Durante uma década, sentados confortavelmente a viver do Orçamento de Estado, ou do crédito fácil e barato, alguns distraídos e muitos indiferentes não se aperceberam da mortandade que arrasou a economia de bens transaccionáveis em Portugal desde 1986. Primeiro, por causa da adesão à então CEE e, depois, com a entrada da China no mercado internacional.
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Por exemplo, no sector do mobiliário, só em 7 anos (1998-2005) perderam-se mais de um terço das empresas e mais de 20% dos postos de trabalho. E, no entanto, os media propagandeavam o mundo pós-Expo...
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Há 3 anos apenas, em Agosto de 2009, no pior ano para a indústria de bens transaccionáveis, cá e no resto do mundo, havia um grupo de iluminados no parlamento que ainda vivia numa redoma incoerente e estúpida. Recordar este postal "
Acham isto normal? Ou a inconsistência estratégica" Ou jogar bilhar como um amador!" (Queriam aumentar o salário mínimo nacional em 5% e o que era voz corrente era: "se não são capazes de aguentar, que fechem").
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A título de exemplo vamos apresentar o caso do sector do mobiliário português:
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1. O oceano global onde opera o sector
do mobiliário português
A balança comercial dos produtos do
sector do mobiliário, fabricados na União Europeia (UE), tradicionalmente
apresentava um superavit. Contudo, a partir de 2002, a balança sofreu uma
deterioração dramática, passando de um superavit de 3 mil milhões de €, para um
deficit de 1,2 mil milhões de € em 2008 e, cerca de 2,9 mil milhões de € em
2010. Esta evolução deveu-se, sobretudo, a uma impressionante evolução do
desempenho das importações da China: em 2000, a quota das importações da UE a
partir da China era inferior a 15%; em 2010 representava mais de 57% das
importações da UE. Outros países de onde vêm as importações de mobiliário da UE
são o Vietname (4,9%), a Turquia (4,5%) e a Indonésia (4,4%).
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Entre 2006 e 2010 as importações
cresceram 19,5%. A distribuição desse crescimento por países foi:
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52,8% da China;
·
16,2% do Vietnam;
·
24,4% da Turquia;
e
·
-22,3% da
Indonésia.(1,2)
(1,2) – Texto redigido com base na informação recolhida nos endereços a 21 de Agosto de 2012:
Este é o ponto de partida para a
análise que pretendemos fazer. Assumamos um momento zero por
volta do ano 2000, a que é que se assistiu desde então?
- Uma entrada
massiva de importações de mobiliário de países com mão-de-obra barata;
- Uma redução do
número de fabricantes sedeados na UE;
- Uma redução do
número de trabalhadores empregados no sector.
2. O que aconteceu entretanto em Portugal
na 1ª década do século XXI?
Olhando para as estatísticas
publicadas (3),
o que se pode dizer sobre o que aconteceu à indústria do mobiliário português,
durante a primeira década do século XXI, enquanto decorria a “invasão” asiática
acima referida?
O brutal desaparecimento de mais de um
terço das empresas, só até 2005
O brutal desaparecimento de quase 20%
dos postos de trabalho, só até 2005.
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( (3) “Estudo
Estratégico das Indústrias de Madeira e Mobiliário” publicado pela Associação
das Indústrias de Madeira e Mobiliário de Portugal
Trata-se de uma evolução expectável à partida. Eliminadas as barreiras alfandegárias que sustinham o “tsunami”, seria muito difícil resistir a esta invasão. Um produto que compete pelo preço mais baixo, apela ao gosto da grande maioria “normal” dos clientes. Assim, está particularmente adequado para a produção em massa, para a produção assente nas grandes quantidades.
Competir e ter sucesso no negócio do preço mais baixo não tem segredos, é a estratégia mais fácil e intuitiva de implementar. Contudo, tem uma grande limitação, não é para ser seguida por quem quer, é para ser seguida por quem pode.
Competir e ter sucesso no negócio do preço mais baixo não depende de enganar parceiros (clientes, fornecedores, trabalhadores e Estado), depende sim da concentração da empresa no desenvolvimento de uma máquina competitiva extremamente eficiente e dedicada a eliminar progressivamente os desperdícios, a reduzir os tempos de ciclo, a aumentar volumes, etc.
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Continua.
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