contexto”.
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Peço desculpa mas: TRETA!!!
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Alguma vez Vítor Bento desceu das nuvens da teoria e agarrou um caso concreto e fez as contas?
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Se o que Vítor Bento escreve e pensa é verdade, então, por que é que as fábricas têxteis alemãs e francesas deslocalizaram-se para Portugal nos anos sessenta e setenta? Porque é que as regras comportamentais e a cultura prussiana não foram suficientes?
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Acredita Vítor Bento que os tais “custos de contexto” só por si poderiam justificar os tais cerca de 40% de diferencial de produtividade entre um trabalhador português e um trabalhador-tipo da OCDE?
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Diferente roupagem mas a conversa acaba sempre por ser a mesma, a conversa do Forum para a Competitividade e do seu presidente Ferraz da Costa que só consegue falar de aumento da produtividade através da redução dos custos, como os salários, por exemplo.
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Nem uma linha é dedicada, no capítulo, à promoção da produtividade através da aposta no numerador da equação da produtividade!!!
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Nem uma linha é dedicada, no capítulo, à promoção da produtividade através da aposta na subida na cadeia de valor!!!
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Nem uma linha é dedicada, no capítulo, à promoção da produtividade através das escolhas dos gestores sobre o que produzir, sobre ser diferente, sobre fugir da commoditização.
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Como explicar o aumento da produtividade do sector do calçado em Portugal?

Talvez a figura de JC Larreche explicite bem a situação:Alguém com conhecimentos no sector deu-me os seguintes números:


Um par de sapatos da marca Geox sai de uma fábrica no Brasil a custar 10€ (fase da extracção de valor).

O mesmo par de sapatos é vendido pela marca às lojas a 30€ (fase da captura de valor).

O mesmo par de sapatos é vendido ao consumidor na loja a 90€ (fase da originação de valor).

A subida da produtividade do calçado português deve-se em grande medida ao aparecimento de muitas empresas que evoluíram da fase da extracção para a fase da captura de valor (embora os trabalhadores pouco ganhem com isso, pois continuam a ganhar em média o mesmo que o trabalhador da empresa subcontratada que vegeta na fase da extracção de valor. E se um governo impuser um aumento de salários vai matar todas essas empresas subcontratadas que pagam mal porque também ganham pouco (ver gráfico de Frasquilho)).
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Quando alguém quiser falar a sério sobre o aumento da produtividade em Portugal, deve começar, antes de falar em custos (o famoso denominador), a falar nas opções da gestão, dos empresários, sobre o que produzir e para que clientes-alvo. Tudo o resto embora seja verdade, embora faça sentido são peanuts.